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CURSO DE LICENCIATURA EM

ENSINO DE PORTUGUÊS

MANUAL DE MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS

ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 2022


CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE
PORTUGUÊS

MANUAL DE MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS

2º ANO

CÓDIGO
TOTAL HORAS/2º SEMESTRE 150
CRÉDITOS (SNATCA) 5
NÚMERO DE TEMAS 6
Índice

Objectivos do Módulo .................................................................................................................. 6

Quem deveria estudar este Manual ............................................................................................. 7

Como está estruturado este módulo ........................................................................................... 7

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação ......................................................................................... 8

Ícones de actividade ..................................................................................................................... 9

Habilidades de estudo .................................................................................................................. 9

Precisa de apoio?........................................................................................................................ 12

Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .......................................................................................... 12

Avaliação..................................................................................................................................... 12

Unidade Temática I: Objecto de Estudo da Morfologia ............................................................. 14

Introdução .................................................................................................................................. 14

Tema: A Morfologia: Objecto De Estudo.................................................................................... 15

Referências: ................................................................................................................................ 18

Sumário....................................................................................................................................... 18

Tema: Categorias e Propriedades Morfológicas ........................................................................ 19

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................................ 22

Unidade Temática II: Classes de Palavras, Estrutura e Formação.............................................. 24

Introdução .................................................................................................................................. 24

Tema: Função das Classes de Palavras ....................................................................................... 27

Tema: Variação das Classes de Palavras .................................................................................... 34

Sumário....................................................................................................................................... 36
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................................ 39

Referências Bibliográficas: ......................................................................................................... 39

Tema: Formação de Palavras: palavras Primitivas e derivadas ................................................. 40

Sumário....................................................................................................................................... 48

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................................ 48

Referência Bibliográfica:............................................................................................................. 51

Unidade Temática III: Características das Classes de Palavras .................................................. 52

Introdução .................................................................................................................................. 52

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................................ 78

Referências Bibliográficas: ......................................................................................................... 80

Unidade Temática IV: Processo de Formação de Palavras e suas Funções ............................... 80

Introdução .................................................................................................................................. 80

Derivação .................................................................................................................................... 82

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................................ 86

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .................................................................................................. 88


UnISCED CURSO: Ensino de Língua Portuguesa 2º Ano Disciplina/Módulo: Morfologia do Português
_____________________________________________________________________________________

Direitos de autor

Este manual é propriedade da Universidade aberta (UnISCED), e estão reservados todos os


direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer
formas ou por quaisquer meios, sejam (eletrónicos, mecânicos, gravação, fotocópia ou
outros), sem permissão expressa pela Entidade Editora (Universidade aberta
ISCED(UnISCED).

A não observância do acima estipulado, o infrator é passível a aplicação de processos


judiciais em vigor no País.

Universidade aberta ISCED (UnISCED)


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Rua Paiva Couceiro, Macúti
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Website: www.unisced.edu.mz

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Agradecimentos

A Universidade Aberta ISCED endereça os seus agradecimentos às seguintes individualidades e


instituições na produção deste manual:

Autor Francisco Morais Bento Sampaio

Coordenação Vice-reitoria para área académica da UnISCED


Design Universidade Aberta ISCED
Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação à Distância (IAPED)
Faculdade de Ciências de Educação
Revisão Científica e
Linguística
2018
Ano de Publicação
2022
Ano de atualização
UnISCED – BEIRA
Local de Publicação

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Objectivos do Módulo

O Módulo de Morfologia do Português é composto por quatro Unidades


Temáticas e tem por objectivo conhecer a estrutura morfológica,
compreender o conceito e a importância dos estudos gramaticais da
Língua Portuguesa, conhecer as características das classes de palavras e os
processos de formação do léxico da língua portuguesa.

No presente módulo, vamos abordar a Língua Portuguesa nas vertentes


oral, escrita, leitura e a própria gramática.

O tema I está relacionado com o objecto de estudo da morfologia.

O tema II faz referência a classe de palavras.

O tema III debruça-se sobre as classes de palavras, estrutura e formação


de palavras.

O tema IV faz uma reflexão sobre o processo de formação de palavras no


que diz respeito as suas funções.

• Identificar a importância dos estudos gramaticais para a descrição da


língua;
• Distinguir os conceitos relativos aos estudos
Objectivos morfológicos,

Específicos Relacionar as diferentes classes de palavras;


• Executar os diversos processos de formação de palavra.

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Quem deveria estudar este Manual

Este Manual foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de


licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa e outros que se interessem
pela compreensão e produção de discursos orais e escritos nesta língua.

Como está estruturado este módulo

Este Manual está estruturado da seguinte maneira:


Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.

▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do manual,


resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de
habilidades de estudos.

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Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Unidades Temáticas. Cada


Unidade temática, por sua vez comporta certo número de temas.
Cada tema se caracteriza por conter uma introdução, objetivos e
conteúdos.

No final de cada tema, são incorporados antes o sumário, exercícios


de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de
avaliação.

Os exercícios de avaliação têm as seguintes características:


exercícios teóricos/práticos, problemas não resolvidos e
actividades prático incluído estudo de caso.

Outros recursos

Os profissionais da UnISCED, principalmente os experientes na


matéria pensando em si, num cantinho recôndito deste nosso vasto
Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de
aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos
adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal a UnISCED
disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos, mais material
de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou manuais,
CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou eletrónico
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital
Moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este manual encontram-se no final


de cada Unidade Temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios
de autoavaliação apresentam dois níveis: primeiro apresentam
exercícios resolvidos com detalhes.

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Segundo, questões abertas para reflexão.

Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de autoavaliação,


mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir as outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correção e
atribuição da nota. Também algumas tarefas constarão do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova atividade ou tarefa, uma mudança de atividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é de ensinar aprender a aprender.


Aprender aprende-se:
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a
aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho,
dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se
conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante
saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões
com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo
dedicado aos estudos, procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a distância exige alto domínio de leitura.

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2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica


dos conteúdos (estudar).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer Trabalho de Campo (TC), algumas atividades práticas ou as de estudo


de caso, se existir.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respetivamente como, onde e quando estudar, como foi referido no início
deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre
o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/ de
tarde/fins-de-semana/ ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio silencioso/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo
em cada 30 minutos, em cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior.
Privilegie saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar,
que saber tudo superficialmente! Mas a melhor saída é aliar ambas as
opções: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no
módulo.

Nota importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo


superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10
(dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de
actividades). Ou seja, durante o intervalo não se deve continuar a tratar dos
mesmos assuntos das actividades obrigatórias.

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Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório,


pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem.
Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos
de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os
conhecimentos, perda da sequência lógica, por fim ao perceber que estuda
tanto, mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por
se achar injustamente incapaz.

Não estude na última da hora, principalmente quando se trata de fazer


alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de
alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobretudo, estude pensando
na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define as horas e as matérias que


deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir
como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao
estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma


necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo
que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e pode escrever
conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também
utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está
a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão
do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que
surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar;

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Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza de que, por razões de ordem gráfica ou de


conteúdo, o presente material pode suscitar-lhe algumas dúvidas. Queira,
por favor, contactar os serviços de atendimento e apoio ao estudante (Help
Desk) Central ou do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, atividades e auto-


avaliação), contudo, nem todas serão avaliados, mas é importante que
sejam realizadas. As tarefas devem ser submetidas nos prazos pré-
estabelecidos.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota das avaliações é decisiva
para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser submetidos de acordo com a orientação da
coordenação.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo, os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.

N.B: Em todos os casos, evite o plágio.

Avaliação

Caro estudante, você será avaliado durante os estudos à distância que


contam com um mínimo de 90% do total de tempo de que precisa para
estudar os conteúdos do seu módulo. O tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10% do total de tempo do módulo.

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Os trabalhos de campo por si realizados, durante os estudos e
aprendizagem no campo, pesam 40% e servem para a nota de frequência
para ir aos exames.

Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou módulo e


decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo
60%, o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam a nota
final com a qual o estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 3 (três)


avaliações e 1 (um) (exame).
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor,
entre outros.

Para mais informações acerca da avaliação, consulte o Regulamento de


Avaliação em uso no Instituto Superior da Educação a Distância.

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Unidade Temática I: Objecto de Estudo da Morfologia

Introdução

Este tema permitir-lhe-á, caro estudante, entender um pouco sobre o que


preocupa a morfologia. Quais são as áreas de interesse do estudo da
morfologia como ciência, a sua aplicabilidade. Portanto, esta unidade
temática irá em linhas gerais estudar sobre o objecto de estudo da
morfologia, no que diz respeito aos seus constituintes, a composição
interna e externa dos mesmos.

Trataremos igualmente nesta unidade, assuntos como os elementos


mórficos ou estruturas das palavras, alguns processos de formação de
palavras, entre outros.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

▪ Compreender o que é a morfologia e seu objecto de estudo;


Produzir textos em que use correctamente os constituintes das
Objectivos palavras;
Específicos ▪ Reconhecer a aplicabilidade dos morfemas;

▪ Estabelecer a diferença entre os morfemas.

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Tema: A Morfologia: Objecto De Estudo

Tradicionalmente se define a Morfologia como a parte da gramática que


estuda a palavra do ponto de vista da forma. Entretanto, é necessário
especificar os termos centrais palavra e forma, ambos altamente
indeterminados, além de comuns à linguagem técnica e à linguagem
cotidiana e cambiantes, em diferentes visões do fenômeno linguístico.

Segundo Mattos (2002), se considerarmos, por exemplo, a gramática


clássica, a morfologia se concentra na flexão; o objeto de estudo seria o
paradigma ou esquema de variações de forma da palavra na expressão de
categorias gramaticais. No século XIX, a palavra deixa de ser a unidade
mínima de análise linguística; a comparação de elementos gramaticais
como suporte a hipóteses de relação genética entre línguas favorece a
adoção de um modelo de descrição que reconhece formativos como raiz e
desinência. O estruturalismo herda esta situação de desmembramento da
palavra, sendo, portanto, natural o estabelecimento do morfema como
unidade básica da morfologia.

O objeto de estudo da morfologia no estruturalismo é, portanto, o


morfema, e seus padrões de combinação. Em consequência, a palavra
passa a ser menos relevante, ou mesmo questionável como unidade
estrutural, ainda que
Bloomfield, citado por Rosa (2011), proponha uma definição de palavra de
crucial relevância na metodologia de análise descritiva. Saussure –

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também citado por Rosa (2011) – problematiza o escopo da Morfologia de
outro ângulo, ao condenar a não inclusão da lexicologia no âmbito da
gramática, juntamente com a morfologia flexional; por outro lado,
considerando como do âmbito da morfologia a determinação de classes
de palavras e formas de flexão, duvida que esta possa constituir uma
disciplina distinta da sintaxe. Saussure explicita, ainda, os aspectos
concretos e abstratos da palavra, e ressalta as dificuldades de delimitação.

Uma maior reviravolta no tema surge no gerativismo: nada mais radical do


que a total eliminação da morfologia e, portanto, do seu objeto de estudo
enquanto tal, nos primeiros momentos do gerativismo. Mas, mesmo
quando instaurada a possibilidade de um componente morfológico na
versão original da Hipótese Lexicalista, ainda assim o objeto de estudo da
morfologia na Teoria Gerativa apresentará uma diferença fundamental em
relação a abordagens anteriores, na medida em que este objeto se desloca
da forma externa para o conhecimento interno, correspondente à
capacidade de identificação de formas lexicais estruturalmente legítimas.

O objeto de estudo da Morfologia no gerativismo não é a forma concreta


das palavras, mas a representação do conhecimento lexical, através de
regras que, em uma primeira fase, representam relações lexicais e,
posteriormente, determinam objetos morfológicos. Mais recentemente,
no enfoque da Morfologia Distribuída, a morfologia volta a ser dominada
pela sintaxe.

O morfema pode ser considerado novamente a unidade básica, mas a


relevância maior é atribuída ao feixe de traços formais nos quais a inserção
de traços fonológicos pode ser tardia. Assim, temos um retorno à situação
do estruturalismo e das primeiras fases do gerativismo, em que a palavra
se torna questionável como unidade básica da morfologia. (ROSA, 2011)
Talvez possamos dizer, então, que o objeto de estudo da morfologia tem
oscilado entre duas possibilidades:

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A palavra: na gramática clássica, e, portanto, na tradição gramatical, a
morfologia estuda a palavra e seu paradigma de variações de forma, na
expressão de categorias flexionais; no gerativismo lexicalista, o objeto da
morfologia é a palavra enquanto item lexical estruturado por padrões ou
produto de regras de formação de objetos morfológicos.

