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Trata-se, portanto de uma visão geral, um modelo, ou como é apelidado por Creswell (2010),
uma “conceção filosófica”. Creswell (2010, citando Guba, 1990) diz ter optado por este termo
pois refere-se a “um conjunto de crenças básicas que guiam a ação”. Afirma que essas
conceções filosóficas estão presentes em toda a investigação mas, por vezes, existe a
intenção deliberada de as manter ocultas. Aconselha, por isso, a que se explicite claramente a
visão filosófica subjacente à investigação. O mesmo autor refere então que existem quatro
grandes conceções ou paradigmas associados à investigação, nomeadamente à investigação
em Ciências Sociais e Humanas: pós-positivista, construtivista, reivindicatória/participatória
(paradigma sociocrítico) e pragmatismo, esta última mais recente no tempo e que veio, de
alguma forma, amenizar os extremismos sobre o modelo a seguir.
Recentemente, surgem correntes que afirmam não fazer sentido esta divisão em paradigmas
pois a metodologia a seguir, nomeadamente na recolha e análise de dados, deve ser a que
melhor responde ao problema definido. O mundo não sendo uma realidade absoluta deve ser
compreendido à luz de diferentes métodos (métodos mistos). Nesse sentido, o pesquisador é
livre na escolha dos métodos, técnicas e procedimentos a seguir. Centra-se, também, na
aplicação do conhecimento ao real, nas soluções práticas para os problemas, tendo presente
que o contexto social, cultural, histórico e político devem ser considerados pois influenciam a
investigação. É o paradigma pragmático.
A definição clara de um paradigma ou conceção subjacente a uma investigação deve ser feita
de modo a entender perfeitamente as opções do investigador, nomeadamente no que se
refere a metodologias, métodos e técnicas. Koetting (1996, citado por Coutinho, 2004) refere
que “As metodologias carregam em si mesmas interesses que condicionam os resultados
procurados e encontrados, razão pela qual o investigador deverá procurar identificar os
interesses humanos que estão sempre por detrás das diferentes formas de investigar.”
(p.438). A mesma autora defende que ao conhecer o(s) paradigma(s) de investigação
possibilita tomar decisões fundamentadas, questionando assim os “porquês” das opções
metodológicas, fazendo assim uma viagem ao pensamento científico inerentes à prática de
investigação.
Referências:
Paradigmas de investigação
Em boa verdade, podemos dizer que segundo Shulman (1989, apud Morgado, 2012, p.26)
“paradigmas não são teorias; são mais formas de pensar ou modelos para a investigação que,
quando se aplicam, podem conduzir ao desenvolvimento de teorias” e, no que se refere ao
campo do ensino, os investigadores tem-se desdobrado ora optando pelo modelo quantitativo,
ora pelo modelo qualitativo e ora mesclando-os, sujeitando-se às dicotomias que as mesmas
oferecem. Tanto é que, no dizer de Husén (1988 apud Moreira 2012, p.32), “ em face de um
dado problema educativo, se podem seguir rotas metodológicas distintas, desde que as opções
se revelem úteis e necessárias para a sua resolução, o que demonstra que que não devem
existir procedimentos de investigação que, a priori, sejam epistemologicamente
privilegiados”.
Referindo-se concretamente aos principais paradigmas em investigação educacional, e,
socorrendo do autor e da obra que vimos citando, podemos dizer que é possível identificar
três grandes paradigmas: o paradigma positivista, o paradigma interpretativo e o paradigma
crítico (Morreira, 2012, p.39).
1. O paradigma positivista
3. Paradigma crítico
Segundo Arnal et al. (1994 apud Morreira, 2012, p.42), este paradigma surge para
contrabalançar os dois paradigmas atrás descritas, criando um meio-termo, ou seja, “surgiu
como resposta ao reducionismo da tradição positivista e ao conservadorismo do paradigma
interpretativo”. Tendo em consideração que a ciência social não se rege somente á base do
empírico nem tão pouco somente á base do interpretativo, este paradigma “associa a ideologia
e a auto-reflexão crítica aos processos de construção de conhecimento” tentando, portanto,
conciliar “a interpretação empírica dos dados sociais com os contextos políticos e ideológicos
em que se geram as acções sociais”. (Sarmento, 2003, apud Morreira, 2012, p.42) Apesar da
sua grande semelhança com o paradigma interpretativo, os defensores deste paradigma não se
coíbem de somente descrever e compreender a realidade tal como ela é vivida pelos sujeitos,
tentando contudo também vivenciá-la com o claro propósito de transformá-la, para que
desperte a consciência crítica em cada individuo. (Moreira, 2012, p.42-43).
Referência: