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Introdução à Psicopatologia

A psicopatologia configura-se como um conceito amplo e complexo que envolve


diversas áreas do conhecimento que vai desde as disciplinas biológicas e as
neurociências, até outros saberes oriundos da psicanálise, psicologia, sociologia,
filosofia, linguística, entre outros. É através desse campo que temos uma visão
descritiva de comportamentos. Aqui estudamos a patologia do psíquico, as alterações
mentais, e para isso é necessário, primordialmente, entender como a mente funciona em
sua fisiologia, avaliando as funções mentais.
Conceito da Psicopatologia
A palavra "Psicopatologia" é composta de três palavras gregas:
 Psychê que produziu (psique, psiquismo, psíquico, alma);
 Pathos que resultou em (paixão, excesso, passagem, passividade, sofrimento);
 Logos que resultou em (lógica, discurso, narrativa, conhecimento.
Psicopatologia seria, então, um discurso, um saber, (logos) sobre o sofrimento, (pathos)
da mente (psiquê). Ou seja, um discurso representativo a respeito do pathos, o
sofrimento psíquico, sobre o padecer psíquico
Definição e Objectivo
Psicopatologia é a área que aborda a natureza essencial da doença mental – suas causas,
mudanças funcionais e estruturais e suas formas de manifestação, Objectivando o estudo
dos estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental. É a área de estudos que está
na base da psiquiatria, cujo enfoque é clínico.
Noções Históricas
Na antiguidade greco-latina, as doenças mentais eram vistas como corpos que sofrem e
almas que geram a desordem. Por sua vez, a idade média impõe o poder do religioso
para explicar e tratar os casos patológicos. O século das luzes abre mais a porta aos
processos de cura do que à tentativa de descrição das doenças.
Segundo Pierre Pichot, psicólogo e psiquiatra francês, o termo psicopatologia foi
empregue pela primeira vez em 1876, na Alemanha, mas com um sentido semelhante ao
de psicologia clínica. O seu nascimento, como método e disciplina própria, ocorre bem
mais tarde.
Em França, no início do século XX, Théodule Ribot (1839-1916) criou com a
psicologia científica o método patológico, que permitiu, ao estudar o que é o patológico,
compreender a psicologia normal.
Pouco tempo depois, Karl Jaspers institui o termo psicopatologia, ao publicar o seu
livro Psicopatologia geral em 1913, na Alemanha.
A psicopatologia nasce no início do século XX em França, no momento em que a
psicologia, como disciplina científica, se começa a separar da filosofia.
Na medicina, Claude Bernard vai salientar o interesse do estudo fisiopatológico, que
será tomado como modelo pela psicopatologia.
Sigmund Freud, entre outros, iniciam um longo caminho para a elaboração de uma
nosografia do psicopatológico, ou seja, uma classificação das doenças mentais e, mais
tarde, vai surgir uma classificação que apresenta três grandes categorias: a das psicoses,
a das neuroses e a das psicopatias.
 As psicoses são uma doença mental de certa duração na qual os indivíduos
perdem frequentemente o contacto com a realidade e não apresentam, na maioria
das vezes, consciência do seu problema;
 As neuroses correspondem a perturbações psíquicas que apresentam muitos
conflitos e, em geral, enfraquecem a personalidade;
 Por último, as psicopatias são percebidas como alterações do comportamento
que resultam de perturbação da personalidade ou de desadaptação dos
indivíduos, em relação a si mesmos ou ao ambiente em que se integram.

A psicopatologia nasceu à sombra da psiquiatria, mas enquanto esta última tem como
objectivo a cura, a profilaxia (uso de medidas sistemáticas para evitar, prevenir uma
doença) e a reeducação, fazendo uso de modelos medicinais e bioquímicos para a
resolução de problemas, a psicopatologia procura observar, conhecer e compreender
através de um método clínico e psicoterapêutico.
O desenvolvimento deste ramo da psicologia e das suas diferentes correntes,
proporciona aplicações igualmente diferentes.
Neste sentido, é de referir duas grandes vertentes da psicopatologia:
 Uma psicodinâmica (que tem como base a psicanálise e como método específico
o clínico);
 Uma psicosistémica (que tem como base as teorias comportamentais e como
método específico o experimental).
