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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


SERVIÇO SOCIAL

CARMEM EUNICE SANTANA DA SILVA

O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CENTROS DE


REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS).

Parauapebas - Pará
2020
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CARMEM EUNICE SANTANA DA SILVA

O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CENTROS DE


REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS).

Trabalho individual apresentado ao Curso de Serviço


Social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná,
interdisciplinar 8º semestre.

Orientadores:

Parauapebas - Pará
2020
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SUMÁRIO

1. RESUMO
2. INTRODUÇÃO
3. TRAJETÓRIA DA PESQUISA
3.1 DESENVOLVIMENTO/METODOLOGIA DA PESQUISA
4. PERFIL DAS INTERLOCUTORAS
5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 O  SERVIÇO  SOCIAL  COMO  EIXO IMPORTANTE DA PESQUISA
5.2 A  ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL.
5.3 POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - PNAS.
5.4 PROGRAMAS SOCIAIS VINCULADOS À POLÍTICA DE  ASSISTÊNCIA
5.5 O DESMONTE DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO PROJETO NEOLIBERAL
6. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL DENTRO DO CENTRO DE
REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL-CRAS
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS
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SILVA, Carmem Eunice Santana da. O Trabalho do Assistente Social nos


Centros de Referências de Assistência Social (CRAS).

RESUMO

O trabalho do Assistente Social sempre foi uma das dimensões discutidas pela
profissão, tendo em mente a Política Nacional de Assistência Social na qual permite
a sua inserção nos vários espaços ocupacionais, destacando-se os Centros de
Referência de Assistência Social (CRAS). Diante disto este estudo de cunho teórico-
prático de caráter qualitativo foi desenvolvido objetivando conhecer o papel do
profissional  do Serviço Social dentro dos Centros de Referência de Assistência
Social. Seu objetivo específico é descrever como se dá a intervenção dos
profissionais do Serviço Social nesses espaços. As categorias que nortearam esse
estudo foram Serviço Social e Assistência Social. Contudo as estratégias voltadas
para as políticas sociais vem sofrendo diversas mudanças na qual há o aumento do
risco de maiores vulnerabilidades sociais onde já haviam sido contornadas
anteriormente, cabendo assim ao Assistente Social o escopo perante os anseios
sociais.

Palavras-chaves: Assistência, Social, Políticas.

ABSTRACT
The work of the Social Worker has always been one of the dimensions dis- covered
by the profession, bearing in mind the National Policy of Social Assistance in which it
allows its insertion in the various occupational spaces, highlighting the Social
Assistance Referral Centers (CRAS ). In view of this, this theoretical-practical study
of a qualitative nature was developed aiming at knowing the role of the Social
Service professional within the Reference Centers of Social Assistance. Its specific
objective is to describe how the intervention of Social Service professionals occurs in
these spaces. The categories that guided this study were Social Work and Social
Assistance.
However, social policy strategies have undergone several changes in which there is
an increased risk of greater social vulnerabilities where they had previously been
circumvented, thus giving the Social Worker the scope for social desires.

Keywords: Assistance, Social, Policies.


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2. INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) surgiu como uma


exigência do Curso de Serviço Social da Faculdade UNOPAR, para obtenção do
titulo de Bacharel em Serviço Social, visando discutir, aprofundar e apresentar
proposições acerca da atuação dos profissionais do Serviço Social no Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS).

O CRAS é uma unidade pública estatal descentralizada da política de


Assistência Social criado em 2004 com o objetivo de prevenir a ocorrência de
situações de vulnerabilidades e riscos sociais e intra-familiar nos territórios de
abrangência, com intuito de desenvolvimento de ações potencialmente para
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e da ampliação do acesso aos
direitos de cidadania. A partir da Constituição Federal de 1988 a assistência social
passou a ser direito do cidadão e dever do Estado. Entretanto o que se tem
percebido ao longo dos anos foi a contínua redução do investimento nas políticas
sociais(MDS, 2009).

De acordo com MIOTO E NOGUEIRA (2013), no Brasil o debate


instaurado em torno da profissão, e sobre a relação visceral entre Serviço Social e
política social, floresceu e aprofundou-se significativamente ao longo das duas
últimas décadas do século 20 e consolida-se no início do século 21 dando impulso
para conquistarem cada vez mais um amplo espaço para desenvolver seus
trabalhos.

A presença dos assistentes sociais no CRAS, enquanto profissionais que


buscam efetivar a garantia de direitos aos usuários, apresenta-se como elemento de
fundamental importância, pensando no acesso destes usuários à politica de
Assistência Social.

Entretanto, durante o percurso histórico da referida politica muitos


desafios incidem no processo de trabalho dos profissionais de Serviço Social no
CRAS, dentre eles, podemos citar: o primeiro- damismo; a falta de insumos e
recursos humanos; a má administração, mediante a gestão municipal e também na
própria instituição; como também os obstáculos enfrentados por esses profissionais
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no seu cotidiano de rotina de trabalho e; a forma de contratação dos profissionais,


pois uma parte considerável trabalha sob o regimento de seleções publicas e até
mesmo cargos comissionados.

