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ÍNDICE

PREÂMBULO .................................................................................................................... 5
I CAPÍTULO ...................................................................................................................... 8
EXTENSÃO RURAL ......................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 8
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE EXTENSÃO RURAL E PAPEL DO
EXTENSIONISTA ......................................................................................................... 9
OBJECTIVOS DA EXTENSÃO (AGRÁRIA) ............................................................ 11
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE EXTENSÃO .................................................................. 11
O PAPEL DO EXTENSIONISTA ............................................................................... 12
PRINCÍPIOS ORIENTADORES PARA SUCESSO DO TRABALHO DE
EXTENSÃO ................................................................................................................. 13
SISTEMAS DE EXTENSÃO ....................................................................................... 16
SISTEMA DE TREINAMENTO E VISITA (T&V) ............................................... 16
MÉTODOS DE EXTENSÃO ....................................................................................... 18
VISITA À MACHAMBA/RESIDÊNCIA ................................................................ 19
PARCELAS DE OBSERVAÇÃO............................................................................ 20
REUNIÃO................................................................................................................. 21
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO .................................................................. 21
DEMONSTRAÇÃO PRÁCTICA ............................................................................ 24
ESCOLA NA MACHAMBA DO CAMPONÊS (EMC) ......................................... 28
PROCESSO DE DIFUSÃO E ADOPÇÃO DE TECNOLOGIAS............................... 33
COMUNICAÇÃO EM EXTENSÃO ........................................................................... 37
II CAPÍTULO ................................................................................................................... 42
AGRONOMIA .................................................................................................................. 42
A1: PREPARAÇÃO DA TERRA ................................................................................ 42
A2: TRACÇÃO ANIMAL ........................................................................................... 48
I. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE TRACÇÃO ANIMAL ............................................ 48
II. A CHARRUA DE AIVECA PARA TRACÇÃO ANIMAL ............................... 51
III. MANUTENÇÃO DA CHARRUA ..................................................................... 57
IV. FEITURA DE CANGAS.................................................................................... 63
V. MANUTENÇÃO DA CARROÇA DE TRACÇÃO ANIMAL........................... 70
A3: USO DE FERTILIZANTES .................................................................................. 73
I. ESTRUME E COMPOSTO .................................................................................. 73
II. APLICAÇÃO DE ESTRUME ............................................................................. 77

1
III. ADUBAÇÃO DE FUNDO ................................................................................. 79
III. ADUBAÇÃO DE COBERTURA ...................................................................... 81
A4: AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO.............................................................. 83
ANEXO I – CÁLCULO DE QUANTIDADE DE ADUBO POR HECTARE ............ 86
ANEXO II – COMO MISTURAR ADUBO SIMPLES PARA OBTER UM
COMPOSTO ................................................................................................................. 87
ANEXO III – GUIA PARA MISTURA DE ADUBOS ............................................... 89
ANEXO IV – COMPOSIÇÃO (aproximada) DE ESTRUMES e ADUBOS MAIS
UTILIZADOS (em percentagem) ................................................................................. 90
ANEXO V – QUADRO DE COMBINAÇÕES E DOSAGENS DE FERTILIZANTES
QUÍMICOS ................................................................................................................... 91
ANEXO VI – REMOÇÃO DE NUTRIENTES PELAS CULTURAS1) EM KG POR
HECTARE .................................................................................................................... 92
ZONAS AGRO-ECOLÓGICAS DE MOÇAMBIQUE ............................................... 93
PRODUÇÃO DE CULTURAS .................................................................................. 101
1. ARROZ ......................................................................................................... 102
2. MILHO ......................................................................................................... 114
3. MAPIRA ....................................................................................................... 117
4. MEXOEIRA ................................................................................................. 119
5. TRIGO .......................................................................................................... 120
6. MANDIOCA ................................................................................................ 121
7. BATATA RENO .......................................................................................... 126
8. FEIJÃO VULGAR ...................................................................................... 131
9. FEIJÃO-NHEMBA ...................................................................................... 133
10. GIRASSOL ................................................................................................... 134
11. GERGELIM.................................................................................................. 136
12. SOJA ............................................................................................................. 138
13. AMENDOIM ................................................................................................ 141
14. ALGODÃO .................................................................................................. 143
15. CAJU ............................................................................................................ 149
A5: ROTAÇÕES ........................................................................................................ 156
A6: SEMEAR A TEMPO ........................................................................................... 157
A7: POPULAÇÃO DE PLANTAS ............................................................................ 158
A8: SACHA ................................................................................................................ 160
A9: O MARCADOR DE LINHAS............................................................................. 161

2
A10: PULVERIZADORES E USO DE PESTICIDAS .............................................. 163
A11: COMO FAZER ALGUNS INSECTICIDAS CASEIROS ................................ 170
A12: SELECÇÃO DE SEMENTES ........................................................................... 171
A13: MEDIÇÃO DO DECLIVE DE UM TERRENO ............................................... 173
A14: MARCAÇÃO DAS CURVAS DE NÍVEL ....................................................... 175
O NÍVEL DE CORDA E O SEU USO .................................................................. 176
O PÉ- DE- GALINHA ............................................................................................ 179
A15: EROSÃO DO SOLO ......................................................................................... 183
A16: CONTROLE DA EROSÃO DO SOLO USANDO CERCAS VEGETATIVAS
VETIVER ................................................................................................................... 186
A17: CONSERVAÇÃO DE PRODUTOS ................................................................. 188
HORTÍCOLAS ............................................................................................................... 195
H1: PREPARAÇÃO DO VIVEIRO PARA HORTÍCOLAS ..................................... 195
ANEXO VII – NECESSIDADE EM SEMENTES E ÁREA DE VIVEIRO PARA UM
HECTARE .................................................................................................................. 197
H2: TRANSPLANTAÇÃO E ENDURECIMENTO DAS MUDAS ......................... 198
H3: PRODUÇÃO DAS HORTÍCOLAS DURANTE O VERÃO ............................. 202
BATATA-DOCE .................................................................................................... 202
BERINGELA .......................................................................................................... 204
COUVE FOLHA .................................................................................................... 205
INHAME................................................................................................................. 206
QUIABO ................................................................................................................. 208
PIMENTO ............................................................................................................... 209
PIRI-PIRI ................................................................................................................ 209
H4: AS HORTÍCOLAS DE INVERNO ..................................................................... 211
ALFACE ................................................................................................................. 211
ALHO ..................................................................................................................... 213
CEBOLA................................................................................................................. 214
CENOURA ............................................................................................................. 216
REPOLHO .............................................................................................................. 217
TOMATE ................................................................................................................ 219
ANEXO VII – TABELA DE UTILIZAÇÃO DE PESTICIDAS............................... 221
FUNGICIDAS ........................................................................................................ 221
INSECTICIDAS ..................................................................................................... 225
HERBICIDAS......................................................................................................... 233

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III CAPÍTULO ................................................................................................................ 240
PECUÁRIA..................................................................................................................... 240
P1: MANEIO E MANUTENÇÃO DO CURRAL ..................................................... 240
P2: CONSTRUÇÃO DE UM COMEDOURO .......................................................... 245
P3: TÉCNICAS APROPRIADAS PARA TRACÇÃO ANIMAL ............................. 248
P4: SUPLEMENTAÇÃO ANIMAL .......................................................................... 258
P5: CRIAÇÃO DE GALINHAS NO SECTOR FAMILIAR ..................................... 260
P6: COMO DETECTAR SINAIS DE BOA SAÚDE E DE DOENÇAS NOS
ANIMAIS ................................................................................................................... 267
P7: COMO RECONHECER A DOENÇA ................................................................. 269
P8 : DOENÇAS TRANSMITIDAS POR CARRAÇAS ............................................ 272
P9: ABCESSOS .......................................................................................................... 275
P10: DOENÇAS DOS OLHOS .................................................................................. 277
P11: DIARREIAS ....................................................................................................... 278
P12: DOSAGEM, CONSERVAÇÃO DE MEDICAMENTOS E VALIDADE ....... 280
IV CAPÍTULO................................................................................................................ 281
RECURSOS NATURAIS............................................................................................... 281
RN1: ESTABELECIMENTO DO VIVEIRO AGROFLORESTAL ......................... 281
RN2: COLECTA DE ÁGUA...................................................................................... 285
RN3: QUEIMADAS DESCONTROLADAS............................................................. 291
RN4: DEFLORESTAMENTO ................................................................................... 293
V CAPÍTULO ................................................................................................................. 294
ASSUNTOS TRANSVERSAIS ..................................................................................... 294
SINDROMA DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (SIDA)............................. 294
HIV/SIDA E AGRICULTURA .................................................................................. 297
GÉNERO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS................................................................ 302
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 306

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PREÂMBULO

Este Manual do Extensionista foi elaborado para consulta do extensionista. É composto


de 5 capítulos: o I, relativo a Extensão Rural procura fornecer ferramenta básica ao
extensionista para lidar com o público alvo; o II, III, IV e V capítulos tratam de temas
técnicos a disseminar relacionados com Agronomia, Pecuária, Recursos Naturais e
Assuntos Transversais, respectivamente. Para facilitar o extensionista na preparação das
sessões de treinamento, a maior parte dos conteúdos a disseminar são apresentados em
módulos (A, H, P e RN), cujo módulo pode ser uma sessão de treinamento ou pode ser
repartido por mais 2, 3 ou mais sessões de acordo com o tamanho do módulo e do tempo
disponível para cada sessão.

É uma tentativa de reunir o material de maneira coerente a fim de representar, para o


Extensionista, um instrumento de rápida referência, para os seus programas de treino com
os grupos de extensão. O manual trata os princípios básicos de agronomia, principais
culturas, alguns aspectos de pecuária, algumas doenças animais e compreende uma
secção aprofundada sobre a tracção animal e manutenção do equipamento do seu
equipamento, viveiro florestal e como melhor usar a água das chuvas.

Dada a sua importância, o manual dedica também atenção ao HIV/SIDA e assuntos do


género para dar ao extensionista alguma informação sobre estes temas de forma que ele
possa ser veículo desta temática junto das comunidades.

Maputo, Setembro de 2010

José António Gaspar


Director Nacional de Extensão Agrária

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FICHA TÉCNICA:

Título: Manual do Extensionista

Editor: José António Gaspar

Propriedade: Ministério da Agricultura, Direcção Nacional de Extensão Agrária

Data: Setembro de 2010

Local: Maputo, Moçambique

Registo Número: 6405/RLINNLD/2010

Colaboradores: José António Gaspar, Inácio T. Nhancale, Orlando Gemo,


Domingos Z. Madane, Teresa Nube, Norberto Mahalambe,
Custódio Mucavel, Alcinda Tembe Gaspar e Gabriel Maxhuza.

Contribuições: Instituto do Fomento do Cajú (INCAJU) e Ministério para a


Coordenação de Acção Ambiental (MICOA).

Direcção: José António Gaspar

Revisão: Albertina Alage e Ilídio Hele

Design Gráfico: ______________________

Produção: ____________________

Impressão: ________________________

Tiragem: 1000 Exemplares

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AGRADECIMENTOS
A edição deste manual é produto de esforço de vários colegas do trabalho. Cada um teve
a sua quota-parte para que, pela primeira vez, o extensionista tivesse um manual de apoio
que versasse sobre diferentes tópicos relacionados com tecnologias e informações a
transmitir e que ao mesmo tempo desse alguma ferramenta sobre o complexo campo que
é a Extensão Rural.

Apesar do esforço colectivo, especiais agradecimentos aos engos. Inácio Nhancale,


Orlando Gemo, Domingos Madane, Teresa Nube, Norberto Mahalambe, Custódio
Mucavel; aos drs. Gabriel Mahxuza e Alcinda Tembe Gaspar; ao Instituto do Fomento do
Caju (INCAJÚ) e ao Ministério da Coordenacção da Acção Ambiental (MICOA) pela
contribuição técnica que deram para a compilação deste manual. De referir o apoio da
drs. Albertina Alage e Ilídio Hele na revisão do manual e das Sras. Sara Nhantumbo e
Filomena Nhantumbo pela digitação do mesmo.

Finalmente, mas não o mesmo importante, meus agradecimentos à minha família pela
paciência que tiveram por lhes ter tirado horas e horas de convívio familiar porque a
compilação do manual foi essencialmente no período pós laboral.

O editor
José António Gaspar

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I CAPÍTULO

EXTENSÃO RURAL

INTRODUÇÃO
Porquê Extensão?
“Não podes aplicar hoje métodos de ontem e estar no negócio amanhã” é uma máxima
que se aplica tanto para economia de uma nação ou para negócios de qualquer grupo ou
indivíduo. A necessidade é mais óbvia para a economia rural, com a sua componente
maior de agricultura, para manter passo com as rápidas mudanças que é a característica
dos tempos modernos. Por outras palavras, o pessoal rural deve, de tempo a tempo, saber
e adoptar resultados úteis da investigação e também transmitir seus problemas aos
investigadores para encontrarem soluções.

Os investigadores não têm o tempo e nem estão preparados para o trabalho de persuadir
os aldeãos a adoptar métodos científicos e obter deles os problemas rurais. Por outro lado,
é impraticável para os milhões de produtores visitar as estações de investigação e
aprender sozinhas as coisas. Deste modo, é necessária uma agência para servir de ponte
entre os investigadores e os produtores, para jogar o papel duplo de interpretar para os
produtores os resultados da pesquisa (de tal maneira que eles aceitem a adoptem as
recomendações) assim como levar os problemas dos produtores para as estações de
investigação para solução. Esta agência é chamada EXTENSÃO e as pessoas gerindo
esta agência ou organização são chamadas de AGENTES DE EXTENSÃO.

Para equipar os prospectivos agentes de extensão para o seu trabalho é necessário que
eles sejam adequadamente treinados nas Instituições formais de Ensino. Assim,
concluimos que são essenciais três tipos de serviços inter-relacionados no processo de
desenvolvimento.

INVESTIGAÇÃO ENSINO

EXTENSÃO

Porque estudar Extensão?


Um provérbio inglês diz "para ensinar Latim ao John, é preciso não só saber Latim mas
também conhecer o John”.

8
Para ter sucesso, um extensionista não deve meramente saber o que ensinar mas também
como ensinar as pessoas. Por outras palavras, não basta que ele tenha conhecimentos
técnicos sobre o assunto mas deve ter a habilidade de comunicar com sucesso as suas
ideias às pessoas, tomado em conta os factores pessoais, sociais e situacionais. O
extensionista precisa compreender não só os seus programas e objectivos mas também os
actuais pensamentos nas mentes das pessoas com quem vive e trabalha. Ele precisa
compreender o que motiva as pessoas; porquê certas pessoas aceitam as novas ideias
mais rápido que outras, porquê certas pessoas procuram tomar a dianteira e outras
hesitam. Luz aparece em muito destas perguntas por conhecimentos acumulados pelas
ciências sociais

Este capítulo tem como objectivo apresentar aos utilizadores, de forma resumida,
assuntos que têm a ver com a extensão rural que podem facilitar o papel do agente de
mudança no meio rural. Tratamos aqui:
Os conceitos básicos sobre extensão
Os sistemas de extensão
Os métodos de extensão
O extensionista e suas tarefas
Comunicação em extensão
Processo de difusão e adopção de tecnologias

CONCEITOS BÁSICOS SOBRE EXTENSÃO RURAL E PAPEL DO


EXTENSIONISTA

Antes de falarmos da Extensão precisamos saber o que é Extensão.

É difícil definir Extensão porque


“A Extensão é organizada em diferentes maneiras de acordo com os objectivos que se
pretende alcançar”
(van den Ban & Hawkins, 1996).

Holandeses usam o termo voorlichting que significa “iluminar o horizonte” para


ajudar as pessoas a encontrar o caminho
Alemães usam beratung que significa “dar conselhos”
Austríacos falam em Forderung (furthering) que significa “estimulação”
Franceses dizem vulgarisation ressalvando a necessidade de “simplificar a
mensagem em benefício do homem vulgar”
Espanhóis usam capacitacion para mostrar a intenção de melhorar as “habilidades
pessoais” pelo treinamento

Extensão é um processo de educação não-formal através do qual extensionistas ensinam /


educam e inter-relacionam-se com os produtores com vista a melhorar a produtividade e
produção agrárias.

9
Extensão é o processo de ensinar a população rural como viver melhor através de
aprender formas de melhorar suas machambas, casas e comunidades.

Extensão é um sistema de educação fora da escola no qual adultos e jovens aprendem


fazendo

Extensão é um sistema muitas vezes organizado fora das salas de aulas formais

O conceito básico de Extensão é que ela é Educação.

Como se pode notar, o significado de Extensão pode ser diferente de pessoa para pesssoa,
mas nestas interpretações diferentes parece haver várias características comuns-

Extensão é um processo contínuo de transmissão de informações úteis à população


(a dimensão comunicativa) e sucessivamente de assistência a esta mesma população
na aquisição dos conhecimentos, capacidades e atitudes necessárias para utilizar
eficazmente esta informação ou tecnologia (a dimensão educativa)

A extensão, ou educação não formal, como por vezes é chamada, pode ser aplicada com
eficácia em projectos do tipo não agrários, tais como os de saúde rural, planeamento
familiar ou desenvolvimento comunitário. Neste capítulo estaremos mais inclinados à
extensão agrária.

O termo extensão rural restringe o âmbito e define as áreas de aplicação do processo de


extensão, portanto, ao meio rural.

Extensão é por outro lado um sistema cuja participação é voluntária e geralmente os


participantes são adultos

Extensão só pode ser bem sucedida quando as suas acções são dirigidas para responder as
necessidades reais sentidas pelo público-alvo (produtor).

Há tendência incorrecta da parte de alguns pensar que extensão rural equipara-se ao


termo transferência de tecnologia. A transferência de tecnologia inclui também o
fornecimento de factores de produção e prestação de serviços agrários. Além disso a
extensão tem que capacitar os produtores para a gestão e a tomada de decisões, pois a
nova tecnologia traz consigo uma maior exigência destas qualidades. A extensão rural
deve também ajudar a população rural a desenvolver qualidades de direcção e
organização, para melhor se organizar, participar em associações, sociedades de crédito, e
outras organizações de ajuda mútua, e participar mais plenamente no desenvolvimento da
sua comunidade. Embora muitas destas actividades contribuam para o processo de
transferência de tecnologias, nem todas elas podem ser inclusas nesta função. Portanto,
embora a extensão rural seja uma parte essencial e fundamental do processo de
transferência de tecnologia (dando a conhecer aos produtores a tecnologia avançada e a
maneira de utiliza-la), os dois termos não são sinónimos.

10
OBJECTIVOS DA EXTENSÃO (AGRÁRIA)
O principal objectivo da extensão é o desenvolvimento da população. Mais
especificamente falando os seguintes são os objectivos gerais ou funções da extensão.

Assistir a população a descobrir e analizar os seus problemas, suas necessidades


sentidas e não sentidas
Desenvolver liderança entre a população e ajuda-la na organização de grupos para
resolver seus problemas
Disseminar informação baseada na investigação e / ou experiência práctica, de tal
maneira que a população a aceitaria e a poderia pôr em práctica.
Manter, de tempo a tempo, os investigadores informados dos problemas dos
produtores para que eles possam oferecer soluções baseadas na investigação
necessária.
Contribuir para a segurança alimentar e aumento da renda familiar
Promover uma agricultura sustentável
Influenciar a mudança de atitude
Induzir o desenvolvimento
Incrementar a qualidade de vida no meio rural

Os maiores objectivos da Extensão podem também ser categorizados como se segue:


1. Material – aumento da produção. Aumento da renda
2. Educacional – mudança das pessoas na maneira de pensar ou desenvolver
indivíduos
3. Social e cultural – desenvolvimento da comunidade

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE EXTENSÃO


Extensão trabalha com as pessoas e não para pessoas (apresenta factos, fornece
informação, possíveis soluções e encoraja a tomada de decisão)
Extensão satisfaz as necessidades dos produtores e da organização (segue as
políticas da organização e satisfaz as necessidades do público-alvo)
Extensão é o elo de ligação (apta tanto a receber como a dar, faz a ponte entre a
investigação e o produtor)
Extensão coopera com outros parceiros (fornece informação sobre outros serviços
ajudando o produtor a tomar decisões acertadas. Deve trabalhar em estreita
ligação com outras organizações que prestam serviços essenciais aos agricultores
e às suas famílias)
Extensão é um sistema integrado de desenvolvimento (trabalha com todos
problemas existentes na comunidade, sem destacar a saúde, a educação, a agro-
pecuária ou a juventude, dentro de um gradualismo correcto e realista)
Extensão trabalha sempre com problemas existentes no meio rural (Não deve
imaginar problemas que não existem)
Extensão trabalha junto de diferentes grupos de beneficiários (A extensão
reconhece que nem todos os agricultores duma zona terão os mesmos problemas)
O que um extensionista faz pelas pessoas é mais importante que o que faz para as
pessoas

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REQUISITOS PARA O ESTABELECIMENTO DE UM SERVIÇO DE
EXTENSÃO
Existência de tecnologia adequada (para as condições edafo-climáticas)
Existência de informação útil para o extensionista
Existência de uma estrutura organizacional e administrativa especializada.
Existência de uma legislação e/ou mandato oficial que autorize o exercício da
actividade de extensão
Existência de problema crítico na comunidade (fome, erosão, pobreza)
Estas são algumas condições que justificam a organização de um
serviço de extensão

AGENTES DE MUDANÇA COMO AGENTES DE EXTENSÃO


Extensionista, supervisores, técnicos ramais, oficiais de tecnologias, formadores,
pessoal de comunicação, organização de produtores, planificação, monitoria e
avaliação e chefia
Dirigentes políticos, religiosos, tradicionais
Professor
Enfermeiro
Técnico e outros

Todos se qualificam como agentes de extensão quando contribuem para o sucesso


dos serviços de extensão

O PAPEL DO EXTENSIONISTA

Organização promotora
da
mudança

Necessidades
Fluxo de
dos clientes e
inovações para os
retro- Extensionista
clientes
alimentação

Sistema social
(Produtores)

PAPEL NA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS


Desenvolver/programar as necessidades para a mudança
Estabelecer uma relação de troca de informações
Diagnosticar os problemas dos produtores
Criar desejo/intenções/vontade para uma mudança no seio dos produtores
Traduzir intenções em acções reais
Estabelecer adopção e prevenir desistências
Atingir uma relação terminal

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Tarefas e Funções do Extensionista

ESSENCIAIS

TAREFAS DO
EXTENSIONISTA

INCOMPATÍVEIS
COMPLEMENTARES

Essenciais
• Motivar/animar o produtor
• Educar adulto/jovem
• Disseminar informações úteis (tecnologias, mercados)
• Formular métodos e conteúdos de extensão
• Apoiar produtores na solução dos seus problemas
• Planificar programas/actividades de extensão
• Avaliar programas de extensão

Complementares/suplementares
• Fornecer insumos
• Apoiar na comercialização e conservação de excedentes agrícolas
• Em coordenação com a investigação, implementar experimentações agrárias
• Expandir infra-estruturas de interesse para os produtores

Incompatíveis
• Exercer papel de fiscalizador dos produtores (sanidade, florestal)
• Conceder e/ou cobrar créditos
• Entre outras

PRINCÍPIOS ORIENTADORES PARA SUCESSO DO TRABALHO DE


EXTENSÃO
Para o sucesso do serviço de extensão e do extensionista, aqui se apresentam alguns
princípios de orientação para o extensionista ou o que ele deve e não deve fazer no seu
ambiente de trabalho.
Pretende-se, com estes princípios contribuir para a melhoria da acção do extensionista no
seu trabalho com o camponês.

13
O que um extensionista deve fazer
1. Conhecer/dominar a sua profissão (teoria e prática): requer concentração. Evitar
espalhar-se, evitar saber tudo, pois quem diz que tudo sabe é porque não sabe
como deve saber isso que ele diz que sabe. Saber não significa necessariamente
saber tudo, mas saber quem sabe
2. Estudar as condições e práticas locais incluindo a cultura da população:
exercício contínuo e permanente, mas fundamental no começo. Conhecendo a
situação é fácil desenhar um programa que responda à realidade (numa extensão
de resposta);
3. Manter os compromissos marcados/assumidos com os camponeses: salvo por
motivos de força maior, e, nessa altura, providências terão de ser tomadas para
cobrir a lacuna;
4. Apresentar-se e explicar os objectivos da visita: ao visitar a comunidade,
especialmente nos primeiros contactos;
5. Fixar caras e nomes: procurar conhecer cada membro da comunidade que assiste
entanto que pessoa. O seu nome, é uma canção que qualquer um gosta de ouvir
6. Cumprimentar todas pessoas que conhece (esteja onde estiver), faz parte das
boas maneiras
7. Amar e estar sinceramente interessado pelo bem-estar da comunidade: amar é
obrigação não é opção e amor é língua que não precisa de tradução;
8. Identificar-se com as pessoas tanto quanto possível
9. Ser informal e delicado, não ser demasiado efusivo, nem demasiado reservado. O
extensionista tem que ser uma pessoa que procura ser equilibrada
10. Desenvolver a arte de saber ouvir (rápido a ouvir mas lento a opinar). Não é um
exercício fácil, mas uma vez tornado hábito, é um investimento que só dá lucros;
11. Usar a língua local e linguagem simples. Isto facilita a comunicação. O
importante não é falar língua estranha ou falar difícil mas é o resultado que se
obtém;
12. Começar com necessidades simples e comuns que podem ser facilmente
satisfeitas (para ganhar confiança). Pensar grande é bom e necessário, mas é
prudente começar pequeno, quando as condições não permitem o contrário;
13. Se descobrir que errou, admita o erro, se for ignorância aceite a sua ignorância
14. Insistir que os representantes das comunidades ou grupos, tomem parte no
processo de elaboração, execução e avaliação dos planos a nível das comunidades
15. Usar líderes locais e cooperar com todas pessoas e organizações que trabalham
para o desenvolvimento da comunidade;
16. Procurar estender os benefícios da extensão a todos os grupos e indivíduos (não
só a amigos, mas também aos desfavorecidos, mulher, jovens, escolas, antigos
combatentes, militares. O que importa é para cada caso definir muito bem o seu
grupo alvo;
17. Saber acomodar novas ideias ou introduzir correcções ao programa (diálogo):
sentar e conversar, conversar não para vencer mas para convencer
18. Ter um sistema de valores muito forte (o extensionista, deve assinar um
memorando de entendimento CONSIGO PRIMEIRO,). Costuma-se dizer que a
ocasião faz o ladrão.

14
19. Manter o registo das visitas e, logo depois, enquanto a memória estiver fresca.
20. Ser proactivo

O que um extensionista não deve fazer


1. Não começar com promessas de falsos benefícios, ou sem segurança de as
satisfazer.
2. Não criticar, queixar-se, LAMENTAR ou condenar. Um profissional não
critica, trabalha. Antes de se queixar ele deve cumprir com as obrigações.
3. Evitar argumentos. Argumento é típico de quem pouco ou não trabalha.
4. Não tentar mostrar que as ideias são suas (valorizar as boas sugestões oriundas
da comunidade).
5. Não corrigir o colega ou criticar um subordinado na presença dos camponeses
6. Não manipular o grupo, ou aproveitar-se da fragilidade de um ou outro para tirar
benefício próprio em detrimento do que foi conjuntamente estabelecido. Notar
que a manipulação é uma das grandes causas dos problemas no mundo
7. Não procurar levar protagonismo, esteja por trás assessorando.
8. Nunca deixar coisas a meio ou despachadas (o que quer que faça, faça-o com
dedicação, da melhor forma possível (isto inspira confiança do grupo alvo)
9. Não usar métodos compulsivos ou autoritários (autoritarismo puro não resolve
os problemas. Usar métodos educativos, fazer combinação de métodos para
produzir melhores resultados. É preciso saber induzir, demonstrando!
10. Não dar nada de graça, excepto os serviços (reduz o hábito de estender a mão
pedindo, pois gera dependência)
11. Nunca mostrar insegurança diante do camponês (insegurança não é o mesmo que
ignorância). Se não tem certeza dum assunto não invente
12. Nunca estar à margem da lei ou pretender pôr a lei nas costas, mas deixar que a
lei o conduza. Não deve ter pena da lei ou tentar ajudar a lei (lei pode também ser
aquele acordo verbal ou escrito – de preferência, que assinamos, as regras de jogo
que estabelecemos com os camponeses.)
13. Não tentar resolver os problemas dos camponeses mas somente ajudá-los a
resolver (não dar peixe mas ensinar a pescar). Extensão é um trabalho com e
nunca para (o que pressupõe que só há quem recebe e só há quem sabe e por isso
só dá aos que não sabem)

Muitas vezes o sucesso do extensionista depende de:


• Esforço/frequência em contactar os produtores;
• Orientação das suas actividades para as necessidades dos produtores;
• Compatibilidade dos seus programas com as dos produtores (sistema
centralizado/descentralizado);
• Homogeneidade (identificação) com os produtores;
• Sua credibilidade no olho dos produtores;
• Coordenação existente entre o extensionista e produtores de contacto / líderes
comunitários (opinião);
• Capacidade/habilidade crescente que o produtores vão ganhando na avaliação das
inovações entre outros factores.

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SISTEMAS E MÉTODOS DE EXTENSÃO

SISTEMAS DE EXTENSÃO
• Sistema para produtores em geral
• Extensão baseada no ministério
• Treinamento e Visita
• Projecto integrados
• Extensão baseada na Universidade
• Animação rural
• Sistema para produtores específicos
• Empresas de fomento de culturas específicas
• Extensão como negócio
• Extensão baseada e controlada pelo cliente
(Nagel, 1984)

SISTEMA DE TREINAMENTO E VISITA (T&V)


Este sistema respeita duas exigências fundamentais:
– Treinamento permanente de extensionistas e
– Visitas periódicas e regulares destes aos agricultores num esquema fixo

O sistema é ríspido, tem sete regras:


– Supervisão apertada dos agentes de intervenção
– Serviço unificado e linha única de autoridade
– Apoio preferencial aos camponeses de “contacto”
– Obtenção de êxitos imediatos
– Optimização dos recursos disponíveis
– Ligação permanente a investigação
– Concentração de esforços

Características do Sistema de Treinamento e Visita (T&V)


Principais atributos T & V original T & V modificado
Grupos / extensionista 8 (fixo) 16 (flexível)
Camponeses / Grupo 25-30 12-15
Formação Quinzenal Flexível
Comunicação Top down Participativa
Prioridade de intervenção Produção de culturas Sistemas de produção

Nº pré-determinado de famílias / extensionista (200 a 240)


Supervisão regular para cada nível de organização
Extensionistas especialista em comunicação,
Programas de extensão centrados nas culturas dominantes

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Extensionista trabalhando com camponeses de contacto que devem difundir as
novas praticas na zona
Cada grupo de camponeses visitados periodicamente, (de 15 em 15 dias) e no
mesmo dia da semana
Extensionistas recebem formação continua, em serviço, para assegurar com êxito
o plano de actividades,
O serviço de extensão apoia-se nos resultados da investigação depois de
comprovados nas condições reais e especificas do grupo-alvo,
Extensionistas apoiados por técnicos ramais.

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MÉTODOS DE EXTENSÃO
Contactos
Individuais

Principais métodos
de Extensão

Contactos Contactos
de Massas de Grupo

Métodos Individuais
Quando se actua sobre um camponês ou uma família camponesa
• Visita a machamba/residência
• Visita ao escritório
• Chamada telefónica
• Cartas pessoais/correio electrónico
• Contactos informais/casuais
• Parcelas de observação

Métodos de Grupos
Quando se actua sobre um grupo de camponeses
• Reuniões (organização, planificação, formação, interesse especial, comunitária)
• Demonstração de resultados (Campo de Demonstração de Resultados ou CDR)
• Demonstração prática (DP)
• Escola na Machamba do Camponês (EMC)
• Excursões e visitas de estudo
• Dias de campo
• Dias do agricultor
• Conferências/seminários

Métodos de Massas
Quando se pretende influir um grande número de camponeses
• TV, Vídeo, Rádio (públicas e comunitárias)
• Campanhas multimédia
• Material escrito (jornais, revistas, cartazes, brochuras)

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• Quadros e exposições
• Fotografias
• Material projectado (cinema, slides)
• Feiras e outros

VISITA À MACHAMBA/RESIDÊNCIA
Objectivo:
1. Obter e/ ou dar informação em 1ª mão de assuntos relacionados com agricultura
ou domésticos
2. Dar conselhos ou ajudar a resolver um problema específico ou ensinar
habilidades, etc.
3. Criar interesse naqueles não atingidos por outros métodos
4. Seleccionar líderes locais, demonstradores ou os que possam cooperar
5. Promover boas relações públicas
6. Contribuir para fortalecer a extensão ou facilitar os seus programas

Como preparar:
1. Planificar
2. Determinar o resultado
3. Preparar e reunir o material
4. Analisar e colher informações
5. Combinar hora e data
6. Elaborar o guião

Cuidados a ter:
1. Estimular e não influenciar
2. Interessar-se pelo trabalho do visitado
3. Interpretar as perguntas feitas
4. Tentar solucionar os problemas postos
5. Reconhecer o fim da visita
6. Auto avaliar-se

PRINCIPIOS ou PROCEDIMENTOS A SEGUIR:


1. Planifica onde visitar
a) Considera métodos alternativos que podem ser usados
b) Decide se as visitas são principalmente para ensino directo ou são para
aumentar a eficiência dos métodos de grupo ou de massas
2. Clarifica o objectivo da visita – Quais dos citados acima se espera atingir com a
visita?
3. Planifica a visita:
a) Revê os contactos anteriores com os membros da família
b) Verifica a informação pertinente sobre o tópico que pode ser necessária
(panfletos, folhetos, boletins, etc.)
c) Faz o calendário da visita na comunidade para poupar tempo
d) Machambas e casas remotas não frequentadas devem ser tidas em vista

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e) Considerar a melhor abordagem tendo em conta a situação individual da
família

4. Faz a visita:
a) Pontualidade e consideração do tempo do camponês. Contacta o homem
quando está no seu posto de trabalho. Discute lavoura quando está
lavrando
b) Seja amistoso, simpático e complementar
c) Ganha e seja merecedor da confiança do visitado
d) Deixa para o camponês a faladeira toda
e) Fala só quando ele quer ouvir
f) Fala nos termos do seu interesse
g) Usa linguagem natural e fácil, fala devagar e jovialmente
h) Sê preciso nas afirmações
i) Não prolonga argumentos
j) Elogia o camponês pelas boas ideias
k) Sê sincero tanto no aprender como no ensinar
l) Levanta interesse e cria um desejo para a acção
m) Deixa a machamba ou casa como um amigo
n) Se possível deixa um folheto, etc. do tópico discutido ou um pacote de
sementes se necessário. Isto ajuda a desenvolver amizade

5. Regista a visita:
a) Data, objectivo da visita, o que foi conseguido e compromissos feitos
b) Tenha a certeza que o seguimento no tempo apropriado não é esquecido

6. Seguimento da visita:
a) Convida o camponês a participar em reuniões sobre o assunto, se houver
b) Faz visitas subsequentes se e quando for necessário

PARCELAS DE OBSERVAÇÃO
(Nota: Embora esta não pareça ter sido mencionada na literatura publicada sobre
extensão, esta é a primeira fase na qual qualquer nova variedade de semente melhorada,
fertilizante, pesticida ou qualquer nova prática, para este propósito, deve passar, antes de
ser lavada à fase de demonstração de resultado ou método de demonstração e antes de
advocacia para a sua adopção em grande escala. Este não é um método de extensão no
estrito sentido do termo. Contudo, a necessidade deste tipo de investigação adaptativa
como um pré-requisito para o sucesso da extensão tem sido amplamente reconhecido.
Portanto, é importante para o extensionista entender as características importantes deste
método. É preciso lembrar que ao contrário de parcelas de ensaios regulares, que são
estabelecidas sistematicamente para satisfazer os requisitos de análises estatísticas, as
parcelas de observação são desenhadas para dar uma ideia geral e rápida, não obstante,
indicações fiáveis sobre o desempenho de uma variedade ou prática).

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O que é? É um método pelo qual é determinada a adequação ou ao contrário de uma
nova prática num dado local sob as condições do produtor.

REUNIÃO
É um método que nos possibilita comunicar e ouvir um grupo de pessoas

Como preparar:
1. Conhecer o assunto e definir objectivos
2. Escolher e preparar o local
3. Marcar data e hora
4. Preparar o material
5. Elaborar o guião
6. Informar os participantes com antecedência
7. Falar a língua local, se possível
Como executar:
1. A exposição não deve ser nem muito longa, nem monótona
2. Todos devem participar na discussão
3. Fazer a síntese ou resumo, tirando conclusões e focar os pontos mais importantes

Cuidados a ter:
1. Conhecer o assunto
2. Verificar e interpretar o pensamento do grupo
3. Apoiar e dinamizar ideias
4. Garantir a participação de todos
5. Desenvolver o assunto
6. Estabelecer um bom clima de diálogo entre os participantes

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO
É uma aplicação prática de técnica ou técnicas já comprovadas e vantajosas sobre a
prática tradicional ou seja é um método usado para provar as vantagens da aplicação
prática de uma ou mais técnicas já comprovadas e com resultados:
• Operação cultural
• Nível de fertilidade
• De variedade
• Combinação de 2 ou mais parâmetros ou ainda
• Demonstração de todo o pacote tecnológico

Há 2 princípios que enfatizam este método:


• O que um produtor faz ou vê, ele acreditará.
• O que é bom para um produtor pode ter aplicação geral para os outros (sob
mesmas condições).

Em Moçambique a Demonstração de Resultados é mais conhecida como Campo de


Demonstração de Resultado, o vulgo CDR.

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Objectivos do CDR:
• Mostrar a utilidade e viabilidade de uma prática recomendada sob condições
locais
• Dar confiança ao produtor assim como ao extensionista sobre a nova técnica

Procedimentos ou técnicas para montar CDR:


1. Analisar a situação do local
2. Definir objectivos específicos
3. Planificar o CDR
4. Seleccionar parceiros
5. Seleccionar a parcela
6. Montar a demonstração
7. Supervisionar a demonstração
8. Completar a demonstração
9. Definir acções de seguimento

Analisa a situação e determina a necessidade: (Determina o lugar da demonstração no


teu plano de ensino)
• É necessário dar mais confiança na aplicação local dos resultados da investigação
ou dos ensaios on-farm?
• Qual é a experiência do extensionista em conduzir a mesma prática nas condições
similares?
• É possível encontrar localmente uma boa ilustração desta prática para evitar a
necessidade de estabelecer o CDR?
• O CDR é uma necessidade sentida pelos produtores?

Defina objectivos específicos:


• Qual deve ser o público-alvo específico?
• O que especificamente queres que eles aprendam?
• É para dar confiança ao extensionista e providencia-lo com material de ensino?
• É para dar confiança ao produtor sobre a nova prática?
• É para desenvolver confiança na extensão pela comunidade ou por um pequeno
grupo do qual o extensionista não é bem conhecido e favoravelmente?

Planifica o CDR:
• Consulta o técnico ramal
• Faz o mais simples possível
• Decide sobre a evidência necessária e como a comparação local será estabelecida
• Decide sobre o número de CDRs (replicas/repetições) para atingir o objectivo
• Localiza a fonte do material (insumos e equipamento.)
• Põe o plano no papel (protocolo, calendário de operações, etc.).

Selecciona parceiros:
• Consulta os líderes locais e escolhe um produtor que seja confiado e respeitado
pelos seus vizinhos e que esteja interessado em melhorar as suas práticas

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• Visita o possível demonstrador (um produtor) para ter a certeza de que todas as
condições para o sucesso da demonstração são favoráveis
• O demonstrador deve estar consciente da sua responsabilidade em completar com
sucesso a demonstração e o seu efeito na comunidade
• O demonstrador deve estar pronto para a demo ser usada como material de ensino,
publicidade, fotos, reuniões, viagens de estudo e perguntas
• O demonstrador deve assegurar o equipamento físico necessário, insumos e
materiais para a conclusão da demo com sucesso
• Explica e chega a um acordo com o produtor sobre os procedimentos e deixa
instruções por escrito se possível

Selecciona a parcela:
• A parcela para demo deve estar de preferência num local visível e de acesso fácil
• A parcela deve ser representativa em termos de solos (não muito rica e nem muito
pobre)
Começa a demonstração
• Antes de começar com a demo faz grande publicidade
• Ter todos os materiais prontos
• Começa a demo na presença dos produtores
• Ajuda a montar a demo para ter a certeza de que nenhum passo importante é
omisso
• Organiza uma reunião sobre a demonstração no princípio para envolver os
produtores
• Assinale bem a demo para que toda gente possa ver (letreiro)

Atenção: Não é forçoso ter que esticar uma corda para marcar as linhas de sementeira. O
importante é ter as linhas mais ou menos equidistantes para manter o compasso desejado.
Nem sempre a linha recta pode ser a mais recomendável se tivermos em conta que
devemos seguir as curvas de nível, por outro lado a adopção fica mais comprometida
porque o camponês não tem tempo a perder a esticar corda na machamba. A prática dos
camponeses de algumas zonas de Niassa e Tete (matutus, matumbira) mostra que eles
bem podem semear em linha sem a corda e nalguns casos obedecendo as curvas de nível.

Supervisiona a demonstração
• Visita a demo com frequência para manter o interesse do produtor
• Verifica o progresso e veja se os passos subsequentes são dados como
planificados
• Mantém registos e ajuda o produtor a registar todas as operações e observações
que ocorrem na demo
• Faz a publicidade da demo e do produtor oportunamente
• Faz visitas de estudos às demos
• Deixa o produtor explicar aos visitantes sobre a demo
• Faz menção da demo nos meios de comunicação

Completa a demonstração
• Faz com que os passos finais para completar a demo sejam dados

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• Tira fotografias
• Faz reuniões no local da demo
• Faz relatório da demo

Acções de seguimento:
• Faz grande publicidade dos resultados
• Encoraja o produtor a falar em reuniões
• Prepara material audiovisual baseado nos resultados da demonstração
• Tenta interessar outros produtores a fazer demonstrações na campanha seguinte

Vantagens do CDR
1. Dá ao extensionista extra segurança que a recomendação é prática e fornece prova
local da sua vantagem
2. Aumenta a confiança dos produtores no extensionista e nas suas recomendações
3. Útil na introdução de uma nova prática
4. Fornece material de ensino para uso posterior pelo extensionista

Desvantagens
1. Requer da parte do extensionista muito tempo e preparação
2. É um método de ensino muito dispendioso
3. Difícil encontrar bons demonstradores que guardem registos
4. O material de ensino frequentes vezes danificado por mau tempo e outros factores
5. Poucas pessoas vêm a demonstração na fase que é mais convincente
6. Mal sucedidas demonstrações podem minar o prestígio da Extensão e trazer perda
de confiança

DEMONSTRAÇÃO PRÁCTICA
É uma demonstração relativamente de pouco tempo que é feita perante um grupo para
mostrar como fazer uma prática completamente nova ou uma prática antiga mas numa
melhor maneira. Não está relacionada com o provar o quanto vale uma prática mas como
fazer alguma coisa, por ex., como podar uma laranjeira ou preparar calda de um pesticida.
Ao contrário de demonstração de resultado que é feita pelo camponês (demonstrador) sob
supervisão do extensionista para provar que a prática recomendada resultará localmente,
a demonstração prática é feita pelo próprio extensionista ou um líder treinado para o
propósito para ensinar habilidades ao grupo.

Objectivos:
1. Permitir as pessoas adquirirem novas habilidades
2. Permitir as pessoas melhorarem as suas habilidades antigas
3. Fazer com que os aprendizes façam coisas mais eficientemente por deixarem as
práticas defeituosas
4. Para poupar tempo, mão-de-obra e para aumentar a satisfação dos aprendizes
5. Para dar confiança as pessoas que a particular prática recomendada é praticável
sob as suas condições

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Passos a seguir:
1. Analisa a situação e determina a necessidade:
a) Veja se a prática envolve qualidades que precisam ser demonstradas para
muita gente
b) A demonstração é para novas técnicas desenvolvidas pela investigação ou
técnicas antigas que não estavam sendo feitas bem?
c) Dá para apresentação visual ao grupo?
d) Pode a demonstração ser repetida satisfatoriamente pelos líderes locais?
e) A prática é de facto importante sob ponto de vista dos camponeses?
f) Podem as pessoas se darem ao luxo de seguir a prática?
g) Há fornecimentos e equipamentos em quantidades suficientes que
permitam uso generalizado da prática?

2. Planeia a demonstração em detalhe:


a) Junta toda a informação sobre a prática. Familiariza-te sobre o assunto.
Verifica o que foi descoberto sobre o assunto
b) Fala do problema com alguns líderes da aldeia. Deixa os camponeses te
ajudarem a planear a demonstração
c) Faz um horário dependendo de quanta habilidade é necessária e quanto
tempo leva a adquiri-la
d) Tenha a demonstração organizada em passos de sequência lógica
e) Em cada passo identifica os pontos-chave a dar ênfase
f) Faz a lista e selecciona equipamento e material de demonstração mais
provavelmente disponível ou fácil de obter
g) Prepara kits de material especial preciso pelos líderes locais se tiverem que
repetir a demonstração

3. Ensaia a demonstração
a) Pratica a demonstração até estares pronto com todos os passos e sabes
exactamente o que dizer ou fazer em cada passo, de maneira a que a operação
seja de forma a inspirar confiança
b) Ter a certeza que os passos e assuntos estarão claros sob ponto de vista da
audiência
c) Verificar o tempo necessário para ter a certeza que haverá oportunidade para
perguntas da audiência e outro tipo de participação

4. Faz a demonstração
a) Antes é preciso publicitar o lugar e hora
b) Estejas no lugar mais cedo para verificar o equipamento e material
c) Organiza a demonstração de tal maneira que todos possam ver e tomar parte
das discussões
d) Explica o propósito e como pode ser aplicado para o problema local
e) Veja o que sabem já sobre a prática
f) Mostra cada operação devagarinho passo a passo, repete onde necessário

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g) Usa palavras simples para explicar cada passo da operação
h) Faz o possível para a audiência ver e ouvir claramente
i) Enfatiza pontos-chave e diz porque são importantes
j) Pede perguntas a cada passo antes de passar para o seguinte passo
k) Dá oportunidade aos aprendizes para praticar
l) Distribui material de ensino suplementar (brochuras, folhetos, etc.)
relacionados com a demonstração
m) Sumariza os passos cobertos na demonstração
n) Obter os nomes daqueles que se propõem a adoptar a prática. Isto ajudará no
seguimento
o) Se a demonstração é feita perante líderes locais que irão repeti-la enfatiza os
pontos de ensino a serem feitos. Explica o conteúdo do kit de demonstração

5. Acções de seguimento
a) Publicita a demonstração por meio da imprensa, rádio, reuniões, etc.
b) Fazer relatório do no de participantes e a participação dos líderes locais
c) Faz uma verificação por amostragem para ter ideia do nível de uso da prática
e satisfação dos que participaram na demonstração prática.

Vantagens da DP:
1. Adequado para ensinar fazer a muitas pessoas
2. Vendo, ouvindo, discutindo e participando em grupo estimula interesse e acção
3. É eliminado o procedimento caro de “ experimenta e erra ”
4. Aquisição de habilidades é acelerada
5. Cria confiança no próprio extensionista e também confiança das pessoas no
extensionista se a demonstração é feita com sucesso
6. Demonstração simples leva rapidamente a ser repetida pelos líderes locais
7. Apresenta mudanças de práticas a baixo custo

Limitações:
1. Adequado só para práticas que requerem habilidades
2. Precisa de boa preparação, equipamento e habilidades da parte do extensionista
3. Pode precisar de equipamento considerável a ser transportado para o local de
trabalho
4. Requerer uma certa dose de exibicionismo que alguns extensionistas não têm

Bases para Demonstração


1. Muitas pessoas retêm 10-15% do que LEÊM, se o assunto é explicado numa
maneira clara e linguagem simples ou em termos técnicos particulares
2. A maioria lembra cerca de 20-25% do que OUVEM, se a sua concentração não é
limitada por escutar “com um ouvido” ao orador que talvez os canse com uma
apresentação enfadonha
3. Cerca de 30-35% do que eles VIRAM é lembrado pela maioria, até mais se o que
é apresentado é bem arranjado e seleccionado
4. A maioria lembra 50% e mais, do que VIRAM e OUVIRAM ao mesmo tempo,
desde que as duas apresentações complementem um ao outro

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5. Até 90% do que é ensinado é lembrado pela maioria das pessoas, se eles
participam activamente e se TODOS OS SENTIDOS são envolvidos

“ Só a demonstração pode fazer a aprendizagem perfeita”


Parcela de Observação, Demonstração de Resultados, Método de Demonstração

Parcela de Demonstração de Método de


Observação resultados Demonstração
Propósito Para testar uma Para mostrar Para ensinar como fazer
nova práctica localmente o valor um trabalho que
recomendada pelos da práctica envolve
investigadores com recomendada capacidades/habilidades
vista a observar a (ensinar como fazer)
seu valor,
adequação ou não
numa dada área
sob condições do
produtor
Conduzido por Produtor Produtor O próprio extensionista
(cooperador) sob (demonstrador) sob ou líder local
supervisão directa orientação do especialmente treinado
do extensionista extensionista para o propósito
Para o beneficio Extensionista para O demonstrador Pessoas presentes na
de decidir a assim como os demonstração
adequação ou não outros produtores
da nova práctica
num dado local
Comparação É essencial. È essencial (não é Não é essencial
Réplicas são necessário ter
também réplicas no mesmo
necessárias campo
Manutenção de Absolutamente Necessário Não é necessário
Registos necessário
Tempo necessário Período substancial Período substancial Relativamente muito
pouco
Custo Caro Caro Relativamente barato
Inter- Normalmente Normalmente Muitas vezes facilita ou
relacionamento antecede resultado segue parcelas de cria condições para a
de demonstração observação; pode demonstração de
envolver um ou resultado
mais métodos de
demonstração

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ESCOLA NA MACHAMBA DO CAMPONÊS (EMC)

História da EMCs
A metodologia das “Escolas na Machamba do Camponês” (Farmer Field Schools) foi
iniciada em 1989 no Sudeste asiático com o objectivo de desenvolver as capacidades dos
camponeses para combater uma praga devastadora nas suas machambas de arroz
utilizando técnicas de maneio integrado de pragas (MIP). Para conseguir isto, era
necessário que os camponeses dominassem os princípios ecológicos das relações entre as
pragas e inimigos naturais e o meio ambiente através de observação, análise e
experimentação, para poderem tomar decisões oportunas no MIP da maneira mais eficaz.
Descobriu-se, assim, que esta metodologia baseada no princípio de ”aprender fazendo”
era muito interessante como método para aprender por descoberta em programas de MIP
e depois foi alargado a outros temas segundo as necessidades locais.

O termo “Escola na Machamba do Camponês” vem de uma expressão originada na


Indonésia, “Sekolah Lapangan”, que significa simplesmente “Escola de Campo”. As
primeiras Escolas na Machamba do Camponês (EMC) foram criadas no âmbito do
Programa Nacional de Maneio Integrado de Pragas da Indonésia, com assistência técnica
da FAO. Actualmente esta metodologia é utilizada em outros países da Ásia, África e
América Latina no maneio integrado de culturas, gestão de recursos naturais (fertilidade
dos solos, gestão da água, etc.), criação de animais de pequenas espécies e também em
temas de carácter social (segurança alimentar, nutrição, saúde, HIV/SIDA, alfabetização,
etc.).

Em Moçambique, as EMCs foram introduzidas pela primeira vez em dois distritos da


Província da Zambézia (Nicoadala e Namacurra) pela Direcção Nacional de Extensão
Agrária (DNEA), através de um financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento
(BAD) e com o apoio técnico da FAO, no âmbito dum Programa Especial de Segurança
Alimentar entre 2002 e 2005. Assim foram implementadas 124 EMCs abrangendo cerca
de 4000 camponeses que trabalharam nas culturas de arroz e hortícolas. Esta experiência
piloto da EMCs foi desenvolvida e consolidada em mais 12 distritos das Províncias de
Maputo, Manica e Sofala, pelo Programa Nacional de Segurança Alimentar (PAN II) da
DNEA, entre 2004 e 2009. O PAN II, contou com o financiamento do Governo Italiano e
assistência técnica da FAO, apoiou mais de 900 EMC com cerca de 26.000 pequenos
produtores mais vulneráveis a melhorarem a sua produção e segurança alimentar.

O que é uma Escola na Machamba do Camponês?

• A EMC é uma metodologia participativa de capacitação baseada nos princípios


de educação de adultos (aprendizagem por descoberta). As EMCs são “escolas
sem paredes” onde os camponeses aprendem fazendo, observam, analisam,
trocam experiências e tomam decisões para resolver os seus problemas
individuais e da comunidade.
• As EMCs são um processo dinâmico de capacitação dos camponeses. A partir
dos seus conhecimentos e experiências relacionadas com o maneio das culturas,

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dos animais de pequena espécie, dos ecossistemas, os camponeses apreendem
através de técnicas experimentais e participativas a tomar decisões sobre o
melhor uso dos recursos disponíveis.
• A EMC é constituída por grupos de 25 a 30 camponeses de uma aldeia ou
comunidade, que se reúnem regularmente a cada 7 ou 15 dias durante todo o
ciclo de produção de uma cultura para experimentar juntos, com a ajuda de um
facilitador, novas opções de produção
• Para permitir à EMC testar novas tecnologias minimizando o risco, o grupo
muitas vezes recebe um pequeno financiamento (em alguns países como crédito,
noutros como doação) para cobrir os custos dos insumos, transporte para o
facilitador, etc. Em geral, estes recursos são geridos directamente pela EMC, o
que contribui para uma melhor aprendizagem (autonomia de gestão, aquisição dos
insumos, etc.) e, consequentemente, para uma maior capacitação do grupo

Objectivos das EMCs


“A EMC não trata do desenvolvimento de tecnologias, mas do processo a nível local de
desenvolvimento das pessoas. As EMCs juntam pessoas para que possam melhor
identificar os seus problemas e encontrar os meios para os resolver”. Como:

Criar capacidades nos camponeses através do fortalecimento dos seus conhecimentos


para que sejam “conhecedores” dos processos ecológicos que ocorrem nas suas
machambas.
Fortalecer as capacidades dos camponeses na tomada de decisões que resultem em
melhorias significativas e sustentáveis nas suas machambas.
Mostrar aos camponeses as vantagens de trabalhar em grupo e animá-los para que se
organizem entre eles e na sua comunidade.
Melhorar a relação entre camponeses, pesquisadores e extensionistas para que possam
trabalhar juntos na elaboração de opções técnicas adaptadas às situações locais
específicas.

Princípios da EMC

Os princípios que caracterizam uma EMC são os seguintes:


Aprender fazendo: Os adultos não mudam o seu comportamento simplesmente porque
alguém lhes diz o que fazer ou como fazer, mas aprendem melhor através da experiência
prática. Aprender fazendo permite aos camponeses chegar às suas próprias conclusões
sobre uma nova opção tecnológica, ganhar a auto-confiança necessária para as reproduzir
nas próprias machambas, e continuar inovando.
Os temas da formação seleccionados pelos próprios camponeses: Os camponeses,
com apoio do facilitador decidem o que é relevante e mais urgente estudar no âmbito de
uma EMC. Desta maneira, assegura-se o interesse do grupo porque o tema responde à
uma prioridade verdadeira identificada pelo próprio grupo. Por isso, cada EMC é
diferente, tem as suas próprias necessidades e oportunidades e tem um conteúdo próprio.
Por isso, cada EMC é única!

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A machamba como lugar de experimentação e aprendizagem: Cada EMC tem uma
pequena parcela de estudo de 1000 – 1500 m2 que constitui a ferramenta principal de
aprendizagem. A machamba não é um campo demonstrativo, é um laboratório vivo onde
os camponeses estudam e ensaiam novas técnicas durante o ciclo completo de produção
da cultura ou criação de pequenas espécies, onde eles mesmos avaliam os resultados
antes de aplicá-los nas machambas individuais.
Facilitadores e não professores: Nas EMCs, os técnicos são facilitadores porque o seu
papel é facilitar o processo de aprendizagem, e não “ensinar”. Nas EMCs não existe uma
relação hierárquica entre o técnico e o camponês, portanto, o técnico não é o líder, é um
membro do grupo. As EMCs podem também ser facilitadas pelos próprios camponeses
que se destacaram na EMC graduada. De facto, a maior parte das EMCs em Moçambique
são facilitadas por camponeses para, desta maneira, poder abranger um grande número de
pessoas.
Aprender a aprender: Os camponeses aprendem e melhoram as capacidades necessárias
para observar e analisar os seus próprios problemas e tomar uma decisão informada.
Aprender é um processo caracterizado por uma comunicação aberta, discussão
construtiva, respeito pela opinião de outros, e direito de errar.
Processo sistemático de capacitação: Todas as EMCs seguem um processo sistemático
de formação, cujos passos são a observação, experimentação, discussão de grupo, análise,
tomada de decisão e aplicação das decisões.
Problemas colocados, problemas solucionados: Os problemas são considerados como
desafios e não como constrangimentos. Nas EMCs, os camponeses aprendem
instrumentos metodológicos que contribuem para melhorar as suas capacidades de
identificar e resolver qualquer problema que possa surgir na sua machamba.
A tomada de decisão guia o processo de aprendizagem: Os camponeses tomam todas
as decisões na EMC. Através da tomada de decisões, com base na recolha e análise de
dados do sistema agro-ecológico, e da chegada a consenso entre os membros do grupo, os
camponeses desenvolvem uma grande confiança nas suas capacidades e no seu
conhecimento.
A união faz a força: A criação de capacidades através de acções de grupo é a base das
EMCs. Os camponeses unidos em grupo têm mais poder e força que cada indivíduo e,
sobretudo, têm mais capacidade para procurar soluções para os seus problemas. Mas é
muito importante que as acções de grupo sejam o resultado de um acordo de muitas
vozes, derivadas da reflexão, do espírito crítico e da responsabilidade individual e
colectiva.
O conhecimento proporciona ciência básica: A aprendizagem está baseada em
observações do sistema da produção nas machambas. Tem-se verificado que quando os
camponeses manejam os princípios agro-ecológicos básicos, e os combinam com as suas
experiências e conhecimentos, a decisões tomadas são mais correctas.

30
A EMC e a extensão tradicional

Extensão convencional EMC


Objectivos a longo Produção de alimentos. Criação de capacidades.
prazo Desenvolvimento das Participação no próprio
comunidades desenvolvimento
Pedagogia utilizada Capacitação técnica Educação de adultos
Quem decide os O extensionista Os camponeses junto com o
temas de estudo facilitador
Duração Uma ou duas sessões O ciclo completo da cultura ou
de criação de animais de pequena
espécie
Local de Sombra de árvore / Chango / Objecto de estudo (machamba,
aprendizagem outros cultura, capoeira,...)
Temas principais Tecnologias Temas de interesse dos
camponeses
Fonte principal de O extensionista Experiência de todos (membros e
informação e facilitadores das EMCs)
conhecimento
Principais métodos Demonstrações, experiências Diálogo aberto, experimentação,
de ensino controladas, leituras (fazer, descobrir, participar)
Papel dos Objectos passivos: escutar, Sujeitos activos: perguntar,
participantes reconhecer e memorizar as aprender, experimentar, analisar,
informações encontrar soluções para os
problemas, compartilhar
Papel dos Ensinar, disciplinar, Facilitar a aprendizagem, motivar
facilitadores determinar o tema de estudo, as perguntas, aprender e ensinar,
fazer selecção e implementar ajudar a encontrar soluções
Natureza da Uma só via: do extensionista Nos dois sentidos entre todos,
comunicação para os participantes, aberta e livre
controlada e limitada
Efeito da educação Aprendem como resolver um Fortalecem as capacidades para
nos camponeses problema específico analisar e resolver problemas
reais de forma independente
Aumento em escala Cada extensionista capacita Alguns camponeses formados na
directamente os grupos de EMC tornam-se facilitadores e
camponeses. Processo muito facilitam outras EMC. Processo
lento e custoso muito dinâmico e com custos
baixos.

Processo Metodológico de uma EMC


A metodologia de uma EMC é um processo que compreende cinco fases. Cada fase tem
várias actividades que devem ser desenvolvidos de maneira sequencial para facilitar a
participação dos camponeses no processo de aprendizagem.

31
Fase I – Estabelecimento do grupo
Passo 1: Selecção da comunidade
Passo 2: Contacto inicial
Passo 3. Apresentação da metodologia
Passo 4: Auto-selecção dos participantes
Passo 5: Organização do grupo
Passo 6: Organização dos subgrupos
Passo 7: Estabelecimento das regras de jogo

Fase II – Determinação do conteúdo técnico


Passo 8: Levantamento da informação de base
Passo 9: Identificação da actividade principal (“negócio” da EMC)
Passo 10: Elaboração do currículo
Passo 11: Elaboração do orçamento
Passo 12. Elaboração do plano de monitoria e avaliação
Passo 13: Identificação de instituições e técnicos de apoio

Fase III – Estabelecimento das parcelas de aprendizagem


Passo 14: Identificação das parcelas
Passo 15: Montagem da parcela de estudo principal
Passo 16: Montagem da parcela de estudos específicos

Fase IV – Implementação do conteúdo da capacitação


Passo 17: Sessão típica da EMC
Passo 18: Dia de campo
Passo 19: Avaliação dos resultados
Passo 20: Graduação

Fase V – Pós Graduação


Passo 21: Plano de seguimento e actividades de apoio
Passo 22: Estabelecimento de redes de EMCs
Passo 23: Selecção e formação de novos facilitadores

32
PROCESSO DE DIFUSÃO E ADOPÇÃO DE TECNOLOGIAS

Introdução
Muitas tecnologias, mesmo quando testadas e provadas cientificamente viáveis não são
adoptadas como seriam de esperar. Isto sugere que se deve investigar e compreender as
características das unidades de adopção (público alvo) sob o ponto de vista psicológico,
social, cultural e económico. São dimensões determinantes para aceitação ou rejeição de
uma ideia nova (inovação).

Definições e Conceitos
DIFUSÃO é um processo colectivo e social através do qual uma inovação é comunicada
através de certos canais pelos membros dum sistema social por um certo período de
tempo.

ADOPÇÃO é um processo individual e psicológico de tomada de decisão e que


compreende vários estágios ou fases desde a introdução (Contacto ou Conhecimento) da
inovação até a sua incorporação na prática (Implementação).

INOVAÇÃO é uma ideia ou prática considerada nova pelas unidades relevantes de


adopção. A Inovação é o objecto de mudança. Todas as inovações implicam mudanças,
mas nem todas as mudanças envolvem inovações.

Em resumo, Processo de difusão/adopção de inovações é um conjunto de factores


psicológicos, económicos, pedagógicos e culturais (individuais e sociais) que
caracterizam o processo de aceitação ou rejeição de uma inovação.

Factores que afectam adopção de novas tecnologias agrárias


Há muitos factores que determinam adopção e difusão de tecnologias agrárias e podem
ser agrupados em:
1. Características dos produtores
2. Características da tecnologia
3. Canais de comunicação
4. Tempo em que estes exercem actividade
5. Condições económicas
Outros factores que contribuem para tomada de decisão são:
1. Comunicabilidade: Quão fácil/difícil a informação sobre a inovação pode ser
disseminada
2. Divisibilidade: A possibilidade de implementar a inovação numa escala menor ou
em etapas
3. Reversibilidade: A possibilidade de voltar e adequar-se a situação anterior em
caso de adopção e depois rejeição
4. Risco: Quando as decisões são tomadas com conhecimento das probabilidades
dos resultados

33
5. Incertezas: Acções são tomadas sem conhecimento das probabilidades dos
resultados
Processo de tomada de decisão Vs Papel da Extensão
Tomada de decisão Papel da Extensão
Conhecimento Criar condições para que os produtores tenham um
conhecimento correcto do problema ou da inovação. Dar
maior objectividade
Persuasão Apoiar o produtor a diagnosticar correctamente o problema
e suas causas, clarificar os aspectos implícitos e explícitos.
Alertar para aspectos emocionais e sócio - psicológicos
Decisão Colocar a disposição do produtor as alternativas possíveis e
clarificá-las. Estimular o produtor a fazer a escolha correcta
Implementação Apoiar o produtor facilitando e garantindo o acesso aos
factores necessários para a implementação da decisão
Confirmação Continuar a apoiar o produtor para reduzir a ocorrência de
“cognitive dissonance”

Determinantes do Processo da Adopção

I. Percepção sobre os
Atributos da Inovação…
• Vantagens relativas
• Compatibilidade
• Complexidade
• Experimentabilidade

II. Tipo de decisão em relação RÁCIO DA


a Inovação ADOPÇÃO
• Opcional
• Individual ou colectiva DA INOVAÇÃO

III.Metodos e canais de
Comunicação
(de massa, de grupo individuais)

IV.Natureza do sistema social


• Normas
• Formas de organização V. Capacidade de
comunitaria comunicação e
desempenho do Agente
de Extensão

34
EFEITO DA PERCEPÇÃO NA MAGNITUDE DO PROBLEMA
Papel do Agente de Extensão

10
Real máximo
Máximo potencial Potencial atingivel
Atingivel (conhecido
pelo adoptante)

Intervalo real de
Intervalo de conhecim/prob conhecimento / problema / Oportunidade
Oport (Optica do adoptante) demonstrado pelo Agente de Extensão

Auto estimativa do
Nivel de desempenho

Nivel real de
desempenho
0

PROCESSO DE DECISÃO SOBRE A INOVAÇÃO


Adaptado do Rogers (1983)
MÉTODOS DE COMUNICAÇÃO
Condições prévias
•Práticas e experiências
•Necessidades Grupo e Massa, Grupo e
Massa, Grupo Individuais
•Problemas Massa Individuais Individuais Interpessoais
•Normas do sistema

Conhecimento Persuação Decisão Implementação Confirmação

Características Entendimento do Adopção Adopção e


•Socioeconomicas adoptante sobre continuada
•Personalidade características da
do adoptante Inovação
Rejeição Adopção e
•Vantagens relativas
•Compatibilidade discontinuada
•Complexidade
•Experimentabilidade
•Observabilidade

35
CATEGORIAS DE ADOPTANTES
Uma ideia, instrumento ou prática (inovação) precisa de tempo para se difundir num
processo social. Este periodo mais ou menos longo depende das CARACTERISTICAS
DA INOVAÇÃO e dos ATRIBUTOS DO ADOPTANTE POTENCIAL. Por estes dois
motivos o adoptante revela-se mais ou menos precoce em relação aos outros no seu acto
de aceitar a adopção de uma inovação o que resulta nas seguintes CATEGORIAS DE
ADOPTANTES:
1. Inovadores: Individuos que aderem imediatamente a proposta de mudança (2,5%
por Grupo de Adoptantes)
2. Adoptantes da primeira hora: 13,5% / Grupo de Adoptantes (GA) que adopta na
primeira quarta parte do tempo necessario para difusão da inovação.
3. Maioria Inicial: Cerca de 34% / GA que adopta na primeira metade do tempo
necessário a difusão de inovações
4. Maioria tardia: Cerca de 34% / GA que adopta a proposta de mudança aos cerca
de ¾ do tempo tempo necessário para difusão de inovação
5. Retardatarios: Cerca de 16% / GA que adopta muito tardiamente

CATEGORIAS DE ADOPTANTES Vs O CICLO DE VIDA DO PRODUTO

Maioria precoce Maioria tardia

Adoptantes
Precoces
Retardários

Inovadores Maturação
Crescimento Declineo
34%/GA 34%/GA
Introdução
13.5%/GA 16%/GA
2.5%/GA

Tempo necessário para difusão da inovação

CATEGORIA DE ADOPTANTES QUANTO À FORMA DE ADOPÇÃO


1. Racional com orientação ao problema
2. Racional com orientação a inovação
3. Não racional com orientação ao problema
4. Não racional com orientação a inovação

36
COMUNICAÇÃO EM EXTENSÃO

PORQUÊ COMUNICAÇÃO EM EXTENSÃO RURAL


Dimensões de Extensão Rural
1. Dimensão Comunicativa - que consiste em transmitir informações úteis aos
produtores
2. Dimensão Educativa - que consiste em potenciar os produtores a usar estas
informações com eficácia e eficiência.

