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Muanzirene Abobacar Mussa

Rúbem Alberto Morepa

Normas Urbanísticas

(Licenciatura em Educação Visual)

Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Muanzirene Abobacar Mussa


Rúbem Alberto Morepa

Normas Urbanísticas

(Licenciatura em Educação Visual)

Trabalho de carácter avaliativo, a ser entregue no


departamento de FECT, no curso de Educação
visual 3o Ano, da cadeira de Planeamento Físico,
leccionado pelo docente: dr. Célia Benjamim

Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Índice

1. Introdução............................................................................................................................ 3
2. Normas Urbanísticas ....................................................................................................... 4
2.1. Conceitos básicos ......................................................................................................... 4
2.2. Lei de terra ................................................................................................................... 4
2.2.1. Capítulo I- Disposições gerais .............................................................................. 4
2.2.2. Capítulo II- Propriedade da terra e domínio público ............................................ 5
2.2.3. Capítulo III- Direito de uso e aproveitamento da terra ......................................... 6
2.2.4. Capítulo IV- Exercício de actividades económicas .............................................. 9
2.2.5. Capítulo V- Competências.................................................................................. 10
2.2.6. Capítulo VI- Processo de autorização de pedidos de uso e aproveitamento da terra
11
2.2.7. Capítulo VII- Pagamentos .................................................................................. 11
2.2.8. Capítulo VIII- Disposições finais e transitórias ................................................. 12
2.3. Lei de ordenamento territorial ................................................................................... 13
2.3.1. Capítulo I- Princípios gerais ............................................................................... 13
2.3.2. Capitulo II- Sistema de gestão territorial ............................................................ 17
2.3.3. Capitulo III- Regime dos instrumentos de ordenamento territorial .................... 20
2.3.4. Capítulo IV- Direitos, deveres e garantias dos cidadãos .................................... 23
2.3.5. Capítulo V- Avaliação, monitorização e fiscalização ........................................ 25
2.3.6. Capítulo VI- Disposições finais e transitórias .................................................... 25
2.4. Código de postura da cidade de Nampula ................................................................. 26
2.4.1. Capítulo I- Disposições gerais ............................................................................ 26
2.4.2. Capitulo II- Urbanização .................................................................................... 27
2.4.3. Disposições finais e transitórias ......................................................................... 36
3. Conclusão .......................................................................................................................... 40
4. Bibliografia........................................................................................................................ 41
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1. Introdução

Este trabalho tem como tema abordar a cerca das “Normas Urbanísticas”, que surge no âmbito
da cadeira de Planeamento físico, com vista a possibilitar uma melhor compreensão sobres os
códigos/leis que tratam sobre o urbanismo, tais como: a lei de terra, lei do ordenamento
territorial e códigos de postura camararias da cidade de Nampula. O presente trabalho tem como
objectivo geral: compreender as normas urbanísticas.

E para que este objectivo tenha pertinência contextual, tomou-se em conta os seguintes
objectivos específicos:

 Ler os códigos/leis de terra, de ordenamento territorial e a postura camararia da cidade


de Nampula;
 Conhecer as leis de terra, de ordenamento territorial e a postura camararia da cidade de
Nampula.

Portanto, para a efectivação do trabalho recorreu-se a consultas bibliográficas, no caso consulta


de boletins da república.

E no que diz respeito ao eixo organizacional, o trabalho encontrasse organizado em: introdução,
desenvolvimento e por fim a conclusão seguida da bibliografia.
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2. Normas Urbanísticas

Normas urbanísticas são entendidas como linhas orientadoras, que visa apoiar tecnicamente a
elaboração dos planos e estudos urbanísticos, ajudar a clarificar os conceitos neles utilizados, a
estabelecer os seus âmbitos e objectivos, e a alicerçar os princípios das suas metodologias,
formulações e avaliação.

2.1.Conceitos básicos

Terra- é a superfície sólida da crosta terrestre onde pisamos, construímos, etc.

Território- extensão ou base geográfica do estado, sobre a qual ele exerce a sua soberania e
que compreende todo o solo ocupado pela nação, inclusive ilhas que lhe pertence, rios, lagos,
mares interiores, águas adjacentes, golfos, baias, etc.

Ordenamento- acto ou efeito de ordenar.

2.2.Lei de terra
2.2.1. Capítulo I- Disposições gerais

Artigo 1- Definições
Para efeitos da presente Lei, entende-se por:

1. Comunidade local: agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa circunscriação


territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a salvaguarda de interesses comuns através
da protecção de áreas habitacionais, áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio, florestas,
sítios de importância cultural, pastagens, fontes de água e áreas de expansão.
2. Direito de uso aproveitamento da terra: direito que as pessoas singulares ou colectivas e
as comunidades locais adquirem sobre a terra, com as exigências e limitações da presente Lei.
3. Domínio público: áreas destinadas à satisfação do inetresse público.
4. Exploração florestal: actividade de exploração da terra visando responder às necessidades
do agregado familiar, utlizando predomonantemente a capacidade de trabalho do mesmo.
5. Licença especial: documento que autoriza a realização de quaisquer actividades económicas
nas zonas de protecção otal ou parcial.
6. Mapa de uso da terra: carta que mostra toda a ocupação da terra, incluindo a localização da
actividade humana e os recursos naturais existentes numa determinada área.
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7. Ocupação: forma de aquisição de direito de uso e aproveitamento da terra por pessoas


singulares nacionais que, de boa fé, estejam a utilizar a terra há pelo menos dez anos, ou pelas
comunidades locais.
8. Pessoa colectiva nacional: qualquer sociedade ou instituição constituída e registada nos
termos da legislação moçambicana com sede na República de Moçambique, cujo capital social
pertença, pelo menos em cinquenta por cento a cidadãos nacionais, sociedadese ou instituições
moçambicanas, privadas ou públicas.

Artigo 2- Âmbito
A presente Lei estabelece os termos em que se opera a constituição, exercício, modificação,
transmissão e extinção de direito de uso e aproveitamento da terra.

2.2.2. Capítulo II- Propriedade da terra e domínio público

Artigo 3- Princípio Geral


A terra é propriedade do estado e não pode ser vendida ou, por qualquer outra forma, alienada,
hipotecada ou penhorada.

Artigo 4- Fundo estatal de terra


Na República de Moçambique, toda a terra constitui o Fundo Estatal de Terras.

Artigo 5- Cadastro nacional de terras


1. O Cadastro Nacional de Terras compreende a totalidade dos dados necessários,
nomeadamente para:

a) conhecer a situação económico-jurídica das terras;


b) conhecer os tipos de ocupação, uso e aproveitamento, bem como a avaliação da fertilidade
dos solos, manchas florestais, reservas hídricas, de fauna e de flora, zonas de exploração mineira
e de aproveitamento turístico;
c) organizar eficazmente a utilização da terra, sua protecção e conservação;
d) determinar as regiões próprias para produções especializadas.

2. O Cadastro Nacional de Terras procede à qualificação económica dos dados a planificção e


a distribuição dos recursos do país.

Artigo 6- Domínio público


São do domínio público as zonas de protecção total e parcial.
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Artigo 7- Zonas de protecção total


Consideram-se zonas de protecção total as áreas destinadas a actividade de conservação ou
preservação da natureza e de defesa e segurança do Estado.

Artigo 8- Zonas de protecção parcial


Consideram-se zonas de protecção parcial:

a) o leito das águas interiores, do mar territorial e da zona económica exclusiva;


b) a plataforma continental;
c) a faixa da orla marítima e no contorno de ilhas, baías e estuários, medida da linha das
máximas preia-mares até 100 metros para o interior do território;
d) a faixa de terreno até 100 metros confinante com as nascentes de água;
e) a faixa de terreno no contorno de barragens e albufeiras até 250 metros;
f) os terrenos ocupados pelas linhas férreas de interesse público e pelas respectivas estações,
com uma faixa confinante de 50 metros de cada lado do eixo da via;
g) os terrenos ocupados pelas auto-estradas e estradas de quatro faixas, instalações e condutores
aéreos, superficiais, subterrâneos e submarinos de electricidade, de telecomunicações, petróleo,
gás e água, com uma faixa confinante de 50 metros de cada lado, bem como os terrenos
ocupados pelas estradas, com uma faixa confinante de 30 metros para as estradas primárias e
de 15 metros para as estradas secundárias e terciárias;
h) a faixa de dois quilómetros ao longo da fronteira terrestre;
i) os terrenos ocupados por aeroportos e aeródromos, com uma faixa confinante de 100 metros;
j) a faixa de terreno de 100 metros confinante com instalações militares e outras instalações de
defesa e segurança do Estado.

Artigo 9- Licenças especiais para o exercício de actividades nas zonas de protecção total e
parcial
Nas zonas de protecção total e parcial não podem ser adquiridos direitos de uso e
aproveitamento da terra, podendo, no entanto, ser emitidas licenças especiais para o exercício
de actividades determinadas.

