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COMIDAS DOS ORIXÁS

Ipeté, é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual
do candomblé, oferecida especialmente ao orixa Oxun.
Inhame, azeite de dendê, cebola raladas, camarão sêco e defumado, gengibre ralado,
camarões frescos inteiros e cozidos para enfeitar e sal.
Também oferecido ao Orixá Oxaguian, substituindo o dendê por azeite doce na festa do Pilão.
Preparo:
Tirar a casca do inhame e cortar em pedaços pequenos, cozinhar ao ponto de amassar com um
garfo, colocar os temperos e um pouquinho de sal e bater com uma colher de pau até ficar no
ponto de um purê. Colocar em uma tigela e enfeitar com os camarões inteiros.

Lelê iguaria africana, doce feito com quirela de milho vermelho, coco ralado, açúcar e leite de
coco. Oferecido aos Orixás Oba e Ewa e Ode. Em uma panela coloque água e o pacote do
milho quebradinho chamado de xerem, deixe de molho num periodo de meia hora. Escorra a
água e coloque outra, (uma quantidade que cubra todo o milho) com o cravo, a canela em pau,
açúcar, sal e leve ao fogo ate virar um mingau durinho, quando já estiver durinho, acrescente o
leite do coco.

Mungunzá, mugunzá, ou mucunzá como é chamado pelo povo do santo é o nome da comida
ritual votiva, pertinente aos orixás oxalá, oxaguian, oxalufan e o ikise lembarenganga, tanto no
candomblé como na umbanda. (De mucunzá, do quimb. mu’kunza, ‘milho cozido’) “Dicionário
Aurélio”.

Alimento ritual feita de grãos de milho branco, cozidos em água sem sal e com açúcar, algumas
vezes com leite de coco e de gado, com pequena quantidade de “água de flor de laranjeira”,
servido aos adeptos com bastante caldo e aos orixás bem compactada em forma de ebô.

Aluá

Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar
ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem
africana.

COMIDA RITUAL - PARTE III

Farofa ou mi-ami-ami é um nome comum a vários tipos de comidas rituais votivas, feita de
uma mistura, que tem como base farinha de mandioca, “farinha de pau ou farinha de guerra”.
Esta comida ritual sagrada, também é um alimento ritual e muito apreciada pela maioria do
povo do santo da cultura Nago-Vodum.

Tipos de Farofas
Farofa-de-dendê, farofa amarela, farofa vermelha, farofa de azeite ou farofa de bambá são
nomes comumente chamado pelo povo do santo em sua variada apresentação a depender do
ritual que esteja acontecendo. Normalmente é chamada de farofa de dendê a farofa servida
aos adeptos e participantes do candomblé, feita com farinha, azeite de dendê, camarão seco,
cebola e sal, vista sempre no ritual do olubajé.
Os outros tipos são denominações para rituais pertinentes a limpeza de corpo, padê de exu,
sasanha, afexu, axexê etc. Também oferecido para alguns orixas e preparadas só com azeite de
dendê e sal.
Farofa branca, farofa de agua ou farofa de egum, são farofas preparadas só com água e sal.
Determinados orixas funfuns apreciam esta iguaria e algus preferem sem sal.
Farofa de mel ou mi-ami-ami owin é uma farofa preparada com farinha e mel de abelha, muito
utilizada nos rituais de erê, ibeji, osain e oxun, comumente visto nos carurus dos santos
gêmeos e devoção a São Cosme e São Damião, Crispim e Crispiniano.
Farofa de cachaça ou mi-ami-ami otin é uma farofa preparada com farinha e cachaça, muito
utilizada nos rituais de exu, padê e limpeza de corpo. O povo do santo também chamam de
farofa de cachaça toda farofa feita com aguardentes, vinhos ou qualquer bebida alcoólica.

Furá, bolinhos, ou bola de: arroz, inhame, farinha de mandioca, farinha de milho… etc. é o
nome da comida ritual votiva, pertinente á vários rituais e orixas da cultura afro brasileira
denominado de candomblé.
Este alimento ritual é muito comum nos rituais de limpeza de corpo, bori, assentamento de
cabeça, axexê, apanan, feitura de santo, sasanha etc.

