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Alegria São Omar

Celestina Felisberto Naitiniane


Helena Viegas Armando
Edmundo Cassimo Capuepue

Tema: Lesões produzidos por: Armas de fogo, agente explosivo, físico térmicos ( luz e calor),
electricidade natural e artificial, luz, pressão atmosférica, som e radioactividade e agente
químicos

Licenciatura em Psicologia Clinica

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE


Pemba, Maio de 2022
Alegria são Omar
Celestina Felisberto Naitiniane
Helena Viegas Armando
Edmundo Cassimo Capuepue

Tema: Lesões produzidos por: Armas de fogo, agente explosivo, físico térmicos ( luz e calor),
electricidade natural e artificial, luz, pressão atmosférica, som e radioactividade e agente
químicos

Licenciatura em Psicologia Clinica

Trabalho a ser apresentado na Universidade Alberto


Chipande, na Faculdade de Ciências Políticas e
Sociais como requisito para avaliação na disciplina de
Psicologia Criminal.

Docente
Msc Viaze Maera

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE


Pemba, Maio de 2022
Índice
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO................................................................................................1
1.1. Contextualização..................................................................................................................1
1.2. Objectivos............................................................................................................................1
1.2.1. Objectivo Geral.................................................................................................................1
1.2.2.Objectivos Específicos.......................................................................................................1
1.3. Metodologia.........................................................................................................................1
CAPITULO II – REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................3
2.1. Traumatologia Forense........................................................................................................3
2.2. Lesões Corporais sob o Ponto de Vista Jurídico..................................................................3
2.3. Lesões produzidas por arma de fogo...................................................................................4
2.3.1. Lesões produzidas por projécteis múltiplos......................................................................4
2.3.2. Lesões produzidas por projécteis deformados..................................................................5
2.3.3. Lesões produzidas por projéteis deformados....................................................................5
2.3.4. Lesões produzidas por disparo intraoral...........................................................................5
2.3.5. Número de Tiros...............................................................................................................5
2.3.6. Ferimento de entrada........................................................................................................5
2.3.7. Trajetória...........................................................................................................................5
2.3.8. Lesões da boca..................................................................................................................6
2.4. Lesões Produzidas por Agentes Explosivos........................................................................6
2.4.1. Causa jurídica...................................................................................................................6
2.4.2. Lesões provocadas pela acção mecânica da explosão......................................................6
2.5. Lesões de Ordem Física.......................................................................................................7
2.5.1. Lesões produzidas pelo calor ou térmicos........................................................................7
2.6. Lesões produzidas pelo frio.................................................................................................8
2.7. Lesões produzidas por electricidade natural........................................................................9
2.8. Electricidade artificial ou industrial.....................................................................................9
2.9. Lesões causadas pela pressão atmosférica.........................................................................10
2.10. Lesões causados por Radiações.......................................................................................10
2.11. Lesões causados por Luz e Som......................................................................................11
2.12. Lesões causadas por Energias de Ordem Química..........................................................11
2.11.1. Cáusticos.......................................................................................................................11
2.11.2. Venenos........................................................................................................................12
CAPÍTULO III - CONCLUSÃO E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................13
3.1. Conclusão...........................................................................................................................13
Referência Bibliográfica...........................................................................................................14
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa visa compreender lesões produzidos por: Armas de
fogo, agente explosivo, físico térmicos ( luz e calor), electricidade natural e artificial,
luz, pressão atmosférica, som e radioactividade e agente químicos.
.Desse modo, por meio deste trabalho de pesquisa, objectivamos apresentar informações
relacionadas à Traumatologia Forense e à Causalidade Médico-Legal do dano, com o
intuito de auxiliar tanto académicos quanto profissionais actuantes na área de Medicina
Legal e Perícia Médica na identificação, interpretação e determinação dos aspectos
causais das lesões corporais.
Compreende o estudo das energias que ofendem a integridade física ou a saúde dos
indivíduos tanto do ponto de vista anatómico quanto do ponto de vista fisiológico ou
mental. Além disso, estas ocasionam lesões corporais e morte.
1.1. Contextualização
A Traumatologia Forense pode apresentar diversas definições entre elas: “é o capítulo
da Medicina Legal no qual se estudam as lesões corporais resultantes de traumatismos
de ordem material ou moral, danosos ao corpo, a saúde física ou mental” (CROCE;
CROCE JUNIOR, 1998).
As lesões corporais são tratadas pelo Código Penal como ofensas à integridade corporal
ou à saúde de outrem e são classificadas em leve, grave, gravíssima e seguida de morte.
1.2. Objectivos
1.2.1. Objectivo Geral
 Compreender, as lesões produzidos por: Arma de fogo, agente explosivo, físicos
térmicos (luz e calor), electricidade natural e artificial, luz, pressão atmosférica, som
e radioactividade e agente químicos.
1.2.2.Objectivos Específicos
 Explicar as causas das lesões.
 Descrever os tipos de lesões.
 Exemplificar os mecanismos de produção das lesões.
1.3. Metodologia
A pesquisa científica depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e
técnicos” para que seus objectivos sejam atingidos: os métodos científicos. Neste
contexto, “o método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se

