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HOSPITALARES
RESUMO
O presente trabalho tem com objetivo geral abordar a gestão da manutenção de
equipamentos hospitalares e mostrar a importância dela para a boa gestão dos
hospitais, redução de custos com paradas não planejadas e garantia de atendimento
ao doente. Pode-se, assim, comparar um hospital a uma empresa, cuja administração
precisa ser eficiente pois o “produto” ali considerado é a saúde e a vida de seus
clientes, em se tratando de equipamentos hospitalares, além da manutenção, também
deve-se levar em conta os equipamentos que necessitam de calibração periódica
devido às suas características funcionais. Foi analisado a gestão de manutenção e
dos equipamentos em três hospitais, sendo realizado um estudo de caso com
pesquisa de campo e outros dois através de revisão da bibliografia. Com base nos
resultados dos estudos de caso foi possível concluir que os hospitais possuem a
preocupação ou já iniciaram algum processo de gestão da manutenção.
Verificou-se, especialmente nos hospitais públicos de menor porte, como o estudo de
caso 1, que a gestão da manutenção ainda é pouco estruturada, sem equipe dedicada
e se baseando quase exclusivamente em recursos de terceirização. Enquanto os
hospitais privados apresentam uma equipe técnica dedicada a gestão da manutenção
e controle dos equipamentos por meio digital com utilização de softwares de gestão.
1. INTRODUÇÃO
Segundo a norma ABNT NBR 5462 (1994) a manutenção pode ser definida como uma
combinação de ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão,
destinadas a manter ou recolocar um item em estado no qual possa desempenhar
uma função requerida”.
Ainda, segundo a mesma norma, os tipos de manutenção podem ser divididos em:
• Manutenção não planejada: normalmente de caráter corretivo. Ocasiona
prejuízo de produtividade e altos custos.
• Manutenção planejada: de caráter sistêmico e subdividida em:
• Manutenção Preventiva, que se realiza para prevenir a ocorrência de uma
falha;
• Manutenção Preditiva, que se realiza através de medição de parâmetros para
determinar a época de ocorrência de uma falha e com isso realizar a
manutenção preventiva antes que ocorra a falha;
• Manutenções de Rotina ou detectivas, tais como inspeções, lubrificação etc.,
que estão incluídas na manutenção do tipo de prevenção para evitar a
ocorrência de falhas ocultas.
A evolução da indústria em geral, conforme FOGLIATO e RIBEIRO (2011), mostra
que a manutenção passou a ter papel fundamental no controle de custos, da
produtividade e no desempenho e vida útil de equipamentos e sistemas. Quanto mais
tempo de máquina parada, mais perdas ocorrem à cadeia produtiva. Considerando os
hospitais, e o tipo de serviço ali oferecido, se percebe de forma ainda mais latente, a
importância da manutenção dos equipamentos e sistemas para que nada pare de
funcionar. Para ilustrar a gravidade de uma falha em um sistema hospitalar podemos
citar o fato ocorrido em 05 de outubro de 2019, em um hospital em Teresina, Piauí,
onde médicos tiveram de utilizar as lâmpadas dos celulares quando os geradores do
hospital não entraram em funcionamento após a queda de energia da concessionária,
conforme noticiado pelo site de notícias UOL (2019).
Segundo AZEVEDO (2011), em se tratando de equipamentos hospitalares, além da
manutenção, também deve-se levar em conta os equipamentos que necessitam de
calibração periódica devido às suas características funcionais. A calibração define-se
então pela “(...) comparação entre dois dispositivos ou sistemas de medição que
apresentam uma relação conhecida de acordo com um padrão certificado”.
Segundo FERREIRA (2017), de 20 a 30% da manutenção realizada em equipamentos
hospitalares é inadequada, logo, considerando a importância da manutenção e bom
funcionamento dos equipamentos hospitalares, o Ministério da Saúde através da
ANVISA, define pela RDC/Anvisa n. 02, de 25 de janeiro de 2010, “que todos os
estabelecimentos de saúde devem realizar o gerenciamento das tecnologias em
saúde”. A NBR 15943 (2011) cita as diretrizes para o gerenciamento dos
equipamentos, o anexo IV da Portaria Nº 158 do Ministério da Saúde de 2017
caracteriza os equipamentos, a manutenção e a calibração, entre outros.
Segundo GERÔNIMO et al. (2017), para a implantação de um sistema de manutenção
de equipamentos hospitalares é necessário considerar a importância do serviço a ser
executado e a forma de gerenciar a realização desse serviço. Para tal, torna-se
fundamental conhecer o nível de importância do equipamento nos procedimentos e
atividades clínicos, o histórico do equipamento dentro do hospital, a que grupo ou
família de equipamentos ele pertence, sua vida útil, nível de obsolescência,
características de construção e a possibilidade de substituição durante a manutenção;
ou seja, tudo o que se refira ao equipamento e que possa, de alguma maneira,
subsidiar o serviço de manutenção, visando a obter segurança e qualidade no
resultado do trabalho. Todo esse conjunto de informações irá ajudar o responsável
técnico na análise para detecção de falhas, a estabelecer a urgência da realização do
serviço, a desenvolver a rotina de manutenção preventiva e na obtenção do nível de
confiabilidade exigido, visto que uma manutenção inadequada poderá colocar em
risco a vida do paciente.
