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CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL

Na cinematica descrevem-se os movimentos de objectos, isto é, descreve-se a posição de um


objecto em relação a um observador. Regra geral, em física é preciso definir e decterminar
exactamente as grandezas em discussão. No caso da discrição de movimentos são principalmente
os conceitos de posição, deslocamento, velocidade e aceleração que precisamos de definir.
No movimento geral de um objecto no espaço estas grandezas são vectores. Para simplificar a
descrição, de vez em quando trataremos os objectos como partículas ou pontos materias, isto é,
um ponto no qual se considera toda a massa do objecto concentrada.
Ponto material e um objecto cujas dimensões são pequenas frente as dimensões típicas do
problema. Se chamarmos l a dimensão típica do objecto e L a dimensão típica do problema sob
análise.
𝐼
𝛿=𝐿≪1 (1.1)
Antes de poder descrever o movimento dum objecto, é necessário determinar a quê é que ele se
move. Para isso utiliza-se um sistema de referência. No caso geral, isto é, o dum movimento
qualquer no espaço (por exemplo duma bola de futebol), precisamos de três eixos x, y, z,
perpendeculares entre si.
A figura 1 mostra como a posição P do objecto em relação ao ponto O é determinado pelas
coordenadas x, y, z nos eixos correspondentes.
Movendo-se o objecto, as coordenadas variam ao longo do tempo: x(t ) , y (t ) , z (t )

Fig. 1- Sistema dextrogiro pela posição mútua dos três eixos. As coordenadas x, y, z neste sistema
mencionam-se ‘coordenadas Cartezianas’.

Para melhor compreensão no que diz respeito ao sistema de referência faremos uma discussão
ao longo duma linha recta que evidentimente coinscide com o caminho rectelineo do objecto,
chegue para determinar a posição x(t ) do objecto em função do tempo (movimento rectelíneo caso
uni-dimensional).
Fig. 1.1. Representação do ponto em uma recta.

Um carro movendo-se ao longo duma autoestrada plana e recta. Para distinguir as posições P1 e
P2, a distâncias iguais do ponto O, chama-se à parte, à direita do ponto O, o eixo positivo e à
esquerda o eixo negativo, veja a figura 1.1, porém, a escolha é essencial para a forma da função
x(t ) . Por isso é obrigatório fazer e indicar essa escolha do referencial em cada problema.

Relatividade dos movimentos: Um ponto (um objecto) exibe um movimento em relação a outro,
quando a sua posição espacial medida relativamente a esse segundo corpo - varia com o tempo.
Quando isto não acontece, diz-se que o ponto está em - repouso relativo – a esse objecto. Repouso
e movimento como conceitos relativos - dependem da escolha do referencial, não são conceitos
absolutos.
Quando estudamos os problemas do movimento, temos sempre que definir um sistema de
referência ou referencial, para que não tenhamos dúvidas sobre a sua trajectória (medida nesse
referencial.).

Figura 1.2 – Dois observadores (dois referenciais distintos) estudam o movimento de P no espaço.

Todavia, é bom estudar esta afirmação mais detalhadamente, suponha que um carro A ande com
a velocidade constante de de 90 km/h e o outro carro B no mesmo sentido com 60 km/h e que o
carro B tem um avanço de 20 km/h. Quanto tempo leva para o carro A ultrapassar B?
Neste exemplo não importam as velocidades VA e VB, mas sim a diferença das duas VA - VB. Esta
diferença chama-se velocidade relativa (de A em relação a B), neste caso igual a 30 km/h.
Definição da velocidade relativa (de A em relação a B):

V AB = V A − VB (1.2)

Em termos de referência, considera-se no exemplo presente o carro B como referêncial. As


velocidades VA e VB são tomadas relativas a um ponto fixo na autoestrada. Agora podemos
considerar as velocidades relativas ao carro B. Neste referêncial o carro B está em repouso e o
carro A tem velocidade VAB.
Observação:
1. A atribuição do sinal negativo ou positivo à velocidade dum objecto, depende do sentido desta,
significa de facto que estamos a tratar deste modo o movimento unidimensional
vectorialmente.
2. A mudança de sistema de referência, acima descrito chama-se “Transformação de Galilei”. Na
sua teoria especial de relatividade Albert Einstein mostrou que, a velocidades muito elevadas,
a velocidade relativa de dois objectos não cumpre a expressão V AB = V A − VB .

Velocidade escalar média


Se um motorista cobre uma distância de de 200 km em 5 h, diz-se que a sua velocidade média é
de (200km / h) /(5h) = 40km / h. na física denomina-se a velocidade média, desta maneira obtida, a
velocidade escalar média, isto é, razão entre o percurso total coberto e o tempo gasto para cobri-
los: Velocidade escalar média = percurso total / tempo total

Observe que a velocidade escalar média não nos diz nada sobre os detalhes da viagem, mas para
descrever precisamente o movimento é necessário definir o conceito de velocidade mais
formalmente, incluindo a direcção e o sentido do objecto.

Deslocamento e velocidade média


Para tal escolhemos um sistema de referência, isto é, um eixo-x no qual escolhemos uma origem
O. A posição P do objecto em relação ao ponto O é definida pela distância x entre P e O, sendo x
positivo à direita e negativo à esquerda de O.
Movendo se o objecto, a distância x até a origem varia ao longo do tempo: x(t ) . Agora, suponhamos
que o nosso objecto esteja na posição x (t1) , no instante t1 (ou x1 a posição inicial)., e na posição
x (t 2 ) no instante t2 (ou x2 a posição final). A variação da posição da partícula x2 − x1 , é o
deslocamento da mesma. (é usual usar a letra grega ∆ para indicar a variação duma grandeza).

x = x2 − x1 = x(t 2) − x(t1) (1.3)

A velocidade média do objecto é definida como a razão entre o deslocamento ∆x e o intervalo de


tempo ∆t = t1 – t2 :

x x 2 − x1 x( t 2) − x( t1)
Vmed = = = (1.4)
t t 2 − t1 t 2 − t1
Observe que o deslocamento e a velocidade média podem ser positivos ou negativos, dependendo
de ser x2 maior ou menor que x1.
Um valor positivo indica movimento para direita; um valor negativo indica movimento para a
esquerda.

Velocidade instantânea
O que significa o conceito de velocidade instantânea e como determiná-la?
Uma pessoa, sentada num carro, que acelera partindo de repouso, pode, em dado instante fazer
leitura da velocidade a partir do velocímetro.
Este valor indicado pelo velocímetro pode ser denominado a velocidade instantânea desse
momento. Porém como definir a velocidade instantânea e determiná-la sem ajuda do velocímetro?

Fig. 1.4. representação da variação da posição sucessiva de um movimento aleatório.

Tentemos definir a velocidade instantânea no instante t1 no movimento representado pela figura


1.3.
A fig. 1.4 é uma curva de x − t da figura 1.3, mostrando uma sequência de intervalos t1 , t 2 ,
t 3 , ..., cada qual menor que o se antecedente. Em cada intervalo  t a velocidade média é
representada pela inclinação da linha tracejada pertencente ao intervalo.

A figura mostra que, enquanto os intervalos de tempo diminuem, as rectas tornam-se mais
inclinadas, mas, não mais inclinada que a tangente à curva no ponto correspondente à curva no
ponto correspondente a t1.
A interpretação disto é importante: pretendendo definir a velocidade instantânea no momento t1,
consideremos a velocidade média no intervalo t1 até t2. Diminuindo este intervalo de tempo, o ponto
P2 aproxima-se cada vez mais do ponto P1 . Simultaneamente a intersecção da recta entre P1 e P2
, quer dizer a velocidade média no intervalo considerado, aproxima-se cada vez mais da inclinação
da tagente no ponto P1 .
Potanto, definimos graficamente a velocidade instantânea no instante t1 como a inclinação da
tagente à curva no ponto P1 . Ou mais em geral:
V(t) = inclinação da tangente à curva x(t) (1.5)

Interpretação matemática de velocidade instantânea


x
O processo de passagem ao limite do quociente , resultando na velocidade instantânea num
t
dado instante, podemos expressar matematicamente esta última frase da seguinte forma:
 x(t + t ) − xt  x dx
V(t ) = lim   = lim = (1.6)
t →0
 t  t →0 t dt

Esse limite (lim) define a derivada da posição com relação ao tempo, ou seja, a velocidade
instantânea num dado instante é a derivada com relação ao tempo da função que descreve a
posição da partícula neste dado instante.
Logo, a velocidade instantânea num dado instante t0 é expressa por
dx(t )
V( t 0 ) = (1.7)
dt t =t0

(A expressão dx(t)/dt é a derivada da função posição, denotada por x(t), com relação ao tempo,
que denotamos por t.)
Se conhecemos a função velocidade e sua posição num dado instante, podemos encontrar a função
posição, que nesse caso é obtida por meio do conceito matemático de integral.
Assim, dada a posição x0 de uma partícula no instante t0 e a sua função velocidade v(t), a função
posição é dada por:
t
x ( t ) = x 0 +  v ( t ) dt (1.8)
t0

t
(A expressão v
t0
(t ) dt é a integral, do instante t0 ao instante t, da função velocidade, denotada por

v(t), e t é a variável de integração.


Movimento Rectilíneo Uniforme
Um movimento rectilíneo uniforme é todo aquele em que a velocidade é constante, neste caso,
para determinar a velocidade média podemos dividir qualquer pelo intervalo de tempo
correspondente, portanto, neste caso há coincidência .[]entre a velocidade média e a velocidade
Vm = V , a = 0  m  s −2 segundo a definição 1.4 temos:
x
V = Vmed =
= const.
t
Onde x é um deslocamento qualquer e t é o intervalo de tempo correspondente, tomando o
intervalo de tempo de 0 até t o deslocamento correspondente será x(t ) − x( 0 ) , então
x x(t ) − x( 0)
V= = ou V .t = x(t ) − x(0)
t t −0
Por outro lado, sabemos que:
t t
x ( t ) = x 0 +  v ( t ) dt = x 0 + v  dt = x0 + v(t − t 0 )
t0 t0

Consequentimente a função do deslocamento do movimento uniforme será:

x(t ) = x(0) + v(t − t 0 ) (1.9)

A função (1.9) descreve a posição dum objecto em função do tempo, para o caso geral do
movimento uniforme. As figuras 1.5 e 1.6 mostram os gráficos x − t e v − t deste movimento no
caso de velocidades positivas, enquanto, 1.7 e 1.8 são os casos de velocidades negativas.
A inclinação do gráfico x − t , representa o valor da velocidade, portanto o valor constante do
gráfico v − t .

Fig. 1.5 e 1.6. MRU com velocidade positiva


Fig. 1.7 e 1.8. MRU com velocidade positiva.

Portanto: o deslocamento dum objecto, movendo-se a velocidade constante,é equivalente


à area sob o gráfico v − t entre os momentos correspondentes.
Nota: com o auxílio da área sob o gráfico v − t , só podemos determinar o deslocamento,
mas não a posição do objecto. Para isso é preciso conhecer a posição inicial.

Aceleração
Em geral a velocidade de um objecto varia. Variando a velocidade, podemos definir a
celeração média como: Aceleração média am dum objecto em movimento é o quociente
entre a variação da velocidade ∆v e o intervalo de tempo correspondente ∆t.
Matematicamente expressa-se de seguinte modo:
v
am = (2.0)
t

O conceito aceleração descreve como a velocidade se altera: o aumento ou diminuição da


velocidade por segundo.
O sinal da aceleração depende do sinal da variação da velocidade ∆v, pois ∆t sempre é
positivo.
Fica claro que ∆v > 0, quer dizer a > 0 e vice-versa.
Mas, repare bem que: a > 0 pode significar tanto uma aceleração como retardação, o
mesmo vale para a < 0.
Em resumo:
➢ Uma aceleração no sentido do eixo positivo é positiva; o movimento é acelerado
quando a velocidade tem o mesmo sentido que a aceleração e é retardado quando
a velocidade tem o sentido contrário.
➢ Uma aceleração no sentido do eixo negativo é negativa; o movimento é acelerado
quando a velocidade tem o mesmo sentido que a aceleração e é retardado quando
a velocidade tem o sentido contrário.
Aceleração Instantânea
É o valor limite da aceleração média, quanto o intervalo de tempo ∆t tende para zero (0).
v
a = lim amed = lim (2.01)
t →0 t →0 t

é a derivada de v em relação ao tempo t; isto é;


dv
a= (2.02)
dt

Mas em geral, a aceleração varia durante o movimento. Um movimento rectilíneo com


aceleração (tangencial) constante é dito uniformemente acelerado.
A partir da aceleração podemos calcular a velocidade por integração (dv = a dt),

v t t

 dv =  adt =v − v 0  v = v0 +  adt
v0 t0 t0
(2.03)
dv d  dx  d x 2
a= =  a= 2
dt dt  dt  dt
ou seja, de dv = a dt , vem que v dv = a dx , resulta em:

v x x
1 2 1 2
 vdv =  adx 
v0 x0
2
v − v0 =  adx
2 x0
(2.04)

• Se a velocidade aumenta (em módulo) temos um movimento acelerado,


• Se a velocidade diminui (em módulo) temos um movimento retardado.

Movimento Rectilíneo Uniformemente Acelerado


Diz-se que uma partícula material está animada de movimento rectilíneo uniformemente
acelerado se a resultante das forças que actuam sobre a partícula for constante e tangente
à trajectória, implicando que esta se desloque com aceleração constante, ou seja a
partícula varia o valor da sua velocidade quantidades iguais em intervalos de tempo iguais.
Pelo facto de a aceleração ser constante, também mantem-se constante a aceleração
média, portanto:
v
a = am =
t
Em que ∆t é um intervalo qualquer de tempo e ∆v a variação correspondente da
velocidade. Tomando o intervalo de tempo ∆t de t0 a t, a variação da velocidade
correspondente é v ( t ) − v ( 0 ) , então
t t
v = v 0 +  adt = v 0 + a  dt = v 0 + a (t − t 0 )
t0 t0
Consequentemente a equação do movimento rectilíneo uniformemente acelerado será:

v(t ) = v0 + a  (t − t 0 ) (2.1)

A equação (2.1) diz que, no caso do movimento unifornemente acelerado, a relação entre
vt e t é linear.

Figura 2.1 – Gráficos com as representações da função velocidade e deslocamento, no


movimento uniforme.

Segundo a equação 2.1 : Usando a integração da expressão 1.8 obtemos a função do


movimento rectelíneo uniformemente acelerado:
t t t
x(t ) = x0 +  [v0 + a (t − t 0 )]dt = x0 + v0  dt + a  (t − t 0 )dt
t0 t0 t0
(2.2)
1
x( x ) = x0 + v0 (t − t 0 ) + a (t − t 0 )
2

Lembre que a expressão 2.0.4


x
1 2 1 2
v − v0 =  adx = a( x − x0 )
2 2 x0

v 2 = v 0 + 2a ( x − x 0 )
2

A equação (2.2) mostra que xt depende quadraticamente do tempo.

Queda Livre
Desprezando a resistência do ar, um corpo em movimento ascendente, ou em queda livre,
está apenas sujeito à acção da força gravítica que a Terra exerce sobre ele.
Neste movimento, a aceleração adquirida é constante, aceleração da gravidade, sendo
vertical, com sentido descendente e com módulo aproximadamente igual a 10,0 m s-2,
entretanto, nas aulas laboratoriais e nos cálculos a este nível é obrigatório usar o valor da
constante de aceleração de gravidade é de 9.8 m/s2.
Durante a subida, um corpo está animado de movimento rectilíneo uniformemente
retardado, porque a velocidade e a aceleração são vectores que têm sentidos opostos e,
durante a queda está animado de movimento rectilíneo uniformemente acelerado, porque
a velocidade e a aceleração são vectores que apontam no mesmo sentido.
Então, se a força da gravidade for a única que actua no objecto, podemos substituir nas
equações 2.1 e 2.2 a aceleração “a” por “g” para descrever este movimento vertical,
portanto, as equações de y(t) e v(t) para queda livre serão:
y ( t ) = y 0 + v0  t + 1 2  g  t 2 (2.3)
v(t ) = v0 + g  t (2.4)

Observe que a equação (2.4) é derivada da equação (2.3) bem como a equação (2.1) é
derivada da equação (2.2).
Nota: o valor de y0 depende da escolha do sistema de referência, isto é, da escolha do
local da origem e da escolha do eixo positivo e negativo. Dependendo desta escolha os
valores de v0 e g são positivos ou negativos.

Fig. 2.2. Queda livre


1.7.1 Expressões analíticas que traduzem o Movimento de Ascensão de um Grave.
Podemos considerar a origem do nosso referencial coincidente com o solo e o sentido
arbitrado como positivo o sentido ascendente. Assim, o valor algébrico da aceleração da
gravidade é negativo e o vector aceleração da gravidade tem sentido contrário ao sentido
arbitrado como positivo, como mostra a figura 2.2.
As leis deste movimento são:

g = constante
v = v0 - g t
y = y0 + v0 t -1/2 g t2

Onde:
v - valor da velocidade da partícula
v0 - valor da velocidade inicial da partícula, no instante t0 = 0
y - posição da partícula no instante t
y0 - posição da partícula no instante t0 = 0
g - valor da aceleração da partícula (aceleração da gravidade )
Nota: Para que um corpo seja lançado verticalmente tem que sofrer um impulso que lhe
comunique uma velocidade inicial de módulo v0.
1.7.2 Determinação da Altura Máxima Atingida pelo Corpo
O corpo atinge a altura máxima no instante em que a velocidade se anula. Assim:
v
v = v0 − g  t  0 = v0 − g  t  t = 0
g
em que t é o tempo de subida.
A altura máxima atingida, ymáx será igual a
ymáx = v0 ( v0 / g ) – ½ g ( v0 / g )2  ymáx = ( v02 / g ) – ½ ( v02 / g )  ymáx = ½ ( v02 / g )
ymáx = v02 / 2 g
Nota: Neste movimento o tempo de subida é igual ao tempo de queda e o valor da
velocidade com que atinge o ponto de partida é igual ao valor da velocidade de
lançamento. Despreza-se a resistência do ar e a única força que actua sobre o corpo é a
força gravítica que é uma força conservativa. O sistema corpo + Terra é conservativo e,
portanto, a energia mecânica do sistema conserva-se. Como o corpo retorna ao ponto de
lançamento, ao nível do solo a energia potencial gravítica é nula, então a energia mecânica
só possui componente cinética, daí que a energia cinética do corpo no instante em que
foi lançado seja igual à energia cinética do corpo quando cai no mesmo sítio, o que implica
que o módulo da velocidade seja o mesmo.

Movimento de um Projéctil
Lançamento Oblíquo

Um corpo é lançado obliquamente quando sua velocidade inicial ( v0 ) forma um ângulo
com a horizontal maior que zero e menor que 90º (0 < θ < 90) fig. 3.5. Segundo o Princípio
da Independência dos Movimentos (Galileu) é melhor estudarmos o movimento
separando em Movimento Horizontal e Movimento Vertical. Para facilitar nosso estudo
despreza-se a resistência do ar.

Fig.3.5. Lançamento oblíquo de projéctil.


Observe que para o movimento vertical a aceleração da gravidade terá sinal de menos,
pois ela está em sentido contrário ao eixo escolhido.
Decompondo o vector velocidade inicial resulta em:
 
v x = v0  cos
  (3.8)
v 0 y = v 0  sen

Os parâmetros importantes a serem estudados no lançamento oblíquo são: tempo de


subida (tsub), altura máxima (hmáx), alcance, (alcance máximo).

O tempo de subida corresponde ao tempo em que o projectil atinge a altura máxima e é


nesse exacto momento em que a velocidade na vertical é exactamente igual a zero dai
que resulta em:
v y = v0 sen − g  t
0 = v0 sen − g  t (3.9)
v0 sen
t subida =
g

Como no lançamento para cima aprendemos que tempo de súbida é igual a tempo de
descida, o tempo total do movimento será igual a duas vezes o tempo de súbida.
v 0 sen
t total = 2  (3.10)
g

A altura máxima será atingida exactamente no momento em que o projéctil terá a


velocidade de ascendência é igual a zero vy = 0, enquanto, o tempo corresponde ao tempo
de subida:
1 2
hmax = v0 sen  t − gt
2
2
v sen  v0 sen 1  v0 sen 
hmax = 0 − g   (3.11)
g 2  g 
(v0 sen )2
hmax =
2g

Como não há resistência do ar, a velocidade ao longo do eixo dos x se mantém constante,
logo, na horizontal será movimento uniforme. Como o alcance é uma distância na
horizontal, ela deve ser calculada pela equação do movimento na horizontal:

Fig.3.6. Lançamento
x ( t ) = x ( 0 ) + v.t → x(0 ) = 0
v 0 sen
x = v 0  cos  t → t = 2 
g
v 0 sen (3.12)
x = v 0  cos  2
g
v  2  sen  cos
2

x = 0
g
v 0 sen2
2

Alcance =
g

Nota: v0 é uma característica da arma e g é uma característica do planeta, não podem ser
mudados. Quando é que o alcance de uma arma será máximo? A será máximo, quando
sen2θ for máximo. Ou seja: 2θ = 900 ↔ θ = 450.
Quando é que, mudando os ângulos de lançamentos, atingiremos sempre o mesmo
alcance?
v0  2sen cos
2

Alcance =
g
Observe que: Toda vez que tivermos ângulos complementares, o produto 2senθcosθ,
apresentará o mesmo valor, logo o projéctil terá o mesmo alcance.

Movimento Circular
Consideremos agora o caso particular em que a trajectória é uma circunferência, ou seja
vamos tratar do movimento circular.
O vector velocidade, sendo tangente à circunferência, é sempre perpendicular ao raio R
= CA . Medindo distâncias ao longo da circunferência a partir do ponto O, temos que s =
Rq . Como o raio R permanece constante, obtemos;
ds d d
v= = R a grandeza  = (3.13)
dt dt dt

ω tem o nome de velocidade angular. É a taxa de variação angular por unidade de tempo.
É expressa em radianos por segundo (rad s-1), ou simplesmente s-1. Assim:
 =R (3.14)

Fig. 3.7 Trajectória circular, velocidades tangencial e angular.


A velocidade angular também pode ser expressa como uma grandeza vectorial, de
direcção perpendicular ao plano do movimento e de sentido dado pela "regra do saca-
 d 
rolhas" (regra da mão direita). Na figura 3.7 vemos que R = r senγ e que  = u z logo
dt
podemos escrever que; v =   r  sen , ou seja, que:
  
v =r (3.15)

(somente válida para movimentos com r e γ constantes).

Movimento Circular Uniforme


ω é constante, o que implica que o movimento é periódico e constante, ou seja a partícula
passa pelo mesmo ponto da circunferência a intervalos regulares de tempo. O período T
é o tempo necessário para a partícula completar uma revolução (unidade s). A frequência
f é o número de revoluções na unidade de tempo (unidade s-1 ou Hz).
1
f = (3.16)
T

Estes conceitos de Período e Frequência são aplicados a todos os processos periódicos


que ocorrem de uma forma cíclica, processos que se repetem após cada ciclo completo.
Por exemplo, o movimento da Terra em redor do Sol, não sendo um movimento circular
nem uniforme, é, no entanto, periódico. Mas se ω é constante, então:
 t t

 d =  dt =  dt
0 t0 t0
, o que implica que  =  0 +  (t − t 0 ) (3.17)

tomando θ0 = 0 e t0 = 0 s , temos: θ = ω t ou ω= θ / t , numa revolução completa, obtemos;


t = f e θ = 2π, logo:
 = 2 T   = 2 f (3.18)

Movimento Circular: Aceleração Angular


Quando a velocidade angular de uma partícula varia no tempo, podemos definir a
aceleração angular, como:

 d
= (3.20)
dt

Uma vez que o movimento circular é plano (ocorre sempre no mesmo plano), a direcção
de w mantém-se inalterada no espaço, logo podemos tomar os módulos das grandezas,
isto é,
d d 2
= = 2 (3.21)
dt dt
No caso particular da aceleração angular a ser constante (movimento circular
uniformemente acelerado), temos:
 t t

 d =  dt =   dt
0 t0 t0
o que implica que  =  0 +  (t − t 0 ) (3.22)

(sendo ω0 a velocidade angular no instante t0 ) como d dt =  0 +  (t − t 0 ) integrando


vem:
 t t
1
 d =   dt +   (t − t
 t0
0
t0
0 )dt De modo que:  =  0 +  0 (t − t 0 ) +  (t − t 0 ) 2
2
0

(3.23)

dv d d 2
Aceleração Tangencial: aT = = R = R  2 = R 
dt dt dt
(3.24)
2
v
Aceleração Normal: aN = = 2R
R

Exercícios
1. Você, a ler este enunciado, no lugar onde estiver, estas em repouso ou
movimento? Explique.
2. Considere três objectos A, B e C. Analise a seguinte afirmação e indique se está
correcta ou errada. “Se A está em movimento em relação a B e B está em
movimento em relação a C, então, A está em movimento em relação a C”
3. A planta de crescimento mais rápido que se conhece atinge 3,7 m em 14 dias.
Qual a sua velocidade de crescimento em micrómetros por segundo?
4. Um atleta no instante t1 = 10 s está na posição S1 = 50 m e no no instante t2 = 20
s está na posição S2 = 50 m. determine a velocidade escalar média do atleta neste
intervalo.
5. Durante a tempestade um indivíduo vê o relâmpago e ouve o som do trovão 4 s
depois. Determine a distância que separa o individuo do local do relâmpago, dada
a velocidade do som no ar constante e igual a 340 m/s.
6. Partindo do repouso, um avião percorre a pista e atinge a velocidade de 360 m/s
em 25 s. Qual o valor da aceleração escalar média no referido intervalo de tempo?
7. A equação horária (sentido positivo) de um MRU é S = 50 - 5t (SI). Faça um
esquema do movimento na trajetória orientada e responda:
a) O MRU é progressivo ou regressivo?
b) Em que posição o móvel se encontra em t = 20s
c) Em que instante o móvel passa na origem?
d) Em que instante o móvel passa na posição 40m?
e) Qual a distancia percorrida em 4s?
8. Um automóvel parte de um local situado 20km à esquerda de uma cidade A, dela
se aproximando com velocidade escalar constante de 50km/h. Determine:

a) A equação horária do seu movimento;

b) A posição do automóvel após 5h;

c) O instante em que ele passa pela cidade A;

d) Em que instante passa pelo km 300 à direita da cidade A.

9. Dois móveis partem simultaneamente um de encontro ao outro com velocidade


Va = 7,5m/s e Vb = 17,5 m/s. A distância que os separa é de 1500 metros.

a) Determine após quanto tempo ocorre o encontro:

b) E qual a distancia que cada um percorre até esse instante?

10. Um móvel animado de MRU possui uma velocidade de 12 m/s. No instante inicial
ele se encontra na posição - 42 m. Se o movimento é regressivo:

a) Escrever a equação horária do movimento;


b) Qual sua posição no instante 4s?
c) Depois de quanto tempo, terá percorrido uma distância de 18 m.
d) O móvel passa pela origem?

11. Um pessoa emite um som em frente a uma montanha que está a uma distância
de 1700 m e ouve o eco após 10 s.

a) Determinar a velocidade de propagação do som no ar.

12. Dois móveis A e B partem simultaneamente de um mesmo ponto com velocidades


de 6m/s e 8 m/s. Qual a distância entre eles após 10 s de movimento nos seguintes
casos:

a) Movem-se na mesma direcção e no mesmo sentido;

b) Movem-se na mesma direcção em sentidos contrários;

c) Movem-se em direcções perpendeculáres;

