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A492 Ambiente [recurso eletrônico] : tecnologias / Organizadora,
Cibele Schwanke. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8260-012-2

1. Meio ambiente. 2. Conservação e proteção.


I. Schwanke, Cibele.

CDU 502.1

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052


Utilização de indicadores para o
diagnóstico e/ou monitoramento
O diagnóstico e o monitoramento ambiental são de fundamental importância no
processo de avaliação ambiental, tanto para verificar a adesão às normas regula-
Ambiente: tecnologias

doras como para apoiar o sistema de gestão. A utilização de indicadores assegu-


ra que um processo de avaliação aborde as principais variáveis associadas com
a degradação ou com os impactos ambientais significativos. Também melhora a
comunicação entre os atores envolvidos.

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Indicadores são bits de informação que resumem as características de um sistema,
ou o que está acontecendo no mesmo, simplificando fenômenos complexos.

É importante destacar que os indicadores, se bem selecionados, indicam diversas


tendências, porém não revelam toda a verdade. Um indicador é, portanto, rara-
mente “perfeito” no sentido de revelar todas as informações necessárias para as
decisões a serem tomadas. Em vez disso, fornece sinais para futuras investigações.

No contexto de um projeto, os indicadores ambientais são usados como uma fer-


ramenta de gestão para prever alterações ambientais, mitigar ou promover as al-
terações, bem como acompanhar o desenvolvimento, a fim de gerir o projeto de
maneira ideal frente à perspectiva ambiental.

O “método” para identificar e desenvolver indicadores é, portanto, o mais impor-


tante no contexto. Nesse estudo não foram incluídos exemplos de indicadores, no
entanto, serão fornecidas algumas ideias sobre os indicadores relevantes.

Os indicadores selecionados devem ser de fácil compreensão e utilização por


todas as partes envolvidas. Para essa seleção é importante a consulta aos atores
locais, o que também representa uma oportunidade para levantamento de estu-
dos já existentes relacionados com outros projetos ou atividades, e para discutir
a divisão de responsabilidades. Ainda, os atores locais devem ser continuamente
informados e envolvidos nesse processo.

Por exemplo, a avaliação do estado ambiental de uma determinada bacia hidro-


gráfica envolve os diferentes usos e não somente a atividade que está requerendo
o licenciamento. No mercado de trabalho, essa avaliação deveria ser de responsa-
bilidade de instituições oficiais e não de um determinado empreendimento.

Contudo, na prática, o que acontece é que uma empresa, que apresenta um EIA/
RIMA, muitas vezes precisa avaliar a bacia de uma maneira sistêmica, pois ciclos,
processos, serviços ambientais estão interligados. Quando a atividade está em
funcionamento por vários anos, com passivo ambiental associado, deve-se ana- Avaliação de impacto ambiental
lisar os diversos usos da bacia, sob pena do estado do ambiente encontrado, ser
creditado nas responsabilidades exclusivamente daquela atividade, uma vez que
as demais não foram estudadas.

Uma avaliação completa dos links causais, isto é, a identificação das relações de
causa e efeito das atividades, na área de influência do estudo, é um importante
passo na identificação de indicadores.

Na análise das relações de causa e efeito, um aspecto ambiental pode ser dividido
em cinco elementos diferentes (Figura 8.1):
capítulo 8

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FORÇA MOTRIZ PRESSÃO
Tendências ambiental- Atividades antropogênicas
mente relacionadas, afetando diretamente o
por exemplo, pressão meio, por exemplo, a
populacional alteração de habitat.

RESPOSTA ESTADO
A sociedade estabelece a Mudanças observáveis no
proteção de áreas ambiente, por exemplo,
consideradas importantes a ameaça ou extinção de
processos ecológicos para uma parte do total de
solucionar o problema. espécies.

IMPACTO

Efeitos de uma mudança Figura 8.1 Modelo Força Motriz-Pressão-


no ambiente, por exemplo,
aumento da ameaça ou Estado-Impacto-Resposta.
extinção de espécies Fonte: Organisation for Economic Co-operation and Deve-
lopment (1999).

1. Tendência subjacente, que está dirigindo o problema ambiental (força motriz).

2. Tendência subjacente que provoca uma mudança de comportamento, o que


coloca uma pressão sobre o ambiente (pressão).

3. Pressão da mudança comportamental que resulta em um estado de ambiente


transformado (estado).

4. Mudanças no estado do ambiente que resultam em impactos e degradação


sobre o meio ambiente e pessoas (impacto).

5. A parte final do aspecto ambiental de uma avaliação, é a resposta das pes-


soas, da sociedade. Essa resposta pode atingir qualquer uma das partes cita-
das, mas é, preferencialmente com vista para a tendência subjacente, ou pelo
menos as pressões que essas tendências causam (a resposta). Essas respostas
surgem por meio de leis, programas, políticas privadas ou públicas ou até
mesmo por meio do princípio da precaução.

É importante lembrar, no entanto, que muitas ligações causais já foram estabe-


Ambiente: tecnologias

lecidas por meio de pesquisa e experiências anteriores (p. ex., a ligação entre
agricultura intensiva e o potencial de erosão do solo que tem sido observado em
numerosas ocasiões).

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Escolha dos indicadores
Deve-se estabelecer um conjunto limitado de indicadores, visando a facilitar a in-
terpretação dos resultados. Deve-se levar em consideração que muitos indicado-
res estão correlacionados, portanto, a escolha de bons indicadores é mais eficaz do
que um grande número de indicadores.