Ainda, é fundamental desenvolver o treinamento da equipe envolvida na manutenção.
Segundo CALILI e GOMIDE (2002), o conhecimento da equipe está diretamente
ligado à confiabilidade e agilidade nos serviços. Importante que a equipe esteja
acostumada aos termos médicos para melhor comunicação com a equipe de médicos
e enfermeiros.
Para aumentar o conhecimento, necessário se faz conhecer as principais instalações
e equipamentos existentes nos hospitais para que seja possível pensar na gestão da
manutenção.
Devido à sua complexidade e característica, os equipamentos e instalações podem
variar conforme a característica do hospital. Por exemplo, um hospital pode não
possuir o serviço de maternidade e atendimento neonatal. Ainda, pode ser
especializado em um tipo de atendimento, como oncológico ou do sistema locomotor
(exemplo do Hospital Rede Sarah Kubitscheck).
O Ministério da Saúde através do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(CNES) classifica os equipamentos segundo grupos funcionais sendo: equipamentos
de audiologia, equipamentos de diagnóstico por imagem, equipamentos de
infraestrutura, equipamentos de odontologia, equipamentos para manutenção da vida,
equipamentos por métodos gráficos, equipamentos por métodos óticos e outros.
Como já citado no item anterior, o conhecimento do tempo médio de falha (TMF) de
um equipamento é importante para a definição do contingente de técnicos e para se
definir o plano de manutenção. Na Tabela II abaixo, tem-se o exemplo de falhas
conforme estudo dentro do complexo de saúde da Universidade Estadual de
Campinas. Esses valores foram levantados com base em aproximadamente 24.000
ordens de serviços de 2000 a 2002 executadas pelo Centro de Engenharia Biomédica
da UNICAMP. Os valores representam a média dos períodos transcorridos entre
manutenções corretivas para cada tipo de equipamento, independentemente de sua
marca.
Tabela II – Tempo médio de falha de alguns equipamentos hospitalares
3. METODOLOGIA
Eles foram escolhidos visto que representam o roteiro mínimo recomendado pelos
trabalhos do Ministério da Saúde segundo CALIL e TEIXEIRA (1999) e CALIL e
GOMIDE (2002) descritos no referencial teórico. Logo, as respostas foram
confrontadas com o referencial teórico.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi realizada a visita por parte do grupo e não foi possível levantar todas as
informações com base na bibliografia já citada no referencial teórico. Abaixo descritivo
das informações disponibilizadas.
a) Existe o inventário dos equipamentos?
Sim, os valores exatos não foram disponibilizados para o grupo, mas gira em torno de
200 equipamentos. No caso do laboratório, existem cerca de 15 aparelhos.
b) Existência tipo de tagueamento ou sistema de codificação?
Sim, mas sem respeitar a referência sugerida pelo referencial teórico letra B. Ver
Figura V. Contudo, é usado é número de série do equipamento na ficha de registro da
manutenção preventiva e na ordem de serviço da manutenção corretiva.
Fonte: Autores
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados dos estudos de caso é possível concluir que os hospitais
possuem a preocupação ou já iniciaram algum processo de gestão da manutenção.
Contudo, verifica-se, especialmente nos hospitais públicos de menor porte, como o
estudo de caso 1, que a gestão da manutenção ainda é pouco estruturada, sem equipe
dedicada e se baseando quase exclusivamente em recursos de terceirização.
Considerando a constante troca de administradores, visto que os mesmos são
nomeados pelos prefeitos, e que esses administradores podem contratar empresas
terceirizadas diversas a cada período, tem-se como fator negativo o risco de perda do
histórico de falhas do equipamento dificultando o correto dimensionamento da vida útil
e análises de custo x benefício entre manutenção e obtenção de novo equipamento.
Logo, a gestão dos equipamentos não é suficientemente eficiente e perdas
econômicas podem acontecer para o hospital.
Nos estudos de caso 2 e 3, encontra-se uma condição de maior estrutura, com equipe
técnica dedicada a gestão da manutenção e controle dos equipamentos por meio
digital. No estudo de caso 3, foi concluído que a implantação do sistema de software
para a gestão trouxe agilidade e redução de perdas e paradas dos equipamentos.
Para obter maior abrangência sobre as informações do cenário da gestão da
manutenção no ambiente hospitalar seria necessário aumentar a quantidade de
amostras de estudo de caso, ficando como proposta de trabalho futuro.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS