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EAD

ATUALIZAÇÃO EM DIREITO DE
FAMÍLIA
PROF. Solange Guimarães
CONTATO: professorasolange1966@gmail. com

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EAD
Aula 1

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PROTEÇÃO DA FAMÍLIA NA CF DE 1988

A CF/88, conhecida também como Constituição


Cidadã, provocou uma profunda mudança de
paradigma no Direito de Família. A instituição
casamento cede espaço ao afeto. O princípio da
afetividade e do amor passa a figurar como a base
de todas as relações familiares, ao lado dos
princípios da dignidade da pessoa humana e da
personalidade.

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O artigo base de proteção á família na CF é o 226.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado.
(...) § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a
união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo
divórcio.
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Evidentemente as disposições constitucionais devem
ser interpretadas de modo a proteger as novas
formas de família hoje reconhecidas pela sociedade.
O STF nas suas recentes decisões tem feito a
interpretação de forma a atender os anseios da
maioria da sociedade, valorizando o afeto como
valor jurídico. E nisso reside um problema: a
resistência de conservadores e o preconceito de
parte da sociedade em admitir e aceitar as novas
formas de família e seus regulares efeitos.
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O novo Direito de Família , chamado de Direito de Família
constitucional busca exatamente isso: que o Direito de
família possa ter sua base nos princípios gerais
constitucionais: dignidade da pessoa humana,
liberdade,personalidade. O Afeto passa a ser a mola
mestra, não mais as meras convenções sociais. As
disposições a respeito do Direito de Família devem ter
interpretação ampla, a fim de permitir o máximo respeito
aos princípios constitucionais e ao afeto como valor jurídico.

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A MUDANÇA DE PARADIGMA
Desde que a legislação passou portanto, a atender
mais aos apelos da sociedade, muita coisa mudou e
muita coisa ainda vai mudar. A relação familiar
afetiva deve ser estimulada .O respeito às diversas
formas de convívio é imprescindível para a harmonia
de uma sociedade em desenvolvimento. As leis ainda
não acompanham plenamente esse desenvolvimento do
núcleo familiar, mas os tribunais têm tomado
decisões a fim de suprir a omissão legislativa.
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AS NOVAS FAMÍLIAS

Famílias Homoafetivas

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A Constituição protege a família por considerá-la base da
sociedade. As famílias homoafetivas, embora não protegidas
expressamente, existem, e não existem outras leis
infraconstitucionais que promova a competente proteção
dessa nova espécie de família.

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É preciso que se diga que princípios como o da
afetividade, da proteção de menores, idosos, da
liberdade, e da dignidade da pessoa humana são
também utilizados para nortear as relações
familiares, sejam estas estabelecidas entre membros
heterossexuais, homossexuais ou mesmo bissexuais.

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Nas bases da CF de 1988 a família passa a ser reconhecida
como família plural, sendo o aspecto socioafetivo seu principal
elemento. Uma entidade familiar pode ser formada por um
dos pais e seus descendentes, (famílias monoparentais).

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A união estável, reconhecida pela convivência pública e
duradoura é espécie de família, assim como a união
homoafetiva, que possui uma relação baseada no afeto entre
pessoas do mesmo sexo. Esta última, não expressamente
prevista nas espécies de família identificadas no art. 226 da
CF.

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,


nos termos desta Constituição;

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UNIÃO ESTÁVEL

A união estável é a união de pessoas que não têm


impedimento para casar, conforme disposto no artigo 1723 do
CC.

Já o concubinato é a união de pessoas impedidas de casar. A


diferença entre elas é que o concubinato não gera direitos de
família entre as partes, já que é considerada uma união ilícita.

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“EMBARGOS INFRINGENTES. UNIÃO ESTÁVEL.
RELAÇÕES SIMULTÂNEAS. De regra, não é viável o
reconhecimento de duas entidades familiares simultâneas,
dado que o sistema jurídico é regido pelo princípio da
monogamia. No entanto, em direito de família não deve
permanecer no apego rígido à dogmática, o que tornaria o
julgador cego à riqueza com que a vida real se apresenta.

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No caso, está escancarado que o de cujus tinha a notável
capacidade de conviver simultaneamente com duas
mulheres, com elas estabelecendo relacionamento com
todas as características de entidades familiares. Por isso,
fazendo ceder a dogmática à realidade, impera reconhecer
como coexistentes duas entidades familiares simultâneas.
Desacolheram os embargos, por maioria.” (TJRS, Quarto
Grupo Cível, EI 70013876867, Rel. Des. Luiz Ari Azambuja
Ramos, j. 10.03.06, por maioria)

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“In casu, o de cujus foi casado com a recorrida e, ao separar-
se consensualmente dela, iniciou um relacionamento afetivo
com a recorrente, o qual durou de 1994 até o óbito dele em
2003. Sucede que, com a decretação do divórcio em 1999, a
recorrida e o falecido voltaram a se relacionar, e esse novo
relacionamento também durou até sua morte. Diante disso, as
duas buscaram, mediante ação judicial, o reconhecimento de
união estável, consequentemente, o direito à pensão do
falecido.

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O juiz de primeiro grau, entendendo haver elementos
inconfundíveis caracterizadores de união estável existente
entre o de cujus e as demandantes, julgou ambos os
pedidos procedentes, reconhecendo as uniões estáveis
simultâneas e, por conseguinte, determinou o pagamento
da pensão em favor de ambas, na proporção de 50% para
cada uma. Na apelação interposta pela ora recorrente, a
sentença foi mantida.”

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Desse modo, entendeu-se que, no caso, a despeito do
reconhecimento, na dicção do acórdão recorrido, da união
estável entre o falecido e sua ex-mulher em concomitância
com união estável preexistente por ele mantida com a
recorrente, é certo que o casamento válido entre os ex-
cônjuges já fora dissolvido pelo divórcio nos termos do art.
1.571, § 1º, do CC/02, rompendo-se definitivamente os
laços matrimoniais outrora existentes.

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Destarte, a continuidade da relação sob a roupagem de união
estável não se enquadra nos moldes da norma civil vigente
(art. 1.724 do CC/02), porquanto esse relacionamento
encontra obstáculo intransponível no dever de lealdade a ser
observado entre os companheiros.” STJ, REsp 1.157.273/RN.
Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=((%27RESP%27.clap.+ou+%27RESP%27.clas.)
+e+@num=%2711572>.

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Com essas considerações, entre outras, a Turma deu
provimento ao recurso, para declarar o reconhecimento da
união estável mantida entre o falecido e a recorrente e
determinar, por conseguinte, o pagamento da pensão por
morte em favor unicamente dela, companheira do falecido.
Percebe-se que o STJ apresenta-se totalmente resistente à
ideia de que as famílias simultâneas devem ser protegidas
pelo direito, mantendo-se fiel ao dever de lealdade, fidelidade
e monogamia na formação da família.

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A FAMÍLIA EUDEMONISTA
Família eudemonista é aquela que, unida por laços afetivos,
busca a felicidade individual de cada membro da família.Tal
conceito se relaciona com o caráter instrumental da família,
que na concepção atual deixa de ser um fim em si mesmo
passando a ser um instrumento da felicidade individual e
emancipação de seus integrantes. A socioafetividade tem
papel relevante nessa espécie de família

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