2.2.3. Capítulo III- Direito de uso e aproveitamento da terra

Artigo 10- Sujeitos nacionais


1. Podem ser sujeitos do direito de uso e aproveitamento da terra as pessoas nacionais,
colectivas e singulares, homens e mulheres, bem como as comunidades locias.
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2. As pessoas singulares ou colectivas nacionais podem obter o direito de uso e aproveitamento


da terra, individualmente ou em conjunto com outras pessoas singulares ou colectivas, sob a
forma de co-titularidade.

3. O direito de uso e aproveitamento da terra das comunidades locais obedece aos princípios de
co-titularidade, parar todos os efeitos desta Lei.

Artigo 11- Sujeitos estrangeiros


As pessoas singulares ou colectivas estrangeiras podem ser sujeitos do direito de uso e
aproveitamento da terra, desde que tenham projecto de investimento devidamente aprovado e
observem as seguintes condições:

a) sendo pessoas singulares, desde que residam há pelo menos cinco anos na República de
Moçambique;
b) sendo pessoas colectivas, desde que estejam constituídas ou registadas na República de
Moçambique.

Artigo 12- Aquisição


O direito de uso e aproveitamento da terra é adquirido por:

a) ocupação por pessoas singulares e pelas comunidades locais, segundo as normas e práticas
costumeiras no que não contrariem a constituição;
b) ocupação por pessoas singulares nacionais que, de boa fé, estejam a utilizar a terra há pelo
menos dez anos;
c) autorização do pedido apresentado por pessoas singulares ou colectivas na forma estabelecida
na presente Lei.

Artigo 13- Titulação


1. O título será emitido pelos Serviços Públicos de Cadastro, gerais ou urbanos.

2. A ausência de título não prejudica o direito do uso e aproveitamento da terra Adquirido por
ocupação nos termos das alíneas a) e b) do artigo anterior.

3. O processo de titulação do direito do uso e aproveitamento da terra inclui o parecer das


autoridades administrativas locais, precedido de consulta às comunidades, para efeitos de
confirmação de que a área está livre e não tem ocupantes.
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4. Os títulos emitidos para as comunidades locais são nominativos, conforme a denominação


por elas adoptada.

5. As pessoas singulares, homens e mulheres, membros de uma comunidade local podem


solicitar títulos individualizados, após desmembramento do respectivo terreno das áreas da
comunidade.

Artigo 14- Registo


1. A constituição, modificação, transmissão e extinção do direito de uso e aproveitamento da
terra estão sujeitas a registo.

2. A ausência de registo não prejudica o direito de uso e aproveitamento da terra adquirido por
ocupação, nos termos das alíneas a) e b) do artigo 12, desde que devidamente comprovado nos
termos da presente Lei.

Artigo 15- Prova


A comprovação do direito de uso e aproveitamento da terra pode ser feita mediante:
a) apresentação do respectivo título;
b) prova testemunhal apresentada por membros,homens e mulheres, das comunidades locais;
c) peritagem e outros meios permitidos por lei.

Artigo 16- Transmissão


1. O direito de uso e aproveitamento da terra pode ser transmitido por herança sem distinção de
sexo.

2. Os titulares do direito de uso e aproveitamento da terra podem transmitir, entre os vivos, as


infra-estruturas, construções e benfeitorias nela existentes, mediante escritura pública precedida
da autorização da entidade estatal competente.

3. Nos casos referidos no número anterior, a transmissão é averbada no respectivo título.

4. No caso de prédios urbanos, com a transmissão do imóvel transmite-se o direito de uso e


aproveitamento do respectivo terreno.

5. O titular do direito se uso e aproveitamento da terra pode constituir hipoteca Sobre os bens
imóveis e as benfeitorias que, devidamenteautorizado, edificou no terreno ou sobre os quais
legalmente tenha adquirido o direito de propriedade.
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Artigo 17- Prazo


1. O direito de uso e aproveitamento da terra para fins de actividades económicas está sujeito a
um prazo máximo de 50 anos, renovável por igual período a pedido do interessado. Após o
período de renovação, um novo pedido deve ser apresentado.

2. Não está sujeito a prazo o direito de uso e aproveitamento da terra:


a) adquirido por ocupação pelas comunidades locais;
b) destinado à habitação própria;
c) destinado à exploração familiar exercida por pessoas singulares nacionais.

Artigo 18- Extinção do direito de uso e aproveitamento da terra


1. O direito de uso e aproveitamento da terra extingue-se:

a) pelo não cumprimento do plano de exploração ou do projecto de investimento, sem motivo


justificado, no calendário estabelecido na aprovação do pedido, mesmo que as obrigações
fiscais estejam a ser cumpridas;
b) por revogação do direito de uso e aproveitamento da terra por motivos de interesse público,
precedida de pagamento de justa indemnização e/ou compensação;
c) no termo do prazo ou da sua renovação;
d) pela renúncia do titular.

2. No caso de extinção do direito de uso e aproveitamento da terra, as benfeitorias não


removíveis revertem a favor do Estado.

2.2.4. Capítulo IV- Exercício de actividades económicas

Artigo 19- Plano de exploração


O requerente de um pedido de direito de uso e aproveitamento da terra deve apresentar um
plano de exploração.

Artigo 20- Licenciamento e direito de uso e aproveitamento da terra


A aprovação do pedido de uso e aproveitamento da terra não dispensa a obtenção de licença ou
outras autorizações exigidas por:
a) legislação aplicável ao exercício das actividades económicas pretendidas, nomeadamente
agro-pecuárias ou agro-industriais, industriais, turísticas, comerciais, pesqueiras e mineiras e à
protecção do meio ambiente;
b) directrizes dos planos de uso da terra.
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Artigo 21- Prazo das licenças


As licenças terão o seu prazo definido de acordo com a legislação aplicável, independentemente
do prazo autorizado para o exercício do direito de uso e aproveitamento da terra.

2.2.5. Capítulo V- Competências

Artigo 22- Áreas não cobertas por planos de urbanização


Em áreas não cobertas por planos de urbanização, compete:

1. Aos Governadores Provinciais:


a) autorizar pedidos de uso e aproveitamento da terra de áreas até ao limite máximo de 1000
hectares;
b) autorizar licenças especiais nas zonas de protecção parcial;
c) dar parecer sobre os pedidos de uso e aproveitamento da terra relativos a áreas que
correspondam à competência do Ministro da Agricultura e Pescas.

2. Ao Ministro da Agricultura e Pescas:

a) autorizar os pedidos de uso e aproveitamento da terra de áreas entre 1000 a 10000 hectares;
b) autorizar licenças especiais nas zonas de protecção total;
c) dar parecer sobre os pedidos de uso e aproveitamento da terra relativos a áreas que
ultrapassem a sua competência.

3. Ao Conselho de Ministros:

a) autorizar pedidos de uso e aproveitamento da terra de áreas que ultrapassem a competência


do Ministro da Agricultura e Pescas, desde que inseridos num plano de uso da terra ou cujo
enquadramento seja possível num mapa de uso da terra;
b) criar, modificar ou extinguir zonas de protecção total e parcial;
c) deliberar sobre a utilização do leito das águas territoriais e da plataforma continental.

Artigo 23- Conselhos Municipais e de Povoação e Administradores do Distrito


Compete aos Presidentes dos Conselhos Municipais e de Povoação e aos Administradores do
Distrito, nos locais onde não existam órgãos municipais, autorizar pedidos de uso e
aproveitamento da terra nas áreas cobertas por planos de urbanização e desde que tenham
serviços públicos de cadastro.
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Artigo 24- Comunidades locais


1. Nas áreas rurais, as comunidades locais participam:

a) na gestão dos recursos naturais;


b) na resolução dos conflitos;
c) no processo de titulação, conforme o estabelecido no nº 3 do artigo 13 da presente Lei;
d) No exercício das competências referidas na alíneas a) e b) do nº 1 do presente artigo, as
comunidades locais utilizam, entre outras, as normas e práticas costumeiras.

2.2.6. Capítulo VI- Processo de autorização de pedidos de uso e aproveitamento da


terra

Artigo 25- Autorização provisória


1. Após a apresentação do pedido de uso e aproveitamento da terra, é emitida uma autorização
provisória.

2. A autorização provisória tem a duração máxima de cinco anos para as pessoas nacionais e
dois anos para as pessoas estrangeiras.

Artigo 26- Autorização definitiva


Desde que cumprido o plano de exploração dentro do período de autorização definitiva de uso
e aproveitamento da terra e emitido o respectivo título.

Artigo 27- Revogação da autorização provisória


No término da autorização provisória, constatado o não cumprimento do plano de exploração
sem motivos justificados, pode a mesma ser revogada, sem direito a indemnização pelos
investimentos não removíveis entretanto realizados.

2.2.7. Capítulo VII- Pagamentos

Artigo 28- Taxas


1. Os titulares do direito de uso e aproveitameno da terra estão sujeitos ao pagamento de taxas,
cujo valor é determinado tendo em conta a localização dos terrenos, a sua dimensão e finalidade
do seu uso e aproveitamento, a saber:

a) taxa de autorização;
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b) taxa anual a qual poderá ser progressiva ou regressiva, de acordo com os investimentos
realizados.

