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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM

Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e


Recursos Naturais – PIPG BTRN

A PESCA PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE LAGOS NO EIXO


FLUVIAL SOLIMÕES-AMAZONAS E PRINCIPAIS TRIBUTÁRIOS DO
ESTADO DO AMAZONAS.

KEID NOLAN SILVA SOUSA

Tese apresentada ao programa


de Pós-Graduação em Biologia Tropical
e Recursos Naturais do Convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Doutor em
Ciências Biológicas, área de
concentração em Biologia de Água
Doce e Pesca Interior.

MANAUS – AM
2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

A PESCA PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE LAGOS NO EIXO


FLUVIAL SOLIMÕES-AMAZONAS E PRINCIPAIS TRIBUTÁRIOS DO
ESTADO DO AMAZONAS.

KEID NOLAN SILVA SOUSA

Tese apresentada ao programa


de Pós-Graduação em Biologia Tropical
e Recursos Naturais do Convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Doutor em
Ciências Biológicas, área de
concentração em Biologia de Água
Doce e Pesca Interior.

Orientadora: Profª Dra. Nidia Noemi Fabré

MANAUS – AM

2005

2ii
FICHA CATALOGRÁFICA

Nolan, Keid-Silva Sousa


A pesca profissional em sistemas de lagos no eixo fluvial Solimões-Amazonas e
principais tributários do Estado do Amazonas. 177p. Tese (doutorado) –
INPA/UFAM, 2005.

1. Pesca Profissional; 2. Rendimento pesqueiro; 3. Sistema de lago; 4.


Zoneamento pesqueiro; 5. Amazonas.

CDD 19 ed. 597.5

SINOPSE
A atividade de pesca profissional que ocorre em lagos efetuada pela frota
pesqueira que desembarca em Manaus foi analisada para verificar o efeito de variáveis
paisagísticas sobre rendimento pesqueiro em três escalas análise, utilizando técnicas
de Modelos Lineares Gerais. A caracterização das unidades territoriais de manejo ora
proposta foi realizada conforme a combinação de informações que permitiram, tratar de
forma transversal as inter-relações dos componentes paisagístico, pesqueiro e
ecológico. As áreas de pesca de lagos foram definidas em três níveis ecossistêmicos:
1) Sistemas fluviais: Áreas de Manejo de Bacias, 2) Sistemas de transição Várzea/Terra
Firme: Áreas de Manejo de Lagos por bacias e 3) Sistemas lacustres predominantes
por tipo de lago: Áreas de Manejo local comunitário. Foram definidas espacialmente 4
unidades territoriais de manejo de Bacias propostas: Unidade do Médio Solimões;
Unidade do Baixo Solimões; Unidade do Baixo Purus e Unidade do Alto
Amazonas. Esta abordagem interdisdisplinar gerou um conjunto de variáveis ou
descritores significantes que pode representar um sistema de indicadores para o
monitoramento e controle da pesca de lagos. Considerando as diferentes escalas
geográficas, ambientais, ecossistêmicas e pesqueiras, o presente estudo propôs a
definição de unidades ecossistêmicas e unidades territoriais de manejo da pesca
lacustre, com o intuito de contribuir para um gerenciamento da pesca de lagos.

Palavras – chave: 1. Pesca Profissional; 2. Rendimento pesqueiro; 3. Sistema de


lago; 4. Zoneamento pesqueiro; 5. Amazonas.
.

iii
3
Dedico este trabalho à minha companheira, Maria Dinalva
... que iniciou a caminhada ao meu lado sacrificando muitos de seus
objetivos pessoais e que vem cumprindo da maneira mais honrosa seu papel de
Mulher, Amiga, Mãe,... quero merecer estar sempre a seu lado durante a minha
existência
Á você e às nossas riquezas: Bárbara e Moanna.

iv
4
Meu dever de casa contínuo:

“Sigo caminhando no lugar de aprendiz e buscando bons exemplos: Da natureza,


o equilíbrio e a firmeza; dos meus animais a persistência e a fieldade; dos
pássaros a liberdade; da Profissão, a relação humana; da Família, a paz e o amor;
da Crença, a luz na consciência”

v5
AGRADECIMENTOS

Agora estou com a difícil tarefa de mensurar, com palavras, o tamanho de


minha gratidão a todos que contribuíram para elaboração, execução e finalização
deste trabalho. Primeiramente, quero agradecer a todos que aqui não foram
citados, pela honrosa condição de construtores anônimos deste trabalho.

E sou grato ao Mestre pela felicidade de merecer estar aqui, festejando as


vitórias, buscando simplicidade para reconhecer as falhas, e dignidade para
reconhecer as limitações.

Eu sou grato ao meu Pai, pelos incentivos educacionais, tenho clareza de


que pelas minhas origens sociais, tive a felicidade de ter um Pai que se dedicou
incansavelmente para poder me dispor de boas escolas desde o inicio. Também
pelos exemplos de dignidade, coragem, honestidade e persistência para enfrentar
as dificuldades impostas pela vida.

Minha Mãe! Você é uma centelha de luz divina que me colocou no mundo
para cumprir com meu propósito. Eu tenho a gratidão de um filho que tem em você
exemplo de paciência, de simplicidade, de ocupar o lugar de observador não de
falador, do saber ouvir.

Ser alegre, mesmo na dificuldade é um exemplo que procuro seguir


diariamente espelhando-me na minha, tão especial, Vó Maricô. Também levo a
lembrança dos que já foram convocados pelo Mestre (Vô Adão e Vô Anacleto) e à
minha vozinha Marcionilia que ainda está pelejando;

A direção do caminho é trilhada por decisões. Nayara, você faz parte de


minha vida e quero poder ser seu amigo e dar exemplos bons ao longo de sua
caminhada.

Os diferentes níveis de amizade são a base para a luta diária. Com amigos
a chance de vencer aumenta consideravelmente. Eu sou grato aos amigos de
trabalho Tony, a Beth, Michele, a Olívia, Charles, Guillermo e ao Juan pela
sinceridade e apoio incondicional na rotina do trabalho diário.

Em especial, pelos aconselhamentos, pelas chamadas de atenção, pela


sinceridade, pelo carinho sou grato a Cristina Sena, a Socorro Moraes e ao
Naílson Celso. São pessoas que acreditaram em mim desde o começo, e nos
momentos que estava com a moral em baixa, fizeram de tudo para me soerguer e
continuar no caminho, me fazendo acreditar em mim mesmo e enxergar o lado
positivo das situações.

Determinação, disciplina, persistência, seriedade, exigência, são


preciosíssimos valores que venho buscando apreender pelos exemplos de minha
orientadora. Nidia! a busca constante da melhoria na qualidade dos trabalhos, a
responsabilidade social e respeito com o povo Amazônida, e a sua dignidade são

vi 6
virtudes suas que venho buscando assimilar continuamente. Reconheço, no seu
exemplo, as lições que um bom profissional, que veste a camisa do povo
Amazônida deve buscar.

Ao Vandick, pelo senso de cooperação constante, pela simplicidade, pelos


seus inestimáveis aconselhamentos e orientações para execução da Tese, e
finalmente, por ter me confiado a responsabilidade de executor do projeto Pesca
Lago, financiado pelo CNPq e manusear os dados da Estatística pesqueira do
Estado do Amazonas, confiando em mim.

A execução desta tese, somente foi possível, porque tive a felicidade de ter
disponível, toda a infraestrutura conquistada a duras penas por todas as pessoas
do PYRA. O Programa de Recursos Aquáticos e da Várzea me disponibilizou toda
estrutura de campo, informática, material de expediente. No Pyrá contei com um
corpo de mais de 30 pessoas (“Pyrenses”) que nunca mediram esforço para me
auxiliar. O convívio com questões multidisciplinares é uma experiência Pyrá, que
não tenho como recompensá-la. Minha gratidão a todos Pyrenses, em especial,
Cristiano, Isabela, Ivanildo, Eduardo, Michele, France, Larissa, Charles,
Fernandes, Samantha, Rose, Gisele, Chiquinha, Luiza, Lígia, Leocy, Rafaela.

Sou grato a duas pessoas, em especial, Guillermo pelas andanças no porto,


e pelos ouvidos de amigo para me escutar e a Liene, que executou de maneira
madura e responsável o trabalho no mercado Adolfo Lisboa, e trabalhou
diretamente no processamento dos dados de desembarque com presteza e
dedicação.

Tenho uma divida de gratidão ao senhor Pedro Neto, que representa a


Associação de Armadores de Pesca do Amazonas, que fez acontecer minha mais
importante experiência com a pesca profissional, quando embarquei numa viajem
de pesca com pescadores profissionais. Sou grato pela confiança e paciência do
meu professor pescador, seu “Gonso” e a todos da equipe que realizou a viajem.

Aos cientistas; Miguel Petrere Jr; Bruce Forsberg, Urbano Lopes; Ronaldo
Angelini, Adriana Carvalho, Ronaldo Barthem, Carlos Edwar Freitas; Max Rozo
Gonzales, Albertino de Sousa, Arnaldo Caneiro, Lizit Alencar, Cristina Sena, pelas
suas valorosas contribuições para realização deste estudo.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em especial à Dra Ângela


Varela (Coordenadora – BADPI), à equipe da secretaria de Pós-graduação e a
Carminha pelo carinho, pelo respeito e a constante boa vontade em auxiliar com
presteza e eficiência.

Toda minha existência acadêmica como discente só foi possível graças ao


apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
pelas bolsas de estudo disponibilizadas (Iniciação cientifica, Apoio técnico nível
médio; Mestrado e Doutorado).

vii
7
ÍNDICE
FICHA CATÁLOGRÁFICA................................................................. ...... ...... iii
iv
Agradecimentos............................................................................... ...... ...... vi
Índice.............................................................................................. ...... ...... ...... viii
Abstract........................................................................................... ...... ...... ...... xi
Resumo........................................................................................... ...... ...... ...... xii
Lista de Figuras............................................................................... ...... ...... xiii
Lista de Tabela................................................................................ ...... ...... ...... xv iii

1. CONTEXTUALIZAÇÃO TEMÁTICA DO ESTUDO .......................................... 21

2. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO............................................... 24

CAPÍTULO 1 - COMPOSIÇÃO DE PAISAGENS AQUÁTICAS DE LAGOS


EXPLOTADOS PELA FROTA DE PESCA PROFISSIONAL DE MANAUS. ....... 25

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 26

2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 28

2.1 Base de dados Alfanuméricos ..................................................................... 28

2.2 Base de dados digitais.................................................................................. 30

2.3 Processamento e Análise dos dados .......................................................... 31

2.4 Extração de medidas da estrutura da paisagem de lagos explotados pela


pesca profissional............................................................................................... 33

2.5 Atributos paisagísticos estimados da estrutura e composição dos


sistemas de lago ................................................................................................. 35

2.5 Analise exploratória dos dados ................................................................... 37

2.6 Modelos Lineares Gerais .............................................................................. 37

3. RESULTADOS.................................................................................................. 39

4. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 50

4.1 Considerações metodológicas .................................................................... 51

8
4.2 Estrutura e Composição das paisagens dos lagos explotados pela pesca
profissional na Amazônia Central...................................................................... 53

CAPÍTULO 2 – DINÂMICA DA PESCA PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE


LAGO E HETEROGENEIDADE AMBIENTAL DE BACIAS HIDROGRÁFICAS NO
ESTADO DO AMAZONAS ................................................................................... 65

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 66

2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 68

2.1 Considerações sobre o sistema de coleta de dados de desembarque


pesqueiro ............................................................................................................. 68

2.2 Processamento dos dados........................................................................... 69

2.3 Análise dos dados......................................................................................... 70


2.3.1 Análise multivariada.................................................................................. 70
2.3.2 Características hidrológicas dos sistemas fluviais explorados.................. 71

2.3 MODELO LINEAR GERAL - GLM.................................................................. 74

3. RESULTADOS.................................................................................................. 77

3.1 Dinâmica e exploração da pesca profissional de lagos no Estado do


Amazonas ............................................................................................................ 77

3.2 Análise exploratória dos dados da pesca profissional lcustre ................. 81

3.3 Análise do rendimento pesqueiro, Esforço de Pesca e Rendimento por


pescador-dia em bacias hidrográficas do Estado do Amazonas.................... 86

3.2 Tipos de lago explotados por Bacia hidrográfica ...................................... 89

3.4 Os tipos de pescado preferencialmente explotados pela pesca lacustre 93

3.5 Modelo Linear Geral – efeito do regime hidrológico sobre o rendimento


pesqueiro ............................................................................................................. 99

4. DISCUSSÃO ................................................................................................... 103

4.1 O rendimento pesqueiro e condições hidrológicas para a pesca lacustres


nos principais sistemas fluviais explotados pela pesca profissional no
Estado do Amazonas ........................................................................................ 109

9
CAPÍTULO 3 – ZONEAMENTO MACROECOLÓGICO DA PESCA
PROFISSIONAL LACUSTRE NA AMAZÔNIA CENTRAL................................. 116

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 117

2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 119

2.1 Base de dados alfanuméricos.................................................................... 119

2.2 Dados Cartográficos ................................................................................... 119

2.3 Espacialização dos dados pesqueiros ...................................................... 121

2.4 Análise dos dados....................................................................................... 122

3. RESULTADOS................................................................................................ 124

3.1 Espacialização de dados pesqueiros e identificação de zonas de Pesca


de lagos.............................................................................................................. 128

4. DISCUSSÃO ................................................................................................... 134

4.2 Espacialização de dados pesqueiros ........................................................ 139

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 140

10
ABSTRACT

The present work had with central object of study to analyze the professional
fishery of lakes made by the commercial fleet corresponding to the 1994-2001
period. The effect of the landsacpe variables on fishing yield was analyzed in three
work scales using techniques of General Lineal Models for the professional fishery
of lakes made by the fishing fleet that landing in Manaus. In the macroscale,
significant differences of fishing yield were observed explained by characteristics of
the hydrologic factor and of the distance of the land port (Manaus city). In the local
Level, the landscape variables that you had effect on the variability of the fishing
yield of lakes they were the perimeter, the amount of flooded forest, of open
superficial areas, the size of the connection with main river and the fishing effort. In
the mesoscale it was evidenced that the geomorfologic unit where the lake system
is fit it also influenced in the variability of the fishing yield of lakes. The different
levels of analysis of the data accomplished along the three chapters of this study
they led to the identification of indicators variables, which characterized units of
handling in different space scales of work. In this context, the areas of fishing of
lakes were defined in three ecosystem levels: 1) fluvial systems: Areas of
Management of Basins, 2) transition systems Várzea/Terra Firme: Areas of Lake
Management for basins and 3) predominant lacustrine systems for lake type: Areas
of local management community. They were proposed 4 territorial units of
management wich is: Medium Solimões; Low Solimões; Low Purus and High
Amazonas Units. This approach generated a group significant descritores that can
represent a system of indicators for the monitorament and control of the fishing of
lakes. Finally, the present study proposed the definition of ecossystem and
territorial units of management of the fishing in lakes, with the intention of
contributing for an administration of the fishing in lakes that doesn't just consider
the local subjects, but also that he is elaborated shimmering other scales
geographical, environmental, ecosystems and economics.

xi11
RESUMO

O presente trabalho teve com objeto central de estudo analisar a pesca


em lagos efetuada pela frota comercial, para tal foram utilizados dados de
desembarque de Manaus correspondentes ao compreendido entre 1994-2001.
Empregando técnicas de Modelos Lineares Gerais foi analisado o efeito de
variáveis paisagísticas sobre rendimento pesqueiro da pesca profissional em lagos
efetuada pela frota pesqueira que desembarca em Manaus em três escalas. Na
macroescala foram observadas diferenças significativas de rendimento pesqueiro
explicadas por características do regime hidrológico e distância do porto de
desembarque. No nível local, as variáveis paisagísticas que influenciaram na
variabilidade do rendimento pesqueiro de lagos foram o perímetro, a quantidade
de floresta alagada, de áreas superficiais abertas, o tamanho da conexão com rio
principal e o esforço de pesca. Na mesoescala foi evidenciado que a unidade
geomorfológica onde o sistema de lago está encaixado também influenciou na
variabilidade do rendimento pesqueiro de lagos. Os diferentes níveis de análise
dos dados realizados ao longo dos três capítulos deste estudo conduziram à
identificação de variáveis indicadoras, as quais caracterizaram unidades de
manejo em diferentes escalas espaciais. Assim, as áreas de pesca em lagos
foram definidas em três níveis ecossistêmicos: 1) Sistemas fluviais: Áreas de
Manejo de Bacias, 2) Sistemas de transição Várzea/Terra Firme: Áreas de Manejo
de Lagos por bacias e 3) Sistemas lacustres predominantes por tipo de lago:
Áreas de Manejo local comunitário. Foram propostas 4 unidades territoriais de
manejo: Unidade do Médio Solimões; Unidade do Baixo Solimões; Unidade do
Baixo Purus e Unidade do Alto Amazonas. Esta abordagem interdisdisplinar gerou
um conjunto de variáveis ou descritores significantes que pode representar um
sistema de indicadores para o monitoramento e controle da pesca de lagos. Enfim,
o presente estudo propôs a definição de unidades ecossistêmicas e unidades
territoriais de manejo da pesca de lagos, com o intuito de contribuir para um
gerenciamento da pesca de lagos que não considere apenas as questões locais,
mas também que ele seja elaborado vislumbrando outras escalas geográficas,
ambientais, ecossistêmicas e econômicas.

xii12
LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1
Figura 1 - Arquitetura conceitual do Sistema de Informação Geográfica da Pesca
Profissional de Lago da Amazônia Central (SIG-PESCA LAGO)...................... 33
Figura 2 – Distribuição das variáveis paisagísticas de lagos explotados pela frota
de pesca profissional relacionadas com o esforço de pesca, na seca de 1995
(setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). A) Perímetro do lago (km);
B) Floresta Alagada (km2; C) Proporção de Floresta alagada. .......................... 41
Figura 3 – Variação dos atributos das paisagens dos lagos explotados pela frota
de pesca profissional em relação ao rendimento pesqueiro por pescador-dia
(toneladas/num de pescador*dias pescando), na seca de 1995 (setembro-
outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). A) Perímetro do lago - km; B) Floresta
Alagada - km2; C)Proporção de Floresta alagada................................................ 43
Figura 4 – Distribuição indicadores de acessibilidade aos lagos explotados pela
frota de pesca profissional em relação variação de: A) Rendimento pesqueiro
(toneladas) e B) Esforço de Pesca (Num de pescador*Dias pescando) na
seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). ...................... 45
Figura 5 – Diagrama de dispersão dos escores extraídos da análise de
componentes para os lagos explotados pela frota de pesca profissional em
relação à variação do esforço de pesca, na seca de 1995 (setembro-outubro)
e cheia de 1996 (maio-julho) ................................................................................... 47
Figura 6 – Diagrama de dispersão da carga dos fatores da análise de
componentes para os lagos explotados pela frota de pesca profissional em
relação à variação do esforço de pesca, na seca de 1995 (setembro-outubro)
e cheia de 1996 (maio-julho) ................................................................................... 48
Figura 7 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores de Rendimento
pesqueiro estimada pelo Modelo Linear Geral (Regressão múltipla) calculado
para os lagos explotados pela pesca profissional de Manaus durante o
setembro-outubro/1995 e maio-juho1996.............................................................. 50
Figura 8 - Esquema demonstrativo dos índices hidrológicos calculados ................. 73

13
Figura 9 – Contribuição relativa do número total de registros de desembarque
classificados por ambiente de pesca no período de 1994 a 2001. ................... 78
Figura 10 – Contribuição relativa do número total de registros de desembarque
provenientes de pescarias de lagos classificados por Bacia no período de
1994 a 2001................................................................................................................ 79
Figura 11 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis
categóricas Bacia x Tipo de lago explotados pela frota de pesca profissional
realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o
período de 1994-2001............................................................................................... 82
Figura 12 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis
categóricas Bacia x Tipo de pescado explotados pela frota de pesca
profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus
durante o período de 1994-2001............................................................................. 83
Figura 13 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis
categóricas Tipo de Lago x Tipo de pescado explotados pela de pesca
profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus
durante o período de 1994-2001............................................................................. 85
Figura 14 – Distribuição do Número de pescadores (A); Tempo de pesca - Dias
pescando (B) e do Esforço de pesca(nº de pescador * dias pescando) da
pesca profissional de lagos durante o periodo de 1994-2001, classificado por
bacia. ........................................................................................................................... 87
Figura 15 – Distribuição do Rendimento pesqueiro (toneladas) por registro de
desembarque (A) e Rendimento por pescador dia (toneladas/esforço de
pesca) para o período compreendido entre 1994-2001, classificado por Bacia.
...................................................................................................................................... 88
Figura 16 – Distribuição do Número de pescadores (A); Tempo de pesca - Dias
pescando (B) e do Esforço de pesca(nº de pescador * dias pescando) da
pesca profissional de lagos durante o periodo de 1994-2001, classificado por
tipo de lago. ................................................................................................................ 90
Figura 17 – Distribuição do Rendimento pesqueiro (toneladas) por registro de
desembarque (A) e Rendimento por pescador dia (toneladas/esforço de

14
pesca) para o período compreendido entre 1994-2001, classificado por tipo de
lago. ............................................................................................................................. 92
Figura 18 – Freqüência relativa mensal dos itens de desembarque da pesca
profissional de lagos, que foram explotados entre 1994-2001. ......................... 95
Figura 19 – Freqüência relativa dos itens de desembarque da pesca profissional
de lagos, classificados por Bacia que foram explotados entre 1994-2001. ..... 96
Figura 20 – Freqüência relativa dos itens de desembarque da pesca profissional
de lagos, classificados por tipo de lago que foram explotados entre 1994-
2001. ............................................................................................................................ 97
Figura 21 – Freqüência relativa dos níveis de Esforço de pesca (número de
pescadores*Dias pescando) por registro de desembarque classificado por tipo
de lago para o período compreendido entre 1994-2001..................................... 98
Figura 22 – Freqüência relativa dos níveis de RENDIMENTO PESCADOR-DIA
(Quantidade de pescado (ton)/Esforço de pesca) por registro de desembarque
classificado por tipo de lago para o período compreendido entre 1994-2001. 99
Figura 23 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores de Rendimento
pesqueiro estimados pelo modelo hidrológico pesqueiro para frota de pesca
profissional que desembarcou em Manaus enter 1994-2001. ......................... 102
Figura 24 – Ajuste das médias dos mínimos quadrados - Resultados do teste a
posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), demonstrando diferenças entre as
médias de Rendimento pesqueiro (toneladas) para cada fator Bacia
analisado, referente à pesca profissional realizada em sistemas de lago, que
desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001 ........................... 103
Figura 25 - Esquema representativo da preferência por espécie ao longo dos
meses do ano e ao longo do ciclo hidrológico para a pesca realizada em
sistemas de lago que desembarcou em Manaus durante o período e de 1994-
2001. .......................................................................................................................... 108
Figura 26 - Esquema representativo dos níveis de organização com os subníveis
que mais se destacaram no dimensionamento da pesca realizada em
sistemas de lago que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-
2001. .......................................................................................................................... 113

15
Figura 27 – Diagrama do esforço de pesca (Nº e Pescador*dias pescando) – A; e
Rendimento pesqueiro (toneladas) – B; classificados conforme a Unidade
Geomorfológica, que correspondeu área onde o sistema de lago explotado
pela pesca profissional está encaixado. .............................................................. 124
Figura 28 – Diagrama da disponibilidade e lagos – A; e Numero de lagos
explotados – B; classificados conforme a Unidade Geomorfológica, que
correspondeu área onde o sistema de lago explotado pela pesca profissional
está encaixado. ........................................................................................................ 125
Figura 29 – Ajuste das médias dos mínimos quadrados - Resultados do teste a
posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), comparando as médias de rendimento
pesqueiro (toneladas) dos níveis do fator Unidade Geomorfológica analisada,
referente à pesca profissional realizada em sistemas de lago, que
desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001 ........................... 127
Figura 30 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores do rendimento
pesqueiro estimada pelo modelo linear geral calculado para a pesca de lagos,
relacionada com diferentes unidades geomorfológicas utilizadas pela frota de
pesca profissional que desembarcou em Manaus entre1994-2001................ 128
Figura 31– Diagrama de contorno demonstrando as faixas de rendimento
pesqueiro distribuídas entre os sistemas de lagos mapeados no eixo Solimões
Amazonas, Purus, e Madeira correspondendo à área de concentração da
pesca profissional de lago da frota de pesca profissional do Amazonas....... 129
Figura 32 – Representação espacial do rendimento pesqueiro de lago explotados
nas regiões Baixo Solimões e Alto Amazonas correspondentes à ZONA DE
PESCA LACUSTRE 01, no raio de abrangência mais próximo de Manaus de
até 200km. ................................................................................................................ 131
Figura 33 – Representação espacial do rendimento pesqueiro de lago explotados
nas regiões Baixo Solimões e Alto Amazonas correspondentes a ZONA DE
PESCA LACUSTRE 02, no raio de abrangência mais próximo de Manaus de
até 500km. ................................................................................................................ 133
Figura 34 Representação espacial das áreas de manejo de bacias propostas para
a pesca profissional de lagos no Estado Amazonas, considerando os limites

16
municipais, as zonas de distância em relação à Manaus e o rendimento
pesqueiro por pescador ias pescando. ................................................................ 146
Figura 35 - Representação espacial das áreas de manejo de bacias propostas
para a pesca profissional de lagos no Estado Amazonas, considerando os
limites municipais, as zonas de distância em relação à Manaus e o
rendimento pesqueiro por pescador ias pescando. ........................................... 147
QUADROS
Quadro 1 – Lista de locais de pesca explorados pela frota de pesca comercial que
desembarcou em Manaus durante o período de 1974-1976 e 1994-2001, que
apresentam registros de pesca continuadamente em todos os anos
analisados neste estudo................................................................................. 29
Quadro 2 - Modelo organizacional do Sistema de Informação Geográfica da Pesca
Comercial Profissional de Lago entre 1994 e 2001 (SIG-PESCA LAGO) ...... 32
Quadro 3 - Classificação dos sistemas de lago conforme terminologia
geomorfológica (Baseada em Sousa, 2000; Rozo et al, 2003; Rozo, 2004) e
características da pesca para cada categoria. ............................................... 80
Quadro 4 – Lista de cartas para registro de coordenadas geográficas e
quantificação dos sistemas de lago para cada Bacia explotados pela pesca
profissional de lagos .................................................................................... 120
Quadro 5 – Proposta de Escala e Unidades de Manejo para a pesca de lagos,
considerando a divisão hierárquica em unidades ecossistêmicas (Perímetro –
Km; Conexão com rio principal – Km; Quantidade de Floresta Alagada – Km²;
CPUE – toneladas/nº de pescador*dias pescando; Extensão. Linear – km;
Distância de Manaus – km; Cota máxima e mínima do rio – cm.................. 143

17
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Matriz de dados extraídos da análise das paisagens de lagos


explotados pela pesca profissional de lagos .................................................. 40
Tabela 2 – Cargas dos fatores, com destaque para as cargas com contribuição
acima de 60%, obtidos da análise de componentes principais para os dados
da pesca profissional de lagos e características da paisagem dos sistemas
analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996............................. 46
Tabela 3 – Porcentagem de variância explicada pelos fatores e seus respectivos
autovalores obtidos da análise de componentes principais para os dados da
pesca profissional de lagos e características da paisagem dos sistemas
analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996............................. 46
Tabela 4 – Matriz de correlação de Pearson, com destaque r>60%, obtidos da
análise de componentes principais para os dados da pesca profissional de
lagos e características da paisagem dos sistemas analisados para o período
de set-out/1995 e mai-jul/1996....................................................................... 48
Tabela 5 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio da
Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL
DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro; VARIÁVEIS INDEPENDENTES:
Esforço de pesca, Áreas Abertas, Cota do Rio, Área Alagada, Distância de
Manaus, Perímetro, conexão, Desenvolvimento perimetral, Proporção de
floresta alagada. R=0,93; R2=0,87; N=20 nível de significância p=0,10......... 49
Tabela 6 – Sistemas de lagos que apresentaram características de estrutura e
composição da paisagem, similares e definidas como unidades locais para
diagnóstico ambiental-pesqueiro e realização de monitoramento da pesca
profissional de lagos no Amazonas durante o período da SECA................... 63
Tabela 7 – Sistemas de lagos que apresentaram características de estrutura e
composição da paisagem, similares e definidas como unidades locais para
diagnóstico ambiental-pesqueiro para realização de monitoramento da pesca
profissional de lagos no Amazonas durante o período da CHEIA.................. 63

18
Tabela 8 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados
pela pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em
Manaus durante o período de 1994-2001 combinando BACIA e TIPO DE
LAGO. ............................................................................................................ 82
Tabela 9 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados
pela pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em
Manaus durante o período de 1994-2001 combinando TIPO DE PESCADO e
BACIA. ........................................................................................................... 84
Tabela 10 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados
pela pesca profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em
Manaus durante o período de 1994-2001 combinando TIPO DE PESCADO e
TIPO DE LAGO.............................................................................................. 85
Tabela 11 – Lista dos itens desembarcados pela pesca profissional de Lagos entre
1994 a 2001. .................................................................................................. 93
Tabela 12 - Resultados do teste de paralelismo verificando o efeito total do fator
Bacia (3 níveis) entre as covariáveis]. .......................................................... 100
Tabela 13 – Resultados do teste de Barttlet Qui-quadrado (χ2) para verificar a
normalidade dos componentes do modelo linear geral (variável dependente e
covariáveis) da pesca profissional de lagos desembarcada em Manaus
durante o período de 1994-2001.................................................................. 100
Tabela 14 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio
da Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL
DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro; FATOR: Bacia (3 níveis);
COVARIÁVEIS: Taxa de Variação interanual da cota minima do rio, Taxa de
Variação interanual da cota máxima do rio; Velocidade de vazante; Taxa de
variação interanual da amplitude da cota Máxima-Minima; Interação: Cota
minima*Esforço pesqueira. .......................................................................... 101
Tabela 15 – Matriz de probabilidades do teste a posteriori de Bonferroni (Zar,
1999), demonstrando diferenças entre os sistemas fluviais analisados para a
pesca profissional realizada em sistemas de lagos, que desembarcou em
Manaus entre 1994-2001. ............................................................................ 102

19
Tabela 16 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio
da Análise de covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL
DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro....................................................... 126
Tabela 17 – Matriz de probabilidades do teste a posteriori de Bonferroni (Zar,
1999), comparando unidades geomorfológicas utilizadas pela pesca
profissional realizada em sistemas de lagos, e que desembarcou em Manaus
entre 1994-2001........................................................................................... 127

20
1. Contextualização temática do estudo

As análises mais recentes da pesca na escala global (Watson & Pauly,

2001; FAO, 2000 e 2002; Christensen et al., 2003; Hilborn et al., 2003; Pauly et al.,

2003) retratam cenários substanciados em três aspectos: 1) A preocupação com o

estado de explotação1 e a sustentabilidade dos estoques pesqueiros mundiais; 2)

A importância da pesca para o consumo humano, bem como para a economia,

através da geração de empregos diretos e indiretos e da geração de renda; e 3) A

busca de alternativas de gerenciamento do uso do recurso pesqueiro que

satisfaçam as prioridades sócio-econômicas dos diferentes usuários envolvidos na

atividade, sem a exaustão das populações ícticas alvo das pescarias.