Os elementos constituintes da palavra: no método comparativo, estes


constituintes (raízes, desinências) são concretos; no estruturalismo, estes
elementos (os morfemas) são, sobretudo, concretos, mas também
abstratos, como meios de expressão de propriedades gramaticais; na
Morfologia Distribuída, os morfemas são fundamentalmente abstratos,
consistindo, sobretudo, em feixes de traços formais.

Segundo Maria Carlota Rosa (2011), a diferença no tocante à unidade em


que se centra o estudo morfológico – o morfema (unidade mínima de som
e significado) e a palavra – redunda de maneiras também diferentes de
focalizar a morfologia. De modo muito geral, podemos dizer que a noção
de morfema está relacionada com o estudo das técnicas de segmentação
de palavras em suas unidades constitutivas mínimas, ao passo que os
estudos que privilegiam a noção de palavra preocupam-se com o “modo
pelo qual a estrutura das palavras reflete suas relações com outras
palavras em construções maiores, como a sentença, e com o vocabulário
total da língua”. (ANDERSON, 1972, p. 7 citado por ROSA, 2011, p. 15-16)
Talvez possamos dizer, então, que o objeto de estudo da morfologia tem
oscilado entre duas possibilidades:

(1) A palavra: na gramática clássica, e, portanto, na tradição


gramatical, a morfologia estuda a palavra e seu paradigma de
variações de forma, na expressão de categorias flexionais; no
gerativismo lexicalista, o objeto da morfologia é a palavra enquanto
item lexical estruturado por padrões ou produto de regras de
formação de objetos morfológicos.

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(2) Os elementos constituintes da palavra: no método comparativo,
estes constituintes (raízes, desinências) são concretos; no
estruturalismo, estes elementos (os morfemas) são, sobretudo,
concretos, mas também abstratos, como meios de expressão de
propriedades gramaticais; na Morfologia Distribuída, os morfemas
são fundamentalmente abstratos, consistindo, sobretudo, em
feixes de traços formais.

Referências:

BASÍLIO, Margarida M. P. Morfologia: uma entrevista com Margarida


Basílio. ReVEL. v. 7, n. 12, março de 2009. ISSN 1678-8931
[www.revel.inf.br].

Sumário

Não é fácil definir categorias morfológicas, dada a heterogeneidade do


conjunto tradicionalmente levantado pelos linguistas. O melhor em se
tratando dessas categorias é fazer uma definição extensiva.
Em português, nos interessam as categorias tratadas por soluções
baseadas em flexão. Assim sendo, vamos considerar as categorias de
número, gênero, pessoa, caso, tempo, modo. Poderíamos agregar à lista a
categoria de definição, ligada ao uso dos artigos, mas em português esta
categoria é um caso limítrofe que precisa de abordagem à parte.

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Em outros idiomas, temos mais categorias como locativa, voz e categorias
de caso mais ricas que a existente em português.

De forma simplificada, consideramos categoria morfológica a solução


baseada em flexão, usada na língua para agregar traços específicos ao
significado da palavra. Esses traços se distribuem de forma complementar,
ou seja, quando um está presente, fica implícita a ausência do outro e
todas as ocorrências possuem um dos traços possíveis.

Tema: Categorias e Propriedades Morfológicas

Segundo Maria Carlota Rosa (2011), a diferença no tocante à unidade em que


se centra o estudo morfológico – o morfema (unidade mínima de som e
significado) e a palavra – redunda de maneiras também diferentes de
focalizar a morfologia. De modo muito geral, podemos dizer que a noção de
morfema está relacionada com o estudo das técnicas de segmentação de
palavras em suas unidades constitutivas mínimas, ao passo que os estudos
que privilegiam a noção de palavra preocupam-se com o “modo pelo qual a
estrutura das palavras reflete suas relações com outras palavras em
construções maiores, como a sentença, e com o vocabulário total da língua”.
(ANDERSON, 1972, p. 7 citado por ROSA, 2011, p. 15-16).
A autora irá definir palavra afora o uso na escrita como: a) unidade
fonológica; b) elemento mínimo da estrutura sintática e c) elemento do
vocabulário da língua. (2011, p. 74) E definirá lexema (palavras no léxico)
como unidade abstrata, que tem significado lexical e pode apresentar
variações, caso se inclua entre as palavras variáveis. O lexema amar, por
exemplo, representa a combinação virtual dos radicais que pode
apresentar com todas as propriedades morfossintáticas com que se pode
combinar e se quisermos focalizar apenas a primeira pessoa do singular do
presente do indicativo, teremos AMAR acompanhado de uma única entre
as possibilidades de realização das categorias gramaticais ou
morfossintáticas TEMPO/MODO/Aspecto e número/Pessoa. A palavra
gramatical ou morfossintática é o lexema (AMAR). (ROSA, 2011, p. 83-84)

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1. Categorias morfológicas
Categoria significa conjunto de propriedades que se associa à determinada
parte do discurso, como Caso, Pessoa, Tempo, Modo, Voz, Gênero,
Número…

2. Categorias e propriedades
Segundo P.H. Matthews (1972, p. 161-162 citado por Rosa, 2011, p. 119),
o termo categoria é empregado:
a) Para referir classes de palavras, como N (para nome) ou V (para verbo);
b) Para representar as dimensões de um paradigma, como
Número, por exemplo;
c) Para cada uma das possibilidades de contraste no interior de uma
dimensão, como Número Singular, Número Plural.

O uso em (a) se faz, em geral, nos trabalhos sobre sintaxe; em (b) para
categoria morfossintática, uma vez que estamos voltados para
modificações na estrutura da palavra cuja ligação com a estrutura sintática
é estreita.

Elementos como Presente, Passado, Futuro, membros da categoria


Tempo, e que ilustram (c), aplicaremos a denominação propriedades
morfossintáticas.

3. Categorias morfossintáticas
Uma categoria morfossintática é obrigatória para uma classe de palavras
como um todo numa dada língua. Esperamos que qualquer verbo em
português, por exemplo, tenha a dimensão Número/Pessoa. (Rosa, 2011)

A realização de uma categoria morfossintática junto a um lexema como


esta ou aquela propriedade depende, no entanto, de mecanismos diversos
dentro de uma construção. Se pensamos na categoria Número em
português, por exemplo, não precisamos de muito esforço para concluir
que sua realização nos adjetivos difere de sua realização nos nomes. É
claro, não nos estamos referindo às terminações que concretizam Singular

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ou Plural, mas aos mecanismos sintáticos relacionados ao seu
aparecimento numa palavra.

O adjetivo em português terá o Número do nome que funciona como


núcleo do constituinte. O nome, por seu turno, não se comporta do
mesmo modo. No que respeita ao Número, é dele a propriedade (Singular
ou Plural) que deverá ser visível para a concordância com os modificadores
ou, no caso de funcionar como seu argumento externo, com o verbo.
A realização de uma categoria morfossintática num lexema se faz a partir
de um elenco restrito de possibilidades. Anderson (1982, 1985b) propôs
três tipos de realização para as categorias flexionais, mais tarde ampliados
para quatro tipos (1992, 1997)”. (Rosa, 2011, p. 120)

4. Outras categorias morfológicas


Existem mais categorias morfológicas em outros idiomas. Em português,
não temos flexão de voz, como ocorre, por exemplo, no latim clássico. Em
nossa língua, a distinção de voz é feita com soluções sintáticas que
dispensam flexão.

O artigo: morfema flexivo de definição


A Gramática Tradicional e as convenções de escrita estabelecem que artigo
é palavra, o que contraria a definição de palavra como forma livre mínima.
Mas se admitirmos que artigo é morfema flexivo, então, temos mais uma
categoria de flexão no português: a definição. A categoria flexiva definição
supre a necessidade semântica de distinguir entre dualidades como:
particular/genérico, próprio/comum, definido/indefinido. Os artigos do
português apresentam flexão definida e indefinida.

4.1. Propriedades inerentes


São aquelas pertencentes a cada palavra e acessíveis à sintaxe, para que
se faça, por exemplo, a concordância.

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4.2. Propriedades de concordância
São aquelas que dependem das que estão presentes em outro item na
estrutura sintática. Esse elemento é o controlador da concordância. O
controlador determina as propriedades que serão estendidas pela
concordância, secundariamente, aos alvos – isto é, aos elementos da
construção que concordam com ele.

4.3. Propriedades configuracionais ou relacionais


São aquelas que dependem diretamente de sua posição em construções
mais amplas e talvez de propriedades lexicais de outras palavras em tal
construção. Entram aqui a indicação morfológica de relações gramaticais,
incluindo-se os fenômenos tradicionalmente estudados como regência.

4.4. Propriedades de constituinte


Podem realizar-se em uma única palavra da estrutura, seja no núcleo, seja
na primeira ou na última palavra do constituinte.
Realiza-se no SN, isto é, no nome.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas de escolha múltipla

1. O objeto de estudo da morfologia no estruturalismo é:


A. O fonema e seus padrões de combinação.
B. O morfema e seus padrões de combinação.
C. O fone e seus padrões de combinação.
D. O sintagma e seus padrões de combinação

2. Significado Lexical
A) Um sentido existente anterior à palavra.
B) Um sentido resultante ao acrescimo de prefixos
C) Um sentido resultante da derivacao parassintetica

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D) Um sentido resultante da derivação prefixal e suffixal

3. Segundo Mattos (2002), se considerarmos, por exemplo, a gramática clássica,


a morfologia concentra-se:
A. na derivação.
B. na composição
C. na flexão
D. na aglutinação

4.Na Morfologia Distribuída, os morfemas são fundamentalmente:


A. abstratos, consistindo, sobretudo, em feixes de traços formais.
B. concretos e abstratos, como meios de expressão de propriedades gramaticais,
em feixes de traços formais.
C. abstratos, consistindo, sobretudo, em feixes de traços informais.
D. concretos, mas também abstratos, como meios de expressão de propriedades
gramaticais

5.A palavra deixa de ser a unidade mínima de análise linguística:


A. no século XVI.
B. no século XVII.
C. no século XVIII.
D. no século XIX.

Perguntas de Verdadeiro/Falso

6.Uma categoria morfossintática é obrigatória para uma classe de palavras como


um todo numa dada língua.

7.Propriedades configuracionais ou relacionais são aquelas que dependem


diretamente de sua posição em construções mais amplas e talvez de
propriedades lexicais de outras palavras em tal construção.

8. O objeto de estudo da Morfologia no gerativismo é a forma concreta das


palavras, não a representação do conhecimento lexical, através de regras que, em
uma primeira fase, representam relações lexicais e, posteriormente, determinam
objetos morfológicos.

9.Propriedades configuracionais ou relacionais São aquelas que dependem


diretamente de sua posição em construções mais amplas e talvez de
propriedades lexicais de outras palavras em tal construção.

10. Recentemente, no enfoque da Morfologia Distribuída, a morfologia volta a ser


dominada pela sintaxe.

Perguntas de reflexão

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De forma suscinta e clara defina:
11. estruturalismo.
12. morfologia distribuida.

RESPOSTAS

1- B
2- A
3- C
4- A
5- D
6- Verdade
7- Verdade
8- Falso
9- Verdade
10- Verdade

Unidade Temática II: Classes de Palavras, Estrutura e Formação

Introdução

Este tema vai tratar na íntegra assuntos relacionados as classes de


palavras, em que iremos abordar a questão da distinção entre os
morfemas, na medida que em faremos uma continuação daquilo que
tratamos no capítulo anterior sobre a palavra. Iremos desenvolver ainda a
questão da estrutura da palavra, identificando os seus constituintes e
finalmente, oremos debruçar sobre a formação de palavras por forma a
melhor compreender esses processos morfossintáticos e a sua utilização
prática.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Compreender o que são classes de palavras, como elas são e estruturas


bem como a sua formação;
• Identificar os elementos que constituem a palavra;
Objectivos
Específicos
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• Aplicar os processos de formação de palavras;

De acordo com Montenegro (2014), a gramática organiza as palavras nos


seguintes grupos: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome, verbo,
advérbio, preposição, conjunção e interjeição; contabilizando um conjunto
de dez classes gramaticais (classes de palavras). Esta classificação possui
um critério de composição denominado, para alguns gramáticos, de
critério morfo-semântico.
Um dos fundamentos da organização de palavras em classes está
relacionado ao significado extralinguístico que o vocábulo apresenta.