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devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adoptada no processo de
pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo,
indutivo, hipotético-dedutivo, dialéctico e fenomenológico” (Marconi, 1991)
Para a realização da presente pesquisa foram usados os seguintes métodos e técnicas
científicas:
Técnica Documental: esta técnica consiste na recolha de dados sobre o tema de
pesquisa. Para Lakatos e Marconi (1991:29), esta técnica consiste na recolha e revisão
das fontes primárias e secundárias A técnica ajudou a fazer a busca e a selecção de
fontes secundárias que tornaram possível o desenvolvimento do trabalho tais como:
obras e artigos científicos que versam sobre lesões corporais.

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CAPITULO II – REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Traumatologia Forense
A Traumatologia Forense pode apresentar diversas definições entre elas: “é o capítulo
da Medicina Legal no qual se estudam as lesões corporais resultantes de traumatismos
de ordem material ou moral, danosos ao corpo, a saúde física ou mental” (CROCE;
CROCE JUNIOR, 1998).
A Traumatologia Forense é um ramo da Medicina legal que estuda as lesões corporais
resultantes de traumatismos de ordem física ou psicológica.
Trauma é o resultado da acção vulnerante que possui energia capaz de produzir a lesão.
Lesão na Medicina Curativa: é a alteração anatómica ou funcional do órgão.
Lesão na Medicina Pericial: é qualquer modificação da normalidade de origem
externa, capaz de provocar dano pessoal em decorrência de culpa, dolo ou acidente.
Lesão na Doutrina Penal: é consequência de um acto violento, capaz de produzir
directa ou indirectamente qualquer dano a integridade ou a saúde de alguém ou
responsável pelo agravamento ou continuidade de uma perturbação já existente.
A traumatologia é dividida em energias de ordem mecânica, física, química, físico-
química e biodinâmica. (DEL CAMPO, 2009).
2.2. Lesões Corporais sob o Ponto de Vista Jurídico
As lesões corporais são tratadas pelo Código Penal como ofensas à integridade corporal
ou à saúde de outrem e são classificadas em leve, grave, gravíssima e seguida de morte.
Lesões corporais leves: São lesões que comprometem a pele de modo subcutâneo e
pequenos vasos sanguíneos, apresentam pouca repercussão orgânica e a recuperação é
rápida, são apresentadas pelos peritos como “lesão insignificante” que não causam
qualquer comprometimento à normalidade biológica do indivíduo.
Lesões corporais graves: resultam em perigo de vida, debilidade permanente de
membros, sentidos ou funções, incapacidade de ocupações habituais por mais de trinta
dias e aceleração do parto.
O perigo de vida caracteriza-se pela inquestionável eminência de morte, decorrente de
diagnóstico. “O perigo, em suma, há de ser sério, actual e efectivo. Não remoto ou
presumido.” (TACRIM–SP – RT 447/414).
Lesões corporais gravíssimas: resultam em incapacidade permanente para o trabalho
(invalidez), enfermidade incurável, perda ou inutilização de membros, sentidos ou
funções, deformidade permanente e aborto.
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A enfermidade incurável é caracterizada por transtorno ou alguma transformação
biológica, resultado de uma acção dolosa, que comprometa a saúde do indivíduo como
um todo.
Lesões corporais seguida de morte: nesse caso, o agente lesa a vítima, contudo sem o
dolo de matar, as circunstâncias evidenciam que ele não assumiu o risco do desfecho e
não era seu objectivo. A acção é dolosa, mas o resultado é culposo.
2.3. Lesões produzidas por arma de fogo
São lesões produzidas por projécteis perfuro-contundentes.
Os projécteis perfuro-contundentes agem inicialmente por pressão em uma superfície
para em seguida perfurar a região atingida.
2.3.1. Lesões produzidas por projécteis múltiplos
Disparos dados a curtam distância:
 Ferimento geralmente único;
 Grande dimensão;
 Forma irregular e estrelada;
 Pode apresentar orlas e zonas;
 Tiros no couro cabeludo - fractura cominativa;
 Cabeça pode explodir;
 Lesão em “boca de mina” não é vista
 Trajecto - túnel de paredes irregulares, anfractuosas e laceradas;
 Ferimento de saída - ferida contusa, muito irregular, com bordas evertidas
Disparos dados a distância:
 Ferimentos múltiplos e pequenos, de cor enegrecida;
 Concentração das lesões é inversamente proporcional à distância do tiro;
 Rosa de tiro;
 Trajectos variados;
 Geralmente lesão visceral múltipla (grave!);
 Ferimentos de saída são muito raros;
 Pode haver lesão acessória (bucha).
2.3.2. Lesões produzidas por projécteis deformados
Tipos de deformações
 Normais (pela alma raiada do cano da arma);
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 Periódicas (pelo desalinhamento cano-câmara);
 Acidentais (impacto com estruturas).
2.3.3. Lesões produzidas por projéteis deformados
 Forma irregular-estrelada, em forma de fenda ou de sulco;
 Pode não ter orla de escoriação;
 Dimensões tendem a ser maiores.
2.3.4. Lesões produzidas por disparo intraoral
 Podem ocorrer motivadas por acidente, homicídio ou suicídio, sendo esta última a
forma mais comum.
 •Importância: características de lesões nos lábios, dentes e língua, na trajetória da
bala.
2.3.5. Número de Tiros
 Tiro único – suicídio ou acidente
 Tiros múltiplos - homicídio
2.3.6. Ferimento de entrada
 Suicídio e acidente – é sempre dentro da cavidade oral, devido à forma como a
vítima introduz o cano da arma na boca.
 Homicídio – na maioria das vezes, o ferimento se localiza nos lábios ou sobre os
dentes.
2.3.7. Trajectória
 Suicídio – arma com o cano apontado para cima, por isso o ferimento de entrada é
no teto da boca (palato duro); direção anteroposterior e ascendente.
 Homicídio – incidência quase sempre horizontal
2.3.8. Lesões da boca
 Suicídio – a língua não é traspassada pelo projéctil, pois a vítima a pressiona a fim
de posicionar o cano da arma, podendo apresentar-se apenas com as lesões oriundas
dos gases ou da chama
 Homicídio – língua sempre está dilacerado, os lábios com ferimentos e os dentes
avariados