13. Considere um ponto material que se desloca em linha recta ao longo do eixo dos
xx de acordo com a lei: 3 + 4t + 5t 2 + 6t 3
a) Determine a velocidade do ponto material para t = 1 s.
b) Determine a aceleração como função do tempo.
14. Uma pedra é lançada, na vertical, com uma velocidade inicial v0x, ficando sujeita à
aceleração da gravidade g.
a) Calcule a altura máxima atingida pela pedra;
b) A velocidade com que chega ao chão;
c) O tempo que leva a ir e vir.
15. Uma pedra é lançada para dentro de um poço. Ao fim de 2 s ouve-se o bater da
pedra na água.
a) A que profundidade é que está a superfície da água no poço? (velocidade do som
= 340 m/s).
16. Um móvel é atirado verticalmente para cima a partir do solo, com velocidade inicial
de 20 m/s. Despreze a resistência do ar e adopte a origem do espaço no solo com
a trajectória orientada para cima (g = 10 m/s2). determine:
a) A função horária do movimento;
b) O tempo de subida
c) A altura máxima atingida
d) Em t=3s, o espaço e o sentido de movimento.
e) O instante e a velocidade escalar quando o móvel atinge o solo.
17. A 10 m da rede de um campo de ténis e a 0.5 m do chão foi batida uma bola.
Sabendo que a bola passa a rasar a rede, que tem 1 m de altura, e que cai a 5 m
desta, determine:
a) O vector velocidade com que a bola foi batida.
18. Um corpo é lançado obliquamente a partir do solo, no vácuo, sob ângulo de 60º
com a horizontal e com a velocidade de 10 m/s. Adoptando g = 10 m/s2, sen 60º
= sen 120º = 0,86 e cos 60º = 0,5. Determine
a) A velocidade escalar mínima assumida pelo móvel;
b) O instante em que o corpo atinge o ponto mais alto da trajectória;
c) Altura maxima atingida pelo móvel e o alcance do lançamento.
19. Um projéctil é lançado com a velocidade inicial de 100 m/s, formando um ângulo
de 45º com a horizontal. Supondo g = 10 m/s, qual será o valor de alcance máximo
e altura máxima atingida pelo projéctil? Despreze a resistência do ar (sen 45º =
cos 45º = 0,7).
20. Um ponto descreve uma circunferência de raio 2 m com um movimento uniforme.
Efectua uma volta em 5 s. determine:
a) Seu período e velocidade angular;
b) Velocidade linear e modulo da aceleração centrípeta.
21. Um ponteiro de minuto de relógio mede 50 cm.
a) Qual a velocidade angular do ponteiro?
b) Calcule a velocidade linear da extremidade do ponteiro.
22. Uma roda é uniformemente acelerada a partir do repouso e atinge a velocidade
angular de 20 rad/s efectuando 10 voltas depois do início da rotação. Determine a
aceleração angular da roda.
DINÂMICA DO PONTO MATERIAL
Na Cinemática descrevemos matematicamente os movimentos das partículas (corpos
materiais tomados como pontos materiais). Na Dinâmica vamos estudar as razões pelas
quais as partículas se movem segundo as trajectórias descritas na cinemática.
Verificamos que;
➢ Os corpos próximos da Terra caem para esta com aceleração constante. Porquê?
➢ A Terra move-se em torno do Sol, descrevendo uma órbita elíptica. Porquê?
➢ Que uma mola oscila quando esticada ou comprimida. Porquê?
➢ Os átomos ligam-se para formar moléculas. Porquê?

Através da observação e do entendimento dos fenómenos, podemos descobrir o


comportamento básico da natureza e assim usá-lo em nosso proveito, por exemplo na
engenharia, no projecto de máquinas que se movam do modo como desejamos. O estudo
da relação entre o movimento de um corpo e as causas desse movimento é chamado de
Dinâmica.
A nossa experiência diária diz-nos que o movimento de um corpo é o resultado directo
da sua interacção com os outros corpos que o rodeiam. Quando um jogador lança uma
bola, ele interagiu com a bola modificando o seu movimento, esse movimento é também
alterado pela interacção que a bola tem com a Terra.
Todas estas interacções são convenientemente descritas por um conceito matemático
chamado de força. O estudo da Dinâmica é basicamente a análise da relação entre a força
e as variações do movimento de um corpo. Todas as leis do movimento que apresentamos
a seguir são generalizações que decorrem da análise cuidada dos movimentos observados
por nós e da extrapolação que fazemos dessas observações, ideais ou simplificadas.

Lei da Inércia
Uma partícula que não esteja sujeita à interacção é dita uma partícula livre. É uma situação
ideal, que não existe no Universo, pois todas as partículas interagem com todas as
restantes partículas. Por consequência uma partícula livre deveria estar completamente
isolada ou ser a única partícula do Universo. Tal caso não existe, pois, o simples facto de
observar pressupõe uma interacção entre o observador e o objecto em estudo.
A prática, no entanto, mostra-nos que podemos considerar algumas partículas como
livres, quer porque, estando elas suficientemente afastadas das demais, as suas
interacções são desprezíveis, quer porque as interacções mútuas são canceladas,
resultando uma interacção nula.
Enunciado da Lei da Inércia
"uma partícula livre move-se sempre com velocidade constante, isto é, sem aceleração"
Da análise do enunciado, vemos que uma partícula livre ou se move em linha recta com
velocidade constante (m.r.u.) ou está em repouso (velocidade nula).
Esta afirmação é também conhecida como a primeira Lei de Newton, uma vez que foi Sir
Isaac Newton, o primeiro a enunciá-la desta forma. É a primeira de três leis enunciadas
por Newton, no século XVII.
Lembremos que o movimento é um conceito relativo, e assim sendo devemos sempre
indicar a que sistema de referência nos estamos a reportar. Admitimos que o movimento
de uma partícula livre é relativo a um observador que seja ele próprio considerado uma
partícula (ou sistema) livre, isto é, ele também não está sujeito a interacção com o resto
do Universo. Tal observador é chamado um observador inercial, sendo o seu sistema de
referência dito referencial inercial.
Como tal um referencial deste tipo não pode ter movimento de rotação. (porquê?). De
acordo com a lei da inércia, podemos ter vários observadores inerciais, todos com
velocidades constantes. Suas descrições de observações estão relacionadas pela
transformação de Galileu (mecânica clássica) ou pela transformação de Lorentz (mecânica
relativista), dependendo da grandeza das suas velocidades relativas.
A Terra não é um referencial inercial, quer devido à sua rotação diária, quer devido à
interacção com o Sol e os outros Planetas. No entanto, em muitos casos, podemos
considerar essas interacções e rotação desprezíveis, considerando os nossos
observatórios terrestres como inerciais, sem grande erro.
O Sol também não pode ser considerado um referencial inércial. Devido à sua interacção
com os restantes corpos celestes da nossa Galáxia, ele descreve uma órbita curva em
torno do centro desta,

Figura 3.8 – Representação do movimento da Terra em torno do Sol, e deste em torno do


centro da Galáxia. (Isaac Newton, 1642-1727, Físico e Matemático inglês. Formulou as
leis fundamentais da mecânica e da gravitação universal, tal como o cálculo diferencial e
integral).
Exemplo: Uma bola esférica colocada sobre uma superfície horizontal e lisa permanecerá
em repouso a menos que actuemos sobre ela. Ou seja, a sua velocidade permanece
constante, com valor igual a zero. Admitimos que a superfície sobre a qual a bola repousa
equilibra a interacção entre a bola e a Terra, e, portanto, a bola está essencialmente livre
de interacções. Quando actuamos na bola, por exemplo numa mesa de bilhar, ela sofre
momentaneamente uma interacção e adquire velocidade.
Mas após essa acção, a bola pode ser considerada como livre, movendo-se em linha recta
com a velocidade adquirida quando foi atingida. Se a bola é perfeitamente esférica e rígida,
e a superfície perfeitamente lisa, podemos admitir que a bola continuará a mover-se
indefinidamente em linha recta com velocidade constante. Na prática, tal não acontece,
pois, a bola perde velocidade e acaba por parar. Dizemos que ocorreu uma interacção
adicional entre a bola e a superfície – interacção essa que conhecemos como atrito.

Quantidade de Movimento
Podemos introduzir o conceito operacional de massa como sendo um valor numérico que
atribuímos a cada corpo ou partícula, número esse atribuído por comparação com um
corpo padrão (massa padrão de 1 kg). A massa passa a ser um parâmetro que distingue
uma partícula de outra.
A nossa definição de massa é para o corpo suposto em repouso, ou seja, massa em
repouso. Por esta definição não sabemos qual o comportamento da massa (será que se
mantém constante?) com o movimento da partícula. Mas admitamos que a massa é
independente do estado do movimento – para começar, é uma boa aproximação (desde
que a velocidade seja, quando comparada com a velocidade da luz c0, muito inferior a
esta).
A quantidade de movimento (também chamada de momento cinético, simplesmente
momento, ou momentum - do latim), de uma partícula é definido como o produto da sua
massa pela sua velocidade.
 
p = mv (3.25)

É uma quantidade vectorial e tem a mesma direcção e sentido da velocidade. É um


conceito muito importante em Física, pois combina os dois elementos que caracterizam o
estado dinâmico de uma partícula (corpo); a sua massa e a sua velocidade.
No Sistema Internacional (S.I.) a quantidade de movimento é expressa em m.kg.s-1. Várias
experiências mostram que este conceito de quantidade de movimento é uma grandeza
dinâmica mais informativa (abrangente) do que a velocidade por si só. Por exemplo, um
camião carregado, em movimento, é mais difícil de conseguir parar (ou de ser acelerado)
do que um camião vazio, mesmo que ambos tenham a mesma velocidade, pois as suas
quantidades de movimento são distintas (é maior no camião carregado).
Podemos agora enunciar a lei de inércia de outra forma; “uma partícula livre move-se
sempre com quantidade de movimento constante”

Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento


A consequência imediata deste último enunciado, diz-nos que um observador inercial
reconhece que uma partícula não é livre, quando ele observa que esta não permanece
com velocidade ou quantidade de movimento constantes, por outras palavras; a partícula
sofre uma aceleração. Considerando agora uma situação ideal, de apenas duas partículas
sozinhas no Universo, interagindo entre si. Como resultado dessa interacção as suas
velocidades individuais variam com o tempo e as suas trajectórias são em geral curvas.

Num determinado instante t, a partícula 1 está em A, com velocidade v1 (e massa m1), a

partícula 2 está em B, com velocidade v2 (e massa m2). Num instante posterior t’, as
partículas estarão em
 
A’ e B’, com velocidades respectivamente v1 e v2 .
A quantidade de movimento total do sistema, no instante t, é:
    
p = p1 + p2 = m1  v1 + m2  v2 (3.26)

Figura 3.9 – Interacção entre duas partículas.