Para realizar uma classificação adequada, o gramático Evanildo Bechara,


orienta um estudo com base na distinção dos seguintes significados:

Significado Lexical; um sentido existente anterior à palavra. Corresponde


a um referente no mundo, um objeto ou algo que possui existência fora da
linguagem. “Corresponde ao quê da apreensão do mundo extralinguístico”
(BECHARA,2009, p.109) É uma organização que a linguagem constrói para
a realidade existente anterior e independente dela.

Exemplo: É o significado comum a cada uma das séries de palavras: amor


– amante – amar – amavelmente.

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Significado Categorial: correspondem ao como da apreensão do mundo
extralinguístico”. (BECHARA, 2009, p. 109) É o modo de ser das palavras
dentro do texto, por isso não possuem classes léxicas fixas, podem surgir
em um discurso como substantivo e em outro como adjetivo.
Exemplo: amor (quando usado como substantivo); amar (quando usado
como verbo)

Observação: De acordo com o estudo apresentado por Evanildo Bechara


em A Moderna Gramática Portuguesa, é válido destacar que o substantivo,
o adjetivo, o verbo e o advérbio correspondem as quatro únicas reais
“categorias gramaticais” da língua. Entretanto, na gramática tradicional
essas classes se apresentam definidas de maneira confusa. Bechara
denomina essas classes de “categorias verbais”, porque são as únicas
dotadas do significado categorial.

Significado Instrumental; se refere aos significados dos morfemas, os


elementos que compõem o universo da gramática. Como artigos e
preposições, por exemplo. Ou como elementos de palavras: s de canetas.
Fazem parte do conjunto de morfemas que possuem significado
instrumental nas combinações gramaticais: prefixos, sufixos, desinências,
acentos, dentre outros. Os significados instrumentais correspondem ao
modo da expressão material.

Significado Estrutural Ou Sintático: é o resultado das combinações de


unidades lexemáticas ou categoremáticas com morfemas, dentro da
oração. São significados estruturais singular, presente, passado, futuro,
entre outros, que se constroem nas relações dentro da oração. Por
exemplo, o “s” de cadernos é o resultado estrutural da combinação.

Significado Ôntico: só ocorre no plano da oração, refere-se ao valor


existencial designado na oração; se é afirmativo, imperativo, negativo.

Essas designações usadas para classificar as palavras estabelecem-se nos


planos da forma, do conteúdo e das relações no contexto Intra linguístico

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e extralinguístico. Entretanto, o fundamental é identificar que uma palavra
de determinada classe pode mudar para outra classe gramatical com base
nesses significados e em suas implicações linguísticas.

Tema: Função das Classes de Palavras

Função

Esses são aspectos servem para entender a razão pela qual, em uma
análise morfológica, a mesma palavra pode ser classificada de maneira
diferente. Nesse sentido, ao tomar como exemplo uma palavra como
“azul” para classificar, encontrará certa dificuldade se ela não estiver
localizada em um contexto relacional com outras palavras.

Portanto, Substantivo, adjetivo, verbo e advérbio são palavras


lexemáticas. Classificadas de acordo com o significado lexical.

Conforme as gramáticas descritivas, são exemplos dessas classes:

• Substantivo: escola, casa, armário, mesa, cadeira, São Paulo, José;


• Adjetivo: alegre, feliz, triste, forte, firme, corajoso;
• Verbo: andar, comer, falar, ficar, partir, viajar, sonhar, estudar,
construir, realizar, morrer, nascer, nadas, fazer;
• Advérbios: alegremente, dentro, fora, sim, não, nunca, talvez,
muito; etc.

Dentro de contextos nos quais as análises se tornam mais precisas:

Exemplo: O padre encerrou cedo as atividades da igreja.


As palavras em destaque são, respectivamente, substantivo, advérbio,
substantivo e adjetivo.
São palavras lexemáticas, pois cada uma delas apresenta

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significado lexical.

Os pronomes e os numerais são palavras categoremáticas, classificadas


por um sentido categorial linguístico.

Exemplo: A sua igreja encerrou a primeira atividade mais cedo.

As palavras em destaque são, respectivamente, pronome e numeral. São


palavras categoremáticas, pois estão ligadas ao contexto em que estão
inseridas.

E os artigos, preposições e conjunções são palavras morfemáticas, pois


possuem estruturas com sentidos completos, são independentes e não
apresentam sentido fora da linguagem.

Exemplo: A igreja encerrou a missa mais cedo, porém solicitou uma reunião
com os crentes.

As palavras em destaque são, respectivamente, artigo, conjunção,


preposição. Elas possuem significados e estruturas independentes de
outros vocábulos, não precisam fazer parte de um morfema para serem
completas, porém só fazem sentido quando estão dentro da oração.
ATENÇÃO:

Uma palavra categorimática pode ter sentido instrumental, como é o


exemplo dado por Evanildo Bechara (2009, p. 112):

“Meu lápis.”

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Meu: pertence à classe de palavras categoremáticas dos pronomes
(Pronome possessivo). Nesta estrutura o pronome assume valor de
adjetivo, uma vez que caracteriza o substantivo lápis.

Este foi apenas um exemplo de como cada categoria de significados


influencia na análise das classes, porém o aluno precisa saber identificar a
qual classe a palavra pode pertencer isoladamente, e analisar em qual
classe ela se enquadra contextualmente.

Verifica-se determinadas classes que possuem um conjunto definido ou


limitado de palavras, não podendo ocorrer outro tipo de vocábulo que faça
parte de tais classes. O que facilita a identificação, e posterior análise
dentro das orações. Porem, há vocábulos que se repetem em mais de uma
classe de palavras, o que reforça a ideia de que a análise da oração se faz
necessária para a classificação de cada palavra.

De outra forma, podemos descrever as classes de palavras de forma


resumida no seguinte:

Artigos: são as palavras que determinam o substantivo, antecedendo-os:


a, as, o, os, um, uns, uma, umas.

Numerais: são as palavras que indicam quantidade, ou o lugar que um


substantivo ocupa em uma série numérica. Possuem algumas
subclassificações: cardinais (um, dois, três...); ordinais (primeiro, segundo,
terceiro, quarto...); multiplicativos (dobro, triplo...); fracionários (metade,
terço…); coletivos (dezena, dúzia, centena...)

Pronomes: são classificados de acordo com a sua função na frase. Podem


ser adjetivos ou pronomes substantivos. Para estabelecer a diferença, na
análise morfológica, verifica-se que os pronomes substantivos são aqueles
que surgem isolados na frase, enquanto os pronomes adjetivos aparecem
acompanhando os substantivos, caracterizando-os.

Os pronomes podem ser:

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• Pronomes pessoais retos: eu, tu, ele, nós, vós, eles.

• Pronomes pessoais oblíquos não-reflexivos átonos: me, te, o, a,


lhe, nos, vos, os, as, lhes.
• Pronomes pessoais oblíquos não-reflexivos tônicos: mim, comigo,
ti, contigo, ele, ela, nós, connosco, vós, convosco, eles, elas.

• Pronome de tratamento: você, senhor, senhora, vossa excelência,


etc.
• Pronomes demonstrativos: este (s), esse (s), aquele (s), esta (s),
essa (s), aquela (s), isto, isso, aquilo.
• Pronomes possessivos: meu, minha, teu, tua, seu, sua, nosso,
nossa, vosso, vossa. (todos apresentam formas no plural)
• Pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco,
certo, vários, tanto, quanto, qualquer (todos esses admitem formas
femininas e plurais. Os invariáveis: alguém, ninguém, outrem, tudo,
nada, cada, algo.
• Pronomes interrogativos: que, quem, qual e quanto.
• Pronomes relativos: o qual, os quais, cujo (s), quanto (s), a qual, as
quais, cuja (s), quantas, quantos, que, quem, onde

Exemplos de usos:
Meus diários são fundamentais na minha história. (pronomes possessivos
adjetivos)

Teu rosto me agrada a memória. (pronomes possessivos adjetivos)

Eu contei tudo para que ela não se assustasse depois. (pronomes pessoais)

Quem vai concluir as atividades do dia? (pronome interrogativo)

O problema foi todo resolvido por mim. (pronome oblíquo tônico)

Aquele bairro, o qual tem uma praça muito legal, fica localizado próximo
daqui. (pronome demonstrativo; pronome relativo)

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Conjunções: estabelece a relação entre dois termos da oração ou entre
duas orações. Elas podem ser:

• Aditivas: e; Comprei banana e maçã.


• Adversativas: mas, porém, entretanto, contudo, todavia; Fui às
compras, mas esqueci o dinheiro.
• Alternativas: ou, ora, quer, seja, nem, já; ou como bolo, ou tomo
sorvete.
• Conclusivas: logo, pois, por tanto, por conseguinte, por isso, assim;
Não conseguiu cumprir com todos os exercícios, portanto precisou
estudar até mais tarde.
• Explicativas: que, porque, pois, porquanto, etc; tirou notas boas ao
final do semestre porque estudou bastante ao longo das semanas.
• Causais: porque, pois, porquanto, como, pois que, por isso que,
uma vez que, visto que, visto como, etc. Como o almoço demorou
a sair, fez sua refeição no restaurante.
• Concessivas: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto
que, etc; Foi ao aniversário, embora não tivesse arrumada para
festa.
• Condicionais: se caso, quando, conquanto que, salvo, se, sem que,
desde que, dado que, etc: desde que as provas sejam aplicadas esta
semana, estudarei desde domingo.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante: Conforme a
avaliação do professor, eu sou um ótimo aluno.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que, mais,
quanto mais, menos, quanto menos, tanto mais, tanto menos, etc:
À medida que assistir aulas realizarei os exercícios.
• Temporais: quando, antes que, depois que, até que, logo que, todas
as vezes que, cada vez que, mal que, etc: Todas as vezes que faço
compras fico feliz.
• Comparativas: assim como, bem como, etc: Assim como o verão, o
inverno tem feito bastante calor.

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• Consecutivas: combinação da conjunção que com as expressões:

tal, tanto, tão, tamanho, etc: A bailarina dançava com tanta


alegria, que foi premiada no festival.
• Integrantes: que, se. Garanto que sou corajosa.

Substantivos: é a palavra que nomeia ou designa seres e objetos. Podem


ser compostos por apenas uma palavra; simples, ou por mais de uma;
composto. São variáveis em gênero, número e grau.

Possui diversas classificações e características dentro de um amplo


conjunto de exemplos de substantivos.

Concreto: pessoas, animais, vegetais, lugares, objetos. Exemplos: casa,


mesa, caderno, igreja, livro, caneta, pessoa, humanos, etc.

Abstratos: ações, sentimentos, estados, qualidades. Exemplos: alegria,


amar, sentir, etc.

Próprios: indivíduos de uma espécie. São grafados com a letra inicial


maiúscula. Exemplos: São José dos Campos, Maria, Paris.
Comuns: designam de forma genérica todos os seres de uma espécie:
exemplos: país, oceano, mulheres.

Coletivos: conjunto de seres ou objetos da mesma espécie. Exemplos:


acervo, alcateia, bando, matilha, etc.

Adjetivos: é a palavra que caracteriza os seres ou os objetos, indicando


qualidade, modo, aspecto, aparência ou estado. São variáveis em gênero,
número e grau.

Exemplos: A casa colorida deu alegria ao condomínio.

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As flores perfumadas enfeitam o jardim.

As crianças chatas brincavam e faziam barulho.

Advérbios: são termos que modificam outros termos tais como o verbo,
os próprios advérbios e adjetivos.

Exemplo: Maria correu intensamente para chegar até aqui.

Classificam-se em advérbios de:

Lugar: abaixo, acima, adiante, ali, aqui, etc.

Tempo: agora, ainda, amanhã, antes, breve, depois, cedo, tarde, nunca,
etc.

Modo: assim, bem, mau, depressa, melhor, pior, bondosamente,


regularmente, etc.

Intensidade: muito, pouco, bastante, bem, demais, quão, tão, etc.

Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, quiçá, talvez, etc.

Afirmação: sim, certamente, efetivamente, realmente, etc.

Negação: não.
Verbo: palavra variável que indica ação, estado ou fenômeno da natureza.
Flexionam em número, pessoa, voz, modo, formas e tempo.