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2.4. Lesões Produzidas por Agentes Explosivos
Explosão = mecanismo produzido pela transformação química de determinadas
substâncias que, de forma violenta e brusca, produz uma quantidade excessiva de gases
com capacidade de causar malefícios à vida ou à saúde de um ou de vários indivíduos.
2.4.1. Causa jurídica
 Lesões - por acção mecânica (ordem mecânica) e por ação da onda explosiva
(ordem física).
 Explosão - grande volume de gases, aumento da pressão ao redor do foco e
compressão súbita do ar, onda sonora de alta amplitude, queda da pressão
(negativa).
Onda de choque = blast
Blast primário: onda de choque.
Blast secundário: lançamento de fragmentos do explosivo ou outros objectos próximos.
Blast terciário: impacto com outros objectos.
Blast quaternário: queimaduras, intoxicações, irradiação.
Blast quinário: estado híper-inflamatório.
2.4.2. Lesões provocadas pela acção mecânica da explosão
 Ferimentos, mutilações e fracturas;
 Produzidos quase exclusivamente pelos escombros das estruturas atingidas.
Blast injury – Conjunto de manifestações violentas e produzida pela expansão gasosa
de uma explosão potente, acompanhada de uma onda de pressão ou de choque que se
desloca brusca e rapidamente em uma velocidade muito grande, a pouca distância da
vítima e, mais grave, em locais fechados.
•Lesões em diversos órgãos.
Blast auditiva – lesão mais comum (ruptura do tímpano).
Blast pulmonar – muito comum (hemorragia capilar nos pulmões).
Blast abdominal – estômago e intestinos – tubo digestivo: vulnerável por conter gases
e tem incidência bem menor de lesões.
Blast cerebral – hematomas sub-durais e hemorragia ventricular.
Blast ocular – menor frequência (hemorragia do vítreo, equimose sub-conjuntival
intensa e cegueira definitiva ou temporária).
 O coração é o órgão que suporta melhor as ondas de expansão da blast injury.