2. São fixadas taxa preferenciais para os cidadãos nacionais.

Artigo 29- Utilização gratuita da terra


O uso e aproveitamento da terra é gratuito quando se destina:

a) ao Estado e suas instituições;


b) às associações de utilidade pública reconhecidas pelo Conselho de Ministros;
c) às explorações familiares, às comunidades locais e pessoas singulares que as integram;
d) às cooperativas e associações agro-pecuárias nacionais de pequena escala.

2.2.8. Capítulo VIII- Disposições finais e transitórias

Artigo 30- Representação e actuação das comunidades locais


Os mecanismos de representação e actuação próprios das comunidades locais, no que respeita
aos direitos de uso e aproveitamento da terra são fixados por lei.

Artigo 31- Planos de uso da terra


Os princípios para elaboração e aprovação de planos de uso da terra são definidos por lei.

Artigo 32- Aplicação da lei


1. Os direitos de uso e aproveitamento da terra, sejam adquiridos por ocupação ou por
aprovação de um pedido, passam a reger-se pela presente Lei, salvaguardados os direitos
adquiridos.

2. A resolução de conflitos sobre a terra é feita em foro moçambicano.

Artigo 33- Regulamentação


Compete ao Conselho de Ministros aprovar a regulamentação da presente Lei.

Artigo 34- Legislação anterior


São revogadas as Leis 6/79, de 3 de Julho, e 1/86, de 16 de Abril, e a demais legislação anterior
contrária à presente Lei.

Artigo 35- Entrada em vigor


A presente Lei entra em vigor noventa dias após a sua publicação.
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Aprovada pela Assembleia da República, aos 31 de Julho de 1997.


O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo Mahomed Issá.
Promulgada, a 1 de Outubro de 1997.
Publique-se
O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano

2.3.Lei de ordenamento territorial


2.3.1. Capítulo I- Princípios gerais

Artigo 1- Definições
Para os efeitos da presente Lei, entende-se por:

Comunidade local: agrupamento de famílias ou indivíduos, vivendo numa circunscrição


territorial de nível de localidade ou inferior. que visa a salvaguarda de interesses comuns através
da protecção de áreas habitacionais, áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio. florestas,
locais de importância cultural, pastagens, fontes de água e áreas de expansão. Desenvolvimento
sustentável:' desenvolvimento baseado numa gestão ambiental que satisfaz as necessidades da
geração presente sem comprometer o equilíbrio do ambiente e a possibilidade das gerações
futuras satisfazerem também as suas necessidades.
Instrumentos de ordenamento territorial: elaborações reguladoras e normativas do uso do
espaço nacional, urbano ou rural, vinculativos para as entidades públicas e para os cidadãos,
conforme o seu âmbito e operacionalizados segundo O sistema de gestão territorial.
Ordenamento territorial: conjunto de princípios, directivas e regras que visam garantir a
organização do espaço nacional através de um processo dinâmico, contínuo, flexível e
participativo na busca do equilíbrio entre o homem, o meio físico e os recursos naturais. com
vista à promoção do desenvolvimento sustentável.
Planeamento territorial: processo de elaboração dos planos que definem as formas espaciais
da relação das pessoas com o seu meio físico e biológico, regulamentando os seus direitos e
formas de uso e ocupação do espaço físico.
Plano de ordenamento territorial: documento estratégico, informativo e normativo, que tem
como objectivo essencial a produção de espaços ou parcelas territoriais socialmente úteis,
estabelecido com base nos princípios e nas directivas do ordenamento do território.
Sistema de gestão territorial: quadro geral do âmbito das intervenções no territ6rio,
operacionalizado através dos instrumentos de gestão territorial, hierarquizado aos níveis
nacional, provincial, distrital e municipal.
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Solo rural: parte do território nacional exterior aos perímetros dos municípios, cidades, vilas e
das povoações, legalmente instituída.
Solo urbano: toda a área compreendida dentro do perímetro dos municípios, vilas e das
povoações. sedes de postos administrativos e localidades, legalmente instituídas.
Território: realidade espacial sobre a qual se exercem as interacções sociais e as do Homem
com o meio ambiente e que tem a sua extensão definida pelas fronteiras do país.
Bens tangíveis: colheitas, imóveis e benfeitorias efectuadas na área expropriada.
Bens Intangíveis: vias de comunicação e acessibilidade aos meios de transporte.
Ruptura da coesão social: aumento da distância do novo local de reassentarnento de estruturas
sociais e do núcleo familiar habitual, cemitérios familiares, plantas medicinais.

Artigo 2- Objecto
A presente Lei tem por objecto:

a) criar um quadro jurídico-legal do ordenamento do território, em conformidade com os


princípios, objectivos e direitos dos cidadãos consagrados na Constituição da República;
b) materializar, através dos instrumentos de ordenamento territorial, a Política de Ordenamento
Territorial.

Artigo 3- Âmbito
A presente Lei aplica-se a todo o território nacional e, para efeitos do ordenamento do território,
regula as relações entre os diversos níveis da Administração Pública, das relações desta com os
demais sujeitos públicos e privados. representantes dos diferentes interesses económicos,
sociais e culturais, incluindo as comunidades locais.

Artigo 4- Princípios
O processo de ordenamento do território obedece aos seguintes
princípios:

a) princípio da sustentabilidade e valorização do espaço físico, assegurando a transmissão às


futuras gerações de um território e espaço edificado, e devidamente ordenado;
b) princípio da participação pública e consciencialização dos cidadãos, através de acesso à
informação, permitindo assim a sua intervenção nos procedimentos de elaboração, execução,
avaliação, bem como na revisão dos instrumentos de ordenamento territorial;
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c) princípio da igualdade no acesso à terra e aos recursos naturais, infra-estruturas,


equipamentos sociais e serviços públicos por parte d os cidadãos, quer nas zonas urbanas quer
nas zonas rurais;
d) princípio da precaução, com base no qual a elaboração, execução e alteração dos
instrumentos de gestão territorial deve priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de
actos lesivos ao ambiente, de modo a evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos.
significativos ou irreversíveis, independentemente da existência da certeza científica sobre a
ocorrência de tais impactos;
e) princípio da responsabilidade das entidades públicas ou privadas por qualquer intervenção
sobre o território, que possa ter causado danos ou afectado a qualidade do ambiente e
assegurando a obrigação da reparação desses mesmos danos e a compensação dos prejuízos
causados à qualidade de vida dos cidadãos;
f) princípio da segurança jurídica 'como garantia de que na elaboração, alteração e execução
dos instrumentos de ordenamento e de gestão territorial sejam sempre respeitados os direitos
fundamentais dos cidadãos e as relações jurídicas validamente constituídas, promovendo-se a
estabilidade e a observância dos regimes legais instituídos;
g) princípio da publicidade dos instrumentos de ordenamento territorial, através da sua
publicação no Boletim da República, afixação nos locais de estilo das administrações distritais"
das autarquias e por outros meios de publicidade, para amplo conhecimento dos cidadãos.

Artigo 5- Objectivos
I. O ordenamento do território visa a! segurar a organização do espaço nacional e a utilização
sustentável dós seus recursos naturais, observando as condições legais, administrativas,
culturais e materiais favoráveis ao desenvolvimento social e económico do país, à promoção da
qualidade de vida das pessoas, à protecção e conservação do meio ambiente

2. Constituem objectivos específicos da presente Lei:

a) garantir o direito à ocupação actual do espaço físico nacional pelas pessoas e comunidades
locais, que são sempre consideradas com o elemento mais importante em qualquer intervenção
de ordenamento e planeamento do uso da terra, dos recursos naturais ou do património
construído;
b) requalificar as áreas urbanas de ocupação espontânea, degradadas ou aquelas resultantes de
ocupações de emergência;
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c) identificar e valorizar as potencialidades de actividade económica, social e cultural da


população rural, visando a sua maior e melhor inserção nos sectores mais dinâmicos da
economia nacional, para que se obtenha uma maior produtividade para benefício directo das
próprias comunidades em cujo território se identifiquem tais potencialidades;
d) preservar o equilíbrio ecológico da qualidade e da fertilidade dos solos, da pureza do ar, a
defesa dos ecossistemas e dos habitats frágeis, das florestas, dos recursos hídricos, das zonas
ribeirinhas e da orla marítima, compatibilizando as necessidades imediatas das pessoas e das
comunidades locais com os objectivos de salvaguarda do ambiente;
e) defender, preservar e valorizar o património construído e da paisagem natural ou
transformada pelo homem;
f) compatibilizar e articular as políticas e estratégias ambientais e de desenvolvimento sócio-
económico, respeitando as formas actuais de ocupação do espaço;
g) optimizar a gestão dos recursos naturais para que o seu uso e aproveitamento bem como a
defesa e a protecção do meio ambiente, se processe com a estrita observância da lei;
h) gerir os conflitos de interesses, privilegiando sempre o acordo entre as partes,
salvaguardando os direitos de ocupação das comunidades locais.