Tipos

Bolas de arroz. O Arroz é cozido na água sem sal, até ficar pastoso, depois batido com uma
colher de pau até soltar da panela, em seguida formar os bolos de forma arredondada com as
mãos. Esta comida ritual é para os orixás funfuns e rituais de bori, assentamento de cabeça.

Bolas de farinha. Em um alguidá coloca-se a farinha, depois a água e modela os bolos de forma
arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para limpeza de corpo e axexê.

Bolas de inhame. O inhame deve ser bem cozido em água sem sal, depois pilado em pilão, ou
com a ponta de um garfo, em seguida sovado para obter uma massa pastosa e modela os
bolos de forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é muito apreciada pelos orixás
oxaguian, oxalufan, oxalá, yemanja e entra em vários rituais como bori, assentamento de
cabeça, axexê, apanan, feitura de santo, sasanha etc.

Bolinhos de dendê. Em um alguidár coloca-se a farinha, depois a água, azeite de dendê e


modela os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para limpeza de
corpo, axexê e oferenda ao orixá Exu.

Bolinhos de egun. Em um alguidár coloca-se a farinha, depois a água com aguardente e modela
os bolos de forma arredondada com as mãos e acrescenta um pequeno pedaço de carvão
vegetal. Esta comida ritual é para limpeza de corpo, axexê e Egum.

Bolinhos de Yemanjá. O Arroz ou milho branco é cozido na água sem sal, até ficar pastoso,
depois batido com uma colher de pau até soltar da panela, em seguida formar os bolos de
forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para os orixás funfuns e rituais de bori,
assentamento de cabeça, em especial como o nome já diz é oferecido para o orixá Yemanjá.

Bolinho de tapioca. A tapioca e colocada em leite de coco e açúcar até ficar pastoso, depois
batido com uma colher de pau até soltar da panela e depois sova, em seguida formar os bolos
de forma arredondada ou alongada com as mãos. Esta comida ritual é para os orixás funfuns e
rituais de bori, assentamento de cabeça.
Os de formas alongadas são fritos em azeite ou óleo, sendo carinhosamente oferendado aos
ibejis e apreciados pelo povo do santo. Nota Este mesmo bolinho é vendido nos tabuleiros das
baianas de acarajé com o nome de punheta ou bolinho de estudante.

Axoxô ou Oxoxô é como é conhecida a comida ritual dos Orixás Oxóssi e Ogum no candomblé,
que consiste em milho vermelho cozido. Quando oferendado para o orixa ogum é refogado
com cebola ralada, camarão seco defumado, sal e azeite de dendê. Quando oferendado para
orixá oxóssi o milho cozido é misturado com melaço (Mel de cana de açúcar), não confundir
com mel de abelha que é o grande ewo deste orixá, enfeitado com fatias de coco sem casca.
Nota. Esta mesma oferenda pode ser consagrado à Olokun.

CARURU: O caruru, servido no rigor dos terreiros, é acompanhado de preceitos que viram
ações propiciatórias das divindades gêmeas que, são filhos de Xangô com Iansã ou de Xangô
com Oxum. O caruru é colocado sobre a esteira. As crianças são convidadas a comer do caruru,
e todos, ao mesmo tempo. Ritual que rememoriza fartura, ancestralidade e vida sagrada.
Consiste de quiabos cortado bem miúdo, azeite de dendê, cebolas raladas, camarões secos
(alguns moídos), castanhas e amendoins torrados e moídos, sal, gengibre ralada. No Dahome,
segundo o Padre Vicente Ferreira Pires, é acrescentado frango desfiado.

Deburu - é a comida ritual dos Orixás Obaluaiyê e Omolu, é o milho de pipoca estourado em
uma panela, em alguns lugares com óleo, em outros com areia. Nesse último caso, é preciso
peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. Ao final, a pipoca colocada em um alguidar
(vasilha de barro) e enfeitado com pedacinhos de coco
Ebô, palavra oriunda do iorubá, consiste num alimento religioso e votivo para os orixás funfun
(branco) Oxalá, dentro das religiões afro-brasileiras. É o milho branco cozido sem tempero e
sem sal.