No âmbito politico as perspectivas são de adensamento dos desafios


apresentados acima para os próximos anos, principalmente, considerando os
impactos da PEC 55/2016 aprovada em15/12/2016 tendo segundo o Senado
Federal o apelido de Novo regime fiscal, PEC do teto dos gastos públicos que
congelou os recursos destinados para os investimentos públicos em politicas sociais
por vinte anos. Com o advento do Governo Bolsonaro, o escopo se apresenta ainda
mais preocupante com o discurso de Estado Mínimo, defesa de terceirização e
reformas em áreas estratégicas. (GONCALVES, 2018).

O objetivo geral desta pesquisa consiste em compreender como se dá a


atuação dos profissionais do Serviço Social no CRAS. Por sua vez, tem como
objetivos específicos: identificar como as assistentes sociais do CRAS lidam com os
desafios propostos no seu cotidiano de trabalho e; analisar quais os principais
fatores que interferem na atuação dos referidos profissionais.

A pesquisa que deu base a este ensaio monográfico será de cunho


bibliografica, pois segundo (Gil, 2002), tem como objetivo aprofundar o
conhecimento sobre o tema proposto, e contribuir para o estudo, através da
pesquisa em livros, artigos científicos e legislações referentes ao tema. A pesquisa
bibliográfica permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos mais
amplos do que se pesquisasse diretamente.

Com base no exposto estruturei o presente trabalho em três capítulos. No


primeiro, busco apresentar o percurso metodológico empregado para realização
deste estudo. Já o segundo capítulo remete as principais construções teóricas e
discussões realizadas historicamente acerca das categorias de pesquisa do
presente estudo: Serviço Social e  Assistência Social.

No terceiro capítulo, remeto às falas dos entrevistados para tentarmos


compreender como se dá a atuação dos assistentes sociais no CRAS. Também
pretende-se identificar como as assistentes sociais do CRAS Praia do Futuro lidam
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com os desafios propostos no seu cotidiano de trabalho e analisar quais os


principais fatores que interferem na atuação dos referidos profissionais.

Por fim, nas considerações finais, retomo os objetivos da pesquisa,


apresento as principais compreensões e aponto possíveis contribuições que este
trabalho poderá trazer para discussões posteriores a respeito da atuação dos
assistentes sociais no CRAS.

3. TRAJETÓRIA DA PESQUISA

3.1. DESENVOLVIMENTO/METODOLOGIA DA PESQUISA

Como acadêmica, do Curso Serviço Social sempre tive o interesse de


querer saber mais sobre a atuação dos profissionais do serviço social principalmente
no CRAS com intuito ter conhecimento de como era o trabalho desenvolvido no
cotidiano deste profissional. Para atingir e atender aos objetivos a que este trabalho
se propôs, foi feito um estudo de pesquisa, sobre os profissionais do serviço social
residentes no CRAS e, sobretudo, se aprofundar no referencial teórico presente
nesta pesquisa, adotará como categorias; Assistência Social no âmbito de atender a
vulnerabilidade no CRAS; Serviço social a respeito de alguns pontos de reflexos ao
exercício profissional; E as condições adotadas no CRAS, para contribuir no
decorrer da pesquisa. Sendo o objetivo geral pesquisar como se dá a atuação
profissional do Assistente Social no CRAS; e o Objetivo específico analisar como se
dá a intervenção dos profissionais do Serviço Social neste espaço-CRAS, e por fim
identificar quais os principais fatores que interferem na sua atuação profissional.

Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa  na qual


se preocupa, com as ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 2001). O referido trabalho
configura-se como uma avaliação da atuação dos profissionais do serviço social
diante da assistência na instituição (CRAS). Com o intuito da incorporação de troca
de saberes para uma ampliação de conhecimentos entre ambas as partes.
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4. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capitulo tem como finalidade de referenciar a fundamentação teórica


que servirá como base para este estudo. Os conceitos descritos a seguir serão
utilizados para análise desta pesquisa sobre o problema em questão. Assim, durante
a pesquisa pôde-se explorar a revisão bibliográfica e, além dos resultados colhidos
na pesquisa em campo, onde se buscou a teoria para contribuir na conclusão do
presente trabalho. Ademais, conceitua-se acerca da atuação dos profissionais do
Serviço Social no CRAS, onde serão abordados para identificar os processos de
análise perante os objetivos escolhidos.

4.1. O  SERVIÇO  SOCIAL  COMO  EIXO IMPORTANTE DA PESQUISA

O Serviço Social é uma profissão que de acordo com CARVALHO (2009),


surgiu como uma forma de resposta as expressões da questão social em um
determinado período histórico. Já o significado social deve ser analisado perante o
processo de produção e reprodução das relações, sociais como um todo e, sua
institucionalização como profissão é explicada através das condições vivenciadas
nos processos sociais entre as classes antagônicas ou sejas pessoas que vivem em
grupos diferentes.

Ainda de acordo com CARVALHO (2009),

o surgimento da profissão se deu com a emergência da sociedade burguesa


que, com o desenvolvimento do capitalismo, trouxe como consequência o
aumento das desigualdades sociais e o acirramento das expressões da
questão social. É uma profissão que nasce articulada com um projeto de
hegemonia do poder burguês gestada sob o manto de uma grande
contradição que impregnou suas estranhas pois, produzidas pelo
capitalismo industrial, buscou afirmar-se historicamente na sua própria
trajetória se revelando como uma pratica humanitária, sancionada pelo o
Estado e protegida pela a igreja, com uma mistificada ilusão de servir.
(MARTINELLI, 2011, p. 66).