O extensionista como elo de ligação entre agência de mudança (os Serviços de Extensão)
e os produtores, estabelece um processo de comunicação educativa com os produtores
para:
Informar
Persuadir
Motivar/animar para tomar uma acção
Mudar atitude
Estimular modo de pensar (tomar vantagens de oportunidades existentes na zona)
Divertir

O PAPEL DE COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL


1. Fornecimento de informações
A comunicação, seja ela interpessoal, ou pelos meios de comunicação social,
possibilita a circulação de informação: Entre pessoas, Organizações, Instituições,
Províncias, Países e Continentes.
No ramo agrícola existe grande carência de informação: Sobre preços do
mercado, informação meteorológica, disponibilidade de insumos agrícolas,
ocorrência de eventos, e outros

2. Fortalecimento do sistema de transferência de mensagens e de tecnologias,


quer mensagens dos extensionistas, quer mensagens dos produtores
O trabalho de extensionista não se resume na pura transferência de tecnologias.
Ele deve estar cada vez mais envolvido na busca de conhecimentos, problemas e
soluções junto com os produtores e outras Instituições integradas no sistema de
desenvolvimento rural. Tudo isso só é possível quando ele tiver um bom domínio
das técnicas de comunicação

3. Advocacia/relações públicas
Extensão Rural não significa apenas comunicação de informações de ordem
técnica/sócio-económica. As comunidades, órgãos do Governo, ONG´s e demais outras
entidades devem poder saber sobre as actividades da Extensão Rural em curso. Nesse
sentido, a comunicação tem um papel de informar a sociedade civil sobre o que é a
extensão Rural: Políticas, Estratégias, actividades implementadas, impactos, etc.

37
Resumindo, comunicação é:
Uma troca recíproca de informações, ideias ou atitudes entre o(s) emissor(es) e
o(os) receptor(es)
Uma arte de troca e partilha de ideias (Lobo, 2000)

Cadeia de comunicação
1. E – M – C – R
Emissor (fonte)
Mensagem (conteúdo)
Canal (meio usado)
Receptor (destinatário)
Retro-alimentação (feedback)

2. E-M-C-M/C-C-R-R …R-R
Emissor
Mensagem
Código
Meio ou Canal
Contexto
Receptor
Retro-alimentação
Ruído e Redundância

Identificação de necessidades de comunicação


A necessidade de comunicação resulta de sucessivos diagnósticos sobre as situações mais
graves detectadas junto dos produtores, sendo baseada nas necessidades mais sentidas e
prementes e tem como propósito a resolução ou, pelo menos, a redução dos problemas
existentes

Definição dos objectivos da comunicação


O primeiro objectivo de qualquer campanha de comunicação para o mundo rural é
estimular a resolução de problemas que requerem intervenções simples, soluções rápidas,
perfeitamente inseridas e adaptadas ao contexto local e específico do meio onde é
desenvolvida a campanha. É fundamental que o conteúdo da mensagem tratada na
comunicação seja uma realidade da região abrangida e uma necessidade sentida pela
população.

Análise da situação existente

1. Público-alvo
Há vários público-alvos a quem os agentes de extensão poderão se dirigir no meio rural.
O cliente e beneficiário das Campanhas Multimédias são constituídos, fundamentalmente
e em primeiro lugar, por Camponeses, Associações de produtores, Cooperativas
agrícolas, Agentes económicos e sociais e Estudantes e, em segundo lugar, (mas não
menos importante) pelos técnicos (nomeadamente Extensionistas) e estruturas dos

38
Serviços Provinciais de Extensão Rural (SPERs); Associações e Agentes de
desenvolvimento rural, bem como Estruturas Políticas e Governamentais.

2. Identificação das necessidades em informação técnica do público-alvo em relação


ao tema que se pretende transmitir
Que conhecimentos/Experiências que o público tem em relação ao tema? É
extremamente importante a análise aos produtores o nível de conhecimentos que
já possuem em relação ao conteúdo da mensagem.
Que conhecimento/atitudes/habilidades o público-alvo precisa ter em relação ao
tema?
Qual é o défice de público em conhecimentos em relação ao tema?

Avaliar o acesso aos Médias


A população abrangida tem facilidade de acesso ou não aos seguintes meios de
comunicação:
a) Rádio;
b) Cartazes;
c) Folhetos;
d) Álbum Seriado;
e) Vídeo
Escolha o mais acessivel

Fontes mais utilizadas para obter informações:


a) Comunicação Interpessoal;
b) Rádio;
c) Folhas de divulgação (elaboradas por vários serviços oficiais e privados);
d) Brochuras e folhetos

Definição de objectivos específicos


Definir o tipo de mudança esperada; em que condições as actividades tomam lugar; qual
o critério usado para medir o sucesso.

Produção final da média


Feito o pré-teste, passa-se a produção final dos materiais. Este processo também é
fortemente acompanhado a partir das reprografias do controlo da qualidade da impressão,
jogo de cores, tamanho, qualidade de papel, número da tiragem, os prazos acordados,
entre outros.

Distribuição dos meios produzidos e formação de extensionistas


Distribuir os materiais de campanha de comunicação não significa a implementação da
campanha. É necessário a exploração pedagógica dos materiais produzidos, a sua
colocação nos locais que possibilitam acesso aos destinatários.

A Formação de Extensionistas como parte integrante da campanha Multimédia envolve a


preparação desses técnicos na exploração pedagógica dos Media produzidos, por forma
conhecerem perfeitamente o bloco Multimédia apresentado e sentirem que , também eles,

39
fazem parte activa de todo o processo de produção e realização destes materiais de
divulgação.

Métodos de alcance Massal


Exemplos: Rádio, televisão, jornal, folhetos, cartazes, album seriados, flanelografos, etc.
Vantagens: maior alcance, rapidez e baixo custo
Desvantagens: Menor profundidade e o processo de retro-alimentação são muito
lentos
Profundidade Vs Alcance

Métodos de alcance Grupal


Exemplo: Reunião, excursão, palestra, demonstração, etc
Vantagens: maior troca de ideias, retro-alimentação rápida
Desvantagem: tempo de preparação, heterogeneidade dos membros
Heterogenidade Vs Homogenidade

Métodos de alcance Individual


Exemplo: visitas as unidades familiares, chamadas telefónicas
Vantagens: maior profundidade, recomendado para gerir assuntos delicados, aumenta a
confiança e aproximação entre o Extensionista e o Produtor e permite maior rapidez da
retro-alimentação
Desvantagem: Custos altos, pouco alcance, requer mais tempo para transmitir a
mensagem pelo grupo alvo.

Resumo vantagens e incovenientes dos métodos


MÉTODOS VANTAGENS INCONVENIENTES
De alcance -Personalização dos contactos -Número reduzido de
individual -Eficácia elevada no relacionamento entre indivíduos atingidos
técnico e produtor -Alta relação
-Garantia da transmissão da informação ao informador/informados
destinatário -Alto custo dos contactos
-Maior profundidade e mais rápido Mais tempo necessário para
feedback a realização dos contactos
De alcance -Eficácia ainda elevada no relacionamento -Dificuldade de formação
grupal entre técnico e produtores de colectivos homogéneos
-Motivação para o trabalho colectivo -Risco de não comprometer
-Motivação para a troca de pontos de vista os agricultores mais tímidos

De alcance Número elevado de indivíduos atingidos -Eficácia baixa no


massal relacionamento entre
-Baixa relação informador informados
técnicos e produtores
-Baixo custo
-Despersonalização dos
contactos

40
Barreiras de comunicação
São todos os elementos que interferem negativamente no processo de comunicação.
Alguns exemplos incluem:
Barreiras sociais
Barreiras de linguagem
Barreiras psicologicas
Barreiras de personalidade
Barreiras sócio-culturais
Barreiras pessoais
Barreiras de contexto

Como pode ser perfeitamente entendido pelos produtores?


1. Saiba o que pretende dizer - É extremamente importante o conhecimento e
domínio do que pretende falar/dizer antes de abrir a sua boca
2. Conheça muito bem a audiência - Recolhe muito bem informação acerca de
ouvinte. Isso irá reduzir a percepção errada a cerca dessas pessoas.
3. Ganhe favorável atenção – Cuida-se com a sua comunicação não-verbal
4. Assegure a compreensão – Use a linguagem apropriada
5. Ajuda a compreensão e retenção do que é dito - Associando novos termos ou
ideias com coisas já por eles (audiência) familiarizadas
6. Enaltece o feed back – Vai gradualmente fazendo pausas para as perguntas acerca
do que está sendo dito/discutido.

Porque comunicação em Extensão Rural?


1. Os métodos de extensão são os métodos de comunicação
2. Para difundir qualquer mensagem é preciso comunicar
3. E não se pode fazer extensão sem aplicar os princípios e métodos de
comunicação

POR ISSO PODE-SE DIZER QUE EXTENSÃO É COMUNICAÇÃO!

41
II CAPÍTULO

AGRONOMIA

A1: PREPARAÇÃO DA TERRA

INTRODUÇÃO

No solo agrícola existem substâncias minerais que as plantas através das suas raízes
consomem para a sua sobrevivência. Com o cultivo de plantas esgotantes elas esgotam-se
tornando assim necessárias as lavouras para virar a terra para elas serem renovadas e
posteriormente serem consumidas pelas novas plantas. Este remover da terra pode ser
feito em todo o campo (agricultura convencional) ou somente nas linhas de sementeira
(prática da agricultura de conservação).

LAVOURA – É uma operação que consiste em remover a terra permitindo a


incorporação e decomposição de matéria orgânica disponível quer seja estrume, resto de
culturas anteriores ou adubo. Ela permite a circulação do ar no solo, calor, água
favorecendo a germinação das sementes e penetração das raízes. Para a sua execução
depende de factores climáticos especialmente a humidade do solo deve ser conveniente,
nem muito seco ou encharcado. Quando o solo for seco e duro a operação torna-se
imperfeita formando grandes torrões dificultando assim a germinação, circulação do ar,
água e do desenvolvimento do sistema radicular.

A lavoura deve ser orientada no sentido de melhorar a conservação do solo, com isso nos
terrenos declinados a lavoura não deve ser efectuada a favor da pendência.

GRADAGEM - Consiste em desfazer os torrões deixados pela lavoura, ou cortar restos


vegetais e para pulverizar a terra. A lavoura assim como a gradagem podem ser repetidos
duas vezes dependendo da cultura a praticar.

No entanto, tanto a lavoura como a gradagem podem ser evitados praticando os


princípios da agricultura de conservação.

AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO – Compreende os seguintes princípios:


1. Perturbação mínima do solo
2. Cobertura permanente do solo com plantas vivas e ou resíduos orgânicos
3. Rotação de culturas

Para mais detalhes ver módulo A4

42
II. PREPARAÇÃO DA TERRA: ARADO, ENXADA E SULCADOR

1. Mensagem principal
a) Preparar a terra cedo para evitar a escassez de mão-de-obra e recrutamento
durante a plantação.
b) Para evitar dificuldades na preparação da terra, o uso do arado e da enxada
deve ser bem conhecido.
c) Para evitar o escoamento superficial, são necessários canais adequados para
água.
d) Dependendo das circunstâncias do camponês, devem ser promovidos
diferentes sistemas de cultivo de conservação:
Cultivo transversal à inclinação
Uso do ripador
Fazer canteiros apertados
Uso da enxada somente na linha

2. Benefícios
Torna o solo solto
Permite a entrada de ar e de água
Encoraja o desenvolvimento das raízes
Enterra as ervas daninhas, restos de plantas e incorpora estrume no solo
Cria reservas de água no solo
Reduz a mão-de-obra e controla a erosão
Melhora a fertilidade no solo

3. Detalhes
Preparar a terra cedo, logo depois da colheita, isto é, de Abril a Julho; isto
ajuda no controle das ervas daninhas, conservação da humidade, controle de
insectos e doenças e reduz a necessidade de mão-de-obra na plantação.
Os canais de água devem ser demarcados e, os camponeses devem ser
encorajados a não cultivá-los.
A seguir são recomendados sistemas de cultivo que dependem da mão-de-obra
camponesa e da disponibilidade recrutada.

4. Lavoura
A lavoura deve ser feita sempre perpendicularmente à inclinação e a
profundidade do cultivo deve sempre ser considerada entre 20-30 cm.
Depois da lavoura, a terra deve ser feita em camalhões. A distância entre os
camalhões depende do tipo de cultura a ser plantada.
O camalhão e a cobertura morta servem para a colheita de água e como
método de controlo de erosão.

4.1 Cavar nas linhas de plantação


Cavar somente nas linhas de plantação paralelas às curvas de nível a
profundidade de 20 cm ou do comprimento de uma enxada nova.
Deixar os resíduos das plantas no solo para proteger o solo.

43
Este sistema ajudará ao camponês a reduzir a necessidade em mão-de-obra,
reduzindo a área cultivada.
As áreas entre linhas serão cultivadas somente para controlar as ervas
daninhas.

4.2 Ripador
O ripador montado por baixo do chassis é também usado somente ao longo
das linhas onde vai plantar.
É também melhor usado no topo dos camalhões permanentes formados, onde
vai plantar.
De novo este método protege o solo controla a erosão, pois os resíduos serão
guardados no solo.

4.3 Camalhões
Os camalhões são formados quer pelo amontoador quer pela enxada ao longo
das curvas de nível.
O espaçamento dos camalhões depende do tipo da cultura a ser plantado.
Os camalhões devem ser compactados para conservar a água e controlar a
erosão.
A compactação poderá quebrar-se durante o período de excesso de chuva.

5. Cuidados especiais
A compactação poderá quebrar-se durante o período de excesso de chuva.
Quando o camponês usa enxada ou a cobertura morta, ele deve
constantemente controlar o capim.
Deverá olhar para as pestes e controlá-los, pois podem reduzir o rendimento.
O camponês deve saber que a humidade pode ser retida no solo se os resíduos
das plantas permanecerem.
Os camalhões devem seguir a curva de nível, senão resultam quebras.

6. Necessidade para demonstração


As necessidades dos extensionistas podem ser as seguintes:
a) Um esquema com ilustrações e as suas notas de referência.
b) Uma charrua
c) Um ripador
d) Uma enxada
e) Um amontoador
f) Um par de bois

7. Método de demonstração
a) Ensinar o método referindo-se ao esquema e aos benefícios da preparação da
terra.
b) Mostrar a charrua, amontoador, enxada e o ripador ao camponês.
c) Mostrar o uso da charrua, amontoador, enxada e do ripador ao camponês.
d) Depois da demonstração, você deve saber como estava demonstrado.

44
8. Meios de verificação da demonstração
a) Durante o período do ensinamento, faça perguntas sobre a matéria dada.
b) Faça-os mostrar as partes dos instrumentos e as respectivas funções como ensinou
previamente.
c) Depois de demonstrar o uso dos instrumentos, verifique se entenderam ou não.
d) Mais tarde, em casa deles, verificar se estão praticando.

45
III. PREPARAÇÃO DA TERRA: LAVOURA ATEMPADA

1. Objectivos
Quando for necessário o camponês deverá ser capaz de:
Seleccionar o tempo do ano mais conveniente para lavrar.
Conhecer e perceber as vantagens da lavoura atempada.

2. Introdução
A lavoura atempada faz com que o camponês poupe o seu tempo e melhore a
utilização das primeiras chuvas para a plantação.

3. Contexto
3.1 Vantagens da lavoura atempada
A lavoura atempada assegura o seguinte:
• A qualidade da lavoura desejada será alcançada
• As culturas serão plantadas a tempo
• O solo está pronto para absorver as primeiras principais chuvas
• No final do período de crescimento o solo continua húmido e suave, e
portanto, fácil para a lavoura
• A junta de bois continua a ter pasto e estarão fortes para fazer o trabalho
• Permite a decomposição das ervas daninhas antes do estabelecimento das
culturas
• As ervas daninhas são destruídas e portanto a humidade á conservada
• A mão-de-obra é facilmente disponível depois da colheita
• A tracção para puxar os implementos é mínima
• As partes da charrua não se desgastam depressa porque o solo continua
húmido

N.B. Lavrar depois das primeiras chuvas poderá ser fácil porque o solo está macio, mas a
época de sementeira fica atrasada e o período de crescimento é inferior com a
subsequente redução do rendimento.

3.2 Época de lavoura


Para atingir boa qualidade, a lavoura deverá ser feita enquanto ainda houver humidade no
solo. Isto requer menos energia em tracção para o animal puxar a charrua.

A fim de atingir bons resultados com a lavoura, é recomendado que o camponês lavre no
inverno. Se não for possível, então a alternativa é no início do verão, ou logo depois das
primeiras chuvas. Em termos de bons resultados, o camponês deverá aplicar a seguinte
ordem:

1 – Lavoura de Abril / Maio


2 – Lavoura de Junho / Julho
3 – Lavoura tardia de Julho / Agosto / Setembro

N.B. Abril / Maio é o melhor tempo para a preparação atempada da terra

46
3.3 Vantagens da lavoura no Inverno sobre a lavoura do início de verão

LAVOURA NO INVERNO LAVOURA NO VERÃO

1. Solo está húmido e mole, 1. Solo torna-se duro e seco,


portanto fácil de trabalhar. portanto difícil de lavrar

2. A junta de bois continua forte 2. Agora, o pasto está escasso,


porque pode obter muito pasto portanto os animais estão fracos
e podem fazer pouco

3. As ervas daninhas têm tempo 3. As ervas daninhas não se


para se decomporem decompõem provocando a falta
de nitrogénio para as plantas

4. As ervas daninhas são destruídas 4. As ervas daninhas continuam a


e portanto a humidade é usar a humidade antes da lavoura
conservada tardia

5. A tracção dos animais para puxar 5. Cresce a necessidade em tracção


os implementos é mínima dos animais

6. As partes da charrua não se 6. As partes da charrua desgastam-


desgastam rapidamente se rapidamente

3.4 Necessidade de conversa e demonstração


Cada extensionista deverá supervisar a preparação da terra de cada grupo.
O número de camponeses de cada grupo que tenha adoptado a mensagem tem de
se registar na lista de verificação (“check-list”).

3. Conclusão
Portanto é importante lembrar que a lavoura de Inverno é a melhor já que assegura bons
resultados e evita perdas de tempo ao camponês.

47
A2: TRACÇÃO ANIMAL

I. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE TRACÇÃO ANIMAL

1) Mensagem principal
Com a tracção animal podem-se efectuar muitos trabalhos no campo poupando tempo e
força. Pode-se aumentar a área dos campos, os rendimentos aumentam e o resultado do
cultivo é melhor.

Para obter melhores resultados com a tracção animal é preciso:

Escolher e preparar as terras


Ter animais para efectuar o trabalho
Ter ferramentas para usar com tracção animal

2) Benefícios
A tracção animal tem muitas vantagens:

a) Poupa tempo: por exemplo, para cultivar manualmente 1 ha de milho são precisos
85 dias trabalho/ano; com tracção animal este tempo reduz-se a 57 dias/ano;
b) Os trabalhos podem ser feitos na devida altura sem atrasos devido a falta de mão-
de-obra.
c) A lavoura é mais regular e profunda.
d) Os campos podem ter dimensões maiores

3) Contexto
3.1 Escolher e preparar as terras:

- Tamanho e forma dos campos


Os campos devem ser grandes e muito compridos para evitar gastar muito tempo a virar
os bois no fim do campo; A forma do campo deve ser regular, preferencialmente ter
forma de rectângulo; Se tiver muitos campos é preferível que não estejam muito longe
um do outro para evitar percas de tempo nas deslocações dos bois e dos implementos.

- Preparação das terras:


Derrubar todas as árvores do campo para não partir as ferramentas.

3.2 Escolher os bois para o trabalho agrícola


Os bois para tracção animal devem ser escolhidos cuidadosamente para que possam ser
utilizados durante muitos anos. As raças locais são preferíveis porque mais adaptadas a
condições da área, mais facilmente alimentadas e são mais mansas do que as raças
importadas.

48
Em geral, quanto maior é a massa muscular dos bois, tanto mais força terão para
trabalhar. Em particular, observar os músculos das patas de frente que devem estar bem
fortes.

As vacas podem ser usadas para tracção animal mas têm menos força do que os bois.

Os machos podem ser usados mas são geralmente castrados para se tornar mansos e
fáceis de treinar.

Os animais seleccionados devem ser:


• Saudáveis
• Com corpos bem formados e bom temperamento
• Do mesmo tamanho
• Da mesma idade
• Da idade correcta (geralmente escolhem-se bois de 2-3 anos de idade para
treinar; poderão começar trabalhos pesados a partir do 4o ano de idade; um boi
pode trabalhar até 10 anos de idade)

3.3 Treinar os animais de trabalho


Quando os animais forem bem treinados, 1 homem só é suficiente para conduzir e
segurar a charrua.

O método aconselhado para treinar os bois é o seguinte:


• Os bois devem trabalhar sempre juntos como equipa
• Cada boi deve sempre ser usado do mesmo lado de maneira a habituar-se a
posição.
• Quando se treina, deve-se usar sempre as mesmas palavras por cada
movimento.
• Os bois devem ter um nome próprio
• Os bois não devem ser maltratados com chicote e por cada trabalho bem feito
deveriam ser remunerados com alguma coisa para comer.
• Pode-se usar uma canga para treinamento que fique com o animal vários dias
mas tem de lhe permitir alimentar-se e beber. Quando o animal estiver
acostumado, pode-se ligar uma corrente e um pau de maneira que fique
habituado a puxar
• Os bois devem ser treinados a andar direito logo no início.
• É recomendável paciência.
• Uma vez treinados, os bois devem ser usados continuamente para não
esquecer o treinamento.

3.4 Feitura de cangas (ver no ponto IV)

3.5 Alimentação e cuidados dos animais de trabalho


Para poder trabalhar, os animais precisam de alimentação adequada e período de
descanso entre os trabalhos.

49
• É melhor começar a trabalhar cedo de manhã antes que faça muito calor.
• Não devem trabalhar por mais de quatro horas sucessivas sem descansar.
• O período de descanso deve ser o mesmo do que o período de trabalho para
permitir beber e comer.
• Devem ter suficiente espaço no curral para deitar-se e descansar à noite.
• Devem ser bem alimentados antes da estação das lavouras que geralmente
corresponde com a estação seca e a falta de pastos.
• Durante as lavouras devem receber alimentação suplementar, por exemplo, farelo
misturado com milho ou mapira moídos a razão de 2-3 kg/dia; é necessário
também um suplemento mineral: bloco de sal. Estes suplementos deveriam ser
fornecidos duas vezes/dia: uma vez antes e uma vez depois do trabalho.
• A água deve estar disponível a intervalos de tempo razoáveis, em tempo quente,
cada duas horas.

Em termos de cuidado deve-se controlar a pele do animal perto da canga para detectar
feridas, se houver é preciso tratar logo. O tratamento consiste em lavar a ferida com água
e sabão e desinfecte com um desinfectante apropriado, por exemplo com Oberdine®.

Depois da limpeza, aplicar um cicatrizante, por exemplo OTC-SPRAY até cicatrizar;

Manter o curral limpo e seco de modo a evitar as infecções.

PARA MAIS DETALHES DE CUIDADOS A TER COM ANIMAIS PARA


TRACÇÃO ANIMAL CONSULTAR NO CAPÍTULO DA PECUÁRIA (P3 e P4)

50
A2: TRACÇÃO ANIMAL

II. A CHARRUA DE AIVECA PARA TRACÇÃO ANIMAL

1. Objectivos

Tendo uma charrua, deverá ser capaz de:


• Conhecer as suas diferentes componentes e respectivas funções
• Alinhar a charrua sem dificuldades

2. Introdução

A lavoura bem-feita é um factor decisivo


nas tarefas culturais e só pode ser bem-feita
se a charrua estiver correctamente alinhada.

Fazer adubação, transplante, sem ter feito


uma boa lavoura é perda de tempo.

Uma charrua simples puxada a bois é capaz


de penetrar 23 cm no solo, desde que a
lavoura seja feita na época certa e os bois
estejam em boas condições físicas. Um lavrador só é bom lavrador quando é capaz de
alinhar correctamente a charrua sem dificuldades e para isso deve conhecer bem o
funcionamento e a utilidade das diferentes peças.

Uma charrua de tracção animal tem a possibilidade de trabalhar 10 a 20 anos, mas para
trabalhar bem é importante que o seu dono lhe faça uma boa manutenção durante o
período de trabalho

51
A CHARRUA DE TRACÇÃO ANIMAL

AIVECA

BRAÇADEIRA REGULADORA

BRAÇADEIRA GUIADORA

AIPO

VISTA POSTERIOR DA CHARRUA

Escora e travessa dos varais

Quilha

Escora e travessa dos varais

Braço da roda

52
AS PEÇAS DA CHARRUA E AS FUNÇÕES
É importante realçar que cada peça componente da charrua tem a sua função e que,
incompleta, a charrua não pode trabalhar eficientemente. Em resumo as funções das
componentes mais importantes são as seguintes:

BICO
Tem a função de penetrar na terra, manter a charrua
enterrada e de cortar horizontal e verticalmente a
faixa da terra

AIVECA
Faz inverter a faixa da terra cortada par enterrar o capim e
também para efectuar a pulverização da terra quando cair no
sulco.

QUILHA
Faz resistência a força lateral exercida contra a charrua pela terra, e assim manterá a
charrua na direcção do movimento.

RASTO
É o sapato da charrua que pisa na terra na parte de trás

TIRANTE
Serve para dirigir a força que puxa a charrua para o ponto
de equilíbrio e mantêm-se na posição correcta para fazer
um sulco regular e da profundidade necessária.

RODA
Serve para transportar a charrua à mão, para permitir levantar
a aiveca quando está a trabalhar, para regular a profundidade
de trabalho da charrua quando passar por uma mancha de
terra muito solta.
É aconselhável substituir ou reparar peças antes que fiquem

53
completamente gastas, porque assim evita-se danificar outras peças desnecessariamente.
Também se consegue evitar que a charrua fique avariada durante os períodos de trabalho.

3. AFINAÇÃO
Para fazer o máximo de trabalho eficientemente é necessário afinar a charrua,
principalmente o tirante para que a terra seja lavrada regularmente e com o mínimo de
esforço necessário da parte do lavrador e dos bois. No caso de lavrar um terreno bem
nivelado e com um solo homogéneo é possível afinar a charrua só uma vez para todo o
terreno. No caso dum terreno desnivelado e variável em dureza ou com áreas mais
húmidas que outras, é possível que uma reafinação da charrua seja necessária.

Em seguida são explicadas as principais


afinações:

1. A profundidade do rego é regulada:

a) Pela altura do tirante

- Quanto mais alto estiver o tirante maior


será a profundidade do sulco.

- Quanto mais baixo estiver o tirante menos


será a profundidade do sulco.

b) Pelo comprimento da corrente

O comprimento normal de uma corrente é


de 2,9 m. Se a corrente for mais curta a
charrua vai subir. Portanto, alongando-se a
corrente pode-se conseguir um
aprofundamento extra do rego.

2. Certas charruas também têm uma


regulação horizontal que permite alargar ou
estreitar a fatia de terra que o arado corta.
- Se puxar o tirante mais a esquerda, a ponta
da charrua vem para a direita. A charrua
tende a vir para o sulco e a apanhar menos a
terra.

- Se puxar o tirante mais a direita, a ponta da charrua vai para a esquerda: a charrua tende
a apanhar mais terra.

54
3. A roda da charrua não serve para regular constantemente a profundidade do rego. Ela
serve para regular a posição da charrua quando esta passa por uma mancha de terra muito
solta.

A roda pode ser retirada quando se afina a posição do tirante e só deve ser montada de
novo quando a charrua trabalha na profundidade desejada, só deve ser resposta se não
atrapalhar, cuidado que ela fique apenas tocando o solo e não afundado.

4) NECESSIDADE DE CONVERSA E DEMONSTRAÇÃO


• Explicar para o grupo as funções das várias peças de charrua
• Proceder a demonstração da afinação da charrua no campo
• Deixar os membros do grupo fazer demonstração da afinação da charrua

55
AFINAÇÕES COM A CORRENTE

CORRENTE COM A MEDIDA CORRECTA – A CHARRUA LAVRA BEM. PARA TRABALHAR


BEM É NECESSÁRIO QUE A LINHA DE ACÇÃO DA CORRENTE PASSE DIRECTAMENTE PELO
CENTRO DE RESISTÊNCIA DA CHARRUA (PONTO NO MEIO ENTRE O BICO E A AIVECA)

CORRENTE COMPRIDA – A LINHA DE ACÇÃO PASSA EM CIMA. A CHARRUA TENDE A


ENTERRAR-SE

CORRENTE CURTA – A LINHA DE ACÇÃO PASSA EM BAIXO. A CHARRUA TENDE A


LEVANTAR-SE

56
A2: TRACÇÃO ANIMAL

III. MANUTENÇÃO DA CHARRUA

1. Objectivo
Tendo uma charrua, chaves de porcas ou chave-inglesa e peças sobressalentes, deve ser
capaz de:
• Fazer a manutenção rotineira
• Fazer as reposições necessárias

2. Introdução
Para evitar perda de tempo, o camponês deve sempre ter a sua charrua em ordem e em
boas condições de trabalho, para que ele possa completar a trabalho durante a campanha
sem atrasos. Para tal, ele deverá seguir o procedimento regular de manutenção e guardar
as peças sobressalentes essenciais e necessárias.

Algumas partes da charrua precisa de atenção diária por enquanto as outras partes
precisam de uma verificação sazonal no final da campanha.

3. Contexto
3.1 Procedimentos de manutenção diária da charrua
O camponês poupará o seu tempo e dinheiro, se tiver o hábito de seguir o procedimento
diário de manutenção depois de lavrar:
a. O raspar na charrua a terra do campo apegada durante o trabalho
b. Apertar ou esticar cavilhas e porcas
c. Verificar as partes desgastadas
d. Lavar e lubrificar com óleo se não estiver para ser usado dentro de 5 dias
e. Guardar na sombra, longe do gado

N. B. Nunca lubrifique com óleo o eixo das rodas pois isso poderá acumular muita
quantidade de terra.

3.2 Procedimento para a manutenção sazonal da charrua


Depois dos trabalhos da campanha, o camponês deverá levar a cabo os seguintes
procedimentos de manutenção:
a. Verificar as partes desgastadas do corpo da charrua e obter novas para reposição
b. Desmontar a charrua completamente.
c. Limpar todas as partes e pinta-las se possível
d. Repor as cavilhas e porcas desgastadas
e. Montar a charrua e lubrificar com o óleo se não estiver pintada.
f. Guardar a charrua em lugar seguro e seco

57
3.3 Remoção de sujidade na charrua
Só com a remoção da sujidade, você poderá verificar se todas as partes da charrua estão
em boas condições. Siga os seguintes procedimentos de remoção de sujidade:
Utensílios necessários:
Escova de arame
Lata de óleo
Chave números 17 e 19
Chave de fenda

Passos:
a. Ponha a parte de cima da charrua para baixo
b. Remova a cavilha rei da viga
c. Remova a cavilha a seguir na cavilha rei, da viga
d. Remova a cavilha da viga de apoio da aiveca
e. Remova o corpo da charrua da viga
f. Remova o bico da quilha
g. Remova a aiveca da quilha
h. Remova o rasto da quilha
i. Remova a cavilha do tirante da viga (aipo)
j. Remova as duas cavilhas da braçadeira da viga (aipo)
k. Remova da braçadeira reguladora da braçadeira guiadora
l. Remova o grampo em U e a anilha de fixação da viga
m. Remova a porca do eixo da roda e retire o eixo

Depois de remover (limpar) com a escova a sujidade de todas partes, lubrifique as roscas
com óleo.

No processo de montagem, inverte a ordem dos procedimentos

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4. Conclusão
O camponês deve sempre fazer a manutenção da sua charrua para que dure muito tempo
e alcance bons resultados pela operação eficiente.