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 Apenas acção da onda explosiva - pode não haver lesões externas.
Blast secundário:
 Principal causa das lesões.
 Raio muito maior que o blast primário.
 Objectos se fragmentam em projécteis supersónicos - acção perfuro contundente.
2.5. Lesões de Ordem Física
São lesões capazes de modificar o estado físico ou corporal e morte. As energias de
ordem física são compreendidas entre temperatura, electricidade, pressão atmosférica,
radiação, luz e som.
2.5.1. Lesões produzidas pelo calor ou térmicos
O calor produzido além dos limites de controlo térmico fisiológico é caracterizado como
difuso ou directo.
Considera-se limite de controlo térmico fisiológico quando a temperatura do ambiente
ultrapassa 30ºC, quando há escassez de vento e a humidade relativa do ar esteja superior
a 60%.
São produzidas por agentes físicos de temperatura elevada, agindo sobre os tecidos
produzindo alterações locais e gerais. Os agentes mais comuns são chama, calor
irradiante, gases super aquecidos, líquidos escaldantes, sólidos quentes e raios solares.
O calor directo produz as queimaduras simples, quando produzidas apenas pelo calor,
ou complexas.
Calor Difuso ou Termonose:
 Insolação (calor ambiental em locais abertos ou raramente em espaços confinados);
 Intermação (excesso de calor ambiental produzido de modo artificial).
Os traumas e as lesões apresentados pela insolação e/ou intermação são cefaleia,
náuseas, hipertermia (podendo chegar à 44º C), vertigens, taquicardia, congestão
cutânea, secura da pele e das mucosas, distúrbios visuais e auditivos, aumento da
pressão sistólica e diminuição da diastólica, transtornos nervosos manifestados por meio
de delírios, convulsões e coma. São comummente apresentados também aspectos como
a rigidez da nuca, a abolição dos reflexos (forma ataxodinâmica de Clachez) e o trismo
(constrição mandibular).
Calor directo – na exposição em calor directo, o organismo reage de modo a provocar
queimaduras

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que, de acordo com a classificação de Hoffmanm e Lussena separa as lesões em grau,
quanto à profundidade:
 1º Grau – eritema simples, apenas a epiderme é afectada, apresenta vermelhidão e
dor local (sinal de Christinson) e a recuperação é completa após a descamação.
 2º Grau – além do eritema, apresentam vesículas ou flictenas com conteúdo seroso
(sinal de Chambert), e caso estas sejam rompidas apresentam vermelhidão e
exposição da derme. Possivelmente a recuperação é completa e não deixa cicatrizes.
 3º Grau – apresenta coagulação necrótica dos tecidos moles de coloração castanha e
a recuperação deixa cicatrizes.
 4º Grau – ocorre a combustão dos tecidos e consequente carbonização do plano
ósseo em que os dentes e ossos apresentam coloração acinzentada.
2.6. Lesões produzidas pelo frio
A lesão causada pelo frio é chamada de geladura e é muito parecida com as
queimaduras. Possuem aspecto pálido e anserino, evoluindo para isquemia, necrose ou
gangrena. Essas lesões causadas pelo frio também podem levar a alterações do sistema
nervoso, sonolência, convulsões, delírios, perturbações dos movimentos, anestesia,
congestão ou isquemia de vísceras e até a morte.
O cadáver que apresenta características de morte por hipotermia retrata rigidez
cadavérica precoce e intensa, espuma sanguinolenta nas vias respiratórias, sangue de
tonalidade mais escura com pouca tendência a coagulação, sinais de anemia cerebral,
pequenas hemorragias e ulcerações na mucosa do estômago (úlceras de Wischnewski),
disjunção das suturas cranianas, hipóstase vermelho-clara e congestão polivisceral.
As geladuras são classificadas de acordo com o grau:
 1º Grau – palidez ou rubefação da pele (eritema);
 2º Grau – eritema (vermelhidão cutânea) e formação de bolhas ou flictenas de
conteúdo hemorrágico;
 3º Grau – formação de crostas enegrecidas, aderentes e espessas juntamente com a
necrose de tecidos moles;
 4º Grau – gangrena ou desarticulação.
2.7. Lesões produzidas por electricidade natural
As lesões causadas por energia eléctrica são subdivididas em electricidade natural ou
artificial.