Na Amazônia não é diferente do restante do mundo, entretanto suas

continentais dimensões geográficas, combinadas com sua complexidade sócio-

econômica e ecológica, atribuem características específicas que ressaltam a

necessidade de um entendimento mais direcionado das questões pesqueiras

regionais.

Segundo Leonel (1998), é somente com a intensificação da pesca

registrada na década de 60, que ficou mais evidente a diferenciação entre

atividade efetuada por ribeirinhos e por pescadores profissionais. Neste sentido, a

legislação estadual que regulamenta a atividade no Amazonas determina na Lei

N.º 2713, de 28 de dezembro de 2001, Cap II, Seção I Art 6º que “Para efeitos

desta lei, a Pesca se classifica como: a) comercial profissional, quando praticada a

21
extração de pescado do ambiente natural para a comercialização de toda ou parte

da produção capturada por trabalhadores que tenham na atividade sua profissão

ou meio principal de geração de renda; b) comercial ribeirinha, quando a extração

de pescado do ambiente natural para a comercialização de parte da produção

capturada por residentes na área de seu domicilio e que tenham a pesca como

atividade secundária de geração de renda”.

A Pesca Profissional, por meio do aporte e comercialização de produtos

pesqueiros, tem como função abastecer pequenos e grandes centros urbanos

regionais (Leonel, 1998), através de cerca de 22 mais importantes portos de

desembarque pesqueiros distribuídos ao longo de toda a calha principal do eixo

fluvial Solimões-Amazonas (Isaac e Barthem, 1996; Merona e Bittencourt, 1988).

O principal centro urbano amazônico que recebe o suprimento de pescado

oriundo da pesca profissional em águas interiores é a cidade de Manaus, onde

atualmente está localizado o mercado Adolfo Lisboa (Batista et al., 2004). Este

porto representa um volume de desembarque que oscila entre 20 e 30.000

toneladas anuais, gerando aproximadamente 70.000 empregos diretos e indiretos,

e envolvendo cerca de 20.000 pescadores-trabalhadores, que realizam viagens de

pesca pelos principais sistemas fluviais do Estado – Purus, Solimões, Alto

Amazonas Negro, Madeira, Juruá, e Japurá (Merona & Bittencourt, 1988; Isaac &

Barthem, 1996; Parente, 1996; Batista, 1998; Almeida et al., 2001; Almeida et al.,

2003).

1
Explotação – Processo onde há uso de informação coletada previamente permitindo o conhecimento da rentabilidade de
um dado empreendimento. Tirar proveito econômico de (determinada área), sobretudo dos recursos naturais (Batista et al.,
2004)

22
O desembarque da pesca comercial profissional que ocorre em Manaus

vem sendo abordado em diversos estudos. Nos meados dos anos 70, até fim dos

anos 80, foi implantado um sistema de coletas de desembarque para avaliar o

status das pescarias comerciais da região (Petrere, 1978 A, B 1982, 1983a;

Goulding, 1980; Merona & Bittencourt; 1988; Merona, 1993 e 1990b). Em 1994 o

sistema foi reimplantado dando continuidade às coletas de dados pesqueiros até

os momentos atuais (Batista, 1998).

Diversas pesquisas, sobretudo a partir da década de 90, vêm enfocando

prioritariamente a pesca em lagos realizada por ribeirinhos (MacGrath, 1994).

Estes estudos (McGrath et al.,1993a e 1993b; Cerri, 2001, entre outros) são de

grande importância porque contribuíram para a criação e implementação de vários

mecanismos sociais que atualmente são empregados para promover a

sustentabilidade da pesca em lagos na Amazônia. A exemplo destes mecanismos

temos: 1) Implementação de tecnologias sociais (como por exemplo, os acordos

de pesca); 2) Organização de movimentos de base que objetivam a proibição e

limitação da atuação da pesca descontrolada em determinados lagos; e 3) o

crescente aumento da criação de unidades de conservação em várias áreas

importantes para a pesca profissional (McGrath et al., 1993a; 1993b; Cerri, 2001;

Ribeiro e Fabré, 2004)

Não há como alcançar nenhum objetivo conservacionista ou promover a

sustentabilidade da pesca na Amazônia de maneira participativa, sem um

adequado dimensionamento das informações pesqueiras desta importante

modalidade da pesca (pesca profissional), tampouco limitando a atuação de uma

categoria de pescadores-trabalhadores que têm importante participação no

23
abastecimento de pescado de mais da metade do contingente populacional do

Estado2, e que por morar na maioria das vezes nas zonas periféricas dos centros

urbanos e também passar a maior parte do tempo embarcada, convive com vários

problemas sociais como, por exemplo, a falta de assistência médica, a baixa

escolaridade, a marginalidade, violência, como mencionado por Leonel (1998) e,

Masulo e Nogueira (1994) e verificado na área de estudo durante o levantamento

de dados do presente trabalho.

2. Estrutura e organização do estudo

O presente trabalho teve com objeto central de estudo analisar a pesca de

efetuada pela frota comercial em sistemas de lagos. Para tal, foram utilizados

dados de desembarque de Manaus correspondentes ao período compreendido

entre 1994-2001. O primeiro capítulo teve como objetivo verificar o efeito da

composição e estrutura das paisagens de sistemas de lagos sobre o rendimento

pesqueiro dos referidos sistemas. O segundo analisou a dinâmica da atividade de

pesca em lagos verificando a existência de diferenças de Rendimento pesqueiro

de lagos e sua relação com a heterogeneidade ambiental dos diferentes sistemas

fluviais (bacias hidrográficas), com fins de propor potenciais unidades de manejo

da pesca profissional da Amazônia Central. O terceiro capítulo é uma contribuição

para o zoneamento ecológico pesqueiro do Amazonas, demonstrando o efeito de

diferentes unidades geomorfológicas sobre o rendimento pesqueiro de lagos.

2
N. do Autor. Este comentário é feito tomando por base os dados do IBGE (2000) para o tamanho
da população de Manaus (aproximadamente 1.500.000 habitantes) em relação ao Estado
(aproximadamente 1.750.000 de habitantes).

24
CAPÍTULO 1 - Composição de paisagens aquáticas de lagos
explotados pela frota de pesca profissional de Manaus.

25
1. INTRODUÇÃO

A estrutura e função da paisagem aquática nas áreas de inundação

representam os componentes e/ou feições geográficas inseridas nas áreas

riparianas que margeiam os rios, que apresentam diferentes funções ecológicas,

e que devem ser observadas em diferentes escalas espaciais e temporais de

análise (Ward, 1999; Bain et al., 2001; Zalewski e Naiman, 2001; Ward e Wiens,

2001; Wiens, 2002; Ward et al., 2002;)

Têm-se demonstrado que os sistemas lacustres de várzea são altamente

produtivos, sendo o nitrogênio e o fósforo, os principais nutrientes limitantes da

produção primária devido à mistura entre as águas do rio com as águas locais,

podendo ser determinados, tanto pela relação entre a área da bacia de drenagem

e a área do lago, como pela relação zona de transição aquática/terrestre e área da

bacia do lago (Forsberg et al., 1988; Furch e Junk, 1997, entre outros). Mesmo

com discordância quanto à fonte de nutrientes, há consenso no sentido de que os

sistemas de lago disponibilizam habitats de reprodução, refúgio e alimentação

para a maioria das espécies de peixe que habitam os ambientes aquáticos

amazônicos (Araújo-Lima, 1995; Goulding, 1996).

A origem da produção pesqueira desembarcada em Manaus está

diretamente associada com os ambientes que constituem a planície de inundação,

área alagável ou várzea (Sousa, 2000; Batista, 1998; Petrere, 1978). Estes

ecossistemas não são isolados e representam ecótones ou sistemas de transição

(ATTZ3) que participam de todos os processos ecológicos que ocorrem nas bacias

hidrográficas. A dinâmica destes processos ocorre ao longo de quatro dimensões:

26
longitudinal (cabeceiras-foz), lateral (calha do rio-margem-planicie aluvial), vertical

(superfície-fundo) e temporal (Ward e Stanford, 1989).

Nesta perspectiva, a atividade pesqueira realizada pela frota comercial que

desembarca em Manaus é realizada em dois principais ambientes aquáticos: a)

os Sistemas de Canais (rios, paranás, furos, igarapés) e b) os Sistemas de lagos

(arredondados, dendríticos, ferradura e alongados) que fazem parte de um

mosaico de elementos de diferentes origens geológicas, geomorfológicas e fluviais

que compõem a várzea, constituindo-se de milhares de lagos periodicamente

interconectados entre si, (e com o rio principal) (Junk, 1984 e 1997; Forsberg et

al., 1988; 1993; Bayley e Petrere, 1989 e 2001; Mertes et al., 1996; Franzinelli et

al., 1998; Igreja, 1999; Sousa, 2000; Petry et al., 2003; Rozo et al., 2003; Sousa et

al., 2003; Rozo, 2004).

Desde o ponto de vista da importância ecológica, esses milhares de

sistemas de lagos amazônicos representam as principais fontes primárias para as

cadeias tróficas que sustentam toda a biodiversidade de peixes da região

(Goulding, 1993 e1996). Por outro lado, considerando o aspecto sócio-econômico,

as paisagens lacustres também representam a principal fonte de produção

primária para o abastecimento de produtos agrícolas e pesqueiros no Estado do

Amazonas e nos Estados circunvizinhos (Junk, 1997; Batista 1998; Barthem e

Fabré, 2004; Batista et al., 2004). Nesse contexto, o presente capítulo teve como

objetivo verificar o efeito da estrutura e composição das paisagens aquáticas

sobre o Rendimento Pesqueiro de diferentes sistemas de lago explotados pela

frota profissional que desembarca em Manaus.

3
Aquatic Terrestrial Transition Zone - Zona de transição aquática terrestre, Junk et al., 1989.

27
2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Base de dados Alfanuméricos

Dados do banco de dados da Estatística pesqueira do Programa Integrado

de Recursos Aquáticos e da Várzea (PYRÁ) da Universidade Federal do

Amazonas (UFAM) foram previamente tratados e processados para analise da

pesca profissional lacustres (ver detalhamento capítulo 02). Foram estimados os

seguintes dados pesqueiros:

1. Rendimento pesqueiro (toneladas);

2. Esforço de pesca (número de pescadores*dias pescando por registro de

desembarque);

3. Rendimento por pescador-dia (toneladas/(num de pescador*dias

pescando por registro de desembarque)).

Os lagos utilizados como unidades de análise da paisagem foram aqueles

que apresentaram registros de pesca continuada no desembarque em Manaus no

período de 1974 a 1976 (Petrere, 1978) e entre 1994-2001. Dentre estes, foram

analisados somente os sistemas de lago que apresentaram registros de

desembarque no período de setembro/Novembro – 1995 (seca) e Maio/Julho –

1996 (cheia), que corresponde à cobertura das imagens JERS-1, disponibilizadas

pela NASDA4. Neste sentido, foram selecionados para as análises os seguintes

lagos destacados no Quadro 1.

4
NASDA - National Space Development Agency of Japan

28
Quadro 1 – Lista de locais de pesca explorados pela frota de pesca comercial que desembarcou
em Manaus durante o período de 1974-1976 e 1994-2001, que apresentam registros de pesca
continuadamente em todos os anos analisados neste estudo.
LAGOS COM PAISAGEM
LAGO 1974-1976 1994-2001
MENSURADA
Abufari X X
Acará X X X
Aiapuá X X X
Amanã X
Anamã X X X
Anori X X X
Arari X X X
Arumã X X
Badajos X
Beruri X X X
Buabuá X
Caiambé X X
Canaçari X X X
Castanho X
Caua X X
Coari X X
Comprido X
Cubuá X X X
Cuianã X X
Itaboca X X
Jacaré X X
Jacaré X
Jamari X X X
Janauaca X X X
Jari X X X
Juruatuba X X X
Jutica X
Macuricanã X
Mamia X X X
Mamuri X X X
Manaquiri X X
Miua X
Paricatuba X X X
Piorini X X X
Pupunhas X
Rei X
Surara X
Tambaqui X

29
2.2 Base de dados digitais

As principais bases digitais de análise deste capítulo são as imagens JERS-

1 geradas pela NASDA no período de setembro/outubro 1995 (seca) e maio/julho

de 1996 (cheia). O pré-processamento das imagens, calibração das cenas,

conversão de 16 para 8 bits e geocodificação foram realizados pelo Jet Propulsion

Laboratory (JPL). Cada imagem do mosaico foi reamostrada para pixels de 100

metros de resolução espacial.

Além das imagens JERS-1 (1995/1996, NASDA/MITI), também foram

utilizadas as bases de dados cartográficos do IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) e da ANA (Agencia Nacional de Águas), ambas de

domínio público disponibilizados nos sites: (www.ibge.gov.br) e (www.ana.gov.br)

O ambiente amazônico apresenta pelo menos, dois critérios fundamentais

para escolha das imagens serão analisadas as paisagens lacustres utilizadas para

a pesca. 1) Data de aquisição dos dados - é de fundamental importância escolher

imagens que possuam dados em diferentes fases do ciclo hidrológico; 2)

Cobertura de nuvens - este fator é limitante, principalmente no caso de análise

com produtos de sensores ópticos passivos (Imagens LANDSAT, por exemplo),

pois em muitas situações não é possível sequer visualizar o sistema em análise

(Novo et al., 1997; Burrough, 1986; Karssenger, 2002). No caso do presente

estudo, a limitação da resolução espacial não foi tão prioritária quando comparada

com a importância dos outros dois critérios, sobretudo pela escala regional de

1:250.000 que os dados foram analisados.

30
2.3 Processamento e Análise dos dados

Todo o processamento das imagens analisadas neste capítulo foram

realizados no software SPRING, de domínio publico, e o único software

inteiramente brasileiro (www.inpe.br/dgi/ltide/spring).

Foi elaborado conceitualmente, um sistema de informação geográfica para

a pesca profissional de lagos no Amazonas (SIG-PESCA LAGO) tendo como base

os seguintes componentes principais de um SIG (Burrough, 1986; Medeiros, 1999;

Karssenger, 2002;): 1. Entrada de Dados, 2. Rotinas operacionais, 3. Tipos de

dados, 4. Análise Integrada dos dados, 5. Sistemas de consulta Usuário-Interface-

Usuário (Quadro 2).

31
Quadro 2 - Modelo organizacional do Sistema de Informação Geográfica da Pesca Comercial
Profissional de Lago entre 1994 e 2001 (SIG-PESCA LAGO)

SIG - PESCA LAGO


Dados Alfanuméricos Dados Vetoriais Dados Raster
ENTRADA DE DADOS

Tabelas obtidas de consultas em


Pontos, Linhas, Polígonos. Imagens de Satélite
bancos relacionais
Bancos de dados relacionais Bases cartográficas
Imagens JERS-1
1. Banco de dados Estatística 1. Base de dados
1. Setembro/1995 - Seca
pesqueira do Amazonas cartográficos -IBGE
2. Maio/1996 - Cheia
2. Cartas RADAM-Brasil
1. Integração em SIG
OPERACIONAIS

2. Segmentação
ROTINAS

Registro da coordenada 3. Classificação não


Entrevistas no Mercado Adolfo Lisboa central dos sistemas de supervisionada baseada em
lago polígonos segmentados
4. Treinamento
5. Elaboração dos temáticos
Estrutura da paisagem do
sistema de lago

1. MEDIDAS DE COMPRIMENTO:
Distância de Manaus;
TIPOS DE DADOS

Tamanho da Conexão
alagada
Composição da Paisagem do sistema
Coordenadas geográficas 2. MEDIDAS DE ÁREA:
de lago nas diferentes fases do ciclo
dos sistemas de lagos Quantidade de Floresta
hidrológica
Alagada; Área de
Superfície Abertas
3. MEDIDAS DE CONTORNO:
Perímetro;
Desenvolvimento
perimetral

Análise Integrada dos dados

1. Análise exploratória de padrões espaciais (Análise de componentes principais)


2. Modelo Linear Geral

SISTEMAS DE CONSULTA USUÁRIO-INTERFACE-USUÁRIO

A arquitetura do SIG-PESCA LAGO foi elaborada considerando o esquema

da Figura 1.

32
Estatística de
EtnoDescrição desembarque

TABELAS

USUÁRIO MAPAS
INTERFACE Imagens
DO BANCO TEMÁTICOS DA
COMPUTACIONAL JERS-1 PESCA

Base IBGE

AMBIENTE COMPUTACIONAL
SOFTWARE+HARDWARE

Figura 1 - Arquitetura conceitual do Sistema de Informação Geográfica da Pesca Profissional de


Lago da Amazônia Central (SIG-PESCA LAGO).

2.4 Extração de medidas da estrutura da paisagem de lagos explotados pela


pesca profissional

A paisagem dos sistemas de lago foi mensurada com rotinas e técnicas de

geoprocessamento para extração de dados alfanuméricos ou tabuláveis, os quais

foram avaliados com estatística multivariada (Análise de componentes principais).

A extração das medidas foi realizada com técnicas de sensoriamento remoto

(Segmentação, Classificação, Mapeamento, Contraste, e elaboração de mapas

temáticos) aplicadas em imagens de RADAR JERS-1-SAR adquiridas no período

da seca de 1995 e da cheia de 1996.

O processo de segmentação foi executado com algoritmo ISOSEG, com

combinação de Área=10, Similaridade=25. As imagens georreferenciadas no

sistema projeção plana UTM/WGS 84, coordenadas métricas.

As medidas de contorno, e as distâncias foram mensuradas em km e as

medidas de área em km2. A seguir, está descrito resumo do protocolo de técnicas

33
de geoprocessamento e sensoriamento remoto que foram utilizados para extração

das medidas da composição e estrutura das paisagens de lagos mensurados no

ambiente computacional do Software SPRING versão 4.0.

PASSO 1 - CRIANDO O AMBIENTE DE TRABALHO


1. Criar Banco de dados –
2. Criar Projetos – um projeto para cada cena correspondente a área de trabalho
2.1 Definir projeção cartográfica – Sistemas de Projeção, Sistemas de Coordenadas,
2.2 Definir Coordenadas geográficas do retângulo envolvente
3. Criar modelos: a) Imagem b) Temáticos
4. IMPORTAR imagem JERS-1 (Formato de imagem tif) - cada cena de interesse para o
seu respectivo projeto de trabalho
PASSO 2 – APLICANDO TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO
1. Abrir projeto de interesse – p. ex. Manaus - Seca
2. EXIBIR Painel de Controle
3. Ferramenta de Desenho – Desenhar imagem
4. Recortar PI (Plano de informação) –
4.1 – Menu – Ferramentas – Recortar Imagem
4.2 Janela de Recorte – Definir PI ATIVO
4.2.1 Selecionar edição Manual
4.2.2 Definir com o cursor manualmente a área de interesse para realizar o recorte - neste
caso definir a área de recorte do lago
4.3 – Menu EXIBIR painel de controle
4.4 - Menu DESENHAR PI ativo
4.5 – Menu – IMAGEM
4.5.1 Rotina SEGMENTAÇÃO
4.5.2 Janela de Segmentação – definir parâmetros de Segmentação – Métodos de
classificação (Área ou Região) – Classificador (Isoseg), Área e Similaridade.
4.5.3 Executar operação
5. Desenhar Imagem segmentada – Menu – Ativar Classificação
5.1 Janela de Classificação - Extração de regiões

34
5.2 Ativar Treinamento - operação de rotulação das classes conforme regiões definidas
previamente
5.3 Classificação – geração de imagem classificada (matriz)
5.4 Mapeamento – Análise visual da imagem resultante para realização de mapeamento de
classes – definição do nome das classes conforme os polígonos definidos
6. Menu – Ativar imagem classificada
7. Menu – Ferramentas – Operações métricas
8. Janela de operações métricas – Definir, Perímetro, Distâncias e Comprimentos e Áreas
– com esta operação são obtidos relatórios em formato txt com as mensurações
solicitados, calculadas na base das medidas das classes obtidas com a classificação, p
ex Floresta alagada, Perímetro do lago, etc

2.5 Atributos paisagísticos estimados da estrutura e composição dos


sistemas de lago

A partir dos procedimentos e rotinas operacionais executadas no software,

como descrito acima, foram mensurados os seguintes atributos das paisagens de

lago explotadas pela frota de pesca comercial que desembarca em Manaus.

a) MEDIDAS DE COMPRIMENTO – indicadores da acessibilidade ao lago

1. Distância do principal centro consumidor - (km) – distância do


sistema de lago em relação ao porto de desembarque, no caso
Manaus.
2. Comprimento da principal conexão com o rio principal (km) –
comprimento da principal via de acesso ao sistema de lago
mensurada da boca do lago ao rio principal.

b) MEDIDAS DE ÁREA - indicadoras da composição das paisagens dos


lagos durante o ciclo hidrológico

35
1. Estimativa da quantidade de floresta alagada (km2) – área superficial
ocupada por água com cobertura vegetal (floresta alagada) durante o
período de seca (1995) e cheia (1996)
2. Estimativa da área total de águas abertas (km2) - área superficial
ocupada por água dentro do sistema de lago sem cobertura vegetal
(floresta de várzea) durante o período de seca (1995) e cheia (1996)

c) MEDIDAS DE CONTORNO - indicadoras do efeito do ciclo hidrológico


(contração e expansão das paisagens dos
lagos).

1. Perímetro (km) - Estimativa do contorno do lago (km). Consiste num


indicador da expansão e contração superficial durante o ciclo
hidrológico para o período da seca (1995) e da cheia (1996).
2. Desenvolvimento perimetral (DP) - calculado através da relação
entre o perímetro da bacia e a circunferência de um círculo de área
igual ao da bacia do lago em questão. O cálculo foi realizado a partir
da seguinte equação extraída de Cole (1979).

DP= P

2 Vπ A

onde:
DP = Desenvolvimento Perimetral
P = Perímetro do lago
A = Área do lago

d) PROPORÇÃO DA QUANTIDADE DE FLORESTA ALAGADA COM ÁREA TOTAL DE

ÁGUAS ABERTAS - Quantidade de Floresta Alagada/Áreas Abertas –

representa uma proporção de floresta alagada que foi ocupada por água

durante o ciclo hidrológico (seca – 1995; e cheia - 1996).

36
Além disso, também foi estimada, com base nos dados disponibilizados

pela Agência Nacional de Águas (para detalhamento, ver Capítulo 2), os dados da

cota média mensal rio (cm), durante o período ao qual a análise foi realizada

(setembro-outubro de 1995 – maio a julho-1996) referentes à estação mais

próxima do sistema de lago.

2.5 Analise exploratória dos dados

Uma vez que todas as variáveis paisagísticas e pesqueiras foram extraídas,

verificaram-se as tendências de agrupamento dos dados (Análise de componentes

principais) por meio da extração de vetores (Factors), e validadas sua importância

por meio dos valores das cargas (Loadings) e de diagramas de dispersão dos

escores (scores) dos fatores (Ludwig e Reynolds, 1988; Jongman et. al., 1998;

Gauch, 1999; Manly, 1999; Magnusson e Mourão, 2003).

2.6 Modelos Lineares Gerais

Verificou-se a existência de diferenças significativas no rendimento

pesqueiro das unidades experimentais da pesca lacustre, relacionadas

composição e estrutura de suas respectivas paisagens, por meio de um Modelo

Linear Geral (GLM – Regressão múltipla), admitindo os pressupostos do modelo

de acordo com Zar (1999), sendo que foram considerados na análise somente os

dados da pesca ocorrida durante o período de cobertura das imagens (setembro-

outubro de 1995- SECA; Maio a Julho 1996 – CHEIA), onde foram extraídas as

medidas da estrutura da paisagem dos lagos. Foi proposto o seguinte modelo:

O modelo proposto pelo presente estudo é:

Yi = µ + β1*(Ai – A) +β2*(Bi – B) β3*(Ci – C) + β4*(Di – D) + β5*(Ei – E) + β6


(Fi, – F) +β7(Gi – G) + εi

37
Onde:

Yi = Variável dependente (Rendimento pesqueiro - toneladas)

µ = Média geral do modelo


β1 = efeito linear da covariável – Cota do rio (cm)
β2 = efeito linear da covariável – Distância de Manaus (km)
β3 = efeito linear da covariável – Perímetro do lago (km)
β4 = efeito linear da covariável - Tamanho da conexão com o rio principal
(km)
β5 = efeito linear da covariável – Área de Floresta Alagada ( km2)
β6 = efeito linear da covariável – Esforço de Pesca (nº de pescador*dias
pescando)
β7 = efeito linear da covariável – Desenvolvimento perimetral
A = covariável Cota do rio (cm)
A = média da Cota do rio (cm)
B = covariável Distância de Manaus (km)
B = média da covariável Distância de Manaus (km)
C = média da covariável Perímetro do lago (km)
C = média da covariável Perímetro do lago (km)
D = covariável Tamanho da conexão com o rio principal (km)
D = média da covariável Tamanho da conexão com o rio principal (km)

E = covariável Área de Floresta Alagada ( km2)


E= média da covariável Área de Floresta Alagada ( km2)
F = covariável Esforço de Pesca (nº de pescador*Dias pescando)
F= média da covariável Esforço de Pesca (nº de pescador*Dias pescando)
G = covariável Desenvolvimento perimetral
G= média da covariável Desenvolvimento perimetral

εi = componente de erro aleatório

38
3. RESULTADOS

Durante o período de 1994 a 2001 foram registrados 338 sistemas de lagos

explorados pela pesca dos quais 11,6% (n=38) permaneceram com registro em

pelo menos 3, dos 8 anos de coleta, e 34 já tinham sido citados nas entrevistas

entre 1974-1978. A mensuração das paisagens foi realizada considerando cerca

de 29% (n=10) dos sistemas de lago explorados desde a década de 70 (Tabela 1).