João comeu muito arroz no almoço. (indica ação)

Ontem choveu até alagar a cidade. (fenômeno da natureza)

Os alunos continuam alegres. (indica estado)

Preposição: relaciona dois termos da oração, geralmente, o primeiro


termo é explicado ou tem seu sentido completado pelo segundo termo
após a preposição.

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São Preposições: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por, sem, sob, sobre, trás, etc.
Interjeição: é uma expressão que representa uma emoção.

São exemplos de interjeição: ah! Oba! Eba! Bravo! Oxalá! Tomara!


Bravo! Gritava a platéia satisfeita.
Alô! Alô! Alguém responde, por favor.

Tema: Variação das Classes de Palavras

Número
Nosso sistema de flexão em número comporta singular e plural. Línguas
como o grego apresentam singular, dual e plural. A categoria número tem
função semântica, pois indica singularidade ou pluralidade do significado
do termo flexionado. Também apresenta função sintática, pois as frases
em português seguem regras de concordância em que alguns termos da
frase devem concordar entre si em número.

Gênero
Em português, há dois gêneros: feminino e masculino. Não utilizamos o
neutro, presente em idiomas como inglês e alemão. Em alguns casos, a
função da categoria gênero é semântica, como nos pares a seguir:

O menino/a menina, o gato/a gata


Nos exemplos dados, a categoria gênero define um traço semântico, ou
seja, estabelece o sexo do ser representado pelo substantivo.

Em português, muitos substantivos a que não se pode associar


característica de sexo, têm gênero implícito. É o que se vê na série a seguir:

O garfo, a colher, a faca, o prato.

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Não é possível atribuir característica semântica de sexo aos substantivos
do exemplo, mas em português, mesmo substantivos assexuados estão
associados convencionalmente a um gênero para garantir o
funcionamento das regras de concordância sintática.

Grau
Em português, há dois sistemas de flexão de grau: o diminutivo– normal–
aumentativo, típico dos substantivos e adjetivos e o sistema normal–
superlativo, usado com adjetivos.

Não temos flexão de grau comparativo como ocorre, por exemplo, no


inglês.

John is tall. (João é alto.)


John is taller than Paul. (João é mais alto que Paulo.)
John is the tallest. (João é o mais alto.)
Caso
O caso está presente em nossa língua nas flexões dos pronomes pessoais.
Observe o exemplo:

Eu pedi o livro a ele.


Ele entregou o livro a mim.
Nas duas frases, o mesmo ente é representado ora por eu, ora por mim.
Eu e mim têm funções semelhantes, mas são usados em contextos
diferentes. Eu é empregado quando o pronome está em posição de sujeito
da frase e mim, quando em função de objeto. Quando um lexema é
flexionado segundo a função sintática que desempenha na frase, temos
flexão de caso.
Em português, os pronomes pessoais apresentam duas flexões de caso:

oblíquo e reto.
A flexão de caso dos nossos pronomes pessoais é um resíduo do latim que
permaneceu em nossa gramática. Em latim, o uso das flexões de caso é

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bem mais intensivo, tanto que os substantivos em latim clássico
apresentavam seis flexões de caso.

Pessoa
A categoria de pessoa é usada para discriminar as pessoas do discurso. Elas
são três no português: primeira (quem fala), segunda (a quem se fala) e
terceira (de quem se fala).

Tempo
Esta categoria morfológica também é típica dos verbos. Em nosso sistema
verbal, temos basicamente três tempos: futuro, passado e
presente.

Modo
A categoria de modo está presente no sistema verbal do português.
O verbo pode ser flexionado em três modos diferentes: imperativo,
indicativo e subjuntivo.
Simplificadamente, o modo indicativo é empregado para indicar ações de
consumação certa, o subjuntivo para expressar ações hipotéticas ou o
desejo de que determinada ação venha a se consumar e o imperativo é
usado para incitar à ação.
Aspecto
Não existe só uma categoria de aspecto em português, mas três, que
agrupamos em uma só por se manifestarem em apenas algumas flexões
do sistema verbal.

Sumário

As classes de palavras ou classes gramaticais são dez: substantivo, verbo,


adjetivo, pronome, artigo, numeral, preposição, conjunção, interjeição e
advérbio. Essas categorias são divididas em palavras variáveis (aquelas

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que variam em gênero, número ou grau) e palavras invariáveis (as que não
variam).

Palavras Variáveis e Flexões


Substantivo
É a palavra que nomeia os seres em geral, desde objetos, fenômenos,
lugares, qualidades, ações, dentre outros.

Exemplos: Ana, Brasil, beleza.


Flexões: Gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau
(aumentativo e diminutivo
Verbo
É a palavra que indica ações, estado ou fenômeno da natureza.
Exemplos: existir, sou, chovendo.
Flexões: Pessoa (primeira, segunda e terceira), número (singular e plural),
tempo (presente, passado e futuro), modo (indicativo, subjuntivo e
imperativo) e voz (ativa, passiva e reflexiva).

Adjetivo
É a palavra que caracteriza, atribui qualidades aos substantivos.
Exemplos: feliz, superinteressante, amável.
Flexões: Gênero (uniforme e biforme), número (simples e composto) e
grau (comparativo e superlativo).

Pronome
É a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, indicando a relação
das pessoas do discurso.
Exemplos: eu, contigo, aquele.
Flexões: Gênero, número e pessoa.
Artigo
É a palavra que antecede o substantivo.
Exemplos: o, as, uns, uma. Flexões:
Gênero e número.

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Numeral
É a palavra que indica a posição ou o número de elementos.
Exemplos: um, primeiro, dezena. Flexões:
Gênero, número e grau.
Palavras Invariáveis
Preposição
É a palavra que liga dois elementos da oração.

Exemplos: a, após, para.


Conjunção
É a palavra que liga dois termos ou duas orações de mesmo valor
gramatical.
Exemplos: mas, portanto, conforme.

Interjeição
É a palavra que exprime emoções e sentimentos.
Exemplos: Olá! Viva! Psiu!

Advérbio
É a palavra que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, exprimindo
circunstâncias de tempo, modo, intensidade, entre outros.
Exemplos: melhor, demais, ali.

Embora seja considerado invariável porque não sofre flexão de gênero e


número, os advérbios apresentam flexões de grau: comparativo e
superlativo.

Agora que você já conhece as classes de palavras, está pronto para estudar
Análise Morfológica e Análise Morfossintática

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas de Verdadeiro/Falso

1. Os pronomes podem ser pessoais retos: você, senhor, senhora, vossa


excelência, etc.
2. pessoais oblíquos não-reflexivos átonos: me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes.
3. Os pronomes podem ser oblíquos não-reflexivos átonos: me, te, o, a, lhe, nos,
vos, os, as, lhes
4. Os pronomes podem ser pessoais oblíquos não-reflexivos tônicos: mim,
comigo, ti, contigo, ele, ela, nós, connosco, vós, convosco, eles, elas
5. Os pronomes podem ser de tratamento: eu, tu, ele, nós, vós, eles.

Perguntas de reflexão

6.Na língua portuguesa, o verbo pode ser flexionado em três modos diferentes.
Indique-os.
7.Diferencia o advérbio do verbo.
8.Diferencie neologismo semântico do neologismo lexical. Dê exemplos
9.Defina classes de palavras ou classes gramaticais.
10.Defina advérbio e dê exemplos de três.
11.Defina locução adverbial. Dê exemplo.

Referências Bibliográficas:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl.


e atual. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português


contemporâneo. – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. –


1. Ed., 4ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2016 Arquivado em:
Português

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Tema: Formação de Palavras: palavras Primitivas e derivadas

De acordo com Cunha e Cintra (2010), o processo de formação de palavras


abarca palavras primitivas e derivadas.

Os autores acima citados definem as palavras primitivas como sendo as

palvras que não se formam de nenhuma outra, e que pelo contrário,

permitem que delas se originem novas palavras no idioma. Exemplo:

fumo; mar novo; pedra.

Denomina-se derivadas as que se formam de outras palavras da língua,


mediante o acréscimo ao seu radical, de um prefixo ou um
sufixo (Cunha e Cintra, 2010)
Exemplo: fusoso, defumar; marinha, marear; novinho,renovar;
pedreiro,empedar;

A formação de palavras tem diferentes processos de combinação de


morfemas para formar novas palavras. Os principais processos de
formação são a derivação e a composição.

Derivação é o processo pelo qual palavras novas são criadas a partir de


outras já existentes na língua, alterando, assim, o sentido. AS palavras
novas são chamadas de Derivadas e as que lhe dão origem, Primitivas.

A Derivação pode ser dividida conforme abaixo:

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1. Derivação prefixal ou por prefixação

É quando acontece um acréscimo de prefixo à palavra primitiva.

Exemplo:

In + feliz - infeliz
In – prefixo

Feliz – palavra primitiva

Infeliz – palavra nova (derivada)

2. Derivação Sufixal ou Por Sufixação

É quando acontece um acréscimo de sufixo à palavra primitiva.

Exemplo:

Mal + vado – malvado

Mal – palavra primitiva

Vado – sufixo

Malvado - palavra nova (derivada)

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Essa derivação sufixal tem por finalidade formar séries de palavras da
mesma classe gramatical e a partir dela são formados novos substantivos,
adjetivos, verbos e até advérbios; por isso são classificados em:

• Nominal: quando é formado pela junção de um radical para dar


origem a um substantivo ou a um adjetivo. Exemplo: ponteira –
pontinha – pontudo.
• Verbal: quando é formado pela junção de um radical para dar
origem a um verbo. Exemplo: amanhecer – atualizar
- suavizar.
• Adverbial: quando é formado pela junção de um radical para dar
origem a um advérbio de modo. Exemplo: perigosamente –
felizmente – religiosamente.

3. Derivação prefixal e sufixal

É quando acontece um acréscimo de prefixo e sufixo à palavra primitiva.


Exemplo:

In + feliz = mente - infelizmente

In – prefixo

Feliz – palavra primitiva

Mente - sufixo

Infelizmente – palavra nova (derivada)

Na Derivação Prefixal e Sufixal, a presença apenas do sufixo ou apenas do


sufixo na palavra primitiva é suficiente para a formação de uma nova
palavra – infeliz ou felizmente.

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4. Derivação parassintética

É quando acontece um acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra


primitiva.

Exemplo:

Em + pobre + cer = empobrecer

Em – prefixo pobre – palavra

primitiva cer - sufixo

Empobrecer – palavra nova (derivada)

Diferente da Derivação Prefixal e Sufixal, a presença apenas do sufixo e


apenas do prefixo na palavra primitiva não é suficiente para a formação de
uma nova palavra. No caso da palavra empobrecer, por exemplo, ela só
existe com ambas as derivações aplicadas simultaneamente.

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5. Derivação regressiva

É quando acontece uma redução na palavra primitiva. Exemplo: flagrante


– flagra, delegado – delega, português – portuga

A Derivação Regressiva tem maior importância na formação de


substantivos deverbais ou pós-verbais, que foram unidos por uma das
vogais –o, -a ou –e ao radical do verbo.

Exemplos:

• Ajudar – a ajuda
• Perder – a perda
• Vender – a venda
• Debater – o debate
• Cortar – o corte
• Atacar – o ataque
• Atrasar – o atraso
• Chorar – o choro
• Apelar – o apelo

6. Derivação imprópria

As palavras podem mudar de classe gramatical sem sofrer alteração na


forma.

Exemplo:

• Os bons sempre se prejudicam. – Adjetivo substantivado


• O argumento da advogada foi bem claro. – Adjetivo adverbializado

7. Composição

Composição é o processo pelo qual palavras novas são formadas pela


junção de duas ou mais palavras, ou seja, de dois ou mais radicais. Essas
palavras são chamadas de Compostas em oposição às simples, que

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possuem um só radical. A Composição pode acontecer de duas formas,
conforme abaixo:

7.1. Composição por aglutinação


É a junção das palavras em que elas sofrem alteração fonética.

Exemplos:

Plano + Alto: planalto – queda do o


Água + ardente: aguardente – queda do a

Perna + alta: pernalta – queda do a

Em + boa + hora: embora – queda do a

7.2. Composição por justaposição


É a junção das palavras em que elas não sofrem alteração fonética.
Exemplos:

Ponta + pé: pontapé

Gira + sol: girassol

Passa + tempo: passatempo

Madre + pérola: madrepérola

Além desses casos, existem casos especiais de palavras compostas que não
são formadas a partir de outras palavras da língua portuguesa, mas sim de
radicais pertencentes a outras línguas.

