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Universidade Católica de Moçambique

Aplicação da Lei Penal no Tempo e no Espaço

Chimoio, Abril, 2022


Universidade Católica de Moçambique

II - GRUPO

Aplicação da Lei Penal no Tempo e no Espaço

Discentes:

 Assiato Ali Binuri


 Daisy Chipakula
 Campos António Mapulango
 Gindiana Joaquim
 Luísa Ernesto Assado
 Maria Paula Vicente
 Papaito Chey
 Sandra Manhenge
 Semo Carlos Fabião

Curso: Licenciatura em Direito − 2º Ano

Cadeira: Direito Penal I

Docente: Mestre Rui Miguel Molande

Chimoio, Abril, 2022


índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................1

1. Introdução....................................................................................................................................1

2. Objectivos....................................................................................................................................1

2.1. Objectivo Geral.........................................................................................................................1

2.2. Objectivos Específicos.............................................................................................................1

3. Metodologia de Pesquisa.............................................................................................................1

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................2

APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO...............................................2

1. Aplicação da lei penal no tempo..................................................................................................3

2. Princípios da aplicação da lei penal no tempo.............................................................................5

9. Aplicação da lei penal no espaço.................................................................................................5

9.1. Princípio da Territorialidade.....................................................................................................5

9.2. Princípio da defesa dos interesses nacionais............................................................................6

9.3. Princípio da personalidade........................................................................................................6

9.4. Princípio da aplicação supletiva da lei penal............................................................................7

CAPÍTULO III: CONCLUSÃO......................................................................................................8

1. Conclusão....................................................................................................................................8

2. Referências bibliográficas...........................................................................................................9
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução

Este trabalho aborda a matéria do Direito Penal inerente à aplicação da lei penal no tempo e
no espaço, onde a respeito da primeira questão arrola aspectos relacionados à noção e princípios
da lei penal no tempo e no final, quanto à segunda aborda sobre o princípio da territorialidade,
defesa dos interesses nacionais, personalidade e aplicação supletiva da lei penal. Em termos de
estrutura este trabalho está dividido em capítulos, sendo ao todo três capítulos, sendo o primeiro
referente a introdução, o segundo referente à revisão de literatura e o último conclisório, que
trata da apresentação dos resultados obtidos na pesquisa.

2. Objectivos

2.1. Objectivo Geral

 Abordar a matéria inerente à aplicação da lei penal no tempo e no espaço.

2.2. Objectivos Específicos

 Descrever os princípios da aplicação da lei penal no tempo;


 Abordar o princípio da territorialidade, da defesa dos interesses nacionais, da
personalidade e da aplicação supletiva da lei penal.
 Compreender as excepções do princípio da não retroactividade da Lei penal.

3. Metodologia de Pesquisa

Na elaboração deste trabalho, todas as etapas de Pesquisa correspondem à uma revisão


bibliográfica das obras doutrinárias que abordam aspectos atinentes ao tema abordado neste
trabalho, bem como por meio de uma comparação normativa com a legislação penal
Moçambicana (o código penal).

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA

1
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

I - APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO

1.1. Aplicação da lei no tempo

O art. 1 da lei de introdução ao código civil, que despõe: “salvo disposição contrária, a lei
começa a vigorar em todo o pais quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Em
outras palavras, a lei pode estabelecer o termo inicial de sua própria vivência, não o fazendo, ela
entra em vigor quarenta e cinco dias após a publicação.

O término da vigência formal de uma lei corresponde a sua revogação, e esta revogação
pode ser total (ab-rogação), quando a norma perde totalmente a sua vigência ou parcial
(derrogação), quando cessa parcialmente a autoridade da lei. A lei, via de regra, produz efeitos
apenas durante o período da sua vigência em face do princípio tempus regit actum.

1.2. Aplicação da Lei penal no tempo

Em regra geral, aplica-se a lei penal vigente ao tempo da prática do fato criminoso, de
acordo com o princípio do tempus "regit actum". Quer-se dizer que a lei penal produzirá efeitos,
em regra, no período da sua vigência, de acordo com a lei vigente na época do fato. Assim,
praticado um crime, por exemplo, na data de 22 de abril de 2022, reger-se-á a pretensão punitiva
estatal, a princípio, de acordo com as regras vigentes nesta data.1

Exceção à regra supracitada ocorre nos casos de extra-atividade da lei penal, em que
abrange a retroatividade da lei mais benéfica e sua ultra-atividade (art. 60, n.º2 CRM) e (art. 3,
n.º1 e 4 CP).2

Quando falamos de Lei Penal no Tempo, é importante a determinação exata de quando o


delito foi praticado, pois dessa forma poderemos estabelecer qual lei deve ser aplicada ao sujeito.
Acerca desse tema três teorias são adotadas, vejamos:

 Teoria da atividade: O art. 2º do CP tipifica que, o crime será considerado praticado no


momento de sua acção ou omissão, mesmo que, o resultado ocorra em momento diverso.

1
Nagima, I. M. S. (2013) da lei penal no tempo. Desponivel em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8062/Da-lei-penal-
no-tempo.

2
CRM (art. 60, n.º2); CP (art. 3, n.º1 & 4).

2
 Teoria do resultado: O próprio nome diz, será considerado praticado o crime assim que
gerar o resultado pretendido.
 Teoria mista: Considerará tanto a acção ou omissão, como o resultado, o momento da
prática do delito.

2. Princípios da aplicação da lei penal no tempo

Três são os fundamentais princípios aplicados no instituto da eficácia da lei penal no tempo:

 Legalida no sentido de anterioridade;


 irretroatividade; e
 Retroactividade da lei mais benigna.

Não há infração ou sanção penal sem lei anterior, isto é, sem lei prévia. Esse desdobramento do
princípio da legalidade traduz a ideia da anterioridade penal, segundo o qual a para a aplicação
da lei penal, exige-se lei anterior tipificando o crime e prevento a sua sanção. (Negima, 2013).

O segundo princípio constitucional (irretroatividade), descrito no art. 57º da CRM dispõe


que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, impondo-se, assim, a irretroatividade
da lei penal, salvo quando a lei nova seja benéfica ao acusado. Destarte, nas palavras de Luiz
Flávio Gomes e Valério de Oliveira Mazzuoli “qualquer que seja o aspecto disciplinado do
Direito penal incriminador (que cuida do âmbito do proibido e do castigo), sendo a lei nova
prejudicial ao agente, não pode haver retroatividade” (Gomes & Mazzuoli, 2008, p. 125).3

Por fim, quanto à retroatividade da lei mais benigna, é indispensável investigar qual a que
se apresenta mais favorável ao indivíduo tido como infrator. A lei anterior, quando for mais
favorável, terá ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei nova, apesar de já
estar revogada. O inverso também é verdadeiro, isto é, quando a lei posterior foi mais benéfica,
retroagirá para alcançar fatos cometidos antes de sua vigência. (art. 60 CRM).

3
Gomes, L. F., Mazzuoli, V. de O. (2008). Direito Penal: Comentários à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Vol. 4.
São Paulo: RT.

3
3. Princípio sucessor da lei penal no tempo

I - Novatio legis incriminadora


A primeira hipótese trata da lei nova que torna típico o facto anteriormente não incriminado.
Nessa hipótese a lei penal é irretroativa.

II - Abolitio criminis
Ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova já não incrimina o facto que anteriormente
era considerado como ilícito penal.

Pela abolitio criminis se fazem desaparecer o delito e todos os seus reflexos penais,
permanecendo apenas os civis.

III - Novatio legis in pejus


Nova lei mais severa a anterior. Vige, no caso, o princípio da irretroatividade da lei penal, «a lei
penal não retroagira, salvo para beneficiar o réu».

IV - Novatio legis in mellius


A última hipótese é da lei nova mais favorável que a anterior. Além da abolitio criminis, a lei
nova pode favorecer o agente de várias maneiras. A lei posterior que de qualquer modo favorece
o agente aplica aos factos anteriores ainda que decididos por sentenças condenatórias transitadas
em julgado.