Charrua padrão

1. Viga (aipo) 8. Tirante


2. Aiveca 9. Parafuso de fixação
3. Rasto 10. Braçadeira guiadora
4. Bico 11. Grampo em U
5. Punho 12. Escora de aiveca do varal
6. Roda 13. Quilha interna
7. Braço da roda 14. Braçadeira reguladora

59
Partes da viga e da barra da charrua
1. Punho 4. Escora cruzada
2. Barra de punho 5. Escora da aiveca do varal
3. Escora e travessa dos varais 6. Viga (aipo)

Partes reguladoras da charrua padrão


1. Tirante 4. Parafuso de fixação
2. Barra de ajustamento 5. Braçadeira guiadora
3. Braçadeira reguladora

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As partes de montagem do corpo da charrua
1. Bico 3. Quilha
2. Aiveca 4. Rasto

Roda padrão e braço de montagem Braço modificado de montagem da roda


roda
1. Roda 1. Roda
2. Eixo 2. Eixo
3. Braços da roda 3. Braço da roda
4. Grampo em U 4. Grampo do braço da roda
5. Anilha de fixação

61
MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO
Para ser capaz de lavrar no Inverno ou no começo do Verão, devem ser realizadas alguns
trabalhos preparatórios:
A charrua e abre-regos devem ser verificadas:
Estragos nas porcas e cavilhas
Fraca ligação na corrente

Bico da charrua e a ponta do sulcador estragado


Partes de ajustamento quebrados ou dobrados e repara-los antes do fim de Maio

Tenha certeza que:


Todas as partes móveis
estejam lubrificadas com
óleo e massa. Verifique a
canga e a charrua e repare-os
se for necessário.
Todas as correias (cordas) ou
cabedal para amarrar a canga
estão secos e livres de bolor.

As correias são lubrificadas com


óleo e o cabedal com massa.
Qualquer parte da correia ou de
cabedal poderá ser substituída.

Uma vez que o equipamento tenha sido


verificado e as reparações feitas, todos os
restolhos devem ser removidos dos campos e
mantidos nos contornos (curva de nível) ou
guardados para alimentação no inverno.

62
A2: TRACÇÃO ANIMAL

IV. FEITURA DE CANGAS

1. Objectivos
Para que o participante saiba dizer e fazer 3 (três) tipos de cangas para uma junta de bois.

2. Conteúdo:
a) Tipos e partes de cangas
b) Selecção e preparação de troncos para cangas
c) Métodos e feituras de canga para uma junta

3. Introdução
A canga é uma madeira bem preparada com uma forma própria para encaixar no pescoço
do animal (bovino). Coloca-se no pescoço do animal, entre a cabeça e o lombo. Temos a
canga dupla em virtude de se usar dois animais para constituir uma junta e além dessa
existe também a canga simples em que se usa um só animal. A canga é um instrumento
de ligação que permite com que os dois animais, usando forças iguais, possam puxar
charrua, carroça, cultivadores e outros implementos. A canga deve ter dimensões que
correspondam a alfaia ou implemento a usar, isto é uma canga para carroça deve servir
para carroça e de charrua servir para charrua, etc.

2.1 TIPOS E PARTES DE CANGA-DUPLA

a) Há três tipos mais conhecidos de cangas:


Canga para charrua (arado) – 150 cm de comprimento
Canga para carroça – 180 cm de comprimento
Canga para sacha – 240 cm de comprimento

63
b) As figuras que se seguem indicam-nos as partes que constituem a canga;

b) PARTES DA CANGA
1 4

LEGENDA

1. Eixo – Suporta 2 ou 4 cangalhos que prendem o animal


2. Cangalho – Fixa-se através dos furos existentes no eixo
3. Corda de cangalho – Fixa-se nos cangalhos mantendo a canga sobre o animal e
impedindo que esta saia do pescoço do animal.
4. Grampo – Peça fixa no centro do eixo e que serve de ligação com a corrente.
5. Guiador – Peça que serve para a condução dos animais quer para manobrar quer
para travagem.
6. Corrente – Peça de ligação entre a canga e a alfaia.
7. Regulador da corrente - Peça que liga a corrente ao grampo e pode servir também
para regular o comprimento da corrente (aumentar ou reduzir).

N.B. Alguns nomes atribuídos às partes da canga são simples imaginações pois faltaram
os termos técnicos adequados. Então os nomes foram atribuídos em função da função de
cada peça. Trata-se dos números: 1,4 e 5.

64
c) OS TRÊS TIPOS DE CANGA

1. Canga para charrua (lavoura) – Tem 150 cm de comprimento total e 90 cm do


centro ao centro
2. Canga para carroça – Deve ter 180 cm de comprimento total e 120 cm do centro
ao centro.
3. Canga para sacha – Tem 250 cm de comprimento total e 180 cm do centro ao
centro

N.B. Chama-se centro ao centro, a distância que separa os dois animais na canga a partir
do centro (meio) das duas braçadeiras duma extremidade para o meio de outras duas
braçadeiras doutra extremidade.

65
d) LARGURA DE CANGAS

COMPRIMENTO TOTAL E COMPRIMENTO DO CENTRO AO CENTRO

66
2.2 MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO E FEITURA DE CANGA

a) Selecção
Os troncos para a canga devem ser fortes e resistentes com um diâmetro de 7 – 10 cm.

Os tipos de árvores mais importantes e comuns para a feitura de canga são:


• Terminalia sericea (Inconola, Sai-sai, Kassanche, Mussussu)
• Jubernadia globiflora (Messassa encarnada, Muhimbe, Mpacala, Mutondo)
• Ziziphus mucronata ( Muchecheni)
• Eucaliptus sp (Eucalipto)

b) Construção e feitura
A construção de cangas é feita da mesma maneira deferindo apenas nas suas
dimensões segundo o fim a que se destina (lavoura, carroça ou sacha).

Principais actividades na construção de canga:


1. Corte de tronco e descasque
2. Demarcação de abertura de furos para cangalho (4)
3. Demarcar e abrir furos para o grampo (4)
4. Feitura de cangalho (4)
5. Limar os furos para a fixação dos guiadores (2)

c) Fases de construção
1. Escolher o tronco de 150 cm de comprimento e 8 cm de diâmetro e cortar
2. Cortar 4 troncos de 45 cm de comprimento e 8 cm de diâmetro, para cangalhos
3. Descascar os troncos que cortaste
4. Começa a aplainar, reduzindo o diâmetro do tronco para o diâmetro desejado.
5. Com um lápis, demarca uma linha externa no centro do tronco já trabalhado
6. Demarca o meio do tronco
7. Medir 45 cm para ambos os lados a partir do meio do tronco.
8. A partir dos 45 cm do centro do tronco, mede 11,5 cm a esquerda e 11,5 cm a
direita em ambos lados do tronco.
9. A partir donde termina os 11,5 cm mede mais uma vez 7,5 cm para à esquerda na
extremidade esquerda e para à direita na extremidade direita.
10. Com a ajuda de uma broca faz três furos no tronco, no espaço dos 7,5 cm onde
posteriormente colocamos cangalhos. Depois dos furos utilize formão e martelo
para dar a forma própria aos furos pretendidos.
11. Com uma lixa ou um raspador começa a alisar o tronco para evitar ferimentos ao
animal.

d) Demarcar e abrir furo para o grampo


1. A partir do meio da canga mede 5 cm a esquerda e 5 cm a direita. Com um lápis
faz uma marca circular a volta do tronco nos dois pontos marcados.
2. Com uma corda de 8 cm (diâmetro do tronco) mede-se um ângulo a partir de um
dos furos para o cangalho em dois lados, para obter a posição correcta do grampo
através de marcas lineares ligadas para as duas pontas. Nos dois sítios com marcas

67
circulares, furar com uma broca com muito cuidado de não contrariar o ângulo
correcto.
3. O ferro usado como grampo deve ter 30 cm de comprimento

CONSTRUÇÃO DE CANGALHO

68
Cangalho completo

Para fazer um cangalho é necessário


1. Descascar o pequeno tronco
2. Calcular o meio e demarcar com um risco paralelamente ao comprimento do
tronco
3. Medir a partir do primeiro risco 2cm para um lado e 2cm para o outro.
4. Medir 7 cm numa das pontas que servirá de cabeça do cangalho
5. Raspar a partir dos 7cm da cabeça achatando o tronco.
6. Abrir 3 cavidades para fixação da corda do cangalho. Essas cavidades devem ter 2
cm de profundidade.
7. Ter a certeza de que o cangalho vai caber nos furos da canga.

69
A2: TRACÇÃO ANIMAL

V. MANUTENÇÃO DA CARROÇA DE TRACÇÃO ANIMAL

1. Introdução
É importante mantermos as nossas carroças para que possamos usa-las por um período
longo. É também de particular importância saber quais são as partes que deverão ser
mantidas regularmente.

2. Objectivos
Os camponeses deverão ser capazes de:
a) Identificar as partes a serem mantidas
b) Ser capazes de mantê-las
c) Ter as ferramentas necessárias para manutenção

3. Material necessário para a manutenção


a) Carroça de tracção animal
b) Massa
c) Chaves
d) Martelo
e) Alicate
f) Desperdício
g) Pistola para massa

4. Partes a serem mantidas


a) Rolamentos
b) Aros de ajustamento de roda
c) Aros de cubo
d) Parafusos e porcas
e) Corpo da carroça
f) Rodas

PARTES A SEREM MANTIDAS:

CORPO DA
CARROCA

BARRA DE
TRACCAO

RODA

70
ROLAMENTO

AROS DE
CUBO

PARAFUSO
PISTOLA
PARA MASSA
PORCA

4.1 Manutenção das rodas e aros dos cubos das rodas


As carroças com pneus têm dois rolamentos, um de frente do outro de cada pneu. Isto
permite que cada roda se mova suavemente sobre os eixos.

As carroças com rodas de ferro têm aros de cubo que permitem a roda mover-se sobre os
eixos.

4.1.1 Manutenção
a) Lubrifique os rolamentos, removendo a cobertura exterior sobre o eixo, encha-o
com massa e depois reponha a cobertura.
b) Verifique regularmente se ainda tem massa. Depois de um período de cerca de 4-6
meses, remova os rolamentos e lave-os com diesel ou sabão, depois lubrifique
com massa e volte a monta-los.
c) Lubrifique regularmente os aros de cubo com massa usando o copo de
lubrificação, se o tiver. Se estes não existirem remova as rodas, lubrifique os aros
de cubo e monte de novo as rodas.

4.2 Aro de ajustamento de rodas


Verifique o aro de ajustamento abanando as rodas. Se o aro estiver lá, significa que os
rolamentos estão. Assim, remova a cobertura que guarda a massa. Limpe a massa da
porca do eixo com desperdício. Depois remova a cavilha da fenda da porca.

71
Aperte a porca até que não possa mais e a roda continue a mover-se livremente sem
esforço, depois reponha a cavilha da fenda. Faça o mesmo nas duas rodas.

Se os aros do cubo estiverem gastos ou muito largos, remova-os e reponha com novos.

4.3 Porcas e parafusos


Todas as porcas e parafusos devem estar bem apertados nas carroças. Verifique isso em
qualquer momento antes de usa-la.

N.B. Não lubrifique as porcas das rodas com massa

4.4 Rodas
a) Não encha o ar demasiadamente nas rodas porque a parte central desgasta-se antes
dos lados.
b) Não ponha pouco ar nas rodas porque os lados desgastam-se antes da parte
central.
c) Encha sempre as rodas com a pressão necessária. A pressão está indicada nas
rodas. Se não tiver uma bomba, use o senso comum, de tal forma que as rodas
tenham a mesma pressão para que possam usar a superfície na sua totalidade.
d) Não deixe as rodas irem ao encontro das perdas e troncos porque isso danifica-as.

4.5 Corpo da carroça


a) Depois de usar a carroça, certifique-se que está limpa.
b) Mantenha-a debaixo dum alpendre para proteger contra a chuva e o calor
c) Não sobrecarregue a carroça que é perigosa

5 Manutenção anual
No final de cada ano:
a) O corpo da carroça deve estar conforme, se a pintura estiver estragada, volte a
pintar de novo para evitar ferrugem
b) Remova os rolamentos e aros de cubo, limpe cuidadosamente e bem, lubrifique
com massa e monte de novo.
c) Reaperte todas as porcas e os parafusos
d) Reponha todas as partes principais desmontadas.

6 Prevenção contra os acidentes


a) Não sobrecarregue a carroça, pois isso poderá danificar a carroça ou mesmo matar
os animais em zonas de declive acentuado.
b) Não “conduza” sobre a carroça, pois esta poderá virar e matá-lo
c) Dirija sempre os animais para que possa para-los quando estiverem a correr para
fora do percurso
d) Não use a carroça durante a noite nas estradas de tráfego intenso, pois isso poderá
causar acidentes

72
A3: USO DE FERTILIZANTES

I. ESTRUME E COMPOSTO

1. Mensagem principal
Todo o estrume e composto disponível devem ser usados para melhorar a estrutura e
fertilidade do solo.
Os camponeses devem preparar estrume e composto em toda a campanha.

2. Detalhes
a) Estrume e composto com boa qualidade e bem curtidos poderão aumentar o
rendimento das suas culturas.

b) Há mais vantagens em aplicar menos frequentemente grandes quantidades de


estrume ou composto, isto é pelo menos 10 tons/ha de 4 em 4 anos.

c) Se há disponibilidade de grandes quantidades de estrume ou composto, é


conveniente espalhar antes da lavoura.

d) Se há uma pequena quantidade disponível, é conveniente lançar ao longo das


linhas de sementeira e cobrir depois com o solo.

e) Quando o estrume ou composto existe em pequenas quantidades aplica-se


primeiro aos cereais e depois às leguminosas.

Preparação do composto
O composto, assim como o estrume, são muito importantes para uma boa produção
agrícola. Fornece nutrientes valiosos à planta que está a crescer mas deve ser preparado
adequadamente para se poder tirar maior proveito possível. Restos das plantas, tais como
capim, pés de plantas, ramos e folhas velhas podem ser usados para fazer composto e se
juntar estrume, o composto melhorará muito. Para fazer um bom composto são
necessários principalmente quatro elementos:
1. Ar – Não deve ser muito compacto porque é essencial que haja
circulação de ar.
2. Água – O Composto deve estar sempre húmido e nunca deve ficar seco
3. Calor – O calor é produzido dentro do monte de composto à medida que
se vai decompondo
4. Materiais – Pode se juntar ao monte do composto: estrume, resto de culturas,
relva, folhas, ramos e pés de plantas. Até restos de cozinha se pode juntar.

Como se faz o composto


1. O monte deve estar no meio das machambas ou jardim onde o acesso é fácil.
Também deve estar num lugar com boa drenagem.

73
2. Marque o tamanho do monte que tenciona fazer usando estacas em cada canto. O
monte deve ter um comprimento de 1,5 m e a altura deve ser de acordo com a
quantidade de composto a fazer e manejável
3. Coloque os pés das plantas do milho ou paus na primeira camada do monte até
cerca de 15 cm de altura. Isto permite que o ar circule no fundo do monte.
4. Junte os materiais para o composto (capins, folhas, restos de culturas, restos de
vegetais, etc.) em camadas com 25-30 cm. Coloque camadas com 5 cm de
estrume ou composto já pronto e mais antigo entre cada uma das camadas do
monte. Se tiver adubo, pode espalha-lo em cada camada.
5. Regue os materiais que vão fazer o monte, caso não sejam verdes e frescos.
6. Continue a juntar camadas de matéria orgânica e estrume até o monte ter 1,4 m de
altura. Enquanto constrói o monte junte água de duas em duas camadas
7. O monte, uma vez completo, deve ser regado todas as semanas com cerca de 100
litros de água
8. Cubra a parte de fora do monte com solo para evitar que seque demasiadamente
9. De seis em seis semanas, vire o composto de dentro para fora e refaça o monte.
Isto ajudará o material a decompor-se.
10. O composto ficará pronto em cerca de 3-4 meses e quando estiver pronto já não
haverá calor dentro do monte

4. Precauções
Quando o estrume e composto não estão bem curtidos, a germinação e as culturas será
fraca.

Alternativamente ou como complemento, também se pode preparar fertilizante orgânico


liquido.

Fertilizante orgânico líquido (conhecido por Biol)

Como se faz
É fácil e simples preparar o fertilizante orgânico líquido desde que tenha os materiais
necessários, que duma maneira geral são fáceis de encontrar e relativamente baratos

Materiais necessários:
Para a preparação num tanque de 100 Lt.:
• 10 kg. de estrume fresco de qualquer animal.
• 10 kg. de folhas de leguminosas (Feijão manteiga, F. nhemba, Soja, Feijão macaco,
etc.).
• 2 kg. de melaço doce ou açúcar castanho.
• 250 gr. de fermento ou 3 pães.
• Tambor de 100 Lt. de capacidade.
• Plástico preto (se o bidão tiver tampa o plástico não é necessário).
• Corda para atar o plástico.
• Água.
• Mangueira de 1-2 m de comprimento.
• Uma garrafa plástica vazia.

74
Para o fertilizante servir também como repelente de pragas é preciso acrescentar:
• 1 kg de piri piri
• 1 kg de folhas de tabaco ou 25 beatas de cigarro.
• 1 kg de folhas e sementes de margosa (neem).
• 1 kg de alho, cebola ou outra planta repelente que tu conheças.

Modo de preparação:
1. Cortar as folhas de leguminosas aos pedaços.
2. No tambor de 100 Lt., misturar as folhas cortadas com o estrume fresco, melaço
doce ou açúcar, fermento ou bocados de 3 pães.
3. Se quiser que o mesmo fertilizante também seja repelente de pragas, adicione piri
piri, tabaco, margosa (neem, mutica ), alho, cebola e outros repelentes que você
conheça
4. Encher de água o tambor e misturar bem o preparado.
5. Tapar com tampa ou plástico e amarrar bem para evitar a entrada de ar.
6. Furar a tampa ou o plástico e introduzir a mangueira no tambor de forma justa
para não entre ar nos lados, por isso o buraco deve ser mais ao menos do tamanho
da grossura da mangueira. (pode tapar nos lados da mangueira com barro ou
cimento ou cera ou massa que se usa para fixar vidro nas janelas)
7. Encher a garrafa plástica com água e introduzir nela a outra ponta da mangueira
para libertar os gases do tambor sem permitir a entrada de ar.
8. Deixar fermentar a mistura pelo menos durante 30 dias para que o fertilizante
fique pronto a ser usado.

Tambor de 100 Lt. com fertilizante em preparação


Como usar:
1. Filtrar a mistura com uma rede fina ou pano. Consegue-se obter cerca de 70 Lt. de
fertilizante, que tem cor acastanhada, dependendo do tipo de estrume e quantidade
de folhas usadas e com um mau cheiro.

75
2. Cada litro deste fertilizante líquido deve ser diluído com 4 litros de água e colocar
num pulverizador.
3. Pulverizar as folhas das culturas ou aplicar no solo húmido da machamba.

Cuidados a ter:
O fertilizante líquido orgânico quando preparado como repelente tem o mesmo efeito
tóxico que qualquer substância tóxica mas em menor concentração pelo que você deve:
• Usar luvas de borracha.
• Máscara.
• Óculos.
• Roupa impermeável.
• Não comer nem fumar durante a pulverização.

Resultados esperados da pulverização:


• Crescimento vigoroso das culturas.
• Redução do choque das plantas depois do transplante (hortícolas); estiagem.
• Redução de ataque de pragas porque é um bom repelente de pragas, especialmente
sugadoras como pulgões, moscas, etc.
• Melhores rendimentos das culturas

Atenção: Este fertilizante é um complemento, não substituindo as dosagens de


fertilizações conhecidas e o valor nutritivo do fertilizante depende em grande medida do
tipo de estrume usado, se é de galinha, boi, porco, cabrito, coelho, etc.

76
A3: USO DE FERTILIZANTES

II. APLICAÇÃO DE ESTRUME

1. Mensagem principal

Entende-se por estrume todo o conjunto de dejectos de animais dos currais, apesar de
geralmente só se usarem do gado bovino.

Este material deve ser composto de palha e fezes de animais e é utilizado para fertilizar
os campos.

O cultivo sucessivo sem adição ou retorno da matéria orgânica decomposta ou fresca


resultará no decrescimento da matéria orgânica e no declínio da estrutura do solo

A aplicação de estrume é uma das formas de adicionar matéria orgânica ao solo


providenciando às plantas os nutrientes Nitrogénio (N), Fósforo (P), e Potássio (K), mas
em pequenas quantidades.

Para obter o máximo rendimento das culturas, devem-se adicionar também adubos
químicos.

Como, em geral, a disponibilidade em estrume é pouca, deve-se dar precedências as


hortícolas e fruteiras.

2. Benefícios
A aplicação de estrume tem vários benefícios, tais como:
a) Criar uma fonte de reserva de nutrientes para a planta
b) Melhora a estrutura do solo
c) Melhora a drenagem e facilita o trabalho do solo
d) Melhora a retenção da água no solo
e) Melhora a circulação do ar do solo
f) Protege o solo contra a erosão

3. Aplicação de estrume
O estrume pode ser aplicado de várias maneiras tendo em conta o seu estado
(decomposto/mal decomposto) e a quantidade à sua disposição:

a) Aplicação por espalha em todo o campo seguida de uma incorporação, caso exista
em grandes quantidades.
b) Aplicação nas linhas de sementeira seguida de incorporação, caso exista pouco
estrume.

77
4. Precauções
a) Ter cuidado de aplicar estrume bem decomposto para evitar que o material retire
nitrogénio do solo.
b) Aplicar o estrume mal decomposto 3-4 meses antes da plantação a uma
profundidade de 15-20 cm para permitir que o material se decomponha.
c) Deve-se misturar bem o estrume com o solo para evitar que o estrume entre em
contacto directo com as raízes da planta.

5. Necessidades para conversa e demonstração


a) Campo de demonstração
b) Enxada, charrua, pás, lata, ancinho e estrume
c) Flip-chart com texto e ilustrações.

6. Método de conversa e demonstração


a) Conduza a lição usando o flip-chart
b) Demonstre como aplicar o estrume
c) Faça os camponeses praticarem a aplicação de estrume depois da sua
demonstração.
d) Insista nos pontos principais uma vez mais

7. Meios de verificação de adopção


Registar o número de camponeses que aplicarem o estrume no mínimo 0,25 ha,
especificando se foi na linha ou por espalha em todo o campo.

Detalhes de preparação do estrume ver no capítulo de pecuária

78
A3: USO DE FERTILIZANTES

III. ADUBAÇÃO DE FUNDO

1. Mensagem principal

a) A adubação de fundo (inicial) é aplicada antes ou durante a plantação.


b) A adubação de fundo é normalmente composta por 2 ou 3 elementos essenciais
(N, P, K) e pode também conter alguns micro nutrientes.
c) Os N, P, K são normalmente misturados para fazer com que a planta cresça
d) Se o camponês tiver estrume em quantidade adequada e a qualidade própria, a
adubação inicial não é necessária
e) A quantidade a ser aplicada depende do tipo de cultura e da fertilidade inicial do
solo.
f) O estrume aplicado como adicional ao fertilizante é melhor do que o fertilizante
só.

2. Benefícios
a) A adubação de fundo encoraja a germinação da semente e o desenvolvimento das
raízes
b) A adubação de fundo dá à cultura o encorajamento inicial essencial no
crescimento
c) A adubação de fundo ajuda a cultura na fase de floração

3. Detalhes
1) Abrir os sulcos para as sementes de acordo com o espaçamento e profundidade
recomendados usando uma charrua ou abre – regos ou enxada
2) Determine o comprimento da linha e meça bastante fertilizante para o
comprimento da linha.
3) Distribua o fertilizante sempre por baixo do sulco, no comprimento completo da
faixa.
4) A semente deve ser colocada ao lado do sulco, afastada do fertilizante.
5) Cobrir a semente e o fertilizante com uma única operação efectuada por um grade
ou abre-regos ou enxada, dependendo do caso
6) A dose de aplicação é determinada pelo teste do solo e pelas exigências próprias
da cultura, mas a experiencia do camponês é um bom guia.

4. Precauções
a) O fertilizante deve ser posto por baixo da semente, onde as raízes possam
encontra-lo
b) Não deve haver contacto directo entre a semente e o fertilizante porque isso pode
afectar a germinação
c) A adubação de fundo não é facilmente solúvel e deve ser sempre enterrada no
solo
d) O fertilizante não deve ser espalhado mas posto perto a semente.

79
5. Necessidades para conversa e demonstração
a) A lição deve ser conduzida no campo
b) Um flip-chart com ilustrações e texto
c) Marcadores de linha ou paus para medição
d) Fertilizante
e) Copos para fertilizantes ou outras medidas apropriadas
f) Charrua ou abre-regos
g) Grade
h) Junta de bois
i) Areia seca do rio

6. Método de conversa e demonstração


a) Conduzir a lição no processo inteiro ou procedimentos
b) Conduzir a demonstração do procedimento
c) Aproveitar para que todos os participantes pratiquem a fertilização usando areia
do rio
d) Os camponeses devem repetir a aplicação usando fertilizantes
e) Repita os pontos principais mais uma vez
f) Convide e responda a questões.

7. Meios de verificação da adopção


Ausência de sintomas de deficiências de nutrientes nas culturas em crescimento

80
A3: USO DE FERTILIZANTES

III. ADUBAÇÃO DE COBERTURA

1. Mensagem principal
a) A adubação de cobertura é a aplicação de fertilizantes a uma cultura em
crescimento.
b) A adubação de cobertura geralmente fornece nitrogénio e/ou outros elementos
facilmente solúveis
c) A adubação de cobertura é feita na superfície do solo junto das plantas
d) A taxa de aplicação depende do tipo de cultura e variedade e da fertilidade natural
do solo.
e) Culturas ou variedades com alto rendimento potencial precisam de grandes taxas
de adubação
f) A aplicação pode ser repartida, por exemplo no caso do milho pode ser feita
quando a cultura está à altura do joelho e durante a floração.

2. Benefícios
a) A adubação de cobertura com N promove o crescimento vegetativo.
b) A adubação com N aumenta o rendimento do grão porque, N é responsável do
enchimento do mesmo.
c) No caso de milho, por cada kg de Nitrogénio fornecido, temos um aumento de
rendimento de grãos em 18 kg.

3. Detalhes
a) Da taxa e do tipo de fertilizantes, determina a quantidade desejada de fertilizante a
ser aplicada por planta.
b) Seleccione um copo apropriado de fertilizante.
c) Usando o copo de fertilizante, distribua a quantidade desejada de fertilizante
próximo de cada planta
d) Se usar ureia para adubação de cobertura, cubra com solo depois da aplicação
para que não se evapore.

4. Precauções
O fertilizante aplicado directamente sobre a planta queima-a.
Faça a adubação de cobertura quando o solo estiver húmido para permitir que o
fertilizante se dissolva facilmente.
Em solos arenosos que não detêm nutrientes, deve-se fazer aplicação repartida.
A irrigação excessiva conduz ao lixiviamento (lavagem) dos fertilizantes,
especialmente, nos solos arenosos.
Todas as caixas metálicas usadas com fertilizantes devem ser cuidadosamente
lavadas para evitar a corrosão.

5. Necessidades para conversa e demonstração


a) A cultura de milho à altura do joelho
b) Um Flip chart com ilustrações e texto

81
c) Fertilizante de cobertura
d) Copo para fertilizantes ou outras medidas (colheres)
e) Areia seca do rio

6. Métodos de conversa e demonstração


a) Conduzir a aula usando na totalidade o processo de flip-chart
b) Demonstrar como as quantidades apropriadas de fertilizantes são medidas usando
copo ou colheres
c) Demonstrar onde aplicar correctamente o fertilizante.
d) Deixar os camponeses praticarem a aplicação dos fertilizantes usando areia seca
do rio.
e) Faça com que os camponeses usem fertilizantes quando tiverem demonstrado os
procedimentos.
f) Repita os pontos chaves uma vez mais
g) Convide e responda a questões.

7. Métodos de verificação da adopção

A ausência de sintomas de deficiência de nutrientes nas culturas em crescimento.

82
A4: AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO
O que é a agricultura de conservação e qual a sua utilidade
A agricultura de conservação engloba uma série de práticas agrícolas complementares:
1. Perturbação mínima do solo (devido a uma mobilização reduzida ou nula), de
forma a preservar a sua estrutura, fauna e matéria orgânica;
2. Cobertura permanente do solo (culturas de cobertura, resíduos e outros materiais
de cobertura), de forma a protegê-lo e contribuir para a eliminação das
infestantes;
3. Diversificação das rotações e combinações de culturas, que favorece os
microrganismos do solo e elimina as pragas, as infestantes e as doenças das
plantas.

A agricultura de conservação tem por objectivo estimular a produção agrícola através da


optimização dos recursos das explorações e contribuir para reduzir a degradação das
terras através da gestão integrada dos solos, da água e dos recursos biológicos,
combinada com factores externos. A mobilização mecânica dos solos é substituída pela
acção biológica, para que os microrganismos, as raízes e os elementos da fauna do solo
desempenhem a função de mobilização e garantam o equilíbrio de nutrientes no solo. A
fertilidade do solo (em termos de nutrientes e água) é gerida através do controlo da
cobertura do solo, da rotação de culturas e do controlo das infestantes.

Implementação
Em geral, a agricultura de conservação é implementada através das fases que se
descrevem de seguida, cada uma das quais tem a duração de dois ou mais anos.
1. Primeira fase: Suspende-se a mobilização por inversão, aplicando-se, em vez
disso, técnicas com mobilização reduzida ou sem mobilização. Pelo menos um
terço da superfície do solo tem de permanecer coberta com resíduos de culturas,
espalhados na sequência da colheita da cultura principal. São utilizadas grades de
disco, de dentes rígidos ou rotativas (sementeira directa no caso das técnicas sem
mobilização). Pode ocorrer uma quebra do rendimento.
2. Segunda fase: Observa-se uma melhoria natural das condições e da fertilidade do
solo, promovida pela matéria orgânica proveniente da degradação natural dos
resíduos. As pragas e infestantes tendem a aumentar e têm de ser controladas,
quimicamente ou por outros meios.
3. Terceira fase: Pode iniciar-se a diversificação dos padrões de cultura (rotação). O
sistema global estabiliza-se progressivamente.
4. Quarta fase: O sistema de exploração atinge um equilíbrio, podendo os
rendimentos aumentar em comparação com a agricultura convencional. Esta
prática reduz a necessidade de utilizar produtos químicos para o controlo das
pragas e infestantes, bem como fertilizantes suplementares.

Os agricultores necessitam de formação em cada fase. A experiência pode ser adquirida


in situ, mas os rendimentos e os benefícios podem baixar a curto prazo. O sistema não é
adequado a solos compactados, que necessitam de mobilização prévia

83
Benefícios
O recurso à agricultura de conservação produz vários benefícios, alguns dos quais
(aumento dos rendimentos, da biodiversidade, etc.) se tornam evidentes quando o sistema
atinge a estabilidade.
1. Assiste-se a um aumento das reservas de carbono orgânico, da actividade
biológica, da biodiversidade acima e abaixo do nível do solo e da estrutura deste.
O aumento da actividade biológica traduz-se na formação de macro-bioporos bem
interligados, maioritariamente verticais, que aumentam a infiltração de água e a
resistência à compactação intensa. A degradação do solo – em especial a erosão e
os escorrimentos – é fortemente reduzida, levando com frequência ao aumento do
rendimento. A redução das perdas de solo e de nutrientes, juntamente com a
degradação mais rápida e a melhor absorção dos pesticidas, em virtude do teor
mais elevado de matéria orgânica e da maior actividade biológica, determinam
também uma melhor qualidade da água. As emissões de dióxido de carbono
(CO2) são reduzidas devido a uma menor utilização de máquinas agrícolas e uma
maior acumulação de carbono orgânico. As práticas de agricultura de conservação
permitem fixar anualmente nos solos europeus 50 a 100 milhões de toneladas de
carbono, o que equivale às emissões de 70 a 130 milhões de automóveis.
2. O trabalho e a energia necessários à preparação dos terrenos e à sementeira são
fortemente reduzidos.
3. A necessidade de utilizar adubos e de efectuar intervenções para a recuperação do
solo são reduzidas.

Inconvenientes
1. Decorre, em geral, um período de transição de cinco a sete anos até os sistemas de
agricultura de conservação atingirem o equilíbrio. Os rendimentos podem baixar
nos primeiros anos.
2. Abstraindo os factores sazonais, a aplicação inadequada de produtos químicos
pode aumentar o risco de lixiviação devido à maior rapidez do escoamento da
água através dos bioporos.
3. Se a rotação das culturas, a cobertura do solo e/ou as variedades de culturas não
forem optimizadas, poderá ser necessária uma maior quantidade de produtos
químicos para o controlo das pragas e dos infestantes.
4. As emissões óxido nitroso (N2O) aumentam no período de transição.
5. Os agricultores têm de efectuar um investimento inicial em máquinas
especializadas e têm de ter acesso, a custos razoáveis, a sementes de culturas de
cobertura adequadas às condições locais.
6. Os agricultores necessitam de uma formação intensa e de acesso a serviços de
consultoria especializados. A abordagem adoptada implica uma alteração de
fundo relativamente à agricultura convencional.

Fonte deste módulo: © Comunidades Europeias 2009.

84
85
ANEXO I – CÁLCULO DE QUANTIDADE DE ADUBO POR HECTARE

Kg de nutriente/ha X 100
Kg de adubo / hectare =
% de nutriente no adubo

Exemplo no 1: Suponhamos que queremos fornecer 50 kg de N (azoto)/ha no milho.