Artigo 6- Dever de ordenar o território


I. Compete ao Estado e às Autarquias Locais promover, orientar, coordenar e monitorizar de
forma articulada o ordenamento do território, no âmbito das-suas atribuições e das
competências dos respectivos órgãos, nos termos da presente Lei.

2. Ao intervirem no ordenamento do território, o Estado e as Autarquias Locais, fazem-no no


sentido de garantir o interesse público, com respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos.

Artigo 7- Utilização dos recursos naturais

I. O ordenamento do território deve respeitar o uso e aproveitamento da terra e dos recursos


naturais nos termos da legislação em vigor, sem prejuízo da preservação da propriedade do
Estado.

2. O ordenamento do território deve garantir a organização do domínio público, designadamente


águas territoriais, as estradas, os caminhos públicos e servidões, os lugares sagrados e
cemitérios. as praias, zonas de protecção da natureza, de uso e interesse militar e das fronteiras,
portos, aeroportos, monumentos nacionais e outros, nos termos da legislação em vigor.
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2.3.2. Capitulo II- Sistema de gestão territorial

Artigo 8- Níveis de Intervenção


1. O ordenamento territorial compreende os seguintes níveis de intervenção no território,
nomeadamente;

a) nacional;
b) provincial;
c) distrital;
d) autárquico.

2. Para além dos níveis dispostos no número anterior, é ainda considerado o nível de intervenção
autárquica, que interage com o nível de inserção da autarquia respectiva.

3. Os diferentes níveis-de gestão territorial interagem no quadro de coordenação das suas


actividades, devendo os níveis inferiores compatibilizar as respectivas acções com as dos níveis
superiores.

4. A interacção ao mesmo nível de gestão territorial, interprovincial, interdistrital e autárquico,


é objecto de acções de compatibilização, cooperação e coordenação específicas.

Artigo 9- Caracterização do ordenamento territorial


l. Ao nível nacional definem-se as regras gerais da estratégia do ordenamento do território, as
normas e as directrizes para as acções de ordenamento provincial, distrital e autárquico e
compatibilizam-se as políticas sectoriais de desenvolvimento do território.

2. Ao nível provincial definem-se as estratégias de ordenamento do território da província,


integrando-as com as estratégias nacionais de desenvolvimento económico e social e,
estabelecem-se as directrizes para o ordenamento distrital e autárquico.

3. Ao nível distrital elaboram-se os planos de ordenamento do território da área do distrito e os


projectos para a sua implementação, reflectindo as necessidades e aspirações das comunidades
locais, integrando-os com as políticas nacionais e de acordo com as directrizes de âmbito
nacional e provincial.

4. Ao nível autárquico estabelecem-se os programas, planos, projectos de desenvolvimento e o


regime de uso do solo urbano de acordo com as leis vigentes.
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Artigo 10- Instrumentos de ordenamento territorial


I. O ordenamento territorial, de acordo com o seu nível de intervenção, é realizado utilizando
os instrumentos necessários à concretização dos objectivos do ordenamento do território, em
conformidade com sua regulamentação e baseia-se no princípio de que os instrumentos de
ordenamento territorial de nível inferior não devem contrariar as decisões e as directivas
emanadas do nível superior.

2. Constituem instrumentos de ordenamento territorial a nível nacional:

a) O Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial, que define e estabelece as perspectivas e


as directrizes gerais que devem orientar o uso de todo o território nacional e as prioridades das
intervenções à escala nacional;
b) os Planos Especiais de Ordenamento do Território, que estabelecem os parâmetros e as
condições de uso de zonas com continuidade espacial, ecológica ou económica de âmbito
interprovincial.

3. Constituem instrumentos de ordenamento territorial ao nível provincial os Planos Provinciais


de Desenvolvimento Territorial, de âmbito provincial e interprovincial, que estabelecem a
estrutura de organização espacial do território de uma ou mais províncias e definem as
orientações. medidas e as acções necessárias ao desenvolvimento territorial, assim como os
princípios e critérios específicos para a ocupação e utilização do solo nas diferentes áreas, de
acordo com as estratégias. Normas e directrizes estabelecidas ao nível nacional.

4. Constituem instrumentos de ordenamento territorial ao nível distrital os Planos Distritais de


Uso da Terra, de âmbito distrital e interdistrital, que estabelecem a estrutura da organização
espacial do território de um ou mais distritos, com base na identificação de áreas para os usos
preferenciais e definem as normas e regras a observar na ocupação e uso do solo e a utilização
dos seus recursos naturais.

5. Constituem instrumentos de ordenamento territorial ao nível autárquico:

a) os Planos de Estrutura Urbana, que estabelecem a organização espacial da totalidade do


território do município ou povoação. os parâmetros e as normas para a sua utilização, lendo em
conta a ocupação actual, as infra-estruturas e os equipamentos sociais existentes e a implantar
e a sua integração na estrutura espacial regional;
19

b) os Planos Gerais e Parciais de Urbanização, que estabelecem a estrutura e qualificam o solo


urbano, tendo em consideração o equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, definem
as redes de transporte, comunicações; energia e saneamento, os equipamentos sociais. com
especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio-espacial para a elaboração
do plano;
c) os Planos de Pormenor, que definem com pormenor a tipologia de ocupação de qualquer área
específica do centro urbano, estabelecendo a concepção do espaço urbano, dispondo sobre usos
do solo e condições gerais de edificações, o traçado das vias de circulação, as características
das redes de infra-estruturas e serviços, quer para novas áreas ou para áreas existentes,
caracterizando as fachadas dos edifícios e arranjos dos espaços livres.

6. Constituem instrumentos de carácter geral:

a) a Qualificação dos Solos, instrumento informativo e indicativo da utilização preferencial dos


terrenos, em função da sua aptidão' natural ou dá actividade dominante que nelas se exerça, ou
possa ser exercida para o seu mais correcto uso e aproveitamento e garantia da sustentabilidade
ambiental;
b) a Classificação dos Solos, instrumento que determina o regime político-administrativo de
cada parcela do território em duas categorias fundamentais, a de solo urbano e a de solo rural,
tal como definidas no artigo I da presente Lei;
c) o Cadastro Nacional de Terras, instrumento vinculativo e indicativo dos titulares dos direitos
de uso e aproveitamento da terra, a localização geográfica, a forma, as regras e os prazos para
a sua utilização, os usos ou a vocação preferencial para a utilização, protecção e conservação
dos solos;
d) os Inventários Ambientais, Sociais e 'Económicos, instrumentos informativos. a elaborar
pelos vários órgãos sectoriais, através da recolha e tratamento de dados ambientais, sociais e
económicos;
e) o Zoneamento, instrumento de carácter informativo e indicativo elaborado com base na
qualificação dos solos, existência de recursos naturais e na ocupação humana, que qualifica e
divide o território em áreas vocacionadas preferencialmente para determinadas actividades de
carácter económico, social e ambiental.

7. Os instrumentos de caracter geral enunciados no nº 6 do presente artigo são acessíveis a


todos, os intervenientes no processo de ordenamento do território, para os fins dispostos na
presente Lei.
20

8. O uso e aproveitamento do sole urbano é objecto de regulamentação específica, de acordo


com a política nacional de terras e a política do ordenamento do território, no âmbito do quadro
legal vigente.

Artigo 11- Vinculação dos Instrumentos de ordenamento territorial


Os instrumentos de ordenamento territorial, uma vez publicados no Boletim da República, têm
o efeito de lei e vinculam todas as entidades públicas, bem como os cidadãos, as comunidades
locais e as pessoas colectivas de direito privado.

2.3.3. Capitulo III- Regime dos instrumentos de ordenamento territorial

Artigo 12- Regime jurídico


Compete ao Conselho de Ministros 'provar o regulamento do regime jurídico dos instrumentos
de ordenamento territorial.

Artigo 13- Competência para elaboração e aprovação dos Instrumentos de ordenamento


territorial
1. A elaboração e a aprovação dos instrumentos de ordenamento territorial é da competência
dos seguintes órgãos:

a) ao nível nacional são elaborados por iniciativa do Conselho de Ministros, sob a coordenação
do órgão que superintende a actividade de planeamento do território, depois de um processo de
apreciação pública, nos termos definidos no artigo 22 da presente Lei e aprovados pela
Assembleia da República;
b) ao nível provincial são elaborados por iniciativa do Governo Provincial, sob coordenação do
órgão que superintende a actividade de planeamento do território ao nível provincial, com
audição das autarquias e dos distritos, ouvida a delegação ou representação do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Sustentável, depois de um processo de apreciação pública, nos
termos do artigo- 22 da presem e Lei e aprovados pelas respectivas Assembleias Provinciais, a
ratificar pelo Conselho de Ministros, nos termos da presente Lei;
c) ao nível distrital são elabore dos por iniciativa do Governo Distrital, sob a coordenação do
órgão que superintende a actividade de planeamento do território ao nível distrital e aprovados
pelo Governo Distrital, depois de um processo de apreciação pública, nos termos do artigo 22
da presente Lei, a ratificar pelo Governador Provincial;
d) ao nível autárquico são elaborados e aprovados pelos órgãos competentes para o efeito de
planeamento do território ao nível autárquico. depois de um processo de apreciação pública,
21

como definido no artigo 22 da presente Lei e, estão sujeitos à ratificação tutelar, nos termos
previstos na Lei nº 8/2003, de 19 de maio.