Segundo YAZBEK (2009), dessa forma, gradativamente, o Estado vai


impulsionando a profissionalização do assistente social e ampliando seu campo de
trabalho em função das novas formas de enfrentamento da  questão social. Esta 
vinculada com as política sociais vai interferir também no perfil da população-alvo
para a qual se volta a seção do serviço, que se amplia e alcança grandes parcelas
de trabalhadores; o  principal foco será nas ações assistenciais do Estado.
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Décadas depois, o movimento de reconceituação do serviço Social


objetivou construir a critica da profissão, aos seus pressupostos ideológicos, teóricos
e metodológicos e as  práticas profissionais vinculadas à caridade e ao positivismo. 
“A partir da crítica buscava-se uma referência distinta da qual orientava a profissão
até então, desde sua emergência, de cunho conservador, com objetivo de orientar e
redimensionar o exercício profissional do Serviço Social”. (KONNO, 2005, p. 7).

Segundo NETTO (2009), no Brasil, o esforço em rever as bases da


profissão teve três vertentes distintas: a perspectiva Modernizadora que propôs
algumas modificações no trabalho profissional, mas que na verdade assumiu um
viés conservador, buscando manter a ordem vigente adequando os indivíduos a ela.
A perspectiva de Reatualização do Conservadorismo, que propôs restaurar os
elementos da tradição conservadora e ainda carregava elementos da ideologia da
Igreja Católica. E fim, por fim, a perspectiva de Intenção de Ruptura, a mais
significativa, pois, ao contrario das outras duas, buscou romper com o
conservadorismo tradicional que a profissão vinha carregando ao longo dos anos e
propôs melhorias para a atuação profissional, com  mudanças na orientação teórica.

Segundo BARROCO E TERRA (2012), o Código de Ética atual é um


resultado do projeto ético político que nos últimos anos tem alavancado a
hegemonia no Serviço Social brasileiro, no interior de um desenvolvimento de
oposição e luta entre pensamentos e projetos profissionais e sociais. O ideário
socialista, que marca a sua gênese e representa o seu polo profissional mais crítico,
é representado no Código de Ética de 1993 nessa forma: “Opção por um respectivo
projeto profissional ligado ao processo de construção de uma nova ordem societária,
que não tenha dominação e nem exploração”.

Diante do discorrido é sabido que o código de ética respalda os


profissionais Assistentes Sociais através de atribuições privativas deste, intrínseco a
isso, vale ressaltar que durante o percurso de desenvolvimento deste estudo foi
percebido por intermédio das profissionais que na qual se disponibilizaram a
realização da conduta e objetivo deste, onde já foram citadas a cima, expondo assim
as atribuições que resguarda a profissão, sendo estas: I- coordenar, elaborar,
executar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de
Serviço Social; II- Planejar, organizar e administrar programas e projetos em
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Unidades de Serviço Social; III- Assessoria  e consultoria a órgãos da administração


pública direta e indiretamente, empresas privadas e outras entidades, em matéria de
Serviço Social; IV- Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações
e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; V- Assumir no magistério de Serviço
Social tanto a nível de graduação quanto a pós-graduação, disciplinas e funções que
exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI-
treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII-
Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e cursos de Serviço Social, de graduação e
pós-graduação; VIII- dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudos e
de pesquisas em Serviço Social; IX- elaborar provas, presidir e compor bancas de
exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para
Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço
Social; X- coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados
sobre assuntos de serviço social; XI- fiscalizar o exercício profissional através dos
conselhos Federal e Regionais; XII- dirigir serviços técnicos de serviço Social em
entidades públicas ou privadas; XIII- ocupar cargos e funções de direção e
fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da
categoria profissional; tais atribuições amparam a categoria profissional de forma a
viabilizar a tomadas de condutas adequadas inerentes à possíveis situações, o que
caracteriza esta como generalista.

Os fundamentos do trabalho do Serviço Social são entendidos aqui na


perspectiva das diretrizes curriculares (ABEPSS, 1996), ao consolidarem que a
intervenção do assistente social deve ser composta de três dimensões: teórico-
metodológica, ético-político e técnico-operativo. As referidas dimensões apresentam
níveis diferenciados de apreensão da realidade da profissão, porém são
indissociáveis entre sí, formando uma unidade, apesar de suas possíveis
particularidades (GUERRA, 2000).

A competência teórico-metodológica, técnico-operativo e ético-político são


requisitos primordiais que permite ao profissional colocar-se diante das situações
com as quais se defronta, vislumbrando com a compreensão os projetos societários,
seus vínculos de classe, e seu próprio processo e trabalho. Os fundamentos
históricos, teóricos e metodológicos são de suma importância para aprender a
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formação cultural do trabalho profissional e, em particular, as formas de pensar dos


assistentes sociais (ABEPSS, 1996, p.7)    

5.2. A  ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL.

Ao longo dos anos a história da política de assistência social teve uma


trajetória marcada por várias contradições, principalmente, em relação ao modelo de
assistência de forma caritativa de solidariedade religiosa, sendo direcionada aos
pobres, doentes e incapazes de se manterem. Na perspectiva caritativa a pobreza
não era considerada um problema social, mas sim um problema individual. Com a
Constituição Federal de 1988 e a promulgação da Lei Orgânica de Assistência
Social (LOAS) (LEI 8.742/93), a Assistência Social  passa a ser um dos
componentes fundamentais nas lutas para concretização das praticas de igualdade
e de justiça estabelecidas na Seguridade Social (CARVALHO,  2008).

