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Olá turma, hoje iremos apresentar e analisar

as problemáticas do pós-guerra,
nomeadamente os refugiados, os deslocados e
a reconstrução.
Reconstrução pós-II Guerra Mundial
Após a guerra, a Europa estava devastada.
Então, o presidente Harry Truman assinou, em
1948, o Plano Marshall, criado pelo Secretário
de Estado dos Estados Unidos, George Catlett
Marshall, e a ajuda americana foi, assim,
distribuída. Este programa consistia em
reconstruir cidades, indústrias e infraestruturas
que estivessem fortemente danificadas. Além
disso, também pretendia remover as barreiras
entre países vizinhos. Assim, reabilitar-se-ia a
economia e garantir-se-ia que a democracia
prevalecesse na Europa. Os resultados foram
notórios, com o crescimento significativo da
agricultura e da industrialização, que subiu 40%
acima do nível pré-guerra. As importações e as
exportações também cresceram,
comparativamente ao período anterior à guerra.
As pessoas começavam a regressar aos seus
empregos e o nível de vida estava a subir.
No Japão, a sociedade renovou-se, tendo
sido implementado um modelo americano de
ensino de alto nível para os trabalhadores. Deu-
se uma reforma agrária entre 1945-1949, onde
se distribuiu 40% das terras da nobreza entre os
pequenos produtores. Assim, o Japão passou
de um país arruinado pela guerra, que se
encontrava numa grave crise económica e
social, para a 3º potência mundial nos anos 70.
Isto tudo deveu-se à ocupação por parte dos
Estados Unidos da América, que
implementaram uma economia de mercado
livre, tendo havido um aumento dos
investimentos privados na indústria.
Na Europa em 1951, foi criada a CECA
(Comunidade Europeia do Carvão e do Aço).
Mais tarde, em 1957, foi assinado o Tratado de
Roma por vários países com o objetivo de
suprimir as taxas alfandegárias e garantir a livre
circulação de mercadorias, capitais e
trabalhadores, formando um mercado comum.
Pós Primeira Guerra Mundial
No pós I Guerra Mundial a geopolítica
internacional mudou drasticamente, com a
movimentação de fronteiras, a criação de novos
países e a divisão de alguns. Com esta guerra,
tornou-se significativo o número de refugiados
na Europa, então, surgiu em debate a sua
proteção. Em 1921, no Conselho da Sociedade
das Nações, surgiu o primeiro Alto Comissariado
para Refugiados, destinado a apoiar os
refugiados. A sua proteção foi estabelecida em
1951 com a formulação do Estatuto dos
Refugiados das Nações Unidas que
possibilitava aos Estados só aceitarem fluxos se
estes fossem oriundos de países europeus.
Pós Segunda Guerra Mundial
Seguidamente, com a II Guerra Mundial, a
organização de campos de refugiados
demonstrou o quão complexas as formas da
política internacional tenderiam a constituir-se a
partir da segunda metade do século XX. Deram-
se, então, os maiores deslocamentos humanos
observados na História do mundo moderno,
originando mais de 40 milhões de pessoas
deslocadas provenientes da Europa.
Refugiados
Chama-se de refugiados a pessoas
forçadas a sair do seu país, na procura de
refúgio. Muitas famílias, inclusive, são
pertencentes à classe média no seu país de
origem, onde já tiveram empregos estáveis e
uma vida digna. Contudo, abdicam de toda essa
realidade, para fugirem de um conflito perigoso,
arriscando as suas vidas num pequeno barco,
por exemplo, sem um plano muito elaborado,
por não encontrarem mais nenhuma saída, pois
os seus direitos como seres humanos estão a
ser violados desrespeitosa e violentamente. Os
conflitos armados, políticos ou a permanência
de uma comunidade criminosa num país forçam
esta apressada e perigosa necessidade de asilo
imediato.
Além dos refugiados, existem também os
deslocados, indivíduos que fogem da sua cidade
para dentro do seu próprio país, pelos mesmos
motivos de um refugiado, mas que não
atravessaram uma fronteira internacional para
encontrarem proteção.
Estes migrantes forçados encontram muita
dificuldade para se restabelecerem noutros
locais, além de que muitos deles não
conseguem legalizar a sua situação no novo
país com facilidade, vivendo como apátridas e,
às vezes, clandestinamente. O Alto
Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR) tornou-se responsável
pela proteção internacional dos refugiados e por
encontrar soluções permanentes para essa
problemática, devendo auxiliar os governos.
Quando um indivíduo abandona a sua terra
natal e chega a outro território, três situações
podem ocorrer: ser mandado de volta ao seu
país; ser acolhido pelo país no qual entrou,
obtendo refúgio; ou ser enviado a um terceiro
país.
A primeira delas é a mais difícil, mas, ao
mesmo tempo, é a mais desejada e, por esse
segundo motivo, é muito incentivada pelo
ACNUR, visto o sentimento natural do ser
humano ser retornar ao seu lar, onde estão as
suas origens e onde mais se identifica.