No instante t’, a quantidade de movimento total do sistema, será:


 '  ' ' '
p ' = p1 + p2 = m1  v1 + m2  v2 . O importante, é que a observação nos instantes t e t’,
 
quaisquer que eles sejam, mostra-nos sempre que: p = p '
“a quantidade de movimento total de um sistema composto por duas partículas sujeitas
somente às suas interacções mútuas permanece constante”

Por exemplo se considerássemos somente a Terra e a Lua (desprezando os efeitos do


Sol e restantes planetas), a soma das suas quantidades de movimento, relativas a um
referencial inercial seria constante.
Este Princípio de Conservação de Quantidade de Movimento, enunciado para duas
partículas, pode ser generalizado para um qualquer número de partículas constituído num
sistema isolado, isto é um sistema de partículas só com interacções mútuas. Portanto,
numa regra geral temos o seguinte enunciado:
“a quantidade de movimento total de um sistema isolado de partículas é constante”
que pode ser expressa da seguinte forma;
 n
    
p =  p i = p1 + p 2 + p 3 +  + p n = const.
i =1

Tal é o que se verifica nas experiências. Muitas partículas atómicas e sub-atómicas foram
descobertas, porque "não se verificava" a conservação da quantidade de movimento. A
"não conservação" resultava da interacção não esperada (e desconhecida) de uma nova
partícula. Voltando ao caso particular de um sistema constituído por apenas duas
partículas;
 
p1 + p 2 = const.
    (3.28)
p1 + p 2 = p1' + p 2'

em dois instantes t e t' respectivamente, o que implica que;


'    '
(
 ' 
)   
p1 − p1 = p2 − p2 = − p2 − p2 se escrevermos as variações como: p = p ' − p
teremos:
 
p1 = −p2 (3.29)

Figura 3.10– Troca de quantidade de movimento como resultado da interacção entre duas
partículas.

A conclusão tirada desta expressão - é imediata - num sistema isolado de duas partículas
em interacção, a variação da quantidade de movimento de uma delas, durante um certo
intervalo de tempo, é igual em módulo, e de sinal contrário, à variação da quantidade de
movimento da outra partícula durante o mesmo intervalo de tempo. Podemos sintetizar
este conhecimento da seguinte maneira:
"uma interacção origina sempre uma troca de quantidade de movimento"

De modo que a quantidade de movimento "perdida" por uma das partículas em interacção
seja igual à quantidade de movimento "ganha" pela outra partícula. Nesta perspectiva, a
Lei da Inércia, é um caso muito particular do princípio da conservação da quantidade de
  
movimento. Com uma só partícula, p1 = const e p1 = 0 ou equivalente constante

v1 = const .

Por exemplo no disparo de um dardo tranquilizante, a arma disparada recua para


compensar a quantidade de movimento adquirida pelo projéctil no seu movimento para a
frente. Inicialmente o sistema arma mais o dardo está em repouso (relativamente ao
agente), ou seja a quantidade de movimento total é zero.
O mesmo acontece quando da explosão de uma projéctil. A quantidade de movimento
antes da explosão é igual a soma das quantidades de movimento da totalidade dos
fragmentos após a explosão.
Figura 3.11 – Conservação da quantidade de movimento numa colisão entre uma partícula α e
um protão. a) fotografia do fenómeno, b) esquema da interacção.

A Segunda e Terceira Lei de Newton. Conceito de Força


Fisicamente é a expressão da interacção entre a partícula e o restante sistema. A
expressão referida é a Segunda Lei de Newton para o movimento, (é mais uma definição
do que uma lei, e é consequência directa do princípio de conservação da quantidade de
movimento). Agora podemos escrever, da expressão (3.34);
 
F1 = − F2 (3.36)

ou seja, "quando duas partículas interagem, a força sobre uma partícula é igual em
módulo, e de sentido contrário, à força sobre a outra partícula"
O que corresponde ao enunciado da Terceira Lei de Newton para o movimento, também
conhecida como a Lei de Acção-Reacção (figura 3.12 a).
Podemos agora reescrever a segunda lei, como,
𝐹⃗ = 𝑚 ∙ 𝑎⃗ (3.37)

“Se a massa for constante, a força é igual ao produto da massa pela aceleração”
➢ A força e a aceleração têm a mesma direcção e sentido;

 F
➢ Se a força for constante, a aceleração, a = é também constante – o movimento
m
é uniformemente acelerado.
É o que ocorre perto da superfície da Terra. Por exemplo, os corpos em queda livre

exibem um movimento com aceleração constante (g ) . A força de atracção gravitacional
da Terra sobre os corpos é chamada de Peso, e é :
 
p = mg (3.38)

Consideremos uma partícula (m) a interagir com um número n de partículas, (m1, m2,
m3, ...). Devido a essa interacção, cada uma das partículas produzirá uma variação na
quantidade de movimento da partícula (m), que se caracteriza pelas respectivas forças
  
( F1 , F2 .F3 ...) . A variação total da quantidade de movimento da partícula será:

dp    
= F1 + F2 + F3 +  + = Fresult. (3.40)
dt


A força F é chamada força resultante que actua na partícula m.

Figura 3.12 – a) Par acção-reacção. b) Força resultante sobre uma partícula.

Não estamos a entrar em conta com as interacções mútuas entre todas as partículas, mas
somente a interacção sobre a partícula m, de modo a simplificar a sua descrição. Deste

modo podemos discutir o movimento da partícula m, admitindo que a força F é somente
função das coordenadas da partícula, ignorando os movimentos das restantes partículas
com as quais interage.
Esta aproximação é chamada Dinâmica de uma Partícula.
No dia a dia “sentimos” o conceito de força, como uma interacção por contacto, por
exemplo a martelar um prego. Mas essa interacção é exactamente igual à interacção que
existe entre a Terra e o Sol, porquanto as distâncias envolvidas sejam muito diferentes.
Na realidade os corpos ou partículas são sempre mantidos a distâncias entre eles de
acordo com as suas massas e estruturas.
Se a interacção ocorre à distância, então teremos de pensar num mecanismo de
transmissão dessa mesma interacção, e como as interacções se propagam com
velocidade finita (possivelmente à velocidade máxima – a da luz), teremos de repensar o
conceito de força e o seu papel. Na prática, e para baixas velocidades e pequenas
distâncias, a nossa aproximação continua a ser excelente e suficiente para a descrição
das interacções observadas.

3.6 Unidade de Força. Definição


É expressa em unidades de massa e de aceleração. Unidade da força é o newton,
representada por N (kg m s-2 ).
Define-se o newton como a força que, aplicada a um corpo de massa 1 kg, produz neste
uma aceleração de 1 m s-2. Outra unidade frequentemente usada em engenharia é o
quilograma-força (kgf), definida como a força igual ao peso de uma massa de 1 kg. Assim,
como o valor da aceleração da gravidade é g = 9,8 m s-2 (valor médio ao nível do mar),
temos que o valor de 1 kgf = 9,8 N .

Forças de Atrito
Sempre que quaisquer dois corpos estão em contacto, por exemplo um livro em repouso
sobre uma mesa, existe uma resistência ao movimento relativo entre os dois corpos. Se
empurrarmos o livro ao longo da superfície da mesa, observamos que ele diminui
progressivamente de velocidade até parar. A perda observada de velocidade (de
quantidade de momento) indica que uma força se opõe ao movimento, força essa
chamada de atrito de escorregamento. Ela é devida à interacção das moléculas superficiais
dos dois corpos em contacto (denominada de coesão ou adesão, dependendo de os
corpos serem constituídos ou não pelo mesmo material).
O atrito é um fenómeno bastante complexo e depende de muitos factores, tais como; a
condição e natureza das superfícies, a velocidade relativa, etc.

Verifica-se experimentalmente que o módulo da força de atrito Fa é, para a maioria dos
casos, proporcional à força normal (N) de contacto entre os corpos (figura 3.14). A
constante de proporcionalidade é o chamado de coeficiente de atrito (μ), um número
adimensional, (que se pode exprimir também em percentagem).
Fa =   N
A força de atrito de deslizamento opõe-se sempre ao movimento do corpo, tendo assim
uma direcção igual mas sentido oposto à velocidade do corpo.

Figura 3.14 – Força de atrito na base de contacto entre um bloco e uma superfície.

Verificamos ainda experimentalmente a existência de dois tipos diferentes de coeficientes


de atrito;
➢ Estático (μe), quando multiplicado pela força normal, dá a força mínima necessária
para iniciar o movimento relativo entre os dois corpos, inicialmente em contacto
e em repouso relativo;
➢ Cinético (μc), quando multiplicado pela força normal, dá a força necessária para
manter os dois corpos em movimento relativo uniforme.

Determinações experimentais mostram que os valores de μe são sempre superiores aos


valores de μc, (ver tabela abaixo).
Valores médios de coeficientes de atrito para diversos materiais.
TRABALHO E ENERGIA
Podemos definir trabalho como a capacidade de produzir energia. Se uma força executou
um trabalho W sobre um corpo ele aumentou a energia desse corpo de W . Esse definição,
algumas vezes parece não estar de acordo com o nosso entendimento cotidiano de
trabalho. No dia-a-dia consideramos trabalho tudo aquilo que nos provoca cansaço. Na
Física se usa um conceito mais específico.

Movimento em uma Dimensão com Força Constante


O trabalho realizado por uma força constante é definido como o produto do deslocamento
sofrido pelo corpo, vezes a componente da força na direcção desse deslocamento. Se
você carrega uma pilha de livros ao longo de um caminho horizontal, a força que você
exerce sobre os livros é perpendicular ao deslocamento, de modo que nenhum trabalho
é realizado sobre os livros por essa força. Esse resultado é contraditório com as nossas
definições cotidianas sobre força, trabalho e cansaço!

Figura 3.36 – Trabalho realizado por uma força constante.

Quando está actuando sobre um corpo uma força variável que actua na direcção do
deslocamento, o gráfico da intensidade da força versus o deslocamento tem uma forma
como a da figura 3.38. O trabalho executado por essa força é igual a área abaixo dessa
curva. Mas como calcular essa área se a curva tem uma forma genérica, em princípio?
Uma primeira aproximação para o cálculo dessa área seria dividir a área a ser calculada
em pequenos retângulos, como esses pontilhados da figura ao lado. A área abaixo da
curva contínua seria aproximada pelo retângulo definido pela recta pontilhada. Se
chamarmos o trabalho entre as posições 2 e 2,6 de δWi , teremos como aproximação
para esse trabalho o produto da força F(xi) = 22,7 vezes o deslocamento δxi = 2,6 - 2,0 =
0,6 . Ou seja:
Wi = F ( xi )xi (3.90)

Figura 3.38 – Gráfico do trabalho realizado por uma força variável.

O trabalho total, ao longo de todo o percurso considerado será a soma dos trabalhos de
cada pequeno percurso:
W = i Wi = i F ( xi )xi (3.91)

A aproximação da curva pelos retângulos vai ficar tanto mais próxima do real quanto mais
subdivisões considerarmos. E no limite em que δxi for muito pequeno a aproximação será
uma igualdade. Ou seja:
W = lim  F ( xi )xi (3.92)
xi →0
i

A equação anterior é a própria definição de integral, e desse modo o trabalho executado


por uma força variável entre uma posição inicial i e uma posição final f será:
f

W =  F ( x)dx (3.93)
i

Trabalho Realizado pela Força de Restauração em uma Mola.


Quando o deslocamento do bloco é muito pequeno em comparação à dimensão da mola
podemos considerar o que é chamado de pequenas oscilações, e neste caso podemos
dizer que a força restauradora é proporcional ao deslocamento do bloco em relação à sua
posição de equilíbrio. Essa aproximação é também conhecida como Lei de Hooke, e pode
ser expressa do seguinte modo:
 
F = −kr (3.97)
Onde chamamos k de constante elástica da mola.
Figura 3.40 – Corpo - Mola

Se o bloco se deslocou na parte positiva do eixo x , temos que r = iˆ x e portanto a

força aponta para o sentido negativo do eixo: F = −k x iˆ . O trabalho realizado pela mola
para levar o corpo de uma posição inicial até uma posição final será:
  f
f
 
Wif =  Fdr =  (−kr )dr (3.98)
i i

Como o deslocamento se dá no eixo x , temos que:



r = iˆx  
  → r  dr = xdx
dr = iˆdx
Logo, o trabalho realizado pela mola será
f
x2 k
Wif = −k  xdx = −k xf
xi = − ( x 2f − xi2 ) (3.99)
i
2 2

Energia cinética
Define-se a energia cinética de uma partícula de massa m que viaja com velocidade v
como:
1
E C = mv 2 ( 3.100)
2

Mostraremos adiante que o trabalho realizado pela resultante de forças que atua em uma
corpo é igual à variação da sua energia cinética, ou seja:
Wif = EC = EC f − EC i

Teorema do trabalho - Energia Cinética


Considere uma partícula de massa m que se move sob a ação de uma resultante de forças
F . O trabalho W realizado por esta força dobre a partícula será:
f f

Wif =  F ( x)dx =  (ma )dx (3.101)


i i

Mas, por outro lado


 dv   dv  dx   dx  dv 
(ma )dx =  m dx =  m   dt  =  m   dt  = (mv )dv
 dt   dx  dt   dt  dt 
Ou seja:
( )
f
1 1 1 1
Wif =  mvdv = mv 2 i
f
= m v 2f − vi2 = mv 2f − mvi2 (3.102)
i
2 2 2 2

Considerando que
1 2
EC = mv
2
Temos
1 2 1 2
W = mv f − mvi = EC (3.103)
2 2

Potência
A potência mede a capacidade de um sistema produzir (ou absorver) energia. Ela é a razão
entre a energia produzida (ou absorvida) e o intervalo de tempo necessário para essa
produção (ou absorção). Dependendo do nosso interesse ou dos nossos instrumentos
podemos desejar medir a potência média ou potência instantânea. Potência média Nos dá
a medida da energia produzida (ou absorvida) W num certo intervalo de tempo t .
W
P= (3.104)
t

Lei da conservação da energia mecânica

Num sistema isolado em que só actuam forças conservativas, como no sistema mola –
corpo e no sistema grave – Terra, o trabalho realizado pelas forças, interiores,

conservativas, W ( Fcons ) é, por definição, simétrico da variação de energia potencial do

sistema W ( Fcons ) = − E p . Como não actuam forças dissipativas, a variação da energia
potencial é também simétrica da variação de energia cinética, isto é, E c = − E p .
Ec + E p = 0  ( Ec + E p ) = 0  Ec + E p = k ( 3.106)

Como a energia mecânica total do sistema é a soma Em = Ec + E p , a expressão mostra


que, para qualquer posição ou configuração do sistema, a energia mecânica total do
sistema isolado se mantém constante.
Esta conclusão constitui a lei da conservação da energia mecânica, válida para um sistema
isolado onde sá actuam forças conservativas. Se no sistema isolado actuarem forças
interiores dissipativas, ocorre dissipação, para a forma térmica, das formas mecânicas de
energia, e a energia mecânica total já não se conserva.

Energia Potencial.
Como já dito, essa energia mede a capacidade que um corpo tem de entrar em
movimento. Como a energia de movimento é a energia cinética, energia potencial nada
mais é que a máxima energia cinética que um corpo pode atingir, ou seja, qual seria sua
energia cinética quando sua energia potencial se esgota-se. O conceito por trás de energia
potencial é essa transformação de energia potencial em energia cinética. Estudando os
casos de energia potencial tornará o entendimento mais simples. Aqui abordarei as
energias potenciais gravitacionais e elásticas, e em elétrica energia potencial elétrica.

Energia potencial gravitacional


Trata-se da energia armazenada, por assim dizer, no corpo devido a acção da gravidade.
Primeiro definimos o chão, o ponto de altura zero, que será nosso referencial. Após isso
medimos a altura do corpo em relação ao nosso referencial (chão). Energia potencial
gravitacional é a energia cinética adquirida pelo corpo do ponto onde ele está até o chão.
Logo para deduzir a fórmula da energia potencial gravitacional, calcularemos a energia
cinética do corpo de massa m, e parte de uma altura h, e chega no solo:

Figura 3.41. Análise das partículas subindo e descendo


f f

Wif =  (mg )dy = mg  dy


i i (3.107)
Wif = mg ( y f − y i ) = E pg

Energia potencial elástica:


Trata-se da energia armazenada no corpo quando este encontra-se comprimindo uma
mola. A análise é bem-parecida com a gravitacional, trata-se de calcular a energia cinética
que um corpo em repouso, de massa m, comprimindo uma mola de constante elástica k
de um certo deslocamento x, terá quando o mesmo corpo deixar a mola. Analogamente
à animação acima e temos:
1
E PC = kx 2 (3.108)
2

Forças Conservativas.
As forças que actuam num sistema, modificando-lhe a configuração, dizem-se
conservativas quando, regressando o sistema à configuração inicial, readquire também a
energia cinética inicial. Isto significa que as forças conservativas conservaram a
capacidade que o sistema tinha de realizar trabalho, e daí o seu nome. As forças gravíticas
e as forças elásticas são forças conservativas.

Quando sobre um corpo em movimento atua apenas seu peso, ou força elástica exercida
por uma mola, a energia mecânica desse corpo se conserva. Por este motivo, as forças
citadas são denominadas forças conservativas. Exemplo: ao dar corda em um relógio,
você está armazenando energia potencial elástica numa mola, e essa energia estará
disponível para fazer com que o relógio trabalhe durante um certo tempo. Isso só é
possível porque a energia elástica foi armazenada (conservada).

Forças não Conservativas


As forças que actuam num sistema dizem-se não conservativas ou dissipativas quando,
ao deixarem de realizar trabalho, o sistema ou não regressa à configuração inicial ou
regressa a ela com energia cinética diferente da que tinha no princípio. Isto quer dizer que
as forças não conservativas não conservaram a capacidade que o sistema tinha de realizar
trabalho. As forças de atrito e a resistência ao movimento, no ar ou nos líquidos, são
sempre forças resistentes e não conservativas.
Por outro lado, se existissem forças de atrito atuando durante o deslocamento do corpo,
sua energia mecânica não se conserva, por que parte dela (ou até ela toda) se dissipa sob
forma de calor. Por isso dizemos que as forças de atrito são forças dissipativas. Exemplo:
se você arrastar um caixote pelo chão horizontal, durante um longo percurso, verá que
todo o trabalho realizado foi perdido, pois nenhuma parte dessa energia gasta foi
armazenada, ou está disponível no caixote.

A Conservação de Energia.
Em situações reais, os sistemas não estão isolados, isto é, trocam energia com o exterior.
As forças exteriores, potentes ou motoras, implicam um ganho de energia mecânica pelo

sistema. O trabalho dessas forças, W ( Fextpotentes ) , mede o aumento de energia mecânica
do sistema devido à actuação dessas forças. As forças exteriores, resistentes, implicam

uma perda de energia mecânica pelo sistema. O trabalho dessas forças, W ( Fextresistentes ) ,
mede a diminuição de energia mecânica do sistema devido à actuação dessas forças.
As forças interiores conservativas implicam trocas de energia mecânica no interior do
sistema mas não originam aumento nem diminuição da energia mecânica total do sistema.
As forças interiores dissipativas ou não conservativas, que são sempre resistentes,
provocam uma perda irreversível de energia mecânica, resultando daí o aparecimento de
formas de energia não mecânica no interior do sistema.
É o caso das forças de atrito que originam aumento da energia térmica do sistema à custa
de energia mecânica. Esta energia térmica, que se deve ao aumento das velocidades
individuais nos movimentos moleculares, produz elevações de temperatura.
Em conclusão, num sistema mecânico, actuado por forças conservativas e não
conservativas, a soma dos trabalhos das forças exteriores e forças interiores não
conservativas mede a variação da energia mecânica total do sistema. Assim,

W ( Fncons ) = E c + E p = E m (3.109)

Exercícios
1. Submete-se um corpo de massa igual a 5.000 kg à acção de uma força constante,
que, a partir do repouso, lhe imprime a velocidade de 72 km/h ao fim de 40 s.
determine:
a) A intensidade da força.
b) O espaço percorrido.
2. Qual o valor, em newtons, da força média necessária para fazer parar, num
percurso de 20 m, um automóvel de 1.500 kg a uma velocidade de 72 km/h?
3. Três blocos A, B e C de massa 5 kg, 2 kg e 3 kg respectivamnete estão em
contacto, um do outro, numa superfície horizontal sem atrito. Aplica-se no bloco
A uma força de 20 N, constante. Determine:
a) A aceleração do conjunto.
b) A intensidade da força que B exerce para C
c) A intensidade da força que A exerce para B.
4. Na figura abaixo, três blocos conectados são puxados para a direita em uma
mesa horizontal sem atrito por uma força de módulo T3 = 65, 0 N. Se m1 = 12,0
kg, m2 = 24,0 kg e m3 = 31,0 kg, calcule:
a) o módulo da aceleração do sistema;
b) a tração T1.
c) a tração T2.
5. Na figura ao lado, a massa do bloco é 8,5 kg e o ângulo
θ é 30°. Determine:
a) a tração da corda;
b) a força normal que age sobre o bloco.
c) Determine o módulo da aceleração do bloco se a
corda for cortada.