Considerando o percurso histórico da política, em 1942 foi criada a


primeira grande instituição Federal de Assistência Social no Brasil, conhecida como
a Legião Brasileira de Assistência Social, (LBA). O presidente Getúlio Vargas cria
esta instituição como forma de legitimar seu governo através da tática do
assistencialismo como um mecanismo de dominação política. Ao colocar sua esposa
Darcy Vargas no comando dessa instituição, colaborou para que a assistência social
passasse a ser associada ao primeiro-damismo. Esse ato assegurou
estatutariamente à presidência da LBA às primeiras-damas da República, ocorrendo
a junção entre iniciativa privada e pública conformando assim a relação entre
classes subalternas e Estado. Porém, neste período, a Assistência Social como
sendo considerada ação social propriamente dita torna-se um ato de vontade e não
de direito de cidadania. Com objetivo de abrangê-la também às famílias que sofrem
em decorrência de calamidades, vinculou-se as situações de emergência à
Assistência Social, que perdura até os dias de hoje (SPOSATI, 2002) (TORRES, et
al. 2002).

Entretanto, de maneira geral, até a Constituição Federal de 1988, a


questão social era controlada através da coerção e da violência, os conflitos sociais
são reprimidos severamente, sendo vistos como caso de polícia. Nesse contexto, a
demanda social passa a ser atendida pelo binômio repressão x assistência, onde as
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ações assistenciais passam a ser utilizadas pelo aparato estatal como forma de
amenizar o estado de empobrecimento da população, em nome da segurança
nacional, evitando que os trabalhadores realizassem alguma mobilização. Com isso
o Estado procurou aliança com as elites, para ampliar a ação assistencial através de
programas, benefícios e serviços. Outro fator a ser observado é que as condições de
vida população continuaram as mesmas, a pauperização e a desigualdade social
ainda era grande, o que fez com que os trabalhadores e a sociedade de forma geral
começassem a lutar por melhores condições de vida, como também buscarem seus
direitos cidadãos e  burocráticos (FERREIRA, 2010 )

4.3. POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - PNAS.

A primeira Política Nacional de Assistência Social foi aprovada em 1998,


após cinco anos de regulamentação da LOAS, mas apresentou-se de forma
insuficiente. Somente passadas duas décadas da aprovação da LOAS (LEI
ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL) é que a Política Nacional de Assistência
Social foi efetivamente aprovada em 2004 (YAZBEK e  RACHELIS,  2010).

Em dezembro de 2003 por conta do CNAS (Conselho Nacional de


Assistência Social) foi realizada em Brasília/DF a IV Conferência Nacional de
Assistência Social. Nela se aprovou uma nova agenda política no que diz respeito ao
ordenamento da gestão participativa e descentralizada de assistência social no
Brasil. A Política Nacional de Assistência Social tem como princípios: A supremacia
do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade
econômica; Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da
ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas.

Esta política pública  explicita as diretrizes que vão efetivar a assistência


social como direito de cidadania e responsabilidade de Estado, possuindo um
modelo de gestão compartilhada, tendo suas atribuições e competências realizadas
nas três esferas do governo. Ela reafirma a necessidade de articulação com outras
políticas e indica que as ações a serem realizadas devem ser feitas de forma
integrada para enfrentamento da questão social (COUTO, YAZBEK e RAICHELIS, 
2010).  
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As supracitadas autoras, afirmam ainda que a intersetorialidade foi um


dos pontos mais importantes trazidos na PNAS, pois através da sua articulação com
as demais políticas visa-se o desenvolvimento de ações conjuntas destinadas ao
enfrentamento das desigualdades sociais existentes e identificadas em
determinadas áreas, além de realizar a proteção básica dos usuários. Com a junção
entre as políticas em torno de objetivos comuns passa-se a orientar a construção
das redes municipais. Observa-se a ampliação dos usuários da política de
assistência social, englobando agora não somente os usuários considerados
tradicionais, como também as pessoas mais pauperizadas, e pessoas que estão
desempregadas, ou  que se encontram no mercado informal de trabalho, pessoas
em situação de drogadição, entre outros.

Segundo TEIXEIRA (2009), a matricialidade sociofamiliar se dá na


atenção à família e seus membros, a partir do seu território de vivência com
prioridade àquelas mais vulnerabilizadas, sendo esta uma estratégia efetiva contra a
setorialização, segmentação e fragmentação  dos atendimentos, levando em
consideração o contexto familiar geral como unidade de intervenção; além do caráter
preventivo da proteção social,  visando fortalecer os laços e vínculos sociais de
pertencimento entre seus membros, de modo a romper com o caráter de atenção
emergencial e pós esgotamento das capacidades protetivas das famílias.