O principal objetivo dos indicadores ambientais selecionados é permitir o acom-


panhamento dos impactos ambientais diretos e indiretos. É importante lembrar
que esses impactos podem ser tanto negativos como positivos. No entanto, a
identificação e/ou o monitoramento (e controle) dos impactos ambientais adver-
sos é de extrema relevância, pois estes podem afetar negativamente o bem-estar
das pessoas e os meios de subsistência e, no pior dos casos, há o risco de esses
impactos se tornarem irreversíveis.

Nesse sentido, as relações de causa e efeito, são, portanto, instrumentos vitais para
definir os impactos e assim orientar e subsidiar a seleção dos indicadores.

Enquanto as relações de causa e efeito são estabelecidas, é possível selecionar


indicadores de pressão para monitorar a causa do impacto, ou da degradação,
ou um indicador de impacto para monitorar o efeito real. Um exemplo disso é o
indicador “mudança de uso da terra”, que é um indicador de uma pressão sobre
o sistema natural. Essa pressão pode resultar em vários impactos diferentes, tais
como erosão do solo, perda da biodiversidade, migração, entre outros.

Ao observarem-se alterações no uso do solo, pode-se, portanto, obter um primeiro


sinal (ou indicação) de uma mudança que deve ser monitorada e mitigada.

Os indicadores devem ser relevantes ao longo de todo o ciclo de vida da atividade


estudada, isto é, busca-se a rastreabilidade, permitindo, dessa forma, o acompa-
nhamento, em qualquer tempo, das degradações e dos impactos projetados.

O monitoramento é, portanto, intimamente ligado aos elementos da atividade e


de seu desenvolvimento. Esses elementos e as medidas de monitoração associa-
das são ilustrados na Figura 8.2.

PARA SABER MAIS


Para aprofundar seu conhecimento, recomenda-se a leitura dos livros Avaliação de impacto ambiental, de
Sánchez (2008) e Planejamento ambiental: teoria e prática, de Santos (2007).

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Estabelecer valores de Monitorar Estado
referência a serem usados: do Meio durante
• na área ambiental de influências; a implementação
• para comparações com • Efeitos adversos
atividades futuras. mitigados.
• Se os impactos
positivos são
Estudos de Estudos de
menores do que
pré-viabilidade viabilidade
o previsto, imple-
mentar ações.
Ideias Implementação
de atividade
Problemas: ou atividade já
necessidade implementada com
de avaliar passivo ambiental
Atividade finalizada
Trazendo de volta
conhecimentos e
experiência Monitorar Estado
Avaliação da atividade do Meio durante
e operação a implementação
• Efeitos adversos Figura 8.2 Monitoramento dos
mitigados. impactos ou degradação ambientais
• Se os impactos
positivos são de um projeto ou de uma atividade,
menores do que visando a avaliação ambiental.
o previsto, imple- Fonte: Organisation for Economic Co-opera-
mentar ações. tion and Development (1999).

Os indicadores não precisam ser necessariamente quantitativos, sendo que os


qualitativos também podem ser selecionados para acompanhamento e facilidade
de comunicação aos atores.

A seleção de indicadores também deve considerar o custo da amostragem. Se dois


indicadores apontam a mesma coisa, é muito natural que o menos caro deva ser
escolhido. No entanto, é importante considerar não só os custos de um indicador,
mas também o benefício de ter a informação fornecida pelo mesmo.

Pode-se recorrer a listas existentes de indicadores e utilizá-las como se fossem lis-


tas de compras, selecionando aqueles indicadores na lista que são mais apropria-
dos para a avaliação.

Aspectos como credibilidade, custo e eficácia dos indicadores determinam não só


a qualidade do sistema de monitoramento, estado do ambiente, como também a
Ambiente: tecnologias

sua sustentabilidade e as possibilidades de integrá-lo em relevantes processos de


tomada de decisão.

É de extrema relevância que os resultados do monitoramento sejam confiáveis e


que a equipe responsável pelo estudo tenha a capacidade adequada para desen-
volver e analisar os indicadores, para que não ocorram distorções ou interpreta-
ções errôneas das informações.

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Após os indicadores terem sido desenvolvidos e os dados coletados, ainda é neces-
sário interpretar os resultados. O estabelecimento prévio de um valor de referência é
essencial para a comparação dos resultados. Sem esse valor não é possível interpretar
se os resultados indicam uma melhora ou uma deterioração da qualidade ambiental.

Para simplificar e minimizar o risco de erros na interpretação dos indicadores,


deve-se considerar que:

• O plano de atividades para o projeto ou as atividades deve ser claramente de-


finido. Quanto mais específica a atividade, mais fácil a detecção do impacto ou a
degradação com esta, bem como a sua mitigação.

• A proposta do projeto deve, na medida do possível, identificar claramente os im-


pactos ambientais do projeto. Descrições vagas ou demasiado amplas, tais como
“prejuízo na biodiversidade” são de pouca utilidade na seleção de indicadores.

• A alternativa zero, que é o cenário no qual se deve considerar o meio sem as ativi-
dades projetadas ou já em andamento, deve ser pensada e desenvolvida com mui-
to cuidado. Sem uma alternativa zero, a interpretação dos indicadores fica muito
difícil, devido à falta de um importante componente de comparação.

Avaliação de impacto ambiental


capítulo 8

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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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