Há diferentes adubos que podem fornecer N, como por ex., o sulfato de amónio com 20
% de N e a ureia com 46 %.

a) Para saber a quantidade/ha de sulfato de amónio calcula-se assim:

50 X 100
= 250 kg/ha de sulfato de amónio
20

b) No caso de querer usar a ureia calcula-se deste modo:

50 X 100
= 108,6 kg/ha de ureia
46

Exemplo no 2: Se pretendemos aplicar no milho 50 kg de P (fósforo)/ha.

O adubo super fosfato simples contém 18 % de P2 O5; portanto a quantidade de super


fosfato simples/ha calcula-se assim:

50 X 100
= 277,7 kg/ha de super fosfato simples
18

Exemplo no 3: Se pretendemos aplicar no milho 25 kg de K (potássio)/ha.

O adubo cloreto de potássio contém 60% K2 O, logo calcula-se a quantidade/ha assim:

25 X 100
= 41,6 kg/ha de cloreto de potássio
60

86
ANEXO II – COMO MISTURAR ADUBO SIMPLES PARA OBTER UM
COMPOSTO

Um adubo composto pode ter os elementos N, P e K misturados em várias proporções.

Se nós quisermos preparar um adubo composto, por exemplo o 10:6:10 e dispomos os


seguinte adubos simples:
a) Sulfato de amónio (que contém 20% de N)
b) Super fosfato simples (que contém 18 % de P2O5)
c) Cloreto de potássio (que 60% K2O)

Calculamos a quantidade de cada adubo simples a utilizar conforme a fórmula seguinte:

Quantidade de nutriente a entrar no composto X 100


= Partes de adubo simples
% de nutriente no adubo simples

Portanto:

a) 10 X 100
= 50 partes de sulfato de amónio
20

b) 6 X 100
= 33,3 partes de super fosfato simples
18

c) 10 X 100
= 16,6 partes de cloreto de potássio
60
Somamos as partes resultantes de todos os adubos:
Sulfato de amónio ......................................... 50,0
Super fosfato simples ......................................... 33,3
Cloreto de potássio ......................................... 16,6

Total ................................ 99,9

Para chegar a 100 partes usamos recheio (cal, areia, etc.) calculado da seguinte maneira:
Adubo composto ..................................... 100
Soma dos adubos simples ........................ 99,9
______
Parte de recheio ....................................... 0,1

87
Isto quer dizer que para prepararmos 100 kg de adubo composto de fórmula 10:6:10
juntamos:
50,0 kg de sulfato de amónio
33,3 kg de super fosfato simples
16,6 kg de cloreto de potássio
0,1 kg de recheio

Assim temos 100 kg do composto N:P:K = 10:6:10

88
ANEXO III – GUIA PARA MISTURA DE ADUBOS

Tipos de adubo

Nitrato cálcio amónio

Cloreto de potássio

Sulfato de potássio
Fosfato de amónio
Sulfato de amónio

Super fosfato

Ureia

Cal
Sulfato de amónio M M M M S M M N
Nitrato de cálcio amónio M M S S S S S M
Super fosfato M S M M S M M N
Fosfato de amónio S S M M S S S N
Ureia S S S S M S S S
Cloreto de potássio M S M M S M M M
Sulfato de potássio M S M M S M M M
Cal N M N N S M M M

M Adubos que podem ser misturados

S Adubo que só pode ser misturado pouco antes de usar

N Adubos que não podem ser misturados

89
ANEXO IV – COMPOSIÇÃO (aproximada) DE ESTRUMES e ADUBOS MAIS
UTILIZADOS (em percentagem)

Grupo de Nome dos adubos Azoto Fósforo Potássio Cálcio Magnésio Enxofre
adubo N P2O5 K2O CaO MgO S
Ureia 46 - - - - -
Nitrato de amónio 34 - - - - -
Azotados Nitrato de cálcio 26 - - 16 - -
amónio
Sulfato de amónio 21 - - - - 24
Super fosfato - 18 - 20 - 12
simples
Fosfatados
Super fosfato triplo - 42 - 12 - -
Diamónio fosfato 20 54 - - - -
Cloreto de potássio - - 60 - - -
Potássicos
Sulfato de potássio - - 50 - - 18
Cal - - - 90 (x) -
Cálcicos
Calcário - - - 50 (x) -
Magnésicos Kieserit - - - - 16 22
Galinha (seco e com IND IND IND
palha) 2,8 2,8 1,5
Bovino (seco) 1,3 0,9 0,8 IND IND IND
Ovelha (seco) 1,4 1 3 IND IND IND
Estrumes
Guano de Morcego 10 4,5 2 IND IND IND
Cavalo (fresco) 0,6 0,3 0,5 IND IND IND
Porco (fresco) 0,6 0,5 0,4 IND IND IND
Composto 0,5 0,25 0,5 IND IND IND
Material Cinza de Madeira - 1,8 5 IND IND IND
vegetativo e Palha de Cereais 0,6 0,2 1 IND IND IND
animal Serradura 0,2 - 02 IND IND IND

(x) Quantidades diferentes conforme a origem do adubo


IND – Informação Não Disponível

90
ANEXO V – QUADRO DE COMBINAÇÕES E DOSAGENS DE
FERTILIZANTES QUÍMICOS

Dose Percentagem de N ; P2O5 ; K2O


recomendada
de
fertilizantes
(kg/ha) 10% 11% 12% 14% 15% 16% 17% 18% 19% 20% 21%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
5 50 46 42 36 33 31 29 28 26 25 24
10 100 91 83 71 67 63 59 56 53 50 48
15 150 136 125 107 100 94 88 83 79 75 71
20 200 182 167 143 133 125 118 111 105 100 95
30 300 273 250 214 200 188 176 167 158 150 143
50 500 455 417 357 333 313 294 278 263 250 238
60 600 545 500 429 400 375 353 333 316 300 286
75 750 682 625 536 500 469 441 417 395 375 357
100 1000 909 833 714 667 625 588 556 526 500 476

Dose Percentagem de N ; P2O5 ; K2O


recomendada
de
fertilizantes
(kg/ha) 22% 25% 26% 28% 32% 35% 36% 45% 46% 50% 60%
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
5 22 20 19 18 16 14 14 11 11 10 8
10 45 40 38 36 31 29 28 22 22 20 17
15 68 60 58 54 47 43 42 33 33 30 25
20 91 80 77 71 63 57 56 44 43 40 33
30 136 120 115 107 94 86 83 67 65 60 50
50 227 200 192 179 156 143 139 111 109 100 83
60 273 240 231 214 188 171 167 133 133 120 100
75 314 300 288 268 234 214 208 167 163 150 125
100 455 400 385 357 313 286 278 222 217 200 167

Nota: Uso do quadro para obter a necessária dosagem de adubo

Localiza na coluna vertical (Dose recomendada de fertilizantes (kg/ha) a dosagem


recomendada de fertilizante ( ex. N=60) e na coluna horizontal (% de Nutriente) localiza
a percentagem disponível do fertilizante (ex N na Ureia 46%). No ponto de intercepção
dessas duas colunas indica a dosagem necessária do adubo (133) kg/ha

91
ANEXO VI – REMOÇÃO DE NUTRIENTES PELAS CULTURAS1) EM KG POR
HECTARE

Rendimento Azoto Fósforo Potássio Ca Mg S


kg/ha N P2O5 K2O
Arroz em casca 3 000 50 26 80 IND IND IND
6 000 100 50 160 19 22 10
Trigo 3 000 72 27 65 IND IND IND
5 000 140 60 130 24 14 21
3 000 72 36 54 IND IND 5
Milho
6 000 120 50 120 24 25 15
Batata 20 000 140 39 190 2 4 6
40 000 175 80 310 IND 23 16
Batata-doce 15 000 70 20 110 IND IND IND
40 000 190 75 390 28 9 IND
Mandioca 25 000 161 39 190 44 16 IND
40 000 210 70 350 291 57 IND
Cebola 35 000 120 50 160 IND IND 21
Tomate 40 000 110 30 150 IND 17 54
Soja 1 000 1602 35 80 IND IND IND
2 400 2242 44 97 IND 18 IND
Feijões 2 400 1552 50 120 IND IND IND
Amendoim 1 500 1052 15 42 19 11 12
Algodão caroço 5 000 180 63 126 IND 35 30
Tabaco (folha seca) 1 700 90 22 129 48 6 4
IND – Informação Não Disponível
1) Nutrientes de plantas contidas nas partes colhidas, áreas ou
subterrâneas, conforme o caso, nos rendimentos indicados.
Repare que estes não são o mesmo que necessidades de
adubação
2) Culturas leguminosas podem obter do ar a maior parte do seu
nitrogénio

92
ZONAS AGRO-ECOLÓGICAS DE MOÇAMBIQUE

De acordo com a
classificação do Instituto
de Investigação Agrária de
Moçambique (1996)
adaptada para a cobertura
do país, Moçambique
enquadra-se em dez (10)
zonas agro-ecológicas,
nomeadamente R1 a R10
que são descritas a seguir:
Zona Agro-ecológica R1
1. Altitude
Abrange o interior sul e
centro da província de
Maputo e uma pequena
porção do sul de Gaza. A
maior parte da região é
representada pela planície
arenosa do interior e
regiões sub-planálticas de
Moamba e Magude, com
altitudes variando entre os
200 e 500 m.

2. Clima
Clima do tipo semi-árido
seco, onde a precipitação
média anual varia entre
500 mm (Moamba, Sábié,
e Magude) e 800 mm
(Manhiça, Marracuene,
Boane, Namaacha e
Matutuíne). As
temperaturas médias anuais variam entre os 22ºC e 26ºC, alcançando os menores valores
nas regiões planálticas e dos Libombos. A precipitação média anual é <600 e a
evapotranspiração potencial na ordem dos 1400 a 1500 mm. A baixa pluviosidade e
irregularidade da chuva originam uma acentuada deficiência de água.

3. Solos
Ocorrência de solos de origem basáltica ao longo da cadeia dos Libombos e Pequenos
Libombos, de profundidade e côr variáveis, vermelhos, pardos e pretos, argilosos, embora
também sejam comuns os solos riolíticos líticos, delgados, das encostas das colinas e

93
montanhas. Entre esta zona e o sub-litoral, ocorrem solos da cobertura arenosa associados
à plataforma de depósitos de Mananga e os solos de Pós-Mananga das zonas de transição
e encostas dos vales dos principais rios. A região é ainda dissecada pelos vales dos rios
Incomáti, Umbelúzi e Maputo, cujas planícies são dominadas por solos desenvolvidos
sobre depósitos recentes de origem aluvionar estratificados. Os solos vermelhos de
textura grosseira a média, de Grés, calcários, característicos das colinas do sub-litoral
como de Tinonganine, Boane, Machava, Marracuene, Magude.

4. Culturas
Consociação de milho, mandioca e feijão nhemba, durante a época de chuvas, enquanto a
batata-doce é produzida durante todo o ano. Durante a estação seca e nas depressões,
baixas e ao longo do curso dos rios, a produção de hortícolas, milho, batata-doce, cana-
de-açúcar e bananeira é comum. Contudo, nos vales dos rios e nas terras húmidas, o
sistema de produção agrícola irrigada é caracterizado pela produção intensiva de
hortícolas, cana-de-açúcar e de algumas fruteiras, em particular citrinos e bananeiras.

Zona Agro-ecológica R2
1. Altitude
Abrange a faixa costeira da zona Sul, desde o rio Save a Norte até à fronteira com a
África do Sul, no extremo Sul, cobrindo assim o litoral dos Urrongas, Massinga,
Morrumbene, Inharrime, Quissico, Xai-Xai, Manhiça, Marracuene, Matutuíne, e ainda o
interior de Panda, Chibuto, Manjacaze, e Macia. A região abrange toda a faixa costeira
com altitudes inferiores a 200 m, integrando áreas baixas, litorais e sub-litorais, de
terreno plano, quase plano a ligeiramente ondulado.

2. Clima
Clima do tipo sub-húmido seco. A precipitação ronda entre 800-1000 mm, a
evapotranspiração potencial é geralmente superior a 1500 mm. A distribuição irregular
das precipitações ao longo do ano, resulta em deficiências hídricas no período Maio-
Dezembro.

3. Solos
A norte, os solos são de textura média a fina, dos aluviões do rio Save e ainda pela faixa
estreita disposta norte-sul dos aluviões do rio Govuro. A zona dos Urrongas é dominada
por solos vermelhos derivados de calcários ou de areias que cobrem estes, e os solos
arenosos similares aos da faixa arenosa do litoral e sublitoral. Mais para sul e ainda ao
longo da mesma faixa, ocorrem solos hidromórficos orgânicos também conhecidos como
Machongos. No planalto do interior são comuns os solos de Mananga.

4. Culturas
Dominada pelo sistema de produção baseado nas culturas de coqueiro e cajueiro, como as
culturas mais importantes na renda da maioria das famílias rurais camponesas, embora
outras culturas alimentares assumam igual importância na segurança alimentar. Assim, e
dependendo do tipo de solos, é possível encontrar duas consociações dominantes,
nomeadamente a cultura de mandioca consociada com o amendoim, e milho consociado

94
com feijão nhemba. A batata-doce é cultivada nas terras com maior disponibilidade de
humidade no solo, como as baixas e depressões.

Zona Agro-ecológica R3
1. Altitude
Abrange uma parte considerável do interior da zona Sul dominada por altitudes inferiores
a 200m.

2. Clima
A precipitação anual ronda cerca de 500-800 mm, a evapotranspiração potencial de
referência (ETo) é geralmente superior a 1500 mm. A maior parte da região apresenta
temperaturas médias anuais superiores a 24°C, mais a reduzida precipitação resulta em
deficiências de água superiores a 800 mm anuais, chegando a exceder os 1100 mm na
região de Pafúri. A humidade relativa média anual é cerca de 60-65%.

3. Solos
Solos delgados e esqueléticos, ao longo da faixa fronteiriça; Solos arenosos
característicos da cobertura arenosa de espessura variável sobre os depósitos de
Mananga; de solos vermelhos e pardos, derivados de calcários; e de solos cinzentos
(arenosos, argilosos e hidromórficos) do Guijá. São ainda de realçar os solos aluvionares
que ocorrem ao longo da planície do rio Save, a norte, do Limpopo e ao longo do rio
Changane

4. Culturas
Ocorrência de dois sistemas de produção agrícola dominantes: O primeiro corresponde à
vasta zona arenosa do interior onde domina a consociação das culturas alimentares
mapira/milho, embora os camponeses ainda produzam amendoim e feijão nhemba com
pouco sucesso, o mesmo para o milho. Devido à grande variação nas datas de início do
período de crescimento e de sementeira, e do período de crescimento ser de curta
duração, os camponeses recorrem ao uso de variedades de ciclo curto. É contudo a
produção pecuária aquela que maior expressão socioeconómica assume nesta região,
devido à existência de um estrato graminoso e arbustivo abundante. O segundo sistema
de produção é aquele que domina nos regadios, principalmente no sistema de Chókwè.
Tem duas estações de culturas distintas, a época quente e a época fresca. No período
quente as principais culturas são o milho (em consociação com feijão nhemba) e o arroz
(cultura simples), enquanto na época fresca a produção de hortícolas assume maior
importância. O milho de 2ª época também é produzido com alguma importância embora
em consociação com feijão manteiga. A batata-doce é cultivada nas duas estações. A
maioria dos camponeses da região, têm machambas nas partes altas, na serra e colinas da
plataforma de Mananga, onde cultivam em consociação milho, amendoim, feijão
nhemba, batata-doce e abóbora. No regadio é comum já o cultivo de algodão.

Zona Agro-ecológica R4
1. Altitude
Cobre o Centro-Oeste da província de Sofala e uma parte considerável da província de
Manica. O panorama paisagístico desta região, compreende terrenos que ocorrem em

95
altitudes que variam entre 200 a 1000 metros. A topografia é quase plana a ondulada, de
Sofala para o interior de Manica, e gradualmente esta torna-se muito ondulada a
dissecada na transição para a R10, isto é, região de alta altitude.
2. Clima
O clima é seco de estepe com inverno seco (no extremo norte). A precipitação média
anual ronda cerca de 1000-1200 mm, A evapotranspiração potencial, em média, está na
ordem dos 1200 a 1400 mm. A temperatura média anual é de 26,5ºC, sendo a máxima de
32,5ºC e a mínima de 20,5ºC, por conseguinte uma amplitude na ordem dos 12ºC.

3. Solos
Solos de textura variável, profundos a muito profundos, localmente pouco profundos,
castanhos-avermelhados, sendo ainda ligeiramente lixiviados, excessivamente drenados
ou moderadamente bem drenados e, por vezes, localmente mal drenados. Ocorrem ainda,
solos aluvionares e hidromórficos ao longo das linhas de drenagem natural associados aos
dambos.

4. Culturas
Predominam as consociações de milho, mapira, mandioca e feijão nhemba. As culturas
de arroz pluvial e batata-doce estão confinadas apenas às terras húmidas.

Zona Agro-ecológica R5
1. Altitude
Abrange parte da faixa costeira e estende-se desde o rio Save até ao Sul do distrito de
Pebane na província da Zambézia com altitude inferior a 200 metros.

2. Clima
São influenciadas pelo clima de tipo tropical chuvoso de savana onde as precipitações
médias anuais são acima dos 800mm, chegando na maioria dos casos a 1200 ou mesmo
1400 mm, concentrando-se no período compreendido entre Novembro e finais de Março,
podendo localmente estender-se até Maio. A evapotranspiração potencial regista valores
médios na ordem dos 1000 a 1400mm e as temperaturas médias anuais variam de 24 a
26ºC, facto que possibilita e encoraja a prática de agricultura de sequeiro com apenas
uma colheita sem riscos significativos de perda das culturas devido ao déficit hídrico.

3. Solos
Ocorrência de solos arenosos e de cobertura arenosa, solos derivados de grés e ainda os
solos derivados e evoluídos a partir da plataforma de Manangas. Complementam estes
agrupamentos de solos as deposições fluvio-marinhas e os aluviões recentes dos
principais rios e seus afluentes, por exemplo o Zambeze, Ligonha, Licungo, Púnguè, Búzi
e Save. Os solos arenosos, em geral, são profundos a muito profundos, excessivamente
bem drenados, baixa capacidade de retenção de nutrientes e água. Os fluviomarinhos
ocorrem ao longo da linha costeira e nas planícies estuarinas onde se desenvolvem os
mangais, sendo solos profundos, a muito profundos, muito mal drenados, salinos e
sódicos. O potencial para agricultura irrigada está limitado aos solos aluvionares, em
particular aqueles de textura média a pesada.

96
4. Culturas
O sistema de produção predominante nos solos de textura pesada e mal drenados é a
monocultura de arroz pluvial (na época chuvosa), seguida por batata-doce em regime de
camalhões ou matutos (época fresca), enquanto nos solos moderadamente bem drenados
predominam as consociações de milho, mapira, mexoeira, mandioca e feijões nhemba e
boer. Algodão e cana-de-açúcar são culturas de rendimento, produzidas em regime de
monocultura.

Zona Agro-ecológica R6
1. Altitude
Os terrenos apresentam declives quase planos a fortemente ondulados e localmente
dissecados, com uma altitude que varia de 0-200 metros.

2. Clima
Clima seco de estepe com inverno seco, precipitação média anual cerca de 500-800 mm,
evapotranspiração potencial está na ordem dos 1200 a 1400 mm. A temperatura média
anual é de 26,5ºC, sendo a máxima de 32,5ºC e a mínima de 20,5ºC, por conseguinte uma
amplitude na ordem dos 12ºC

3. Solos
Solos de textura variável, profundos a muito profundos, localmente pouco profundos,
castanhos-avermelhados, sendo ainda ligeiramente lixiviados, excessivamente drenados
ou moderadamente bem drenados e, por vezes, localmente mal drenados. Ocorrem ainda,
solos aluvionares e hidromórficos ao longo das linhas de drenagem natural associados aos
dambos.

4. Culturas
O sistema de produção dominante é mapira/mexoeira. O milho é produzido em
consociação com feijão nhemba em solos com boas capacidades de retenção de humidade
e em micro-climas específicos. Observa-se ainda o domínio de criação do gado caprino
bovino e aves.

Zona Agro-ecológica R7
1. Altitude
Região de altitude média, compreendendo planaltos baixos, médios e subplanaltos que
abrangem altitudes que variam de 200 a 1000 metros.

2. Clima
Clima de tipo tropical chuvoso de savana onde as precipitações médias anuais são acima
dos 800mm, chegando na maioria dos casos a 1200 ou mesmo 1400 mm, concentrando-
se no período compreendido entre Novembro e finais de Março, podendo localmente
estender-se até Maio. A evapotranspiração potencial regista valores médios na ordem dos
1000 a 1400 mm e as temperaturas médias anuais variam de 24 a 26ºC, facto que
possibilita e encoraja a prática de agricultura de sequeiro com apenas uma colheita sem
riscos significativos de perda das culturas devido ao déficit hídrico.

97
3. Solos
Solos de textura variável, profundos a muito profundos, localmente pouco profundos,
castanhos-avermelhados, sendo ainda ligeiramente lixiviados, excessivamente drenados
ou moderadamente bem drenados e, por vezes, localmente mal drenados. Ocorrem ainda,
solos aluvionares e hidromórficos ao longo das linhas de drenagem natural associados aos
dambos.

4. Culturas
Dominam neste ambiente sistemas de produção que compreendem consociações de
mandioca, milho e feijões nhemba e boere e/ou consociação de mapira, milho e feijão
nhemba, e em menor escala a cultura de amendoim. Nos solos onde se observa a presença
de humidade residual por período prolongados de tempo é frequente a cultura de arroz ou
batata-doce, esta última, em regime de camalhões (matutos).

Zona Agro-ecológica R8
1. Altitude
Abrange o nordeste da província da Zambézia e compreende a faixa costeira cobrindo
uma parte significante do distrito de Pebane. O relevo em geral, é quase plano e
localmente ondulado (dunas costeiras).

2. Clima
Clima de tipo tropical chuvoso de savana onde as precipitações médias anuais são acima
dos 800 mm, chegando na maioria dos casos a 1200 ou mesmo 1400 mm, concentrando-
se no período compreendido entre Novembro e finais de Março, podendo localmente
estender-se até Maio. A evapotranspiração potencial regista valores médios na ordem dos
1000 a 1400 mm e as temperaturas médias anuais variam de 24 a 26ºC, facto que
possibilita e encoraja a prática de agricultura de sequeiro com apenas uma colheita sem
riscos significativos de perda das culturas devido ao déficit hídrico.

3. Solos
Os solos arenosos, em geral, são profundos a muito profundos, excessivamente bem
drenados, baixa capacidade de retenção de nutrientes e água. Os fluviomarinhos ocorrem
ao longo da linha costeira e nas planícies estuarinas onde se desenvolvem os mangais,
sendo solos profundos, a muito profundos, muito mal drenados, salinos e sódicos. solos
arenosos, lavados, amarelos a castanho-acinzentados, sejam os da cobertura arenosa do
interior, quer sejam os das dunas arenosas costeiras, e ainda pelos solos da faixa do grés
costeiro, de textura côr alanrajada. Os solos arenosos hidromórficos das depressões e
baixas ocorrem alternados com as partes de terreno mais elevadas. Em Quissanga
dominam ainda os vertissolos, argilosos, das planícies aluvionares do rio Montepuez.

4. Culturas
Produção mais frequente é mais dominada pela cultura da mandioca, e pela produção de
mexoeira. A castanha de cajú é uma das principais fontes de rendimento familiar. Este
sistema de produção é ainda complementado pela cultura de amendoim nos solos
arenosos e arroz nos solos hidromórficos. É de assinalar ainda que ao longo da faixa
costeira é comum o cultivo do coqueiro.

98
Zona Agro-ecológica R9
1. Altitude
Zona sub-planáltica, com altitudes entre os 500 e os 1000 metros, limitada aos planaltos
de Mueda e de Macomia, na província de Cabo Delgado.

2. Clima
A precipitação média anual é superior a 1000 mm e a evapotranspiração potencial de
referência é de 1300 mm. As temperaturas médias anuais são em regra inferiores a 22ºC,
embora localmente possam exceder esses valores.

3. Solos
Solos de textura mais ligeira do tipo arenoso a franco-argilo arenoso vermelhos, castanho
avermelhados, Castanho acinzentados, profundos a moderadamente profundos
respectivamente, bem a excessivamente bem drenados, e imperfeitamente a bem
drenados respectivamente, resultando numa baixa ou reduzida capacidade de
armazenamento de água e por conseguinte, agravando o deficite de água durante o
período seco.

4. Culturas
Produção de milho, cultura dominante no sistema de produção onde entram também
culturas como a mandioca, mapira e feijão nhemba. O cajueiro é sempre uma importante
fonte de rendimento. O milho é também cultivado nas terras baixas e húmidas ao longo
das linhas de drenagem.

Zona Agro-ecológica R10


1. Altitude
Zona de altas altitudes superiores a 1200 metros O relevo é dominado por interflúvios
intercalados por vales estreitos e muito profundos, podendo ocorrer ainda e de forma
isolada afloramentos rochosos tipo inselbergs

2. Clima
Clima temperado húmido a temperatura média anual está compreendida entre os 18 e
24ºC, mas em geral é inferior a 22ºC. O valor médio anual da precipitação é superior a
1200 mm podendo exceder este valor e atingir os 1400 mm de chuva. As deficiências
hídricas são geralmente baixas (um a três meses) e a evapotranspiração potencial é igual
ou inferior a 1300 mm.

3. Solos
Ocorrência de solos vermelhos a castanho-avermelhados, de textura pesada, profundos e
moderadamente bem drenados, ligeira a fortemente lixiviados, contudo apresentando
boas capacidades de retenção de água. Ocorrência de solos argilosos vermelhos das zonas
planálticas embora possam ainda aparecer associados a solos de cores alaranjada,
amarelada e cinzenta dependendo da sua posição no terreno.

99
4. Culturas
Os sistemas de produção compreendem consociações de milho e feijão vulgar. Há
observância ainda da produção de culturas de rendimento tais como batata reno e feijão
manteiga. É de assinalar que a cultura de feijão manteiga pode ser feita em duas épocas.
Durante a época fresca, em particular nos vales, é comum a produção de hortícolas.

Fonte: Instituto de Investigação Agrária de Moçambique

100
PRODUÇÃO DE CULTURAS

1. Mensagem principal
a) A sementeira atempada irá permitir o aumento de rendimentos.
b) Semear depois das primeiras chuvas de sementeira, quando a humidade do solo
atinge pelo menos 15 cm de profundidade.
c) Semear num espaçamento e população de plantas correctos.
d) Usar boa semente, que tanto pode ser seleccionada ou comprada.

2. Detalhes
1. Semear a principal cultura (usualmente milho, mas depende da região)
medianamente depois das primeiras chuvas terem humedecido o solo numa
profundidade de pelo menos 15cm.
2. Semear numa óptima população e espaçamento de acordo com as recomendações
a seguir.
3. Semear numa correcta profundidade, especificada a seguir para garantir uma
germinação uniforme
4. Seguir a sementeira do milho com mapira, amendoim e feijão jugo (depende do
calendário de cada região).
5. O feijão nhemba pode ser semeado de forma sequencial na área do milho ou
mapira quando estão próximas de maturação. Isso irá ajudar a atenuar a dispersão
da mão-de-obra.
6. Devem semear os feijões somente em Fevereiro.

Precauções
Não semear antes de Outubro (zona Centro) ainda que as primeiras chuvas possam
ocorrer e não é frequente o início da estação das chuvas antes do fim de Outubro.

Temas
Culturas de arroz, milho, mapira mexoeira, trigo, mandioca, girassol, feijão, feijão
nhemba, batata reno, gergelim, soja, caju e algodão.

Objectivo

• Para que o extensionista saiba transmitir e demonstrar o seguinte:


• Calendário das lavouras (preparação da terra) das culturas
• Calendário de sementeira de cada uma das culturas
• O compasso de sementeira de cada uma das culturas
• Amanhos culturais, especialmente a sacha.
• Quando e como controlar pragas e doenças

101
1. ARROZ: (Oryza sativa) Família: Graminaceae)
Data de sementeira: Nov. – Maio
Maio – Out. (Regadio de Nante)
Rendimento: 1,5 – 6 ton/ha

As questões mais importantes em tecnologia de cultivo de arroz são:


1. Época de cultivo
2. Preparação do solo
3. Plantitas saudáveis no viveiro
4. Trabalho de transplantação e método de aplicação de fertilizante
5. Maneio de campo definitivo incluindo controlo de água e assim por diante.

1.1 Tipo de viveiro e método de preparação.


O aumento de qualidade de plântulas é o primeiro passo no cultivo de arroz. Os
produtores Japoneses dizem que a qualidade de plântulas é geralmente responsável por
50% de rendimento.

Tipo de viveiro
É recomendável viveiro com a forma rectangular e semi-húmido.

* Largura de cada viveiro é de


1.2 m e cada passadeira é de 30
cm..

* Largura de cama de
sementeira é de 1.2m
* Largura da passadeira é de
30cm

Vista de viveiro com bom crescimento.

De acordo com os resultados de ensaios, a alta qualidade de plântulas fortes com maior
quantidade de matéria são obtidos em viveiros do tipo semi-húmidos. Plântulas mais
fortes terão período de adaptação mais curto depois de transplantar e maior número de
rebentos durante o período de afilhamento em relação a plântulas provenientes de
viveiros húmidos e/ou secos. Isto significa que há alta acumulação da matéria
fotossintética em plântulas de viveiros de tipo semi-húmidos.

102
Área de viveiro
A área do viveiro necessária para cada 1 ha de campo de arroz é de 400~500 m2 (nesta
área inclui passadeiras.)

De acordo com resultados de ensaio, as plântulas tornam-se mais curtas e finas, se a área
de viveiro for menor que 400 m2 para 1 ha de campo definitivo.

1.2 Quantidade da semente e sua pureza.

A quantidade de semente para 1 ha difere de acordo com a % de humidade de grão; a %


de humidade deve ser verificada usando medidor de humidade.

Quantidade de Semente necessária de acordo com a percentagem de humidade

% de humidade na Kgs necessários de


semente de arroz semente para 1 há
definitivo
15 ~ 16 65 ~ 75
13 ~ 14 55 ~ 60
10 ~ 12 45 ~ 53

Há redução no rendimento do arroz pela quando há mistura de variedades. Utilização de


semente pura de arroz é indispensável para obter rendimento alto.

1.3 Pré-tratmento de semente.


O procedimento do pré-tratamento de semente é como se segue:

Selecção por gravidade específica de semente usando água.


A selecção através da gravidade específica de semente através de água deve ser feita
antes de saturação.
Etapas do pré-treatmento da semente são;
Grão (1) Encha o balde de água.
flutuando é (2) Introduza a semente na água.
deitado fora Semente completamente madura separa-se da imatura ou
chocha
Semente chocha flutua.
Usar apenas grãos precipitados para semente.
(3) Depois, estas sementes são deixadas em água por cerca
de 24-30 horas para uma suficiente absorção de água.
(4) Depois de embeber leve a semente para um local de
incubação por cerca de 12 a 18 horas. Este processo deve ser
Para semente usar cuidoso controlando a germinação.
apenas os grãos
afundados

Fig.14 Método de selecção por gravidade

103
específica através de água corrente.
Embeber a semente em água e incubar.

Embeber a semente em água por cerca de 24-30 horas, e incuba-la em aproximadamente


12-18 horas. Durante o processo de incubação há necessidade de uma observação
cuidadosa da condição de germinação.

Embeber
24-30 horas
Incubação da semente
12-18 horas

Cobrtura por plastico

Método de embeber a semente e de incubação

1.4 Método de preparação do viveiro


1) Lavoura
2) Gradagem
3) Destruir torrões e remover capim antes de humedecer
4) Pôr água e continuar com nivelamento final cuidadosamente
5) Devem ser feitas valetas entre as camas, e as camas devem ser planas e niveladas

1.5 Sementeira
1. Semear uniformemente
2. Cobrir a semente no solo usando a palma da mão
3. Cobrir 2-3 mm com solo leve e lamacento a partir da valeta. Assim, poderá obter
boa germinação!
4. Cobrir 2-3 mm com solo leve e lamacento a partir da valeta
5. Regar todas as manhãs até completer 1 semana para assegurar boa germinação

Trabalho de sementeira Trabalho de cobertura da


semente com as mãos

104
1.6 Maneio do viveiro e duração das plântulas

Monda do viveiro
O trabalho de monda é necessário de vez em quando durante o período de
desenvolvimento das plântulas quando as infestantes aparecerem. Se nenhuma monda for
efectuada, aparecem muitas infestantes e as plântulas tornam-se pequenas e finas,
retardando o período de crescimento, finalmente resultando em número reduzido de
panículas.

Adubação de cobertura com ureia no viveiro


12 dias depois da germinação, aplique ureia 3-5 g por m2 (400m2=2 kg, 500 m2=2.5 kg).
Mas, não aplique ureia depois de passar metade do tempo de permanência das plantas no
viveiro (21-30 dias)

Maneio de água no viveiro


a) Logo após a sementeira até 7 dias: dê água todas as manhãs, até
aproximadamente 1-2 cm de altura a partir da superfície do viveiro
b) 7-14 dias: Dê água em cada 2-3 dias usando o mesmo método descrito a cima.
c) Depois de 15 dias- Período de transplantação: Dê água cada 4-5 dias, e dê água
suficiente 1 ou 2 dias antes do arranque das plantas para transplantação.