4.4. PROGRAMAS SOCIAIS VINCULADOS À POLÍTICA DE  ASSISTÊNCIA

Partindo do ponto de vista da matricialidade sociofamiliar e do impacto


que este termo traz para a sociedade, é possível firmar questões e reaver conceitos,
visto que se referido historicamente o Brasil de modo geral vem perpassando por
situações de altos índices de vulnerabilidade, na qual fez-se necessário intervenções
do Estado para possíveis reversão desta situação.

Sabendo desta realidade presente no quadro de vulnerabilidade social,


intrínseco às mudanças que acometeram a população por meio do tempo e de forma
governamental, surgiram programas e estratégias para harmonizar ou mesmo tentar
subverter o ambiente criado através da problematização política que a própria crise
construiu.
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Surgindo assim, através da ONG Instituto Cidadania liderada por Luiz


Inácio Lula da Silva no ano de 2001 o Projeto Fome Zero na qual foi elaborado por
uma equipe de especialistas e discutidas em âmbito nacional, e contou com a
contribuição de centenas de especialistas por mais de seis meses. Mas somente
entrou em vigor como política pública em 2003 no ano subsequente à posse da
presidência do então presidente da República;

O Projeto Fome Zero partiu de um diagnóstico de que o Brasil não teria,


até então, uma política geral de segurança alimentar e que a vulnerabilidade à fome
atingiria um contingente de 44 milhões de brasileiros isto é 27,8% da população. A
priori, o Projeto Fome Zero buscava reverter o problema de a insegurança alimentar
a partir da melhoria do nível de renda da população considerada pobre o que fez
emergir a distribuição de renda, uma vez que o problema da fome no Brasil está
muito mais relacionado com a insuficiência de renda do que, propriamente, com a
falta de oferta ou escassez de alimentos (MDS, 2010,  p.54).

O Fome Zero é também o Programa Nacional de Fortalecimento da


Agricultura Familiar (Pronaf) e o seu complementar, o Programa Nacional de
Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA). É o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE), a criação dos Restaurantes Populares e as cozinhas
comunitárias. Engloba, também, a construção de cisternas de captação de água da
chuva nas regiões do semiárido. Do Fome Zero faz parte, ainda, a iniciativa de
estabelecer as bases para uma legislação específica para o setor que preserve e
permita ampliar as conquistas. Essa é a importância da Lei Orgânica de Segurança
Alimentar e Nutricional (LOSAN), promulgada no ano do centenário de Josué de
Castro e que instituiu o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(SISAN) (LULA, 2010).

Atrelado a este programa surgiu em outubro de 2003 o Bolsa Família


programa de caráter assistencialista que tinha como objetivo o combate à pobreza e
a desigualdade social, tendo como característica forte a transferência de renda
condicionada sob a Medida Provisória 132 de 20 de outubro de 2003 e convertida
em lei e 9 de janeiro de 2004. Sua funcionalidade se deu da seguinte forma todos os
meses, as famílias atendidas pelo Programa recebem um benefício em dinheiro, que
é transferido diretamente pelo governo federal. Esse eixo garante o alívio mais
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imediato da pobreza, mas para que fosse possível o desenvolvimento deste as


famílias deveriam cumprir alguns compromissos (condicionalidades), que têm como
objetivo reforçar o acesso à educação, à saúde e à assistência social. Esse eixo
oferece condições para as futuras gerações quebrarem o ciclo da pobreza, graças a
melhores oportunidades de inclusão social (MDS, 2015).

A gestão do Bolsa Família é descentralizada, ou seja, tanto a União,


quanto os estados, o Distrito Federal e os municípios têm atribuições em sua
execução. Em nível federal, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) é o
responsável pelo Programa, e a Caixa Econômica Federal é o agente que executa
os pagamentos (MDS, 2015).

Devido ao êxito do programa Bolsa Família houve um esquecimento por


parte dos governantes a respeito do programa Fome Zero que aos poucos deixou de
existir.

Em meio a vulnerabilidade social faz-se necessário um sistema que


assegure o direito social dos indivíduos, sendo estas básicas e ou avançadas
estando relacionada à  Política de Assistência Social(PNAS).

E em 2005, é instituído o Sistema Único de Assistência Social – SUAS


descentralizado e participativo, que tem por função a gestão do conteúdo específico
da Assistência Social no campo da proteção social brasileira (MDS, 2015)

Consolida o modo de gestão compartilhada, o co-financiamento e a


cooperação técnica entre os três entes federativos que, de modo articulado e
complementar, operam a proteção social não contributiva de seguridade social[4] no
campo da assistência social. Em 6 de julho de 2011, a Lei 12.435 é sancionada,
garantindo a continuidade do SUAS.

O Sistema organiza as ações da assistência social em dois tipos de


proteção social. A primeira é a Proteção Social Básica, que viabiliza à prevenção de
riscos sociais e pessoais, através da oferta de programas, projetos, serviços e
benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social. A segunda
é a Proteção Social Especial, destinada a famílias e indivíduos que já se encontram
em situação de risco e que tiveram seus direitos violados por ocorrência de
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abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso de drogas, entre outros aspectos


destacando esta como proteção social de média complexidade, de outro modo
encontra-se a Proteção Social Especial de alta complexidade garantindo direitos de
proteção integral – moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para
famílias e indivíduos que se encontram em situação de violação de direitos.