3. Leis temporárias e excepcionais


Lei temporária é aquela que marca desde o começo (ab initio), o seu prazo de vigência; são as
normas que se destinam a vigorar durante um determinado período de tempo pré-fixado, ou seja,
a lei temporária é destinada desde o início da sua vigência a vigorar durante um certo período de
tempo ou enquanto persiste um certo condicionalismo.

A lei temporária embora decorrido o período da sua duração ou cessadas as circunstâncias que as
determinaram, aplica-se o facto praticado ao facto durante a sua vigência. Mesmo depois de
decorrido o período fixado para ela, continuam a ser censuráveis os factos que anteriormente a
violaram. Ressalva-se que continua a ser punido o facto criminoso praticado durante o período
de vigência de uma lei de emergência.

4
Significa que, não obstante no momento do julgamento a lei já não estar em vigor por já ter
caducado ou já ter sido revogada, deve continuar a ser punido pelo facto que praticou durante
esse período em que a lei estava efectivamente em vigor.

As leis de emergência são as leis que face a determinado circunstancialismo anormal vêm
penalizar, criminalizar determinadas condutas que até aí não eram consideradas crime, ou vêm
efectivamente agravar a responsabilidade penal por determinado facto que até aí já era crime,
mas em que esse agravamento se deve tão só a situações ou circunstâncias anormais que
reclamam a situação de emergência.

II - APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO

1. Aplicação da lei penal no espaço

1.1. Princípio da Territorialidade

O princípio de territorialidade prevê a aplicação da lei nacional ao facto praticado no


território do próprio país, independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem
jurídico violado, respeitando convenções, tratados e regras internacionais. Este principio está
ligado à própria soverania do Estado, pelo qual detém o monopólio o do poder nos limites do seu
território. (Bitencourt, 2012).4

Vide o artigo 4 do Código penal que salvo disposição em contrário constante de convenção
internacional ou de acordo no domínio da cooperação judiciária, a lei penal moçambicana é
aplicável a factos praticados:

 Em Moçambique, seja qual for a nacionalidade do agente; ou


 A bordo de navio ou aeronave matriculado em MoEm razão do conceito jurídico de
soberania Estatal, a norma deve ser aplicada dentro dos limites territoriais do Estado que
a criou. Essa é a ideia do princípio da territorialidade.

O princípio da territorialidade torna-se insuficiente para abranger a imensa gama de relações


jurídicas estabelecida entre pessoas de diversos países. Assim contrapondo-se ao princípio da
territorialidade, tem-se o princípio da extraterritorialidade que admite a aplicabilidade no
território nacional de leis de outros Estados, segundo princípios e convenções internacionais.

4
Bitencourt, C. R. (2012). Tratado de Direito Penal - Parte geral. (17ª ed). Vol 1, São Paulo: Saraiva

5
2. Princípio da extraterritorialidade

A extraterritorialidade é a aplicação da lei penal Moçambicana a um facto criminoso que não


ocorreu no território nacional. Subsidiária e excepcionalmente, como garantia da defesa nacional
e afirmação da solidariedade internacional, tem-se reconhecido a necessidade de ampliar a
competência de um estado as infracções cometidas fora do território do estado, em determinadas
hipóteses, se o infractor vier residir no território desse estado, “onde a sua presença constitui um
perigo e causa de alarme.

3. Princípio da defesa dos interesses nacionais

Este princípio de direito Penal estende a aplicação da lei penal nacional para fora dos
limites do território nacional se o bem lesado for de nacionalidade do Estado, independentemente
da nacionalidade do infractor, a fim de proteger os bens jurídicos violados considerados
essenciais aos interesses do Estado além-fronteiras.

4. Condição para o princípio da nacionalidade:

 Condição: os agentes sejam encontrados em Moçambique;


 Condição: que os factos criminosos sejam também puníveis pela legislação do lugar em
que foram praticados, salvo quando nesse lugar não se exerça poder punitivo;
 Condição: que “constituam crime que admite extradição e esta não possa ser concedida”,
não se admite a extradição de cidadãos nacionais.