Duração das plântulas no Viveiro


A duração do viveiro é muito importante para melhor assegurar plantas maiores e
saudáveis como também panículas maiores e maior número de panículas por unidade de
área. A duração do viveiro deve ser entre 21 e 30 dias. A Duração acima de 30 dias
normalmente causará emissão de panículas no momento não apropriado ocorrendo logo
após a transplantação, para além de que serão panículas de tamanho reduzido e haverá
menor número de panículas por unidade de área (mas, infelizmente, é comum para alguns
produtores usarem plântulas com 40 ou 50 dias).

1.7 Preparação de campo definitivo do arroz

Lavoura e gradagem
Use tractor ou junta de bois para lavrar, não muito fundo que 20-25 cm. O momento certo
da lavoura e a gradagem é muito importante. Lavrar em Setembro ou Outubro é bom para
eliminar infestantes se não houver nenhuma cultura precedente. De qualquer modo, o
efeito de eliminação de infestantes por lavoura e gradagem leva longos dias.

Trabalho de parcelamento se o campo não estiver bem nivelado.


Há casos de campos ligeiramente inclinados. Então debaixo destas condições, é muito
difícil manter água espalhada uniformemente ao longo de toda área. Assim, é preciso
dividir a terra em pequenas parcelas que permitam um bom nivelamento como ilustrado a
abaixo:

Se por exemplo a área for de 0.5 ha, divida em pelo menos 8 parcelas pequenas; e será

105
necessária uma divisão adicional se o campo for muito inclinado.
120m

41.6 m

Canal interno de irrigação

Campo não nivelado deve ser dividido em pequenas parcelas para facilitar bom
nivelamento

Canal de
Irrigação

Bom parcelamento do campo

Encharcamento e nivelamento.
O propósito de encharcamento é tornar o solo macio para o fácil enraizamento da planta
de arroz logo após transplante, e economizar água de irrigação por minimizar a
percolação. Depois de encharcamento, o trabalho de nivelar é também necessário. Plantas
de arroz crescem bem debaixo de 10 cm de solo inundado. A rega por inundação impede
aparecimento de infestantes logo após transplantação.

O encharcamento e nivelamento podem ser feitos usando gado como está ilustrado a
seguir.

106
Nivelamento com tracção animal

O trabalho de nivelamento é também importante porque permite crescimento uniforme de


plantas de arroz. Crescimento uniforme é um dos factores que determina alto rendimento.
Muitas infestantes aparecem onde o solo fica exposto logo após transplantação e o efeito
de ureia também será reduzido se a superfície de campo não estiver bem nivelada.

1.8. Transplante

Densidade de transplante
A densidade das plantas deve ser cerca de 30 covachos por m2 (como compasso de 18 x
18 cm). Para obter mais rendimento de arroz, o aumento da população de plantas por
unidade de área é um método rápido e muito efectivo.

O rendimento do arroz é altamente influenciado por número de panículas/m2 e de


algum modo pelo número de grãos/panícula

As técnicas abaixo podem ser usadas para aumentar o número de panículas por unidade
de área

a) Nivelamento do campo do arroz – faz correctamente o encharcamento e


nivelamento.
b) Densidade de plantio – 30 covachos /m2.
c) Aplicação de ureia – aplique 2-3 sacos de ureia (100 – 150 kg) /ha.
d) Aplicação fraccionada de ureia – 2 vezes na adubação de cobertura 7-10 (40-50%
da quantidade de ureia total) e 15-20 dias depois do transplante (25-30% da ureia
total).
e) Usar plântulas jovens e saudáveis – observar estritamente a duração do viveiro 21
a 30 dias (fase de 3-5 folhas).
f) Sementeira e transplante no momento óptimo
g) 4-6 plântulas por covacho,
h) Transplantar a reduzida profundidade,
i) Aplicar óptima quantidade de fertilizantes,
j) Fazer um bom maneio de monda durante a fase de emissão de rebentos,

Para a obtenção de um óptimo número de grãos por panícula adopte seguintes técnicas:
a) Adubação de cobertura – dos 18 a 20 dias antes da emissão da panícula (restantes
20-35% da ureia total)
b) Usar plântulas jovens

107
Variedade: Limpopo
Duração de crescimento total: 125 dias

Estágio do início da emissão


Variedade: Limpopo

Estágio do número máximo de rebentos


Duração de crescimento total: 125 dias

Estágio de diferenciaçã ds entrenós

Estágio do início da divisão

Emissão da panícula
Estágio de divisão

Estágio da colheita
das paniculas

reducional
Transplantação

reducional
Sementeira

Estágio de emissão de Estágio de


rebentos maturação

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130


| | | | | | | | | | | | | |
Dias depois de sementeira
Numero de grãospor panicula
Número de panículas por unidade área RRRMaturação
%
Peso de 1,000 grãos

Período de determinação de cada componente de rendimento.

Número de plântulas por covacho.


De acordo com os resultados do ensaio na Estação Agrária de Chókwè durante a
campanha 2007/2008, o rendimento do arroz aumenta quando aumentamos o número de
plântulas/covacho, mas ele começa a decrescer quando se atinge o número de 9 plântulas
por covacho. A conclusão é que o óptimo número de plântulas/covacho é de 4 a 6.

Profundidade de transplante.
O transplante a reduzida profundidade, 2 a 3 cm é também um importante factor para
facilitar o rebento durante o processo de afilhamento.
Se o transplante for executado correctamente, de modo que tenha reduzida profundidade,
os rebentos serão libertados a partir do sistema radicular num período de 7 dias após o
transplante. Pelo contrário, se o transplante for feito a alta profundidade entre 8 a 10 cm
da superfície do solo, as primeiras pequenas raízes aparecerão enterradas no solo, então
outras raízes aparecerão no nodo superior próximo à superfície de terra.
Se isto ocorrer, o período de enraizamento poderá levar mais que duas semanas, e o
recruto poderá demorar, assim como o número de rebentos será menor.

108
1.9 Quantidade de fertilizantes a aplicar.
a) Actualmente foram introduzidas em áreas extensas variedades de arroz com alto
rendimento. Em casos de cultivo de variedades de alto rendimento como ITA 312,
IR 64 ou Limpopo, a aplicação de nitrogénio é indispensável. De facto, algumas
vezes o rendimento do arroz é mais baixo em variedades de alta produtividade
comparada com variedade local, se nenhum fertilizante for aplicado. A aplicação
de fertilizante é uma prática crucial que permite aparecimento total das
características da variedade.
b) Como adubação de fundo aplica-se 100-150 kg de 12-24-12 antes da
transplantação.
c) A mínima quantidade de ureia necessária para adubação de cobertura é de 2 a 3
sacos por hectare, se a pessoa espera adquirir rendimentos altos. Não se deve
esperar que um saco de ureia por ha dê rendimentos altos devido ao efeito de
nitrogénio. Os resultados dos ensaios em Chókwè indicaram que óptimas
quantidades de ureia a serem aplicadas andam a volta de 130kg/ha, (cerca de 2.5
sacos/ha)
d) A altura da água, para aplicar a ureia, deve ser reduzida para 1 cm durante pelo
menos 3 dias

De acordo com resultados das experiências, a óptima quantidade de ureia por aplicar é
de 2 a 3 sacos para obter altos rendimentos nas variedades como Limpopo, IT 312 e
IR 64.

Aplicação de ureia pelo método fraccionado


A partir de resultados de ensaios, recomendamos três aplicações de adubo usando o
Método de Aplicação Fraccionada durante a adubação de cobertura, por exemplo, a
primeira aplicação na adubação de cobertura deve ser feita à partir de 40-50% da
quantidade de ureia total, 7 a 10 dias após o transplante, a segunda com 25-30% da ureia
total, 15 a 20 dias após o transplante, e a terceira aplicação deve ser feita à partir da
terceira quantidade de ureia que resta (20-35%) e é aplicada antes da Fase da Divisão
Reducional (18 a 20 dias antes da iniciação da panícula)

1.10 Maneio do campo do arroz


a) O controlo das infestante é essencial especialmente na primeira metade do
período do crescimento do arroz,
b) Controlar infestantes é muito importante especialmente até ao ponto máximo de
afilhamento, cerca de 30 a 40 dias depois do transplante. Durante este período, o
número de panículas por unidade de área é determinante e tem um grande efeito
no rendimento do arroz. Daí que o controlo de infestantes durante a fase de
afilhamento é uma actividade de grande importância.

Maneio de água
a) É importante que a lâmina de água de 4 a 6 cm seja mantida durante toda a fase de
enraizamento, por exemplo, até aos 7 a 10 dias depois do transplante. A lâmina de

109
água também será necessária durante a última metade do estágio de crescimento,
por exemplo, desde o fim da Fase de Divisão Reducional até a fase do grão
leitoso, que em caso da variedade Limpopo é por volta do dia 25 de Fevereiro a
15 de Março.
b) Desde a fase de maior afilhamento ao inicio da Fase de Divisão Reducional é
mais recomendável uma irrigação intermitente.
c) Lâmina de água profunda obstrui o afilhamento
d) Irrigação intermitente promove o afilhamento e liberta do solo gás prejudicial

Número máximo de afilhamento


Estágio de diferenciação de

Inicio da Fase de Divisão

Estágio de iniciação da
Estágio de

Fase da colheita
estabelecimento
Fim da fase de

afilhamento
Transplante

Não se verifica o

Reducional
período de
afilhamento

panícula
enter-nós
efectivo
período de
afilhamento
efectivo

10 cm
2-3 cm
Irrigação Lamina de água
Lâmina de água reduzida a intermitente reduzida e depois
Lâmina de água

2-3cm drenada ate aos


meados do
estágio de
aos 10 cm

maturação

Fig.34: Método de controlo de água durante todo o período de crescimento.

1.11 Colheita
a) O período óptimo de colheita é muito importante para garantir uma boa qualidade
de arroz.
b) É reconhecido internacionalmente que o período óptimo de colheita é quando
80% dos grãos da panícula estiverem cheios e maduros (grãos amarelados).
Quando a colheita ocorre neste estágio, o arroz sai com qualidade e com perdas
mínimas de colheita.
c) Passado o período óptimo de colheita, as perdas de colheita aumentam dia após
dia, principalmente devido a quebra do grão. Por outro lado, se esperar que o
processo de colheita aconteça quando os grãos começam a amarelecer, a
qualidade do arroz vai rapidamente decrescer e as perdas na colheita serão
maiores

110
d) Se após o ponto óptimo de colheita, o arroz permanecer longo período no campo
sem ser mexido, o grão racha-se (o grão que se encontra na parte superior até à
metade da panícula), isto, acontecerá até mesmo em arroz que produz alta
qualidade de grãos. A quebra do grão e a percentagem do arroz partido poderá
aumentar e a razão de descasque também será substancialmente reduzido

1.12 Debulha e secagem


Se a colheita e a debulha ocorrerem em condições chuvosas, o conteúdo de humidade no
grão de arroz pode atingir os 15%. Será necessário secar rapidamente ao sol até que a
percentagem de humidade esteja abaixo de 15%. Se o arroz for ensacado com humidade
elevada, a qualidade diminui, e a cor muda para amarelo, podendo ainda ocorrer bolor e
as vezes germinação dependendo do período de dormência de cada variedade.

1.13 Descasque de arroz


A percentagem do arroz descascado e a qualidade de arroz estão muito relacionadas com
o conteúdo de humidade do grão. Melhores resultados se obtêm com 13 a 15% de
humidade do grão

1.14 Método caseiro de produção de semente


Os produtores fazem a produção caseira de semente principalmente em países produtores
de arroz, e não é frequente a compra da semente. As características de uma boa variedade
não mudam quando é produzida durante vários anos em condições de cultivo normal,
assim a produção caseira de semente pode ser recomendada nesta zona com seguintes
procedimentos:

a) Pré tratamento da semente


i. Usar uma variedade pura no princípio.
ii. Fazer o pré tratamento rígido da semente, e o processo de selecção da
semente é especialmente importante.
b) Viveiro
i. Melhorar o viveiro usando o método de cama semi-húmida
ii. As técnicas a aplicar no viveiro devem ser as melhoradas como foi indicado
acima.
iii. Durante o período que as plântulas estiverem no viveiro, tirar as que
estiverem mais altas que as outras
iv. O momento de duração das Plântulas no viveiro deve ser respeitado: 21 a 30
dias
c) Transplante
i. O transplante num método de produção normal, deve ser de 4-6 plântulas por
covacho, 30 covachos por m2 e a profundidade de transplante deve ser
reduzida.
d) Maneio no campo definitivo e aplicação de fertilizante
i. O controlo de infestantes deve ser feito sempre e evitar misturar a semente
com a infestantes.
ii. A dose de fertilizantes e o maneio da água devem merecer os mesmos
cuidados dados ao cultivo normal do arroz.

111
e) Extracção de diferentes variedades misturadas
i. O processo de extracção de variedades indesejáveis é um processo crucial na
produção de sementes. Este processo deve ser executado pelo menos 4 vezes
durante o período total de crescimento do arroz
ii. Dos quatro estágios do arroz (estágio do viveiro, de afilhamento, da iniciação
da panícula e de maturação, onde se faz a extracção de variedades
indesejáveis, o ponto de identificação dessas variedades no primeiro e
segundo estágios (de viveiro e de afilhamento), é através da altura e da cor
das folhas do arroz e no terceiro estágio é principalmente a altura da planta e
por fim no quarto estágio é o estado de maturação da panícula.

No caso da variedade Limpopo


Crescimento total durante 125 dias
4a Extração

1a Extração 2a Extração 3a Extração

4 Abril.
24 Jan.

15 Mar.

25 Mar.
5 Mar.
25 Nov.

15 Dez.

25 Dez.
5 Dez.

14 Jan.

13 Fev.

23 Fev.
4 Jan.

3 Fev.

| | | | | | | | | | | | | |
▲Estágio de ▲ ▲▲ ▲ ▲ ▲
viveiro Estágio de
afilhamento
Inicio do estágiostágio

Início da Fase de Divisão


de diferenciação de

Estágio de emisão da
Estágio de maior

Estágio de colheita
afilhamento

Reducional
Sementeira

enter-nós
Transplante

Panícula

Fig.38: Momentos de desbaste de variedades indesejáveis em todos os estágios de


crescimento do arroz.

Como identificar a mistura de variedades?


1. Plântulas mais altas.
2. Largura, lâmina, e cor da folha.
3. Momento de maturação.
f) Momento de colheita de semente e o respectivo método

112
i. O momento ideal para a prática da colheita da semente é quando 80% das
panículas estiverem cheias e maduras.
ii. O método de selecção das panículas maiores é usado apenas para colher as
panículas maiores e saudáveis. A quantidade de semente necessária colher
na fase de panículas por ha é de 80-90 kg com abaixo de 18% de humidade
de grão.
g) Secagem e debulha
A percentagem de humidade do grão logo após a colheita da panícula é de cerca de 18%
ou mais, e há necessidade de pôr a secar rapidamente ao sol de modo a diminuir a
percentagem de humidade de grão até 13% ou menos. Depois, debulhe e mantenha em
lugar fresco bem ventilado.

113
2. MILHO (Zea mays) Família: Graminaceae)

Data de sementeira: Set. – Dezembro

Rendimento: 1,5 – 8 ton/ha

2.1 Semente
É aconselhável o uso de semente que se adapta as condições locais da área. A
semente deve ser de boa qualidade.

2.2 Preparação do solo:


a) A lavoura deve ser feita após a colheita com uma charrua ou enxada.
b) A gradagem, quando necessária, deve ser feita 10 dias antes da sementeira
c) Com uma enxada ou charrua construa camalhões distanciados uns dos outros de
acordo com a distância que se pretende entre as linhas, portanto depende do
compasso escolhido. Os camalhões devem ter 30 cm de altura. Os mesmos
camalhões devem ser perpendicular ao declive e paralelos aos contornos do
terreno, isto é, paralelos à curva de nível.
d) Se tiver estrume ou composto incorpore-o bem ao longo do rego, no topo da
camalhão e cubra-o com terra.
e) Se não tiver amontoador ou abre-regos, distribua o estrume uniformemente em
toda a machamba, a mão.
f) Nas zonas secas, ligue os camalhões entre si, construindo pequenas paredes,
distanciadas por 2 m, com altura não superior a altura dos camalhões.

2.3 Sementeira e compasso


a) Semear logo com as primeiras chuvas da 2ª metade de Outubro à primeira metade
de Novembro quando a terra estiver humedecida até 15 cm de profundidade
(atenção ao calendário específico da sua zona).
b) Calendário de sementeira vai do fim de Outubro até Dezembro. Na região Norte
vai até Janeiro e no Sul pode começar em Setembro. Na zona Sul milho da 2a
época é feita de Março a Maio e na região Norte de Fevereiro a Abril.
c) Nas zonas secas nunca semear antes de 1 de Novembro.
d) O compasso para o milho varia de 75-90 x 25-30 cm com 1 planta por covacho;
alternativamente 75-90 x 50-60 cm com 2 sementes por covacho. Para variedades
altas e com maior ângulo foliar, folhas muito largas e abundantes adopta-se
compasso mais largo.
e) A taxa de sementeira é cerca de 25 kg/ha, dependendo do tipo de compasso usado.
f) A profundidade da sementeira deve ser de 5 cm com 1 ou 2 sementes por
covacho.
g) Faça a ressementeira 3 dias após o início da germinação.

2.4 Adubação
Na cultura do milho, dependendo do tipo de solo, os nutrientes a aplicar variam de 75-
130 kg/ha de N, 33-80 kg/ha de P2O5 e 15-50 kg/ha de K2O.

114
a) Para além do estrume, já tratado na preparação do solo, no nosso meio o milho é
adubado na altura da sementeira com 100-300 kg/ha de 12-24-12.
b) A adubação de cobertura é feita cerca de 30 dias depois da germinação, mais ao
menos quando as plantas atingem a altura do joelho duma pessoa de estatura
normal, com cerca de 100-150 kg/ha de ureia. Quando se pretende fazer duas
adubações de cobertura, a 2a é feita 15 a 30 dias depois da 1a aplicando 1/2 da
dosagem de cobertura visto a outra metade ter sido aplicada na 1a adubação de
cobertura. O adubo deve ser bem tapado para evitar evaporação e para que
rapidamente esteja disponível para as plantas.
c) Depois da adubação de cobertura recomenda-se fazer a amontoa.

2.5 Rega
A cultura de milho requer 450-600 mm de água durante todo o ciclo. Após a sementeira,
no início da floração e na fase de enchimento do grão são as fases mais críticas em
necessidade de água. Para uma cultura de sequeiro rega suplementar pode ser necessária.
Para cultura de regadio cerca de 7 regas podem ser necessárias, sendo a primeira logo
depois da sementeira, a segunda 7 dias depois da germinação e as restantes a intervalos
de 15 dias.

2.6 Sacha
a) Mantenha a sua machamba limpa de ervas e ao mesmo tempo reconstrua os
camalhões (se os tiver).
b) Em caso de excesso de chuvas e inundações na machamba, desfaça as paredes
(barreiras) entre os camalhões par a água escorrer.
c) Podem ser necessárias 2 sachas, sendo a primeira 15 dias depois da sementeira e a
segunda 20 dias depois da primeira.
d) No caso de uso de herbicida, quando bem aplicado, nenhuma sacha poderá ser
necessária.
e) Herbicidas à base de alacloro ou atrazina entre outros podem ser usados. Lasso,
Lasso-Atrazine são frequentes. No nosso mercado o herbicida da actualidade é o
Bullet que se aplica 4-6 Lt./ha em pré-emergência, quando o solo está húmido.

2.7 Controlo de pragas e doenças


No milho o insecto que mais problema dá é a broca e nalgumas zonas a térmite e o rato.
A lagarta invasora e o gafanhoto elegante quando aparecem são uma grande praga.

As doenças mais importantes são o listrado da folha, que é uma virose transmitida por um
jassídeo, o míldio, mancha castanha e podridão da espiga. Não é comum aplicar
fungicidas porque os danos destes fungos normalmente não justificam.

a) A broca destrói o milho significativamente, se não tiver controlo.


b) Use Thiodan-granulado ou dipterex para o controle e combate da broca. A
cipermetrina ou lambda cialotrina também podem ser usados
c) Ponha uma pitada de dipterex, thiodan ou outros insecticidas recomendados,
quando o milho tiver a altura de joelhos para controlar a broca.

115
d) A cipermetrina é um insecticida que pode ser usado para combater muitos
insectos do milho
e) Para o combate químico das térmites pode-se usar insecticida à base de fipronil.
Por ex. 10 ml / 10 Lt. de água de Censor 20% SC que tem como substância activa
Fipronil 200 G/L. Aplicar antes ou depois da sementeira em cobertura total ou
sobre a linha de plantação numa faixa de 50 cm.

2.8 Controle do Striga


Até hoje não há métodos de controlo químico do striga. O controlo é feito através de
rotações de culturas, enriquecimento dos solos com matéria orgânica, arranque das
plantas de striga antes da floração e destruição das mesmas pelo fogo fora da machamba.

2.9 Colheita, secagem e armazenamento


Dependendo da variedade, o ciclo de maturação do milho é de 95-150 dias. A colheita
deve ser feita quando o grão atinge a maturidade fisiológica, quer dizer, quando no seu
ponto de inserção na espiga 50% do grão apresentar a camada preta.

A colheita tanto pode ser manual como mecânica. Em todos os casos é importante não
colher com um grande teor de humidade.

O milho pode secar no campo, na eira ou no secador conforme as possibilidades. Milho


bem seco deve estar abaixo de 13% de humidade.

Para o armazenamento o grão deve estar seco, livre de insectos e protegido contra o
ataque das doenças, insectos e roedores. Para mais detalhes no ponto sobre
CONSERVAÇÃO DE PRODUTOS.

2.10 Conclusão
A boa colheita resulta dos factores atrás descritos: a boa preparação do solo, o uso de boa
semente e sementeira na altura óptima, as sachas a tempo e bem feitas e o bom controlo
de doenças e pragas. Estes são os caminhos correctos e curtos para a obtenção dos altos
rendimentos da cultura

116
3. MAPIRA ( Sorghum vulgare ) Fam graminaceae)

Data de sementeira: Norte: Dez. – 15 de Janeiro


Sul: Nov. – 15 de Dezembro
Rendimento: 0,8 – 1,6 ton/ha

3.1 Preparação de terra


a) Faça a lavoura com a charrua ou enxada o mais cedo possível depois de colheita e
mantenha a machamba sem erva daninha.
b) Antes de Outubro – Dezembro, dependendo da região, construa camalhões de 80
em 80 cm com enxada ou arado. Os camalhões devem ter 30 cm de altura. Devem
ser transversais ao declive e paralelos ao contorno do terreno.
c) Se tiver estrume ou composto incorpore-o bem ao longo dos camalhões e cubra-o
bem com a terra.
d) Se não usar camalhões faça manualmente uma distribuição uniforme e equitativa
a todo o terreno.
e) Nas zonas secas ligue os camalhões entre si construindo pequenas paredes
(barreiras) entre os camalhões de 2 em 2 m nos regos para conservar água.
f) Se houver estrume ou composto o topo do camalhão deve-se deixar aberto

3.2 Sementeira e compasso


a) Nas zonas secas não semeie antes de 1 de Novembro
b) O compasso ideal deve ser de 80X10 – 15 cm, coloque 2 sementes por cada
covacho.
c) Abra um pequeno rego de 3 cm de profundidade ao longo do topo do camalhão
com a enxada.
d) Coloque a semente ao longo do rego pondo 2 sementes por cada covacho de 15
em 15 cm, cobrindo as sementes com uma camada de terra de 3cm
e) Quantidade de sementes: 8 kgs /ha

3.3 Adubação
a) Na altura da sementeira pode-se aplicar 200 kg de adubo 12-24-12.
b) 35 dias depois da germinação aplica-se 65 kg de ureia como adubação de
cobertura

3.4 Amanhos culturais (sacha)


a) A primeira sacha deve ser feita 10-15 dias depois da emergência das plantinhas.
b) A segunda sacha será feita 1 mês e meio depois da sementeira e deve ser
acompanhada por um desbaste deixando 1 planta/covacho, ao mesmo tempo
poderá transplantar onde tiver falhas. Às vezes é preciso uma terceira sacha no
caso das variedades tardias.

117
3.5 Controle de broca de Mapira
a) A broca de mapira destrói significantemente a cultura de mapira se não houver
controlo
b) Use THIODAN granulado ou DIPTEREX para o controlo e combate da broca ou
ainda outras drogas recomendadas quando a mapira tiver a altura dos joelhos.

3.6 Controle do Striga


Veja no milho

3.7 Controle dos pássaros


Cerca de 90 dias depois da sementeira é preciso criar condições para guardar a mapira
contra os pássaros

3.8 Colheita e debulha


A colheita é feita cerca de 120 dias depois da sementeira, cortando o caule e depois a
panícula que se deixa a secar na eira por alguns dias para diminuir a humidade. Depois de
debulhada, normalmente com bambus, é ensacada e armazenada ou vendida de seguida.

3.9 Conclusão
A boa produtividade resulta dos factores atrás descritos: boa lavoura, uso de boa
sementeira numa altura óptima, boas sachas e bom controlo de pragas e doenças.

118
4. MEXOEIRA (Pennisetum typhoides) FAM. Graminaceace)

Data de sementeira: Dez. – Janeiro

Rendimento: 0,8 – 1,5 ton/ha

A mexoeira é uma cultura típica das zonas quentes e secas. As necessidades em água vão
de 200 a 500-600mm/ano chuva. Adapta-se bem aos solos arenosos e portanto marginais
para o milho.

Em termos nutritivos, 1 kg de mexoeira fornece 3.500 calorias. Portanto uma cultura que
merece uma particular atenção para os anos de seca como válida alternativa a outros
cereais mas também em anos de chuvas normais graças ao seu bom poder nutritivo.

4.1 Preparação da terra


A preparação da terra é a mesma da mapira . Esta cultura é normalmente consociada com
o feijão nhemba, amendoim, quiabo e abóbora.

4.2 Sementeira
Tradicionalmente a sementeira é feita a lanço a razão de 5-10 kgs/ha, pode-se também
semear em linhas usando o mesmo compasso da mapira, 80x10cm.

4.3 Amanhos culturais


Como no caso da mapira, são precisas duas a três sachas, das quais a primeira 10 a 15
dias depois da sementeira. Durante a primeira sacha procede-se ao desbaste deixando
uma planta por covacho e ao mesmo tempo procede-se ao transplante onde houver falhas.

4.4 Colheita e debulha


O ciclo de maturação da mexoeira é de 75 dias. A colheita e debulha é como da mapira.

119
5. TRIGO (Triticum spp.) Fam: Graminaceae

Data de Sementeira: Abril – Maio


Planalto de Angónia: Março – Abril
Planalto de Lichinga: Fevereiro - Março

Rendimento: 1,5 – 3 ton/ha

Preparação da Terra
a) Uma boa lavoura e duas gradagens podem ser suficientes para se ter uma boa
cama para a semente.
b) No caso de aplicar estrume este deve ser espalhado na primeira lavoura.
c) Se a sementeira for manual e em linhas é preciso abrir os sulcos à distância do
compasso a usar. Estes sulcos são úteis no caso de rega por gravidade.

Sementeira
a) A Sementeira pode ser em linha ou á lanço (gasta mais semente).
b) Depois da sementeira é conveniente passar uma grade de bico para tapar as
sementes.
c) A quantidade de semente por varia de 100-120 kg/ha. O compasso é de 30 x 3 cm

Cuidados Culturais
a) No caso de aplicar herbicida pode-se usar o MCPA, 15 dias depois da
germinação.
b) Para o caso de trigo de sequeiro são necessárias cerca de 7 regas com intervalos
que variam de 10 -15 dias.
c) A adubação de fundo é feita antes da última gradagem a razão de 200 kg/ha de
12-24-12. A adubação de cobertura, com 50 kg/ha de ureia, é feita 30 dias depois
da germinação, seguido de uma rega.
d) Pulverização com insecticidas pode ser aplicada quando necessário. Em caso de
não aplicação de herbicida poderá ser necessário fazer alguma monda do capim.
e) Algumas das doenças do trigo são germinação na espiga, ferrugem na folha,
ferrugem na raiz e míldio.
f) Aos 85 dias depois da germinação torna-se necessário colocar guardas contra os
pássaros.

Colheita
a) Dependendo do ciclo da cultura e a altitude a maturação é atingida aos 105 – 140
dias depois da germinação.
b) A rega deve parar um mês antes do início da colheita. Faz-se a colheita quando a
humidade do grão baixa até 15%.

120
6. MANDIOCA (Manihot esculenta Fam. Euphorbiaceae)

Data de sementeira: Nov-Dezembro

Rendimento: 6-30 ton/ha

A mandioca é cultivada pelas suas raízes tuberculadas, muito ricas em amido. Pode ser
consumida directamente ou transformada em amido, fécula, tapioca, colas, massa etc.

Em Moçambique, obtém-se o rendimento por hectare de cerca de 6 toneladas, o que se


pode considerar insignificante, sem qualquer impacto económico, pois que variedades
existem que permitem obter 30 ton/ha.

Existem muitos tipos de mandioca que se diferenciam pelas características morfológicas


ou técnicas, dessas últimas a mais importante é o conteúdo em cianeto (HCN) que
permite a classificação em:
a) Mansa, doce ou de mesa. Contém glicosídeo cianogênico (HCN) inferior a 10
mg/kg na polpa fresca Este tipo, como o nome indica, é o utilizado para consumo
em natura, para alimentação humana
b) Brava, amarga ou venenosa. Contém glicosídeo cianogênico (HCN) acima de 20
mg/kg. Todas as variedades de mandioca brava devem ser canalizadas para a
indústria

As variedades doces consomem-se frescas, as amargas destinam-se a armazenagem e


devem ser cuidadosamente preparadas para não dar problemas de intoxicação, (em 1992
houve casos letais por falta de conhecimentos da sua preparação o que levou,
erroneamente, em proibir a sua cultura na província de Manica).

Em termos de necessidade, a mandioca adapta-se bem aos vários tipos de clima e de solo,
quanto à água, o rendimento óptimo é obtido com 1200 a 1500 mm/ano. Os solos ideais
são areno-argilosos, profundos e bem drenados.

Principais razões que determinam a viabilidade da produção de mandioca:


a) Rusticidade e facilidade de cultivo, embora prefira solos arenosos, férteis, pouco
húmidos e profundos, tem grande capacidade de adaptação a vários tipos de solos:
b) O seu cultivo não depende da aquisição de sementes, pois que se propaga por
estacas;
c) Tolerância à seca. É a mais importante característica para o seu cultivo em regiões
e/ou processos de produção dependentes da chuva, pois que apresenta alta
capacidade de armazenar água, nos tecidos internos, podendo alcançar os 8 litros
por planta.
d) Permite exploração em solos marginais e com deficiência de insumos, como
também, em condições de alta tecnologia;

121
e) Alta produtividade, obtendo-se de 10 a 30 t/ha e parte aérea 8 a 30 t/ha,
dependendo do solo, clima, espécie e tecnologia empregada;
f) Não tem ciclo de produção estabelecido rigidamente. Pode ser colhida a qualquer
momento, após 6 meses do plantio até 3 anos, que continua a crescer sem que
apodreça;
g) Utilização na alimentação humana, sendo a raiz um alto fornecedor de
carbohidratos, e a folhagem garante proteínas, vitaminas e minerais;
h) Utilização da raiz, e parte aérea (folhas e caule) na alimentação animal;
i) Processada industrialmente é componente de mais de 1.000 produtos
industrializados.

O cultivo de mandioca não é uma cultura de mão-de-obra intensiva, normalmente, apenas


requer 75 a 125 homens/dia, por hectare, desde a preparação até à colheita.

6.1 Preparação da terra


Prepara-se o solo em Agosto-Setembro. Em geral preparam-se camalhões só no caso que
o terreno seja facilmente inundável ou que esteja muito esgotado de substâncias minerais.

Tradicionalmente, a mandioca é plantada na segunda parte da estação das chuvas, em


consociação com uma cultura já em fase de desenvolvimento (milho, amendoim,
gergelim) durante uma das sachas ou à colheita.

Tipos de rotação:
Amendoim – milho – abóbora + mandioca – pousio
Milho – amendoim – bananeira + mandioca – pousio
Algodão – amendoim – mapira + mandioca - pousio

6.2 Plantação da mandioca


Plante a mandioca em Outubro – Novembro. A mandioca doce pode ser plantada em
qualquer altura do ano, isto é, sempre que se colhe a mandioca para consumo diário. São
precisos 10.000 a 12.000 estacas/ha

6.2.1 Preparação das estacas


a) Deve-se apenas utilizar a terça parte central da
haste (caule) da planta com 8-18 meses de idade
(no 2 na figura).
b) Não use a extremidade superior da haste (no 1)
porque não vinga bem.
c) A terça parte inferior da haste (no 3) é muito
lenhificada e é mais susceptível a doenças pelo
que também não deve ser usada para plantio.

122
6.2.2 Tamanho das estacas
As estacas devem ter dois palmos de comprimento. Não danifique as estacas com a faca

6.2.3 Compassos
O compasso para a mandioca em consociação ou mistura de variedades deve ser o seguir
a) Solos franco-argilosos: 1,5m x 1,5 m
b) Solos arenosos :1mx1m

6.2.4 Como Plantar


a) Nos solos arenosos a profundidade de
plantação deve ser dum palmo ou seja
deve-se enterrar metade da estaca de
dois palmos de comprimento.

b) Nos solos argilosos ou


franco – argilosos a
camada afectada pelos
raios solares é pequena,
mantendo os solos mais
húmidos do que os
arenosos pelo que se deve enterra só ¼ da estaca.

c) As estacas podem ser plantadas verticalmente ou inclinadas. Os gomos devem


estar voltados para cima e não para baixo. Há experiências de plantação
horizontal e deixar somente crescer duas hastes. Deste modo fica mais fácil a
colheita porque os tubérculos se desenvolvem a pouca profundidade.