Os dados da Figura 2 apresentam uma maior diferença nos atributos

paisagísticos entre lagos durante a cheia, tendo como resposta, níveis de esforço

de pesca menores em relação ao período da seca. De maneira geral, os valores

de esforço de pesca apresentaram maior estratificação entre 50 e 350 (pescador*

dias pescando) durante o período da cheia, nos lagos com perímetro oscilando

entre 500 e 2500km. Na seca com a redução do perímetro, o esforço apresenta-se

com distribuição mais uniforme (Figura 2-A). Esta tendência do esforço de pesca,

durante a cheia e na seca, parece ser similar em termos de Quantidade de floresta

alagada e de proporção de floresta alagada (Figura 2–B e C).

39
Tabela 1 – Matriz de dados extraídos da análise das paisagens de lagos explotados pela pesca profissional de lagos
Cota média proporção floresta
Trecho do rio LAGO Esforço 3 P CPUE 4 Fase h Aquisição-DATA 2 AA 5 QTE_ALAG 6 DIST_MAO 7 PERIM 9 CONEX_RIO 10 DP FORMA
do rio ocupada por água
45.4
Medio Purus Aiapua 172 3.62 0.0710 C MAIO-JUL 1996 2010.00 291.00 478.94 374 1374.6 6.97 Mista 1.65
7
56.9 Dendritico
Baixo Solimões Anamã 257 72.83 0.1085 C MAIO-JUL 1996 1723.33 110.96 705.71 199.46 1062.5 6.48 6.36
2 Alongado
18.4 Dendritico
Baixo Solimões Anori 167 13.33 0.0629 C MAIO-JUL 1996 1723.33 19.36 39.61 241 143.61 1.07 2.05
2 Alongado
Dendrítico
Alto Amazonas Arari 0 0.00 0.1208 C MAIO-JUL 1996 1580.67 483.10 389.19 206.16 319.82 6.32 8.21 0.81
Alongado
25.9 Dendritico
Medio Solimões Badajos 340 25.47 0.1467 C MAIO-JUL 1996 1593.00 1902.19 351.74 483 2003.3 106.2 0.18
2 Alongado
15.2 Dendritico
Baixo Purus Beruri 210 9.44 0.0483 C MAIO-JUL 1996 2010.00 117.72 105.02 255.65 292.80 5.73 2.42
3 Ramificado
37.5 Dendritico
Medio Solimões Coari 233 11.72 0.0496 C MAIO-JUL 1996 1593.00 1203.68 1233.81 540 2308.2 1.03 1.03
5 Alongado
47.8
Baixo Solimões Janauaca 0 0.00 0.1232 C MAIO-JUL 1996 1723.33 206.89 245.9 53.85 1218.2 3.52 Mista 1.19
0
Alto Amazonas Rei 0 0.00 0.1144 C MAIO-JUL 1996 1580.67 393.20 219 85 112.77 15 3.21 Redondo oval 0.63
13.9 Dendritico
Medio Purus Surara 198 20.74 0.0600 C MAIO-JUL 1996 2010.00 303.58 165.36 274 431.58 0.5 0.54
8 Alongado
15.0
Medio Purus Aiapua 325 21.70 0.0710 S SET-OUT 1995 855.67 120.39 125.39 374 293.33 6.97 Mista 1.04
9
12.4 Dendritico
Baixo Solimões Anamã 257 27.73 0.1085 S SET-OUT 1995 1105.66 82.19 0 199.46 199.59 6.48 0.00
2 Alongado
10.3 Dendritico
Baixo Solimões Anori 304 17.70 0.0629 S SET-OUT 1995 1105.66 24.48 0 241 90.58 1.07 0.00
3 Alongado
Dendrítico
Alto Amazonas Arari 286 40.26 0.1208 S SET-OUT 1995 688.80 291.55 186.96 206.16 250.74 6.32 8.29 0.64
Alongado
10.4 Dendritico
Medio Solimões Badajos 378 57.15 0.1467 S SET-OUT 1995 675.50 237.83 0 483 284.44 106.2 0.00
1 Alongado
Dendritico
Baixo Purus Beruri 338 15.66 0.0483 S SET-OUT 1995 855.67 43.45 80.44 255.65 98.58 5.73 8.44 1.85
Ramificado
11.5 Dendritico
Medio Solimões Coari 319 29.05 0.0496 S SET-OUT 1995 675.50 1053.68 0 540 662.22 1.03 0.00
1 Alongado
16.3
Baixo Solimões Janauaca 375 32.67 0.1232 S SET-OUT 1995 1105.66 158.55 0 53.85 364.34 3.52 Mista 0.00
3
Alto Amazonas Rei 249 26.32 0.0000 S SET-OUT 1995 688.80 346.90 170.61 85 93.21 15 2.82 Redondo oval 0.43
Dendritico
Medio Purus Surara 312 13.64 0.0916 S SET-OUT 1995 855.67 14.94 0 274 63.83 0.5 9.32 0.00
Alongado
3P– Produção (toneladas); Esforço de pesca ( num pescador*dias pescando); CPUE (toneladas/esforço de pesca) 4Fase hidrológica; 2AA – Áreas abertas (km2); 5QTE_ALAG –
Quantidade de Floresta Alagada (km2); 6DIST_MAO – Distância de Manaus(km); 7PERIM – Perímetro(km); 9CONEX_RIO – conexão com o rio principal (km); 10DP –
Desenvolvimento perimetral;

40
Cheia Seca
A
2500.00 Perimetro 400
Esforço de Pesca
350
2000.00
300
(km)
250
Perimetro (km)

1500.00
Perímetro

200

150
1000.00
100

50
500.00

Esforço de pesca (num de pescador*dias pescando)


0

0.00 -50
Quantidade de floresta alagada (km²)

1400 Quantidade de floresta alagada 400


Esforço de Pesca
1200 B 350

300
1000
250
800
200
600
150
400
100
200
50

0 0

-200 -50
Proporção da quantidade de floresta alagada (km²)

Proporção de flor Alagada


C
12.00 400
em relação área de superfície aberta (km²)

Esforço de Pesca
350
10.00
300
8.00
250

6.00 200

4.00 150

100
2.00
50
0.00
0

-2.00 -50
Janauaca

Janauaca
Surara

Surara
Anamã

Anamã
Beruri

Beruri
Anori

Anori
Rei

Aiapua

Aiapua
Badajos

Rei

Badajos
Arari

Coari

Coari
Arari

Figura 2 – Distribuição das variáveis paisagísticas de lagos explotados pela frota de pesca
profissional relacionadas com o esforço de pesca, na seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de
1996 (maio-julho). A) Perímetro do lago (km); B) Floresta Alagada (km2; C) Proporção de Floresta
alagada.

Também no caso do rendimento pesqueiro por pescador-dia

(toneladas/num de pescador*dia) o perímetro (Figura 3-A), a quantidade de

floresta alagada e a proporção de floresta alagada (Figura 3– C) nas duas fases

41
do ciclo hidrológico evidenciaram a tendência de maior estratificação entre lagos

durante a cheia, quando as características individuais de cada sistema são mais

evidentes. De maneira geral, há uma tendência de aumento do rendimento

pescador-dia no período da seca, quando ocorre a diminuição das dimensões da

paisagem – Perímetro, Quantidade de floresta alagada e Proporção de floresta

alagada – quando as características individuais de cada lago tornam-se mais

homogêneas.

42
Cheia Seca
2500.00 Perimetro 0.180
A Rendimento-dia
0.160

2000.00 0.140
Perímetro (km)
0.120
Perimetro (km)

1500.00 0.100

0.080

Rendimento- pescador dia ( toneladas/num de pescador*dias pescando)


1000.00 0.060

0.040

500.00 0.020

0.000

0.00 -0.020
Janauaca

Janauaca
Surara

Surara
Anamã

Anamã
Beruri

Beruri
Anori

Anori
Rei

Rei
Aiapua

Badajos

Aiapua

Badajos
Arari

Coari

Coari

Arari
Quantidade de floresta alagada (km²)

1400 0.180
Quantidade de floresta alagada
B Rendimento-dia 0.160
1200
0.140
1000
0.120
800 0.100

600 0.080

400 0.060

0.040
200
0.020
0
0.000

-200 -0 020
(km²) em relação área de superfície aberta (km²)
Proporção da quantidade de floresta alagada

C
7.00 Proporção de flor Alagada 0.180
Rendimento-dia 0.160
6.00
0.140
5.00
0.120
4.00
0.100

3.00 0.080

0.060
2.00
0.040
1.00
0.020
0.00
0.000

-1.00 -0.020
Janauaca

Janauaca
Surara

Surara
Anamã

Anamã
Beruri

Beruri
Anori

Anori
Badajos

Badajos
Aiapua

Aiapua
Rei

Rei
Arari

Coari

Coari

Arari

Figura 3 – Variação dos atributos das paisagens dos lagos explotados pela frota de pesca
profissional em relação ao rendimento pesqueiro por pescador-dia (toneladas/num de
pescador*dias pescando), na seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho). A)
Perímetro do lago - km; B) Floresta Alagada - km2; C)Proporção de Floresta alagada.

De maneira geral, a maior parte dos locais estão num raio entre 100 e 400

km distantes de Manaus, sendo que o rendimento pescador-dia concentra-se na

43
faixa de 200 a 400km de distância (entre 0,04 e 0,08 toneladas/num pescador*dias

pescando por registro de desembarque) (Figura 4-A). O esforço de pesca (num de

pescador*dias pescando) apresentou a tendência de uniformidade, entretanto na

parece que na faixa de 400 a 500km de distância o esforço é maior que nas

distâncias menores.

A maior parte dos lagos está localizada a uma distância de menos de 25km

do rio principal, sendo que o rendimento pescador-dia oscilou entre 0,04 e 0,08

toneladas/pescador*dias pescando; e o esforço de pesca entre 100-300

pescador*dias pescando (Figura 4-B).

44
600.0 DIST_MAO 0.16

Rendimento- pescador dia ( toneladas/num de


ESFORÇO
Esforço de pesca (num de pescador*dias
500.0
A Rendimento-dia 0.14

0.12

pescador*dias pescando)
400.0
pescando)(km)

0.10
Perimetro

300.0 0.08

0.06
200.0

0.04

100.0
0.02

0.0 0.00

Aiapua

Anori
Arari

Janauaca

Anamã
Beruri

Surara

Badajos
Coari

Rei

CONEC_RIO
(num de pescador*dias pescando)

400.00 ESFORÇO 0.16

Rendimento- pescador dia ( toneladas/num de


350.00
B Rendimento-dia
0.14

pescador*dias pescando)
300.00 0.12
Perimetro (km)

250.00 0.10

200.00 0.08

150.00 0.06
Esforço de pesca

100.00 0.04

50.00 0.02

0.00 0.00
Aiapua
Anori

Janauaca
Arari
Anamã

Badajos
Surara
Beruri

Coari

Rei

Figura 4 – Distribuição indicadores de acessibilidade aos lagos explotados pela frota de pesca
profissional em relação variação de: A) Rendimento pesqueiro (toneladas) e B) Esforço de Pesca
(Num de pescador*Dias pescando) na seca de 1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-
julho).

45
A análise de componentes principais separou no primeiro componente (34,97%

da variância) as medidas da composição e do contorno do lago; e no segundo

componente (26,75%), as medidas de comprimento (acessibilidade ao lago) e

pesqueiras (Tabela 2), sendo definido para a época de CHEIA um grupo que inclui 5

dos 10 lagos mensurados e para a SECA; 8 dos 10 lagos analisados, indicando

similaridades nas características da paisagem do lago mensuradas, no presente

estudo (Figura 5).

Tabela 2 – Cargas dos fatores, com destaque para as cargas com contribuição acima de 60%, obtidos
da análise de componentes principais para os dados da pesca profissional de lagos e características
da paisagem dos sistemas analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996.

FATOR 1 FATOR 2
Esforço 0.31 -0.74
Rendim-Dia 0.19 -0.44
Area_Aberta -0.55 -0.62
Cota_Rio -0.68 0.49
Area Alagada -0.86 0.00
Dist Manaus -0.36 -0.73
Perimetro -0.92 -0.31
Conexão -0.09 -0.71
Desen_Perimet -0.82 0.16

A distribuição dos escores dos fatores demonstrou a formação de um grupo de

lagos – Anamã, Surara, Beruri, Arapuá, Anori, Janauacá, Arari, Rei no período da

SECA; e na CHEIA: Arari, Rei, Anori, Surara, Beruri (Figura 5) que possuem as

características explicadas pelas cargas dos fatores do ACP similares (Tabela 3).

Tabela 3 – Porcentagem de variância explicada pelos fatores e seus respectivos autovalores obtidos
da análise de componentes principais para os dados da pesca profissional de lagos e características
da paisagem dos sistemas analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996.
%VARIÂNCIA
FATOR (Auto valor) EXPLICADA
PELO FATOR
1 3.50 34.97
2 2.67 26.75
3 1.67 16.68
4 0.72 7.20
5 0.50 5.00
6 0.35 3.48
7 0.28 2.78
8 0.21 2.10
9 0.10 1.00

4
Fator 2 (26.75%): (-) Esforço; Areas Abertas; Distância de Manaus; Conexão

3
Janauaca
Cheia
Rei
2 Arari Anori
Beruri
Anamã
1 Aiapua
Surara
Anori
Beruri
Anamã
Janauaca
Surara
Rei
0
Aiapua Arari

-1 Coari
Coari
-2 Aiapua
Arari
Anori
-3 Badajos Janauaca
Badajos Beruri
Seca Surara
-4
Rei
Anamã
-5

-6
-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Fator 1 (34.97%):( - ) Cota do rio; Área Alagada; Perimetro; Desenvolvimento perimetral

Figura 5 – Diagrama de dispersão dos escores extraídos da análise de componentes para os lagos
explotados pela frota de pesca profissional em relação à variação do esforço de pesca, na seca de
1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho)

A matriz de correlação de Pearson (Tabela 4) demonstrou os níveis de

correlação entre as variáveis pesqueiras e da paisagem que foram avaliadas pela

analise de componentes principais. Todas as correlações mais evidentes foram

negativas, sendo para o fator 01: Perímetro (-0,92), Quantidade de Área alagada (-

0,86), Desenvolvimento perimetral (-0,82) e Cota do rio (-0,68); e para o fator 02:

47
Distância de Manaus (-0,73), Tamanho da conexão com o rio principal (-0,71) e

Esforço de pesca (-0,71) (Figura 5).

0.60
Factor 1 Factor 2
0.40

0.20
Carga dos fatores

0.00

-0.20

Rendim-Dia
-0.40

-0.60 Esforço
-0.68 -0.55
-0.71
Area Alagada Cota_Rio Area_Aberta -0.73 -0.74
-0.80 Perimetro -0.82 Conex ão
-0.86 Dist Manaus
-0.92 Desen_Perimet
-1.00
Perimetro Area Alagada Desen_Perimet Cota_Rio Area_Aberta Propor Dist Manaus Conex ão Rendim-Dia Esforço
Alagada

Figura 6 – Diagrama de dispersão da carga dos fatores da análise de componentes para os lagos
explotados pela frota de pesca profissional em relação à variação do esforço de pesca, na seca de
1995 (setembro-outubro) e cheia de 1996 (maio-julho)

Tabela 4 – Matriz de correlação de Pearson, com destaque r>60%, obtidos da análise de componentes
principais para os dados da pesca profissional de lagos e características da paisagem dos sistemas
analisados para o período de set-out/1995 e mai-jul/1996.
Esforço Rendim-Dia Area_Aberta Cota_Rio Area Dist Perimetro Conexão Desen_ Propor
Alagada Manaus Perimet Alagada
Esforço 1.000
Rendim-Dia 0,677 1,000
Area_Aberta 0,081 -0,105 1,000
Cota_Rio -0,591 -0,380 0,093 1,000
Area Alagada -0.242 -0.050 0.443 0.437 1.000
Dist Manaus 0.428 0.034 0.589 -0.088 0.286 1.000
Perimetro -0.052 -0.086 0.728 0.432 0.787 0.487 1.000
Conexão 0.314 0.289 0.486 -0.133 -0.054 0.417 0.260 1.000
Desen_Perimet -0.179 0.029 0.140 0.557 0.638 0.107 0.734 -0.042 1.000
Propor Alagada -0.131 0.210 -0.228 0.425 0.423 -0.129 0.180 -0.208 0.630 1.000

Além da analise de componentes principais, também foi calculado um modelo

linear geral (Regressão múltipla) para testar o efeito das variáveis paisagísticas locais

48
sobre o rendimento pesqueiro (Tabela 5). As premissas do modelo foram testadas

sendo que todas as variáveis se adequaram as premissas de normalidade,

homogeneidade das variâncias e independência (Zar, 1999). Do modelo proposto, as

variáveis cota do rio, distância de Manaus e proporção de floresta alagada não

apresentaram significância sendo excluídos do modelo final, o qual foi significativo

(r2=87; n=20, p<0,10) e forneceu a seguinte equação:

Rendimento pesqueiro = -35,99 + ESFORÇO DE PESCA *0,14 + ÁREA ABERTA*0,06 + FLORESTA


ALAGADA*0,08 – PERÍMETRO*0,11 + CONEXÃO*0,27 + DESENVOLVIMENTO PERIMETRAL*2,84

Tabela 5 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio da Análise de
covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro;
VARIÁVEIS INDEPENDENTES: Esforço de pesca, Áreas Abertas, Cota do Rio, Área Alagada,
Distância de Manaus, Perímetro, conexão, Desenvolvimento perimetral, Proporção de floresta alagada.
R=0,93; R2=0,87; N=20 nível de significância p=0,10

Soma dos Graus de Quadrados F p


Fonte de variação quadrados Liberdade médios
Intercepto 298,25 1 298,52 3,39 0,09
Esforço 1429.51 1 1429.51 16.29 0.00
Area_Aberta 798.85 1 798.85 9.10 0.01
Cota_Rio 0.96 1 0.96 0.01 0.92
Floresta Alagada 825.36 1 825.36 9.40 0.01
Distância de Manaus 51.67 1 51.67 0.59 0.46
Perímetro 987.18 1 987.18 11.25 0.01
Conexão 799.78 1 799.78 9.11 0.01
Desenvolvimento_Perimetral 992.08 1 992.08 11.30 0.01
Propor Alagada 151.72 1 151.72 1.73 0.22
Erro 877.63 10 87.76
Total 6637.96 19

Não foi detectada nenhuma tendência na distribuição dos resíduos (Figura 7),

evidenciando o bom ajuste do modelo, que explicou 87% da variância do rendimento

pesqueiro dos lagos avaliados.

49
20

10

Residuos
0

-10

-20
-50 0 50 100
Rendimento pesqueiro estimado
(toneladas)

Figura 7 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores de Rendimento pesqueiro estimada pelo
Modelo Linear Geral (Regressão múltipla) calculado para os lagos explotados pela pesca profissional
de Manaus durante o setembro-outubro/1995 e maio-juho1996.

4. DISCUSSÃO

Os lagos são superfícies de águas abertas situadas tanto na várzea quanto na

terra firme (Melack, 1984; Sieppel et al., 1992), fazendo parte de um mosaico espacial

de paisagens. Esta definição de lago é meramente operacional, visto que as

definições disponíveis na literatura (Hutchison, 1975; Cole, 1979) são aplicáveis

principalmente a lagos de regiões temperadas.

Considerando a literatura disponível, (Junk, 1984; Ward, 1989; Ward e Tockner,

2001; Ward e Wiens, 2001; Wiens, 2002; Ward et al., 2002; Petry et al. 2003) o termo

sistemas de lago foi convenientemente adaptado, considerando-o como: “complexas

unidades de paisagens aquáticas localizadas nas áreas laterais (planícies de

inundação) dos sistemas fluviais amazônicos, constituídas de subunidades (lagos de

tamanho menor) espaço-temporalmente conectadas por meio de redes de sistemas

50
de canais (furos, paranás), com um núcleo central receptor (lago de tamanho maior),

e com o sistema fluvial principal”.

4.1 Considerações metodológicas

Nas ciências pesqueiras, a aplicação de técnicas de geoprocessamento e

elaboração de SIGs (Sistemas de Informação Geográfica) é muito recente. Os

estudos pioneiros, com aplicações para o manejo de pescarias marinhas foram

realizados por Kapetsky et al. (1988) e por Meaden e Kapetsky (1991). Segundo

Rahel (2004), os biólogos pesqueiros marinhos continuam na linha de frente, no que

diz respeito à aplicação de tecnologias de SIG na Pesca (Nishida et al., 2001;

Valavanis, 2002; por exemplo). Não menos raras, são as aplicações de SIGs em

áreas interiores, como por exemplo, Amarasinghe et al. (2002) que avaliou a robustez

de modelos preditivos de rendimento pesqueiro baseado nas características da área

de drenagem, usando SIG para pesca em reservatórios no Sri Lanka.

Se, no contexto mundial, a utilização de geotecnologias para dados pesqueiros

ainda é muito jovem, no contexto amazônico, a situação é ainda mais recente.

Carvalho (1997), por meio de técnicas de sensoriamento remoto, aplicadas em

imagens JERS-1, verificou a existência de relações entre a quantidade de floresta

alagada e CPUE. Sousa (2000) e Sousa et al. (2003) realizaram medições de

distâncias e de propriedades morfométricas de lagos explotados pela pesca comercial

profissional de Manaus, baseado em técnicas de sensoriamento remoto. Nolan et al.

(2004) realizou mapeamento dos sistemas de lagos explotados pela frota que

desembarca em Manaus.

51
A literatura disponível (Novo et al., 2002; Hess et al., 2002; Salas et al., 2002;

Freeman et al., 2002; Rosot, 2004; Dutra, 2004; entre outros) considera que as

imagens do radar JERS-1, geradas numa única freqüência (Banda L), são as únicas

disponíveis para toda região amazônica e que não possuem interferência da

cobertura de nuvens. Isto reduz o erro inerente às quantificações de habitats de

planície de inundação realizadas com outros tipos de imagens como, por exemplo,

Landsat (Bayley e Moreira, 1980; Bayley, 1981; Mertes et al., 1995)

A acuracidade das classificações dos habitats de planície inundáveis obtidas

do processamento e análise digital das imagens depende do objeto de estudos e

também da escala geográfica de análise (Macro, Meso e Local). Os parâmetros mais

importantes que influenciam nos resultados são: os métodos de classificação

(supervisionada ou não), os algoritmos de classificação, os parâmetros (área e

similaridade das janelas de classificação), textura das imagens analisadas, a

resolução espacial, a resolução temporal, entre outros (Mertes et al., 1995; Novo et

al., 2002; Dutra, 2004).

No contexto da pesca abordado no presente estudo para a mensurar as

paisagens lacustres; as medidas de área, de distância e de contorno foram estimadas

a partir de classificações supervisionadas de imagens JERS-1, com resolução

espacial de 100m. Não foi objetivo deste estudo testar diferentes combinações de

algoritmos de classificação, tampouco de parâmetros de área e similaridade, para

obtenção de melhor acuracidade dos dados. Neste sentido, as medições da estrutura

das paisagens analisadas representaram medidas, provavelmente subestimadas das

paisagens aquáticas de lagos onde ocorreu pesca profissional entre a seca de 1995 e

52
a cheia 1996, mas não representando nenhum tipo de falseamento das medidas

calculadas.

A aplicação de técnicas e métodos em geotecnologias consiste numa das

fronteiras mais promissoras para o contexto dos estudos pesqueiros amazônicos,

principalmente considerando os exemplos de outras regiões do mundo (e.g.

Amarasinghe et al., 2002; Kapetsky, 2004; Bakelaar et al., 2004; entre outros) que

buscam aplicar estas ferramentas, sobretudo como apoio às tomadas de decisão de

manejo da atividade pesqueira. Neste sentido, é prioritária a necessidade de

ampliação do espectro de aplicações geotecnológicas em estudos pesqueiros na

região amazônica, sobretudo pela possibilidade da realização de estudos no nível de

macro escala geográfica.

4.2 Estrutura e Composição das paisagens dos lagos explotados pela pesca
profissional na Amazônia Central

De maneira geral, duas diretrizes principais podem servir de suporte para os

resultados do presente estudo: 1. Abordagem pesqueira – Utilização dos dados de

desembarque para explorar os fatores que determinam os níveis de produção

pesqueira (toneladas), reunido-os para compreender os aspectos que determinam

maior eficácia nas pescarias, e assim contribuir para o zoneamento da pesca no

Estado (Petrere, 1978; Isaac e Barthem 1996; Barthem e Goulding, 1997; Batista,

1998). 2. Abordagem ecológica - Entendimento dos dados de desembarque (Captura

por Unidade de Esforço ou rendimento por pescador dia – toneladas/esforço de

pesca) como amostragens do recurso ictico dos ambientes aquáticos amazônicos,

servindo, portanto de apoio para identificação dos ambientes de maior produção

53
biológico-pesqueira (Petrere, 1983; Welcomme, 1992; 1990 e 1999; Barthem e Fabré,

2004)

Há evidências de similaridades entre as paisagens dos lagos mais importantes

explotados pela pesca profissional, como foi demonstrado, por exemplo, na extração

de componentes principais. Conforme os movimentos de expansão e contração

(Barthem e Fabré, 2004) das dimensões do sistema de lago ocorrem efeitos

diferenciados sobre a abundância do recurso pesqueiro dentro do sistema (Merona e

Gascuel, 1992), separando as medidas da composição da paisagem e do contorno do

lago das medidas de comprimento (acessibilidade ao lago) e pesqueiras.

Considerando as medidas da composição e do contorno do lago foram

consideradas como indicadores da produtividade do sistema, quanto mais perímetro,

mais floresta alagada, e mais desenvolvimento perimetral, possivelmente o sistema

de lago será mais produtivo. Por outro lado, se as medidas de comprimento,

representam indicadores dos níveis de acessibilidade, elas afetam diretamente o

rendimento pesqueiro e o esforço de pesca, concordando com os resultados de

Sousa (2000).

De maneira geral, a expansão das dimensões do lago (período de cheia)

determinam boas condições para o aumento da produtividade (disponibilidade de

habitats de importância ecológica, oferta de nutrientes, locais de fuga, de desova,

etc.) (Araújo-Lima, et al., 1995; Goulding, 1996; Rufino, 1996; Henderson e Crampton,

1997; Claro-Jr, 2003). O perímetro, o desenvolvimento perimetral, a quantidade de

floresta alagada demonstraram ser bons indicadores destes processos bio-

ecológicos. Por outro lado, conforme ocorre à contração das dimensões do sistema

de lago (período de seca), talvez a paisagem torne-se cada vez mais homogênea,

54
principalmente pela redução da área ocupada por água dentro do lago, determinando

condições mais adequadas para a realização das pescarias, sobretudo nos locais

mais acessíveis para o pescador. Sousa (2000), demonstrou o efeito da

acessibilidade ao sistema sobre o rendimento pesqueiro para a frota de pesca

profissional durante o período de 1994-1996, o que corrobora os resultados do

presente estudo, confirmando que à distância do centro consumidor (Petrere, 1978;

Batista, 1998) e o tamanho da conexão com o rio principal são bons indicadores para

a “eficiência” da pesca lacustre.

O rendimento pesqueiro estimado pelo modelo linear geral foi interpretado

como um índice da abundância ictica relativa dos lagos (Abaubara, 1996), sendo

determinada pela quantidade de área alagada, pela cota do rio (seca e cheia), pelo

perímetro do lago, desenvolvimento perimetral, área total de águas superficiais

abertas e o tamanho da conexão com o rio principal, representando indicadores

ambientas da produtividade biológica de lagos explotados pela pesca profissional.

A paisagem aquática de um sistema de lago é resultado de processos

geológicos, geomorfológicos e hidrológicos que vem trabalhando as feições

geográficas do sistema por meio controle estrutural neotectônico, de atividades

erosivas e de sedimentação que ocorreram em diferentes fases históricas da

evolução da paisagem amazônica (Holoceno e Terciário, principalmente) (Cunha e

Api, 1990; Mertes et al., 1995 e 1996; Igreja,1999; Irion et al., 1997; Costa et al, 2001;

Latrubesse e Franzineli, 2002; Rozo, 2004), tendo como resultado, diferentes níveis

de heterogeneidade ambiental fluvial amazônica. De maneira geral, é possível

identificar depressões lacustres que cortam áreas de terra firme e sistemas de lagos

com topografia plana localizados na planície de inundação constituindo mosaicos

55
espaciais complexos nas áreas ripárias de várzea (Junk, 1984; Mertes et al., 1995;

Franzinelli e Igreja, 1998; Petry et al., 2003; Rozo et al., 2003).