2. A elaboração dos instrumentos de ordenamento territorial, de carácter obrigatório para os


níveis distrital e autárquico.

3. Os instrumentos de ordenamento territorial que resultarem de âmbito inter-provincial, inter-


distrital ou inter-municípal, seguem as regras previstas no presente artigo, para o respectivo
nível de ordenamento territorial.

Artigo 14- Ratificação


I. A ratificação dos instrumentos de ordenamento territorial ao nível provincial, distrital e
autárquico destina-se a verificar a sua conformidade com· as disposições legais e
regulamentares vigentes.

2. A ratificação dos instrumentos de ordenamento territorial pode ser parcial, aproveitando-se


apenas a parte que se mostrar conforme as leis e regulamentos em vigor.

3. A falta de ratificação dos instrumentos de ordenamento territorial fere de nulidade os


respectivos instrumentos e a sua natureza vinculativa.

4. Os prazos para a ratificação dos instrumentos de ordenamento territorial são fixados pelo
regulamento, a aprovar pelo Conselho de Ministros.

Artigo 15- Alteração


1. Os instrumentos de gestão do ordenamento territorial podem ser alterados sempre que as
perspectivas do desenvolvimento administrativo, económico, social e jurídico o justifiquem.

2. Os instrumentos de ordenamento territorial, vinculativos para os particulares, devem


respeitar um período mínimo de vigência de dois anos, durante o qual eventuais alterações têm
carácter excepcional.

3. O processo de alteração está sujeito aos mesmos requisitos para a elaboração e a aprovação
do respectivo instrumento, sob pena de nulidade.

Artigo 16- Revisão


Os instrumentos de ordenamento territorial devem ser revistos periodicamente, nos prazos e
condições previstas em regulamento específico.
22

Artigo 17- Suspensão


1. Os instrumentos de ordenamento territorial podem ser total ou parcialmente suspensos
temporariamente, em casos excepcionais e quando a sua execução possa pôr em causa a
prossecução de relevante interesse público.

2. As razões de relevante interesse público que determinem a suspensão de um instrumento de


ordenamento territorial devem ser indicadas na decisão a tomar pelo órgão competente do
mesmo nível ou superior ao do instrumento. publicadas no Boletim da República e devidamente
publicitadas através dos meios de comunicação social.

3. Excepto nos casos de calamidade pública, expressamente declarada nos termos da lei, o
processo de suspensão, que não observar os ditames do número anterior, incorre em nulidade.

Artigo 18- Publicidade


1. Todos os instrumentos de ordenamento territorial, sempre que aprovados e devidamente
ratificados, são publicados em Boletim da República e afixados nos lugares de estilo das
administrações de distrito e das autarquias.

2. Podem ser estabelecidos. adicionalmente, outros meios de publicidade que garantam uma
adequada divulgação.

Artigo 19- Coordenação e compatibilização


I. O órgão responsável pela coordenação, nos termos do artigo 13 da presente Lei, aquando do
início do processo de elaboração dos instrumentos de ordenamento territorial, deve convocar
todos os demais órgãos sectoriais dos respectivos níveis. os representantes das comunidades
locais. convidar as demais entidades privadas que possam ser directamente afectadas pelo
ordenamento do território. anunciar nos órgãos de comunicação social e afixar nos lugares de
estilo das administrações de distrito e das autarquias locais, para conhecimento dos cidadãos
em geral.

2. Os convocados têm o dever de participar nas reuniões públicas e os convidados têm o direito
de participar nas mesmas reuniões, apresentar sugestões e comentários por escrito no prazo que
vier a ser determinado pelo órgão coordenador. não podendo este prazo ser superior a quinze
dias. a contar da data da realização de cada reunião ou assembleia pública.
23

3. O órgão coordenador do processo de elaboração dos instrumentos de ordenamento territorial


deve compatibilizar o respectivo instrumento com os objectivos das diversas políticas e leis
sectoriais aplicáveis.

4. Os diferendos que vierem a ocorrer. aos níveis nacional e provincial, quanto ao conteúdo ou
quanto à forma. em relação às propostas de instrumentos de ordenamento territorial. São
transcritos e remetidos juntamente com as propostas em debate, para avaliação e decisão do
órgão que superintende a actividade de gestão do território.

5. Os instrumentos e sistema de gestão territorial são estabelecidos pelo regulamento da


presente Lei.

Artigo 20- Expropriação


I. Os instrumentos de ordenamento territorial quando prevejam a implantação de projectos ou
de empreendimentos públicos em terrenos urbanos ou rurais que sejam objecto de concessão
de uso e aproveitamento de privados ou de uso tradicional por comunidades locais. delimitadas
ou não procedem à identificação da área para efeitos de expropriação, por interesse, necessidade
ou utilidade pública que é precedida da respectiva declaração. devidamente fundamentada. nos
termos da lei.

2. O regulamento da presente Lei define os casos de interesse necessidade ou utilidade pública


passíveis de expropriação para efeitos de ordenamento territorial.

3. A expropriação por interesse. necessidade ou utilidade pública dá lugar ao pagamento de uma


justa indemnização nos termos da lei a ser calculada de modo a compensar, entre outras:

a) a perda de bens tangíveis e intangíveis;


b) a ruptura da coesão social;
c) a perda de bens de produção.

2.3.4. Capítulo IV- Direitos, deveres e garantias dos cidadãos

Artigo 21- Direito à Informação


I. Todos os cidadãos, comunidades locais e pessoas colectivas, públicas e privadas têm direito
à informação completa dos conteúdos bem como das alterações dos instrumentos de
ordenamento territorial.
24

2. O direito à informação abrange todo o processo de elaboração dos instrumentos de


ordenamento territorial, garantindo-se a divulgação prévia dos respectivos programas, planos e
projectos.

3. Após a publicação dos programas. planos e projectos de ordenamento territorial, o direito à


informação consiste no direito de consultar o respectivo processo e de obter cópias e certidões
de peças documentais, no todo ou em parte, dos referidos instrumentos.

Artigo 22- Direito de participação


1. Todos os instrumentos de ordenamento territorial são submetidos à prévia apreciação pública.

2.Todos os cidadãos. comunidades locais e pessoas colectivas, públicas e privadas. têm o direito
de colaborar nas acções de ordenamento do território, participando na elaboração. execução,
alteração e revisão dos instrumentos de ordenamento territorial.

3. As comunidades locais, em articulação com os órgãos locais do Estado, participam na


elaboração dos instrumentos de ordenamento territorial, nos termos da legislação aplicável.

4. O direito de participação compreende o pedido de esclarecimento, a formulação de sugestões


e a intervenção pública.

5. As entidades públicas responsáveis por todo o processo de elaboração dos instrumentos de


ordenamento territorial, no âmbito das suas competências, devem divulgar publicamente todas
as suas fases.

Artigo 23- Garantias dos particulares

São reconhecidos a todos os titulares de direitos e interesses, inclusive os estabelecidos por


práticas costumeiras, que possam ser lesados por instrumentos de ordenamento territorial, as
garantias gerais dos administrados e, designadamente:

a) O direito de promover a respectiva impugnação nos termos regulamentares;


b) o direito de acção popular;
c) o direito de apresentação de queixa ao Ministério Público;
d) o direito de apresentação de queixa ao Provedor de Justiça.

Artigo 24- Dever de respeitar o ordenamento do território


25

A materialização das acções de desenvolvimento territorial tem de ser realizada de forma


responsável em termos ambientais, independentemente da origem financeira do investimento.

2.3.5. Capítulo V- Avaliação, monitorização e fiscalização

Artigo 25- Avaliação


Os relatórios de avaliação sobre o estado do ordenamento do território, respectivas articulações
e sobre o cumprimento dos instrumentos de ordenamento territorial. são apresentados até ao
final do último ano de cada legislatura, designadamente:

a) pelo Governo à Assembleia da República:


b) pelos governos provinciais às respectivas assembleias provinciais;
c) pelos administradores distritais aos respectivos governos distritais;
d) pelos presidentes das autarquias locais às respectivas assembleias.

Artigo 26- Monitoria


1. Para efeitos do artigo anterior, as entidades responsáveis pela monitoria da aplicação dos
instrumentos de ordenamento territorial, elaboram relatórios periódicos, fazendo o balanço da
sua execução e fundamentar a sua eventual necessidade de revisão.

2. O órgão que superintende a actividade do ordenamento do território é responsável pelo


acompanhamento, recolha e tratamento de informação de carácter estatístico, ambiental, social,
técnico e científico relevante, promovendo a criação e o desenvolvimento de um sistema
nacional de informação sobre o território, articulando-se aos níveis nacional, provincial,
distrital e municipal, nos lermos a regulamentar.