Mediante a segunda delas, o refugiado
encontra melhores condições de reestruturar a
sua vida, estabelecendo-se num novo Estado,
razão pela qual o ACNUR auxilia o país que o
acolheu, no sentido de promover a sua
integração na comunidade local. Porém, esta
solução também acarreta algumas dificuldades
no que toca à adaptação do refugiado à nova
sociedade na qual será inserido, uma vez que
esta pode ter uma cultura diferente da sua.
Por fim, a última solução trata-se da
inserção do refugiado num terceiro Estado, em
decorrência de dificuldades quanto à sua
integração no primeiro país que o recebeu.
Fatores positivos
Geralmente, quando um país refugia um
fluxo de migrantes forçados, dá-se um
fenómeno chamado de “explosão demográfica”.
Assim sendo, é necessário haver uma
sensibilização e disponibilização de informação
às comunidades dos Estados que refugiam
migrantes forçados, de modo a garantir uma
melhor integração. Muitos são os mitos que
correm, como por exemplo a ideia de que as
pessoas não têm o direito à proteção ou que, se
os aceitarmos, irão roubar-nos empregos. Deve
ser esclarecido à população que, muito pelo
contrário, os esforços dos refugiados podem
ajudar a criar novos empregos, fazer crescer a
produtividade e o salários dos produtores locais,
levantar retornos de capital, estimular o
comércio internacional e o investimento,
impulsionar a inovação e o empreendimento.
Salazar e os refugiados
Durante a época do Estado Novo, muitos
refugiados só obtiveram vistos de trânsito após
terem o visto do seu país de destino e uma
passagem de barco ou de avião. Além disso,
apenas ficavam em Portugal entre o tempo de
chegada e de partida. Já aqueles que
prolongavam a sua estadia, enfrentavam
grandes dificuldades para sobreviver num país
que os proibia de trabalhar. Entre abril de 1939
e março de 1941, os estrangeiros foram
proibidos de exercer variadas profissões como é
o exemplo de medicina, teatro, engenharia e
arquitetura.
Em 1940, a PVDE decidiu juntar o máximo
de estrangeiros em Vilar Formoso. De acordo
com vários relatórios, iniciou-se, então, uma
divisão de refugiados por locais de instalação.
Por exemplo, aqueles que tinham vistos “legais”
para países além do Atlântico, podiam viajar
imediatamente para Lisboa, enquanto os outros
eram obrigados a permanecer na fronteira até
serem colocados em locais de residência fixa.
Apesar de terem liberdade para se mover
nessas zonas, os refugiados não se podiam
afastar mais de 3 quilómetros.
Apesar do escândalo inicial, começou a
surgir uma fascinação pelos novos hábitos
independentes trazidos pelas mulheres
estrangeiras. Assim, estas influenciaram a
moda, com a introdução do “cabelo curto ao
estilo dos refugiados”, os sapatos de cortiça e os
vestidos curtos. Seguindo o seu exemplo,
muitas mulheres portuguesas também
começaram a sentar-se em cafés, ir ao cinema
sozinhas e a sair de casa sem meias, luvas ou
chapéu.
Todavia, em 1941, foram anunciadas novas
regras para os fatos de banho. A presença dos
refugiados foi a causa da implementação destes
novos hábitos que incluíam o uso de um saiote,
para as mulheres, e de uma camisola para cobrir
a parte de cima dos homens.
Guerras
A ONU já considera a crise dos refugiados a
mais intensa crise humanitária do século. De
acordo com o relatório do ACNUR, divulgado a
18 de junho de 2021, e referente a 2020, 82,4
milhões de pessoas já se tornaram refugiados,
das quais 35 milhões são crianças. É importante
recordar a situação das crianças durante todo o
processo de guerra. Todos sabemos que,
quando há conflitos ou desastres, as crianças
são as primeiras a sofrer e as mais atacadas,
estando sozinhas ou separadas das famílias a
atravessar fronteiras. Aliás, atualmente, 1 em
cada 4 crianças vivem em zonas perigosas,
enfrentando um futuro incerto. Por todo o
mundo, mais de 30 milhões de crianças já foram
deslocadas devido a algum conflito. Muitas
delas, inclusive, estão a ser escravizadas,
traficadas, abusadas e exploradas. Ainda outras
estão num impasse, sem imigração oficial ou
acesso a educação e cuidados de saúde.
Consoante dados da ONU, 13,5 milhões de
pessoas precisam de assistência humanitária e
de proteção na Síria, 6,9 milhões estão
deslocadas dentro da Síria e existem 6,6
milhões de refugiados sírios em todo o mundo.
Aproximadamente 9 anos de guerra síria deixou
mais de 6 milhões de crianças necessitadas e
mais de 2.4 milhões a viverem como refugiadas.
Assim, este país tornou-se o centro do
problema. Consequentemente, formou-se uma
repulsa por parte dos europeus, baseada em
discursos xenófobos.