Como parte desta complexidade, os lagos, especialmente a boca dos lagos,

que são continuadamente explotados ano após ano desde a década de 70, estão

localizados geralmente no limite interno, ou seja, entre a várzea e a terra firme como,

por exemplo, o lago Badajós ou então as margens dos rios como o lago Coari.

As diferentes paisagens que compõem os sistemas aquáticos como por

exemplo, as várzeas, os lagos marginais, as áreas alagadas, os remansos constituem

áreas ripárias que apresentam importantes funções (hidrológicas, ecológicas e

limnológicas) para a integridade biótica e abiótica desses sistemas. Dessa maneira, a

produtividade e a biomassa dos estoques pesqueiros estão relacionadas com as

extensões das áreas inundadas e a heterogeneidade de habitats existentes (Barrela

et al., 1996) provocados pelo aporte de nutrientes nas áreas de várzea (Junk et

al.,1989). Levando em conta estas considerações, cabe se questionar quais serão os

fatores que determinam a abundância dos recursos pesqueiros de lagos explotados

pela frota que desembarca em Manaus?

A cota do rio é um indicador da influência do regime hidrológico na planície de

inundação, quanto maior o nível do rio, mais áreas são alagadas. Isto provavelmente

deve contribuir para uma possível expansão das áreas de importância ecológica

(principalmente reprodução, alimentação e refúgio) para o recurso ictico, fato que está

maximizado durante o pico da inundação (cheia). Apesar disso, a atividade pesqueira

se intensifica principalmente no período de retração das águas (seca) (Fabré e

Barthem, 2004). Talvez seja possível que os lagos explotados pela frota profissional

possam ser considerados ambientes mais estáveis, pois geralmente são perenes

56
(Junk, 1984), havendo disponibilidade hídrica em todos os meses do ano, mesmo

naqueles anos de seca pronunciada, como o ano de 1995. No entanto, no presente

capítulo, a cota do rio não resultou significativa, sugerindo que, pelo menos em nível

local outras variáveis hidrológicas deverão ser testadas, pois provavelmente a

distância da régua de medição da cota do rio principal deve interferir nos resultados.

Em outras regiões do mundo, o efeito do regime hidrológico sobre a produção de

peixe como é o caso dos lagos Africanos, onde foi constatado somente o efeito das

variações interanuais do ciclo hidrológico sobre a produção de peixes (Welcomme,

2003), o que não foi o mesmo obtido no presente estudo.

A extensão da área de inundação e o regime hidrológico têm sido indicados

(Welcomme, 1995) como os principais fatores que influenciam no rendimento

pesqueiro de águas interiores. Na Amazônia, já vem sendo argumentado que a

floresta alagada tem fundamental importância para os animais aquáticos (Goulding e

Carvalho, 1982; Bayley, 1989; Rufino, 1996; Goulding et al, 1996; Araújo-lima et al.,

1998), entretanto somente depois de Claro-Jr (2004) foram demonstradas evidências

estatísticas da relação da floresta alagada com aspectos ecológicos de três espécies

de peixes onívoros. No presente estudo isto se confirma, pelo menos no caso dos

lagos analisados (dendríticos) onde a quantidade de floresta alagada, mensurada

resultou significativa, confirmando a sua importância para o rendimento pesqueiro e

indicando sua importância ecológica.

Os níveis de rendimento pesqueiro, estimados pelo modelo linear geral

demonstraram que quanto mais floresta alagada e área superficial do lago, maior o

rendimento pesqueiro de lagos. Estes resultados reforçam a preocupação com o

risco de desequilíbrio das cadeias tróficas por meio de modificações antrópicas, como

57
o desmatamento e criação de gado bovino e bubalino (Ayres, 1993; Goulding et al.,

1996; Monteiro e Sawyer, 2001) que vem ocorrendo em diversas áreas da região

amazônica. Os resultados do presente capítulo apresentam evidências,

estatisticamente testadas, da relação entre os níveis de rendimento pesqueiro e a

quantidade de floresta alagada e da área superficial do lago.

A quantidade de floresta alagada relacionada com a área total do sistema,

denominada de Proporção da floresta alagada, não resultou significativa para o

modelo. Provavelmente, a proporção de floresta alagada entre os dois períodos

(Seca e Cheia), poderia representar uma variável indicadora do efeito da expansão

lateral provocada pela inundação sobre o sucesso da pescaria, sendo que lagos

como Anamã, que tem a área total do sistema expandida seis vezes entre a seca-

1995 e a cheia-1996, poderiam representar sistemas mais produtivos. Em todo caso,

há uma forte limitação metodológica para a definição da área total do sistema, pois

isto implicaria em definir limites ecológicos e geográficos ao sistema de lago, o que

não consiste numa tarefa fácil com o nível de precisão em que a medida foi calculada.

A definição dos limites geográficos dos sistemas requer a mensuração em

escalas com mais acuracidade geográfica (menor resolução espacial), que permitam

identificar os limites da configuração das drenagens locais.

A geometria de sistemas aquáticos vem sendo destacada como outro

importante indicador da produtividade de lagos e rios e também de sua importância

ecológica. Thieneman (1920, apud Rawson, 1952) em lagos de regiões temperadas

destacou a profundidade como sendo o fator mais importante na classificação trófica

de lagos. Rawson (1958 e 1960) identificou os fatores que afetam a produtividade de

um lago como a morfometria, morfologia, origem geológica, intervenção humana,

58
condições climáticas, entre outros. Rousenfell (1947), calculou índices de produção

de peixes baseados em medidas de área de lagos. Um grupo de modelos foi derivado

por Welcomme (1976, 1979 e 1992) para rios africanos, onde a captura em toneladas

foi relacionada com a área e o comprimento da bacia. Ryder (1965) desenvolveu um

método para estimar a produção de peixes em lagos temperados a partir do Índice

morfoedáfico (MEI) que possui como componente a profundidade.

Na Amazônia, Bayley (1981) aplicou o modelo que Welcomme (1976) usou

em rios africanos com base em medidas de comprimento do rio e a área da bacia.

Bayley & Petrere (1989), a partir de diferentes fontes de cálculo da área de inundação

e rendimento pesqueiro estimaram o rendimento potencial pesqueiro por hectare de

várzea para a Amazônia. Welcomme (1990), também com medidas de área da bacia,

área máxima da planície de inundação, comprimento do rio e captura, comparou os

sistemas asiáticos, africanos e da América Latina. Recentemente Petrere et al.

(1998), compararam os rendimentos pesqueiros em águas interiores da África e

Amazônia Central derivando relações simples entre a área e comprimento do rio.

No presente estudo, as medidas geometricas de contorno (perímetro e

desenvolvimento perimetral), juntamente com o tamanho da conexão com o rio

principal, também foram explicatórias da variabilidade do rendimento pesqueiro de

sistemas de lagos explotados pela frota de pesca profissional de Manaus. O

coeficiente negativo da variável perímetro determina que quanto maior o rendimento

pesqueiro de lagos menor o perímetro. Os pescadores provavelmente preferem

realizar suas atividades nas condições onde o perímetro é menor (seca). Parece

lógico que a pescaria deveria ser mais eficiente na situação com menos perímetro,

como por exemplo, no lago Anamã que apresenta um contorno de mais de 800 km na

59
cheia, retraindo-se para menos de 85 km na seca. É evidente que, para o pescador o

efeito das variações de perímetro devem ser negativos, e há indícios de que lagos

com mais ou menos perímetro sejam mais ou menos produtivos. O perímetro

representa uma variável que afeta as dimensões espaciais disponíveis para

distribuição do recurso ictico, e por isso, provavelmente a existência de mosaicos

espaciais de habitats, como macrófitas aquáticas, deve ser um aspecto de extrema

relevância na avaliação da produtividade do sistema, como sugere Forsberg et al.

(1993). Também, a variação da profundidade do lago deverá ser testada, pois,

provavelmente a existência de locais mais profundos, com permanente

disponibilidade hídrica ao longo do ano, deverá ser um indicador da produtividade do

sistema.

O desenvolvimento perimetral (DP) é determinado através da relação entre o

perímetro do lago e a circunferência de um círculo de área igual ao do lago em

questão (Cole, 1979), portanto lagos mais circulares apresentam valores de DP

maiores que lagos menos circulares. Então, considerando os resultados do presente

estudo, quanto mais complexas as formas dos lagos de terra firme explotados pela

pesca profissional, maior o rendimento pesqueiro. Em lagos menos complexos,

provavelmente as pescarias devem ser menos produtivas, considerando a variável

DP como indicadora do sucesso da pescaria. A preferência por lagos de formas

alongadas foi demonstrada por Sousa (2000), não se pode afirmar que lagos com

formas menos complexas sejam mais produtivos.

O efeito da distância do lago em relação ao rio, sobre o rendimento pesqueiro

foi demonstrado por Sousa (2000). Este autor reporta-se à distância como sendo um

indicador da acessibilidade do pescador ao sistema de lago explotado pela pesca

60
profissional durante o período de 1994-1996, com efeito dos tipos de lago. Os

resultados do presente estudo também detectaram o mesmo efeito da distância

(denominada de conexão com o rio). De fato, o tamanho da conexão com o rio deve

ser considerado como um indicador da acessibilidade ao sistema de lago afetando o

rendimento pesqueiro dos lagos. No caso dos lagos analisados no presente capítulo,

todos estão localizados a uma distância máxima de 16km do rio, a exceção do Lago

Badajós (mais de 100km). Assim sendo é possível que lagos mais distantes sejam

mais produtivos, tendo em vista que a variável conexão com o rio é uma variável que

provavelmente afeta a acessibilidade do pescador ao local, sendo preferíveis lagos

mais próximos da margem do rio.

Com a utilização de diversos indicadores ambientais, como por exemplo as

variáveis analisadas neste estudo, o manejo ecossistêmico vem sendo apontado com

uma das alternativas mais viáveis para gestão ambiental da pesca (FAO, 1999;

Welcomme, 2003; Craig, et al., 2004). O manejo ecossistêmico inclui a proteção ou

restauração da capacidade de habitats naturais em suportar os recursos naturais que

dependem do mesmo (Sparks, 1995), enfatizando a proteção parâmetros ambientais

mais importantes que influenciam na capacidade para suportar a produtividade biótica

(Ross, 1997).

Em várias regiões do mundo vem sendo demonstrado que a definição de

unidades ambientais de manejo delimitadas por meio de suas características

ecossistêmicas, constituem medidas viáveis para a conservação e manejo dos

recursos pesqueiros, sobretudo porque ocorre a preservação de áreas riparianas que

sustentam as cadeias tróficas onde estão incluídas as espécies explotadas.

61
Os resultados aqui obtidos indicam que há uma certa homogeneidade nas

características das paisagens dos lagos que vem sendo explotados continuamente

desde a década de 70, principalmente durante o período da seca, que é o período de

maior intensificação da pesca (Batista, 2004). Então, quanto mais estáveis forem os

sistemas de lago (estabilidade definida como menor amplitude de variação nas

condições hidrológicas, geralmente locais mais profundos onde permanece água

durante o ano todo, ou locais que apresentam poços), mais intensa será atividade

pesqueira.

Os grupos de lagos explotados pela pesca profissional, que apresentaram

similaridade na estrutura e composição das paisagens, poderão ser considerados

como ponto de partida para realização de um diagnóstico ambiental-pesqueiro na

escala local, levando em conta os indicadores de produtividade do sistema e do

rendimento pesqueiro ora propostos. Na época de CHEIA teríamos um grupo que

inclui 5 unidades e na SECA; o outro grupo com 8 unidades locais de manejo da

pesca em lagos. Na Tabela 6 e Tabela 7 estão resumidas as principais

características mensuradas para o período de 1995 e 1996. Outros sistemas que

apresentem características paisagísticas com características similares deverão ser

considerados como unidades potenciais para o manejo da pesca profissional de

lagos.

62
Tabela 6 – Sistemas de lagos que apresentaram características de estrutura e composição da paisagem, similares e definidas como unidades
locais para diagnóstico ambiental-pesqueiro e realização de monitoramento da pesca profissional de lagos no Amazonas durante o período da
SECA.
Rendimento- Captura Cota média
Trecho do rio Sistema de lago ESFORÇO dia AR_ABERT (toneladas) do rio QTE_ALAG DIST_MAO PERIMETRO CONEC_RIO DP Proporção de flor Alagada
Medio Purus Aiapua 325 0.071 120.39 21.70 855.67 125.39 374 293.33 6.97 15.09 1.04
Baixo Solimões Anamã 257 0.109 82.19 27.73 1105.66 0 199.46 199.59 6.48 12.42 0.00
Baixo Solimões Anori 304 0.063 24.48 17.70 1105.66 0 241 90.58 1.07 10.33 0.00
Alto Amazonas Arari 286 0.121 291.55 40.26 688.80 186.96 206.16 250.74 6.32 8.29 0.64
Baixo Purus Beruri 338 0.048 43.45 15.66 855.67 80.44 255.65 98.58 5.73 8.44 1.85
Baixo Solimões Janauaca 375 0.123 158.55 32.67 1105.66 0 53.85 364.34 3.52 16.33 0.00
Alto Amazonas Rei 249 0.114 346.90 26.32 688.80 170.61 85 93.21 15 2.82 0.00
Medio Purus Surara 312 0.060 14.94 13.64 855.67 0 274 63.83 0.5 9.32 0.00
MEDIA 306 0.089 135 24 908 70 211 182 6 10 0
DESVIO PADRÃO 42 0.031 124 9 178 82 103 112 5 4 1

Tabela 7 – Sistemas de lagos que apresentaram características de estrutura e composição da paisagem, similares e definidas como unidades
locais para diagnóstico ambiental-pesqueiro para realização de monitoramento da pesca profissional de lagos no Amazonas durante o período da
CHEIA
Proporção de flor
Trecho do rio Sistema de lago ESFORÇO Rendimento-dia AR_ABERT CAPT Cota média do rio QTE_ALAG DIST_MAO PERIMETRO CONEC_RIO DP Alagada
Baixo Solimões Anori 167.44 0.040 19.36 13.33 1723.33 39.61 241.00 143.61 162.97 9.44 2.05
Alto Amazonas Arari 0.00 0.000 483.10 0.00 1580.67 389.19 206.16 319.82 802.92 596.42 0.81
Baixo Purus Beruri 210.00 0.045 117.72 9.44 2010.00 105.02 255.65 292.80 410.52 48.64 2.42
Alto Amazonas Rei 0.00 0.000 393.20 0.00 1580.67 219.00 85.00 112.77 15.00 914.42 0.43
Medio Purus Surara 198.00 0.092 303.58 20.74 2010.00 165.36 274.00 431.58 735.16 562.19 0.54
MEDIA 115.09 0.035 263.39 8.70 1780.93 183.64 212.36 260.12 425.31 426.22 1.25
DESVIO PADRÃO 106.20 0.038 192.03 8.92 217.07 133.00 75.42 131.64 344.96 387.96 0.92
De acordo com Holsinger (2003) e Mitchell et al. (2000) a estabilidade de um

ecossistema pode ser compreendida sobre três perspectivas: 1. Constância –

habilidade da comunidade de resistir às mudanças na composição e abundancia em

respostas a distúrbios; 2. Resistência – habilidade da comunidade retornar as

características pré-distúrbios depois das mudanças induzidas pelo distúrbio; 3.

Estabilidade dinâmica – um sistema é dinamicamente estável se seu estado futuro é

determinado pelo seu estado atual. Segundo Commoner (1972) apud Holsinger

(2003) “The more complex the ecosystem, the more sucessfuly it can resist a stress”.

A integridade ecológica como foi definida por Angermeier e Karr (1994) é

compreendida como a manutenção de todos os processos internos e externos que

interagem no ambiente de forma que a comunidade biótica corresponde ao estado

natural dos tipos específicos dos habitats segundo os princípios de auto regulação,

resiliência e resistência (Jungwirth et al., 2002). Em sistemas fluviais argumenta-se

que a integridade ecológica é primeiramente uma função da conectividade, sendo que

preservar ou restabelecer a diversidade funcional é uma das mais importantes formas

modernas de manejo (Ward e Tockner, 2001; Ward e Wiens, 2001; Jungwith et al.,

2003). Altos níveis de integridade ecológica – baseada em atributos bióticos (peixes,

por exemplo) e parâmetros hidro-morfologicos referem-se à condição intacta ou

minimamente afetada pelo impacto antrópico.

Levando em consideração, as semelhanças paisagísticas entre lagos com

forma dendrítica alongada, e que vem sendo continuamente explotados pela pesca

desde a década de 70 podemos relacioná-las com uma maior estabilidade

ecossistêmica frente às perturbações causadas pelo regime hidrológico, beneficiando

sua produtividade.
CAPÍTULO 2 – Dinâmica da pesca profissional em sistemas de lago
e heterogeneidade ambiental de bacias hidrográficas no Estado do
Amazonas

65
1. INTRODUÇÃO

As ciências pesqueiras vêm buscando exaustivamente, por meio das mais

diversas técnicas de análise, subsidiar as tomadas de decisão para promover o uso

racional dos recursos pesqueiros (FAO, 1999a e 1999b; 2000; 2002). Este objetivo

somente é alcançado se a atividade pesqueira for compreendida à luz de uma

concepção holistica-sistêmica embasada no tripé Homem-Recurso pesqueiro-

Ambiente (Hilborn e Walters, 1992; Batista, 1998; Link, 2002). No caso das águas

interiores, como por exemplo, no Sudeste Asiático, ou nos rios Africanos e na

Amazônia, a componente ambiental vem tendo cada vez mais importância para o

gerenciamento da atividade, sobretudo, apontando na direção do manejo

ecossistêmico com intuito de manter/preservar/conservar áreas de importância

ecológica para as espécies explotadas comercialmente (Link, 2002; Amarasinghle et

al., 2002).

Provavelmente, o equilíbrio dos ecossistemas que sustentam as cadeias

tróficas, onde estão incluídas as espécies de importância comercial, deve ser um dos

aspectos mais importantes a serem considerados na escolha das opções de

gerenciamento da atividade de pesca (Hilborn e Walters, 1992; Link, 2002; Pauly et

al, 2003).

Na Amazônia, assim como em outras regiões com pesca continental, o efeito

da heterogeneidade ambiental parece ser fundamental no contexto do manejo, pois é

um importante fator determinante das oscilações na abundância do recurso pesqueiro

(Bayley e Petrere, 1989; Goulding, 1996; Rufino, 1996; Barthem e Fabré, 2004). As

áreas laterais dos rios amazônicos são áreas geográficas espaço-temporalmente

complexas constituídas de redes milhares de sistemas de canais (rios, furos, igarapés

66
e paranás) e de lagos (de várzea e de terra firme), que possuem diferentes origens

geológicas, sendo fortemente influenciados por processos hidrogeomorfológicos e

antrópicos (Junk, 1984; Mertes et al., 1995; Irion et al., 1997; Irion et al., 1999; Rozo

et al., 2003; Petry et al., 2003). Estas áreas marginais, denominadas regionalmente

de várzea, percorrem lateralmente os rios amazônicos, e sua dinâmica é determinada

pelo pulso de inundação que é a força motriz desencadeadora de processos físico-

químicos, que determinam respostas fisiológicas e comportamentais em toda a biota

do sistema (Junk et al., 1989), portanto, mantendo as cadeias tróficas que sustentam

o rendimento pesqueiro da região (Petrere,1978; Junk, 1984; Batista, 1998; Barthem

e Fabré, 2004).

Atuando num raio de mais de 1000 km, incluindo geograficamente todos os

principais rios explotados pela pesca na região (Purus, Solimões-Amazonas, Madeira,

Juruá, Japurá, Negro, etc.) e constituída de pelo menos 1500 embarcações de pesca,

a frota que desembarca no mercado Adolfo Lisboa na cidade de Manaus, representa

uma poderosa ferramenta de coleta de dados, fornecendo informações que podem

ser organizadas para a elaboração de complexos delineamentos experimentais

confiáveis e representativos da pesca comercial profissional que atua no Estado do

Amazonas (Petrere, 1978; Batista, 1998 e 2004; Sousa, 2000; Cardoso et al., 2004).

Nesta perspectiva, as embarcações de pesca podem ser consideradas como

unidades amostradoras do recurso pesqueiro que desembarca sistematicamente no

porto de Manaus. Assim, as informações pesqueiras da frota de barcos que abastece

a cidade de Manaus são especialmente importantes para a formulação de propostas

de gerenciamento pesqueiro numa ampla escala geográfica, visando a minimização

dos impactos antrópico-pesqueiros e a conservação dos ambientes aquáticos

67
explotados, especialmente no que diz respeito à definição de unidades geopoliticas

de gerenciamento pesqueiro no Estado.

Pode-se definir bacia hidrográfica ou sistemas fluviais como unidades de

manejo em macroescala, e seus sistemas lacustres associados como unidades em

mesoescala para o manejo da pesca profissional no Estado do Amazonas. Neste

sentido, considerando a escala macro, o presente capítulo verificou a existência de

diferenças de rendimento pesqueiro de lagos e sua relação com a heterogeneidade

ambiental dos diferentes sistemas fluviais (ou bacias hidrográficas), assim como uma

caracterização geral da dinâmica da pesca com fins de propor potenciais unidades de

manejo da pesca profissional da Amazônia Central.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Considerações sobre o sistema de coleta de dados de desembarque


pesqueiro

Entre 1976 e 1986 o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia implantou um

sistema de coleta de dados pesqueiros no principal porto de desembarque de

Manaus. Após o término deste estudo, o sistema foi reativado temporariamente no

final da década de 80, voltando funcionar definitivamente no inicio da década de 90,

sob a responsabilidade do Prof. Dr. Vandick da Silva Batista da Universidade Federal

do Amazonas.

Desde 1994 são efetuadas entrevistas diárias por técnicos de campo

especialmente treinados para tal fim. O preenchimento dos formulários efetua-se fora

dos horários de comercialização do pescado para não interferir no trabalho dos

pescadores. Em cada entrevista, o pescador responde sobre diversos aspectos da

pescaria, como por exemplo, a captura, os tipos de peixes capturados, os aparelhos

68
de pesca utilizados, o tempo de viagem, os insumos de pesca (gelo, gastos com

alimentação, diesel, etc), aspectos econômicos (preços de venda e de compra dos

produtos desembarcados). Todos estes questionamentos estão organizados na ficha

de controle de desembarque de pescado, que possui um numero de ordem

(NumPAM). Todos os dados são armazenados em forma de tabelas, que são

alimentadas diariamente num Banco de dados relacional 5.

2.2 Processamento dos dados

O processamento dos dados foi dividido nas seguintes etapas:

1. ARMAZENAMENTO - Após a realização das entrevistas no local de


desembarque, as fichas de controle de pescado são digitadas, sendo
todas as respostas discriminadas para “alimentar” o banco de dados
relacional na forma de tabelas;
2. SELEÇÃO DOS DADOS – as informações armazenadas no banco de dados da
Estatística Pesqueira do Amazonas são extraídos por meio de rotinas de
seleção denominadas de consultas. Uma consulta consiste em fornecer
nomes de colunas que estejam armazenadas em diferentes tabelas e/ou
subtabelas do Banco, com o objetivo de construir novas matrizes;
3. TRATAMENTO DOS DADOS - para selecionar todos os registros da pesca de
lagos foram escolhidos os seguintes critérios de filtragem: Nome do local
de pesca, Classificação do local de pesca segundo o nome do rio principal,
tipo de ambiente de pesca (rio, lago, paraná, furo, igarapé, ilha), nome da
cidade mais próxima do local de pesca e reconhecimento da feição
geográfica em mapas cartográficos analógicos.
4. CONSTRUÇÃO DAS MATRIZES DA ANÁLISE - todas as tabelas resultantes das
consultas foram exportadas para um novo banco de dados, onde foram
realizadas novas consultas e elaboradas as matrizes de análise dos dados.

5
N. do Autor. Banco de dados relacional é aquele que permite relacionamento entre diferentes tipos
de tabelas, com a condição de que haja pelo menos um campo em comum entre elas.

69
Antes de iniciar as analises, como medida de averiguação dos dados, foram

escolhidos aleatoriamente vários números de registros (NumPAM), e verificado se a

informação que estava registrada na tabela de análise conferia com a informação

registrada originalmente nas fichas. Este procedimento foi repetido pelo menos 10

vezes para cada ano.

2.3 Análise dos dados

A análise dos dados permitiu realizar um perfil de alguns aspectos da pesca de

lagos considerando: 1) Quantidade de pescado - toneladas: (Rendimento pesqueiro);

2) Tempo de pesca - Dias pescando; 3) Número total de pescadores, 4) Esforço de

pesca - Numero de pescador*Tempo de pesca, e 5) Rendimento por pescador-dia

(toneladas/ Numero de pescador*Tempo de pesca) organizadas por Bacia explotada

e por sistema de lago; 6) Ano: 1994 a 2001; 7) Bacias: Purus, Amazonas, Solimões,

Madeira, Juruá, Negro; 8) Tipo de Lago: Composto/Misto; Dendrítico Ramificado,

Dendritico Alongado, Redondo Alongado, Redondo oval, Ferradura, e Não

Classificado.

2.3.1 Análise multivariada

A matriz de dados que foi gerada na fase de processamento dos dados

constituiu-se das variáveis mencionadas. Com isto, foram realizadas as seguintes

combinações bivariadas por Análise de correspondência (Greenacre, 2002; 1984):

1)Bacia versus Tipo de Lago (forma); 2) Bacia versus Tipo de Pescado; 3) Tipo de

Lago versus Tipo de Pescado.

70
2.3.2 Características hidrológicas dos sistemas fluviais explorados

O calculo dos índices hidrológicos foi realizado considerando principalmente o

período que compreende a cota máxima do rio (cheia) e a cota mínima (seca), tendo

em vista que é neste intervalo que a intensificação da pesca profissional de lagos

acontece (ver resultados deste capítulo).

O sistema de Banco de dados Hidroweb (www.ana.gov.br) disponibiliza séries

históricas de dados fluviométricos e pluviométricos das estações de coleta de dados

da Agência Nacional de Águas. Neste sentido, com base nas cotas (cm) mensais das

estações entre 1994-2001, foram elaborados indicadores da variabilidade hidrológica

(Figura 8) considerando os seguintes sistemas fluviais de água branca, conforme a

disponibilidade de dados por estação:

1. Solimões (Estação 13155000 - Codajás; Estação 1410000 - Manacapuru)

2. Amazonas (15040000 - Careiro)

3. Purus (Estação 13990000 - Beruri; Estação 13980000 - Paricatuba)

Os seguintes índices foram calculados:

1. Cota Mínima = Cota mensal mínima do Anoj (i = 1994...2001)

2. Cota Máxima = Cota mensal máxima do Anoj (i = 1994...2001)

3. Amplitude do ciclo = (Cota mensal máxima - Cota mensal mínima)

4. Velocidade de Vazante = coeficiente de inclinação da reta de regressão

das covariáveis dos fatores. Foram calculados três Modelos Lineares Gerais (GLM 1 -

Cotas do Solimões, GLM 2 - Cotas do Purus, GLM 3 - Cotas do Amazonas), onde os

coeficientes de inclinação das covariáveis dos níveis dos fatores são expressos no

71
modelo de covariância (ANCOVA) (Zar, 1999), sendo proposto um modelo para cada

GLM calculado como indicado abaixo:

Yi = µ + πj + β1*(Ai – A)

Yi = Variável dependente - Cota mínima (cm)

µ = Média geral do modelo


πj = efeito do i-ésimo nível do fator - ANO
(1994,1995,1996,1997,1998,1999,2000,2001)
β1 = efeito linear da variável independente - Cota máxima (cm)

A = Variável independente - Cota máxima (cm)


A = Média da Cota máxima (cm)

5. Taxa de variação interanual da cota máxima do rio = Cota mensal

máxima ANOt + 1 - Cota mensal máxima ANOt), onde t = 1994....2001).

6. Taxa de variação interanual da Cota mínima do rio = Cota mensal

Mínima ANOt + 1 - Cota mensal Mínima ANOt), onde t = 1994....2001).

7. Taxa de variação interanual da Amplitude do ciclo = Amplitude anual do

ciclo no ANOt + 1 - Amplitude anual do ciclo no ANOt), onde t = 1994....2001).