Estes classificam-se em:

a. Compostos Eruditos
Quando as palavras são compostas de radicais apenas latinos ou gregos.
Exemplos:

Agrícola – agri- (latim) + -cola (latim)

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Piscicultura – pisci- (latim) + -cultura (latim)

Pentágono – penta- (grego) + -gono (grego)

b. Hibridismo
Quando as palavras são compostas de radicais de idiomas diferentes.
Exemplos:

Monocultura: mono- (grego) + -cultura (latim)

Bicicleta: bi- (latim) + -ciclo (grego) + -eta (francês)

Automóvel: auto- (grego), -móvel (latim)

Outros meios usados para a criação de palavras é o Neologismo e a


Onomatopeia:

1. Neologismo

Quando novas palavras são criadas a partir de uma necessidade do falante


em contextos específicos que podem ser temporárias ou permanentes em
vista de um novo conceito. Exemplos:

Informática – informatizar

O Neologismo pode ser classificado em três tipos:

1.1. Neologismo semântico

Quando a palavra já existente ganha um novo significado. Exemplo:

Ana disse que deu zebra quando ela tirou o binóculo da bolsa – deu errado

Marcelo faz bico para ajudar nas contas da casa – trabalho temporário

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1.2. Neologismo sintático
Quando existe uma combinação de elementos já existentes na língua como
a derivação ou a composição. Exemplo:

João Paulo II ganhou o mundo papalizando com carisma.

A não-informação conduz as pessoas à ignorância.

1.3. Neologismo lexical

Quando uma nova palavra é criada, com um novo conceito.


Exemplo:

Deleter – apagar, eliminar

Internetês – a língua da internet

2. Onomatopeia

Quando a palavra imita, representa certos sons. Exemplos:

Tique-tique

Chuá-chuá

Atchim

Plaft

Dingo-dong

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Sumário

Há em Português palavras primitivas, palavras derivadas, palavras simples


e palavras compostas.

• Palavras primitivas: aquelas que, na língua portuguesa, não provêm de


outra palavra. Ex.: pedra, flor.
• Palavras derivadas: aquelas que, na língua portuguesa, provêm de outra
palavra. Ex.: pedreiro, floricultura.
• Palavras simples: aquelas que possuem um só radical. Ex.: azeite, cavalo.
• Palavras compostas: aquelas que possuem mais de um radical.
Ex.: couve-flor, planalto.
As palavras compostas podem ou não ter seus elementos ligados por hífen.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas de múltipla Escolha

1. Um dos fundamentos da organização de palavras em classes está


relacionado ao:

A. significado linguístico que o vocábulo apresenta.


B. significado semântico que o vocábulo apresenta.
C. significado extralinguístico que o vocábulo apresenta
D. significado pragmático que o vocábulo apresenta.

2. A igreja encerrou a missa mais cedo, porém solicitou uma reunião com os
crentes. As palavras em destaque são, respectivamente,

A. artigo, preposição, conjunção.


B. artigo, conjunção, prenome.

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C. artigo, pronome, preposição.
D. artigo, conjunção, preposição.

3. Os pronomes são classificados de acordo com:


A. a sua função no texto.
B. a sua função na frase.
C. a sua função no sintagma.
D. a sua função no parágrafo.

4.A gramática organiza as palavras nos seguintes grupos: substantivo,


adjetivo, artigo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção
e interjeição; contabilizando um conjunto de dez classes gramaticais
(classes de palavras). Esta classificação possui um critério de composição
denominado, para alguns gramáticos, de:

A. critério morfo-semântico.
B. critério morfo-fonológico.
C. critério morfo-sintáctico.
D. critério morfo-pragmático.

5.Um dos fundamentos da organização de palavras em classes está


relacionado ao:
A. significado linguístico que o vocábulo apresenta.
B. significado semântico que o vocábulo apresenta.
C. significado extralinguístico que o vocábulo apresenta.
D. significado pragmático que o vocábulo apresenta.

6.Os artigos, preposições e conjunções são palavras:


A. morfemáticas, pois possuem estruturas com sentidos completos, são
independentes e não apresentam sentido fora da linguagem.
B. morfossintáticas, pois possuem estruturas com sentidos completos, são
independentes e não apresentam sentido fora da linguagem.

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C. morfofonológicas, pois possuem estruturas com sentidos completos,
são independentes e não apresentam sentido fora da linguagem...
D. morfosemânticas, pois possuem estruturas com sentidos completos,
são independentes e não apresentam sentido fora da linguagem.

Perguntas de Verdadeiro/Falso

7.As conjunções estabelecem a relação entre dois termos da oração ou entre


duas orações. Elas podem ser adversativas: ou, ora, quer, seja, nem, já.

8. As conjunções estabelecem a relação entre dois termos da oração ou entre


duas orações. Elas podem ser: adversativas: ou, ora, quer, seja, nem, já.

9. As conjunções estabelecem a relação entre dois termos da oração ou entre


duas orações. Elas podem ser: conclusivas: logo, pois, portanto, por
conseguinte, por isso, assim.
10. Derivação parassintética Quando acontece um acréscimo simultâneo de
prefixo e sufixo à palavra primitiva. Ex: em + pobre + cer = empobrecer

Perguntas de reflexão

11. Diga como se a gramática organiza de acordo com Montenegro (2014).

12. Defina Significado Instrumental, lexical e dê exemplos.

RESPOSTAS
1–C
2–D
3–D
4–A
5- C
6- A
7 - Falso
8 - Falso
9 -Verdade
10 -Verdade

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Referência Bibliográfica:

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo Horizonte: Bernardo Álvares


S. A., 6a ed.1976. 509p.

LIMA, Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 27 ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1986. 506p.

PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e atividades. 1. Ed. São Paulo: FTD, 2014.
512p.

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Unidade Temática III: Características das Classes de Palavras

Introdução

Esta unidade vai debruçar-se efusivamente sobre as características das


classes de palavras, depois de muito ter aprendido nas unidades
anteriores, e nesta unidade aprofundaremos mais sobre quais são as
principais características das classes de palavras para melhor distinguir das
outras categorias morfológicas entre outros.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Identificar as principais características das classes de palavras;


• Diferenciar as características das classes de palavras das outras
categorias morfológicas;
Objectivos
específicos
Características de Classes de Palavras

Para formularmos nossos pensamentos e expressarmos nossas opiniões,


utilizamo-nos dos muitos recursos que a língua portuguesa disponibiliza.
As palavras, acima de tudo, representam um deles. No entanto, ao utilizá-
las, não podemos as conceber como soltas, aleatórias, ao contrário, todas
elas são dotadas de características distintas, ou seja, possuem uma
estrutura determinada e, quando inseridas numa dada oração, assumem
funções, papéis específicos, de modo a tornar ainda mais claras e precisas
as mensagens que proferimos.

Essa estrutura, especificamente dizendo, encontra-se manifestada nas


classes de palavras ou também chamadas de classes gramaticais, nas
quais constatamos determinadas características expressas por um grupo

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de palavras, tais como: nomeando seres, atribuindo qualificações,
indicando quantidade, ligando uma palavra à outra, entre outros aspectos.
Dessa forma, há de se considerar também que algumas delas são passíveis
de flexão, isto é, variam quanto ao gênero, número, grau, tempo, modo,
pessoa, como ocorre com a classe dos verbos. Outras, porém, não
admitem que tal aspecto prevaleça, o que as tornam classes invariáveis.

Nesse sentido, até mesmo por se tratar de um fato linguístico de tamanha


importância, a seção com a qual você compartilhará de agora em diante
traz em primeira mão todos os assuntos relacionados às chamadas classes
de palavras.

A língua portuguesa é uma das mais ricas em vocabulário e tópicos para


estudo e aprofundamento na mesma. Desde que entramos na escola
talvez nunca paramos para pensar que, além da língua em si ter lá suas
curiosidades, cada palavra que conhecemos pertence a uma classe
diferente e desempenha uma função diferente na frase.

Veja abaixo um pouco mais sobre cada classe gramatical, como também
são chamadas, e as suas características:

5. Adjetivo

Os adjetivos são usados para dar qualidade a coisas ou pessoas, ou seja,


temos por “adjetivo” toda palavra que estiver ligada a um substantivo com
finalidade de dar-lhe algum tipo de atributo.

Veja o exemplo:

A menina é feliz. Aqui, o adjetivo é “feliz, que está dando qualidade ao


sujeito “menina”.

Por outro lado, Adjetivo é a palavra variável que designa uma especificação
ao substantivo, caracterizando-o.

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Os adjetivos podem ser classificados em:

- primitivos: radicais que por si mesmos apontam qualidades.


Ex.: claro, triste, grande, vermelho.

- derivados: são formados a partir de outros radicais.


Ex.: infeliz, azulado.

- simples: apresentam um único radical em sua estrutura.


Ex.: apavorado, feliz.

- compostos: apresentam pelo menos dois radicais em sua estrutura.


Ex.: ítalo-brasileiro, socioeconômico.

Adjetivos pátrios
São os adjetivos referentes a países, estados, regiões, cidades ou
localidades.
Ex.: brasileiro, goiano, carioca, acreano, capixaba.

Flexões dos adjetivos


Os adjetivos apresentam flexões de gênero, número e grau.

Flexão de gênero. Os adjetivos assumem o gênero do substantivo


do qual se referem.
Ex.: Uma mulher formosa – um homem formoso
Uma professora ativa – um professor ativo

Quanto ao gênero, os adjetivos podem ser uniformes e biformes.

Os adjetivos biformes apresentam uma forma para o gênero feminino e


outra para o masculino.
As formas do feminino são marcadas pelo acréscimo do sufixo –a ao
radical:

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Ex.: o homem honesto – a mulher honesta, o produtor inglês – a produtora
inglesa.

Os adjetivos uniformes possuem uma única forma para o masculino e o


feminino:
Ex.: pássaro frágil – ave frágil, escritor ruim – escritora ruim.

Flexão de número

Os adjetivos concordam em número com os substantivos que modificam,


assumem a forma singular e plural.
Ex.: político corrupto – políticos corruptos, salário digno – salários dignos.

Os adjetivos compostos merecem maior atenção na formação de plural:

- Nos adjetivos compostos formados por dois adjetivos, apenas o segundo


elemento vai para o plural:
Ex.: clínica médico-dentária, clínica médico-dentárias.

- Os adjetivos compostos em que o segundo elemento é um substantivo


são invariáveis também em número:
Ex.: recipiente verde-mar - recipientes verde-mar, tinta amarelo canário –
tintas amarelo-canário.

Flexão de grau
Quando se quer comparar ou intensificar as características atribuídas ao
substantivo, os adjetivos sofrem variação de grau.
Tem-se o grau comparativo e o grau superlativo.

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Grau comparativo

Compara-se a mesma característica atribuída a dois ou mais seres ou duas


ou mais característica a um único ser. O grau comparativo pode ser de
igualdade, superioridade e de inferioridade, são formados por expressões
analíticas que incluem advérbios e conjunções.

a) Grau comparativo de igualdade: Ela é tão exigente quanto justa.


Ela é tão exigente quanto
(ou como) sua mãe.

b) Grau comparativo de superioridade: Seu candidato é mais desonesto


(do) que o meu.

c) Grau comparativo de inferioridade: Somo menos passivos (do) que


eles.

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Grau superlativo

A característica conferida pelo artigo é intensificada de forma relativa ou


absoluta.

a) Relativo: a intensificação da característica conferida pelo adjetivo é


feita em relação a todos os demais seres de um conjunto que apresentam
uma certa qualidade. Pode exprimir superioridade ou inferioridade, e é
sempre expresso de forma analítica. Este é o mais interessante dos livros
que li. (superioridade)
Ele é o menos egoísta de todos. (inferioridade)

b) Absoluto: indica que determinado ser apresenta determinada


qualidade em alto grau, transmitindo ideia de excesso. Pode assumir
forma analítica ou sintética.

- Analítico: é formado com a presença de um advérbio:


Você é muito crítico.
A prova de matemática estava extraordinariamente difícil.

- Sintético: é expresso com a participação de sufixos.


A prova de matemática estava dificílima.
Este piloto é velocíssimo.