Além da Síria, países africanos, como o
Congo, o Sudão e a Nigéria, sofrem com o
mesmo problema, há bastante tempo, devido à
descolonização repentina e desorganizada. Em
toda a África Ocidental e Central, a violência e
insegurança estão a tirar o direito à educação a,
aproximadamente, 2 milhões de crianças - uma
geração inteira.
Entre 2017 e 2019, na República
Democrática do Congo, 5 milhões de pessoas
deslocaram-se devido a novos conflitos. Já na
República Central Africana, cerca de 1.2
milhões de crianças precisam
desesperadamente de ajuda, após 6 anos de
guerra.
Outras centenas de milhares fugiram para
Angola, Zâmbia e outros países vizinhos. Mais
de 918.000 refugiados e solicitantes de asilo da
RDC abrigados em países africanos e mais de
524.000 refugiados de outros países africanos
na RDC. Dados de 2020.
No Médio Oriente, o Afeganistão está a
sofrer uma grave crise humanitária. Mais de 2,6
milhões de pessoas foram forçadas a deixar
tudo para trás apenas em 2021. Há 40 anos que
o povo afegão sofre com conflitos, precisa ainda
de lidar com o aumento de desastres naturais,
pobreza crónica e insuficiência alimentar.
Já na América do Sul, a crise na Venezuela
também tem colocado os cidadãos
venezuelanos numa situação semelhante.
Comparação refugiados ucranianos e do
resto do mundo
A guerra na Ucrânia desencadeou uma
adaptação por parte do resto do mundo a uma
nova realidade, que resultou na abertura de
fronteiras a refugiados ucranianos por parte de
países como a Polónia, a Eslováquia, a
Roménia, a Moldávia e a Hungria.
Em 2021, o país tinha um total de 43 milhões
de habitantes, mas o mais recente boletim diário
da agência da ONU indicou que já há registo de
mais de 5,26 milhões de pessoas que deixaram
o território ucraniano em direção a outros
países. Se forem alcançadas as novas
previsões do ACNUR, a guerra na Ucrânia
desencadeará um êxodo maior do que outras
crises atuais, como a da Venezuela. Dos 5,25
milhões de pessoas que deixaram a Ucrânia,
quase 3 milhões partiram para a Polônia. O
ACNUR indicou ainda que há 7,7 milhões de
deslocados internos na Ucrânia e 2.8 milhões
são crianças. O número de pessoas que
deixaram as casas no território ucraniano já
chegou a 13 milhões.
Há um descontentamento por parte da
população árabe pelo facto da União Europeia
aceitar refugiados ucranianos de braços
abertos, mas, no entanto, faz o que pode para
manter aqueles que enfrentam guerras do outro
lado do mundo longe das suas fronteiras. O
sofrimento nesses países é tão elevado como na
Ucrânia, por isso não faz sentido tratar as
pessoas de forma diferente. Ao fazê-lo, a
Europa revela o seu racismo enraizado.
Nos primeiros dias da guerra, foram feitos
comentários por jornalistas ocidentais. As
citações seguintes, de caráter xenófobo,
demonstram a falha destes jornalistas por não
serem imparciais no que toca à informação.
Por exemplo, Charlie D’Agata, repórter da
CBS News disse, em direto, que a guerra na
Ucrânia não podia ser comparada com as do
Iraque e do Afeganistão porque a zona oriental
da europa é mais “civilizada”. A implicação,
neste caso, é o facto de se considerar normal e
de se associar o sofrimento e a luta ao Médio
Oriente ou a outras zonas do globo, mas nunca
à Europa. Além disso, é notório que muitos
refugiados não-ucranianos que viviam na
Ucrânia não receberam as mesmas boas-vindas
comparativamente aos de origem ucraniana.
Associações portuguesas que auxiliam os
refugiados
Conselho Português para os Refugiados
(CPR) - A pequena ONG que nasceu há mais de
duas décadas é uma organização que visa o
acolhimento e integração de refugiados, a
promoção de políticas de asilo humanitárias e
sustentáveis, a formação e a sensibilização para
esta temática e para os direitos humanos em
geral. É o parceiro operacional do Alto
Comissariado das Nações Unidas (ACNUR)
para Portugal, mantendo um Protocolo de
Cooperação, desde 1993.
Plataforma de Apoio aos Refugiados
(PAR) - A PAR é uma plataforma de
organizações da sociedade civil portuguesa
para apoiar os refugiados, promovendo a
integração europeia e a compreensão entre os
povos. Assenta a sua ação em três grandes
eixos de atuação: PAR Linha da Frente, PAR
Famílias, PAR Sensibilização.
Alto Comissariado para as Migrações - A
responsabilidade do Alto Comissariado para as
Migrações é o apoio na integração das pessoas
refugiadas, incluindo as pessoas com
necessidade de proteção internacional
recolocadas, reinstaladas e espontâneas.
Cruz Vermelha - Como entidade
responsável pelo acolhimento e integração de
refugiados, a Cruz Vermelha Portuguesa tem
vindo, desde 2015, a alojar cidadãos
requerentes de proteção internacional de várias
nacionalidades, apoiando os seus processos de
integração.

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