Você está na página 1de 5

Modelo do aparelho psíquico humano

Self = o centro do psiquismo total


Ego = o centro da consciência.
O ego percebe os conteúdos que estão ao seu alcance, nome, identidade, profissão,
características físicas, o que cada um percebe de si.
Inconsciente Pessoal = são todas as lembranças dos acontecimentos dessa mesma existência
que não se recorda mais.
Inconsciente Coletivo ou Profundo = são as heranças antigas das encarnações passadas.
Algumas pessoas, fazendo terapias de existências passadas, podem ter vislumbres do que já
foram e que está registrado no Inconsciente Coletivo.

Para Jung, o Self é centro regulador e coordenador de nossa vida psíquica, que corresponde
simbolicamente à imagem de Deus que temos em nós. O Self não é apenas o centro, mas
também a circunferência total, que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente; é o
centro dessa totalidade, assim como o ego é o centro da consciência.
O self impulsiona a manifestação de nós mesmos. Somos o que desconhecemos pois o Ego
não percebe a totalidade. O desafio é perceber, em cada encarnação, um pouco mais do que
somos.
o Ego funciona como centro, sujeito e objeto da identidade pessoal […] Ele é o centro, mas não
é a totalidade da psique.
O ego é o centro coordenador de todo o conteúdo que faz parte da consciência. É através do
Ego que o self tem condições de se manifestar. O Ego estruturado dá conta de ordenar o
campo da consciência e instiga a que o indivíduo aprofunde o seu autoconsciente. Perceber
que somos algo além do Ego (o que se percebe da consciência) projeta forças que impulsionam
ao autoconhecimento.
Jung definiu a consciência como a relação dos conteúdos psíquicos com o ego, na medida que
essa relação é percebida como tal pelo ego (O ser consciente – Cap. 2).
Arquétipos
Os arquétipos "são possibilidades herdadas para representar imagens similares. São matrizes
arcaicas onde configurações análogas ou semelhantes tomam forma" (SILVEIRA, 1981). Silveira
enfatiza que não se trata de ideias inatas.

Conforme Feist e Roberts (2015, p. 73), arquétipos são imagens antigas ou arcaicas que
derivam do inconsciente coletivo. Eles são similares aos complexos, uma vez que são coleções
de imagens associadas carregadas de emoção. O inconsciente coletivo não se refere a ideias
herdadas, mas à tendência inata dos humanos a reagir de uma maneira particular sempre que
suas experiências estimulam uma tendência de resposta herdada biologicamente.
Uma extensa variedade de símbolos pode ser associada a um dado arquétipo. Por exemplo, o
arquétipo materno compreende não somente a mãe de cada indivíduo, mas também todas as
figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui mulheres em geral, imagens míticas de mulheres
e símbolos de apoio e nutrição, como, por exemplo, a mãe Natureza e a igreja. O arquétipo
materno inclui não somente aspectos positivos, mas também negativos (FADIMAN e FRAGER,
1986).
A noção de arquétipo, postulando a existência de uma base psíquica comum a todos os
humanos, permite compreender porque em lugares e épocas distantes aparecem temas
idênticos nos contos de fadas, nos mitos, nos dogmas e ritos das religiões, nas artes, na
filosofia, nas produções do inconsciente de um modo geral (SILVEIRA, 1981).
Jung escreveu: “[…] não se deve confundir fantasias mitológicas com ideias hereditárias. Não
se trata disso, mas sim de possibilidades inatas de ideias, condições a priori de produzir
fantasias, comparáveis talvez às categorias de Kant” (1993, p. 18).
“Essas condições universais decorrentes da estrutura hereditária do cérebro são a causa da
semelhança dos símbolos e dos motivos mitológicos — ao surgirem — em toda parte do
mundo” (JUNG, 1993, p. 18).
Conforme Jung (1969, p. 67), assim como o nosso corpo é um verdadeiro museu de órgãos,
cada um com a sua longa evolução histórica, devemos esperar encontrar também na mente
uma organização análoga. Nossa mente não poderia jamais ser um produto sem história, em
situação oposta ao corpo em que existe.
“Cada uma das principais estruturas da personalidade são arquétipos, incluindo o ego, a
persona, a sombra, anima (nos homens), o animus (nas mulheres) e o self” (FADIMAN e
FRAGER, 1986).

Persona
Apresentamo-nos ao mundo através da persona. É o caráter que assumimos. A persona inclui
nossos papéis sociais, o tipo de roupa que usamos e o estilo de expressão pessoal. Uma
persona dominante pode abafar o indivíduo e aqueles que se identificam com sua persona
tendem a se ver apenas nos termos superficiais de seus papeis sociais e de sua fachada. A
persona tem aspectos tanto negativos quanto positivos. Ela serve para proteger o ego e a
psique das diversas forças e ações sociais que nos invadem (FADIMAN e FRAGER, 1986).