Muitos adjetivos ao receberem um dos sufixos formadores dessa forma de


superlativo assumem a forma latina. Como, por exemplo, os adjetivos
terminados em –vel, esses assumem a terminação – belíssimo.
Agradável: agradabilíssimo; volúvel: volubilíssimo.

6. Advérbio

Os advérbios são usados para modificar outra palavra, seja ele um verbo,
outro advérbio ou, em casos raros, um substantivo. Eles indicam as

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circunstâncias nas quais a ação irá ocorrer. Temos uma gama diferente de
advérbios como os advérbios de tempo, modo, lugar, afirmação, negação
e dúvida. Veja abaixo dois exemplos do uso de advérbios.

O meu irmão nunca vai à aula de inglês. Neste caso, o advérbio é a palavra
“nunca” que é um advérbio de tempo. Determina o período em que a ação
de ir à aula de inglês acontece: neste caso, nunca.

Está bastante frio aqui. Aqui, temos o “bastante” como advérbio de


intensidade. Indica a intensidade com que o frio se apresenta.

Podemos também dizer que Advérbio é uma categoria gramatical


invariável que associada aos verbos indicam as circunstâncias da ação
verbal, aos adjetivos intensificam as qualidades expressadas, e a outros
advérbios, intensificando seu sentido:

O advérbio pode ser classificado de acordo com as circunstâncias que


exprime, pode ser:

- de dúvida: Márcio talvez dispute o governo do estado.


- de lugar: Cristina mora bem ali. - de modo: Saiu da sala vagarosamente.
- de tempo: Saí cedo.

- de intensidade: A mãe está bastante preocupada com a filha.

- de afirmação: Realmente aceitaram sua sugestão. - de negação: Não


fale nada do assunto.

Locução adverbial

Locução adverbial é uma expressão formada de duas ou mais palavras que


exercem função adverbial:
Exemplo: Vi um avião voando ao longe. (ao longe: locução adverbial
indicativa de lugar, constituída de preposição + artigo + advérbio).

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Grau do advérbio

• Comparativo:
- de igualdade: Moro tão longe quanto ele.
- de superioridade: Moro mais longe que ele. - de inferioridade: Moro
menos longe que ele.

• Superlativo absoluto:
- sintético: Moro longíssimo. - analítico: Moro muito longe.

Alguns advérbios aparecem flexionados:

- no diminutivo: Ele chegou e ficou pertinho de mim.


- com o acréscimo de prefixos: Moro superlonge daqui

7. Artigo

Os artigos aparecem antes dos substantivos e indicam a maneira como eles


estão sendo empregados, se de forma definida ou indefinida, indica ainda
o gênero e o número destes substantivos.
Eles podem ser: o, a, os, as, um, uma, uns, umas. Confira o exemplo:
A menina chorou na praça. O artigo “a” indica que o substantivo “menina”
está no feminino e no singular.

Uns cães fugiram. O artigo “uns” indica que o substantivo “cães” está no
masculino e no plural, além de apresentá-los de forma vaga, pois, não
identifica de que cães estão sendo tratados na frase.

O artigo é uma palavra que se antepõe ao substantivo, serve para


determiná-lo, essa determinação pode ser definida ou indefinida. É
variável em gênero e número e dividido em:

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- Artigo definido: o, a, os, as, esses determinam o substantivo com
precisão.
Exemplo: A revista publicou o escândalo.

- Artigo indefinido: um, uma, uns, umas, esses determinam o substantivo


com imprecisão.
Exemplo: Uma revista publicou um escândalo.

Observações sobre o emprego do artigo:

- O artigo determina o gênero e o número do substantivo. Exemplo: o


menino, os meninos, a menina, as meninas.

- O artigo anteposto pode substantivar qualquer palavra. Exemplo: Não


quero ouvir um não como resposta. (o advérbio não foi
substantivado)

- Os artigos podem aparecer combinados com preposições.


Exemplo: Estava numa cidade grande. (preposição em + artigo uma)

- Quando o artigo indefinido aparece anteposto a um numeral indica


quantidade próxima.

Exemplo: Escrevi uns quatro artigos sobre o aquecimento global. - Não é


aceitável o uso do artigo depois do pronome relativo cujo e suas flexões.

Exemplo: Comprei uma planta cujas plantas são raras.

- O artigo definido pode, ou não, ser usado depois do pronome indefinido


todo. Quando o artigo é utilizado, a idéia é de totalidade, quando é
omitido, o sentido é de qualquer.

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Exemplos: Aos domingos leio todo o jornal. (totalidade)
Todo jornal traz noticiário político. (qualquer jornal)

Artigo definido

Preposições o a os as

ao à aos às

de

do da dos das

em

no na nos nas

por (per)

pelo pela pelos pelas

Artigo indefinido
Preposições um uma uns umas

em

num numa nuns numas

de

dum duma duns dumas

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8. Conjunção

As conjunções são palavras utilizadas para ligar, conectar orações ou dois


termos que possuam a mesma função sintática. Podemos citar como
exemplos de conjunções: pois, portanto, logo, como, mas, e, embora,
todavia, porque, entretanto, quando, ora, que, quer, porém, contudo,
seja, nem, conforme.

O aluno estudou, contudo não tirou boas notas. Neste caso, a conjunção é
o “contudo”, que liga de forma adversativa as duas orações: “O garoto
estudou” + “Não tirou boas notas”.

O garoto estudou e tirou boas notas. Neste caso, a conjunção é o


“e”, que liga na forma de soma as duas orações: “O garoto estudou” +
“Tirou boas notas”.

Observe as frases:
1. Tenho vontade de aprender a cozinhar, mas preciso de alguém que me
ensine.
2. Ele foi ao supermercado para comprar bolo e pratinhos de plástico.

As palavras acima, em destaque nas frases, são conjunções. Se


observarmos atentamente as orações, podemos definir conjunção como
sendo a palavra invariável usada para ligar orações ou dois termos que
exercem a mesma função sintática.

Na primeira oração apresentada, o termo, mas estabelece uma ligação


entre duas orações: Tenho vontade de aprender a cozinhar /mas/ preciso
de alguém que me ensine.

Já na segunda oração, o termo e está ligando dois termos de mesma


função sintática (objeto direto): bolo / e / pratinhos de plástico.
Locução conjuntiva: quando duas ou mais palavras equivalem a uma
conjunção.

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Exemplos: logo que, assim que, uma vez que, já que, para que.

Quanto à classificação, as conjunções podem ser coordenativas ou


subordinativas.

Conjunções coordenativas: Ligam orações independentes entre si ou


termos de mesma função sintática.

Joana pegou o bolo de aniversário e colocou a jarra de suco na mesa.

Observe que as duas orações acima são independentes, ou seja, não


necessitam uma da outra para completo entendimento: Joana pegou o
bolo de aniversário e Joana colocou a jarra de suco na mesa.

Veja a classificação das conjunções coordenativas:


a. aditivas: e, não só, mas também
b. adversativas: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto
c. alternativas: ora ..... ora, ou...ou
d. conclusivas: logo, portanto, pois, então
e. explicativas: porque, que

Conjunções subordinativas: Ligam orações dependentes entre si.

Observe que sua honestidade foi honrada no decorrer dos anos.

Na oração acima, a conjunção que está ligando a primeira oração


“Observe” que depende da segunda “sua honestidade foi honrada no
decorrer dos anos” para ser completamente entendida.

Veja a classificação das conjunções subordinativas:

a) integrantes: que, se.


b) causais: porque, uma vez que, já que, como, etc.
c) concessivas: embora, ainda que, etc.

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d) comparativas: mais .... do que, menos... do que, assim como, etc.
e) condicionais: se, contando que, desde que, caso, a não ser que, etc.
f) conformativas: conforme, segundo, consoante, etc.
g) consecutivas: tanto que, tão que, etc.
h) finais: para que, a fim de que, etc.
i) proporcionais: à medida que, quanto mais...mais, quanto
menos...menos, à proporção que, etc.
j) temporais: quando, antes que, depois que, até que, logo que,
enquanto, etc.

Importante observar que uma mesma conjunção pode ter mais de uma
classificação, sendo que o que irá definir é o contexto em que está
inserida:

É necessário que vocês gostem de estudar. (que – conjunção integrante)


Leiam bastante que as perguntas não serão tão fáceis. (que – conjunção
explicativa).

9. Interjeição

As interjeições são palavras usadas para exprimir de forma simples


emoções ou sensações por meio de uma frase, e que levam o leitor a
entender o estado de espírito do interlocutor. Elas são consideradas uma
estrutura à parte da oração, são como “palavras-frase”. As interjeições
podem ser de alívio, contentamento, agradecimento, animação,
despedida, estímulo, dúvida, saudação, interrogação, medo, saudade,
silêncio, impaciência, espanto, dor, aplauso, alívio.
Exemplos: Oba! Força! Viva! Bravo!

Interjeição... será ela uma das dez classes gramaticais? Em se tratando do


aspecto funcional da língua, qual seria a função desempenhada pela
interjeição?

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Pois bem, desejamos por meio deste espaço proporcionar ao estudante
meios, subsídios suficientes para que possa, ao final de tudo, sanar não
somente essas questões, mas também distintas outras dúvidas
relacionadas à interjeição.

Dessa forma, um fato parece se apresentar como relevante: as classes


gramaticais, todas elas, sem exceção, coparticipam da formação do nosso
pensamento e, consequentemente, da materialização do nosso discurso

Partindo desse princípio, cabe ressaltar que a interjeição, retratada aqui


de modo específico, caracteriza-se como aquela palavra responsável por
expressar, de forma instantânea, emoções, sentimentos e demais reações
psicológicas advindas do emissor. Assim dizendo, tais sentimentos podem
resultar em diversas intenções: admiração, espanto, pedido de silêncio,
desejo, chamamento, entre outras.

Dadas essas condições linguísticas, convidamo-lo(a) para se interagir


melhor acerca dos pressupostos firmados nesta subseção, com vistas a
descobrir mais acerca das tantas particularidades que nosso idioma
proporciona a todos nós.

10. Numeral

Os numerais são as palavras que indicam número, ordem numérica,


múltiplo ou fração. O numeral pode ser cardinal, ordinal, multiplicativo e
fracionário.

Dormi por duas horas.


Comi sanduíches pela quarta vez.
Esse foi meu primeiro livro.
Meu pai comeu um terço do bolo que eu fiz.

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Numeral é a palavra que quantifica seres ou indica a posição que ocupam
numa determinada série.

Ex.: Eduardo comprou dois melões.


Apenas o segundo estava doce.

Os numerais podem ser classificados em:

cardinal: nomeia o número de seres. Zero, um, dois, três, quatro...


Ex.: Há dez vagas para setenta candidatos.

ordinal: indica a ordem que o ser ocupa numa série.


Primeiro, segundo, terceiro, quarto...
Ex.: Patrícia alugou um apartamento no segundo andar do prédio.

multiplicativo: exprime aumentos proporcionais de quantidade, indicando


números múltiplos de outros.

Dobro, triplo, quádruplo...


Ex.: O jogador ganhou o triplo do valor da aposta.

fracionário: indica a
diminuição proporcional da quantidade, o seu fracionamento.
Meio, metade, terço...
Ex.: Keilla tomou meio litro de refrigerante.

Flexão dos numerais:


os numerais ordinais variam em gênero e número:
Primeiro – primeira primeiros - primeiras
Segundo – segunda
segundos – segundas

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os numerais multiplicativos, quando atuam em funções substantivas, são
invariáveis.

Fizeram o dobro do esforço.


quando atuam em funções adjetivas, os numerais flexionam em gênero e
número.

Morreu por tomar doses triplas da droga.


os numerais fracionários sofrem flexão de gênero e número.

Comprou um terço das terras do município.

É meio-dia e meia (hora).

• São pessoas de meias palavras

Algarismos Numerais

Romanos

Arábicos Cardinais Ordinais

1 um primeiro

II

2 dois segundo

III

3 três terceiro

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_____________________________________________________________________________________

IV 4 quatro quarto

5 cinco quinto

10 dez décimo

XI

11 onze décimo primeiro

XIV

14 quatorze décimo quarto

XV

15 quinze décimo quinto

XIX

19 dezenove décimo nono

XX

20 vinte vigésimo

XXX

30 trinta trigésimo

quadragé simo

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XL 40 quarenta

50 cinquenta qüinquag ésimo

LX 60 sessenta septuagé simo

XC

90 noventa nonagési mo

C 100 cem centésim o

CC

200 duzentos ducentési mo

Emprego de numerais

Na indicação de séculos, reis, papas, capítulos de obras, etc.:


- usa-se ordinal até dez: Século VI: século sexto. Paulo VI: Paulo sexto.