72
VELOCIDADE DE VAZANTE OBTIDO DE GLM (ANCOVA) Amplitude do ciclo (t + 1) - Amplitude do ciclo t
Cota mínima = media + fator ANO + Cota Máxima*Coeficiente de inclinação
Cota anual máxima
da reta Taxa de variação interanual da
1800 amplitude do ciclo

1600

1400
ANO t
1200

1000

800

600
ANO 1 ANO 2 ANO 3
400

200

J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J

Taxa de variação inter anual Cota anual mínima


Taxa de variação inter anual
da cota máxima da cota mínima
Amplitude do ciclo
Cota máxima - Cota máxima
(t + 1) t Cota mínima - Cota mínima Cota máxima - Cota mínima
(t + 1) t (t + 1) t

Figura 8 - Esquema demonstrativo dos índices hidrológicos calculados

73
2.3 MODELO LINEAR GERAL - GLM

O efeito da heterogeneidade ambiental sobre o rendimento pesqueiro

(toneladas), entre as principais Bacias hidrográficas explotadas pela pesca

profissional, foi avaliado por meio de um Modelo Linear Geral (GLM) - Análise de

covariância (ANCOVA) - admitindo os pressupostos do modelo de acordo com Zar

(1999)

O modelo proposto pelo presente estudo é:

Yi = µ + πj + β1*(Ai – A) +β2*(Bi – B) β3*(Ci – C) + β4*(Di – D) + β5*(Ei – E) +


β6 (Fi – F) +β7(Gi – G) + εi

Para cada Bacia (Bacia i, i= 1,2,3) onde:

Yi = Variável dependente (Quantidade de pescado - toneladas)

µ = Média geral do modelo


πj = efeito do i-ésimo nível do fator - Bacia (Solimões, Purus, Amazonas)
β1 = efeito linear da covariável - Velocidade de Vazante
β2 = efeito linear da covariável - Taxa de variação interanual da cota máxima
do rio)
β3 = efeito linear da covariável - Taxa de variação interanual da cota mínima
do rio
β4 = efeito linear da covariável - Amplitude do ciclo
β5 = efeito linear da covariável - Cota mínima do rio (cm)
β6 = efeito linear da covariável - Taxa de variação interanual da Amplitude do
ciclo (Cota máxima - cota minima)
β7 = efeito linear da covariável - Cota máxima (cm)

74
A = covariável Velocidade de Vazante (Coeficiente de Inclinação da Reta de
Regressão);
A = média da Velocidade de Vazante (Coeficiente de Inclinação da Reta de
Regressão);
B = covariável Taxa de variação interanual da cota máxima do rio);
B = média da covariável Taxa de variação interanual da cota máxima do rio;
C = média da covariável Taxa de variação interanual da cota mínima do rio;
C = média da covariável Taxa de variação interanual da cota mínima do rio;
D = covariável Amplitude anual do ciclo;
D = média da covariável Amplitude anual do ciclo;
E = covariável Cota mínima;
E = média da covariável Cota mínima;
F = covariável Taxa de variação interanual da Amplitude do ciclo;
F = média da covariável Taxa de variação interanual da Amplitude do ciclo
G = covariável Cota máxima;
G = média da covariável Cota máxima
εi = componente de erro aleatório

As premissas de homocedasticidade, paralelismo e normalidade do modelo

ANCOVA foram testadas com o auxilio de softwares e aplicativos de análises

estatísticas. De acordo com Zar (1999) o modelo deve apresentar variâncias

homogêneas ou distribuição uniforme (homogeneidade/homocedasticidade), todas as

variáveis contínuas devem ter distribuição normal e por último todas as covariáveis

devem admitir H0 de que seus coeficientes angulares (β) são iguais, ou seja, que

todas as covariáveis devem ser paralelas entre si em um espaço N-dimensional

(paralelismo). A homogeneidade foi testada através do teste de Bartlett, que admite

distribuição unilateral Qui-quadrado (χ2), assumindo como H0 que as variáveis

apresentam variância distribuída uniformemente. Quando o valor de χ2 crítico for

maior que o valor calculado a hipótese nula é aceita.

75
O paralelismo foi testado a partir de uma regressão admitindo H0 de que existe

paralelismo entre as covariáveis. Quando os valores de FCRÍTICO forem maiores que os

valores de FCALCULADO aceita-se a H0.

A normalidade de todos os componentes contínuos do modelo foi testada a

partir de um teste de aderência χ2 seguindo a mesma interpretação de aceitação da

H0 citada anteriormente.

A soma total dos quadrados é uma medida da variabilidade total da amostra.

Depois do ajuste do modelo, esta soma de quadrados pode ser decomposta em soma

dos quadrados devido ao modelo e soma dos quadrados residual. A porção da

variabilidade total explicada pelo modelo é dada por uma razão entre a soma dos

quadrados do modelo sobre a soma de quadrados total (R2). Esta medida deve ser

observada a fim de avaliar o ajuste do modelo aos dados (Minte-Vera, 1997).

A análise dos resíduos foi realizada para verificar se existe alguma tendência

dos dados calculados pelo modelo, observando se os pontos estão distribuídos

aleatoriamente.

O ajuste do modelo foi realizado através de uma rotina GLM (General Linear

Model) em aplicativos de análises estatísticas.

76
3. RESULTADOS

3.1 Dinâmica e exploração da pesca profissional de lagos no Estado do


Amazonas

O termo Sistema fluvial, ou também denominado de Bacia hidrográfica em

outros estudos (Barthem e Fabré, 2004) foi convenientemente adotado neste estudo

representando o canal principal de um rio em conjunto com todas as paisagens

aquáticas que constituem as áreas marginais e sua drenagem lateral (sistemas de

canais retilíneos, lagos, furos, paranás, igarapés).

Entre 1994 e 2001, cerca de 59% (n=11074) do total de entrevistas realizadas

no Mercado Adolfo Lisboa, foram classificadas como sendo dos sistemas fluviais

Purus e Solimões, e 9% (n=1745) como Indeterminados (entrevistas que não

puderam ser classificadas em nenhuma Bacia). O restante das entrevistas foi diluído

em registros provenientes dos rios Juruá, Amazonas, Negro, Japurá, Jutaí, e Branco.

Após a classificação dos registros por tipo de ambiente de pesca, cerca de

29% das entrevistas corresponderam a pescarias de lagos, sendo que 41% não

foram classificados (Figura 9).

77
8000
7550; 41%
Numero total de registros de desembarque = 18607

7000 (Numero de registros (n); Frequencia relativa (%))

Numero de registros de desembarque


6000
5354; 29%

5000

4000

3000
2584; 14% 2511; 13%

2000

1000
452; 2%
17; 0% 137; 1%
2; 0%
0
Indeterminado Rio Paraná Furo
Lago Não localizado Igarapé Ilha

Figura 9 – Contribuição relativa do número total de registros de desembarque classificados por


ambiente de pesca no período de 1994 a 2001.

Do total de registros de desembarque classificados como pescarias de lagos,

cerca de 91% são provenientes dos Bacia do Purus e Solimões, sendo o restante

diluído nos outros sistemas fluviais (Figura 10).

78
3500

Número de observações (n) ;


Frequência relativa (%)
3000 2942; 55%

Número de registros de desembarque 2500

2000 1948; 36%

1500

1000

500
280; 5%
55; 1% 56; 1% 73; 1%
0
Solimões Purus Negro
Jurua Amazonas Madeira

Figura 10 – Contribuição relativa do número total de registros de desembarque provenientes de


pescarias de lagos classificados por Bacia no período de 1994 a 2001.

A pesca profissional que desembarcou no mercado Adolfo Lisboa explorou

cerca de 338 sistemas de lagos, dos quais os lagos do rio Purus corresponderam a

38,16% (n= 129); o Solimões, 26% (n=89); o Amazonas, 19,2% (n=65) e o Madeira,

16,27% (n=55). Os tipos de lagos foram classificados quanto à forma de sua

fisiografia geográfica, representada em mapas analógicos do projeto Radam-Brasil e

em Imagens de Satélite, considerando 7 categorias, segundo a classificação de

Sousa (2000). Neste sentido, as características fisiogeográficas (conforme a

terminologia geomorfológica) e características da pesca profissional das diferentes

categorias de sistemas de lago consideradas neste estudo, estão resumidas no

Quadro 3.

79
Quadro 3 - Classificação dos sistemas de lago conforme terminologia geomorfológica (Baseada em Sousa, 2000; Rozo et al, 2003; Rozo, 2004) e características da pesca para cada categoria.

ÁREA DE LOCALIZAÇÃO NA PAISAGEM AMAZÔNICA


REPRESENTAÇÃO DA FORMA DO Características da Pesca
SISTEMA DE LAGO
TERMINOLOGIA GEOMORFOLÓGICA E DEFINIÇÃO 1. Bacia de maior incidência do tipo de lago
2. Aparelhos utilizados
3. Ambientes de pesca
Áreas de lagos com contorno dendrítico (Rozo, et al., 2003; Rozo, 2004)

TERRA FIRME E
1. Baixo Solimões, margem direita do alto amazonas próximo à foz

VÁRZEA
do rio Madeira
Constituído por diferentes unidades geomorfológicas 2. Malhadeira, Rede de cerco
São sistemas de lagos que apresentam combinações de diferentes tipos 3. Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas e áreas marginais
de formas do entorno
COMPOSTO/FORMA MISTA

TERRA FIRME
Áreas de lagos com contorno dendrítico (Rozo, et al., 2003; Rozo, 2004) 1. Baixo e Médio Solimões, Baixo Purus
2. Malhadeira, Rede de cerco
São sistemas de lagos de aspecto ramificado semelhante a um neurônio 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas
que não possuem eixo principal definido. e áreas marginais do entorno
DENDRÍTICO RAMIFICADO

Áreas de lagos com contorno dendrítico (Rozo, et al., 2003; Rozo, 2004)1. Baixo e Médio Solimões, Baixo Purus
TERRA
FIRME

2. Malhadeira, Rede de cerco


3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas
São sistemas de lagos de aspecto ramificado, semelhante a um neurônio, e áreas marginais do entorno
DENDRÍTICO ALONGADO apresentando um eixo principal definido e maior que os outros.

Depósitos em Crescente (scrooll bar) (Rozo, et al,. 2003; Rozo, 2004)


1. Baixo e Médio Solimões, Baixo Purus, Alto Amazonas.
VÁRZEA

2. Malhadeira, Rede de cerco.


São sistemas de lagos que apresentam forma alongada sem ramificações 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas
REDONDO ALONGADO dendriticas. São lagos assimétricos e estreitos seguem a configuração e áreas marginais do entorno
alongada das linhas de acreção, as quais são estabilizadas pela
vegetação e comportam-se como diques (Rozo, et al., 2003, Rozo, 2004)

Áreas com lagos arredondados (Rozo, et al., 2003; 2004)


1. Baixo e Médio Solimões, Médio e Baixo Purus, Alto Amazonas.
VÁRZEA

2. Malhadeira, Rede de cerco.


São aqueles lagos que possuem forma circular, subcircular e elíptica na 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas
REDONDO OVAL concepção de Hutchison (1963). São áreas com topografia plana e áreas marginais do entorno
caracterizam-se por formas arredondadas e irregulares (Rozo, et al,
.2003; Rozo, 2004)
Meandro abandonado (Rozo, et al., 2003; Rozo, 2004)
1. Baixo e Médio Solimões, Médio e Baixo Purus, Alto Amazonas.
VÁRZEA

2. Malhadeira, Rede de cerco.


São lagos que possuem forma de ferradura, sendo geralmente lagos de 3.Ambientes de pesca: Sistemas de Canais retilíneos, áreas abertas
meandro abandonado e áreas marginais do entorno
FERRADURA
INDETERMINADO/NÃO CLASSIFICADO TERRA FIRME E VÁRZEA NÃO DETERMINADO
Sistema de lagos não classificados por categoria de forma.

80
3.2 Análise exploratória dos dados da pesca profissional lcustre

Com base em combinações bivariadas das freqüências observadas das

seguintes variáveis categóricas (Bacia, Tipo de Lago, Tipo de pescado),

calculadas por meio de análise de correspondência (Greenacre, 2002), foram

realizadas análises exploratórias para detectar possíveis padrões espaciais de

agrupamentos bidimensionais de Autovalores estimados na análise. Com estas

análises exploratórias foi possível identificar os tipos de lagos preferencialmente

explotados nos diferentes sistemas fluviais pela frota de pesca profissional do

Estado do Amazonas, como está demonstrado na Figura 11. Os sistemas Madeira

e Amazonas formaram um grupo que é constituído pelos sistemas de lago

redondo-oval e Não classificado. Um outro grupo é formado pelos sistemas Purus,

Solimões e Negro constituído pelas formas dendrítico alongado, mista, dendrítico

ramificada, redondo alongada e ferradura. O Juruá, não formou grupos.

81
1.0
Sistema Fluvial
Bacias
Tipo
Tipode
deLago
Lago
Dimensão 2; Autovalor: 0,28121 (41.27% de Inercia)
Redondo Alongado
0.5
Dend. Ramificado
SOLIMÕES
Dendritico Alongado
0.0 NEGRO

PURUS
-0.5
Mista
Não classificado
-1.0 Ferradura

AMAZONAS Redondo Oval

-1.5
MADEIRA

-2.0

JURUA
-2.5
-2.5 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

Dimensão 1; Autovalor: 0,33469 (49.12% de Inercia)

Figura 11 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis categóricas Bacia x
Tipo de lago explotados pela frota de pesca profissional realizada em sistema de lago que
desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001.
A análise de correspondência que combinou bacias hidrográficas e os tipos

de lagos resultou significativa para o teste Qui-quadrado (χ2 = 7186,5; p < 0,05;

graus de liberdade = 30), sendo que a dimensão 1 (Auto valor = 0,33; Inércia =

49.12 %) e dimensão 2 (Auto valor = 0,26; Inércia = 41,27%) perfizeram cerca de

90% da inércia total dos dados (Tabela 8).

Tabela 8 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados pela pesca
profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o período de
1994-2001 combinando BACIA e TIPO DE LAGO.
Autovalores %
Dimensão Valores singulares
(Eigenvalues)
% de inércia
Cumulativa χ2
1 0.57 0.33 49.92 44.11 3529.94
2 0.53 0.28 41.47 90.38 2965,95
3 0.22 0.05 8.99 97.40 542.98
4 0.11 0.01 3.58 99.99 137.23
5 0.00 0.00 0.00 100.00 10.44

Uma outra combinação bivariada foi realizada para identificar os tipos de

pescado preferencialmente explorados pela pesca profissional de lagos nos

82
diferentes bacias. Os rios Solimões, Madeira e Juruá formaram um grupo com os

seguintes itens de desembarque: Sem registro, Aracu, Curimatá, Sardinha e

Jaraqui-Grossa e Jaraqui-Fina. O rio Amazonas formou grupo com Pacu,

Pirapitinga, Matrinxã e Cara. O rio Purus se agrupou com Tucunaré, Cuiu,

Pescada, Aruanã, Carauaçu, Surubim, Tambaqui e Caparari (Figura 12).

0.5
Sem registro A - AMAZONAS
Dimensão 2; AutoValor: 0,03030 (28.71% de Inércia)

Branquinha Aracu P - PURUS


Curimata Pirapitinga Aruanã
Sardinha S PacuA Matrinxã
0.0 Caparari
M Cara P Tambaqui
J
Jaraqui-Fina Surubim
Carauaçu
-0.5 Jaraqui-Grossa
Pescada
S - SOLIMÕES Cuiu
M - MADEIRA Tucunaré
-1.0 J - JURUA

-1.5

-2.0 NEGRO
Sistema
BACIA Fluvial
Tipo de
Tipo de pescado
Pescado

-2.5
-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6
Dimensão 1; Autovalor: 0,05550 (52.59% da Inércia)

Figura 12 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis categóricas Bacia x
Tipo de pescado explotados pela frota de pesca profissional realizada em sistema de lago que
desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001.

A análise que combinou “tipo de pescado” e as bacias hidrográficas

resultou significativa para o teste Qui-quadrado (χ2 total= 1538,0; p < 0.05; graus

de liberdade = 108), sendo que a dimensão 1 (Eigenvalue = 0,05; Inércia =

52,59%) e dimensão 2 (Eigenvalue = 0,03; Inércia = 28,71%) perfizeram cerca de

80% da inércia total dos dados (Tabela 9).

83
Tabela 9 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados pela pesca
profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o período de
1994-2001 combinando TIPO DE PESCADO e BACIA.
Valores singulares Auto valores %
Dimensão
(Single Values) (Eigenvalues)
% de inercia
Cumulativa χ2
1 0.23 0.05 52.59 52.59 585.31
2 0.17 0.03 28.71 81.29 319.55
3 0.10 0.01 9.95 91.25 110.79
4 0.08 0.00 7.38 98.64 82.22
5 0.03 0.00 1.35 100.00 15.13

Também foi verificada uma relação entre espécie ou tipo de pescado com

os diferentes tipos de lago explotados pela frota de pesca profissional que

desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001. A analise resultou na

formação de um grande grupo constituído dos tipos de lago, Redondo Oval,

Dendritico alongado, Ferradura, Forma Mista e Redondo Alongado. Os tipos de

pescado estão dispersos dentro deste grupo com tendência de formação dos

seguintes subgrupos: Redondo-alongadas – Pacu, Sardinha e Jaraqui-Fina;

Dendrítico-Alongadas –, Jaraqui-grossa Pescada e Tucunaré; e Composta/Mista –

Aruanã, Surubim, Caparari e Cuiu. Os outros itens e formas apresentaram-se

dispersos sem aparente tendência de agrupamento (Figura 13).

84
0.4
Tipo de Lago
0.3 Tipo de pescado
Dimension 2; Autovalor: 0,01151 (7.891% de Inércia) RO FE

0.2 Tambaqui Pirapitinga

Curimata Matrinxã
0.1 Pacu
Sardinha
Dendritico Ramificado Aracu
Jaraqui Fina DA Cuiu
0.0
RA Jaraqui Grossa Caparari
Surubim
Pescada MI
Tucunaré
-0.1 Aruanã

Sem registro
Carauaçu
-0.2 Cara

RO - Redondo oval
-0.3 RA - Redondo Alongado
FE - Ferradura
-0.4 DA - Dendritico Alongado
Branquinha
MI - Forma Mista
Não Classificado
-0.5
-1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6
Dimensião 1; Autovalor: 0,11464 (78.61% de Inércia)

Figura 13 – Combinação bivariada das freqüências observadas das variáveis categóricas Tipo de
Lago x Tipo de pescado explotados pela de pesca profissional realizada em sistema de lago que
desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001.

A análise que combinou Tipo de pescado e formas de sistemas de lago

resultou significativa para o teste Qui-quadrado (χ2 total= 1538,0; p < 0.05; graus

de liberdade = 108), sendo que a dimensão 1 (Autovalor = 0,11; Inércia = 78,61%)

e dimensão 2 (Autovalor = 0,01; Inércia = 7,89%) perfizeram cerca de 80% da

inércia total dos dados (Tabela 10).

Tabela 10 – Síntese dos resultados para Análise de correspondência explotados pela pesca
profissional realizada em sistema de lago que desembarcou em Manaus durante o período de
1994-2001 combinando TIPO DE PESCADO e TIPO DE LAGO.
Valores singulares Auto valores %
Dimensão
(Single Values) (Eigenvalues)
% de inércia
Cumulativa χ2
1 0.33 0.11 78.61 78.61 1209.07
2 0.10 0.01 7.89 86.50 121.35
3 0.08 0.00 4.92 91.42 75.68
4 0.07 0.00 4.38 95.81 67.49
5 0.06 0.00 2.97 98.78 45.74
6 0.04 0.00 1.21 100.00 18.62

85
3.3 Análise do rendimento pesqueiro, Esforço de Pesca e Rendimento por
pescador-dia em bacias hidrográficas do Estado do Amazonas.

De maneira geral, as bacias Solimões, Purus e Amazonas resultaram em

médias de n° de pescadores, de tempo de pesca (dias pescando) e de esforço de

pesca (número de pescadores*dias pescando) dentro dos mesmos intervalos

numéricos, permitindo a formação de um grupo (Solimões-Amazonas-Purus), com

um número de pescadores (8) e do tempo de pesca (13 e 18 dias pescando). Os

outros sistemas fluviais perfizeram, diferentes valores médios, com destaque para

o número de pescadores do Juruá (12), do Madeira (10), e do Negro (6) (Figura 14

-A) sendo da mesma maneira destacados, em termos de tempo de pesca o Juruá,

o Madeira (39 e 25 dias pescando) e o Negro, (3 dias pescando), (Figura 14 – B).

Tendo em vista que o esforço de pesca é uma composição multiplicativa do tempo

de pesca com o número de pescadores, o grupo Solimões-Amazonas-Purus

resultou no esforço de pesca no intervalo de 127.05 a 160.29, com destaque para

o Juruá com a maior média (471.75), seguido do Madeira (269.88), e pelo Negro

com o menor valor médio (20.77) (Figura 14-C).

86
40
Média
Média
MinMin
MaxMax
35
A Desvio Padrão

30

por registro de desembarque


Numero totald de pescadores
25

20

15

12
10 10
8 8 8
5 6

160 Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira


Sistema Fluvial Média
Média
Min Max
140 Min Max
B Desvio Padrão

120
Tempo de Pesca (Dias pescando)
por registro de desembarque

100

80

60

40 39

25
20 19
16
13 3
0

1400
Média
Média
Min Max
1200 Min Max
Esforço de pesca (Nº de pescador*Dias pescando)

C Desvio Padrão

1000
por registro de desembarque

800

600

471,75
400

269,88
200
160,29
127,05 140,62
20,77
0

-200
Solimões Purus Negro
Jurua Amazonas Madeira

Figura 14 – Distribuição do Número de pescadores (A); Tempo de pesca - Dias pescando (B) e do
Esforço de pesca(nº de pescador * dias pescando) da pesca profissional de lagos durante o
periodo de 1994-2001, classificado por bacia.

87
O rendimento pesqueiro de lagos (quantidade de pescado por registro de

desembarque - toneladas) das bacias do Solimões e o Purus oscilaram entre 11 e

15 toneladas, sendo que o Juruá resultou na maior média (31,44 toneladas)

(Figura 15-A). O grupo Solimões-Amazonas-Purus, em termos de rendimento por

pescador-dia (toneladas/número de pescadores*dias pescando) oscilou dentro do

intervalo de (0.10 a 0.23), sendo que os menores valores médios foram calculados

para o Juruá e Madeira (0,07 a 0,05) (Figura 15-B)


240
Média
Média
220 Min
MinMax
Max
Desvio Padrão
A
200

180
por registro de desembarque
Quantidade de pescado (ton)

160

140

120

100

80

60

40
31,44
20 15,29
13,46 14,23 11,96 2,04
0
6
Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira
Média
Rendimento pescador-dia (toneladas/Esforço de pesca [Nº de

Sistema Fluvial Media


Min Max
B
pescador*Dias pescando]) por registro de desembarque

Min Max
5 Desvio Padrão

0,23 0,15
0
0,07 0,10 0,20 0,05

Solimões Jurua Purus Amazonas Negro Madeira


Sistema Fluvial

Figura 15 – Distribuição do Rendimento pesqueiro (toneladas) por registro de desembarque (A) e


Rendimento por pescador dia (toneladas/esforço de pesca) para o período compreendido entre
1994-2001, classificado por Bacia.

88
3.2 Tipos de lago explotados por Bacia hidrográfica

De maneira geral, os sistemas de lago Redondo ovais e de Ferradura

resultaram de características de pesca semelhantes, com as maiores intensidades

de pesca representadas pelo numero de pescadores (9 pescadores), tempo de

pesca (18 e 19 dias pescando) e esforço de pesca (182,52 e 190,52

pescador*dias pescando). Os sistemas de lago com formas alongadas,

aparentemente, não se agruparam, sendo os lagos dendrítico alongados com

menor intensidade de pesca que redondo alongado (8 a 9 pescadores, 14 a 17

dias pescando e 117,76 a 162,67 pescador*dias pescando). As formas dendrítico

ramificada e mista parecem estar num mesmo patamar de intensidade de pesca (8

pescadores, 13 a 16 dias pescando e 122,75 a 129,52 pescador dias pescando)

(Figura 16 - A,B,C)

89
40
Média
Média
Min Max
35 A Min Max

30
Desvio Padrão

por registro de desembarque


Numero total de pescadores
25

20

15

10
9 9 9
8 8 8
7
5

0
160
Média
Média
140 B Min Min
Max Max

120
Desvio Padrão
Tempo de pesca (dias pescando)
por registro de desembarque

100

80

60

40

20 17 19 18
14 13 14 16

1400
Esforço de pesca (Nº de pescador*Dias pescando) por registro de

C Média
1200 Média
Min Max
Min Max
Desvio Padrão
1000

800
desembarque

600

400

200
162,67 190,75 182,62
111,83 122,75 117,76 129,52
0

Não Classif Red Along Red Oval Form Mista


Dend Ramif Dend Along Ferrad
Tipo de Lago

Figura 16 – Distribuição do Número de pescadores (A); Tempo de pesca - Dias pescando (B) e do
Esforço de pesca(nº de pescador * dias pescando) da pesca profissional de lagos durante o
periodo de 1994-2001, classificado por tipo de lago.

90
Em termos de rendimento pesqueiro as formas dendrítico ramificadas e não

classificadas resultaram nas menores médias, oscilando entre 8,8 a 9,39

toneladas de pescado por registro. Já as formas alongadas (Redondo alongado e

Dendrítico alongada) apresentaram o mesmo patamar de rendimento pesqueiro

que redondo oval, ferradura e mista, oscilando no intervalo de 14,10 a 16,08

toneladas de pescado por registro (Figura 17 – A). No caso do rendimento por

pescador-dia (toneladas/Nº de pescador*(dias pescando)), as formas alongadas

(Redondo alongada e Dendrítico alongada) juntamente com dendrítico ramificadas

e mistas, oscilaram no intervalo de 0,17 a 0,24 e as formas não classificadas,

redondo ovais e ferradura entre 0,12 e 0,13. (Figura 17 - B).

91
240
Média
Média
220 A MinMax
Max
Min
200
Desvio Padrão
180
por registro de desembarque
Quantidade de pescado (ton)

160

140

120

100

80

60

40

20
9,39 16,08 14,10 14,34 15,63 16,13
8,80
0
6
Rendimento pescador-dia (toneladas/Esforço de pesca [Nº de
pescador*Dias pescando]) por registro de desembarque

Média
5 B Min Max
Desvio Padrão
4

0,12 0,24 0,18 0,19 0,13 0,17


0 0,12

Não Classif Red Along Red Oval Form Mista


Dend Ramif Dend Along Ferrad
Tipo de Lago

Figura 17 – Distribuição do Rendimento pesqueiro (toneladas) por registro de desembarque (A) e


Rendimento por pescador dia (toneladas/esforço de pesca) para o período compreendido entre
1994-2001, classificado por tipo de lago.

92
3.4 Os tipos de pescado preferencialmente explotados pela pesca lacustre

Foram registrados 54 diferentes tipos de pescado no desembarque

realizado pela frota de pesca profissional de lagos em Manaus entre 1994 e 2001.

