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Assim como John Locke defendia a ideia de que o indivíduo humano nasce como uma folha

em branco e nela escreve conforme acumula experiências, a sociedade brasileira tem escrito
lamentáveis páginas no que tange ao combate à evasão escolar no país. Diante disso, é indubitável que
a omissão estatal colabora significativamente para a perpetuação dessa realidade, o que demonstra a
secundarização da educação no Brasil. Logo, esse entrave fundamenta-se não só na carência de
investimentos estatais na rede educacional, como também na existência de urgências econômicas e
sociais paralelas à continuidade dos estudos.
Vale ressaltar, primeiramente, que o poder público economiza esforços concernente ao
direcionamento de verbas públicas suficientes para promover o ensino público de qualidade, o qual é
garantido pela Constituição Cidadã de 1988, o que, por conseguinte, demonstra a inobservância
governamental. Segundo Paulo Freire - intelectual brasileiro - ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar possibilidades para a sua construção. Em contraste a esse pensamento, o Estado falha
enquanto principal agente provedor da educação para todos e de qualidade, já que sem infraestrutura
nas instituições de ensino para manter os estudantes, não é possível haver a transferência de
conhecimento para esses. Em consequência disso, os alunos não terminam seus estudos e não
conseguem ingressar no ensino superior, e, assim, serem capazes de produzir conhecimento de forma
autônoma. Desse modo, a universalização da educação não existe sem investimento público.
Deve-se abordar, ainda, que os indivíduos são submetidos a circunstâncias econômicas e
sociais, os quais se tornam mais urgentes que a continuação da vida acadêmica. De acordo com
Rousseau - filósofo iluminista - na juventude é necessário acumular sabedoria para fazer bom uso dele
no futuro. Contudo, uma parcela da população interrompe esse acúmulo de conhecimento devido à
necessidade de trabalhar para ajudar a família ou até mesmo devido à gravidez não planejada na
juventude. Sob tal ótica, o combate à evasão escolar se torna mais árduo nesses casos, dado que essas
pessoas não recebem assistência por parte do Estado, o que dificulta a mudança de vida pela
educação.
Fica evidente, portanto, que a negligência do Governo Federal potencializa esse entrave
educacional. Assim sendo, é papel do poder público, aliado ao Ministério da Educação, fazer a
fiscalização da destinação de verbas e dar assistência econômica e social para a população, por meio
do planejamento orçamentário livre de corrupção e bolsas de ajuda financeira familiar, que visem o
estímulo para o término da vida acadêmica pelos jovens. Isso tudo pode ser feito com o intuito de
mudar a realidade do país e da população com a educação ao atenuar a evasão escolar no país.

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