Este avante dado à família na Política de Assistência Social é justificada


pelo reconhecimento da responsabilidade estatal de proteção social às famílias,
apreendida como “núcleo social básico de acolhida, convívio, sustentabilidade,
autonomia e protagonismo social e espaço privilegiado e insubstituível de proteção e
socialização primária de seus entes” (MDS, 2009, p.12) o que viabilizou ao governo
a oportunidade de criação de programas e órgãos que pudessem dar esse auxilio
para tais grupos. 

Dentro disso a Norma Operacional Básica – NOB-SUAS/2005 que


fundamenta e norteia princípios para a criação do SUAS, conceitua como
detalhamento as novas lógicas de organização, gestão e provisão no campo das
ações continuadas de Assistência Social. Dentre os elementos essenciais dessa
formulação, evidencia-se o território como base de organização do sistema, cujos
serviços devem obedecer à lógica de proximidade do cidadão e localizar-se em
territórios de incidência de vulnerabilidade e riscos para a população (BRASIL, 2005,
p. 43)

Diante deste contexto o território passa a ser considerado como base de


organização do  SUAS/2005, mas não basta tal constatação. Faz-se necessário
problematizar como esse conceito é compreendido, problematizado e utilizado não
apenas na Norma, mas em outros documentos oficiais que a subsidiam. Desta
forma, por exemplo, é possível extrair da seguinte citação, encontrada em um
documento destinado a difundir a Norma e a capacitar gestores de diferentes níveis
de gestão do  SUAS, uma primeira visão sobre como o território vem sendo
pensado:

O território representa muito mais do que o espaço geográfico. Assim, o


Município pode ser considerado um território, mas com múltiplos espaços
intraurbanos que expressam diferentes arranjos e configurações socioterritoriais. Os
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territórios são espaços de vida, de relações, de trocas, de construção e


desconstrução de vínculos cotidianos, de disputas, contradições e conflitos, de
expectativas e de sonhos, que revelam os significados atribuídos pelos diferentes
sujeitos (BRASIL, 2008, p. 54)

Tendo em mente todo esse arrojo conceitual que foram supracitados,


pode-se deferir que as Políticas Sociais representam uma forte razão para que estas
sejam viáveis para todos os grupos sociais, veiculando direitos e assessorando uma
construção de uma sociedade bem mais assistida.

4.5. O DESMONTE DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO PROJETO NEOLIBERAL

Para que seja possível um debate sobre o quadro atual que se encontra o
país mediante a Política Nacional de Assistência Social, é preciso que seja avaliado
o desenvolvimento do capitalismo, o papel do estado e das classes.

O ordenamento jurídico que sustenta a política de assistência social como


direito constitucional está intrínseco a um contexto de avanços do ideário neoliberal
que reduz gastos na área social que objetiva o desenvolvimento econômico. O
Estado, como pilar fundamental de sustentação do capital, assume a condução do
processo de redução dos direitos com a subordinação das políticas sociais à lógica
de estabilização econômica (FREITAS E SOUSA, 2019).

A Constituição Federal de 1988 reconheceu a assistência social como um


direito fundamental. O artigo 203 determina que “a assistência social será prestada a
quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”
(BRASIL, 1988). No artigo 204 encontram-se duas diretrizes da política de
assistência social, relacionadas à descentralização político-administrativa e à
participação da população e controle social.

O ideário neoliberal no Brasil tem sido responsável pela redução dos


direitos sociais e trabalhistas, manifestada no acirramento do desemprego estrutural,
na precarização das relações e condições de trabalho, e no desmonte dos serviços
sociais. No final da década de 1980 já podem ser observados no país os primeiros
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“sinais” do projeto neoliberal, com implicações no modo de produzir e viver


(FREITAS E SOUSA, 2019).

Partindo disso se estabelecem mecanismos de subordinação do Estado


ao mercado. Neste sentido, há uma ênfase na criação de elos do Estado com a
sociedade civil. Isso acaba refletindo nos princípios e na qualidade dos serviços e
programas prestados aos utentes, além de promover o desmonte da participação
social nos espaços de controle social.

Na concepção de SPOSATI (2005) sobre a realidade brasileira há “uma


regulação social tardia e frágil na efetivação dos direitos sociais, principalmente pela
vivência de processos ditatoriais agravados pela sua duração e travamento da
maturação democrática da sociedade” (p. 508).

Nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff é importante


salientar que houve uma redução expressiva da desigualdade social e avanços
sociais com a criação de alguns programas como o Bolsa Família. Entretanto, os
fatores de continuidade da política neoliberal vistos nos anos 1990 permaneceram
(MOTA, 2012). Ao abordar a política neodesenvolvimentista desses governos, afirma
que ao mesmo tempo em que cumpre tarefas democráticas, “A pobreza aparece
distanciada dos debates estruturais e é transformada num objeto técnico em si”. ( p.
181).

Com o golpe de estado de 2016, que culmina na destituição da presidenta


Dilma, o Presidente interino Michel Temer, na intenção de manter níveis econômicos
satisfatórios, para mencionar alguns dos retrocessos, aprova a Emenda
Constitucional do Teto dos Gastos (PEC nº 95/2016), que limita, por 20 anos a
ampliação dos gastos na área social, com o objetivo de garantir a “[…] conservação
e modernização da ordem capitalista”. (MOTA, 2012, p. 23).