6. Na figura ao lado, um bloco de massa m = 5,00 kg é


puxado ao longo de um piso horizontal sem atrito
por uma corda que exerce uma força de módulo F =
12,0 N e ângulo θ = 25,0°. (a) Qual é o módulo da
aceleração do bloco? (b) O módulo da força F é
aumentado lentamente. Qual é o valor do módulo da
força imediatamente antes de o bloco perder contato
com o piso? (c) Qual é o módulo da aceleração do bloco na situação do item (b)?
7. A figura mostra dois blocos ligados por uma corda (de massa
desprezível) que passa por uma polia sem atrito (também de massa
desprezível). O conjunto é conhecido como máquina de Atwood. Um
bloco tem massa m1 = 1,3 kg; o outro tem massa m2 = 2,8 kg. Qual
é:
a) o módulo da aceleração dos blocos.
b) qual a tração da corda?

8. Descreva uma situação do quotidiano que que se evidenciam as forças de acção


e reacção.
GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
Ainda que os efeitos da gravidade sejam fáceis de notar, a busca de uma explicação para
a força gravitacional tem embaraçado o homem durante séculos. O filósofo grego
Aristóteles empreendeu uma das primeiras tentativas de explicar como e por que os
objectos caem em direcção à Terra. Entre suas conclusões, estava a ideia de que os
objectos pesados caem mais rápido que os leves. Embora alguns tenham se oposto a
essa concepção, ela foi comumente aceita até o fim do século XVII, quando as
descobertas do cientista italiano Galileu Galilei ganharam aceitação. De acordo com
Galileu, todos os objectos caíam com a mesma aceleração, a menos que a resistência do
ar ou alguma outra força os freasse.
Os antigos astrônomos gregos estudaram os movimentos dos planetas e da Lua.
Entretanto, o paradigma aceite hoje foi determinado por Isaac Newton, físico e matemático
inglês, baseado em estudos e descobertas feitas pelos físicos que até então trilhavam o
caminho da gravitação. Como Newton mesmo disse, ele chegou a suas conclusões
porque estava "apoiado em ombros de gigantes". No início do século XVII, Newton baseou
sua explicação em cuidadosas observações dos movimentos planetários, feitas por Tycho
Brahe e por Johannes Kepler. Newton estudou o mecanismo que fazia com que a Lua
girasse em torno da Terra. Estudando os princípios elaborados por Galileu Galilei e por
Johannes Kepler, conseguiu elaborar uma teoria que dizia que todos os corpos que
possuíam massa sofreriam atração entre si.
A partir das leis de Kepler, Newton mostrou que tipos de forças devem ser necessárias
para manter os planetas em suas órbitas. Ele calculou como a força deveria ser na
superfície da Terra. Essa força provou ser a mesma que dá à massa sua aceleração.

Lei de Newton de Gravitação Universal


Pouco se sabia sobre gravitação até o século XVII, pois acreditava-se que leis diferentes
governavam os céus e a Terra. A força que mantinha a Lua pendurada no céu nada tinha
a ver com a força que nos mantém presos à Terra. Isaac Newton foi o primeiro a pensar
na hipótese de as duas forças possuírem as mesmas naturezas; até então, havia apenas
a teoria magnetista de Johannes Kepler, que dizia que era o magnetismo que fazia os
planetas orbitarem o Sol
Newton explica, "Todos os objectos no Universo atraem todos os outros objectos com
uma força direccionada ao longo da linha que passa pelos centros dos dois objectos, e
que é proporcional ao produto das suas massas e inversamente proporcional ao quadrado
da separação entre os dois objectos."
Newton acabou por publicar a sua, ainda hoje famosa, lei da gravitação universal, no seu
Principia Mathematica, como:
 m m
F =G 1 2 2 (3.128)
r
Dois corpos puntiformes m1 e m2 atraem-se exercendo entre si forças de mesma
intensidade F1 e F2, proporcionais ao produto das duas massas e inversamente
proporcionais ao quadrado da distância (r) entre elas. G é a constante gravitacional.
G = 6.67  10−11 Nm / kg 2
A constante gravitacional universal foi medida anos mais tarde por Henry Cavendish. A
descoberta da lei da gravitação universal se deu em 1685 como resultado de uma série
de estudos e trabalhos iniciados muito antes.
A lei da gravitação universal diz que dois objectos quaisquer se atraem gravitacionalmente
por meio de uma força que depende das massas desses objectos e da distância que há
entre eles. A força de atracção entre dois objectos é chamada de peso.
Rigorosamente falando, esta lei aplica-se apenas a objectos semelhantes a pontos. Se os
objectos possuírem extensão espacial, a verdadeira força terá de ser encontrada pela
integração das forças entre os vários pontos. Por outro lado, pode provar-se que para um
objecto com uma distribuição de massa esfericamente simétrica, a integral resulta na
mesma atracção gravitacional que teria se fosse uma massa pontual.
Foi este obstáculo que levou Newton a adiar por vários anos a publicação da sua teoria,
já que ele não conseguia mostrar que a gravitação exercida pela Terra sobre um corpo à
sua superfície era a mesma como se toda a massa da Terra estivesse concentrada em
seu centro.

A Constante Gravitacional G
Campo gravitacional é o campo vectorial que representa a gravitação de um corpo maciço
(isto é, um corpo caracterizado pelo atributo de massa), sem especificar qual é o corpo
que está sendo atraído. É dado pelo quociente entre a força gravítica e a massa do corpo
que sofre a acção do campo:
GM
G= 2 (3.129)
d
Nesta fórmula, o primeiro G é a norma do campo gravítico (N/kg), o segundo é a constante
de gravitação universal ( ~ 6.67  10 −11 ), M é a massa do corpo criador do campo e d é a
distância em relação à massa criadora a que estamos a medir o valor do campo. Pela
equivalência entre a massa inercial e a massa gravitacional, a definição acima não depende
do corpo que sofre a ação do campo.
Em termos vectoriais, a fórmula deve ser escrita;
GMr
G( r ) = − 3 (3.129”)
r
Em que r é um vector. O sinal negativo (-), mostra que o campo é atrativo, ou seja, a força
tem o sentido oposto ao raio vector.
A gravidade é a força de atracção mútua que os corpos materiais exercem uns sobre os
outros. Classicamente, é descrita pela lei de Newton da gravitação universal. Foi
descoberta primeiramente pelo físico inglês Isaac Newton e desenvolvida e estudada ao
longo dos anos.
Albert Einstein descreveu-a como consequência da estrutura geométrica do espaço-
tempo. Do ponto de vista prático, a atração gravitacional da Terra confere peso aos
objectos e faz com que caiam ao chão quando são soltos no ar (como a atração é mútua,
a Terra também se move em direcção aos objectos, mas apenas por uma ínfima fração).
Ademais, a gravitação é o motivo pelo qual a Terra, o Sol e outros corpos celestiais
existem: sem ela, a matéria não se teria aglutinado para formar aqueles corpos e a vida
como a entendemos não teria surgido. A gravidade também é responsável por manter a
Terra e os outros planetas em suas respectivas órbitas em torno do Sol e a Lua em órbita
em volta da Terra, bem como pela formação das marés e por muitos outros fenómenos
naturais.
A Gravitação universal é uma força fundamental de atração que age entre todos os
objectos por causa de suas massas, isto é, a quantidade de matéria de que são
constituídos. A gravitação mantém o universo unido. Por exemplo, ela mantém juntos os
gases quentes no sol e faz os planetas permanecerem em suas órbitas.
A gravidade da Lua causa as marés oceânicas na terra. Por causa da gravitação, os
objectos sobre a terra são atraídos em sua direcção. A atração física que um planeta
exerce sobre os objectos próximos é denominada força da gravidade. A lei da gravitação
universal foi formulada pelo físico inglês Sir Isaac Newton em sua obra Philosophiae
Naturalis Principia Mathematica, publicada em 1687, que descreve a lei da gravitação
universal e as Leis de Newton — as três leis dos corpos em movimento que assentaram-
se como fundamento da mecânica clássica.