SIM NÃO

6.3 Adubação
a) Ao aplicar estrume, este pode ser feito a lanço e incorporado antes do plantio, ou
aplicar directamente no sulco ou então localizado durante o plantio. 250 g ou uma
palma da mão de estrume por covacho é aplicado.
b) A adubação química é feita com a dosagem de 30 – 60 – 40 kg/ha de NPK.,
aplicando o N aos 30 e 60 dias depois de brotado (pode-se fazer 2 aplicações). O

123
P é todo aplicado no covacho ou fundo do sulco durante o plantio e o K metade
no plantio junto com P e metade em cobertura junto com a segunda aplicação de
N (60 dias depois de brotar).
c) Caso se tenha só o adubo 12-24-12 pode-se fazer aplicação de fundo com 150
kg/ha.
d) Também se pode fazer calagem com 1 ton de cal/ha, a lanço e incorporado antes
do plantio.
e) A sideração com plantas leguminosas (crotalária, feijão-nhemba, f. boer, Dolichos
Lab-Lab, mucuna, etc.). Semear e enterrar na fase de floração destas culturas.

6.4 Tratamentos culturais


a) A sacha deve ser a partir do mês de Dezembro até o mês de Março

6.5 Pestes e Doenças


a) A mandioca é atacada pelo Vírus do Mosaico Africano é transmitido pela mosca
branca. Pode ser disseminada pelo uso de estacas atacadas. As folhas ficam
pequenas, com rugas, manchas acastanhadas, amareladas e por vezes pretas.
b) Plantar mandioca resistente à virose (mandioca chinhembwe), arrancar e queimar
todas as plantas doentes, não plantar mandioca vinda de zonas com virose e não
plantar mandioca por mais de dois anos seguidos
c) Temos também o Vírus da Podridão Radicular da Mandioca, cujas variedades
tolerantes foram desenvolvidas. São os casos de Mualeia, Nashinhaya e Nikwaha.
Estas variedades são também tolerantes à pragas como as de cochonilha, doenças
do mosaico africano, queima bacteriana e listrado castanho do tubérculo.

6.6 Colheita
a) A colheita das folhas de mandioca inicia-se 4-5 meses depois da plantação, em
simultâneo inicia-se a colheita das raízes das variedades doces para consumo
diário.
b) A colheita total das raízes é feita antes do início das chuvas para as duas
variedades.

6.7 Preparação da mandioca para o consumo


a) As raízes são raspadas, cortadas em pedaços de 20 cm de comprimento e secadas
ao sol.
b) As variedades amargas são secadas por um período mais longo, 2-3 semanas, para
diminuir a concentração de cianeto e só depois armazenadas para a feitura de
farinha para a massa.

c) Um método mais rápido de desintoxicação da mandioca amarga é o seguinte:


1. Descascar a mandioca
2. Ralar ou pilar
3. Espremer o suco (de manhã)
4. Secar ao sol (até a tarde)
5. Torrar

124
6. Pilar até obter farinha

Espremer o suco pode ser feito com um cesto que é utilizado na Província de Nampula
para fazer bebidas de mapira.

O amido que sai juntamente com o suco pode ser recolhido por deixar o suco a decantar
numa panela durante 1 hora e depois enxugar a água. O amido seco é misturado com
farinha.

Se a farinha não for apreciada com a torragem, a mesma pode ser posta ao sol novamente
pelo menos durante dois dias mais.

6.8 Conservação
As hastes devem ser armazenadas em lugares frescos e secos para:
1. Não serem atacadas por doenças
2. Não perderem demasiada humidade

Preparação da mandioca amarga para consumo

Espalhar e deixar secar

125
7. BATATA RENO (Solanum tuberosum L.) Fam: Solanaceae

Data de sementeira: Março - Julho


Angónia, Tsangano: Out. – Nov. (sequeiro)

Rendimento: 12-40 ton/ha

A batata precisa de um clima fresco, isto é, máximo de 32o C para crescimento e


temperaturas nocturnas abaixo de 20o C para o desenvolvimento do tubérculo. Acima de
35o C não há formação de tubérculo. É cultivada em Moçambique de Março a Julho
embora em Tsangano e Angónia possa também ser cultivada em Out./Nov., em sequeiro,
isto é, em Tete há batata praticamente todo o ano. Os solos argilosos e pesados são pouco
indicados para a cultura da batata por darem rendimentos mais baixos do que solos
ligeiros. Os solos mais apropriados são os arenosos, mas com rigor, as terras areno-
argilosas, ricas em húmus e sãs, são as que dão os melhores resultados.

7.1 As sementes
Os tubérculos são caules subterrâneos adaptados para armazenar substâncias alimentares
e também para a reprodução. Nos tubérculos aparecem brotos que são gemas
comummente chamados “olhos”

As variedades mais cultivadas em Moçambique incluem: Rosita; BP1; Mondial e


Mnandi. Actualmente no mercado temos a variedade Atlas, da França. De referir que
dentre estas, a Rosita, embora degenerada, é muito cultivada, principalmente no planalto
de Angónia

A semente está disponível em tamanhos diferentes: grandes, médios e pequenos.


Algumas variedades, particularmente de tubérculos redondos tem gemas (“olhos”) do
mesmo tamanho mas podem produzir plantas semelhantes depois de a semente ter sido
cortada em pedaços antes de plantar.

Outras variedades tais como Up-to-Date e Pimpernel com tubérculos compridos e gemas
concentradas nos fins do estolho têm gemas fracas e tem de se tomar com cuidado.

Alguns agricultores querem sementes de batata reno do tamanho grande com a intenção
de corta-las para ter mais semente. Isto é bom mas tem se fazer com muito cuidado. Os
tubérculos compridos devem-se cortar ao longo do comprimento para que cada metade
tenha um bom número de gomos. Tubérculos grandes devem-se cortar duma maneira que
cada pedaço seja suficientemente grande e tem pelo menos duas gemas. Os tubérculos de
tamanho médio e pequeno devem-se utilizar inteiros.

Tubérculos que brotaram podem-se cortar somente quando o agricultor pretende plantar
logo depois de cortar. As doenças transmitem-se com muita facilidade aos tubérculos
com os lados abertos. Evite transmitir doenças aos tubérculos sãos lavando as mãos e
desinfectando a faca depois de cortar cada tubérculo.

126
7.2 Preparação do solo
O solo deve ser bem preparado com 1-2 lavouras e 1 gradagem. Depois da gradagem são
abertos sulcos a distância de 80-90 cm entre eles (de acordo com o compasso pretendido)
e devem ter 15-20cm de altura. Antes da 1ª lavoura, se houver estrume bem curtido é
espalhado no solo a uma taxa de 25-30 ton/ha.

7.3 Quebra de dormência na batata


Plantar batata grelada é melhor e pode evitar retancha.

Depois da colheita os tubérculos têm um período de dormência de 2-3 meses. Os grelos


aparecem naturalmente com a idade do tubérculo e mediante condições ambientais
específicas, porém podem ser induzidos com a quebra da dormência da batata. Este
processo pode ser realizado com recurso a produtos químicos ou através de métodos
naturais.

Embora existam produtos químicos para quebrar dormência (thiourea, ethylene


chlorohydrin ou potassium thiocyenate) não se encontram facilmente no mercado
nacional. Os agricultores usam meios locais para o efeito:
a) Queima-se o estrume e depois de arrefecido a cinza é espalhada por cima dos
tubérculos já arrumados num buraco feito para o efeito. Depois tapam-se os
tubérculos com capim e por cima com terra. Deve-se evitar que entre água no
buraco. 7-15 dias depois a batata começa a grelar.
b) Outro método é espalhar a batata nas prateleiras de estacas num armazém e por
baixo queimar caroços de milho. O fumo quebra a dormência da batata.

7.4 Plantio

a) Tubérculos grelados são os melhores para plantação porque permitem emergência


uniforme da batata, o que é importante para adubação de cobertura e amontoa.
Portanto para semente escolhe tubérculos sem doenças, de cerca de 35-40 g de
peso e com 2-3 olhos já grelados.
b) Se os tubérculos são muito grandes, podem ser cortados em 2-3 pedaços com 2-3
olhos cada, isto é, grelos. Cerca de 1,5-2 ton/ha de semente é necessária. Os
tubérculos cortados devem ser tratados com fungicida (Dithane M-45, misturando
1 kg em 450 Lt. de água) por causa de doenças que podem ser contraídas a partir
do solo e guardados na sombra por 2-3 dias para cicatrizar a parte cortada.
c) O plantio da batata é feito colocando o tubérculo num dos lados do sulco (lado do
nascente do sol) a 2/3 de altura do sulco e com os grelos virados para cima. A
distância de um tubérculo ao outro é de 30 cm. O adubo é colocado no fundo do
sulco, tanto pode ser espalhado ou localizado entre 2 tubérculos e tapado após a
plantação e seguido de uma rega imediatamente.
d) A profundidade do plantio de batata reno varia entre 7 e 15 cm. Deve-se plantar
fundo nos solos leves e superficialmente nos solos pesados. As sementes
pequenas e murchas devem-se plantar superficialmente em todos solos; faça o
mesmo onde a irrigação é praticada.

127
e) Os tubérculos plantados superficialmente são susceptíveis a ataques de pragas. As
sementes plantadas fundo levam mais tempo para emergir e produz uma cultura
tardia, mas está melhor protegida contra as traças de tubérculos de batata.
f) A cultura de verão não deve ser plantada perto do sitio anterior da batata reno de
inverno ou onde havia tomate e/ou tabaco. Isto ajuda a reduzir infestação de
doenças e ataques de pragas.
g) Os tubérculos devem ser plantados sempre num terreno húmido ou regar
imediatamente após a sementeira.

7.5 Adubação
Batata reno é uma cultura muito consumidora. Composto e fertilizantes devem ser
suficientemente aplicadas de acordo com os resultados de análise do solo e as
recomendações.

a) Recomenda-se por hectare aplicar 120 kg de N + 72 kg P2 05 + 200 kg de K20


para se obter altos rendimentos. O extensionista deve fazer os devidos cálculos
segundo a formulação do adubo disponível.
b) Todo fósforo, 48 kg de potássio e 48 kg de N são aplicados como adubação de
fundo através do uso de 400 kg/ha do adubo 12-24-12. O nitrogénio deve ser
complementado com 200 kg/ha de ureia aplicando-se em duas adubações de
cobertura, aos 30 e 60 dias após a emergência. O restante de potássio é adicionado
juntamente com nitrogénio na 1ª adubação de cobertura aplicando 350 kg/ha de
sulfato de potássio.
c) É preciso regar depois da adubação ou adube com humidade no solo.

7.6 Amanhos culturais


a) Quando se pretende aplicar um herbicida é feito 2 dias após a plantação. Pode-se
aplicar herbicida à base de Metribuzina, por exemplo Sencor 70 WP, à dosagem
de 1 kg/ha ou Volcano Metribuzin 48% SC 1-1,2 kg/ha ou à base de Terbutrina,
por exemplo Igran 500 FW, 2-3 kg/ha. Há outros herbicidas. Recomenda-se
sempre ler as recomendações do rótulo para dosagem e momento de aplicação
correctos.
b) Quando o herbicida é aplicado, em princípio não há necessidade de sacha, quando
muito uma ligeira sacha duas semanas depois da amontoa.
c) Se não houver aplicação de herbicida, é preciso sachar sempre quando necessário.
2 sachas poderão ser necessárias. A 1ª cerca de 15 dias depois da plantação e a 2ª
por volta de 2 semanas depois da amontoa.
d) A amontoa é feita 30 dias depois de germinação, logo depois da adubação de
cobertura. Durante a amontoa deve-se ter o cuidado de aconchegar a terra junto do
caule para facilitar a tuberização. A altura da amontoa deve ser de cerca de 30 cm.
Os tubérculos não devem estar expostos ao sol, caso contrário se tornam verdes.

128
7.7 Rega
a) A frequência e o intervalo de rega dependerão do tipo de solo e das condições
climáticas. Uma rega a cada 7-10 dias pode ser suficiente até cerca de 30 dias
antes da colheita.
b) São necessárias em média 8-10 regas durante o ciclo da cultura.
c) A rega por gravidade é a mais usada em Moçambique, se bem que uns usem por
aspersão.

7.8 Pragas e doenças


a) É aconselhável controlar as doenças através de práticas culturais, já que a
pulverização, as vezes se tem tornado difícil durante os períodos de chuvas
contínuas.
b) A batata é muito susceptível às doenças e insectos. O míldio é a doença mais
perigosa da batata em Moçambique.
c) Outras doenças de importância é a sarna vulgar, alternaria e as viroses. Insectos
de importância são afídeos, lagartos e traças.
d) O nº de tratamentos variará de zona para zona mas um calendário de aplicação de
fungicidas, adicionado a insecticida quando necessário, a intervalos de 10-14 dias
é suficiente.
e) Por cada pulverização pode-se aplicar Dithan M- 45 WP (Manconzeb) 3 kg/ha,
alternado com cobox (Oxicloreto de cobre) 3kg/ha. Também se podem aplicar
fungicidas como Volcano Manconzeb 80% WP (200g/100 l de água), Ridomil
Gold 68% (2-3 kg/ha), Volcano Chloratlalonil 50% SC (150-275 ml/100 Lt. de
água), Volcano Cooper Oxichloride 85% WP (500g/100 Lt. de água) entre tantos
outros fungicidas
f) Alguns dos insecticidas que temos disponíveis são: karate 5% EC (75-100 ml/100
Lt. de água), Volcano Cypermethrin 20% EC (15 ml/100 Lt. de água), Volcano
Methamidophos 58.5% SL (100 ml/100 Lt. de água)

7.9 Rotação de Culturas


Aconselha-se que a batata deva ser cultivada no mesmo terreno somente uma vez em
cada 3-4 anos. Algumas das culturas que se podem incluir na rotação são: trigo, milho,
feijões. No caso vertente da cultura da batata, o principal objectivo da rotação é controlar
a infestação de nemátodos e fungos no solo, para alem do melhoramento da
produtividade do solo e controlo de infestantes.

7.10 Colheita
Quando o caule da planta muda de amarelo para castanho e quebra é a indicação que a
batata está pronta para se colhida Nesta altura, quando friccionamos o tubérculo entre os
dedos polegar e indicador a pele não sai. A batata está pronta 90-120 dias depois da
plantação. A colheita é feita cavando com enxada ou usando charrua a tracção animal ou
um abre sulcos. A colheita esperada, de acordo com a adubação e outros cuidados varia
de 12-40 ton/ha.

129
Em Moçambique o rendimento médio é de cerca de 10 ton/ha, baixo em relação a nossa
região e ao mundo. Uma das causas é o baixo uso de fertilizantes, uso de semente
degenerada e em zonas da província de Tete e Niassa a batata é feita em sequeiro.

130
8. FEIJÃO VULGAR (Phaseolus vulgaris) Fam: Leguminoseae

Data de sementeira: Zona Sul: Abril – Maio


Zona Norte: Fevereiro – Maio

Rendimento: 0,65-2 ton/ha

8.1 Preparação da terra


a) As variedades agora disponíveis não suportam temperaturas mais altas que 30˚ C
durante a floração. Por causa disso, o período de cultivo mais próprio na zona sul
é de Abril até Maio.
b) A primeira lavoura 50 dias antes da sementeira (15-20 cm), a segunda 20 dias
antes da sementeira (20-25 cm) cruzada com a primeira. Deve ser feita também,
uma gradagem imediatamente antes da sementeira (7-10cm)

c) Nas áreas irrigadas, a sulcagem deve ser feita antes da sementeira no caso de não
possuir uma semeadora que deixa aberto o sulco de regadio.

d) Nas zonas de regadio do sul, em caso de sementeiras manuais em sulcos


distanciados de 0,8 m, recomenda-se semear uma linha de feijão a cada lado do
sulco.

8.2 Sementeira
a) A taxa de sementeira varia de 45 a 65 kg /ha. A quantidade de semente /ha a
utilizar depende do tamanho dos grãos e do seu poder germinativo. Em condições
favoráveis deve contemplar-se uma perda de 20-25 % entre a germinação,
emergência e colheita. Por isso deve, adoptar-se a densidade de sementeira tendo
em conta esses factores.

b) O espaçamento pode ser de 50 x 7 cm. Isto resulta numa densidade acima de


285.000 plantas /ha. Semear a 3-5 cm de profundidade

c) Para as zonas de regadio no sul, a melhor data de sementeira é o mês de Abril.


Sementeiras de Maio e Junho podem ser mais fortemente atacadas por ferrugem, a
doença mais importante no feijão vulgar.

8.3 Adubação
Pode-se aplicar, como adubação de fundo, cerca de 200 kg/ha de 12-24-12, em baixo e ao
lado da semente.

8.4 Necessidades de humidade e irrigação


Nas zonas de regadio, a primeira rega é feita imediatamente após a sementeira para
garantir uma boa germinação. Repete-se esta operação todos os 12-15 dias, dependendo
das chuvas que acontecerem no período.

131
8.5 Sacha
A 1a sacha é feita 10 dias depois da germinação e a 2ª segue-se 20 dias depois. No caso
de se querer usar herbicida pode-se aplicar Lasso em pré-emergência, 4 Lt./ha.

8.6 Protecção de Plantas


O feijão vulgar é atacado por muitas pragas e doenças. As principais pragas são a Mosca
do feijão, térmites, gorgulhos, afídeos, lagartas, besouros e ácaro vermelho.

As doenças causam quebras de rendimento por redução de fotossíntese. As principais


doenças são: Antracnose, mosaico, ferrugem e mancha-angular

Sendo uma doença transmitida pela semente, o campo deve ser abandonado.

O ataque de Antracnose aos grãos causa a transmissão por sementes. A mancha de folha
causada pelas bactérias também é transmissível pela semente, deste modo é necessário
evitar essas doenças. Viroses são transmitidas pelos insectos sugadores tais como afídeos.
Portanto é aconselhável aplicar insecticidas numa medida de profilaxia, especialmente até
a floração e formação de vagem. A mesma medida pode ser tomada contra antracnose.
Por isso, a pulverização profilática contra afídeos e antracnose deve ser feita cada 7-10
dias durante 60 dias, contados a partir da data de emergência da cultura, paralelamente
com o arranque de plantas afectadas por vírus ou por antracnose.

8.6 Colheita e armazenagem


O ciclo do feijão vulgar é de cerca de 90-115 dias. A colheita deve ser feita em intervalos
semanais durante um mês, onde todas as vagens maduras são colhidas, secas e
debulhadas.

As sementes são muito susceptíveis a pragas de produtos armazenados. Portanto, limpe e


seque a semente antes de armazena-la. O uso de produtos químicos tais como “Actellic”
ou outros similares contra gorgulhos e outras pragas similares, de grão armazenados é
altamente aconselhável.

Aspectos especiais para produção de sementes - desbastem:


Antes da Floração – Arranca todas as plantas afectadas pelo vírus. Arranca todas as
plantas atípicas (fora do tipo) que mostram variação na cor da folha, forma da folha e
ramificação (altura dos ramos).

Na altura da floração e após-frutificação – Arranca todas as plantas que mostram


variação na cor da flor, cor e forma da vagem.

Nota: Algumas viroses também são transmissíveis pelas sementes

132
9. FEIJÃO-NHEMBA (Vigna unguiculata) Fam: Leguminoseae

Data de sementeira: Outubro - Dezembro

Rendimento: 0,3-2 ton/ha

Semeia-se só ou consociado com milho ou mapira

9.1 Preparação do solo


a) Lavre a terra com um arado ou enxada o mais cedo possível depois da colheita.
Mantenha a terra isenta de capim. Antes de Outubro construa camalhões de 45 em
45 cm com uma enxada ou arado.
b) Os camalhões devem ser construídos transversalmente em relação ao declive e
paralelos ao contorno do terreno.
c) Se tiver composto ou estrume, incorpore-o sobre o camalhão e cubra-o com terra.
d) Nas áreas secas ligue os camalhões entre si fazendo pequenas barreiras nos regos
entre os camalhões e de 2 em 2 m. O topo das barreiras deve ser abaixo do topo
dos camalhões.

9.2 Sementeira e compasso


Nas zonas secas não semeie antes de 1 de Novembro.

a) Quando a terra estiver húmida por causa da chuva até a profundidade de 15 cm,
semeie com compasso de 45 x 10 cm, cobrindo a semente a 5 cm de profundidade
e uma semente / covacho.
b) A consociação pode ser feita com milho ou mapira, especialmente quando estas
atingem altura dos joelhos
c) Sendo uma leguminosa recupera os solos e repõe no solo o nitrogénio retirado.
Nos solos deficientes em fósforo a aplicação de 45-67 kg/ha de P2O5 aumenta o
rendimento do grão e melhora a qualidade da forragem.

9.3 Amanhos culturais (sacha)

a) Manter a terra sem ervas e sache-a tantas vezes quanto necessárias.


b) Em caso de excesso de chuvas, desfaça as barreiras nos camalhões para a água
poder escorrer.

9.4 Protecção de Plantas


Feijão nhemba é uma cultura que é muito atacada por afídeos que podem transmitir
virose causadora da esterilidade, afectando consideravelmente os rendimentos.

A aplicação de insecticida quando o nível de infestação o justificar é de recomendar. 1


Lt./ha de Tamaron 60% pode resolver o problema.

133
10. GIRASSOL (Helianthus anuus) Fam: Composiceae

Data de sementeira: Norte e Centro: Fevereiro – Março


Sul: Janeiro - Fevereiro

Rendimento: 0,8-1,2 ton/ha

O girassol é uma cultura com certa tolerância à seca e pode ser produzido nas zonas com
chuvas escassas. Embora seja tolerante à seca, existe um período crítico que pode ocorrer
antes e durante a floração (normalmente inicia aos 70 dias depois da sementeira até aos
últimos 30-40 dias).

Necessita de 500 – 600mm/ano de precipitação. É sensível aos excessos de humidade.

Em termos de necessidades climáticas, o girassol requer um clima quente mas também,


aguenta com o frio.

Em relação ao solo, o girassol precisa de solos bem profundos, frescos e bem drenados,
ricos de matéria orgânica e cal.

O girassol é cultivado principalmente pelos seus grãos que contém 22-50% de óleo.
Além de óleo, o girassol fornece outros produtos:
1. Bagaço – muito rico em proteínas, gorduras e vitaminas B; é usado para
alimentação dos animais mas não pode incluir a casca que torna-o impróprio para
alimentação das aves e porcos;
2. A farinha de amêndoa de girassol é rica em proteínas e utiliza-se nas dietas
especiais de crianças e adultos;
3. As folhas e os caules servem para alimentação animal. Podemos obter até 75
tons/ha de material verde
4. Os caules contêm fibras que podem ser utilizadas para fabrico de papel. As cinzas
dos caules podem servir de adubo, contendo 25% de potássio, 12% de cal e uma
pequena quantidade de fosfatos;
5. Alguns apicultores utilizam o girassol como planta melífera. O mel e a cera
produzidos são de óptima qualidade.

10.1 Preparação da terra


a) Faça a lavoura com um arado ou enxada o mais cedo possível depois da colheita.
Mantenha a terra livre de capim.
b) Antes de Outubro, construa os camalhões de 90 em 90 cm com uma enxada de
arado. Os camalhões devem ter 30 cm de altura, transversal ao declive e paralelos
ao contorno do terreno.
c) O topo da camalhão deve-se deixar aberto se tiver estrume ou composto. O
estrume ou composto deve ser espalhado ao longo do rego sobre o camalhão e
coberto com a terra.

134
d) Nas zonas secas, ligue os camalhões entre si, construindo pequenas paredes,
distanciadas por 2 m, com altura não superior a altura dos camalhões.
e) Caso não use camalhões, distribua uniformemente o estrume sobre todas a
superfície do solo.

10.2 Sementeira e compasso


a) A sementeira do girassol começa em Janeiro na zona Sul e Fevereiro no Centro e
Norte. Semear com humidade suficiente no solo é importante para uma
germinação uniforme
b) O compasso é de 80 x 40 cm
c) Use a profundidade de 5 cm e cubra a semente com terra
d) Use uma semente por covacho; a quantidade de semente necessária é de 8-10
kg/ha

10.3 Amanhos culturais (sacha)


O girassol é competitivo. Quando herbicida aplicado, por exemplo o Lasso, passa a não
haver problemas com o capim.
a) Mantenha a terra isenta de ervas e sache-a sempre que necessário construindo os
camalhões ao mesmo tempo. O campo deve estar livre de capim até aos 45 dias da
sementeira
b) Em caso de chuva excessiva e inundações, desfaça as barreiras para a água
escorrer.

10.4 Adubação
Para aumentar o rendimento pode-se aplicar fertilizantes, numa dosagem/ha de 20 kg de
N e 40 kg de P2O5 como adubação de fundo e 30 kg de N em cobertura 20 dias depois da
emergência.

10.4 Pestes
a) Os pássaros constituem uma das pestes. Colha assim que as brácteas das bordas
da cabeça fiquem castanhas
b) Ponha um guarda contra pássaros

135
11. GERGELIM (Sesamum indicum) Fam. Pedaliaceae)

Data de sementeira: Dezembro-Fevereiro


Rendimento: 0,25-1,2 ton/ha

O gergelim é cultivado há muito tempo na Ásia onde representa uma importante fonte de
óleo alimentar. A qualidade de óleo é comparável ao óleo de oliveira
Outros produtos fornecidos pelo gergelim são o bagaço, muito rico em óleo, proteína e
carbohidratos, utilizado na alimentação animal; o óleo também tem utilização na indústria
para o fabrico de sabão, tintas, insecticidas e produtos farmacêuticos.
a) O gergelim não tolera excessos de humidade e de água, sendo adaptado a climas
semi-áridos prefere solos com uma boa proporção de areia.
b) A altitude na zona de plantio não deve ultrapassar 1250m (para maioria de
cultivares), a temperatura média do ar deve estar entre 250C e 270C
c) Precipitação de 400-600mm/ano, bem distribuída, 160-180mm no primeiro mês
de vida, luz solar de 12-14 horas/dia, baixa altitude são interessantes para o
gergelim.
d) O gergelim é considerado planta tolerante a seca.

11.1 Preparação do solo


a) Lavrar a 20-30 cm para incorporar os resíduos vegetais e passar uma gradagem.
Em solos húmidos, depois da lavoura, a passagem de grade leve, 7-15 dias antes
da sementeira é suficiente.
b) O solo deve estar bem preparado para facilitar a emergência das plantinhas,
promover seu rápido estabelecimento e evitar competição com ervas daninhas

11.2 Sementeira
a) Para variedades de ciclo longo (4-6 meses) recomenda-se a sementeira no início
das chuvas. Deve-se semear em período tal que o amadurecimento ou colheita
ocorra em período seco (sem incidência das chuvas sobre as cápsulas abertas)
b) A sementeira do gergelim efectua-se com 50 - 60 cm entre linhas e o espaço entre
plantas de 12 a 15 cm. A profundidade de sementeira deve ser de 3 cm. A
quantidade de sementes necessária é de 3 – 5 kgs/ha.
c) Semeia 6 – 10 semente por covacho, para tal é misturar um copo de semente com
10 copos de areia seca para melhor se misturar.

11.2 Adubação
a) Para gergelim responder bem a adubação em condições de sequeiro, é necessário
que haja chuvas bem distribuídas e o solo seja pobre nos principais elementos
minerais, em especial N, P, e K.
b) Adubação de 100 kg/ha de 12-24-12 na altura da sementeira e 100 kg/ha de ureia,
30 dias depois da sementeira, ajuda a aumentar os rendimentos.

11.3 Amanhos culturais


a) Para estar em conformidade com a densidade de plantas necessárias é preciso
fazer desbaste no campo e é feita em duas etapas e com solo húmido.

136
b) O primeiro desbaste é feito quando as plantas têm 4 cm de altura, deixando 4-5
plantas por covacho.
c) O segundo (último) desbaste é feito quando as plantas têm 12 – 15 cm de altura,
deixando 1 – 2 plantas por covacho.
d) São necessárias cerca de duas sachas, a 1a sacha é feita 8 – 10 dias depois da
sementeira e a 2a sacha 30 dias depois da sementeira.

11.4 Rotação de culturas


a) A rotação de culturas promove benefícios na produtividade e redução de pragas
no gergelim.
b) Feijão, gergelim, milho, gergelim, milho, amendoim, gergelim
c) As melhores culturas para a rotação com o gergelim são milho e algodão
herbáceo.

11.5 Pragas e Doenças


a) O gergelim é atacado por alguns insectos como lagartas, pulgão e besouros.
Pulverizações com Deltamitrina a 0,6 Lt./ha podem controlar as pragas
b) Algumas doenças atacam o gergelim. Elas são a mancha angular, podridão negra
do caule e a murcha do fusário. A mancha angular pode ser tratada com fungicida
a base de Sulfato de cobre, quando as plantas atingirem 25 – 30 cm de altura. O
uso de variedades resistentes é uma medida a tomar
c) O tratamento da semente com Imidaclopride 70% PM, 20 g/kg de semente pode
controlar alguns fungos
d) A virose também ataca o gergelim deixando as plantas atrofiadas, mostrando
áreas cloróticas ou de cor amarela intercaladas com áreas verdes na superfície
foliar. A doença pode ser transmitida pela cigarrinha verde.

11.6 Colheita
a) Segundo as condições ambientais e a variedade, o gergelim tem o ciclo de 3 – 6
meses. A colheita requer cuidado por ter frutos que se abrem naturalmente na
maturação.
b) A colheita começa quando as cápsulas se tornam castanhas e as folhas da base da
planta secam. A exposição às chuvas das cápsulas abertas provoca o
escurecimento dos grãos e depreciação comercial do produto. Para evitar isso é
preciso sincronizar a época de sementeira e o ciclo da variedade para colher-se na
época seca
c) Durante a colheita há muitas perdas devido a abertura das cápsulas. As plantas são
cortadas perto da base, amarradas em feixes ou molhos de 30 cm de diâmetro.
d) Hastes e frutos já secos devem ser levados a uma eira cimentada ou maticada ou
piso com lona, feixes virados de cabeça para baixo, o agricultor deve bater com
um pedaço de madeira para libertar os grãos de gergelim para o piso protegido.
e) Recolhem-se os grãos para secagem ao sol.
f) Os rendimentos podem atingir 1200 kg/ha mas variam entre 390-780kgs/ha
embora o rendimento médio seja de 280 kgs/ha

137
12. SOJA (Glycine max) Fam. Leguminosae

Data de sementeira: Nov. – Dezembro


Rendimento: 1,5-2,5 ton/ha

12.1 Importância do cultivo da soja


a) Como fonte de rendimento para o produtor
b) Para o fabrico de rações
c) Bom para rotação de culturas porque aumenta o azoto no solo
d) Outros usos (Veremos mais adiante)

12.2 Sementeira
a) A sementeira é feita desde Novembro a Dezembro

12.3 Variedades
a) Solitaire – Produz até 4 ton por ha.
b) Soprano – Também produz até 4 ton por ha, é muito resistente às doenças
c) Soma – Não é muito boa para a nossa região

12.4 Tratamento da semente com inoculante


a) A semente de soja antes de ser semeada recomenda-se tratar com um inoculante
para melhor fixar o azoto. O inoculante deve ser conservado a uma temperatura de
2 a 240 C.
b) Este tratamento é feito no campo à sombra e no próprio dia da sementeira
c) 300 g de inoculante Rhizobium japonicum dá para 50 kg de semente.
d) Um litro de água mais inoculante mais aderente (quatro colheres de açúcar ou
leite). Agita-se um pouco
e) Os 50 kg de semente mais a solução colocam-se num recipiente e mistura-se
muito bem, de seguida faz-se a sementeira

12.5 Compasso
a) 50-70x5 cm
b) Dependendo do tamanho da semente e do poder de germinação são necessários 50
a 60 kg / ha
c) A profundidade de sementeira é de 2 a 5 cm

12.6 Adubação
a) Na soja só fazemos uma adubação na altura da sementeira.
b) O adubo deve estar 8 – 10 cm ao lado e em baixo da semente para não queimar
c) Recomenda-se 25 kg/ha de N e 50-60 kg/ha de P2O5 como adubação de fundo.
Por ha aplica-se 200 kg/ha de adubo 12-24-12

12.7 Cuidados culturais


a) Normalmente é preciso fazer 2 sachas. A primeira sacha é feita 10 dias depois da
germinação da semente e a segunda sacha 20 dias depois de fazer a primeira. Isto
depende do capim que está na machamba.

138
b) Herbicida a base de alaclor (Lasso) a 1,75-2 kg/ha pode ser aplicado em pré-
emergência

12.8 Tratamento contra insectos e doenças


a) O tratamento químico contra mastigadores só se justifica quando o ataque
ultrapassar os 30% de prejuízos, quer dizer, 30% da área foliar. Quando as plantas
são atacadas por percevejos o tratamento é imediato.
b) Doenças que mais aparecem são cercospora e ferrugem. Normalmente fazem-se 2
a 3 tratamentos com intervalo de 10 dias antes de a doença aparecer
c) O tratamento contra insectos é feito com insecticidas que pode ser Thiodan 35 EC
ou Carbaril ou Agricarb ou outro insecticida
d) O tratamento contra doenças é feito com fungicidas como Mancozeb (1 kg/ha),
alternativamente Ridomil (1 Lt./ha) ou outro fungicida
e) É preciso ler o rótulo para saber que quantidades usar.