Ebôya, eboia ou fava de iemanjá é uma comida ritual feito com fava cozido refogado com
cebola, camarão, azeite de dendê ou azeite doce. A mesma oferenda pode ser preparada com
o milho branco na falta da fava, todavia recebe o nome de Dibô, possuindo o mesmo valor
ritual. É uma comida oferecida especificamente ao orixá Iemanjá, podendo ser vista nos rituais
de ori, bori e assentamento de cabeça, no sentido de dar equilíbrio espiritual.
Erã peterê, eran peterê ou simplesmente peteran como é comumente chamado pelo povo de
santo é o nome da comida ritual votiva, pertinente á vários rituais e orixás da cultura afro
brasileira. Preparado com carne fresca de preferência dos rituais de sacrifícios, sal e
rapidamente frita no azeite de dendê, em caso do orixá ser funfun, deve-se substituir o sal pela
cebola e o dendê por azeite doce e oferecido ao orixá regente da obrigação, independente do
ixé.
A mesma comida ritual recheada de camarão defumado, chamado popularmente xinxin ou
moqueca de carne é servida normalmente aos adeptos do candomblé nas festas de barracão,
sendo uma comida votiva ao orixá Akueran (oxossi) por ter ligação ao eran (carne).

Ekuru é uma comida ritual. A massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé,
feijão fradinho sem casca triturado, envolto em folhas de bananeira como o acaçá e cozido no
vapor. A única diferença é que nesta comida substitue o azeite-de-dendê por azeite dôce (Oleo
de oliva) ou banha do Ori.

continua.......

Postado por Hunso Sueli de Vodun Abe às 13:13 0 comentários


Marcadores: COMIDA DE SANTO
sábado, 25 de junho de 2011

COMIDA RITUAL - PARTE I

COMIDA RITUAL

ABARÁ: Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com
pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e
misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. (No
candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Yànsán, Obá e Ibeji).

ABERÉM: Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra,


macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas.(No candomblé, é comida-
de-santo, oferecida a Omulu e Osùmàrè).
ABRAZO:Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca,
apimentado, frito em azeite-de-dendê.

ABALÁ é um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, inerentes aos orixás obá,
Xango e Yewá, quando feita de massa de milho verde, ou da massa de carimã votiva ao orixá
nanã. Este alimento ritual é muito apreciado pelo povo do santo e pela maioria dos
nordestinos e chamado popularmente de pamonha de milho verde e pamonha de carimã.
Abalá de milho O milho verde é ralado e à massa resultante é misturada ao leite de coco com
parte do bagaço, sal e açúcar. Esta massa é colocada em "palha" da própria casca do milho,
atados nas extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água
fervente por um período de 15 minutos.

Abalá de carimã O aipim previamente descascado é submergido por um período de quatro dias
para obter uma massa chamada de carimã, misturada ao leite de coco com parte do bagaço,
sal e açúcar. Esta massa é colocada em "palha de aguedé" (bananeira), atados nas
extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um
período de 25 minutos.

ACAÇÁ é uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia. Feito com milho branco ou
vermelho, que fica de molho em água de um dia para o outro, e deve ser depois passado em
um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com água, sem parar de
mexer, até ficar no ponto. Este se adivinha quando a massa não dissolve, se pingada em um
copo com água. Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha
de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho, para ficar
tudo harmonioso. Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. Com o polegar
dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e
virando para baixo, fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma
pirâmide retangular.
Todos os orixás recebem o acaçá como oferenda.

Acaça Amarelo: feito com farinha de milho vermelho enrolado na folha de bananeira da
mesma forma que o acaça branco. É servido a Exu e Logun-Ede.