Artigo 27- Fiscalização


A fiscalização administrativa e ambiental das normas estabelecidas para a elaboração dos
instrumentos de ordenamento territorial é exercida nos termos da legislação em vigor.

2.3.6. Capítulo VI- Disposições finais e transitórias

Artigo 28- Medidas transitórias


1. Os planos existentes e outros de ordenamento do território continuam em vigor até que se
opere a sua recondução nos termos regulamentares da presente Lei.
26

2. Os planos e outros instrumentos de ordenamento do território em vigor à data da aprovação


da presente Lei, devem ser revistos nos prazos a estabelecer pelo Regulamento.

Artigo 29- Sanções


1.A inobservância das disposições legais para o ordenamento do território resulta em
penalidades administrativas e multas.

2. As sanções para garantir o cumprimento das obrigações estabelecidas na presente Lei são
objecto de regulamentação.

Artigo 30- Legislação complementar


Cabe ao Governo adoptar as medidas regulamentares necessárias à efectivação da presente Lei,
num período máximo de um ano.

Artigo 31- Entrada em vigor


A presente Lei entra em vigor noventa dias após a sua publicação.
Aprovada pela Assembleia da República, aos II de maio de 2007.
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim Mulémbwe.
Promulgada em 11 de julho de 2007.
Publique-se.
O Presidente da República, ARMANDO EMÍLIO GUEBUZA.

2.4.Código de postura da cidade de Nampula

2.4.1. Capítulo I- Disposições gerais

Artigo 1- Definições e conceitos

Código de Posturas ou simplesmente Código – é o conjunto de normas e regulamentos


jurídico-administrativos que regem, de forma geral, a conduta dos cidadãos e das diversas
entidades públicas e privadas sediadas ou com actividades na cidade de Nampula, cujas
disposições são de cumprimento obrigatório.

Artigo 2- Âmbito

O Presente Código de Posturas Municipal aplica-se aos cidadãos e às diversas entidades


públicas e privadas sediadas ou com actividades na cidade de Nampula.
27

Artigo 3- Classificação das zonas

a) Zona Urbana (ZU) – zona superlotada a manter, compreendendo o Bairro Central com
estrutura urbana consolidada e com totalidade de infra-estruturas e serviços municipais.
b) Zona Semi-Urbanizada (ZSU) – zona de expansão integrando às áreas planificadas de
Muhala Expansão, Muahivire Expansão, Nampaco, Muthita, Piloto, Bairro Novo, Marrere,
Natikiri, Natikiri II, Murrapaniua Expansão, Napipine Parcelamento, Namiepe, e outras a serem
planificadas pelo Conselho Municipal.
c) Zona não Urbanizadas (ZNU) – Zona critica a requalificar, compreendendo a maior parte
dos bairros de Namutequeliua, Muatala, Mutauanha, Murrapaniua, Napipine, Karrupeia e
Namicopo, assim como, as partes significativas dos restantes bairros peri-urbanos.
d) Zona Industrial (ZI) – Situada ao longo das duas margens da Avenida do Trabalho, Rua da
Unidade e o seu prolongamento até a barragem e as duas margens da Rua da França.
e) Zona Ferroviária (ZF) – Zona administrada directamente pelas autoridades dos Serviços
Ferroviários;
f) Zona Turística (ZT) – Zona de interesse turístico;
g) Aglomerados Urbanos Periféricos (AUP) – Zona situada para além das ZSI.
h) Zonas de protecção – as definidas pelos regulamentos respectivos de protecção.

2.4.2. Capitulo II- Urbanização

Secção I- Condicionantes ambientais

Artigo 4- Protecção ambiental nas zonas urbanas (UZ)


1.Os actuais ocupantes de terrenos na ZU deverão observar as orientações técnicas que forem
emanadas pelo Conselho Municipal, destinadas a suster a erosão, a proteger os solos e as
infraestruturas públicas e a mitigar danos ambientais sobre os recursos naturais.

2.Previamente ao uso e aproveitamento efectivo dos terrenos situados na ZU, conforme o


estabelecido nas respectivas licenças provisórias e/ou títulos de uso e aproveitamento, os novos
concessionários são obrigados a realizar as obras de protecção contra a erosão que lhes forem
indicadas pelo Conselho Municipal ou por lei.

3.As obras a que se refere o número 2 deste artigo são entre outras, as que forem definidas
casuisticamente como tais, a correcção dos declives de maior inclinação através da construção
28

de acessos para o trânsito de automóveis e peões, de forma a impedir a saída de solos para a via
pública.

Único: Serão sancionadas com multa de dois salários mínimos as transgressões das disposições
dos números anteriores, sem prejuízo de outras medidas previstas em legislação ou
regulamentos especiais.

Artigo 5- Protecção ambiental nas zonas semi-industrial (ZSI)

1.Na Zona de protecção (ZSI) estão proibidas novas ocupações para qualquer tipo de uso e
aproveitamento, sob pena de multa de três à cinco salários mínimos nacionais.

2.Após o estudo técnico ponderado e a realização de obras apropriadas para suster e evitar a
erosão, o Conselho Municipal poderá propor às instâncias competentes que parte ou partes da
ZSI deixem de ser consideradas zona de protecção.

3.Aos actuais ocupantes de terrenos situados na ZSI é interdito, sob pena da multa prevista no
nº 1 deste artigo, realizar novas construções, alterações às construções existentes ou
reconstruções bem como a abertura de machambas ou a remoção de solos para quaisquer fins.

Artigo 6- Protecção ambiental nas zonas ferroviárias (ZF)

1.A zona ferroviária, apesar de administrada pelas autoridades ferroviárias está sujeita aos
serviços urbanísticos do Conselho Municipal.
2.Os projectos e obras autorizados na ZF deverão ter aprovação e registo do Conselho
Municipal.
3.A construção e manutenção de obras de interesse comum, deverão ser acordadas entre as
autoridades da ZF e o Conselho Municipal.

Único: A transgressão do disposto no presente artigo é sancionada com multa de cinco salários
mínimos nacionais.

Artigo 7- Zonas de protecção parcial

1. Consideram-se zonas de protecção parcial:


2. A faixa de terreno até 100 metros confinante com nascente de águas;
3.A faixa de terreno no contorno de barragens e albufeiras até 250 metros;
29

4.Os terrenos ocupados pelas linhas férreas de interesse público e pelas respectivas estações,
com uma faixa confinante de 50 metros de cada lado do eixo da via;
5.Os terrenos ocupados pelas auto-estradas e estradas de quatro faixas, instalações e condutores
aéreos, superficiais, subterrâneos de electricidade, telecomunicações, petróleo, gás e agua, com
faixa confiante de 50 metros de cada lado, bem como terrenos ocupados pelas estradas, com
uma faixa confinante de 30 metros para estradas primárias e de 15 metros para estradas
secundárias e terceáreas;
6.Os terrenos ocupados por aeroportos, com uma faixa confinante de 100 metros;
7.A faixa de terreno de 100 metros confinante com instalações militares e outras instalações de
defesa e segurança do Estado.

Secção II- Uso e aproveitamento do solo

Artigo 9- Tipos de aproveitamento de solos

1. Por imperativos naturais, geográficos, económicos e sociais, o Plano de Estrutura da Cidade


de Nampula considera os seguintes usos e aproveitamentos do solo:
a) Transportes, comunicações e infraestruturas urbanas, aeroporto, caminhos-de-ferro, estradas,
distribuição de água, drenagem, esgotos, distribuição de energia eléctrica, e outros que venham
a ser considerados como tais;
b) Indústrias;
c) Comércio e serviços;
d) Habitação;
e) Turismo e laser;
f) Protecção ambiental e reserva,
g) Agro-pecuária;
g) Locais de culto.

2. O uso e aproveitamento do solo urbano será feito nos termos deste Código de Posturas e em
harmonia com o estabelecido na legislação em vigor sobre Terras, Ambiente e demais
legislações.

Artigo 10- Afastamentos das obras


30

1.O uso e aproveitamento do solo a que se destina cada terreno é aquele que estará definido no
Plano de Estrutura e dos respectivos planos parciais a serem aprovados pelo Conselho
Municipal, em conformidade com o artigo 20 da Lei nº 19/97 de 01 de outubro.

2.Sob cominação de multa de um salário mínimo nacional, podendo o infractor ser obrigado a
recomeçar tudo de novo, nas zonas não abrangidas pelo disposto no número anterior ou sem
regulamentação urbanística específica observar-se-ão os seguintes princípios:

a) o afastamento frontal da construção principal, deve estar no alinhamento de cinco metros


relativamente ao limite da vedação;
b) A distância lateral mínima entre a construção principal e o limite do talhão será de três
metros;
c) quando a construção principal não possua casa de banho interior, deverá ser construída
obrigatoriamente uma latrina separada da construção principal com um mínimo de dez
metros de distância;
d) é obrigatório a marcação de talhão, pelo menos através da plantação de espécies arbóreas,
arbustivas, sebes vivas e não espinhosas.