A psicopatologia contemporânea tenta integrar os conhecimentos provindos de diversas
ciências, visando uma perspectiva cada vez mais biopsicossocial, isto é, de um ponto de
vista biológico, psicológico e social.
Dentro deste campo, a maior controvérsia de sempre é entre a distinção e a definição do
que é normal e do que é patológico. Assim, muitos especialistas da psicopatologia
defendem que a saúde mental se traduz na capacidade de interacção e de mudança de
um indivíduo. Quanto maior for a sua capacidade de interacção e de mudança, melhor
será a sua saúde mental. A impossibilidade de cura é justificada pela incapacidade do
doente de "acatar" a mudança ou pela incapacidade de resposta por parte do clínico.
Estabelecer o que é normal e o que é patológico foi sempre algo real e problemático.
Existirão sempre dúvidas, até porque o que é normal ou o que é patológico varia nos
tempos, nas culturas e na maneira de encarar a vida.
Normalidade, saúde mental e psicopatologia
Saúde, normalidade e psicopatologia são termos altamente relacionados.
A normalidade muitas vezes é relacionada com aquilo que se espera encontrar numa
população como regra.
Segundo a OMS, a saúde mental refere-se a um amplo espectro de actividades directa
ou indirectamente relacionadas com o componente de bem-estar, que inclui a definição
de um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de
doença. Este conceito engloba não apenas o comportamento manifesto, mas o
sentimento de bem-estar e a capacidade de ser produtivo e bem adaptado à sociedade.
A psicopatologia passa a ocorrer quando o comportamento de uma pessoa, ou
eventualmente de um grupo de pessoas, foge àquilo que é esperado como referência de
determinada sociedade. Quando a pessoa passa a ter alterações importantes em relação
ao comportamento que tinha no passado, com prejuízos significativos em seu
funcionamento (comportamento), causando a si e a outros, especialmente seus
familiares, acentuado grau de sofrimento.
Relações com as ciências médicas e jurídicas
A Medicina Legal serve mais ao Direito, visando defender os interesses dos homens e
da sociedade, do que à Medicina. A designação legal emprestada a essa ciência indica
que ela se serve, no cumprimento de sua nobre missão, também das ciências jurídicas e
sociais, com as quais guarda, portanto, íntimas relações. É a Medicina e o Direito
complementando-se mutuamente, sem engalfinhamentos.
Ao Direito Civil empresta sua colaboração no que concerne a questões relativas a
paternidade, impedimentos matrimoniais, erro essencial, limitadores e modificadores da
capacidade civil, prenhez, personalidade civil e direitos do nascituro, comoriência. Ao
Direito Penal, no que diz respeito a lesões corporais, sexualidade criminosa, aborto
ilegal e ilícito, infanticídio, homicídio, emoção e paixão, embriaguez etc.
Serve ao Direito Constitucional quando informa sobre a dissolubilidade do matrimónio,
a protecção à infância e à maternidade etc.; ao Direito Processual Civil e Penal quando
cuida da psicologia da testemunha, da confissão, da acareação do acusado e da vítima.
Contribui com o Direito Penitenciário quando converge seus estudos para a psicologia
do detendo, no que tange à concessão de livramento condicional e à psicossexualidade
das prisões.
Entrosa-se com o Direito do Trabalho quando estuda a infortunística, a insalubridade e a
higiene, as doenças e a prevenção de acidentes profissionais; com a Lei das
Contravenções Penais quando trata dos anúncios de técnicas anticoncepcionais, da
embriaguez e das toxicomanias.
A Medicina Legal engranza-se ainda, intimamente, com vários outros ramos do Direito,
a saber: Direito dos Desportos, Direito Internacional Público, Direito Internacional
Privado, Direito Canónico, Direito Comercial.
Ciência médico-jurídico-social indispensável em toda diligência que necessite de
elucidação médica, em progressiva e franca ascensão, relaciona-se também com a
Química, a Física, a Toxicologia, a Balística, a Dactiloscopia, a Economia e a
Sociologia e com a História Natural (Entomologia e Antropologia).
Importância do estudo da medicina legal
 Emitir pareceres minudentes, claros, concisos e racionais, objectivando criar, na
consciência de quem tem por missão julgar, um quadro o mais preciso da realidade;
 Conhecimentos da Jurisprudência Médica, ou seja, sobre os seus deveres e direitos,
e o Código de Ética dos Advogados;
 Saber avaliar os laudos que recebe, como e quando solicita – los, além de estar
capacitado a formular os quesitos procedentes em relação aos casos em estudo.