ACARAJE: comida ritual da orixá Iansã. Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de
fogo, enquanto je possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras
numa só, acara-je, ou seja, “comer bola de fogo”.
O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho característico do candomblé. Sua
origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. O
bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses orixás. Mesmo ao ser vendido num contexto
profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Por isso, a
sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas
pelos filhos-de-santo.
O acarajé é feito com feijão-fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços
grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. Após retirar toda a casca, passar
novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa massa acrescenta-
se cebola ralada e um pouco de sal.
O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa. Quando a massa está no
ponto, fica com a aparência de espuma. Para fritar, use uma panela funda com bastante
azeite-de-dendê ou azeite doce.
Normalmente usam-se duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma colher
de pau para moldar os bolinhos. O azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro
acarajé para fritar.
Esse primeiro acarajé sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no candomblé.
O acará Oferecido ao orixá Iansã diante do seu Igba orixá é feito num tamanho de um prato de
sobremesa na forma arredondada e ornado com nove ou sete camarões defumados, cercado
de nove pequenos acarás, simbolizando “mensan orum” nove Planetas. (Orum-Aye, José
Benistes).
O acará de xango tem uma forma Ovalar imitando o cágado que é seu animal preferido e
cercado com seis ou doze pequenos acarás de igual formato.
Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais estão sendo feitos e
seus adeptos.

ADO - é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado
com azeite de dendê e mel, é oferecido principalmente à Orixá Oxum.

AJABÓ é comida ritual do Orixá Xango Ayra


É feito com seis ou doze quiabos cortado em “lasca”, batido com três clara de ovos até formar
um musse, regado com gotas de mel de abelha e azeite doce. Colocado em uma gamela
forrada com massa de acaçá ou pirão de farinha de mandioca, ornado com doze quiabos
inteiros, doze moedas circulante, doze bolos de milho branco e seis Orobôs.
A mesma oferenda pode ser oferecida a outras qualidades de Xangô, todavia acrescenta-se
azeite de dendê e substitui os doze bolos de milho branco por doze acarajés ou corta-se o
quiabo em pequenas rodelas, com seis ou doze quiabos, em algumas casas com oito quiabos,
coloca-se em uma tigela e acrescenta-se água fresca, bate-se com os dedos até ele espumar e
ficar digamos ligado, a diferença que ele é ofertado em uma tigela ou uma gamela redonda.

AMALÁ: é comida ritual votiva do Orixá Xangô, Iansã, Obá. é feito com quiabos frescos,
cortados em jogo da velha (#) levar ao fogo com tempero de camarao,cebola, gengibre ralados
fritos no dende, ao corar o tempero jogar o quiabo, que não poderá ter sido molhado antes. Ir
misturando sem por agua. Vai pingando vagarosamente gotas de agua, e batendo o amalá
como se estivesse batendo um bolo, para que este cresça. Quando estiver bem cozido, servir
em gamela forrada com pirao de farinha com dende. Este amala serve apenas para Sango, no
caso de Ayrá leva tudo acima, menos o dende e o pirao que forra a gamela é feito de farinha
de acasá.
Aos Amalás poderao ser adicionados o Peito de boi cortado em cubos grandes, a rabada, a
costela e a garganta, tudo do boi, para cada caso usa-se uma destas carnes. Rabada:
prosperidade, Peito: justiça, Costela: feitiçaria, Garganta: casos de saúde. Sempre que for
servir o amala de Sango deverá por ao lado uma vasilha branca com ajabó
continua.........

