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CONSUMO DE FENO DE CAPIM COAST-CROSS, EM DIFERENTES FORMAS FÍSICAS, POR EQÜINOS1

RÓBSON RICARDO MOREIRA PIMENTEL2, VINICIUS PIMENTEL SILVA3, FERNANDO QUEIROZ DE ALMEIDA4, FERNANDA NASCIMENTO
DE GODOI5, MARCOS SANDES PIRES6, TIAGO MARQUES DOS SANTOS6, ELIANE DA SILVA MORGADO5 LEANDRO GALZERANO7, ANA
PAULA PESSIM DE OLIVEIRA5, HENRIQUE TORRES VENTURA8

1
Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERJ
2
Discente do Curso de Mestrado em Zootecnia - UFRuralRJ
3
Discente de Zootecnia da UFRuralRJ. Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ
3
Professor Adjunto.UFRuralRJ. BR 465, km 7. Campus Universitário. Seropédica, RJ. 23890-000 e-mail:falmeida@ufrrj.br Bolsista do CNPq
5
Discente de Zootecnia da UFRuralRJ. Bolsista de Iniciação Científica CNPq
6
Discente de Medicina Veterinária da UFRuralRJ. Bolsista de Iniciação Científica CNPq
7
Discente de Licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRRJ. Bolsista de Iniciação Científica CNPq-UFRuralRJ
8
Discente de Zootecnia da UFRuralRJ.

RESUMO O presente trabalho objetivou avaliar o consumo de eqüinos alimentados com feno de capim coast-cross com diferentes formas físicas. Foram
utilizados quatro potros mestiços, com peso vivo médio de 200 kg, distribuídos em um delineamento em quadrado latino em quatro períodos. Os animais foram
colocados em baias individuais e alimentados com feno de capim coast-cross, quatro vezes ao dia. Os tratamentos foram compostos de feno de capim coast-
cross com diferentes formas físicas: Tratamento I – feno inteiro; Tratamento II – feno picado; tratamento III – feno moído com peneira de 5 mm de diâmetro;
Tratamento IV - feno moído com peneira de 3 mm de diâmetro. A forma física do feno não influenciou o consumo de matéria seca pelos animais. O perfil
granulométrico influenciou o tempo de consumo dos animais sendo que o menor tempo de consumo foi observado nos eqüinos consumindo o feno com menor
tamanho de partícula, moído em peneira de 3 mm. A utilização de feno de coast-cross com tamanhos reduzidos de partícula não provocou distúrbios digestivos
aos eqüinos, podendo ser utilizado na sua alimentação, entretanto deve ser observado a duração do período de seu fornecimento como dieta única.

PALAVRAS-CHAVE alimento cavalos dietas nutrição

Intake evaluation of coast-cross hay with different physical form by horses

ABSTRACT This experiment aimed to evaluate intake and time of intake of horses fed of coast cross hay with four different physical forms. Four crossbred 200
kg live weight colts were distributed in latin square design. Animals were maintained in individual stalls and fed coast cross hay, four times a day. Treatments
were: Treatment I - integral hay; Treatment II - pricked hay; treatment III – grinded hay (5 diameter mm); Treatment IV - grinded hay (3 diameter mm). The
physical forms of hay didn’t affect dry matter intake by horses. The physical forms influenced intake time of animals and smallest intake time was observed for
horses fed coast cross hay with reduced particle size (grinded in sieve of 3 mm). Coast cross hay fed with reduced particle size didn’t affect digestive process of
horses and could be used diets but should be observed the supply period as exclusive feedstuffs.

KEYWORDS diets, feedstuffs, horses nutrition,

INTRODUÇÃO
O cavalo domesticado passou a consumir uma variedade de alimento que varia em sua forma física e em seu teor de umidade, consistindo de forragens com
alto teor de umidade a cereais com alto teor de amido, e fenos com partículas longas e fibrosas, com baixo teor de umidade (Frape, 1998). Os eqüinos, devido
às particularidades do seu sistema digestivo, têm hábitos de pastejo peculiares à espécie, com alta freqüência de pastejo intercalados por outras atividades.
Cavalos e pôneis soltos pastejam de 10 a 12 horas/dia em turnos de duas a três horas. Estes turnos estão intercalados por períodos de atividades sociais,
repouso e locomoção (Frape, 1998) enquanto animais estabulados têm seu comportamento alimentar diferenciado. O tempo de consumo nessas condições é
influenciado por fatores ambientais e fatores ligados ao comportamento individual. A forma física do alimento e freqüência do seu fornecimento pode alterar o
tempo de consumo e com isso o tempo de trânsito da digesta, afetando principalmente o tempo de mastigação do alimento. Essas mudanças podem favorecer
ou não a ocorrência de distúrbios digestivos. O presente trabalho objetivou avaliar o tempo de consumo de animais recebendo feno de capim coast-cross com
quatro diferentes formas físicas.