A Gravidade nas vizinhanças de Superfície Terrestre


A força de atração gravitacional entre a Terra e um corpo de massa m próximo à sua
superfície, em princípio deverá ter a mesma forma da atração entre dois corpos quaisquer.
No entanto se esse corpo estiver a uma altura h acima da superfície da Terra, e pudermos
considerar esta altura muito menor que o raio da Terra, poderemos fazer algumas
considerações e até aproximações razoáveis sobre o valor desta força de atração O
módulo da força gravitacional sobre uma partícula de massa m, situada fora do planeta, a
uma distância r do seu centro, e dada por:
 M m
F = G T2 (3.134)
r
Se a partícula é liberada, essa força gravitacional faz com que ela caia na direcção do
centro da terra com a aceleração da gravidade ag. Pela segunda lei de Newton,

F = m  ag (3.135)
Das equações acima, temos:
MT
ag = G (3.136)
r2
A aceleração gravitacional ag é devida exclusivamente à força gravitacional exercida sobre
a partícula pela terra. A força gravitacional exercida sobre a partícula é diferente do peso
que medimos com uma balança, por três razões:
1o A Terra não é uniforme – A densidade da terra varia radialmente.

Figura 3.49
2 A Terra não é uma esfera – É aproximadamente um elipsóide, achatada nos polos e
o

dilatada no equador.

3o A Terra gira – O eixo de rotação passa pelos seus polos norte e sul.

Figura 3.51
Aplicando a segunda lei de Newton,
F = ma g − N = ma
(3.137)
ma g − mg = ma
Levando em conta o efeito da aceleração centrípeta, temos
 2 
2

ag − g =  R = 
2
 → R = 0.034m / s
2
(3.138)
 T 
Logo, a aceleração de queda livre g (9,78 m/s2 ≈ 9,8 m/s2) medida no equador da Terra
real, que gira, é ligeiramente menor que a aceleração gravitacional age devido somente à
força gravitacional. A diferença fica cada vez menor, à medida que o caixote é transportado
para latitudes maiores, pois ele, então, descreve um círculo menor, ou seja, R menor.

Velocidade de Escape
A velocidade de escape é a velocidade mínima com a qual um corpo deve ser lançado da
Terra para que alcance o infinito. Para que um corpo alcance o infinito, a energia total
deve ser igual ou superior a zero e, por isso, a velocidade mínima corresponderá a uma
energia total nula. Consideremos um projétil de massa m, deixando a superfície da Terra
com a velocidade de escape ve, então,
1 2  GMm  2GM
E = K +U = 0  mv +  −  = 0  ve = (3.146)
2  R  R
Onde M é a massa da terra e R, o seu raio.
Note que: A velocidade de escape é independente da massa do projétil. No entanto, o
impulso necessário para acelerar o projétil para atingir a velocidade de escape depende
de sua massa. É por isso que os mísseis e os satélites pesados requerem propulsores
mais potentes. A velocidade para terra: 1,12 x104 m/s = 11,2 km/s

Planetas e Satélites: As Leis de Kepler


A humanidade sempre foi fascinada pelo céu noturno, com a infinidade de estrelas e com
os brilhantes planetas. No final do século XVI, o astrônomo Tycho Brahe estudou os
movimentos dos planetas e conseguiu fazer observações muito mais exatas que as feitas
anteriormente por outros observadores.
Com os dados de Tycho Brahe, Johannes Kepler descobriu que as trajetórias dos planetas
em torno do Sol eram elipses. Mostrou também que tinham velocidades maiores quando
orbitavam nas proximidades do Sol e menores quando estavam muito afastados. Kepler
estabeleceu, por fim, uma relação matemática precisa entre o período de um planeta e a
sua distância média ao Sol, e enunciou os resultados da sua investigação em três leis
empíricas do movimento dos planetas.

A Lei das Órbitas:


Todos os planetas se movem em órbitas elípticas, com o sol em um dos focos
Implicações: Com base nesta lei, temos uma importante consequência: Como o Sol é o
um dos focos da elipse desenvolvida pelos planetas (e não o centro desta), em algumas
épocas do ano um planeta pode estar mais próximo do Sol; teremos então, o PERIÉLIO.
Pela mesma razão, quando determinado planeta estiver na região de máxima distância em
relação ao sol, teremos o AFÉLIO

Figura 3.55 - Mostra um planeta de massa m se movendo numa órbita em torno do Sol, cuja
massa é M. Supomos que M >> m, de tal modo que o centro de massa do sistema planeta-Sol
está praticamente no centro do Sol.

Lei das Áreas


Uma linha que liga um planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. Vamos
considerar a área ΔA varrida pelo planeta num intervalo Δt. Quando o intervalo de tempo
for muito pequeno, a área vale aproximadamente:

(r )
A  r (3.147)
2

Figura 3.56
onde r mede aproximadamente a distância entre o Sol e o planeta e Δθ mede o ângulo
varrido pela linha quando o planeta se movimenta de posição inicial até a final. A taxa com
que essa área varia com o tempo é dada por:
A 1 2 
= r (3.148)
t 2 t
E quando o intervalo de tempo tender a zero
dA 1 2 d 1 2
= r = r  (3.149)
dt 2 dt 2

Onde ω é a velocidade angular do planeta. Por outro lado, o vetor momento linear p do
planeta tem a direcção tangente à curva descrita por esse objecto. Vamos decompor esse
vetor segundo uma componente radial e outra componente perpendicular. A componente
radial tem a direcção ao longo da linha que une o planeta ao Sol e componente
perpendicular é perpendicular a essa linha. Desse modo, o vetor momento angular L do
planeta num dado instante é dada por:
  
L = r  p  L = rp⊥ = r (mv⊥ ) = r (mr )  L = mr 2 (3.150)

Considerando a variação da área pela linha, encontramos que:


dA L
= (3.151)
dt 2m
Se dA/dt é constante como Kepler afirmou, isso significa que L também deve ser
constante – o momento angular deve ser conservado. Assim, a segunda Lei de Kepler é
equivalente à lei de conservação do momento angular.

Lei dos Períodos


O quadrado do período de qualquer planeta é proporcional ao cubo do semi-eixo maior
de sua órbita. Por simplicidade, vamos considerar que a órbita do planeta de massa m é
circular de raio R, e o movimento tem período T. A única força que actua no planeta é a
força gravitacional e, portanto, ela é a força centrípeta:

mM v2 M
F = G 2 = m  v2 = G (3.152)
R R R
Por outro lado:
2R  2R  M  4 2  3
v=  =G  T = 
2
r (3.153)
T  T  R  GM 

Figura 3.57
Órbitas de Satélites e Energia
Vamos considerar o movimento de dois objectos estelares de massas M e m
respectivamente, com interação dada pela Lei de Gravitação Universal, que num dado
momento estão distantes entre si uma distância r .
Vamos supor ainda que a origem do referencial esteja localizada em M, e para simplificar,
que a órbita de m ao redor de M seja uma circunferência - ao invés do caso mais geral
que seria uma elipse. Esse sistema é conservativo, e a Energia Mecânica E é a soma das
Energias Cinética K e Potencial U .
 1 2
 K = 2 mv
E = K +U =  (3.154)
U = −G Mm
 r

A única força que está atuando é a gravitacional, portanto ela é a força centrípeta, e desse
modo:
 Mm v2 1 Mm
F =G 2 =m K = G (3.155)
r r 2 2

A energia mecânica total é:


Mm Mm Mm
E = K +U = G −G = −G (3.156)
2r r 2r

Quando a Energia Mecânica é negativa (como neste caso) temos um sistema fechado
pois a partícula não é livre para se libertar do potencial e se afastar para uma distância
infinitamente grande. Isso é decorrência do facto da energia potencial (que é negativa) ter
um módulo maior que a energia cinética e como consequência a partícula estará presa a
este potencial. Em contraposição, a partícula será livre quando a energia mecânica for
positiva.

Fig. 3.58 – As variações da energia cinética K, da energia potencial U e da energia total E


com o o raio R para um satélite em órbita circular.
Exercícios
1. A terra descreve um eclipse em torno do Sol, cuja área = 6,98 ∙ 1022 𝑚2.
a) Qual a área varrida pelo raio que liga a Terra ao Sol em 0,h do dia 1 de Abril
até 24h do dia 30 de Maio do mesmo ano?
b) Qual o princípio ou lei que se usou para efectuaro cálculo acima?
2. Que alterações teria o módulo da aceleração de gravidade se a massa da Terra
fosse reduzida a metade e o seu raio diminuído a quarta parte do seu valor real?
3. Calcule aproximadamente a intensidade da força de atracção gravitacional do Sol
sobre a Terra. Dados aproximados: massa do Sol = 2 ∙ 1030 𝑘𝑔; massa da Terra =
Sol 6 ∙ 1024 𝑘𝑔; distância média do Sol a Terra = Sol ≈ 1011 𝑚; constante de
gravitação universal = Sol 6,7 ∙ 10−11 𝑆𝐼.
4. Calcule aproximadamente a intensidade da força de atração gravitacional da Terra
sobre a Lua. Compare o valor com a força de atração Terra – Sol do exercício
anterior. Dados massa da Lua Sol 7 ∙ 1022 𝑘𝑔; distância média da Terra a Lua Sol
4 ∙ 108 𝑚.
5. Imagine um planeta cuja massa seja 10 vezes a massa da Terra e cujo raio seja 2
vezes o raio da Terra. Sendo g a aceleração de gravidade na superfície da Terra.
Determine a aceleração de gravidade na superfície do planeta em função de g. não
considere os efeitos de rotação.
6. Um satélite artificial é lançado para descrever uma orbita circular de raio = 8 ∙
103 𝑘𝑚. Sabendo que a constante de gravitação universal = 6,67 ∙ 10−11 𝑁𝑚2 /𝑘𝑔
e a massa da Terra 6 ∙ 1024 𝑘𝑔. Determine:
a) Velocidade orbital desse satélite.
b) O intervalo de tempo que ele demora para completar uma volta ao redor da
Terra.
7. Admita que no exercício anterior, o satélite tenha 100 kg de massa:
a) Determine a intensidade da força centrípeta que age sobre ele.
b) Explique porque uma pessoa dentro do satélite experimenta a sensação de
imponderabilidade ou “ausência” do peso.

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