Postado por Hunso Sueli de Vodun Abe às 19:59 0 comentários


Marcadores: COMIDA DE SANTO
segunda-feira, 9 de maio de 2011

EBÓS - OFERENDA DE COMIDAS AOS ORIXÁS/VODUNS/MIKINSI

AS OFERENDAS

....Dentro do culto aos Orixás, o mais importante são as oferendas aos Orixás, que têm por
finalidade manter o equilíbrio das relações entre eles e os seres humanos. É através das
consultas ao Oráculo de Ifá, que as pessoas, mesmo as não iniciadas, são informadas a respeito
das exigências de seus Orixás e principalmente de Exú, relativas às oferendas que desejam
receber. Nem sempre estas exigências são estabelecidas pela relação anteriormente explicada
entre o ser humano e seu Orixá de cabeça, muitas das vezes, é um outro Orixá quem se
oferece para solucionar um determinado problema ou alguma dificuldade que está sendo
vivenciada e, em troca, exige algum tipo de sacrifício em seu louvor. Algumas vezes, pessoas
atormentadas pelos mais diversos tipos de dificuldades, recorrem aos préstimos de algum
Orixá, oferecendo algum tipo de sacrifício como penhor de sua confiança e de sua fé, da
mesma forma que os católicos recorrem aos seus santos, implorando graças e fazendo
promessas que, invariavelmente, são pagas somente após a obtenção da graça solicitada. Os
sacrifícios oferecidos aos Orixás, são genericamente denominados "ebós" que se dividem em
"ejenbale" (sacrifícios com derramamento de sangue) e "adimús" (sacrifícios incruentos).

Os ebós ejenbale, dividem-se em diversos tipos, exigindo sempre o derramamento de sangue