Secção III- Licenciamento e prazos de uso e aproveitamento do solo

Artigo 11- Competência para concessão de licença

O uso e aproveitamento do solo urbano da cidade de Nampula é autorizado pelo Presidente do


Conselho Municipal, nos termos conjugados dos artigos 62, n. 2, s) e 56 n. 1, l) da Lei 2/97,
de 18 de Fevereiro e ainda 23 da Lei nº 19/97, de 1 de Outubro, a requerimento do
interessado, vide a minuta em anexo 1.

Artigo 12- Licença para terrenos não habitacionais


O uso e aproveitamento de terrenos para fins não habitacionais só poderá ser licenciado pelo
Conselho Municipal, a quem tiver informação abonatória do órgão ou serviço competente para
o fazer, consoante a actividade pretendida.

Artigo 13- Titulo de uso e aproveitamento de solo


1.O título de uso e aproveitamento do solo só será passado a quem tiver realizado a actividade
prevista na licença provisória e dentro dos prazos nela definidos.
31

1.É permitido a um ocupante irregular de um terreno proceder a regularização da sua situação,


optando pela obtenção de uma licença provisória ou de um título de uso e aproveitamento da
terra, tendo em atenção ao previsto no nº 1 do art. 25 deste Código de Posturas.

Artigo 14- Proibição

O Conselho Municipal não emitirá licença provisória, nem título de um terreno a quem não
tenha feito o uso e aproveitamento de um outro terreno concedido anteriormente para os
mesmos fins, comprovado pela vistoria, nos termos do artigo 16 deste Código.

Secção IV- Prazos de uso e aproveitamento de solo e taxas de urbanização

Artigo 15- Prazos


1.Sob pena de caducidade da respectiva autorização, o prazo máximo para o início do uso e
aproveitamento de um terreno é de vinte e quatro meses, contados a partir da data do
licenciamento pelo Conselho Municipal, para pessoas nacionais e estrangeiras.
2.O ocupante do terreno licenciado pelo Conselho Municipal deve concluir a execução do plano
de uso e aproveitamento da área ocupada no espaço de vinte e quatro meses para pessoas tanto
nacionais como estrangeiras, contados da data de licenciamento, sob pena de caducidade desta
autorização.
3.O prazo de conclusão só poderá ser prorrogado uma única vez, por um período até doze meses,
a requerimento do concessionário, sujeitando-se apenas ao pagamento da taxa de tramitação.
4.Findo o prazo de prorrogação da licença, sem que a obra esteja concluída, o proprietário
poderá requerer a renovação da licença anualmente mediante o pagamento de uma taxa
correspondente a 50% do valor da licença até 10 anos.

Secção VI- Licenciamento das construções

Artigo 20- Licenciamento


1.A requerimento dos interessados, o Conselho Municipal autorizará as construções de carácter
definitivo, através da emissão de uma licença de construção, cuja minuta vai em anexo 2.
2.Somente os portadores da licença provisória ou de título de uso e aproveitamento de terra,
poderão obter junto do Conselho Municipal uma licença de construção.
3.A licença de construção será exigida ao concessionário, sob pena de multa de 800,00MT a
80.000,00MT, não só para obras novas como também relativamente as reconstruções,
32

alterações, ampliações, demolições e outros trabalhos que impliquem a modificação da


topografia, em conformidade com o 52 nº1 alínea a) do Decreto nº 2/2004 de 31 de março.

Artigo 21- Dispensa de licenciamento


1.Estão dispensadas de licenciamento as obras particulares:
2.De conservação, restauro, reparação ou limpeza, quando não impliquem modificação da
estrutura das fachadas;
3.No interior de edifícios ou de fracção autónoma, quando não impliquem modificações da
estrutura resistente, das fachadas, da forma dos telhados, das cérceas, do número de pisos, ou o
aumento do número de fogos.
4.São igualmente dispensados do licenciamento a execução de pavimentos, muros, e trabalhos
de ornamentação no interior dos terrenos particulares, vide artigo 4 do Decreto 2/2004 de 31
de março.

Artigo 22- Categorias de construções


Para efeitos de licenciamento, são estabelecidas pelo Conselho Municipal três categorias de
construções.

Categoria A: todas as construções definitivas cujo licenciamento obedece ao Regulamento


Geral de Edificações Urbanas e exige a observância da complexidade contida em cada projecto
de construção;
Categoria B: construções que devem possuir as seguintes características:

 Ter área não superior a 80m²;


 Ser de piso único;
 Não serem destinadas ao uso público;
 Não apresentarem vãos superiores a 9m2;
 Não apresentarem estruturas de betão armado.

Categoria C: construção precária, de carácter não permanente, que não carecem de licença
nem projecto de construção, mas exigem a concessão legal de um terreno, nos termos do artigo
11 do presente Código de Posturas.

Secção VII- Legalização de ocupações irregulares e de construções ilegais

Artigo 25- Ocupações irregulares


33

1.A requerimento do interessado, o Conselho Municipal poderá legalizar a ocupação irregular


de terrenos mediante o pagamento das respectivas taxas, desde que estes não se situem nas áreas
reservadas e não contrariem os planos de urbanização, nem sejam alvo de litígio.
2.Antes de legalizar qualquer ocupação, o Conselho Municipal mandará realizar uma vistoria
para confirmar os dados inscritos no pedido.

Artigo 26- Prazo para regularização da ocupação


1.Decorridos 60 dias após a citação para regularização da situação prevista no nº 1 do art.
anterior, o visado incorrerá na multa correspondente a três salários mínimos sem prejuízo do
pagamento de outras taxas inerentes à legalização de ocupação de terrenos.
2.O Conselho Municipal reserva-se ao direito de tomar a posse do referido terreno, decorridos
30 dias após o termo do prazo para o pagamento da multa referida no número anterior, sem que
ocorra a necessária regularização.

Artigo 27- Construções ilegais


1. O Conselho Municipal só poderá legalizar as construções ilegais do concessionário legal do
terreno, isto é, quem estiver na posse de licença provisória ou do título de uso e aproveitamento
correspondente à área do terreno em que a obra se situa, mediante a aplicação da multa prevista
no nº 3 do art. 20 do presente Código.
2. Antes de legalizar qualquer construção, o Conselho Municipal mandará realizar uma vistoria
para confirmar o título de uso e aproveitamento, os dados inscritos no pedido e obrigará o
requerente ao pagamento prévio das multas estabelecidas.

Único: Os processos documentais de legalização quer de concessão de terreno, quer de


construção, serão formados obedecendo as mesmas exigências.

Secção VIII- Ligação de redes de infraestruturas

Artigo 28- Ligação de água, energia eléctrica, telefone e outros


1. A ligação das redes de água, energia eléctrica, telefone e outros, só poderá ser efectuada em
construções devidamente licenciadas, depois de concluída a vistoria ao local.
2. A infracção ao número anterior dará lugar a multa de três salários mínimos com
responsabilidade solidária entre o proprietário/locatário da construção e empresa/serviço que
fizer a ligação.
34

3.A expansão da rede de água, energia eléctrica e/ou telefone para área não cadastradas, ou com
ocupantes em situação irregular, carece de um parecer de serviços técnicos competentes e de
uma observação prévia do Conselho Municipal.

Únicas: as ligações de infra-estruturas feitas pelas empresas EDM, FIPAG e TDM e outras, por
si ou suas representantes, em áreas não urbanizadas, são da responsabilidade do requerente, em
caso de requalificação das mesmas.

Artigo 29- Abertura de vias de acesso


A abertura de vias de acesso, mesmo que secundárias, deve obedecer aos traçados previstos nos
planos de urbanização e receber um parecer dos serviços técnicos competentes e aprovação
prévia do Conselho Municipal.

Único: O não cumprimento do presente artigo penaliza o infractor na multa de cinco salários
mínimos, agravados pela ordem de encerramento quando a sua permanência se mostrar
inadequada.

Artigo 30- Obras sobre a rede viária


Qualquer obra sobre a rede viária, seja de terraplanagem, regularização, pavimentação ou
resselagem, deve receber um parecer dos serviços técnicos competentes e aprovação prévia do
Conselho Municipal, sob pena da sanção prevista no artigo precedente.

Artigo 31- Obras de protecção


Os concessionários de terrenos confinantes com a via pública são obrigados a construir, manter
vedação e proceder outras obras de protecção contra a erosão, bem como realizar actividades
de manutenção que lhes sejam indicadas nas licenças respectivas.

Secção IX- Caducidade, Suspensão e Revogação da licença de uso e aproveitamento e de


construção

Artigo 32- Caducidade da licença do uso e aproveitamento do solo


A licença de uso e aproveitamento de um terreno, caduca, verificando-se as seguintes situações:

1.Se passados 90 dias após a tomada de conhecimento do despacho autorizando a concessão, o


requerente não tiver efectuado o levantamento da licença.
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2.Se passado dois anos (24 meses) após o levantamento da licença o concessionário não tiver
iniciado o uso e aproveitamento do terreno.
3.Quando tenha expirado o prazo previsto na licença para a conclusão do plano de uso e
aproveitamento do terreno e o concessionário não tiver requerido a sua prorrogação ou quando
esta prorrogação não tiver sido aceite.