- usa-se o cardinal acima de dez: Século XX: século vinte. Luís XIV: Luís
quatorze.

- para designar dias do mês, utilizam-se os cardinais, exceto na indicação


do primeiro dia, essa é feita pelo ordinal.

Partiremos dia cinco de maio. Partiremos dia primeiro de maio.

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- ambos – ambas são considerados numerais, significam “um e outro”,
são empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez
referência.
Fernando e Clarice finalmente se entenderam. Ambos agora vivem em
harmonia.
- para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e
o cardinal de dez em diante.

Artigo 1.° (primeiro)


Artigo 9º (nono)
Artigo 10 (dez)
Artigo 23 (vinte e três)

11. Preposição

As preposições são palavras invariáveis que ligam um elemento a outro


numa oração. Temos as preposições essenciais: A, ante, perante, após, até,
com, contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás
de, dentro de, para com. E as preposições acidentais, que são aquelas

palavras de outras classes gramaticais que também podem ser


empregadas como preposições.
São elas: Como, durante exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão,
visto.

Preposição é a palavra invariável que liga dois termos da oração,


subordinando um ao outro.

Sintaticamente, as preposições não exercem propriamente uma função:


são consideradas conectivos, ou seja, elementos de ligação entre termos
oracionais. As preposições podem introduzir:

• Complementos verbais

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• Complementos nominais
• Locuções adjetivas
• Locuções adverbiais
• Orações reduzidas

As preposições classificam-se em essenciais e acidentais:

1. Preposição essencial: sempre funciona como preposição. Exemplo: a,


ante, de, por, com, em, sob, até...

2. Preposição acidental: palavra que, além de preposição, pode assumir


outras funções morfológicas.
Exemplo: consoante, segundo, mediante tirante, fora, malgrado...

Locução prepositiva

Chamamos de locução prepositiva ao conjunto de duas ou mais palavras


que têm o valor de uma preposição.
A última palavra dessas locuções é sempre uma preposição. Exemplos: por
causa de, ao lado de, em virtude de, apesar de, acima de, junto de, a
respeito de...

A preposição pode combinar-


se com outras classes
gramaticais.
Exemplos: do (de + artigo o)
no (em + artigo o)
daqui (de + advérbio aqui)
daquele (de + o pronome demonstrativo aquele)

Emprego das preposições

- as preposições podem estabelecer variadas relações entre os termos que


ligam.

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Ex.: Viajou de carro (relação de meio)
Saiu com os amigos. (relação de companhia)
Morreu de tuberculose. (relação de causa)
O carro de Joaquim é novo. (relação de posse)

- algumas preposições podem vir unidas a outras palavras. Temos


combinação quando na junção da preposição com outra palavra não
houver perda de elemento fonético.

Temos contração quando na junção da preposição com outra palavra


houver perda fonética.

a preposição a pode se fundir com outro a, essa fusão é indicada


pelo acento grave ( `), recebe o nome de crase.

Ex.: Fui à feira. (a+a)

- Na linguagem culta, não se deve fazer a contração da preposição de


com o artigo que encabeça o sujeito de um verbo.

Está na hora de a criança dormir. (a criança é o sujeito do verbo dormir,


por isso não podemos contrair a preposição de com o artigo a que
encabeça o sujeito.

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Essa regra vale também para construções com pronomes pessoais: Está na
hora de ele sair. (ele é sujeito do verbo sair, por isso não se pode contrair
a preposição com o sujeito).
12. Pronome

Os pronomes são palavras utilizadas para substituir os nomes já citados


numa frase para que o texto não fique com aspecto cansativo. São eles:
Eu, tu, ele, nós, vós, eles. Contudo, temos também os pronomes relativos,
pronomes possessivos, demonstrativos, e os do caso oblíquo.

Na língua portuguesa existem dez classes gramaticais, também chamadas


de classes morfológicas ou, ainda, classes de palavras. São elas:
substantivo, artigo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, advérbio,
preposição, conjunção e interjeição. Destas, seis são variáveis, ou seja,
sofrem flexão quanto ao gênero, número e grau.
É o caso do pronome, o foco deste texto.

O pronome é a palavra que substitui ou acompanha um substantivo


(nome), definindo-lhe os limites de significação. Existem vários tipos de
pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, relativos e
indefinidos. Além dessa classificação principal, os
pronomes também podem ser classificados em adjetivos e substantivos.

Classificação dos pronomes

♦ Pronomes pessoais: subdividem-se em pronomes pessoais do caso reto,


pronomes pessoais oblíquos e pronomes pessoais de tratamento;

♦ Pronomes possessivos: indicam relação de posse, algo que pertence a


uma das pessoas do discurso. São eles: meu, minha, meus, minhas, teu,
tua, teus, tuas, seu, sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso,
vossa, vossos, vossas, seu, sua, seus, suas;

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♦ Pronomes demonstrativos: indicam posicionamento, o lugar de um ser
em relação a uma das três pessoas gramaticais. São eles: este, esta, estes,
estas, isto, esse, essa, esses, essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas,
aquilo. Palavras que podem atuar como pronomes demonstrativos: o, a,
os, as, mesmo, mesma, mesmos, mesmas, próprio, própria, próprios,
próprias, tal, tais, semelhante, semelhantes;

♦ Pronomes interrogativos: são utilizados para interrogar, isto é, para


formular perguntas de modo direto ou indireto. São eles: que, quem, qual,
quais, quanto, quanta, quantos, quantas;

♦ Pronomes relativos: são empregados para retomar um substantivo (ou


um pronome) anterior a eles, substituindo-o no início da oração seguinte.
São eles: que, quem, onde, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja,
cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas;

♦ Pronomes indefinidos: são aqueles que se referem de modo


indeterminado, vago, à terceira pessoa gramatical. São eles: alguém,
ninguém, outrem, tudo, nada, cada, algo, algum, algumas, nenhuns,
nenhuma, todo, todos, outra, outras, muito, muita, pouco, poucos, certo,
certa, vários, várias, tanto, tantos, quanta, quantas, qualquer, quaisquer,
bastante, bastantes.

♦ Pronomes adjetivos: sua função é acompanhar os substantivos, fazendo


o papel de um adjetivo ao determinar e modificar o substantivo;

♦ Pronomes substantivos: são utilizados para substituir o substantivo em


uma oração.

É importante ressaltar a importância dos pronomes para o processo de


construção da coesão em um texto. Por meio da coesão é estabelecida a
relação semântica (relações de sentido entre as palavras) entre os

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elementos do discurso, desde que os conectivos, entre eles os pronomes,
sejam empregados de maneira correta, o que possibilitará o
encadeamento lógico das ideias do texto.

Para que você entenda melhor todas as especifidades dos pronomes, seus
principais tipos e a função que eles podem desempenhar em um texto, o
Mundo Educação preparou um espaço dedicado a essa classe de palavras.
Aqui você encontrará vários artigos que explicarão cada uma de suas
subdivisões de forma simples e objetiva.

13. Substantivo

Os substantivos são aquelas palavras que nomeiam de forma geral os


seres ou coisas. Podemos de forma básica dividir os substantivos em dois
tipos: simples e
compostos. Os substantivos simples são aqueles de uma forma geral,
enquanto que os compostos, como o próprio nome já diz, são formados
pela composição de duas ou mais palavras.

Exemplos:

Chuva, lobo, dinheiro . – Substantivo Simples.


Passatempo, guarda-chuva, beija-flor. – Substantivo composto.

14. Verbo

Os verbos são as palavras que indicam uma ação em qualquer tempo ou


para qualquer pessoa.
Eu como.
Ele estuda.
Nós brincávamos.
Vocês beberão.
O verbo é a palavra que indica ação, movimento, estado ou fenômeno
meteorológico.
Pode sofrer variações de acordo com suas flexões. O verbo possui as
flexões de: modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (presente,

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pretérito e futuro), número e pessoa (singular e plural) e voz (ativa, passiva
e reflexiva).

Vejamos as flexões verbais separadamente:

Número e Pessoa

O verbo apresenta flexão de número quando indica o singular ou o plural


em sua forma. Aparecem no singular quando se referem a uma única
pessoa (eu corro/ ela corre) e no plural quando é mais de uma pessoa (nós
corremos, eles correm).
Logo, os verbos se flexionam em número (singular ou plural) e pessoa (1ª,
2ª, 3ª).

Modo

O modo verbal indica a atitude do falante em relação à ação que anuncia.


(Eu arrependo/ eu arrependi/ eu arrependerei).

Modo Indicativo: quando o falante tem a certeza de sua atitude; o fato é


ou será uma realidade.

Exemplos: Estudei muito para a prova. Estudarei bastante para essa prova.

Modo Subjuntivo: quando o falante não tem certeza da atitude; o fato é


duvidoso, incerto. Há uma possibilidade de que aconteça.

Exemplos: Pode ser que eu estude hoje.


Se eu fosse você, estudaria.

Modo Imperativo: quando o falante expressa uma ordem, um pedido ou


um conselho.

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Exemplos: Não sejas tão indisciplinado!


Sê tu uma bênção!

Tempo
Os tempos verbais são três: presente, pretérito e futuro. Vejamos:

Presente: tem relação com um fato ou ação que ocorre no momento em


que se fala.

Exemplo: A professora está muito bonita hoje.


Pretérito: tem relação com um fato ou ação que ocorreu anterior à fala.

Exemplo: A professora estava muito bonita ontem.

Futuro: tem relação com um fato ou ação que irá ocorrer posterior à
fala:

Exemplo: A professora estará mais bonita amanhã, pois é nossa formatura.

Voz

A voz do verbo faz referência ao tipo de relação entre sujeito e verbo.


Observe:

Voz ativa: acontece quando o sujeito pratica a ação; o sujeito é o agente


da ação.

Exemplo: O aluno respondeu a pergunta da professora.

Voz passiva: acontece quando o sujeito sofre ação.

Exemplo: A pergunta da professora foi respondida pelo aluno.

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• A voz passiva pode ser analítica, como no caso acima ou sintética, como
no caso: Aluga-se apartamento.

Voz reflexiva: acontece quando o sujeito pratica e sofre a ação.

Exemplo: O aluno cortou-se com o estilete.

Sumário:

As classes de palavras que também são chamadas de classes gramaticais,


encontram-se determinadas características expressas por um grupo de
palavras, tais como: nomeando seres, atribuindo qualificações, indicando
quantidade, ligando uma palavra à outra, entre outros aspectos.

Dessa forma, há de se considerar também que algumas delas são passíveis


de flexão, isto é, variam quanto ao gênero, número, grau, tempo, modo,
pessoa, como ocorre com a classe dos verbos. Outras, porém, não
admitem que tal aspecto prevaleça, o que as tornam classes invariáveis.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas de múltipla Escolha

1. Uns cães fugiram. O artigo “uns” indica que o substantivo “cães”:


A. está no masculino e no plural, não se apresenta de forma vaga, pois,
identifica que cães estão sendo tratados na frase.
B. está no masculino e no singular, além de apresentá-los de forma vaga, pois,
não identifica de que cães estão sendo tratados na frase.
C. está no masculino e no plural e identifica os cães que estão sendo tratados
na frase.
D. está no masculino e no plural, além de apresentá-los de forma vaga, pois,
não identifica de que cães estão sendo tratados na frase

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2. Os adjetivos biformes apresentam:
A. uma forma para o gênero neutro e outra para o masculino.
B. duas formas para o gênero feminino e duas para o masculino.
C. uma forma para o gênero feminino e outra para o masculino.
D. Simultaneamente o gênero feminino e masculino.

3. Os adjetivos apresentam flexões de:


A. gênero, número e grau.
B. modo, número e grau.
C. tempo, número e modo.
D. gênero, tempo e grau.

Perguntas de Verdadeiro/Falso

4.Na Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das palavras, pode


chegar-se à seguinte divisão: Palavras primitivas – derivam de outras.

5. Os pronomes obedecem a seguinte classificação: Pessoais aqueles que se


subdividem em pronomes pessoais do caso recto, pronomes pessoais oblíquos e
pronomes pessoais de tratamento

6.Classes de palavras ou classes gramaticais são palavras onde constatamos


determinadas características expressas por um grupo de palavras, tais como:
palavras para nomear seres, atribuir qualificações, indicar quantidade, ligar uma
palavra à outra, entre outros aspectos.