de algum tipo de animal que pode ser uma ave, um quadrúpede ou até mesmo um simples
caramujo. Dentre os mais conhecidos, destacamos:
Ebó ejé: Oferenda votiva que tem por finalidade obter determinado favorecimento ou graça de
uma Divindade.
Ebó etutu: Sacrifício de apaziguamento. Este tipo de sacrifício é geralmente determinado pelo
Oráculo e tem por finalidade acalmar a ira ou o descontentamento de uma entidade qualquer.
Ebó a ye ipin ohun: Sacrifício substitutivo. Tem por finalidade substituir a morte de alguém
pela oferenda determinada pelo Oráculo, no Brasil, este sacrifício é vulgarmente conhecido
como "ebó de troca".
Ebó ba mi d'iya: Sacrifício que visa atenuar uma punição de morte imposta à uma pessoa por
um Orixá ou por um espírito maligno. Neste caso, como no anterior, um carneiro é sacrificado
em substituição ao ser humano.
Ebó Ogunkojà: Sacrifício preventivo que pode ser público ou individual. Tem por finalidade
evitar qualquer tipo de acontecimento nefasto que ameace a pessoa (individual) ou até
mesmo uma cidade ou aldeia (público).
Ebó a d'ibode: Trata-se de um sacrifício propiciatório e preventivo. Este sacrifício é oferecido
na fundação de uma casa, aldeia ou cidade e tem por finalidade acalmar os espíritos da terra
no local da fundação. Antigamente, este ebó exigia o sacrifício de seres humanos que hoje em
dia, foram substituídos por diversos animais. Como podemos observar, o sacrifício de seres
humanos era exigido nos primórdios do culto o que, sem dúvida, seria hoje considerado um
absurdo, além de configurar-se, seja em qual for a circunstância, em homicídio, selvageria e
falta de respeito ao ser humano. Da mesma forma, o derramamento do sangue de animais, só
deve ocorrer em situações de extrema necessidade e em casos em que não possam ser
substituídos por outras oferendas pois, se os Orixás, acostumados que eram a receberem
sacrifícios humanos, concordaram na substituição dos mesmos pelos sacrifícios de animais, é
fácil deduzir-se que estes podem também dar lugar a sacrifícios de minerais, vegetais e objetos
de seu agrado. Adentramos uma nova era em que todas as formas de vida adquirem sua
valorização máxima e a vida dos animais, da mesma forma que a dos seres humanos, há que
ser respeitada e preservada ao extremo. É chegada a hora de darmos um basta ao inútil
derramamento de sangue que, ao invés de apaziguar os nossos deuses, só conseguem
despertar a sua ira, tornando-os intolerantes e cada dia mais distantes de nós. É necessário
que se desperte nos adeptos do Candomblé a consciência do respeito devido a todas as formas
de vida animal, cujo sacrifício só pode ser efetivado em casos excepcionalíssimos e quando
todos os demais recursos hajam sido esgotados.
É num itan de Ifá, do Odu Odi Meji, que encontramos a fundamentação para as afirmações
anteriormente feitas:
Odi Meji disse: "Metolõfi, por avareza, não quis sacrificar um boi de malhas brancas e a morte
veio buscá-lo." Quando Ifá estava ainda no ventre de sua mãe, pediu que seu pai pegasse um
boi malhado de branco e oferecesse em sacrifício, a fim de evitar que dentro de três anos, uma
guerra viesse dizimar o seu reino. Seu pai negligenciou o sacrifício e no dia do nascimento de
Ifá, seu pai morreu e sua mãe foi capturada como escrava. Três anos depois, a guerra arrasou o
país e Ifá mandou que Ajinoto, a parteira, o encerrasse dentro de uma cabaça, de forma que
ninguém o pudesse ver. A parteira foi encarregada também, de avisá-lo logo que alguém
passasse por perto, para que ele revelasse ao passante, a causa de seus sofrimentos e os
remédios e sacrifícios que resolveriam todos os seus problemas. Tudo ocorreu da forma como
Ifá planejara e o homem que passou naquele local, não hesitou em levar para sua casa, a
cabaça onde Ifá havia sido encerrado. Para deslumbramento de todos, Ifá, de dentro da
cabaça, dava conselhos, receitava medicamentos e resolvia os mais difíceis problemas. Um dia
Ifá ordenou que alguém se dirigisse ao mercado onde, pelo preço de quarenta e um caurís,
deveria comprar sua mãe que estava sendo vendida junto com outras escravas. "A primeira
mulher que for oferecida deve ser comprada, pois esta é minha mãe." Naquela época Ifá
costumava aceitar sacrifícios humanos no festival de Fanuwiwa. Quando a escrava adquirida
no mercado foi trazida, Ifá ordenou que lhe fosse entregue uma certa quantidade de milho,
para que pilasse e transformasse em farinha destinada à preparação o amiwo. Enquanto pilava
o milho, a mulher ouvia os fiéis invocando Ifá: "Orunmilá! Akefoye! Agbo wi dudu hu do fe to!"
(Orunmilá! Akefoye! Se teu nome é Ifá, jamais esquecerás de mim!). Reconhecendo em Ifá o
seu próprio filho, a pobre mulher pôs-se a cantar, em voz alta, a saudação que ouvia:
"Orunmilá! Akefoye! Agbo wi dudu hu do fe to!"
As pessoas contaram a Ifá sobre a mulher que cantava aquela saudação enquanto pilava o
milho e Ifá ordenou que ela largasse aquele trabalho e que, no dia seguinte pela manhã,
chamasse por ele junto com seus fiéis, para que pudesse mostrar a todos de que forma deveria
ser corretamente alimentado. Ordenou ainda, que fosse preparado um akpakpo e dois panos
brancos de cabeça denominados kpokun abuta, proibindo a todos de olharem para aqueles
objetos. Como Ifá vivera, até então, fechado dentro de sua cabaça, jamais havia sido visto por
ninguém. Quando todos se afastaram Ifá saiu de sua cabaça coberto por um grande chapéu,
vestindo um avental de pérolas e calçando sandálias, indo sentar-se no alto de um tripé de
onde gritou: "Olhem bem, sou eu, Ifá! Ifá que ninguém nunca viu... A mulher que mandei
comprar no mercado de escravos deve ser trazida até aqui!" A mulher foi trazida à sua
presença e Ifá mostrou-a a todo mundo dizendo:
"Olhem bem, esta é minha mãe! Quando eu estava no seu ventre determinei que meu pai
deveria sacrificar um boi malhado de branco, para evitar malefícios que já estavam previstos.
Mas meu pai não atendeu minha orientação e todo o mal acabou por se concretizar. Tanto
tempo se passou e eu comprei esta escrava para ser sacrificada em minha honra. Entretanto
não a sacrificarei! Não poderia trair minha própria mãe, mesmo que ela me tenha traído." Dito
isto ordenou que cortassem os longos cabelos de sua mãe, que envolvessem sua cabeça com
um belo torso branco e que a instalassem sobre a almofada akpakpo. Depois pediu um boi e
um cabrito para serem sacrificados. Com a farinha moída por sua mãe mandou preparar um
amiwo para ela, que não poderia ser comido em sua presença. Desta forma, assentada sobre
um akpakpo, transformou-se ela em Nã, mãe de um rei. Aos jovens que prepararam as carnes
do boi e do cabrito, assim como o amiwo, ordenou que fosse dado uma parte de cada coisa,
para que comessem depois da cerimônia¹. A velha disse então a seu filho, que sentia-se muito
envergonhada, pois não merecia tantas honrarias e que naquele dia iria encontrar-se em Ló
(local para onde vão os espíritos dos mortos), com seu finado esposo.
"A partir de hoje, quando fizerem uma cerimônia em minha honra, digam: Nã kuagba! (Nã seja
bem vinda!), e virei receber as oferendas." - Disse a mulher. Nã disse ainda, que faria o Sol
tornar-se mais brando ou mais quente, comandando-o de cima de seu akpakpo. A partir de
então, realiza-se sempre o ritual de Xe Nã (dar comida à Nã), quando terminam os festivais
Fanuwiwa².
Este Itan de Ifá fundamenta a possibilidade de substituição do sacrifício de um ser humano
pelo de animais, o que nos leva a concluir a possibilidade da substituição do sacrifício destes
por outros tipos de oferendas, partindo da premissa de que o ritual é criado pelo homem e não
pelos deuses.......
1 - Depois das cerimônias de Nã, aqueles que preparam os alimentos a ela oferecidos, recebem
uma pequena parte destes alimentos, parte esta que recebe o nome de kle ou kele e que só
pode ser consumida depois que o Vodun for servido. (Este rito acompanha as cerimônias às
divindades nagô sob o nome Atowo e às divindades fon sob o nome de Nudide).
2 - Itan coletado por Bernard Maupoil na região onde hoje fica a atual República do Benin e
publicado em sua magnífica obra sobre o sistema oracular de Ifá, ”LA GEOMANCIE À
L'ANCIENNE CÔTE DES ESCLAVES”.