Artigo 33- Caducidade e Cancelamento da licença de construção


A licença de construção caduca ou é cancelada pelo Conselho Municipal quando se verificam
as seguintes situações:

1.Sempre que tiver decorrido o prazo previsto no n. 1 do art. 15 do presente código;


2.Sempre que se verificar que o responsável da obra e/ou o empreiteiro estão deliberadamente
a desobedecer o estipulado no projecto aprovado, seja no que se refere a implantação no terreno,
seja no que diz respeito à construção.

Artigo 34- Suspensão da licença de construção


1.A licença de construção pode ser suspensa por período não superior a doze meses, a
requerimento devidamente justificado do titular.
2.A licença de construção pode ser suspensa por decisão unilateral da autoridade licenciadora
quando:

a) se se comprovar que as obras estão paralisadas por período superior a doze meses;
b) Se após notificação de abandono da obra pelo empreiteiro ou pelo técnico responsável, o
titular da licença não o substituir no período estabelecido;
c) se se verificar que o prosseguimento das obras pode trazer riscos a segurança dos futuros
utentes ou dos trabalhadores nela em serviço;
d) em caso de ocorrência de acidente grave na obra;
e) quando se verificar que as obras se desenvolveram fora do projecto previamente aprovado
pelo Conselho Municipal.
f) o Conselho Municipal levantará a suspensão, quando estejam resolvidas as razões que
levaram à suspensão.
g) as decisões de suspensão unilateral e de levantamento da suspensão devem ser notificadas
ao titular da licença e ter a forma de despacho exarado pelo Presidente do Conselho Municipal,
em conformidade com o art. 25 do Decreto nº 2/2004, de 31 de março.

Artigo 35- Revogação da licença de construção


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1.Licença de construção é revogada:


2.Automaticamente se o titulo do uso e aproveitamento da terra for revogado ou caducado;
3.Em virtude de decisão definitiva de embargo e demolição total das obras pelo Conselho
Municipal;
4.Se não forem sanadas as causas que determinaram a suspensão da licença, até 30 dias
contados da data da suspensão.
5.A licença de construção revogada será apreendida pelo Conselho Municipal ou por outra
entidade competente após notificação ao respectivo titular.

2.4.3. Disposições finais e transitórias

Secção I- Disposições gerais

Artigo 164- Ordem pública


1.Os munícipes em geral, todas as pessoas singulares ou entidades privadas e públicas sediadas
ou com actividade no território da cidade de Nampula, devem respeito e obediência às ordens
e instruções emanadas do Conselho Municipal, do Presidente do Conselho Municipal, dos
Vereadores e dos funcionários ou agentes devidamente autorizados, quando em serviço.

2.As entidades referidas no número anterior têm o direito de recorrer à força policial pública ou
municipal, quando tal seja inevitável para levar a bom termo o exercício das suas atribuições.

3.Todo o agente da autoridade policial em serviço no território da cidade de Nampula tem o


dever de colaborar com as entidades acima referidas, quando estes o solicitem para intervir no
sentido de fazer respeitar a Lei e a Ordem.

Artigo 165- Desobediência


O não acatamento de instruções e/ou ordens do Conselho Municipal e/ou dos seus membros,
funcionários ou agentes constitui crime de desobediência nos precisos termos do artigo 188 do
Código Penal, cabendo ainda multa de um salário mínimo nacional.

Artigo 166- Terrenos litigiosos


1.os terrenos em litígio, revertem á favor do Conselho Municipal, decorridos 45 dias sobre a
data da suspensão das licenças, sem que as partes alcancem consenso ou accionem mecanismos
legais para a resolução do caso.
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2.As acções interpostas em instâncias judiciais, para efeitos do número anterior deverão ser
comunicadas por escrito ao Conselho Municipal, nos cinco dias subsequentes à prática do acto
para a salvaguarda da sua não reversão nos termos do número anterior.

3.Os casos pendentes fora de juízo, que não tenham desfecho á data de entrada em vigor do
presente código, ficam sujeitos aos prazos e termos do nº 1 do presente artigo.

Artigo 167- Conversão das multas em trabalhos sociais

1.Nos casos de impossibilidade do pagamento da multa por parte do infractor, esta, poderá ser
convertida em trabalhos sociais, como forma de compensar a infracção.

2.A conversão da multa em trabalhos sociais, obedecerá a critérios morais, éticos, justos e de
boa fé, salvaguardando-se os conhecimentos devidos à profissão do infractor.

Secção II- Taxas, autos de infracção e casos omissos

Artigo 168- Taxas


1.As taxas a pagar pelas diversas licenças e pela prestação de serviços são apresentadas nas
tabelas em anexo.

2.As revisões dos valores das taxas mencionadas no número precedente deste Código, serão
propostas pelo Conselho Municipal e são objecto de aprovação pela Assembleia Municipal.

Artigo 169- Sujeitos passivos e activos nos autos de infracção


1.Os autos de infracção e os avisos de multas e mais procedimentos decorrentes da violação do
presente Código serão emitidos em nome do infractor, de preferência na sua presença. Quando
o infractor se apresentar em nome de uma entidade/instituição, os avisos poderão ser emitidos
em nome desse organismo;

2.São competentes para elaborar os autos e participações os Fiscais Municipais, os membros da


Polícia Municipal, os membros da Polícia da República de Moçambique em serviço na cidade
e credenciados para o efeito, os Directores e Chefes de Serviços do Conselho Municipal e os
Chefes dos Postos Administrativos Municipais.

3.São competentes para emitir os avisos das multas, o Presidente do Conselho Municipal,
Director da Fiscalização e os fiscais do Conselho Municipal.
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4.As autuações são feitas no acto da infracção ou mediante participação de testemunhas


oculares que comprovem a ocorrência da contra-ordenadora.

Artigo 170- Taxa de fiscalização

1.Ao valor da multa será acrescida a taxa de fiscalização na percentagem de 10%, destinada a
remunerar o agente autuante, após a cobrança de respectiva multa.

2.Nos casos de reincidência as multas serão sempre agravadas para o dobro do valor previsto
pela sanção, salvo disposição especial em contrário.

Artigo 171- Prazos de pagamento e reclamação de multas


As multas serão pagas na tesouraria do Conselho Municipal dentro do prazo máximo de 15
(quinze) dias. Dentro do mesmo prazo e querendo, o cidadão sancionado poderá reclamar ou
recorrer da multa, em requerimento dirigido ao Presidente do Conselho Municipal.

Artigo 172- Cobranças coercivas


1.Nos casos de não pagamento das multas, os processos serão remetidos ao Tribunal Judicial
ou ao órgão das Execuções Fiscais para julgamento e cobrança coerciva.

2.É permitida, nas multas de valor inferior a 1/5 de salário mínimo, a substituição do pagamento
do montante autuado pela prestação de serviços, sem direito à remuneração e por um período
de três dias, ao Conselho Municipal, que indicará a actividade a realizar pelo infractor.

Artigo 173- Graduação das multas


1.Quando os valores das multas previstas no presente Código de Posturas, excedam os
montantes das impostas pelo Estado sobre o mesmo objecto, prevalecem estes últimos sobre os
primeiros, em conformidade com o estatuído pelo 75 do Código Tributário Autárquico,
aprovado pela Lei n° 1/2008, de 16 de janeiro.

2.A graduação das multas, nos casos em que os respectivos montantes variam entre um valor
mínimo e um outro máximo, será feita pelos agentes previstos no número 3 do artigo 167 deste
código, os quais se guiarão pelos princípios gerais de justiça e de ética social, tendo em conta
as capacidades de solvência dos infractores.

Artigo 174- Casos omissos e esclarecimentos


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1. Os casos omissos serão resolvidos de acordo com os dispostos pela legislação em vigor sobre
a matéria omissa.

2. Por despacho do Presidente do Conselho Municipal, serão esclarecidas as dúvidas que


resultarem da interpretação das disposições deste código.
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3. Conclusão

Feita a abordagem do tema, chegou-se a conclusão que, é muito importante e que deveria ser
de interesse de todos que conheçamos as leis, pois é através delas que nos mantemo-nos
organizados, e que contribuem para que vivamos de boas formas na sociedade. No caso das
normas urbanísticas são entendidas como linhas orientadoras, que visa apoiar tecnicamente a
elaboração dos planos e estudos urbanísticos, ajudando a clarificar os conceitos neles utilizados,
a estabelecer os seus âmbitos e objectivos, e a alicerçar os princípios das suas metodologias,
formulações e avaliação.
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4. Bibliografia

BOLETIM DA REPUBLICA DE MOÇAMBIQUE. Lei nº 19.1997- lei de terra, de 7 de


Outubro dde 1997.

BOLETIM DA REPUBLICA DE MOÇAMBIQUE. Lei nº 19/2007- ordenamento territorial,


de 18 de julho de 2007.

Código de postura do conselho municipal da cidade de Nampula. Acesso via:


https://cmnampula.gov.mz/codigo-de-postura-muni/, aos 02/12/2021, pelas 14h:00.

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