Com a evolução da extrema direita, a expectativa de o Estado cumprir


sua responsabilidade de investir e ampliar os programas sociais se torna cada vez
mais distante. As medidas propostas pelo novo governo Bolsonaro possibilita a
ascensão dos interesses do capital e do empresariado, o que significará retrocessos
do ponto de vista social dificultando a concretização de serviços públicos de
qualidade que possam atender as reais necessidades da população, no que levará a
19

um progressivo retorno das desigualdades econômicas e sociais (FREITAS E


SOUSA, 2019).

A Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do IBGE, divulgados no fim de


2018, mostram que, entre 2016 e 2017, a proporção de pessoas pobres no Brasil
subiu de 25,7% para 26,5% da população: um aumento de 2 milhões. Já o grupo
dos extremamente pobres cresceu de 6,6% da população em 2016 para 7,4% em
2017, passando de 13,5 milhões para 15,2 milhões (IBGE, 2018).

Nesse contexto, é notório que as necessidades sociais não tem sido


prioridade da atuação estatal, e que se faz necessário propostas eficazes para a
solução de problemas econômicos e sociais. Baseado nisso, a institucionalização da
política de austeridade fiscal e o corte de gastos no orçamento público para áreas
sociais, impactam a forma como as pessoas se relacionam no mundo do trabalho e
no seu acesso a direitos.

Partindo desse pressuposto da viabilização ao mercado de trabalho vale


ressaltar pontos chaves sobre a terceirização do trabalho na qual interfere no âmbito
das relações humanas, econômicas, demográficas e sociais, além de dividir
opiniões. O mundo do trabalho traz consigo lutas e memórias para que na atualidade
hajam direitos e deveres iguais para os servidores afim de que a mão de obra seja
fácil e barata.

Neste contexto, a estratégia administrativa da terceirização do trabalho é


definida como a  transmissão de determinada quantidade de atividades que não são
ligadas ao objeto social da instituição e que poderiam ser executados diretamente
pelos trabalhadores contratados, mas são direcionados para outra empresa que irá
prestar serviços especializados. Merece destaque que não existe nenhum vínculo
trabalhista entre a empresa locatória e os trabalhadores terceirizados (DIEESE,
2003; GIOSA, 1997).

Embora as justificativas para empreender tal processo sejam várias


(ganhos de eficiência, flexibilidade e maior competitividade), observa-se que o único
parâmetro utilizado é a redução de custos. Por outro lado, as consequências para o
trabalhador são diversas: arrefecimento dos encargos trabalhistas e previdenciários,
20

redução de direitos, invisibilidade social e condições precárias de emprego (DRUCK;


BORGES, 2002; LEIRA; SARATT, 1995; SILVA; PREVITALI, 2013).

Tão logo iniciou o movimento do Governo em regulamentar a


terceirização do trabalho no Brasil, inúmeros estudos mostram que os projetos
criados estão longe de atender os debates sociais e principalmente os interesses
dos trabalhadores, que são os mais prejudicados com a precarização da labuta
terceirizada (SEKIDO, 2010).

Diante disto, faz-se necessário expor fatos para ampliar e atualizar o


debate acerca da terceirização do trabalho, mesmo quando se relaciona classes
distintas em termos espaciais, econômico, demográfico e social. Contudo, observa-
se que o momento é extremamente oportuno para tal elencamento, visto que
constitui assunto polêmico no cenário recente do Brasil.

5. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL DENTRO DO CENTRO DE


REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL-CRAS

O surgimento do serviço social no Brasil foi em resposta ao capitalismo no


contexto da expansão do papel do estado e no enfrentamento da questão social e
de suas mais variadas expressões. O Assistente Social contribui junto ao CRAS
como em qualquer outro órgão sob a observação do Código de Ética Profissional,
para o desenvolvimento humano, no âmbito pessoal, social e profissional, perante as
demandas apresentada pelos os usuários. (BRASIL, 2006).

Como se pode observar o Código de ética sinaliza no sentido de que o


Serviço Social deve pautar por ações que contribuam na intervenção e articulação
de políticas públicas e/ou sociais ofertando à sociedade ajuda no sentido de
defender os direitos indispensáveis à vida. Com relação à dimensão ética, esta é
apontada como fundamental, porém as questões apresentadas se dão numa
perspectiva aplicativa do sigilo e da relação com demais profissionais da equipe.
(BRASIL, 2006).

Trabalhamos no sentido de atender as demandas que são prioritárias,


desenvolvendo ações a fim de responder as questões pontuais e imediatas
da reprodução social dos sujeitos, por vezes não conseguimos construir um
projeto de “intervenção” que seja mais propositivo. É preciso ter clareza de
que os objetivos profissionais não são os mesmos que os objetivos da
instituição. (SANTOS, 2009, p, 286)
21

Partindo da premissa de que o Serviço Social tem como princípios


pautados em seu projeto ético político profissional o compromisso com a
consolidação da cidadania, o comprometimento na eliminação de todas as formas
de preconceito, estimulando assim o respeito às diferenças, à participação de
grupos socialmente discriminados. (BRASIL, 2006)

Posiciona-se a favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da


universalização do acesso a bens e a serviços relativos às políticas e
programas sociais; a ampliação e a consolidação da cidadania são
explicitamente postas como garantia dos direitos civis, políticos e sociais
das classes trabalhadoras. (NETTO 2006, p.16).