Fonte: C E C A A - Centro de Estudos da Cultura Afro-Americana


Minha conclusão:
Sobre oferendas de comidas aos orixás acredito eu, que estas oferendas, sacrifícios animal,
(não esquecer da mudança de comportamento) são reabastecedores de asé, e a utilização
destes simbolismos é a tentativa humana de alcançar a divindade através de si mesma e de
seu mundo. Ai eu me pergunto: Qual seria a finalidade real destas oferendas?
1 - para agradecer pela obtenção de um desejo ou pelo atendimento de uma necessidade
2 - para cumprir uma promessa ou juramento sagrado feito a divindade
3 - para prevenir a causa de um sofrimento
4 - para substituir o ofertante pelo animal sacrificial
5 - para dar força, estabilidade e coragem para atingir o mundo visível e invisível.
6- para homenagear, quando oferecemos algo, uma comida, uma libação, em homenagem à
Divindade ou Entidade.
Toda a complexidade ritual que envolve a realização de uma oferenda, rezas, os gestos
simbólicos, os elementos utilizados, etc., todos esses elementos são combinados para chamar
nossas divindades, fazer uma oferenda é abrir a oportunidade para mudanças positivas, para
aumentar a possibilidade de crescimento e o fator humano não deve ser desprezado pois a
oferenda e/ou sacrifício mais elevado é o humano - o sacrifício dos pensamentos negativos e
de tendências destrutivas; o sacrifício do ego mesquinho ao principio divino do ser. Em assim
sendo, todo e qualquer ato sagrado (banhos, ervas, orações, meditações, sangue animal,
frutas, flores, comidas cruas ou cozidas, colhidas ou compradas no mercado, seja lá o que for,
no meu modo de ver, só são utilizados para aumentar esta empreitada humana, e não
somente reproduzir um costume ritual

texto retirado do saite

.http://paitandy.no.comunidades.net/comidas-para-os-orixas 

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