Os cinco primeiro itens (Jaraqui de escama grossa, Curimatá, Tucunaré, Aruanã e

Pacu) representaram cerca de 51,81%, do total de registros desembarcados

(Tabela 11)

Tabela 11 – Lista dos itens desembarcados pela pesca profissional de Lagos entre 1994 a 2001.
Item de desembarque Nome Cientifico N° de Registros Freq %
Jaraqui-grossa Semaprochilodus insignis 1405 12,68
Curimatá Prochilodus nigricans 1231 11,11
Tucunaré Cichla spp. 1214 10,96
Aruanã Osteoglossum bicirrhosum 976 8,81
Sem registro - 931 8,40
Pacu Myleus spp. 914 8,25
Jaraqui-fina Semaprochilodus taeniurus 677 6,11
Tambaqui Colossoma macropomum 506 4,57
Carau-acu Astronotus spp. 483 4,36
Matrinxã Brycon spp. 354 3,20
Sardinha Triportheus spp. 353 3,19
Pescada Plasgioscion spp. 326 2,94
Caparari Pseudoplatystoma tigrinum 239 2,16
Aracu Anostomidae 196 1,77
Surubim Pseudoplatystoma fasciatum 190 1,72
Pirapitinga Piaractus brachypomum 180 1,62
Branquinha Curimatidae 140 1,26
Cara Cichlidae 121 1,09
Cuiu Oxydoras miger 111 1,00
Jaraqui Sema prochilodus spp. 90 0,81
Cubil Hemiodontidae 86 0,78
Ruelo Colosoma macropomum 79 0,71
Piranha Serrasalmidae 60 0,54
Acara branco Cichlidae 34 0,31
Traira Hoplias malabaricus 25 0,23
Jatuarana Brycon spp. 21 0,19
Mapará Hipophthalmus spp. 18 0,16
Branquinha cabeça lisa Curimatidae 11 0,10
Cara de gato Platynematichthys notatus 11 0,10
Pacu galo Myleinae 11 0,10
Pirarucu Arapaima gigas 11 0,10
Dourada Brachyplatystoma rosseauxii 9 0,08
Peixe-cachorro Characidae 6 0,05

93
Item de desembarque Nome Cientifico N° de Registros Freq %
Sardinha cumprida Triportheus elongatus 6 0,05
Sardinhao Pellona spp. 6 0,05
Surubim-lenha Pseudoplatystoma fasciatum 6 0,05
Bagre Pimelodidae 5 0,05
Bodó Loricaridae 4 0,04
Pirarara Phractocephalus hemiliopterus 4 0,04
Pacu jumento Myleinae 3 0,03
Sardinha papuda Triportheus spp. 3 0,03
Tamoata Callychtidae 3 0,03
Outros 12 itens (<0,02%) - 18 0,18
Total global 11077 100.00

A Figura 18 destaca os meses onde um determinado tipo de pescado

resultou na sua maior contribuição relativa para o período analisado. Durante os

meses de Agosto (8) a Dezembro (12) estão situadas as maiores contribuições

relativas (intervalo de 30-40%), incluindo 12, dos 18 tipos de pescado

apresentados. Entretanto, também houveram contribuições elevadas (30-40%)

nos meses de Janeiro a Julho, que incluíram os outros 6 tipos de pescado

apresentados.

Nos meses de janeiro, março, abril e junho não houve destaque para

nenhum item de desembarque; no mês de fevereiro apenas a branquinha

(34,29%); no mês de maio, a matrinchã (29,38%); em julho, a pirapitinga (16,11%);

no mês de agosto, destacou-se o aracu (21,43%), o curimatá (13,65%), o jaraqui-

fina (15,36%), o jaraqui-grossa (13,02%), o pacu (20,57%) e o tambaqui (14,50%);

no mês de setembro, o caparari (20,08%) e a sardinha (21,25%); no mês de

outubro, o cuiu (18,02%), a pescada (13,80%), o surubim (18,95%) e o tucunaré

(14,50%); no mês de novembro, o aruanã (15,78%); em dezembro, o cará

(18,18%).

94
TUCUNARE
TAMBAQUI

Frequência relativa (%) do numero de registros de desembarque


SURUBIM
SEM REGISTRO
SARDINHA
PIRAPITINGA
LEGENDA
PESCADA
30.00%-40.00%

Item de desembarque
PACU
20.00%-30.00%
MATRINXA
10.00%-20.00%
JARAQUI-GROSSA
0.00%-10.00%
JARAQUI-FINA
CURIMATA
CUIU
CARAU-ACU
CARA
CAPARARI
BRANQUINHA
ARUANA
ARACU
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 .

MESES DO ANO

Figura 18 – Freqüência relativa mensal dos itens de desembarque da pesca profissional de lagos,
que foram explotados entre 1994-2001.

A Figura 19 representa os sistemas fluviais onde os diferentes tipos de

pescado resultaram as suas respectivas maiores contribuições relativas para o

desembarque realizado no mercado Adolfo Lisboa, sendo que bacias do Solimões

e Purus resultaram nos mais importantes, destacando-se no Solimões os

seguintes itens: aracu (63,27%), branquinha (79,29%), curimatá (64,42%), jaraqui

fina (51,70%), jaraqui grossa (54,09%), matrinxã (46,3%), pacu (52,63%),

pirapitinga (48,33%), sardinha (63,17%) e cará (45,49%). No Purus, pescada

95
(49,08%), caparari (60,67%) carauaçu (56,73%), cuiu (52,25%), aruanã (52,97%),

surubim (56,84%), o tambaqui (58,89%) e tucunaré (50,33%).

Frequência relativa (%) do numero de


Negro

registros de desembarque
LEGENDA
Jurua
60.00%-80.00%

Sistema Fluvial
40.00%-60.00% Madeira
20.00%-40.00% Amazonas
0.00%-20.00%
Purus

Solimões
SEM REGISTRO

PIRAPITINGA
TUCUNARE

SURUBIM

BRANQUINHA
JARAQUI-GROSSA

CURIMATA
JARAQUI-FINA

CUIU
MATRINXA
SARDINHA
TAMBAQUI

PESCADA

CAPARARI
PACU

CARAU-ACU

ARACU
ARUANA
CARA
ITEM DE DESEMBARQUE

Figura 19 – Freqüência relativa dos itens de desembarque da pesca profissional de lagos,


classificados por Bacia que foram explotados entre 1994-2001.

Em todos os tipos de pescado registrados, as formas Redondo Alongadas e

Dendrítico Alongadas foram mais freqüentes (40-60 e 60-80%). Entretanto, o cuiu

se destacou na forma mista (Form_Mista) e a branquinha (40%) na Forma

Dendrítico Ramificado (Figura 20).

96
Frequência relativa (%) do numero de
Não_Classificado

registros de desembarque
Ferradura
LEGENDA

TIPO DE LAGO
Red_oval
30.00%-40.00%
Form_Mista
20.00%-30.00%
Dend_Ramificado
10.00%-20.00%
Red_Alongado
0.00%-10.00%
Dend_Alongado

JARAQUI-GROSSA

PESCADA

TAMBAQUI
PACU

SEM REGISTRO
CAPARARI
CARA
ARUANA

PIRAPITINGA
ARACU

MATRINXA

SURUBIM
SARDINHA
CUIU

JARAQUI-FINA
BRANQUINHA

CURIMATA
CARAU-ACU

TUCUNARE
ITEM DE DESEMBARQUE

Figura 20 – Freqüência relativa dos itens de desembarque da pesca profissional de lagos,


classificados por tipo de lago que foram explotados entre 1994-2001.

De maneira geral os níveis de esforço de pesca foram maiores (200 a 400

pescador*dias pescando) para as formas Redondo alongadas, Dendritico

Alongada, Dendrítico Ramificada e Ferradura; sendo evidenciadas nos seguintes

tipos de pescado: matrinxã, pacu, aracu, sardinha, curimata, tambaqui, jaraqui de

escama fina e grossa. Por outro lado, dentro do intervalo (<200 pescador*dia)

destacaram-se a Branquinha, o Cuiu, o Surubim, a Pescada, o Tucunaré, a

Aruanã, o Cará e o Caparari, não sendo evidenciado concentração em nenhum

tipo de lago (Figura 21).

97
Esforço de pesca (N° de pescador*Tempo de
Pesca (dias Pescando) por registros de
Não_Classificado

LEGENDA Form_Mista

Dend_Ramificado

TIPO DE LAGO
300-400

desembarque
200-300 Ferradura
100-200
Red_oval
0-100
Red_Alongado

Dend_Alongado

JARAQUI-GROSSA

PESCADA

SEM REGISTRO

TAMBAQUI
PIRAPITINGA
CARA
CAPARARI

PACU
ARUANA
ARACU

SURUBIM
BRANQUINHA

MATRINXA

SARDINHA
JARAQUI-FINA
CUIU

CURIMATA
CARAU-ACU

TUCUNARE
ITEM DE DESEMBARQUE

Figura 21 – Freqüência relativa dos níveis de Esforço de pesca (número de pescadores*Dias


pescando) por registro de desembarque classificado por tipo de lago para o período compreendido
entre 1994-2001.

Os maiores níveis de rendimento por pescador-dia (0,1 a 0,2 toneladas/

pescador*dia) foram evidenciados para as formas dendrítico ramificado - pacu,

sardinha, curimatá e jaraqui grossa; redondo oval - sardinha; redondo alongado -

pacu, curimatá, jaraqui grossa; e dendrítico alongado - jaraqui grossa e curimatá.

Nos outros tipos de lago os níveis de rendimento foram menores (0,00 a 0,1

toneladas/pescador-dia), sem concentração em nenhum tipo de pescado em

especifico (Figura 22).

98
Rendimento por pescador-dia (toneladas/N°
de pescador*dias Pescando) por registros
Não_Classificado

TIPO DE LAGO
Form_Mista

Ferradura

de desembarque
LEGENDA
0.15-0.2 Red_oval
0.1-0.15 Dend_Ramificado
0.05-0.1
Red_Alongado
0-0.05
Dend_Alongado

JARAQUI-GROSSA

PESCADA

SEM REGISTRO

TAMBAQUI
CAPARARI
CARA

PACU

PIRAPITINGA
ARUANA
ARACU

BRANQUINHA

SURUBIM
JARAQUI-FINA

MATRINXA

SARDINHA
CUIU

CURIMATA
CARAU-ACU

TUCUNARE
ITEM DE DESEMBARQUE

Figura 22 – Freqüência relativa dos níveis de RENDIMENTO PESCADOR-DIA (Quantidade de


pescado (ton)/Esforço de pesca) por registro de desembarque classificado por tipo de lago para o
período compreendido entre 1994-2001.

3.5 Modelo Linear Geral – efeito do regime hidrológico sobre o rendimento


pesqueiro
A análise de homocedasticidade, com nível de p < 0.05, indica que os valores

de Qui-Quadrado (Variável dependente e Covariáveis χ2calculados0,05(2)) obtidos pelo

teste de Bartllet (Tabela 2) apresentaram homogeneidade das variâncias para

todos os componentes do modelo, exceto para a covariável Esforço de pesca.

Tabela 12 – Resultados do teste de Bartlet demonstrando os valores de para verificar se as


variâncias da variável dependenteχ20.05(2) e covariáveis χ20.05(2) são homogêneas.

Graus de
COMPONENTE DO MODELO Qui Quadrado Nivel-p
Liberdade
Variável Dependente

Rendimento pesqueiro 0.880 2 0.644


Covariáveis
Taxa de Variação interanual da cota máxima 3.869 2 0.144

Taxa de Variação interanual da cota minima 0.501 2 0.779

Cota minima 0.076 2 0.963

99
Cota máxima 0,35 2 0,84

Taxa de variação interanual da amplitude da


0.982 2 0.612
cota máxima-cota minima

Velocidade de vazante 1.912 2 0.384

Esforço de pesca (logaritimizado) 3,170 2 0.204

Para a premissa de paralelismo os valores de F (Tabela 12) indica que a H0

de que existe paralelismo entre as retas covariáveis de cada fator são paralelas.

Tabela 12 - Resultados do teste de paralelismo verificando o efeito total do fator Bacia (3 níveis)
entre as covariáveis].
Soma dos Graus de Média dos F Nivel-p
quadrados liberdade quadrados

Efeito 2.403 10 0.240 0.318 0.925

Erro 2.261 3 0.753

O valor do teste da aderência χ2 (Qui-quadrado) para a variável dependente

e para as covariáveis, não resultou diferenças significativas, no nível de p=0,10,

indicando que os componentes do Modelo apresentam normalidade, com exceção

da covariável esforço de pesca e cota máxima (Tabela 13).

Tabela 13 – Resultados do teste de Barttlet Qui-quadrado (χ2) para verificar a normalidade dos
componentes do modelo linear geral (variável dependente e covariáveis) da pesca profissional de
lagos desembarcada em Manaus durante o período de 1994-2001.

QUI GRAUS DE
COMPONENTE DO MODELO NIVEL-p
QUADRADO LIBERDADE
Rendimento pesqueiro 54.595 4 0,243
Esforço logaritimizado 19,083 3 0,000
Velocidade de vazante 33.427 4 0,502
Taxa de variação interanual da amplitude 55.655 3 0,135
Cota mínima 74.335 4 0,115
Taxa de variação da conta mínima 54.595 4 0,243
Taxa de variação da conta máxima 52.331 3 0,156
Cota máxima 96.00 3 0,025

100
Após a análise dos pressupostos, o modelo linear geral obtido da análise de

covariância (ANCOVA) demonstrou que a variabilidade do rendimento pesqueiro

(toneladas de pescado) pode ser explicada pelas covariáveis Interação Cota

Minima*Esforço de pesca; Cota máxima, Taxa de variação interanual cota

máxima, Taxa de variação interanual da cota minima, e fator Bacia hidrográfica (3

níveis) (r= 0.876; r2=0.768, nível de p<0,10 )(Tabela 14).

Tabela 14 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio da Análise de
covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro;
FATOR: Bacia (3 níveis); COVARIÁVEIS: Taxa de Variação interanual da cota minima do rio, Taxa
de Variação interanual da cota máxima do rio; Velocidade de vazante; Taxa de variação interanual
da amplitude da cota Máxima-Minima; Interação: Cota minima*Esforço pesqueira.
Fonte de variação Somatória dos Graus de liberdade Media dos F p
quadrados Quadrados
Velocidade de Vazante 0.343 1 0.343 0.336 0.573

Cota mínima 4.188 1 4.188 4.103 0.066

Taxa de variação interanual


3.685 1 3.685 3.611 0.082
da cota máxima

Taxa de variação interanual


3.569 1 3.569 3.497 0.086
da cota mínima

Taxa de variação interanual


da amplitude da cota 3.086 1 3.086 3.024 0.108
Máxima-Minima

Bacia 30.974 2 15.487 15.174 0.001


Interação Cota
19.949 1 19.949 19.546 0.001
minima*Esforço de pesca
Erro 12.247 12 1.021

A Figura 23 demonstra a dispersão dos valores de rendimento pesqueiro

(toneladas) estimados pelo modelo e a quantidade de erro (Resíduos) não

explicada pelo mesmo. Não há nenhuma tendência na distribuição dos pontos,

sendo, portanto o modelo bem ajustado, no que diz respeito à distribuição dos

resíduos (Zar, 1999).

101
2

Residuos
0

-1

-2
-5 0 5 10
Rendimento pesqueiro estimado
(toneladas)

Figura 23 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores de Rendimento pesqueiro estimados
pelo modelo hidrológico pesqueiro para frota de pesca profissional que desembarcou em Manaus
enter 1994-2001.

O teste de comparação múltipla a posteriori de Bonferroni, baseado na

estatística "t de student" foi calculado para determinar diferenças significativas

entre os pares de médias dos níveis dos fatores (sistemas fluviais) (Figura 24). A

Tabela 15 demonstra que o Bacia Solimões e Amazonas constituem um grupo,

não apresentando diferenças significativas (nível de p<0,05). Entretanto houve

diferenças significativas entre Purus e Amazonas (p<0,05) e Purus e Solimões

(p<0,05).

Tabela 15 – Matriz de probabilidades do teste a posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), demonstrando


diferenças entre os sistemas fluviais analisados para a pesca profissional realizada em sistemas de
lagos, que desembarcou em Manaus entre 1994-2001.

Amazonas Purus Solimões


Amazonas 1.000
Purus 0.007 1.000
Solimões 0,289 0,000 1.000

102
10.0

(toneladas)
6.6

)
3.2

Rendimentoç pesqueiro
(
-0.2

-3.6

-7.0
as s s
on ru õe
az Pu lim
Am So
Figura 24 – Ajuste das médias dos mínimos quadrados - Resultados do teste a posteriori de
Bonferroni (Zar, 1999), demonstrando diferenças entre as médias de Rendimento pesqueiro
(toneladas) para cada fator Bacia analisado, referente à pesca profissional realizada em sistemas
de lago, que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001

4. Discussão

A conservação e o manejo dos recursos pesqueiros de águas interiores tem

se concentrado em três componentes: Manejo de pesca, Manejo do recurso e

Manejo do ambiente (FAO, 2000 e 2002). O manejo da pesca somente terá

sucesso mediante a implementação de opções que tenham como base à interação

sistêmica - Homem, Recursos Pesqueiros e Ambiente - substanciada por modelos

experimentalmente testáveis, e adaptáveis conforme respostas (positivas e/ou

negativas) obtidas de um monitoramento contínuo das atividades pesqueiras

(Hilborn e Walters, 1995; Bel e Morse, 1999). Uma das etapas para

implementação de modelos de manejo adaptativo é a definição de unidades de

manejo, incluindo identificação, definição de escalas de geográficas de trabalho,

103
mapeamento e caracterização das mesmas (Petts, 1984; Friessel et al., 1998; Bel

e Morse, 1999; Barthem e Fabré, 2004).

Alguns estudos sobre aspectos da dinâmica da pesca (Petrere, 1978a e b

Batista, 1998; 2002 e 2004), sobre o estado de explotação e dinâmica de algumas

espécies de importância comercial (Ribeiro, 1983; Alonso, 2002; Vieira, 2003;

Vieira et al., 2002; entre outros), e sobre os ambientes de pesca (Petrere, 1978a e

1978b; Bayley,1988a e b; Sousa, 2000) vêm apontando que a principal unidade,

de análise da pesca está no nível de Bacias hidrográficas (Batista, 1998) ou, como

foi denominado neste estudo, de sistemas fluviais. Para Barthem e Fabré (2004),

ainda se faz necessário aprofundar os estudos que explorem as inter-relações

entre as espécies e os ambientes em escalas meso e macro regionais.

Considerando a escala regional (nível de bacias), o presente capítulo

descreveu aspectos da pesca profissional lacustre e verificou a existência

diferenças entre rendimento pesqueiro de lagos e a heterogeneidade ambiental

por meio de indicadores hidrológicos para cada bacia hidrográfica, para propor

potenciais unidades de manejo da pesca profissional da Amazônia Central.

De acordo com Batista e Petrere (2004) a produção pesqueira total

desembarcada em Manaus tem maior contribuição da Bacia do Purus, seguida do

Médio Solimões, Madeira, Baixo Solimões Alto Amazonas e Juruá. No presente

estudo, a pesca de lagos respondeu por cerca de 30% do total desembarcado no

porto de Manaus, concentrando-se no eixo Solimões-Amazonas (porção do rio

que está dentro dos limites geopolíticos do Estado do Amazonas) e Purus, que

representam juntos cerca de 89% dos registros de desembarque da pesca

lacustre.

104
Em termos de rendimento pesqueiro, esforço de pesca e rendimento por

pescador-dia, as bacias do Solimões, Amazonas e Purus são diferenciadas de

outro conjunto; o rio Madeira e o Juruá, que tem valores menores. Há uma

concentração das pescarias lacustres nas microrregiões do Baixo Purus (a

montante do município de Tapauá até o encontro com o rio Solimões), Médio

(entre os municípios de Tefé e Anori) e Baixo Solimões (entre Anori e

Manacapuru, até o encontro com o Amazonas) e Alto Amazonas (entre a cidade

de Manaus e Parintins).

De acordo com Batista (1998, 2002, 2003, 2004) e Petrere (1978b) a maior

parte da produção registrada no principal porto de desembarque de águas

interiores da Amazônia é oriunda de rios de água branca, como é o caso da

microrregiões definidas para a pesca profissional lacustre. Esta maior

produtividade das águas brancas é estreitamente relacionada com a quantidade

de nutrientes (Soares e Junk, 2000) carreados durante a fase de enchente do ciclo

hidrológico (Junk et al., 1989).

A maior parcela da pesca de lagos que ocorre na bacia do Purus explota

principalmente espécies tipicamente k estrategistas (Winemiller, 1999; Batista e

Petrere, 2003;), também denominadas de sedentárias, capturadas principalmente

nas formas dendríticos alongadas e mistas. Estas pescarias acontecem no final do

ciclo hidrológico (vazante-seca) nos meses de setembro a outubro, quando a área

do sistema está reduzida e o recurso pesqueiro está concentrado em locais de

difícil acesso com maior profundidade (denominados regionalmente de poços),

que são locais onde permanece água durante todo o ciclo hidrológico.

105
Na Bacia Solimões-Amazonas, a frota atua principalmente em lagos do tipo

Redondo alongados (Médio e Baixo Solimões) e Redondo ovais (Alto Amazonas),

com maior rendimento pesqueiro, rendimento pescador dia e esforço,

concentrando-se em espécies oportunistas e sazonais. Esta pescaria acontece,

sobretudo, no inicio da época de vazante (início do mês de agosto) quando as

águas de dentro do sistema de lago começam a serem escoadas em direção ao

rio principal, desencadeando comportamentos migratórios e concentração dos

recursos nos sistemas de canais retilíneos (paranás, furos, igarapés) (Vieira, 2003;

Ribeiro, 1983), ou também na região de confluência com o rio principal, onde

serão preferencialmente capturados pelos pescadores na zona de confluência do

lago com o rio principal.

Os sistemas de lago com forma arredondada estão localizados em

extensas áreas de várzea, onde há intenso aporte de nutrientes (Junk et al.,

1989). Apesar disso, as formas alongadas também são prevalentes principalmente

no sistema Solimões. A forma alongada parece disponibilizar para os peixes nos

seu eixo principal uma via migratória para os recursos pesqueiros, o que facilitaria

a captura principalmente de espécies oportunistas e sazonais, como é o caso do

curimatá, sardinha e pacu.

Os sistemas de contorno dendrítico são antigos rios, que por processos de

barragem formaram lagos com extensas áreas alagadas, que disponibilizam áreas

de reprodução refugio e alimentação para os recursos ícticos que ali sobrevivem

(Junk, 1984; Forsberg et al.,1993, Mertes et al.,1995 e 1996; Latrubesse e

Franzineli, 2002; Rozo, 2004). Durante o ciclo hidrológico acontecem dois

momentos de intensa movimentação dos peixes. A migração reprodutiva e de

106
alimentação (Ribeiro, 1983; Vieira, 2003). Estes processos migratórios, dentro dos

sistemas de lago ocasionam grandes aglomerações do recurso íctico nos sistemas

de canais, os quais são utilizados principalmente para transporte (Ribeiro, 1983;

Cox-Fernandes, 1988). Os resultados obtidos por Petry et al. (2003),

demonstraram que as assembléias de peixes não se distribuem aleatoriamente,

sendo que os onívoros não apresentaram padrão nenhum dentro do gradiente

canal do rio e interior da área inundável, enquanto que detritívoros foram

encontrados no interior e piscívoros no canal do rio. Provavelmente é por estes

motivos que os pescadores, adaptando-se aos hábitos de suas presas, preferem

concentrar suas pescarias em lagos com formas alongadas, especialmente nos

furos, paranás e nas regiões de confluência com o rio principal que regionalmente

são chamados de bocas de lago.

Dentro deste contexto, as paisagens lacustres exploradas pela frota

pesqueira de Manaus oferecem um alto grau de complexidade e heterogeneidade

ambiental dos sistemas, destacando a hierarquia espacial e temporal

(microhabitat, habitat, tributários, igarapés e riachos – bacia de drenagem,

ecorregiões e área zoogeográfica) como indicadores do grau de estabilidade dos

ecossistemas aquáticos (Petrere, 1978; Bayley, 1981,1988a e 1988b; Ribeiro,

1983; Merona & Bittencourt, 1988; Cunha & Api, 1990; Goulding, 1996; Batista,

1998; Barroncas, 2000; Sousa, 2000; entre outros). Friessel et al. (1986) e Bayley

& Li (1994).

Por outro lado, o pulso de inundação (Junk, et al., 1989) determina

variações comportamentais, físicas, fisiológicas, químicas nos organismos vivos

que interagem na interface dos sistemas aquático-terrestre Amazônicos,

107
influenciando na atividade de pesca e no ciclo de vida das populações ícticas

(Petrere, 1978; Fabré e Alonso, 1988; Bayley e Petrere, 1989; Barthem e

Goulding, 1997; Batista et al., 1998; Batista et al., 2004). Neste sentido, a Figura

25 representa um resumo esquemático que demonstra os tipos de pescado que

são preferencialmente explotados pela pesca de lagos, analisadas neste capitulo.

Pirapitinga
1600
1400
1200
Curimatá Tucunaré
C otas do rio

1000 Aracu Pescada Cará


Jaraqui - Fina Surubim
800 Jaraqui Grossa Cuiu
Pacu
Matrinxã
600 Tambaqui

400 Branquinha
Caparari
200 Sardinha Aruanã

0
J F M A M J J A S O N D

Mes es do Ano

Figura 25 - Esquema representativo da preferência por espécie ao longo dos meses do ano e ao
longo do ciclo hidrológico para a pesca realizada em sistemas de lago que desembarcou em
Manaus durante o período e de 1994-2001.

O recurso pesqueiro explotado pela pesca na Amazônia pode ser agrupado

em três grandes grupos de espécies de peixes: Os sedentários, os migradores e

os grandes migradores. O ciclo hidrológico é dividido em quatro etapas: 1. Fase

de expansão dos habitas aquáticos (enchente) – período de desova; 2.

108
Predomínio de ambientes aquáticos – fase de alimentação e crescimento (cheia);

3. Fase de contração dos habitas (vazante) e 4. Predomínio de Ambientes

terrestres - fase de intensa Predação (seca) (Barthem e Fabré, 2004).

Esta classificação parece se reflete também nas preferências por tipo de

pescado explotado pela pesca de lagos. A maior parte dos tipos de pescado,

capturados nas pescarias de lagos, foi registrada na fase de vazante e seca,

sendo evidenciada a preferência por peixes migradores na vazante, e sedentários

na seca.

No rio Solimões são capturadas preferencialmente as espécies migradoras

e no Purus as espécies sedentárias, sendo que não houve tendência de

diferenciação entre tipos de lago. Entretanto os níveis de esforço de pesca foram

maiores para as espécies migradoras que para sedentários.

Estes aspectos observados demonstram a necessidade de manejo da

pesca profissional em nível de bacia ou Bacia e tipo de lago, sobretudo pelas

evidências de estratégias diferenciadas de explotação do recurso pesqueiro, no

nível de espécies.

4.1 O rendimento pesqueiro e condições hidrológicas para a pesca lacustres


nos principais sistemas fluviais explotados pela pesca profissional no
Estado do Amazonas

Em face às fragilidades das estimativas de abundância ictica que são

obtidas do calculo de Captura por unidade de Esforço (Gulland, 1971) a

elaboração de novas metodologias e técnicas estatísticas (Abaubara, 1996) têm

se mostrado como alternativas mais adequadas para estudos pesqueiros. O

método GLM (Modelos Lineares Gerais) tem a poderosa vantagem de fornecer

uma estrutura que propicia a incorporação de fatores às classes de embarcações

109
e tempo, outrossim, para se ter uma melhor estimativa da tendência da

abundância pode-se simplesmente usar dados de captura num modelo GLM

(Abaubara, 1996) e acrescentar componentes explicativas que sejam mais

adequadas à pesca que estiver sendo analisada.

Os resultados do GLM, aplicados à pesca profissional de lagos

demonstraram que o rendimento pesqueiro das bacias hidrográficas resultou

diferenciado estatisticamente entre os rios Purus, Solimões e Amazonas, sendo

que a maior produção foi calculada para o sistema Solimões, seguido do

Amazonas e Purus. Os efeitos sazonais (cota máxima cota mínima) e interanuais

(Taxa de variação interanual da cota máxima e taxa de variação interanual da cota

mínima) do regime hidrológico sobre a produtividade pesqueira e interação esforço

de pesca*cota mínima do rio, a taxa de variação interanual da cota mínima do rio,

taxa de variação interanual da cota máxima e da cota máxima, tem efeito sobre o

rendimento pesqueiro anual e evidenciaram que o Solimões e o Amazonas

formam um grupo com médias estatisticamente diferente do Purus.

Merona e Gascuel (1993) encontraram efeito do nível do rio de anos

anteriores no rendimento pesqueiro corrente, em um pesqueiro no qual o esforço

de pesca não afetou significativamente a produção, demonstrando com isto o

efeito da variabilidade hidrológica sobre o rendimento pesqueiro em áreas deste

estudo nas proximidades de Manaus. Araújo (2004), no sistema de lagos Piranha,

também avaliou aspectos da variabilidade hidrológica, sobretudo a hipótese de um

gradiente lateral de condições fisico-químicas da água, que afetam a diversidade

de peixes. Batista e Freitas (2003) realizaram estudos sobre o efeito das

mudanças no nível do rio sobre a CPUE oriunda da pesca ribeirinha. Mais

110
recentemente, Vieira (2003) testou o efeito de um índice hidrológico na dinâmica

populacional do Jaraqui (Semaprochilodus spp.).