A atuação do Assistente Social não se baseia apenas na singularidade do


sujeito, mas também na “investigação-ação”, no processo da totalidade, estudando
ocontexto do usuário, englobando complexos menores e complexos maiores onde o
profissional vai ter um contato maior com o usuário em questão. (BRASIL, 2006)

Portanto, o (a) Assistente Social em sua intervenção profissional no


CRAS para com seus usuários deve atuar de forma a favorecer a emancipação,
fortalecendo a autoestima, autonomia, a ressignificação das relações sociais e
promovendo a superação da vulnerabilidade vivenciada, configurando assim o
usuário de seus serviços como agente transformador da própria realidade. (BRASIL,
2006)

É preciso ser claro que o Serviço Social é uma profissão que se constitui
no processo de produção e reprodução das relações sociais e tem como seu objeto
as diversas refrações da questão social, que é fundante para a profissão
(IAMAMOTO, 2001).

Sendo assim, os assistentes sociais devem superar as demandas postas,


e refletir em demandas potenciais, e sempre considerando o compromisso assumido
pela categoria em seu projeto ético-político. As competências têm que haver no
trabalho cotidiano dentro do CRAS, essa realidade precisa de um conhecimento,
priorizando ações que desenvolvam as seguranças afiançadas pela política de
assistência social. (BRASIL, 2006)

Conforme expresso no Art. 4° da lei de regulamentação da profissão, ou


seja, constituem competências do Assistente social:
22

I. Elaborar, programar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da


administração pública, direta ou indireta, empresa, entidades e
organizações populares;

II - Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que


sejam do âmbito de atuação do serviço social com participação da
sociedade civil.

III - Encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos,


grupos e à população, entre outras competências. (BRASIL, 1993, p,12)

Nessa perspectiva, a intervenção profissional na política de Assistência


Social deve afastar-se das práticas conservadoras que tratam os problemas sociais
como pessoais e devem ser resolvidos individualmente. Deve haver a materialização
dessas diversas dimensões interventivas, complementares e indissociáveis no
âmbito da Política de Assistência Social. A intervenção do profissional, aqui
apontada, implica enfrentar e superar vários desafios presentes hoje no âmbito da
Política de Assistência Social.

A intervenção profissional do assistente social pode ser caracterizada pelo


atendimento às demandas e necessidades sociais de seus usuários, que
podem produzir resultados concretos, tanto nas dimensões materiais,
quanto nas dimensões sociais, políticas e culturais da vida da população,
viabilizando seu acesso às políticas sociais (YASBEK, 2010, p, 8).

O Assistente Social no CRAS faz intervenções através de visitas,


entrevistas, encaminhamentos, reuniões, dinâmicas e fazendo uso de outras
ferramentas.

O profissional deve ter um bom relacionamento com o público que atende,


com a comunidade, deve conhecer seu território e principalmente saber trabalhar em
rede, articulando serviços e buscando melhorias em conjunto com outras áreas.
Deve responder as demandas garantindo acesso aos direitos assegurados na
Constituição Federal de 1988 e legislação complementar. É preciso entender
definitivamente como é o trabalho do assistente social, perante a assistência social.
Desse modo, percebese a assistência social como um conjunto de ações que visam
a atender as mais variadas demandas sociais, desmistificando-se e se afastando da
concepção de assistencialismo, caridade ou benevolência, que outrora era
carregado, transportando-se para a categoria de Direitos como juramentou a
Constituição 1988 que a amparou sob o tripé da Seguridade Social (VIEIRA, 2011).
23

Dessa forma entendemos que o (a) Assistente Social, atua no sentido de


possibilitar o acesso aos direitos conquistados e previstos em leis, através de
projetos e programas sociais. Conforme Monteiro (2011, p.4), [...] quanto articulação
com a rede”, limita o exercício profissional, contribuindo para ações pontuais.

Sendo assim, esse profissional deve ter um vasto conhecimento sobre as


diversas políticas e leis que protegem os diferentes públicos, pois trabalha com as
questões sociais que envolvem os direitos do cidadão dentro da família, do trabalho,
do desemprego, saúde e educação. Diante disto, entendemos que exige um
profissional, conforme Iamamoto (2009, p.25) “que tenha competência para propor,
para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de
trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais”.

Nas questões de âmbito das famílias, o assistente social é mais um


componente, pois sua contribuição, além de conter prerrogativas da tutela social,
tem propriedades correlacionadas com a participação da família no contexto social
e, principalmente, em questões da esfera de serviços públicos (PEDROSO, 2014).

É preciso entender que o assistente social é um profissional que trabalha


em prol da defesa de direitos das pessoas em sociedade e, por isso, atua de acordo
com suas propriedades profissionais. O Assistente Social deve sempre buscar
alternativas que possam contribuir com as condições de vida da população,
conhecendo e entendendo a situação em que estas vivem, para assim, poder buscar
alternativas condizentes as suas necessidades. Para isto é necessário que o
profissional esteja pautado no projeto ético político da profissão e no seu Código de
Ética (SOUZA, 2013).

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