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MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Pesquisas em Saúde Eqüina da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no período de setembro a
novembro de 2004. O ensaio de digestão foi realizado em baias individuais de 3m x 3m com cochos separados para ração e água. Foram utilizados quatro
potros mestiços, com peso vivo médio de 200 kg, não castrados, com idade média de 30 meses. Os tratamentos foram compostos de feno de capim coast-
cross com quatro diferentes formas físicas: Tratamento I – feno integral; Tratamento II – feno picado; tratamento III – feno moído com peneira de 5 mm de
diâmetro; Tratamento IV - feno moído com peneira de 3 mm de diâmetro. As dietas foram oferecidas às 07:00, 13:00, 19:00 e 01:00 horas. Os animais
passaram por um período de 15 dias de adaptação às dietas, sendo que aos 16 dias de cada período foi anotado a cada hora após o fornecimento, em fichas
apropriadas, o percentual de sobra de alimento até o final do consumo quando era anotado o tempo de consumo. A água e o suplemento mineral foram
mantidos à vontade. O feno foi fornecido considerando-se um consumo diário de 2,5% do peso vivo, na base da matéria seca. Foi utilizado o delineamento
experimental em Quadrado Latino 4 X 4, com quatro tratamentos (dietas), quatro animais, sendo o animal na repetição considerado como unidade
experimental. Cada período experimental teve duração de 20 dias, sendo 15 dias de adaptação às dietas, e cinco dias para avaliação do consumo voluntário.
Os valores do consumo foram submetidos à análise de variância e os valores médios comparados pelo teste de Student-Newman Keuls, adotando o nível de
5% de probabilidade. As análises estatísticas foram procedidas utilizando o programa Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas – SAEG (UFV, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1 pode ser observado o consumo de matéria seca e tempo de consumo do feno de capim coast-cross, nas diferentes formas físicas. Em relação ao
consumo de matéria seca não houve diferença (P>0,05) entre os animais alimentados com o feno de coast-cross, nas diferentes formas físicas, com valores
médios de 2,24%PV. Segundo Meyer (1991), nos eqüinos com maiores exigências de energia pode-se aumentar a ingestão total da dieta através de
processamento do volumoso, entretanto a capacidade de ingestão diária de dietas mistas de eqüinos de porte médio em mantença é de 2,0 kg MS/100 kg de
peso vivo. A forma física na qual um alimento é apresentado altera a taxa de consumo e total de matéria seca consumida por cavalos e os eqüinos parecem
responder mais à forma física ou palatabilidade do alimento do que pelo conteúdo de energia (Haenlein et al., 1966; Hintz, 1966). Os estímulos pré-gástricos
que estão relacionados ao comportamento alimentar incluem a apresentação, palatabilidade, tamanho de partícula e textura do alimento que afetam a
apreensão, mastigação, salivação e ingestão. Cavalos e pôneis parecem responder mais a estes estímulos para o controle da quantidade consumida e da
duração de um período de alimentação (Ralston, 1984). O tempo de consumo dos eqüinos consumindo o feno finamente moído, em peneira de 3 mm, diferiu
(P<0,05) dos animais consumindo feno inteiro, de 1,11 e 2,42 horas, respectivamente mas não foram observadas diferenças (P>0,05) em relação as demais
dietas. Observou-se redução gradual no tempo de consumo com a diminuição do tamanho de partícula do feno, do feno inteiro, feno picado, feno moído
(peneira de 5 mm) e feno finamente moído (peneira de 3 mm). Não houve ocorrência de distúrbios digestivos durante o período experimental indicando que o
feno moído com peneira de 3 mm, não alterou o funcionamento do trato gastrointestinal dos animais mas seria necessário um período mais longo de
fornecimento da dieta para se confirmar o pressuposto. Segundo Frape (1998), os eqüinos, geralmente, reduzem o tamanho das partículas do feno e
volumosos frescos a menos que 1,6 mm de comprimento e, dois terços das partículas de feno no estômago de eqüinos são menores que 1 mm. Pode-se
deduzir que os diversos processamentos da forragem são seguros para os eqüinos, não causando transtornos digestivos e/ou metabólicos.

CONCLUSÕES
A forma física do feno, inteiro, picado ou moído, não influenciou o consumo de matéria seca, entretanto a redução no tamanho da partícula do feno de coast-
cross reduz o tempo de consumo pelos eqüinos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. FRAPE, D. L. . Equine Nutrition and Feeding. 2.ed. Blackwell Science, 1998, 549 p.
2. HAENLEIN, G.F.W.; HOLDREN, R.D.; YOON, Y.M. . [ Comparative response of horses and sheep to different physical forms of alfafa hay. Journal of
Animal Science, v.25, p.740-743, 1966.
3. HINTZ, H.F.; LOY, R.G. . [ Effect of pelleting on the nutritive value of horses rations. Journal of Animal Science, v.25, p.1059-1060, 1966..
4. NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. . [ Nutrients requirements of horses. Washington, D.C., 5. Ed., 1989, 100p..
5. RALSTON, S. L. . [ Controls of feeding in horses. Journal of Animal Science, v.59, n.5, p.1354-1361, 1984.
6. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV. . [ SAEG - Sistema de análises estatísticas e genéticas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2000.
Manual do usuário, 150p.

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Tabela 1. Valores médios do consumo diário de matéria seca (MS), expresso em quilogramas, em porcentagem do peso vivo (PV) e gramas por quilograma de
MS consumida e, do tempo de consumo do feno de capim coast cross com diferentes formas físicas.

Consumo MS Consumo MS Tempo de consumo


Item Consumo MS (kg/dia)
(% PV) (g/kg PV) (horas)
Feno Integral 4,82 2,25 22,54 2,42a ± 0,96
Feno Picado 4,85 2,25 22,51 1,99ab ± 0,62
Feno Moído (5mm) 4,73 2,26 22,65 1,93ab ± 0,39
Feno Moído (3mm) 4,98 2,32 23,18 1,11b ± 0,09
CV % 3,35 4,69 4,69 22,22
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo Teste de SNK (P<0,05).

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