As diferentes condições hidrológicas de cada sistema determinam

diferenças significativas na pesca. No continente Asiático e Africano, vários

estudos (Welcomme, 1995 e 2000; Ahmed, 2001; Sarch et al. 2001)

demonstraram o efeito das flutuações hidrológicas-climáticas sobre o rendimento

pesqueiro, destacando que o manejo nas águas interiores Africanas deve ser

direcionado para proteger a suas áreas alagáveis com enfoque na integridade

Ecossistêmica. O efeito do regime hidrológico sobre a pesca na Africa

(Welcomme et al, 2003) demonstrou que a pesca é altamente dependente do

regime hidrológico, calculado por meio de índices hidrológicos, e mostrou uma

considerável variação interanual em resposta a eventos climáticos naturais. As

mudanças no regime hidrológico têm efeito negativo nas pescarias, sobretudo no

numero e no tamanho dos peixes capturados. Em Bangaldesh, Craig et al. (2004),

demonstraram que as modificações no regime hidrológicas podem causar

reduções na Captura por unidade área e na biodiversidade de peixes. Halls et al.

(2001) modelaram o efeito da hidrologia e de modificações hidrológicas sobre a

produtividade pesqueira, demonstrando que a sobrevivência de estoques

desovantes é sensível as condições hidrológicas durante a vazante. Welcomme

and Hadborg (1977) sugere que a diminuição no rendimento está associada com

modificações hidrológicas durante a cheia.

Os resultados do presente estudo, provavelmente podem ser relacionados

com a presença de extensas áreas de várzea (Mertes et al., 1996) com alta

magnitude de heterogeneidade ambiental em cada um dos sistemas fluviais

111
estudado, afetando o rendimento pesqueiro especialmente na acessibilidade da

frota ao pesqueiro, e também sobre as estratégias de atuação dos pescadores

para capturar o pescado contribuindo para a construção do manejo da atividade

de pesca profissional lacustre.

Tradicionalmente o manejo pesqueiro tem sido pensado á luz de duas

escalas: no nível de espécies e no nível de Bacia hidrográfica (sistemas fluviais)

(Petrere, 1982; Barthem, 1992; Batista, 2004;). Entretanto as evidências do

presente estudo apontam para a necessidade de um outro nível de organização e

atuação do manejo; os tipos de lago. Além disso, as evidências de que as pescas

profissionais têm preferencialmente explotado espécies sedentárias no Purus e

pequenos migradores no Solimões-Amazonas, sugerem que as táticas e

estratégias de manejo da pesca em sistemas de lago devem ser diferenciadas

conforme a Bacia explotada.

Uma das questões mais importantes para gestão ambiental pesqueira é a

definição de unidades experimentais de monitoramento da atividade (Batista

2004). Na Amazônia, em virtude de suas dimensões geográficas, combinados com

sua complexidade sócioeconômica e ecológica, esta definição ainda não foi

estabelecida. Estudos em macroescala regional (nível de bacias) são necessários

para que seja possível a definição de unidades geopoliticas de monitoramento da

pesca envolvendo todos os usuários do setor. Recentemente, Barthem e Fabré

(2004) têm recomendado substituir a abordagem autoecológica pontual por uma

abordagem meso ou macro escala (bacia, tributário e sistemas lacustres), ou

melhor, ou ainda, em nível de ecossistema.

112
A Figura 26 é uma síntese dos resultados obtidos da analise exploratória

dos dados, evidenciando as principais preferências identificadas para a pesca

profissional lacustre com a análise, sendo necessário testar futuramente a

existência de relações hierárquicas entre os níveis propostos.

Tucunaré Curimatá
Aruanã Pacu
Sedentárias Pequenos migradores
Pescada TIPOS Branquinha
DE Matrinxã
Cará
PESCADO
EXPLOTADOS

Dendritico Alongado FORMA DE


Redondo Alongado SISTEMA DE LAGO
Purus
SISTEMA HIDROGRÁFICO Solimões
Amazonas

Figura 26 - Esquema representativo dos níveis de organização com os subníveis que mais se
destacaram no dimensionamento da pesca realizada em sistemas de lago que desembarcou em
Manaus durante o período de 1994-2001.

As evidências de formação de dois conjuntos (pequenos migradores e

sedentários) de espécies explotadas em sistemas de lago pela pesca profissional,

parecem concordar com as propostas de manejo disponíveis para a pesca na

Amazônia (Barthem et al., 1992; Isaac et al., 1992; Isaac et al., 1998; Alonso,

2002; Vieira, 2003; Batista et al., 2004; Ribeiro e Fabré, 2004) sobretudo pela

necessidade de elaborar estratégias de manejo diferenciadas conforme as

estratégias de vida das espécies explotadas.

A dimensão da área de manejo certamente terá de ser mensurada por meio

de um diagnóstico ambiental na macroescala regional com fins de monitorar a

pesca nas regiões fluviais identificadas para a pesca de lagos no Estado do

Amazonas. É possível que as extensas áreas de várzea, localizadas

principalmente no Baixo Solimões e Baixo Purus, onde estão mais concentrados

os sistemas de lago com formas alongadas (redondo e dendrítico), possam ser

113
definidas como as principais regiões fluviais laterais de importância ecológica, e

dessa maneira, conferindo o alto grau de importância para a paisagem dos

corredores fluviais e suas áreas laterais, como demonstrado por Forman e Gordon

(1981); Naveh e Lieberman, (1993); Naiman e Décamps (1997); Ward et al (2002);

Wiens (2002).

Estes estudos vêm elucidando a existência de interações entre

heterogeneidade espaço temporal e processos hidrodinâmicos, para a fauna ictica

em diversos sistemas fluviais. Tendo em vista que as conformações espaço

temporais das paisagens fluviais (Wiens, 2002) determinam repostas

populacionais, fisiológicas e comportamentais nas populações icticas, talvez o

Purus, e o eixo Solimões-Amazonas, especialmente as grandes regiões de pesca

localizadas no Baixo Purus, Médio Solimões e Alto Amazonas possam representar

grandes áreas de alimentação, reprodução e refúgio que são controladas pelas

variações hidrológicas (Junk et al., 1989) e conseqüentemente afetando o esforço

de pesca.

Provavelmente, as diferenças de heterogeneidade ambiental associadas

com as características fisiogeográficas e hidrológicas dos rios explotados sejam as

principais responsáveis pelas diferenças de rendimento pesqueiro evidenciadas

neste estudo.

Na região de Bangladesh (Ahmed, 2001), sob a perspectiva de manejo

adaptativo (Hilborn e Walters 1995), já vem sendo testadas a viabilidade,

sustentabilidade e replicabilidade de uma compartimentalização, construída a

partir de classificação de habitats de áreas alagadas e critérios hidrológicos, para

desenvolvimento de áreas protegidas. Neste sentido, os sistemas fluviais onde

114
estão localizadas as áreas de concentração da pesca de lagos deverão ser

testados como sendo macrorregiões de pesca constituídas de subunidades

classificadas conforme o nível de diversidade das paisagens lacustres disponíveis

e critérios de pesca (rendimento pesqueiro e esforço de pesca) representando

unidades de manejo para o monitoramento da pesca profissional no Estado.

115
CAPÍTULO 3 – Zoneamento macroecológico da pesca profissional
lacustre na Amazônia Central

116
1. Introdução

O contexto pesqueiro amazônico retrata, a partir da década de 70, uma

intensificação da atividade de pesca profissional como resposta ao cenário

econômico-social daquela época (Veríssimo, 1985; Isaac et al., 1992; Masulo e

Nogueira 1994; Barthem e Fabré, 2004; entre outros). Estas condições históricas

proporcionaram um cenário atual que deflagra uma intensa competição por áreas

de pesca, que têm provocado situações de conflitos entre os diferentes usuários

dos recursos pesqueiros, especialmente pescadores locais (ribeirinhos) e

pescadores itinerantes (profissionais) (Castro e McGrath, 2001). Neste contexto,

diversas aplicações e iniciativas de manejo da atividade de pesca na Amazônia

continuam sendo tomadas priorizando as necessidades especificas dos diferentes

atores envolvidos na atividade, sobretudo com enfoque na pesca ribeirinha com

argumentos conservacionistas e de preservação dos recursos pesqueiros (Leonel,

1998; Castro e McGrath, 2001).

Não é por acaso que o manejo da pesca profissional não têm sido tratado

conforme a magnitude de sua importância para a região. Dentre as limitações

mais importantes, a definição de escalas espaciais e temporais de análise

(Hoghart, et. al., 1999), é uma das mais significativas lacunas, sobretudo pelas

dimensões geográficas da área de abrangência da frota de pesca profissional no

Amazonas.

Recentemente, sobretudo a partir da década de 90, os avanços

tecnológicos, principalmente na área de informática, permitiram o emprego de

poderosas ferramentas de análise espacial de informações (Câmara, 1999;

Medeiros, 1999). A aplicação de ferramentas geotecnologicas tem como principal

117
característica o seu caráter transdiciplinar, sendo possível seu emprego nos mais

diversos campos do conhecimento (Burrough, 1986; Karssenger, 2002).

Na área ambiental, a classificação e delimitação de zonas baseadas na

combinação de diferentes atributos espaciais (vegetação, tipos de solo, formas de

uso, etc.) e não espaciais (dados alfanuméricos em geral, como por exemplo,

densidade populacional, abundância íctica, medidas de biodiversidade, dados

censitários, etc), têm sido elaborados para servir de apoio às tomadas de decisão

de importância econômica e social (Hawks et al., 2000; Medeiros, 1999; Câmara,

1999).

Em pesca, as aplicações vêm se diversificando, principalmente para

definição de unidades marinhas de uso dos recursos pesqueiros (FAO, 2000 e

2002; Guajardo e Voss, 2003; Both e Wood, 2004;). Entretanto, há também

aplicações para a pesca de águas interiores, sendo que estes estudos têm sido

direcionados para geração de mapas temáticos, classificação de áreas conforme a

intensidade de pesca, classificação de habitats de importância ecológica,

aplicação de modelos espaciais para estimativa de rendimento pesqueiro, etc

(Meaden e Kapetsky, 1995; Silva et al., 2001; Amarasinghle et al., 2002;).

Na Amazônia, apesar da existência de diversas aplicações de

geotecnologias para responder as mais antagônicas questões (Filho e Zinck,

1994; Mertes et al., 1996; Novo et al., 1997; Forsberg et al.; 2001) no contexto

pesqueiro regional, um estudo foi realizado com o intuito de compreender o efeito

da geometria de lagos sobre o rendimento pesqueiro (Sousa, 2000). Mesmo que

outros estudos tenham servindo de suporte para compreensão de aspectos

ecológicos dos ambientes utilizados pelos diferentes usuários do recurso

118
pesqueiro (Bayley, 1981; Petrere, 1978; Welcomme, 1995), ainda assim é muito

incipiente a aplicação de metodologias e técnicas geotecnológicas como área

estratégica do conhecimento para fornecimento do suporte cientifico necessário

pra elaboração do macro zoneamento ecológico da pesca na Amazônia.

Considerando as pertinentes limitações na definição das escalas espaciais

de atuação da pesca profissional, a viabilidade de aplicação de metodologias

geotecnológicas para definição de zonas ecológicas de atuação da pesca, o

presente capítulo teve como objetivo verificar a existência de diferenças no

rendimento pesqueiro em diferentes unidades geomorfológicas nas áreas laterais

dos sistemas fluviais amazônicos explotados pela pesca profissional.

2. Material e Métodos

2.1 Base de dados alfanuméricos

Foram utilizados dados do banco de dados da estatística pesqueira do

Estado do Amazonas, previamente tratados e processados para análise da pesca

profissional de lagos (ver capítulo 02). Foram estimados os seguintes dados

pesqueiros: Rendimento pesqueiro (toneladas) e esforço de pesca (número de

pescadores*dias pescando).

2.2 Dados Cartográficos

Conforme a base de dados cartográficos analógicos e as respostas de

localização do pesqueiro obtidas da extração de dados do banco de dados da

estatística pesqueira do Estado do Amazonas, foram realizadas varreduras na

procura dos nomes dos locais relatados nas entrevistas de pesca. Com isto, os

sistemas de lago, onde ocorreram as atividades de pesca, foram classificados e

119
devidamente registradas, as coordenadas geográficas centróides de cada local

(para detalhamento, ver Capítulo 02). Alem disso, foi quantificado o numero de

lagos disponível por categoria de forma na carta analógica disponível (Quadro 4),

para tanto foi realizado uma varredura na carta registrando a freqüência de

ocorrência de lagos por categoria de forma. Por conveniência, a seguinte divisão

geográfica dos sistemas fluviais foi considerada, adaptada de Batista (1998):

1. Alto Solimões: Municípios acima de Tefé

2. Médio Solimões: Tefé – Foz do rio Purus

3. Baixo Solimões: Foz do rio Purus – Manaus

4. Alto Amazonas: Manaus - Parintins

Quadro 4 – Lista de cartas para registro de coordenadas geográficas e quantificação dos sistemas
de lago para cada Bacia explotados pela pesca profissional de lagos
Rio Carta Escala Ano
Madeira rio preto do iguapó açu 1:250.000 1982
Madeira borba 1:250.000 1982
Madeira lagoa três casas 1:250.000 1982
Madeira auxiliadora 1:250.000 1986
Madeira porto velho 1:250.000 1982
Madeira humaitá 1:250.000 1983
Madeira manicoré 1:250.000 1982
Madeira calamã 1:250.000 1981
Purus seringal do axioma 1:100.000 1984
Purus quati 1:100.000 1987
Purus camaruã 1:100.000 1987
Purus abufari 1:100.000 1987
Purus pauini 1:100.000 1984
Purus pauini 1:250.000 1984
Purus paricatuba 1:100.000 1986
Purus jari 1:100.000 1986
Purus canutama 1:100.000 1987
Purus canutama 1:250.000 1987
Purus amélia 1:100.000 1987
Purus tambaqui 1:100.000 1987
Purus tapauá 1:.100.000 1987
Purus tapauá 1:250.000 1984
Purus boca do capanã 1:250.000 1986
Purus seringal do supiá 1:100.000 1986
Purus lábrea 1:250.000 1984
Purus aiapuá 1:100.000 1987
Mamiá mamiá 1:100.000 1987
Rio Carta Escala Ano
Urucu urucu 1:100.000 1987

120
Solimões coari 1:250.000 1984
Solimões coari 1:100.000 1987
Solimões codajás 1:250.000 1984
Solimões codajás 1:250.000 1989
Solimões piorini 1:250.000 1979
Solimões iranduba 1:50.000 1982
Solimões colônia boa vista 1:50.000 1982
Solimões manaus 1:250.000 1983
Solimões/japurá anamã 1:250.000 1984
Solimões/japurá anamã 1:100.000 1984
Amazonas jatuarana 1:50.000 1982
Solimões urucará 1:250.000 1983
Amazonas parintins 1:250.000 1983
Amazonas parintins 1:250.000 1976
Amazonas óbidos 1:250.000 1983
Amazonas são josé do amatari 1:100.000 1980
Amazonas itacoatiara 1:100.000 1980
Amazonas itacoatiara 1:250.000 1998
Amazonas bom sucesso 1:100.000 1980
Amazonas manaus 1:50.000 1980/1981
Amazonas/madeira manaus 1:250.000 1983
Nhamundá nhamundá 1:250.000 1982
Rio negro limão 1:50.000 1983
Rio negro manaus 1:250.000 1983
Rio negro/ jaú moura 1:250.000 1983
Rio negro/branco barcelos 1:250.000 1983
Iça iça 1:250.000 1980
Juruá carauari 1:250.000 1984
Juruá juruá 1:250.000 1984
Canumã canumã 1:250.000 1982
Preto do iguapó açu preto do iguapó açu 1:100.000 1985
Japurá maraã 1:250.000 1984

2.3 Espacialização dos dados pesqueiros

Cada sistema de lago, com sua respectiva coordenada geográfica centróide

(região mais central do lago), corresponderam a uma linha na tabela de dados

alfanuméricos que foi espacializada. Com isto, cada sistema de lago analisado foi

representado espacialmente por pontos, sendo que cada ponto, ou linha da tabela

possui suas próprias características ou atributos, os quais foram plotados.

As informações sobre a pesca foram espacializadas nas imagens JERS-1-

Cheia (NASDA/Miti, 1995, 1998) sendo georreferenciadas nos sistema de

projeção UTM/SAD69, com coordenadas geográficas. Os seguintes atributos

pesqueiros de cada sistema de lago foram espacializados:

121
a) Bacia

b) Nome do Sistema de Lago

c) Rendimento pesqueiro (toneladas)

d) Esforço de pesca (núm de pescador*dia)

e) Tipo de lago (formas classificadas conforme capítulo 01)

Além disso, foi realizada uma classificação não supervisionada (conforme

a metodologia de classificação, ver capítulo 2) das unidades geomorfológicas

onde estão localizados os sistemas de lagos mapeados. As imagens resultantes

da classificação permitiram a identificação de duas unidades geomorfológicas:

a) Unidades de Terra Firme

b) Unidades de Várzea

A capacidade das imagens do Radar JERS-1 em emitir ondas

eletromagnéticas que atravessam alvos terrestres, por exemplo, a copa das

arvores tem como resultado imagens digitais com tons de cinza (DNs – Números

digitais) perfeitamente diferenciados entre áreas de Terra firme e de Várzea

permitindo uma diferenciação com relativa acuracidade. Mesmo que esta

acuracidade da classificação possa ser melhorada, mediante combinações de

diferenciadas de parâmetros de classificação (Áreas e Similaridade), e também

com a combinação de diferentes tipos de imagens (e.g. Melack, et al., 2000), estes

fatos não resultam incoerências que possam afetar os resultados, sobretudo na

escala de trabalho que está sendo considerada.

2.4 Análise dos dados

122
Verificou-se a existência de diferenças significativas no rendimento

pesqueiro das unidades geomorfológicas (Várzea e Terra firme) dos Sistemas de

lago explotados pela pesca devidamente mapeados, por meio de um Modelo

Linear Geral (GLM) - Análise de covariância (ANCOVA), admitindo os

pressupostos do modelo de acordo com Zar (1999). Foi proposto o seguinte

modelo:

O modelo proposto pelo presente estudo é:

Yi = µ + πj + β1*(Ai – A) +β2*(Bi – B) + β3*(Ci – C) + εi

Para cada Unidade Geomorfológica (j= 1,2,3) onde:

Yi = Variável dependente (Rendimento pesqueiro - toneladas)

µ = Média geral do modelo


πj = efeito do i-ésimo nível do fator - Unidade Geomorfológica (Várzea,
Terra Firme, Áreas Várzea/Terra Firme)
β1 = efeito linear da covariável – Numero de Lagos explotados
β2 = efeito linear da covariável – Disponibilidade de lagos por Bacia
β3 = efeito linear da covariável – Esforço de Pesca (pescador-dia)
A = covariável Nº de Lagos explotados por Bacia
A = média da Nº de Lagos explotados por Bacia
B = covariável Disponibilidade de lagos por Bacia
B = média da covariável Disponibilidade de lagos por Bacia
C = média da covariável Esforço de Pesca (pescador-dia)
C = média da covariável Esforço de Pesca (pescador-dia)

εi = componente de erro aleatório

123
3. Resultados

Conforme seus respectivos valores médios, houve evidências de que o

esforço de pesca e o rendimento pesqueiro foram maiores nos lagos de terra firme

do que nos lagos de várzea. A unidade geomorfológica onde não foi definido o tipo

de lago demonstrou tendências de similaridade de esforço e produção com os

lagos de várzea (Figura 27– A e B).


300
Média ±Erro padrão ±0.95 Intervalo de confiança
280

A
Esforço de pesca (Num de Pescador*Dias pescando)

260

240

220

200
181 179
180
160
160

140

120

100

80

60

40
Várzea/Terra firme
Não definida Terra firme Varzea
7
Geounidade
Média ±Erro padrão ±0.95 Intervalo de confiança

6
B
Produção pesqueira (toneladas)

4.2184
4
3.5619
3.3412

0
Várzea/Terra firme
Não definida Terra firme Varzea
Geounidade

Figura 27 – Diagrama do esforço de pesca (Nº e Pescador*dias pescando) – A; e Rendimento


pesqueiro (toneladas) – B; classificados conforme a Unidade Geomorfológica, que correspondeu
área onde o sistema de lago explotado pela pesca profissional está encaixado.
A disponibilidade de lagos por unidade geomorfológicas demonstrou a

tendência de menor quantidade lagos em área de terra firme e áreas não

definidas, sendo que as áreas de várzea, notoriamente representaram maiores

124
quantidades de lagos disponíveis (Figura 28-A). O numero de lagos explotados

pela pesca também foi maior nas áreas de várzea, que nos lagos de terra firme e

em áreas não definidas. (Figura 28– B).

240
Média ±Erro padrão ±0.95 Intervalo de confiança
220

200
A
180

160
Disponibilidade de lagos

139
140

120

100

80

60

40
23
18
20

0
Não definida
Várzea/Terra firme Terra firme Varzea
14
Média ±Erro padrão ±0.95 Intervalo de confiança

12 B
10
Numero de lagos explotados

8
8

6 6

4
3

0
Não definida
Várzea/Terra firme Terra firme Varzea
Geounidade

Figura 28 – Diagrama da disponibilidade e lagos – A; e Numero de lagos explotados – B;


classificados conforme a Unidade Geomorfológica, que correspondeu área onde o sistema de lago
explotado pela pesca profissional está encaixado.

125
Foi calculado um modelo linear geral (ANCOVA) para testar o efeito da

disponibilidade de lago, do número de lagos explotados pela pesca e do esforço

de pesca, sobre o rendimento pesqueiro, sendo também testado o efeito do fator

Unidade Geomorfológica (3 níveis), paisagísticas locais sobre o rendimento

pesqueiro (r2=88; n=22, p<0,05) (Tabela 16). As premissas do modelo foram

testadas sendo que todas as variáveis se adequaram as premissas de

normalidade, homogeneidade das variâncias e Paralelismo entre as covariáveis

(Zar. 1999). O seguinte modelo foi ajustado os respectivos coeficientes:

Tabela 16 – Resultados da aplicação do modelo linear geral, calculado por meio da Análise de
covariância com seguintes componentes: VARIÁVEL DEPENDENTE: Rendimento pesqueiro

Soma dos Graus de Quadrados F p


Fonte de variação quadrados Liberdade médios
Intercepto 26.05 1 26.05 81.98 0.00
FATOR
Fator Unidade
Geomorfológica 4.58 2 2.29 7.21 0.00

COVARIÁVEIS
Logaritmo Esforço 44.16 1 44.16 138.98 0.00
Numero de lagos
1.39 1 1.39 4.39 0.05
explotados
Disponibilidade de
1.85 1 1.85 5.84 0.02
lagos
Erro 5.08 16 0.31

Os respectivos coeficientes do modelo ajustados são indicados a seguir:

Rendimento pesqueiro = -15,15 + 8,62*log ESFORÇO DE PESCA - 0,09*NUMLAGOSEXPLOTADOS+


0,01*DISPONLAGOS + UNIDADE GEOMORFOLÓGICA (3 NÍVEIS)

O teste de comparação múltipla a posteriori de Bonferroni foi calculado

para determinar diferenças significativas entre os pares de médias dos níveis dos

fatores (Unidades Geomorfológicas). A Tabela 17 demonstra que o grupo de lagos

126
de terra firme são estaticamente diferentes dos lagos de várzea e localizados em

unidade geomorfológica diferentes, como demonstrado no gráfico da medias dos

quadrados (Figura 29)

Tabela 17 – Matriz de probabilidades do teste a posteriori de Bonferroni (Zar, 1999), comparando


unidades geomorfológicas utilizadas pela pesca profissional realizada em sistemas de lagos, e
que desembarcou em Manaus entre 1994-2001

Varze/Terrafirme Terra firme Varzea


Várzea /Terra
Firme 1,00
Terra firme 0,29 1,00
Várzea 0,09 0,01

6
Rendimento Pesqueiro (toneladas)
Produção pesqueira (toneladas)

1
rada e a
efrini firm rze
ao /dTee rra Va
e
r ã
z Te
Vá N firm
Unidades geomorfológicas

Figura 29 – Ajuste das médias dos mínimos quadrados - Resultados do teste a posteriori de
Bonferroni (Zar, 1999), comparando as médias de rendimento pesqueiro (toneladas) dos níveis do
fator Unidade Geomorfológica analisada, referente à pesca profissional realizada em sistemas de
lago, que desembarcou em Manaus durante o período de 1994-2001

Na análise dos resíduos, não houve tendências na distribuição dos

resíduos, evidenciando o bom ajuste do modelo, que explicou 88% da variância do

rendimento pesqueiro dos lagos analisados (Figura 30).

127
1,0

0,5

Resíduos
0,0

-0,5

-1,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Rendimento Pesqueiro (toneladas)
estimado

Figura 30 - Distribuição dos resíduos em relação aos valores do rendimento pesqueiro estimada
pelo modelo linear geral calculado para a pesca de lagos, relacionada com diferentes unidades
geomorfológicas utilizadas pela frota de pesca profissional que desembarcou em Manaus
entre1994-2001.

3.1 Espacialização de dados pesqueiros e identificação de zonas de Pesca


de lagos

Em média o rendimento pesqueiro de lagos distribui-se em três principais

faixas: 1) De 0 a 4 toneladas - inclui a região do Alto Amazonas, Baixo Solimões e

Baixo Madeira; 2) De 8 a 12 toneladas – inclui as regiões do Baixo Purus e Médio

Solimões; >12 toneladas que inclui poucos lagos do médio Solimões, sendo

considerados casos extremos (Figura 31).

128
-2
Piorini Acari
Arari
Eixo Solimões-Amazonas Saracura
Limao
Garca
MANAUS

-3 Jurupari
Taboca
Rei
Curari
Cara_acu
Gamboa
BotoSao jose do
SacambuMatheus
Caapiranga Miriti
Sacambu Chibui
Jacarezinho
Badajos Pesqueiro
Acu Apipica
Moura Matamata Araca Murutinga
Piranha Janauaca Piranha
Moura
Anama
Caiambe Manaquiri
Copea Acara Jacare
Jacare Mamori
Trocaris AracaMiua Anori
Jacare
Ena
Camara Lima Beruri
Grande
Sampaio

-4
Aruana
Araua
Coari
Urucu
Tucunare
Mamia
Arroz
PupunhaSurara
Tigre
Produção pesqueira
Tartaruga
Itaboca
Taboca
Moura
Aruana
Ipiranga
Pirauara Jenipapo
Aiapua
Paricatuba Madeira (toneladas)
Latitude (Graus)

Supia grande
Campinas
Bacuri MiuaAruma
Caapiranga
Itaboca Campina
Caverna 24
Piranha
Pereira
Araca Jari 20
-5 Tambaquizinh

Toamiri 16
Tambaqui
Tauaria
Acai
Pilar Preto 12
Jacare
Arima 8
Purus 4
-6 6
0
Jadibaru

Mamoria
Toaria

-7
Toari
Sao Jose
Sacado
Sistema
Sao Jose
Paraiso
fluvial
Caete

-8
-68 -66 -64 -62 -60 -58 -56
Longitude (Graus)

Figura 31– Diagrama de contorno demonstrando as faixas de rendimento pesqueiro distribuídas


entre os sistemas de lagos mapeados no eixo Solimões Amazonas, Purus, e Madeira
correspondendo à área de concentração da pesca profissional de lago da frota de pesca
profissional do Amazonas.

129
A espacialização dos dados permitiu identificar o raio de maior

concentração de sistemas de lagos explotados pela pesca profissional que

desembarca em Manaus. Para tanto, 5 zonas de distância, calculadas em relação

ao centróide Manaus, foram estabelecidas considerando intervalos de 100km.

Num raio de 100 km, denominada ZONA DE PESCA LACUSTRE 01, mais próxima do

centro de desembarque (Manaus), apresenta lagos com produção mais baixa

dentro do intervalo de 0-12 toneladas por registro de desembarque (Figura 32).

130
ALTO AMAZONAS

BAIXO SOLIMÕES

100km

FO

A
200km
QUILÔMETROS

LEGENDA
Produção pesqueira
FONTES DE DADOS: Banco de dados da (toneladas) Unidade geomorfológica
Estatística pesqueira do estado do
Amazonas; Imagem Jers-1-SAR; Maio 36 - 97 AREAS DE VÁRZEA
Julho 1996 (copyright 1992-1998 by
NASDAMITI) 12 - 36
AREAS DE TERRA FIRME
DADOS CARTOGRÁFICOS 0,4 – 12

Sistema de projeção UTM/WGS84


Datum SAD69 Distância de Manaus - Km

Figura 32 – Representação espacial do rendimento pesqueiro de lago explotados nas regiões Baixo
Solimões e Alto Amazonas correspondentes à ZONA DE PESCA LACUSTRE 01, no raio de abrangência
mais próximo de Manaus de até 200km.