7. Demonstrativos aqueles que indicam relação de posse, algo que pertence a uma
das pessoas do discurso. São eles: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas,
seu, sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas,
seu, sua, seus, suas.

8. Pessoais aqueles que se subdividem em pronomes pessoais do caso recto,


pronomes pessoais oblíquos e pronomes pessoais de tratamento.

Perguntas de reflexão

9.Categorize os pronomes e forneça exemplos ilustrativos.


10.Defina classes de palavras.

RESPOSTAS

1–D

2–C

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_____________________________________________________________________________________
3–A

4 – Falso

5 – Verdade

6 -Verdade

7- Falso

8.Verdade

Referências Bibliográficas:

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo Horizonte:


Bernardo Álvares S. A., 6a ed.1976. 509p.

LIMA, Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 27 ed.


Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. 506p.

PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e atividades. 1.


Ed. São Paulo: FTD, 2014. 512p.

Unidade Temática IV: Processo de Formação de Palavras e suas Funções

Introdução

Esta unidade vai tratar essencialmente das funções do processo de


formação de palavras, uma vez que a formação de palavras em si já foi
tratada anteriormente nas unidades que se passaram. É de extrema
importância estabelecer a ligação com o que já aprendemos sobre a
formação de palavras para melhor percebermos as suas funções neste
processo.

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Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Conhecer os processos de formação de palavras bem

como as suas funções;


Objectivos
Relacionar as funções de formação de palavras em

diferentes processos.

Funções de Formação de Palavras

As palavras estão em constante processo de evolução, tornando a língua


um fenômeno vivo que acompanha o homem.

Alguns vocábulos caem em desuso (arcaísmos), outros nascem


(neologismos) e muitos mudam de significado com o passar do tempo.

Em Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das palavras,


pode-se chegar à seguinte divisão:

Palavras primitivas – não derivam de outras (casa, flor)


Palavras derivadas – derivam de outras (casebre, florzinha)
Palavras simples – só possuem um radical (couve, flor)
Palavras compostas – possuem mais de um radical (couve-flor,
aguardente).

Para a formação das palavras portuguesas, é necessário o conhecimento


dos seguintes processos de formação:

Composição
Junção de radicais. São dois tipos de composição, em função de ter havido
ou não alteração fonética.

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Junção de radicais.
São dois tipos de composição, em função de ter havido ou não alteração
fonética.

Justaposição – sem alteração fonética (girassol, sexta-feira)

Aglutinação – alteração fonética, com perda de elementos (planalto,


pernalta). Gera perda da delimitação vocabular e a existência de um único
acento fônico.

Derivação
Palavra primitiva (1 radical) acrescida, geralmente, de afixos.

São cinco tipos de derivação:

1. Prefixal: Acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in-feliz, des-leal)

2. Sufixal: Acréscimo de sufixo à palavra primitiva (feliz-mente, leal-


dade).

3. Parassintética ou parassíntese
Acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo, ao mesmo tempo, à
palavra primitiva (en+surdo+ecer / a+benção+ado / en+forca+ar).
Por esse processo se forma essencialmente verbos, de base
substantiva ou adjetiva; mas há parassintéticos de outras classes
(subterrâneo, desnaturado).

Se com a retirada do prefixo ou do sufixo não existir aquela palavra na


língua, houve parassíntese (infeliz existe e felizmente existe, logo houve
prefixação e sufixação em infelizmente; ensurde não existe e surdecer
também não existe, logo ensurdecer foi formada por parassíntese)

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4. Regressiva ou deverbal
Redução da palavra primitiva (frangão > frango gajão > gajo,
rosmaninho > rosmano, sarampão > sarampo, delegado >delega,
flagrante > flagra, comunista>comuna). Cria substantivos, que
denotam ação, derivados de verbos, daí ser chamado também
derivação deverbal (amparo, choro, vôo, corte, destaque,
conserva, fala, pesca, visita, denúncia etc.).

Para determinar se a palavra primitiva é o verbo ou o substantivo


cognato, usa-se o seguinte critério: substantivo denotando ação
constitui-se em palavra derivada do verbo, mas se o substantivo
denotar objeto ou substância será primitivo (ajudar > ajuda,
estudar > estudo? planta > plantar, âncora > ancorar).

5. Imprópria ou conversão
Alteração da classe gramatical da palavra primitiva (“o jantar”
– de verbo para substantivo, “é um judas” – de substantivo próprio
a comum, damasco por Damasco).

Hibridismo
São palavras compostas, ou derivadas, constituídas por elementos
originários de línguas diferentes (automóvel e monóculo- gr e lat /
sociologia, bígamo, bicicleta – lat e gr / alcalóide, alcoômetro – ár. e gr. /
caiporismo – tupi e gr. / bananal – afric e lat. / sambódromo – afric e gr /
burocracia – fran e gr).

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Onomatopéia
Reprodução imitativa de sons (pingue-pingue, zunzum, miau, zinzizular)

Abreviação vocabular
Redução da palavra até o limite de sua compreensão (metrô, moto, pneu,
extra).

A formação de palavras consiste, basicamente, na combinação de


morfemas, radicais e afixos, possibilitando, assim, que o número de palavras
de uma língua seja maior que o acervo de elementos.
Consultando qualquer boa gramática, verificaremos que o número de
prefixos e sufixos não passa de algumas dezenas

Regressão
Geralmente são substantivos oriundos de verbos, e consistem na
supressão das desinências verbais.

Exemplos:
buscar – busca morrer – morte

Conversão
Esta derivação não modifica a palavra, consiste apenas em mudar a classe
gramatical, geralmente transformando o verbo em substantivo.

Exemplos: o saber, o porquê, etc.


Consiste também em usar adjetivos como se fossem advérbios, por
exemplo: “andar rápido”, “jogar bonito”, etc.
Composição
A composição é o processo que consiste em unir dois ou mais radicais para
formar uma nova palavra.

Existem quatro processos de composição, a saber:


Justaposição
Neste caso, não há mudança nas palavras originais, e estas são unidas por
hífens.

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Exemplos: guarda-chuva
arranha-céu porta-arquivos

Aglutinação
Neste caso, parte do elemento original das palavras se perde, e assim deixa
de existir a noção do composto.

Exemplos:
planalto (de plano + alto) embora (em + boa + ora) fidalgo (filho +
de + algo)

União de radicais: processo semelhante ao de aglutinação, consiste em


juntar elementos radicais do latim ou do grego para dar um novo
significado.

Exemplos: pedofilia (pedo, “criança” + filia, “atração”)


agrícola (agro, “campo” + cola, “aquele que habita”, etc.)

Hibridismo: consiste em unir elementos sendo cada um oriundo de um


idioma. Exemplos:
automóvel (latim e grego) alcalóide (árabe e grego)

Estrangeirismo
O estrangeirismo é o processo que consiste em introduzir uma palavra de
um idioma estrangeiro dentro do português. Pode receber nomes
diferentes de acordo com o idioma de origem, como anglicismo (do inglês),
galicismo (do francês), germanismo (do alemão), etc. Não são
consideradas estrangeirismos as palavras de origem latina, bem como as
palavras brasileiras de origem tupi.

O estrangeirismo pode ser de duas categorias:

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Com aportuguesamento: consiste em adaptar a grafia do idioma
estrangeiro para o português.

Exemplos: abajur (do francês “abat-jour”), algodão (do árabe “alqutun”),


lanche (do inglês “lunch”), etc.
Sem aportuguesamento: consiste em conservar a forma original da
palavra.

Exemplos: networking, mise-en-scène, pizza, etc.

Acrônimo
O acrônimo, ou sigla, é uma forma de composição de palavras que consiste
em juntar letras ou sílabas de outras palavras para dar origem a uma nova.
Na maioria dos casos (mas nem sempre), o acrônimo serve para designar
nomes próprios, não sendo, portanto, um processo tradicional de
formação de palavras.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas de escolha múltipla

1. A derivação parassintética ou parassíntese consiste no:


A. Acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva
(en+surdo+ecer / a+benção+ado / en+forca+ar).
B. Acréscimo de sufixo à palavra primitiva (feliz-mente, leal-dade)
C. Acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in-feliz, des-leal)
D.Acréscimo simultâneo de prefixo, sufixo e infixo à palavra primitiva.

2. A abreviação vocabular consiste na:


A. Reprodução imitativa de sons (pingue-pingue, zunzum, miau,
thathathatha).
B. Alteração da classe gramatical da palavra primitiva.
C. Redução da palavra até o limite de sua compreensão (metrô, moto,
pneu, extra)
D. supressão das desinências verbais. Exemplos: buscar – busca;
morrer –morte

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3. Hibridismo são:
A. palavras compostas, derivadas ou constituídas por elementos
originários de línguas diferentes.
B. palavras compostas, derivadas ou constituídas por elementos
herdados de línguas diferentes.
C. palavras compostas por créscimo simultâneo de prefixo, sufixo e
infixo à palavra primitiva.
D.Palavras resultantes de acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à
palavra

Perguntas de Verdadeiro / Falso


4.O verbo é a palavra que indica ação, movimento, estado ou
fenômeno meteorológico. Pode sofrer variações de acordo com suas
flexões. Daí: o verbo possui as flexões de: modo (indicativo, subjuntivo
e imperativo), tempo (presente, pretérito e futuro), número e pessoa
(singular e plural) e voz (ativa, passiva e reflexiva).

5. O verbo é a palavra que indica ação, movimento, estado ou


fenômeno meteorológico. Pode sofrer variações de acordo com suas
flexões. Dai: aparece no singular quando se refere a uma única pessoa
(nós corremos, eles correm) e no plural quando é mais de uma pessoa
(eu corro/ ela corre).

6.O termo categoria é empregue para referir classes de palavras, como N


(para nome) ou V (para verbo).

7. Hibridismo consiste em unir elementos sendo cada um oriundo de um


idioma

8.Derivacao regressive ou deverbal consiste na redução da palavra primitiva


sarampão > sarampo, delegado >delega, flagrante > flagra,
comunista>comuna). 2. Ligam orações dependentes entre si.

9.Derivacao impropria ou conversao consiste na Alteração da classe


gramatical da palavra primitiva (“o jantar” – de verbo para substantivo, “é um
judas” – de substantivo próprio a comum, damasco por Damasco)

10.O acrônimo ou sigla é uma forma de composição de palavras que consiste


em juntar letras ou sílabas de outras palavras para dar origem a uma nova. Na
maioria dos casos (mas nem sempre), o acrônimo serve para designar nomes
próprios, não sendo, portanto, um processo tradicional de formação de
palavras. Ex: Frelimo, Misau, etc

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Perguntas de reflexão

11. defina neologismo lexical e forneça exemplos


12. Defina neologismo semântico, sintáctico e apresente exemplos
ilustrativos.

RESPOSTAS
1–A
2–C
3–B
4 – Verdade
5 – Falso
6- Verdade
7- Verdade
8 – Verdade
9 – Verdade
10 - Verdade

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

ADAM, J-M. Les textes: Types et prototypes. Paris, Nathan, 1992.

ALLOUCHE, V. et al. “Prise de notes” in: Pratiques discursives. Montpellier


III, 1981.
CUNHA, C. & CINTRA, L. Breve Gramática do Português Contemporâneo.
Lisboa, Edições João Sá da Costa, 2010.
DJIK. T. A. Van. Text and context. Exploration of the semantics and
pragmatics of discourse, London, Longman, 1997.

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DJIK. La ciência del texto. Barcelona, Paido, 1982.

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 15. ed. São Paulo. Editora
Perspectiva S.A., 1999.
KERBRAT, Catherine. Orecchioni. L´enontiation de la subjectivité.

Armand Colin, Paris, 1980.

MATEUS, M. H. M. et al. Gramática da Língua Portuguesa 2ª ed., Lisboa,


Caminho, 1989.
MAVALE, Cecília. Resumo (Apontamentos). Maputo, Universidade

Pedagógica, (1998 )

REI, J.E. Curso de Redacção II. Porto, Porto Editora, 1995.

SERAFINI, Maria T. como se faz um trabalho escolar. Da escolha do tema à


Composição do Texto. Lisboa, Editorial Presença, 1976.
SILVA, Mendes. Português Língua viva. Lisboa, Herdeiros de Mendes Silva
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