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A electricidade, qualquer que seja sua origem pode actuar sobre um organismo
provocando lesões severas e com frequência, a morte.
A lesão por electricidade natural ocorre, geralmente, em locais abertos, com descarga de
corrente contínua provocada por diferença de potencial eléctrico entre a terra e as
nuvens e podem acarretar em:
 Fulminação – quando a electricidade natural atinge letalmente o homem
provocando carbonização, congestão dos globos oculares, lesão nas extremidades do
corpo sendo que o processo de putrefacção do cadáver ocorre de forma mais
acelerada. Em geral, ocorrem a inibição directa dos centros nervosos por asfixia,
podendo ocorrer também fibrilação ventricular e efeitos cardíacos.
 Fulguração – quando a electricidade natural atinge o homem provocando apenas
lesões corporais. São aquelas lesões chamadas de sinal de Lichtemberg (desenhos
arboriformes vasomotores), na maioria das vezes aparecem uma hora após a
descarga eléctrica e desaparecem em 24 horas.
2.8. Electricidade artificial ou industrial
As queimaduras eléctricas industriais são resultantes do calor de uma corrente e tem por
acção uma síndrome denominada de eletroplessão (provocada pela exposição do corpo a
uma carga letal de energia eléctrica).
A lesão é conhecida por “marca eléctrica de Jellinek” (forma circular, elíptica ou
estrelada, de consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-
amarelada, fixa, indolor e asséptica).
2.9. Lesões causadas pela pressão atmosférica
As lesões causadas pela pressão atmosférica são subdivididas em:
 Hipopressão atmosférica: acontece quando ocorre a diminuição do oxigénio e gás
carbónico no organismo provocado pela diminuição da pressão atmosférica. É
comum ocorrer em cabines de aeronaves, devido a despressurização, e na escalada
de montanhas elevadas, por isso é vulgarmente chamado de “mal das montanhas”
onde os escaladores podem sofrer os sintomas de dispneia, náuseas transtornos
auditivos, cefaleia, taquicardia, vertigem, epístaxe (hemorragia nasal), hemorragias
oculares e cerebrais e morte.
A doença das montanhas pode se apresentar, também, de forma crónica em indivíduos
já maduros que vivem há tempos em regiões de grandes altitudes (Doença do Monge).

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 Hiperpressão atmosférica: ocorre com o aumento da pressão atmosférica
provocada por altitudes muito inferiores ao nível do mar. É mais comum que ocorra
com mergulhadores e causa, principalmente, os chamados “barotraumas” que são, a
patologia de compressão (intoxicação por oxigénio, nitrogénio e gás carbónico) e a
patologia de descompressão (grande quantidade de gases dissolvidos no sangue que
provocam embolia).
2.10. Lesões causados por Radiações
São lesões causadas por radiações aquelas produzidas por aparelhos de raio x, reactores
nucleares e aceleradores lineares. Ocorrem, geralmente, devido a acidentes e provocam
ulceração de bordas endurecidas, necrose, descamação seca, distúrbios cerebrais,
eritema, flictenas, distúrbios gastrintestinais e morte.
As lesões locais são denominadas radiodermites e se apresentam em aspectos crónicos
(forma ulcero-atrófica, teleangiectásica ou neoplástica) e aspectos agudos classificados
de acordo com a intensidade da lesão:
 1º Grau – apresenta forma eritematosa e depilatória, a lesão é temporária (cerca de
60 dias) e a mancha escura que precede tende a desaparecer lentamente.
 2º Grau – de difícil cicatrização tendo em vista que apresenta ulceração muito
dolorosa de forma pápulo-eritematosa.
 3º Grau – úlcera de Roentgen (necrose de aspecto grave).
Essas lesões podem ser locais e apresentar forma ulcero-atrófica, teleangiectásica ou
neoplásica.
2.11. Lesões causadas por Luz e Som
A intensa exposição do indivíduo à luz e ao som podem acarretar em graves danos ao
organismo.
Os raios infravermelho e ultravioleta, quando em dosagens significativas, podem
provocar lesões sobre o cristalino e a conjuntiva, causando até cegueira total.
Assim como o raio laser que pode causar grandes lesões na córnea e no cristalino.
Já a exposição crónica ao ruído pode acarretar em zumbido, recrutamento, perda da
discriminação da fala, otalgia e até mesmo a perda permanente da audição.
2.12. Lesões causadas por Energias de Ordem Química
Para que ocorram lesões causadas por energia de ordem química é necessário que exista
uma reacção com tecidos vivos, podendo ser mais ou menos grave de acordo com a
extensão da exposição, da concentração e da região do corpo atingida pela substância
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química. A gravidade da lesão depende, também, da estrutura corporal da vítima e são
causadas por produtos cáusticos e venenos.
A embriaguez e a toxicomania também são consideradas como provocadas por energias
de ordem química, contudo, iremos abordar esses dois tipos de trauma em item
específico que será abordado na Aula 3, por enquanto, vejamos as características das
lesões causadas externamente por produtos cáusticos e internamente por venenos.
2.11.1. Cáusticos
As lesões causadas por produtos cáusticos são tegumentares, ou seja, danificam a
camada externa dos seres vivos, a pele, podendo ser provocadas por ácidos, sais
orgânicos e inorgânicos, metais alcalinos, alcalino-terroso e seus hidróxidos.
São classificados em:
 Desidratante: ácido sulfúrico ou ventríolo, óxido de cálcio, hidróxido de sódio (soda
cáustica em escamas) e hidróxido de potássio.
 Oxidante: ácido nítrico, clorídrico, crómico, fénico ou fenol e nitrato de prata ou
cáustico lunar.
 Fluidificante: hidróxido de sódio (soda cáustica em solução), ácido acético ou
etanóico e amónia ou amoníaco.
 Coagulante: cobre, chumbo, mercúrio e sais de zinco.
 Irritante: gás mostarda ou iperite (gases bélicos).
As feridas provocadas por agentes cáusticos coagulantes, em sua maioria, apresentam
escaras (feridas na pele) escurecidas, como excepção do ácido sulfúrico que provoca
escaras secas e esbranquiçadas. Já os fluidificantes apresentam escaras húmidas e
amolecidas.
As lesões provocadas por cáusticos são denominadas de vitriolagem, uma vez que com
a finalidade de provocar lesões no indivíduo de forma intencional, lançava-se o ácido
sulfúrico (vitríolo) sobre o corpo da vítima como forma de vingança.
Quanto às lesões produzidas em morte, observa-se que apresentam cor marrom-escuro,
não apresentam forma de escaras e não há reacção vital nos exames histológicos.
2.11.2. Venenos
Os venenos são substâncias ingeridas por meio de diversas vias e que danificam a saúde
ou causam até a morte, podem ser de origem vegetal (cicuta), animal (peçonhas),
mineral (arsénico) e artificial (monóxido de carbono).