131
Na ZONA DE PESCA LACUSTRE 02, considerada a área mais produtiva com

predominância de regsitros dentro do intervalo de 12-36 toneladas onde estão

incluídos os lagos localizados da região do Baixo Purus e Médio Solimões. Dentro

da faixa de 200 a 500 km de Manaus. Nesta região, as áreas de várzea, são mais

extensas e a disponibilidade de lagos provavelmente é maior, sobretudo pela área

de várzea localizada na margem esquerda no Baixo Purus, iniciando-se no lago

Arumã; e no Médio Solimões, iniciando na margem direita do rio Solimões,

próximo do lago de Coari (Figura 33).

132
500km 400km 300km
ELABORAÇÃO Keid Nolan S 200km

QUILÔMETROS

MÉDIO SOLIMÕES

BAIXO PURUS

ELABORAÇÃO Keid Nolan Sil a So sa

LEGENDA

Figura 33 – Representação espacial do rendimento pesqueiro de lago explotados nas regiões Baixo Solimões
e Alto Amazonas correspondentes a ZONA DE PESCA LACUSTRE 02, no raio de abrangência mais próximo
de Manaus de até 500km.

133
4. Discussão

De maneira simplificada, as metodologias utilizadas para elaboração de

Zoneamentos Ecológico-Econômicos (ZEE), consistem na elaboração de

Sistemas de informação geográfica para execução de diferentes técnicas de

geoprocessamento, que permitem combinar, na forma de camadas, diferentes

atributos (ecológico, econômicos, ambientais, uso do recurso, uso do solo,

disponibilidade hídrica, etc) que forem previamente considerados para

elaboração do zoneamento, resulta em mapas temáticos e de indicadores, os

quais serviram de base para formulação das opções de manejo eme uma

determinada área (Burrough, 1986; Maeden e Kapetsky, 1991; Câmara, 1999;

Medeiros, 1999, Karssenger, 2002;).

Mesmo sem ter sido denominada de zoneamento, Petrere (1978b) idealizou

o primeiro esforço de combinação das características da pesca profissional do

Amazonas com atributos espaciais da área de uso do recurso. Naquele estudo, o

autor verificou o efeito da distância do pesqueiro em relação ao centro de

desembarque (Manaus), evidenciando que a frota atuava num raio de mais de

1600 km de Manaus, concentrando-se na faixa de 600km. Vale destacar a

preciosidade do trabalho, pois mesmo com severas limitações tecnológicas, foi

realizado o primeiro mapeamento da área de atuação da frota de pesca

profissional que desembarca em Manaus.

Depois deste estudo, Batista (1998), analisando dados da pesca

profissional entre 1994-1996, também evidenciou a importância da distância do

local de pesca ao centro de desembarque, e verificou que o raio de atuação da

134
frota de pesca profissional havia reduzido para 1100 km, entretanto

permanecendo concentrada na faixa de 600km de Manaus.

Notoriamente, havia a necessidade de algum tipo de análise espacial dos

dados da frota de pesca profissional, sobretudo para compreender o efeito da

heterogeneidade ambiental sobre o rendimento pesqueiro, e identificar os

possíveis padrões espaciais dos dados.

Considerando, dessa maneira, a viabilidade de aspectos conceituais

metodológicos do Zoneamento Ecológico e Econômico, o presente capítulo,

realizou a espacialização de dados pesqueiros, permitindo elaborar

conceitualmente um sistema de informações geográficas da pesca profissional do

Amazonas, abordando questões que envolvem a pesca profissional de lagos.

Naturalmente, é sempre aconselhável ter cautela nas generalizações que

podem ser realizadas com base nos produtos gerados da análise, devendo ser

consideradas: 1. Limitações de escala geográfica; 2. Limitações na escala

temporal da análise; 3. Limitações dos diferentes usuários dos dados; 4.

Limitações inerentes dos dados analisados; 5. Limitações cartográficas (Meaden e

Kapetsky, 1995; Amarasinghle et al., 2000; Fisher e Rahel, 2004). Então, mesmo

que os produtos originados de analises espaciais de dados apresentem-se como

poderosas ferramentas de apoio à tomada de decisão, toda e qualquer

generalização dever ser realizada de maneira bastante cuidadosa.

Nos capítulos anteriores do presente estudo, foram realizados testes

estatísticos para verificar o efeito de fatores (Escala Local – Capítulo 01; Escala

Regional (Bacia) – Capítulo 2) que são variáveis indicadoras do efeito de

diferentes escalas espaciais no rendimento pesqueiro. Neste terceiro capítulo,

135
verificou-se o efeito de diferentes unidades geomorfológicas sobre o rendimento

pesqueiro, na escala de atuação da frota de pesca profissional lacustre do

Amazonas. Uma vez que as escalas forem definidas, será possível eleger critérios

para elaboração do Macrozoneamento Ecológico Pesqueiro do Amazonas.

Os resultados do presente capítulo evidenciaram diferenças significativas

do fator Unidade geomorfológica (terra firme, várzea e áreas transição várzea-

terra firme ou também denominadas áreas mistas), sobre o rendimento pesqueiro,

considerando também a disponibilidade de lagos e o numero de lagos explotados,

além do esforço de pesca (logaritmizado).

Antes de prosseguir, se faz necessário o entendimento das principais linhas

que buscam explicar a composição, estrutura e dinâmica dos ecossistemas

aquáticos. O conceito do contínuo (Vannote et al., 1980) refere-se a um gradiente

físico longitudinal que determina modificações morfológicas e hidrológicas entre

nascente e a foz do rio; diferenciadas conforme a ordem do corpo d’água. O

conceito do pulso de inundação (Junk et al., 1989) estabelece que as trocas

laterais de matéria e energia, entre o canal dos rios e as várzeas, e a reciclagem

de nutrientes, são determinadas pela variação do nível do rio que controla a

produção em rios e em áreas de várzea. Ward e Stenford (1989), propõe o

“conceito de quatro dimensões”, que constitui-se numa visão complementar ao

contínuo e ao pulso de inundação, determinando que o funcionamento dos

ecossistemas, além da variação sazonal e longitudinal se devem a quatro tipo de

variações: longitudinal (ao longo da calha); vertical (coluna d’agua); lateral (água-

terra) e temporal (cheia e seca).

136
Neste contexto, as áreas laterais dos grandes rios, onde estão encaixados

os sistemas de lago (como é o caso dos lagos explotados pela pesca profissional

do Amazonas), são compreendidas como áreas ripárias constituídas de ecótonos,

que possuem importantes e diferentes funções ecológicas para a determinação e

composição da estrutura das comunidades aquáticas (Naiman e Decamps, 1997;

Argenmeier e Kar, 1997; Ward, 1999;).

Barrela et al. (1996) destacou que as áreas ripárias possuem importantes

funções ecológicas, dentre estas se destacam a formação de habitats, áreas de

abrigo e de reprodução. Como já foi definido, há diversas evidências geológicas e

morfológicas que diferenciam os lagos de várzea e os de terra firme (e. g., Iriondo,

1982; Irion, 1984; Forsberg et al., 1993; Mertes et al., 1995; Junk, 1997; Irion et al

1997; Igreja, 1999; Latrubesse e Franzinelli, 2002 e 2000; Rozo, 2004; entre

outros).

A função ecológica das áreas de várzea vem sendo destacada

principalmente com relação ao aporte de nutrientes, que propagam as trocas de

energia nas cadeias tróficas resultando na maior produtividade destas áreas (Junk

et al., 1989; Junk 2000 e 2002), reforçando a importância das áreas de transição

aquático-terrestre (como é o caso da floresta alagada). Seria de se esperar que os

lagos localizados dentro das áreas de várzea sejam mais produtivos e como

conseqüência apresentem maiores níveis de rendimento pesqueiro.

Apesar disso, Sousa (2000) levantou a questão de que os lagos

dendríticos, encaixados nas áreas de terra firme ou em regiões de transição

várzea-terra firme apresentam maiores níveis de rendimento pesqueiro,

137
atribulando estes fatos principalmente acessibilidade local ao sistema, e também a

uma possível maior estabilidade ecossistêmica que os lagos de várzea.

Se os índices de captura estimados no presente estudo por meio de

modelos lineares gerais, forem considerados com sendo índices de abundância

relativa, como sugere Abaubara (1996), há indícios de que os lagos de Várzea são

menos produtivos que os lagos de terra firme.

A importação e a exportação de nutrientes muda consideravelmente com as

diferenças na amplitude do pulso e as condições locais, sendo que o maior

rendimento pesqueiro estimado para lagos dendríticos de terra firme pode ser

atribulada a função ecológica que as complexas áreas de drenagem que

alimentam os sistemas de lagos dendríticos com matéria orgânica oriunda dos

pequenos tributários e igarapés que nascem na floresta (Goulding, 1996).

Segundo Forsberg et al. (1988), os níveis de alcalinidade na mistura são

influenciados pela relação entre a área da bacia de drenagem e a área do lago.

Entretanto, Furch e Junk (1997) consideram que as mudanças físico-químicas dos

lagos de várzea seriam determinadas pela relação entre a zona de transição

aquática/terrestre e área da bacia do lago (ATTZ - Aquatic/Terrestrial Zone/LBA -

Lake Basin Area).

Para efeito, os lagos de terra firme reúnem condições ambientais,

provavelmente associadas com suas condições edáficas (Araújo-Lima et al 1995,

Barthem e Fabré, 2004; Junk,1984) e de disponibilidade de zonas ripárias de

importância ecológica que deflagram os altos níveis de rendimento pesqueiro,

como resposta. A principal característica que deve ser destacada é que os lagos

dendríticos de Terra Firme vêm sendo explotados pela pesca profissional há mais

138
de 30 anos, e ainda assim, o rendimento pesqueiro continua com níveis elevados.

Além disso, conforme evidencias do presente capítulo, a disponibilidade de lagos

de Terra firme é bem menor que de lagos de várzea. Evidentemente que a

importância ecológica dos mosaicos espaciais (Várzea-Terra Firme) deve ser vista

de maneira integrada para que a compreensão da dinâmica ecossistêmica e seu

efeito sobre a produtividade sejam utilizados como critérios para definição de

unidades ambientais de uso do recurso pesqueiros.

4.2 Espacialização de dados pesqueiros

Conforme a combinação temática da distância do porto de desembarque,

da Unidade Geomorfológica, dos tipos de lagos e do rendimento pesqueiro

(toneladas), foram delimitadas 2 zonas de pesca de lagos. Neste sentido, a

espacialização dos dados demonstrou a tendência de concentração da frota de

pesca profissional de lagos num raio de 400 km de Manaus, sendo denominada

de ZONA DE PESCA LACUSTRE 01 com menores níveis de rendimento pesqueiro (0-

12 toneladas), situada nas proximidades de Manaus e na região do baixo

Solimões (considerada a jusante da foz do rio Purus) num raio de 100km do local

de desembarque. No médio Solimões, a partir do município de Coari e Baixo

Purus, a jusante do Lago Arumã, está situada a ZONA DE PESCA LACUSTRE 02 com

maiores níveis de rendimento pesqueiro dentro do inervado de 12 a 36 toneladas,

situada num raio de 200 a 400Km de Manaus.

Muitos estudos, (De Silva, 1988; Amarasinghle, 2000; Hawks et al., 2000;

Ahmed, 2001; Meaden, 2004; entre outros) têm demonstrado boas aplicações

para resolução de questões que envolvem o uso do recurso e a definição de

zonas pesqueiras, delimitadas pela utilização de critérios ambientais – pesqueiros.

139
A exemplo disso, Cordell e Note, 1988; identificaram áreas marinhas costeiras

com potencial para aquacultura baseado na temperatura, turbidez, cor da água,

(Profundidade) analisando dados de imagem SPOT. Kapetsky (1987) realizou um

inventariado de pequenos corpos de água no ZinBawe para o manejo da pesca e

desenvolvimento da aqüicultura. Nuridddinov (1989) analisou as mudanças no

perímetro do lago Sarykamysh devidas ao uso antrópico na Ásia Central. Meaden

(1987) identificou as áreas de importância pra cultivo de trutas no sul da Inglaterra.

Apesar da amplitude de aplicações que já vem sendo realizadas em

estudos pesqueiros, na Amazônia, como já foi citada anteriormente a situação é

bastante carente. Neste sentido, as delimitações das zonas de pesca lacustres

representam o ponto de partida que deverá desencadear novos estudos e

aprimoramento metodológico para obtenção de subsídios para o

Macrozoneamento da Pesca na Amazônia.

Considerações Finais

No contexto do Gerenciamento da pesca na Amazônia, Batista (1998)

destaca que um dos aspectos fundamentais a serem considerados é a definição

das unidades de manejo com homogeneidade espacial suficiente para serem

consideradas como unidades administrativas da pesca, sendo possível integrar a

participação dos atores sociais, a abordagem ecossistêmica, e a definição de

parâmetros monitoráveis da pesca e dos estoques dos recursos pesqueiros, a

serem administrados. Esta perspectiva para o manejo da pesca na Amazônia,

assim como qualquer outra proposta de manejo, vem freqüentemente esbarrando

em definições de ordem geográfica, sobretudo na escala espacial de atuação.

140
Não obstante, são diversas abordagens de manejo (Bayley e Petrere, 1989;

McGrath et al., 1993; Castro e McGrath, 1994; Vieira; 2003; Ribeiro e Fabré, 2004;

Batista et al., 2004), mas em principio, a abordagem ecossistêmica (Sparks, 1995)

sob uma ótica adaptativa (Walters, 1995) parece a prerrogativa teórica mais

adequada para gerenciamento da pesca profissional de lagos, sobretudo à luz da

importância que os sistemas de lagos dendríticos demonstraram no presente

estudo. O principio básico do manejo adaptativo, é que deve haver flexibilidade e

sustentabilidade no sistema de Manejo para adaptarem-se as novas situações que

surjam por eventos naturais, por modificação nos padrões de exploração dos

pescadores, dos consumidores e como conseqüência das medidas de manejo

tomadas anteriormente, tendo como suporte principal à capacidade do

ecossistema de manter e suportar as comunidades de organismos em equilíbrio

com a estrutura de habitats naturais da região.

No intuito de identificar unidades territoriais com características

suficientemente homogêneas, de tal forma que pudessem ser consideradas como

unidades territoriais de manejo, o presente estudo propõe três conjuntos de

variáveis: Paisagísticas, Pesqueiras, e Ecológicas. Os diferentes níveis de análise

dos dados realizados ao longo dos três capítulos deste estudo, conduziram à

identificação de variáveis indicadoras, as quais caracterizaram unidades de

manejo em diferentes escalas espaciais de trabalho (Quadro 5).

141
Quadro 5 – Proposta de Escala e Unidades de Manejo para a pesca de lagos, considerando a divisão hierárquica em unidades ecossistêmicas (Perímetro
– Km; Conexão com rio principal – Km; Quantidade de Floresta Alagada – Km²; CPUE – toneladas/nº de pescador*dias pescando; Extensão. Linear – km;
Distância de Manaus – km; Cota máxima e mínima do rio – cm
UNIDADE ECOSSISTÊMICA
SISTEMA LACUSTRE PREDOMINANTE POR TIPO DE LAGO EXPLOTADO SISTEMA DE TRANSIÇÃO (VÁRZEA/TERRA FIRME) SISTEMA FLUVIAL (BACIAS)
CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS
PAISAGÍSTICA PESQUEIRAS ECOLÓGICAS PAISAGÍSTICA PESQUEIRAS ECOLÓGICAS PAISAGÍSTICA PESQUEIRAS ECOLÓGICAS
1. Extensão Linear 1. Nº de
VARIÁVEL VARIÁVEL VARIÁVEL 1. Espécies
A.) Desenv. 1. Espécies 2. * Cota mínima do pescador
INDICADORA INDICADORA 1. Dist. Manaus 1. Espécies INDICADORA rio 2. Nº de lagos
perimetral 1. Dias 2. Quantidade de 2. Dias
Æ Æ 2.Dias pescando 2. CPUE – Æ disponíveis
B.) Perímetro pescando Floresta alagada 1. Extensão 3.* Velocidade de pescando
3.Nº pescadores Abundância 3. CPUE –
C) Conexão rio 2. Nº de 3. CPUE – Abundância linear Vazante 3 - Nº de
LAGOS MUNICÍPIOS Relativa RIOS Abundância
Principal Pescador Relativa 4. *Cota máxima do Lagos
È È È Relativa
rio Explotados
1 - Pacu, Jaraqui-Fina,
ALONGADO
REDONDO

A ) 21,35
Copeá 1 – 19,91 Sardinha
B ) 194,14km

MÉDIO SOLIMÕES
Acará 2 - 8,9 2 - 335,40km²
C ) 25,84km
3 - 0,06 1 - Pacu,
Coari, 1 - 483km
Jaraqui-Fina,
Codajás, 359km 2 – 14,5
Sardinha
A ) 27,04km 1 - Jaraqui-Grossa, Anamã 3 - 8,4
DENDRÍTICO
ALONGADO

Anamã, Miuá, 2 - 0,08


B ) 1064,62km 1 – 18,64 Pescada Tucunaré,
Badajós, Coari, 1 - Curimatá,
C ) 3,69km 2 - 9,17 Aruanã
Piorini, Mamiá Sardinha, Jaraqui

SOLIMÕES
2 - 330,40km² 1 - 546,66 1 – 8,06
3 - 0,082 Fina, Jaraqui
2 - * Fator 2 - 13,,31
Grossa.
hidrologico - Sazonal 3 - 4,3
UNIDADES TERRITORIAIS DE MANEJO

2 – 120,42
DENDRÍTICO
ALONGADO

A ) 17,92 Curimatá, Sardinha, 3 – 0.027


1 – 20,8 BAIXO SOLIMÕES
Jacaré, Cururu B ) 542,91km Jaraqui Fina, Jaraqui 1 - Curimatá,
2 - 8,8 Manacapuru
C ) 10,54km Grossa 1 - 65,45km Sardinha,
Manaquiri
2 – 8 ,07 Jaraqui Fina,
Janauacá 184,66km
1 – Curimatá e 3 – 6,69 Jaraqui
Careiro
Grossa.
RAMIFICADO
DENDRÍTICO

A ) 30,11 Sardinha, Pacu, Jaraqui Iranduba


Manaquiri, 1 – 12,82 2 – 0,09
B ) 1218,18km Fina
Janauaca 2 - 7,5
C ) 5km 2 - 401,94km²
3 – 0,06
1 - 241,44 km²
Rei, A ) 8,63 1 – 20,66
REDOND
O OVAIS

2 - Pirapitinga, Caras Manaus,


ALTO AMAZONAS

Murutinga, B )241,44 km 2 – 7,61


Pacus, Matrinxã Careiro da 1 – Pirapitinga,

AMAZONAS
Sampaio C ) 10,66km 1 - 145,58km 1 - Pirapitinga,
3 - 0,0426 Várzea 1 - 234,16km 1 - 7,8 Caras Pacus,
2 - 18,19 Caras Pacus,
Autazes Nova 234,18km 2 - * Fator 2 - 18,19 Matrinxã.
1 - 330,40km² 3- 7,8 Matrinxã.
RAMIFICADO

Olinda do hidrologico - Sazonal 3 - 4,3 2 - 180,5


DENDRÍTICO

A ) 8,29 1 – 20,15 2 – 0.059


2 - Pirapitinga, Caras Norte 3 – 0,028
Canaçari, Arari B) 250,74km 2 – 7,28
Pacus, Matrinxã Itacoatiara
C ) 9,56km
3 - 0,04

1 - 192, 42km²
DENDRÍTICO

1 - Aruanã, 1 -Aruanã,
ALONGADO

Surara Beruri, A ) 20,96 1 – 20,05 2 - Jaraqui Grossa,


Anori, Arumã, B) 540,84km 2 – 7,63 Pescada, Tucunaré, Pescada,Tucu Pescada,
BAIXO PURUS

Jarí Paricatuba C ) 4,4km Aruanã, Tambaqui naré,Tambaqui Tucunaré,


1 - 324km 1 - 357,91km 1 – 7,7

PURUS
3 – 0,048 Tapauá Beruri , Caparari, Tambaqui,
357,91km 2 – 16,55 2 - * Fator 2 - 16,18
Anori Surubim, Caparari,
3 - 8,22 hidrologico - Sazonal 3 - 7,75
1 - 92,73km² Caruaçu Surubim, Caruaçu
A ) 29,73 1 – 18,92
ALONGADO
REDONDO

2 – Aruanã, Tucunaré, 2 – 111,98


Caua, Aiapuá B )1374,70km 2 – 8,66
Tambaqui 2 - 0.056 3 - 0.05
C ) 3,5km
3 - 0, 047
143
Neste contexto, as áreas de pesca de lagos foram definidas em três níveis

ecossistêmicos: 1) Sistemas fluviais : Áreas de Manejo de Bacias, 2) Sistemas de

transição Várzea/Terra Firme: Áreas de Manejo de Lagos por bacias e 3) Sistemas

lacustres predominantes por tipo de lago: Áreas de Manejo local comunitário.

A Figura 34 e Figura 35 representam espacialmente as 4 unidades

territoriais de manejo de Bacias propostas: Unidade do Médio Solimões; Unidade do

Baixo Solimões; Unidade do Baixo Purus e Unidade do Alto Amazonas.

145
5
4
3 1
A
2

Quilômetros

Figura 34 Representação espacial das áreas de manejo de bacias propostas para a pesca profissional de lagos no Estado Amazonas,
considerando os limites municipais, as zonas de distância em relação à Manaus e o rendimento pesqueiro por pescador ias pescando.

146
Figura 35 - Representação espacial das áreas de manejo de bacias propostas para a pesca profissional de lagos no Estado Amazonas,
considerando os limites municipais, as zonas de distância em relação à Manaus e o rendimento pesqueiro por pescador ias pescando.
147
No nível de macro escala: Sistema Fluvial Solimões, estão sendo propostas

duas unidades territoriais:

1. Unidade do médio Solimões delimitada pelos territórios municipais das

cidades de Coari, Codajás e Anamã. Nesta região, há a predominância de lagos

dendrítico alongados e redondo alongados, dentre os quais são sugeridos como

unidades de manejo, em nível local, os seguintes sistemas lacustre: Copeá, Acará,

Anamã, Miuá, Badajós, Coari, Piorini, Mamiá.

2. Unidade do Baixo Solimões constituída pelos municípios de Manacapuru,

Manaquiri, Janauacá, Careiro e Iranduba, com os sistemas de lagos: Manaquiri,

Janauacá, Jacaré e Cururu.

No Sistema Fluvial do Amazonas, propõe-se uma unidade a denominada do

Alto Amazonas, constituída pelos municípios de Itacoatiara, Manaus, Careiro da

Várzea, Autazes, nova Olinda do Norte, sendo predominantes os lagos redondo

ovais e dendrítico ramificados, contendo as unidades locais de manejo (sistemas

lacustres) os lagos: Rei, Murutinga, Sampaio, Canaçari e Arari.

No caso do Sistema Fluvial do Purus, sugere-se a definição da Unidade do

Baixo Rio Purus, constituída pelos municípios de Anori, Beruri e Tapauá, sendo

predominantes lagos do tipo dendrítico alongados e redondo alongados, e dentre os

quais foram sugeridos como unidades locais de manejo os seguintes sistemas:

Surara, Beruri, Anori, Arumã, Jarí, Paricatuba, Caua e Aiapuá.

A caracterização das unidades territoriais de manejo propostas no presente

estudo foi realizada conforme a combinação de informações que permitiram tratar de

forma transversal as inter-relações entre os componentes paisagísticos, pesqueiros e

ecológicos no nível ecossistêmico. Esta abordagem interdisdisplinar gerou um

148
conjunto de variáveis ou descritores significantes que pode representar um sistema

de indicadores para o monitoramento e controle da pesca de lagos. No nível local

está sendo proposto como indicadores os seguintes descritores:

1. Componente Paisagístico: Desenvolvimento perimetral, Perímetro e

Conexão com o rio principal;

2. Componente Pesqueiro: Esforço de pesca decomposto em Número de

pescadores e Número de Dias pescando e

3. Componente Ecológicas: Espécies ou tipos de Pescado explotados;

Quantidade de Floresta Alagada e Abundância Relativa por tipo ou por espécie –

CPUE (toneladas capturadas por Pescador* dias pescando).

No nível de meso escala: Sistemas de transição Várzea/Terra Firme:,

propõem-se como indicadores:

1. Componente Paisagístico: a Seção Linear do sistema fluvial que está

incluída dentro dos limites municipais da unidade;

2. Componente Pesqueiro: a distância de Manaus, o número de dias

pescando; e o número de pescadores; e

3. Componente Ecológico: Espécies ou tipos de pescado explotados e a

Abundância relativa (CPUE).

No nível macro escala: Sistemas fluviais sugerem-se os descritores:

1. Componente Paisagístico: a seção linear do sistema fluvial que está

incluída dentro dos limites municipais da unidade, a cota mínima e a máxima do rio, e

velocidade de vazante do rio;

2. Componente Pesqueiras: o número de pescador; número de dias

pescando, número de lagos explotados e número de lagos disponíveis; e

149
3. Componente Ecológicas: os tipos de pescado explotados e a abundância

relativa (CPUE).

As evidências, obtidas das análises realizadas no presente estudo sugerem

que há similaridade entre as unidades ora propostas. Os sistemas fluviais Solimões e

Amazonas são preferencialmente explotadas espécies migradores (Pacu, Curimatá,

Sardinha, Jaraqui de Escama fina e de Escama grossa), sendo que no Baixo Purus,

as capturas estão compostas principalmente por espécies com de comportamento

sedentário, tais como Aruanã, Pescada, Tucunaré, Carauaçu. Em geral, os sistemas

de lago explotados estão bem próximos do rio principal, com distância media de

10km.

No médio e do baixo Solimões as oscilações médias de abundancia relativa

são aparentemente maiores que no Amazonas e no Purus, representando cerca de

0,08 (toneladas/pescador dia por registro de desembarque), no Solimões e no Purus

e Amazonas algo em torno de 0,500 t por pescador dias pescando. Estas diferenças

evidenciadas na macro escala, que permanecem na meso e na escala local são

provavelmente ocasionadas pelas diferenças nos tipos de pescarias realizadas nos

diferentes rios. As pescarias de peixes migradores apresentam particularidades

bastante discrepantes das pescarias de peixes sedentários (peixes de lago) (para ver

descrição das pescarias, consultar Petrere, 1978 a e b). Além disso, as próprias

diferenças geomorfológicas e fisiográficas dos tipos de lagos (Capítulo 1), dos

sistemas fluviais (Capítulo 2) e das áreas de várzea e terra firme (Capítulo 3),

também representaram o embasamento necessário para a definição das unidades de

manejo ora propostas.

150
Mesmo assim, algumas limitações deverão ser consideradas para a

delimitação das unidades territoriais de manejo da pesca de lagos. Uma delas é a

definição dos limites geográficos da unidade, pois tendo em vista que foram

consideradas as demarcações municipais, existem algumas situações onde não está

claro o limite de uma unidade e inicio de outra. Também, há casos onde é necessário

o estabelecimento de interações administrativas intermunicipais, tendo em vista que

alguns sistemas de lagos são atravessados ao meio pelo limite municipal, como é o

caso, por exemplo, do lago Badajós.

Além disso, outras variáveis deverão ser complementadas para a

caracterização das unidades, como por exemplo, o nº de pescadores locais e de

pescadores externos, o Nº de comunidades rurais, o acompanhamento do nível do rio

com réguas locais, a mensuração do perfil topográfico do sistema de lago,

quantificação das áreas ocupadas por macrófitas aquáticas, a definição de zonas de

uso na escala do local, o mapeamento de áreas criticas de desmatamento e

atualização de dados censitários.

Diante do exposto, o manejo da pesca de lagos deverá ser realizado

urgentemente, sobretudo pelo estado atual da pesca de lagos que evidencia: 1) a

existência de conflitos entre diferentes usuários dos recursos pesqueiros lacustres e

2) a importância ecológica dos ecossistemas de lagos amazônicos para a

sustentação das cadeias tróficas aquáticas. Sabe-se que uma proposta de manejo

deve conter: 1) unidades de manejo definidas; 2) Ações prioritárias; 3)

Estabelecimento de Sistema de monitoramento e controle. Com isto, o presente

estudo propôs a definição de unidades ecossistêmicas e unidades territoriais de

manejo da pesca de lagos, considerando variáveis pesqueiras, paisagísticas e

151
ecológicas, com o intuito de contribuir para um gerenciamento da pesca de lagos

considerando além das questões locais, também outras escalas geográficas,

ambientais, ecossistêmicas, econômicas, numa percepção integrada, participativa e

adaptativa.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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