 A Medicina legal é frequentemente usada na prática forense, pois com as perícias
realizadas pelos médicos legistas têm um valor probante indiscutível no auxílio do
direito processual pela busca da sentença justa, que tenha como fundamento a
verdade dos fatos e suas circunstâncias.
Tanatologia
É Estudo da morte e do morto;
Tanatologia é o estudo científico da morte. Ele investiga os mecanismos e aspectos
forenses da morte, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a
morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos. É, principalmente, um
estudo interdisciplinar.
A palavra é derivada de Tânato (em grego, θάνατος: "morte"), deus da mitologia grega
que personificava a morte, mais o sufixo lógia, que deriva do grego legein (Λογια:
"falar") e significa estudo.
O estudo da morte tem vários ramos e aplicações, actualmente vem se destacando na
área policial e jurídica, com os trabalhos do tanatologista policial e do médico legista,
que vem ganhando mais notoriedade na actualidade por conta dos casos de homicídios
de grande repercussão que esta ciência vem ajudando a desvendar.
O termo Tanatologista Policial é um conceito moderno e pouco conhecido, mas que
vem ganhando força devido a especialização desses profissionais, grandes aliados dos
médicos legistas.
Tanatologista Policial é o profissional de nível superior com formação em qualquer
área de conhecimento, aprovado em concurso público para integrar o quadro de
carreiras da polícia judiciária. Este é responsável dentre outras atribuições, por breve
observação do local da morte e cena do crime, das condições em que se encontra o
cadáver, breve apontamento das informações acerca das circunstâncias da morte, pelo
transporte e guarda do corpo do local da morte até o Instituto de Medicina Legal,
recebimento e guarda do cadáver no laboratório de tanatologia e consequente realização
do exame tanatológico “microscópico”, sob supervisão directa do Médico Perito
Legista. É papel também, do Tanatologista Policial, estabelecer um canal de ligação,
repassando fotografias e informações colectadas através das oitavas realizadas a
terceiros no local da morte e cena do crime ao Médico Perito Legista. Para que este
possa compreender amplamente a dinâmica dos fatos. Contribuindo por sua vez com a
confecção de um laudo pericial mais fidedigno.
No Instituto Médico Legal ele é o responsável por corroborar com o Médico Perito
Legista na identificação da causa de morte, executando actividades complementares na
área de anatomopatologia, abrangendo a realização de necropsia, dissecação e
exumação de cadáveres, sob a supervisão directa do Médico Perito Legista.
Tanatologia Medico - Legal
A tanatologia médico-legal é a parte da Medicina Legal que estuda a morte, ou melhor,
as suas causas, debruçando-se para tanto, sobre o morto, e as suas repercussões na
esfera jurídico-social. O entendimento de que o cadáver guarda valiosas informações
sobre sua morte, tais como causa, momento, circunstância e, até mesmo, motivação e
autoria, é fundamento para a tanatologia médico-legal, visível no ditado "o cadáver
fala". Um dos objectivos principais da tanatologia médico-legal, portanto, é estabelecer
o diagnóstico da causa da morte, que no campo jurídico busca a determinação das
hipóteses de homicídio, suicídio ou acidente. O médico-legista realiza este estudo
detalhado e atento de "leitura" do cadáver por meio da autópsia. Porém, para uma
análise certeira e confiável juridicamente, não se deve deter apenas ao exame do corpo,
mas ainda ao resultado da inspecção do local de morte, realizada pela perícia criminal.
História da tanatologia
Em 1903, o cientista russo Élie Metchnikoff, que era famoso por seu trabalho
em microbiologia e a descoberta de fagocitose, defendeu que, sem uma atenção
sistemática à morte, ciências da vida não estariam completas. Por meio desse
argumento, Metchnikoff apelou à criação de uma disciplina científica dedicada ao
estudo da morte. Ele argumentou que os que estavam morrendo tinham poucos ou
nenhum recurso para a experiência de morrer e que um estudo académico iria ajudar
aqueles que enfrentam a morte a ter uma melhor compreensão do fenómeno e reduzir o
medo dela.

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