Esta condição prevista na 3ª condição, só funciona cumulativamente quando se trate de um caso


de nacionalidade passiva, quando se trate de um crime praticado no estrangeiro por um
estrangeiro contra um, português.

5. Princípio da personalidade

Este princípio diz que a lei penal aplicada ao caso em concreto será aquela que pertence a
nacionalidade do agente, ou seja, quem será competente a julgar o caso será o Estado de origem
do agente, independentemente de o de foi praticado o crime. Considera-se aqui dois tipos de
personalidade:

 Personalidade activa - levando em conta a nacionalidade do agente comitente do crime;

6
 Personalidade passiva - considerando a nacionalidade da vítima.5

5. Princípio da aplicação supletiva da lei penal

A lei penal deve ser aplicada a todos, onde quer que estejam, isso é viabilizado através da
cooperação entre Estados, permitindo a punição do agente por qualquer Estado para crimes que
forem objecto de tratados e convenções internacionais. Aplicar-se a lei do Estado onde o agente
se encontrar, independentemente da nacionalidade do agente ou do bem jurídico violado
considerando que o crime é um mal universal e todos os Estados têm interesses em punir. 6

São de alguma forma crimes que todos os Estados têm interesse em punir. De um modo
geral, independentemente da nacionalidade dos seus autores, são crimes que reclamam uma
punição universal e daí que as ordens jurídicas se reclamem competentes para fazer aplicar a sua
lei penal a esses.

CAPÍTULO III: CONCLUSÃO

1. Conclusão

Este trabalho abordou a matéria inerente à aplicação da lei penal no tempo e no espaço. Ao
fim deste chegamos às seguintes conclusão:

5
Bitencourt, C. R. (2012). Tratado de Direito Penal - Parte geral. (17ª ed). Vol 1, São Paulo: Saraiva.

6
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/180/interpretacao-da-lei-penal-e-analogia-uma-analise-aprofundada-da-doutrina-e-
jurisprudencia/.

7
Quanto a aplicação da lei penal no tempo, há certos princípios a ter em conta, o da
anterioridade da lei penal, irrectroactividade e o da retroactividade da lei penal mais favorável ao
agente. A lei penal em Moçambique não rectoage por regra mas há excepções, rectoage em
benefício do réu. (art. 67 e 60 CRM; 3 CP).

Abordou-se o princípio da territorialidade defesa dos interesses nacionais, personalidade e


aplicação supletiva da lei penal neste trabalho.

O princípio da territorial idade defende que se deve aplicar a lei penal do Estado onde o
crime foi praticado independentemente da nacionalidade do agente o vítima, por outro lado, o
princípio dos interesses nacionais advoga que a lei penal de certos estados pode ser aplicada num
agente de ou noutro Estado se for por causa dos seus interesses de valor nacional.

2. Referências bibliográficas

Legislação:

Lei n.° /2019 de 24 de Dezembro

Doutrina:

8
Barros, F. A. M. de. (2010). Direito Penal – parte geral. (8ª ed). Brasil, São Paulo: Saraiva.

Bitencourt, C. R. (2012). Tratado de Direito Penal - Parte geral. (17ª ed). Vol 1, São Paulo:

Saraiva.

Dias, F. (2007) Direito Penal - parte geral: Questões fundamentais, a doutrina do crime. (2ªed),
Coimbra

Editora.

Gomes, L. F., Mazzuoli, V. de O. (2008). Direito Penal: Comentários à Convenção Americana

Sobre Direitos Humanos. Vol. 4. São Paulo: RT.

Ishida, K. I. (2020) Curso de Direito Penal. (5ª Ed), Brasil: Editora Jus PODIVM

Kelsen, H. (1998). Teoria pura do direito. (6ª ed). São Paulo: Martins Fontes, Tradução João

Baptista Machado.

https://ambitojuridico.com.br/edicoes/180/interpretacao-da-lei-penal-e-analogia-uma-analise-
aprofundada-da-doutrina-e-jurisprudencia/.

Nagima, I. M. S. (2013) da lei penal no tempo. Desponivel em:

https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8062/Da-lei-penal-no-tempo.

Silva, G. M. Introdução a teoria da lei penal.

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