Ego
Em nossas vidas conscientes, o ego proporciona-nos um sentido de consistência e direção. Ele
tende a se contrapor as coisas que podem ameaçar a frágil consistência da consciência e tenta
convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa
experiência. Somos levados a acreditar que o ego é o elemento central de toda a psique e
chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente (FADIMAN e FRAGER, 1986).

Self
Jung chamou o self de arquétipo central, arquétipo da ordem e totalidade da personalidade.
Conforme Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao
outro, mas complementam-se mutuamente para formar uma totalidade: o self (FADIMAN e
FRAGER, 1986).
Sombra
A sombra é o centro do inconsciente pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da
consciência. A sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são
rejeitadas pelo sujeito como incompatíveis com a persona e contrárias aos padrões e ideais
sociais. Quanto mais forte for nossa persona e quanto mais nos identificarmos com ela, mais
repudiaremos outras partes de nós mesmos. A sombra representa aquilo que consideramos
inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos
em nós mesmos (FADIMAN e FRAGER, 1986).

Anima ou animus
Jung postulou uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada
indivíduo. Ele denominou essa estrutura de anima no homem e animus na mulher. Esta
estrutura psíquica básica funciona como ponto de convergência para todo material psíquico
que não se adapta à autoimagem consciente de um sujeito como homem ou mulher. Portanto,
na medida em que uma mulher define a si mesma em termos femininos, seu animus vai incluir
aquelas tendências e experiências dissociadas que ela definiu como masculinas (FADIMAN e
FRAGER, 1986).

Individuação
O que busca individuar-se visa se completar. Conforme Jung, todo indivíduo tem uma
tendência para autorealização ou individuação. E para completar-se terá de aceitar o fardo de
conviver conscientemente com tendências opostas, inerentes à sua natureza. No processo de
individuação, conteúdos inconscientes tornam-se conscientes. Individuação não é sinônimo de
perfeição nem de individualismo. O processo de individuação é descrito em imagens nos
mitos, contos de fada, nos sonhos, nas diferentes produções do inconsciente.
“Individuação, significa, precisamente, a melhor e mais completa realização das qualidades
coletivas do ser humano” (Jung)
O homem apresenta-se mais como os outros esperam que ele seja ou desejaria ser, do que
realmente como é. No início do processo de individuação, precisa-se iniciar a revelação da
persona. Se, numa certa medida, a persona representa um sistema útil de defesa, poderá
acontecer que seja tão excessivamente valorizada a ponto de o ego consciente identificar-se
com ela. O sujeito então se funde aos seus títulos e cargos, ficando reduzido a um
impermeável casca de revestimento. Quanto mais a persona aderir à pele do ator, tanto mais
dolorosa será a operação psicológica para despi-la (SILVEIRA, 1981).
Olhar-se no espelho sem a persona será visto nosso lado escuro onde moram todas as coisas
que nos desagradam em nós, ou mesmo que nos assustam. No processo de individuação,
torna-se consciente o material da sombra. Lançar luz sobre os recantos escuros tem como
resultado o alargamento da consciência. Já não é o outro quem está sempre errado.
Descobrimos que frequentemente “a trave" está em nosso próprio olho (SILVEIRA, 1981).
Depois de travar conhecimento com a própria sombra, há a confrontação da anima ou animus.
Jung considerava a qualidade da união de opostos feminino e masculino como o principal
passo para a individuação.
O desenvolvimento do self é o estágio final do processo de individuação. Conforme Jung, o si
mesmo é nossa meta de vida, pois é a mais completa expressão daquela combinação do
destino a que nós damos o nome de indivíduo. O self toma-se o novo ponto central da psique.
Traz unidade à psique e integra o material consciente e o inconsciente. O ego continua sendo o
centro da consciência, mas não é mais visto como o núcleo de toda a personalidade (FADIMAN
e FRAGER, 1986).

Referências
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. Tradução: Odette de Godoy,
Camila Pedral Sampaio, Sybil Safdié. São Paulo: HARBRA, 1986.
FEIST, Gregory J.; FEIST, Jess; ROBERTS, Tommy-Ann. Teorias da Personalidade. Trad. Sandra
M. M. da Rosa. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
JUNG, Carl G. Civilização em Transição. Trad. Lúcia M. E. Orth. Petrópolis: Vozes, 1993, vol. X/3.
JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos. Trad. Maria L. Pinho. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora
Nova Fronteira, 1964.
SILVEIRA, Nise. Jung: vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

Você também pode gostar