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Os venenos atuam por meio da absorção de componentes pelo organismo que provocam
uma reacção química ou bioquímica capaz de determinar uma lesão corporal ou
perturbação funcional, podendo levar à morte, sendo as vias de introdução a pele, as
mucosas, as serosas, o tecido celular subcutâneo, a via muscular e a via sanguínea.
As principais vias de eliminação dos venenos são: aparelho digestivo (vómito e
diarreia), urina, pulmões, suor, saliva, leite, cabelos, unhas, placentas, sendo que o
tempo de eliminação varia de acordo com a dose ingerida, o estado de saúde da vítima a
via de absorção. Existem também a eliminação por transformação, quando a substância
transforma sua composição sendo eliminada naturalmente pelo organismo.
Com relação ao diagnóstico de vítimas de envenenamento, encontra-se variados
formatos a depender da substância ingerida, de modo geral, as vítimas vivas apresentam
vómito, cólica, diarreia, convulsões, coma.

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CAPÍTULO III - CONCLUSÃO
3.1. Conclusão
Nesta linhagem, a Traumatologia Forense estuda os traumas, lesões, instrumentos e
acções vulnerantes, visando a elucidar a dinâmica dos fatos. Trauma é o resultado do
acréscimo e/ou da acção vulnerante que possui energia capaz de produzir lesão. Lesão
nada mais será que o dano tecidual temporário ou permanente, resultante do trauma.
Traumatologia Forense é uma área extremamente aplicável, pois através dela é possível
a identificação de um determinado objecto utilizado em um caso de trauma, além das
lesões que esse objecto causou no organismo.
A Traumatologia Forense estuda as lesões e os estados patológicos, imediatos ou
tardios, produzidos por violência sobre o corpo humano.
As lesões traumáticas são classificação em: Lesões leves, lesões graves, lesões
gravíssimas e lesões seguidas de morte.

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Referência Bibliográfica
FRANÇA, G. V. Medicina Legal. 8ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2008,
330p.
FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 9a ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2012.
Marconi, E. M. (1991). Procedimentos basicos, pesquisa bibliografica, projecto e
relatorio publicaçoe e trabalhos cientificos. Sao Paulo.
VASCONCELOS, Mariana de Carvalho. Noções de Medicina Legal: Traumatologia
médico-Legal, Tanatologia Médico-Legal. 2012.

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