12.9 Colheita, debulha e ensaque


a) A colheita é feita quando as folhas estão amarelas
b) Arrancamos as plantas 110 a 120 dias depois da germinação (depende da
variedade).
c) Depois de arrancar as plantas deixa-se secar durante 10 dias e depois começa a
debulha.
d) A debulha é como no feijão. Põem-se as plantas na eira e começa-se a bater com
paus. Quando acabar tiramos a palha e começamos a peneirar a soja para tirar
sujidade.
e) Depois da peneira a soja é ensacada e está pronta para ser vendida.

12.10 Armazenamento
a) Para guardar a soja por muito tempo temos que usar Actellic para evitar ataque de
insectos
b) Metemos no saco ou na lata ou no celeiro uma camada de soja de 10 cm e
espalhamos actellic, depois metemos outra camada de 10 cm e espalhamos
novamente actellic, assim por diante até encher o saco ou celeiro
c) Assim se pode guardar por cerca de 3 meses

12.11 Usos da soja


a) Como caril
b) Como café
c) Extracção de óleo
d) Ração
e) Bife de soja
f) Leite de soja

12.12 Como fazer o leite de soja


1º. Pegar 1 caneca ou 1 copo e encher de soja
2º. Pôr esta soja na água durante 1 dia
3º. Depois de 1 dia tirar a soja da água e descascar

139
4º. Moer a soja descascada até ficar farinha
5º. Pôr a farinha de soja na panela
6º. Pegar na mesma caneca ou copo utilizado para medir a soja, encher de água 4
vezes e deitar na panela que tem a farinha de soja (o rácio farinha : água é de 1:4)
7º. Pôr a panela no fogo e mexer sempre para a farinha não colar no fundo da panela
8º. Quando começar a ferver tirar a panela do fogo e deixar arrefecer um bocado
9º. Tirar a nata (uma camada que se forma em cima da panela)
10º. Coar ou filtrar o leite com um pano (espremer o pano)
11º. Pôr o leite de soja coado no fogo para ferver até sentir o cheiro de leite de vaca
fervido
12º. Tirar o leite do fogo e tomar com açúcar ou sal

O bagaço (aqueles restos de farinha de soja) pode ser misturado com um pouco de farinha
de trigo para fazer bife de soja (bagia)

A nata, misturada com sal serve como manteiga

140
13. AMENDOIM (Arachis hypogaea) Fam. Leguminosae

Data de sementeira:
Norte: Out. – Dezembro
Sul: Agosto - Dezembro
Rendimento: 0,5 - 2,5 ton/ha

Amendoim é uma importante cultura alimentar e uma fonte de óleo e proteínas. É uma
componente leguminosa importante no sistema de cultivo e uma das poucas culturas que
pode ser cultivada com sucesso nos solos arenosos.

13.1 Clima
Amendoim tem mais sucesso nas zonas onde recebem pelo menos 450 mm de
precipitação distribuídos uniformemente e com solos bem drenados, arenosos ou franco-
arenosos.

13.2 Sementeira
Amendoim deve ser semeado numa terra bem preparada logo que as boas chuvas caem
para maximizar os rendimentos e minimizar a incidência de pestes e doenças.

O compasso recomendado é de 50 x 15 cm e a taxa de sementeira varia de 50 – 100


kg/ha.

13.3 Adubação
Aplicação de estrume e adubos aumenta os rendimentos. Uso de 10 ton/ha de estrume é
benéfico.

Sob óptimas condições, amendoim pode fixar nitrogénio atmosférico nos seus nódulos
radiculares até 200 kg/ha. Os nódulos são formados 15 dias depois da sementeira e são
efectivos 30 dias depois da sementeira. Portanto são necessários 10 kg/ha de N para
começar. 30 kg/ha de P2O5 devem ser também aplicados. 100 kg/ha de 12-24-12
poderiam resolver o problema.

13.4 Amanhos culturais


Mantém a cultura livre de capim. Recomenda-se a sacha até à floração iniciar. Quando a
floração começa a sacha deve ser à mão para evitar perturbar as vagens em
desenvolvimento.

A amontoa no amendoim não é recomendado. Evita qualquer prática que resulte na


amontoa da parte inferior da planta que isto reduz o rendimento. Evita sementeira
profunda, espaço apertado entre plantas, uso de semente pequena ou de baixa qualidade.
Evita também trazer o solo para junto da planta durante a sacha.

141
13.5 Pestes e doenças
O controlo efectivo de doenças deve incluir a combinação de variedades apropriadas e
boas práticas. Químicos podem também ser usados mas são no geral caros.

A Mancha-castanha, mancha-preta e ferrugem são importantes doenças do amendoim.


Usar variedades resistentes e combate químico é recomendável. Fungicida a base de
Mancozeb mais benomyl, (1 kg/ha de Dithane M-45 80% WP mais 0,25 kg/ha de Benlate
50% WP) pode ser utilizado ou chlorothalonil (2,5 L/ha de Bravo 500 50% EC) ou
tebuconazole (500 ml/ha de Folicur 250 EC.

Efectivo controlo de insectos requer uma abordagem integrada que combina boas práticas
culturais, incluindo efectivo controlo de ervas daninhas e rotações adequadas. Alguns
pesticidas também podem ser usados.

A Roseta também é comum. Esta é uma virose transmitida por afídeos. Recomenda-se
semear o mais cedo possível, destruir as plantas espontâneas de amendoim, usar
variedades resistentes e combater quimicamente os afídeos com insecticidas a base de
malatião ou dimetoato ou diazinão.

13.6 Colheita
O ciclo de maturação do amendoim é de 100-120 dias. É importante colher o amendoim
no momento próprio e assegurar que seja seco ao nível adequado de humidade o mais
rápido possível.

Problemas podem acontecer desde um pouco antes da colheita até a semente secar a 10%
de humidade. Condições durante este período são muito ideais para crescimento rápido
de fungos. Um dos mais comuns é o Aspergillus flavus, que, sob condições favoráveis,
invade os tecidos do amendoim e produz compostos tóxicos chamados aflatoxinas.

Os seguintes pontos ajudam a determinar o estágio correcto de maturidade, assim ajuda a


decidir quando colher:
a) Maturidade da vagem – a pele de semente imatura é espessa e carnuda, quando
esfregada sai facilmente e é pálida na cor. A medida que a cultura fica pronta a
pele da semente começa a secar e desenvolve a cor característica da variedade. A
pele torna-se fina e quando esfregada não sai facilmente.
b) Período de maturação – O período estimado para cada variedade pode ser
lavado como uma indicação
c) Desfolhagem – se a cultura está severamente desfolhada em consequência de
doenças foliares, e só uma ou duas folhas restam no fim dos ramos, a cultura deve
ser colhida de qualquer modo independentemente da maturação.
d) Rebento – se a brotagem se torna evidente o amendoim deve ser colhido
independentemente da maturação

142
14. ALGODÃO (Gossypium hirsutum, L.) Fam.: Malvaceae

Data de sementeira: 15 de Nov. - 15 de Janeiro

Rendimento: 0,5 ton/ha

PRÁTICAS AGRONÓMICAS PARA A PRODUÇÃO DO ALGODÃO

O algodão cultiva-se em todos os solos de textura média, profundos (volta de 80 cm), que
não dificultam a penetração das raízes do algodoeiro, ricos em matéria orgânica, boa
drenagem (permeáveis) e de boa fertilidade. Entretanto, esta cultura pode-se adaptar em
diversos tipos de solos de características físicas adversas e menos férteis, mas para tal
será necessário algumas correcções, de forma a ajustar o ambiente para torná-lo favorável
ao desenvolvimento da planta.

Deve-se evitar cultivar o algodão em solos superficiais, excessivamente arenosos e/ou


pedregosos, demasiadamente argilosos e/ou limosos (solos de textura não média, que não
apresentam equilíbrio entre areia, limo e argila) e de baixa permeabilidade.

São necessárias as seguintes práticas culturais para produção do algodão:

14.1 Organização da produção


• Escolha do terreno com declive não superior a 10%.
• Terra que não esteja a praticar algodão por mais de 3 Campanhas consecutivas;
• Terras profundas de pelo menos 40cm, com boa drenagem e aeração;
• Rotação de culturas, exemplo de 3 anos: 1o cereais – milho, 2o leguminosas –
feijões e 3o algodão; de 5 anos: 1o cereais – milho, 2o leguminosas – feijões, 3o
algodão, 4o mandioca, 5o pousio;
• Cultura em faixas: Nos anos recentes, promove-se o cultivo em faixas, onde
algodão é intercalado com outras culturas, por exemplo uma faixa de 10 linhas de
algodão intercalada com uma faixa de 4 linhas de soja ;
• Delimitar o campo do algodão por uma a duas linhas de feijão bóer, milho,
mapira, entre outras.

14.2 Preparação da Terra


A essência da preparação da terra é Destronca, Limpeza e Lavoura.

Normalmente faz-se uma a duas lavouras, onde a primeira lavoura é feita logo que for
possível, e a segunda (ou a última) deve ser feita cerca de 15 dias antes da sementeira. A
lavoura pode ser feita com recurso a enxada, charrua de tracção animal, moto cultivador
ou tractor.

A lavoura faz se a profundidade desejável de 40 cm, sempre depois das chuvas ou pelo
menos quando o solo tiver alguma humidade para não provocar erosão.

143
Não raras vezes se recomenda sementeira directa, nesse caso, minimiza-se ou elimina-se
a preparação do solo e as sementeiras são feitas em solo não preparado, embora livre do
capim, destorroando e afofando apenas o covacho, onde é depois depositada a semente.

14.3 Sementeira
O algodão semeia-se de 15 de Novembro a 15 de Janeiro, em solo húmido. A sementeira
é em linha, com compasso de 70 a 110 cm entre linhas e 20 a 40 cm entre plantas (sendo
compasso largo em solos férteis e de sementeira precoce e mais apertado em solos pobres
de sementeira tardia). Semeia-se 4 a 10 sementes por covacho, numa profundidade de 2 a
6 cm (sendo fundo em solos pesados e superficiais em solos leves).

14.4 Desbaste
Logo que o segundo par de folhas reais estiver aberto, arrancar plântulas em excesso no
covacho, as menos desenvolvidas, deixando uma, a mais vigorosa e saudável, geralmente
é entre 15 a 21 dias após a germinação. Atrasos no desbaste costumam resultar em quedas
de rendimento, visto que as plantas ficam muito tempo competindo pelos nutrientes e
humidade.

14.5 Ressementeira
Imediatamente após a emergência das plantas, preencher falhas de germinação lançando
semente nos covachos que não germinaram, geralmente 9 a 12 dias depois da
germinação.

14.6 Sacha
Limpar e/ou eliminar as ervas infestantes. Fazem-se tantas sachas quanto a pressão das
ervas infestantes ditar. Esta faz-se com o uso da enxada, sachadeiras de tracção animal ou
mesmo mecânicas. Algumas vezes usa-se herbicida. Em qualquer dos casos ter cuidado
para não lesar plântulas do algodão. As sachas são críticas, sobretudo no início da
vegetação, atrasos fazem cair rendimentos de maneira drástica.

14.7 Aplicação de Insecticidas


Para evitar prejuízos na produção e na qualidade da fibra, normalmente faz-se cerca de 5
pulverizações, calendarizadas, de insecticidas (intervalo de 10 a 15 dias entre
tratamentos) começando da 8ª semana) ou mediante evidência de ocorrência de pragas,
observadas na base de contagens e comparação com o nível económico de dano de cada
praga, vide a tabela abaixo.

144
Tabela: Nível Económico de Dano (NED) por Praga para o Controlo Químico
Classificação das Tipo de Pragas Nível Económico de Dano (NED)
Pragas para o Controlo Químico
Afídeos (Aphis gossypii) - Variedades de folhas glabras: 48
Colónias de Afídeos por 24 plantas.
- Variedades pubescentes: 36
Colónias de Afídeos por 24 plantas.
Jassídeos (Empoasca - Variedades de folhas glabras: 48
Sugadoras fascialis) Jassídeos por 24 plantas.
- Variedades pubescentes: 24
Jassídeos por 24 plantas.
Mosca branca (Bemisia 120 Moscas brancas por 24 plantas.
tabaci)
Manchadora da fibra Aplicar o pesticida sempre que o
(Dysdercus spp.) nível de infestação da manchadora
da fibra atingir 20% de botões
florais com percevejos
(ninfas+adultos) ou 5 focos de
concentração em cada 24 plantas.
Lagarta Americana 12 Ovos da lagarta americana ou 4
(Helicoverpa armigera) larvas em 24 plantas
Lagarta Vermelha 6 Ovos da lagarta vermelha ou 6
(Diparopsis castanea) lagartas em 24 plantas
Lagarta Espinhosa 6 Lagartas espinhosa em 24 plantas
(Earias insulana)
Carpófagos/Fitófagos Lagarta Rosada 6 Lagartas rosada em 24 plantas
(mastigadoras) (Pectinophora
gossypiella)
Lagartas da folha 6 ovos da lagarta da folha ou 6
(Spodoptera litoralis e lagartas em 24 plantas
Cosmophila flava)
Lagarta enroladora da 12 lagartas enroladora da folha em
folha (Sylepta derogata) 24 plantas
Gafanhoto elegante Identificar focos de eclosão e trata-
(Zonocerus Elegans) los com produtos químicos.

Há que evitar pulverizar em dias de chuva, ventania, porque os produtos são lixiviados ou
arrastados para fora da folha, e no pico da floração, para não matar insectos benéficos.

Para pulverização, e de forma a não penalizar o produtor no transporte de água para


preparação de caldas, usa-se aparelhos de Ultra Baixo Volume, accionados a pilha (vulgo
Ulvas), mesmo para produtos a base de água que requerem consumo de cerca de 10 litros
de água por hectare, contra os 200-300 litros por hectare necessários no caso de alto
volume como pulverizador de dorso.

145
O homem (ou mulher) que aplica move-se ao longo das linhas empunhando o aparelho
para o lado e ligeiramente à sua trás, cerca de 15 cm à cima das plantas. Cada passagem
de pulverização cobre 3-4 linhas (2,5-3,5 m), pelo que, desejável que o movimento da
pessoa pulverizadora seja perpendicular à direcção do vento, mantendo a velocidade de
marcha uniforme, cerca de um metro por segundo.

Normalmente faz-se: 2 aplicações com insecticidas de acção sistémica (ex.


organoclorados ou organofosforados) contra insectos sugadores, e outras 3 aplicações
com insecticidas de contacto e ingestão (Ex: piretróides). Não raras vezes, aplica-se
produto combinado no último tratamento, controlando mastigadores e sugadores de fim
da época, sendo o mesmo aplicável também para o segundo tratamento, visto que nessas
épocas, as pragas tanto sugadoras como as mastigadoras, mostram-se de igual
importância.

Na preparação de caldas, deve-se seguir com cuidado as doses por hectare e a proporção
entre produto e água para diluição, estas informações vêm nos rótulos dos produtos. Os
pesticidas têm de ser aplicados com disciplina, assiduidade e obedecendo todas as
exigências. Incumprimentos resultam em gastos de produtos e dinheiro não eficientes
porque as pragas não morrem e continuam a danificar o algodão, até desenvolvem
resistência aos insecticidas.

14.8 Colheita
O algodão caroço deve ser colhido após a abertura das cápsulas, quando a fibra fica
exposta ao ar livre e suficientemente seca, faz-se separando o algodão-caroço do
invólucro da cápsula, evitando nisto juntar folhas secas e outros detritos vegetais, ou
outra matéria estranha, visto que os produtores são pagos de acordo com a qualidade do
seu algodão caroço obtido na altura da colheita e também porque a indústria têxtil exige
algodão sem contaminação. É recomendado que, ainda na altura de colheita, se separe o
algodão em algodão da primeira (algodão limpo) e da segunda (algodão sujo). Deve-se
evitar colher cedo ou em dias de chuva, orvalho, nevoeiro, etc.

14.9 Secagem
Mesmo que algodão seja colhido em dia seco e aparentar estar seco, ele deve ser exposto
ao sol durante 2-3 dias em secadores, prateleiras ou esteiras (dependendo da quantidade)
a céu aberto ou cobertos (para prevenir chuvas). Ele é espalhado e revirado 2-3 vezes
durante o dia, neste processo, aproveita-se separar o algodão em qualidades, de primeira e
de segunda.

14.10 Ensaque
Ensacar o algodão caroço em sacos de serapilheira e/ou de algodão, evitando sacos de
juta. É proibido o uso de saco de ráfia, sisal, plásticos, pois são sérios contaminantes da
fibra. O algodão deve ser calcado, compactando o suficiente, mas com cuidado para não
quebrar fibras e sementes, alcançando peso de 30-40 kg por saco comum de 50 Kg. Neste
processo o produtor tem mais uma oportunidade de separar o algodão de diferentes
qualidades, colocando-o em sacos distintos para cada qualidade e colocando sinal para
identificação.

146
Os sacos, bem fechados, são armazenados em local fresco e protegido da chuva e outras
formas de humidade, até ao dia do mercado. Os produtores devem tomar cuidado para
não misturarem o algodão neste processo, nem por falha nem propositadamente, com
água, pedras e outro material estranho, isso baixa o seu valor e o dinheiro a ser pago pela
produção.

14.11 Transporte
Os sacos de algodão são transportados a partir da casa do produtor para os mercados pré-
estabelecidos pelas empresas de fomento em coordenação com as autoridades. É
importante tomar cuidado para não confundir e misturar o algodão de tipos diferentes
durante este processo (conforme sinal colocado no ensaque), nem expor os sacos às
chuvas, orvalho, poeiras, água ou óleos, porque isso baixa a sua classe e o respectivo
valor.

14.12 Mercados
As datas e os locais de realização dos mercados de comercialização do algodão caroço
são propostas pela empresa de fomento em comum acordo com os chefes das aldeias e/ou
regulados e Governo local e submetido à aprovação do Instituto do Algodão de
Moçambique (IAM).

Actualmente distinguem-se duas formas de mercado:


Opção 1: No dia do mercado uma brigada da empresa composta por um
Presidente (representando o IAM), um pesador, um escriturário e um pagador (os
últimos são trabalhadores da empresa) inicia o processo de classificação do
algodão caroço, separando e verificando, saco por saco, o de primeira e o de
segunda qualidade, pagando o respectivo valor logo de seguida.
Opção 2: No dia do mercado a empresa manda o pesador e o escriturário, que
recolhem o algodão separando e pesando o algodão de primeira e o de segunda,
entregando ao produtor uma nota de confirmação de crédito. Na base da cópia
desta, a empresa prepara o dinheiro e manda o pagador fazer pagamento do
respectivo montante ao Produtor.

Em ambos os casos é importante que:


a) As comunidades escolham seu representante para acompanhar o processo,
devendo ser pessoa idónea, que sabe ler e escrever;
b) Verificar a afinação da balança;
c) Assegurar que se desconta não mais de 1 Kg de peso do saco vazio por cada
pesagem;
d) Assegurar que o peso mostrado na balança é efectivamente registado em
separado o algodão da primeira e da segunda, embora no final se possa somar;
e) Assegurar que o montante descontado pela empresa em factores de produção é
efectivamente reconhecido pelo produtor e corresponde aos adiantamentos
contraídos a crédito;
f) O algodão é pago preço igual ou superior ao preço mínimo aprovado pelos
órgãos competentes do Estado e divulgado a vários níveis;

147
g) O valor pago corresponde a soma do quantitativo do algodão caroço (primeira
e segunda), subtraído crédito referido na alínea e) acima.
O presidente do mercado é um órgão independente do produtor e da empresa, a quem
ambos podem recorrer para defesa de seus interesses, ele leva sempre amostras de
comparação para classificação do algodão.

14.13 Inspecção dos Mercados


Esta operação é realizada pelo IAM, através de inspectores de mercados, que
normalmente são técnicos da Sede e/ou das Delegações, para inspeccionar os mercados,
prestar apoio técnico ao processo, encorajar os bons exemplos e sancionar as infracções
se ocorrerem. É importante que as partes, as comunidades e trabalhadores das empresas
denunciem problemas de que tenham conhecimento, junto dos inspectores.

14.14 Corte e queima


1. Arrancar toda a planta do algodoeiro (restolho) logo depois da colheita do algodão
caroço.
2. Deixar secar e queimar. Esta operação visa romper a reserva de pragas e doenças
para que não transitem à campanha seguinte, por isso há que assegurar que todo o
algodoeiro é arrancado e queimado até 90 dias antes de início das novas
sementeiras, neste caso até 31 de Agosto de cada ano.

148
15. CAJU (Anacardium occidentale, L.) Fam.: Anacardiaceae

Data de plantio: Sequeiro: Zona Norte e Sul (Outubro a Março)


Regadio: Zona Norte e Sul (Todo ano)

O cajueiro é uma planta de clima tropical, exigindo para o


seu bom desenvolvimento um regime de temperatura
média de 27º C e uma faixa de humidade relativa média
que varia entre 70 a 80%. A quantidade de precipitação
recomendada para um bom crescimento do cajueiro varia
entre 800 e 1.500 mm anuais, distribuída entre 5 a 7 meses
(Outubro a Março em Moçambique). O método mais adequado para plantio de cajueiros é
através de mudas enxertadas cujas etapas se apresentam a seguir:

15.1 Etapas de Produção de Mudas de Caju no Viveiro

15.1.1 Preparação do substrato


O substrato deve ser devidamente preparado de modo a proporcionar um bom
desenvolvimento e vigor vegetativo às mudas que irão ser produzidas. É aconselhável
fazer o aproveitamento do solo com teor considerável de matéria orgânica para o terriço.
Evitar sempre o uso de solos pesados ou arenosos para o terriço.

Depois do enchimento dos vasos plásticos com terriço devem ser bem mexidos para
compactar a terra e preencher os espaços vazios no seu interior. Antes da sementeira, os
vasos devem ser regados. A sementeira também pode ser feita directamente no solo em
alforbes

15.1.2 Arrumação dos canteiros


Os canteiros por norma devem apresentar uma largura equivalente a 10 vasos plásticos
que perfaz 1,20 metros e um comprimento para 100 vasos plásticos que perfaz 12 metros.
Cada canteiro tem um máximo de 1.000 plantas. O espaço entre canteiros do lado do
comprimento é de 80 cm e do lado da largura é de 1 m, de modo a facilitar o controlo
fitossanitário.

Os canteiros devem estar ordenados


de maneira a obedecer a orientação
“Este-oeste”, ou seja, as maiores
dimensões dos canteiros devem estar
viradas para o Norte-Sul, devido o
“efeito de bordadura”, segundo o
qual, os vasos plásticos nas
bordaduras dos canteiros podem
sofrer excesso de temperatura que
pode ocasionar anomalias nas

149
plântulas.
Este

Norte Sul

Oeste
Os canteiros devem ser arrumados de modo a proporcionar uma boa estética, ou seja, os
canteiros devem possuir a mesma largura e comprimento, etiquetas com o nome do clone,
data da sementeira, data de enxertia, quantidade de sacos e nome do enxertador para
controlar o seu desempenho.

15.1.3 Teste de densidade


O teste de densidade é obrigatório pois tem como objectivo seleccionar as sementes mais
vigorosas e, por conseguinte, minimizar as falhas na germinação que podem complicar
todo o esquema de produção.

O teste consiste em introduzir a semente num recipiente com solução a 10% de sal (1 kg
sal em 10 litros de água), durante 24 horas. Só as sementes que permanecem no fundo são
as que podem ser usadas. Estas sementes germinam mais cedo e atingem um índice de
germinação de cerca de 95% e têm mais vigor. As sementes que flutuam têm menor
capacidade de germinação (64%) e germinam 5 a 10 dias mais tarde. Normalmente,
aconselha-se usar semente colhida na mesma campanha.

15.1.4 Sementeira
Depois do teste, retira-se a semente da água e faz-se a sementeira com o ponto de incisão
castanha / pedúnculo voltado para cima a uma profundidade de 3 cm de forma a facilitar
a germinação e proteger igualmente o cotilédone.

Após a sementeira os vasos devem ser cobertos de sacos de juta para proteger a semente
contra a acção dos jactos de água durante as
regas ou excesso de radiação solar. Por
motivos de natureza económica, a cobertura
pode ser feita de material vegetal seco
(mulching).

15.1.5 Selecção e preparação de garfos (propágulos)


Os propágulos são colhidos em jardins clonais ou nas plantas matrizes previamente
identificadas para o efeito. São seleccionados garfos de ramos ponteiros do fluxo
vegetativo que têm diâmetro aproximado ao dos porta-enxertos com o comprimento entre
15 a 20 cm. Ramos com folhas novas ou em fase de desenvolvimento devem ser evitados.

150
Os ideais são aqueles que estão com as gemas apicais intumescidas e as folhas terminais
maduras.

Com ajuda de um canivete de enxertia retiram-se cuidadosamente as folhas sem extrair os


pecíolos e sem provocar ferimento no garfo. Passados 7 a 10 dias os pecíolos caem
naturalmente e pode-se separar os garfos da planta mãe. Após esta operação
acondicionam-se os garfos em papel humedecido, se o local de enxertia for próximo.
Caso contrário, deve-se utilizar o pseudocaule da bananeira ou saco de juta humedecido.

O gestor do viveiro deve visitar previamente todas as fontes de extracção de garfos e


propor atempadamente alternativas em caso de se prever dificuldades para o
fornecimento do material.

15.1.6 Enxertia
A enxertia começa 45 dias depois de germinação. Antes de iniciar o processo, o
enxertador deve desinfectar o canivete de modo que a junção das partes envolvidas
(porta-enxerto e garfo) mantenha o contacto íntimo para o pegamento perfeito e sem
interferência de agentes causadores de doença.

As plantas enxertadas devem ser mantidas debaixo do ripado até à emissão das primeiras
folhinhas que ocorre entre 15º a 20º dia.
Depois removem-se os capuchos e
mantêm-se as plantas ainda debaixo de
ripados até possuir entre 5 a 6 folhas, só
então as plantas enxertadas podem ser
transportadas ao sol para aclimatação.
Depois deste processo as plantas estão em
condições para a distribuição ou venda.

Os enxertadores devem estar providos de


materiais necessários (fato macaco, luvas,
botas) para que possam exercer a sua
função em segurança e de modo
confortável.

15.1.7 Selecção e arrumação de mudas pegadas


Este processo é feito no acto de remoção de capuchos, onde as mudas pegadas devem ser
arrumadas obedecendo ao mesmo
procedimento que o da sementeira
(etiquetas e espaçamento). O
plantio de mudas no campo
definitivo é feito
preferencialmente durante o
período chuvoso.

151
15.2 Preparação do Solo e Plantio das Mudas em Campo Definitivo
A preparação do solo compreende as operações necessárias para deixar o solo pronto para
se efectuar o plantio das mudas. Pode ser realizada manualmente ou com recurso a
tractores ou tracção animal.

A preparação do solo consiste, basicamente na lavoura, gradagem, marcação das covas,


abertura das covas, adubação orgânica e enchimento das covas.

15.2.1 Compasso
Para a escolha do compasso do cajueiro devem ser levados em consideração os seguintes
critérios:
• Tipo de cajueiro (comum ou anão);
• Finalidade do cultivo (Implantação do jardim clonal para o fornecimento de
propágulos, cultivo consociado ou não);
• Condições edafo-climáticas;
• Cultivo irrigado ou de sequeiro;
• Práticas culturais;
• Vida útil do pomar;

Quanto menor for o compasso, maior é o número de plantas na mesma área.

Compasso recomendado:

Compasso Número de plantas por Hectare


Cajueiro Comum Cajueiro Anão
Quadrangular Triangular Quadrangular Triangular
10 x 8 125 -
8x8 156 -
8x7 178 -
7x7 204 -
15 x 15 44 51
15 x 12 55 71
12 x 12 69 80
12 x 10 83
10 x 10 100

15.2.2 Marcação das covas


A marcação das covas deve ser efectuada obedecendo as curvas de nível do terreno e de
acordo com o compasso escolhido e o sistema de alinhamento a ser empregue.

15.2.3 Abertura das covas


As covas deverão ter as dimensões de 30 x 30 x 30 cm, ou seja 30 x 30 cm de boca e 30
cm de profundidade. Com uma enxada inicia a abertura da cova.

152
15.2.4 Plantio
O plantio consiste no transplante das mudas para local definitivo (machamba). Deve ser
feito com o máximo de cuidado, pois o pegamento e o desenvolvimento da planta
dependem desta operação. Após a abertura das covas seguem as seguintes operações:

a) Com uma faca ou


canivete corta-se o fundo
do saco plástico e
deposita-se a muda dentro
do covacho.

b) Retira-se
cuidadosamente o saco plástico do covacho.

c) Faz-se o enchimento do covacho usando a


terra retirada dos primeiros 15 cm de
profundidade e se não for suficiente deve-se usar
a terra superficial a volta do covacho, e nunca a
terra retirada dos últimos 15 cm de profundidade.

d) Após o plantio, com a terra que foi retirada do fundo da


cova durante a abertura da mesma, faz-se uma caldeira, em
volta da muda com aproximadamente 30 cm de raio. Em
seguida deposita-se material vegetativo seco a volta da
caldeira para permitir a conservação da humidade.

153
e) Após a feitura da caldeira, faz-se uma rega com 5 a
10 litros de água para que a muda fique bem firme e
adira ao solo.

NB: Dois meses depois do plantio retira-se a fita de enxertia.

Consociação:
Considerando que o cajueiro é plantado em compassos muito amplos e o ritmo do seu
desenvolvimento não cobre imediatamente toda área, as entre linhas devem ser usadas
para a sementeira de culturas anuais tais como feijão, gergelim, amendoim o milho, etc.
A consociação mantém a área livre de plantas daninhas, permite o aproveitamento de
resíduos de fertilizantes e concorre para reduzir a sazonalidade de mão-de-obra reduzindo
os trabalhos de manutenção da área.

15.3 Controle de pragas e doenças


O controlo de pragas e doenças no viveiro é uma actividade de extrema importância para
a produção de mudas de boa qualidade. Este exercício inicia desde a germinação até a
obtenção de mudas para a distribuição ou venda.

Praga mais frequente


Helopeltis spp
Diagnóstico: Ocorre durante todo o ano com maior frequência na época fresca e seca.
Esta praga causa estragos consideráveis a cultura do cajueiro através de picadas nas
nervuras das folhas novas, rebentos, inflorescências e frutos incipientes ou em
desenvolvimento.

Doenças frequentes
Oídio (Oidium anacardii Noack)
Diagnóstico: No viveiro, o oídio ataca folhas e ramos novos. Na superfície atacada
forma-se uma cobertura branca constituída por micélio e conídio de fungo. Os órgãos
atacados apresentam-se mal formados com desenvolvimento reduzido.

Controlo: Na base de fungicidas (shavite, anvil, vulcano, bayfdan, risher a 10ml/L de


água ou flint 0,04g/L).
É importante o distanciamento do viveiro em relação às fontes de inoculo principalmente
de plantas adultas susceptíveis a esta doença. Sempre que possível pode ser relevante
estabelecimento duma barreira física com espécies vegetais adequadas para o efeito.

154
Antracnose (Colletotrichum gloesporioides Penz.)
Diagnóstico: o fungo ataca folhas, ramos jovens e inflorescências; forma manchas
acastanhadas levando a seca e queda do órgão atacado. As manchas podem resultar em
exsudação.

Controlo: Flint 0,04g/L(P/V). Em caso de uso de Oxicloreto de cobre é importante ter o


cuidado durante as regas de não molhar demasiadamente as folhas sob o risco de lavar o
produto, inutilizando assim o seu efeito.

O Flint controla simultaneamente o oídio e a antracnose.

15.4 Materiais e equipamento


Os materiais e equipamento de usos mais frequente no viveiro de produção de mudas de
cajueiro são:

• Tesouras de poda;
• Canivetes de enxertia;
• Pedra amolar para afiar a lâmina de corte;
• Afiadores de Madeira porosa para retirar os dentes que ficam nas lâminas;
• Pás;
• Enxadas;
• Regadores;
• Vasos plásticos;
• Álcool ou água sanitária;
• Carrinhas de mão;
• Pulverizador;
• Etiquetas;
• Fitas de enxertia;
• Algodão;
• Fungicidas e insecticidas.

155
A5: ROTAÇÕES

Mensagens principais
a) Uma conveniente rotação de culturas é necessária para melhorar a fertilidade e
controlar pragas e doenças.
b) Culturas não leguminosas beneficiar-se-ão quando seguem culturas leguminosas.
c) Não plantar a mesma cultura no mesmo terreno todos os anos

Detalhes
a) O Milho e a mapira (as gramíneas em geral) devem seguir uma leguminosa
b) O amendoim responde bem a fertilidade residual e deve seguir uma cultura bem
estrumada ou adubada
c) Deve-se garantir que as culturas em consociação sejam diferentes das culturas do
ano anterior
d) Extensionistas devem ajudar o camponês em planear a rotação

156
A6: SEMEAR A TEMPO

Mensagens principais
a) Semear as culturas principais tais como milho, mapira, amendoim, feijão jugo
logo que possível depois das primeiras chuvas de sementeira (chuva que
humedece o solo pelo menos até a profundidade de 15 cm e que ocorre depois de
fim de Outubro).
b) A cultura mais necessária, exemplo o milho deve ser semeada primeiro, seguida
pela próxima mais importante e assim sucessivamente.
c) O feijão nhemba pode ser semeado de forma sequencial, seguindo o milho ou em
consociação. Os feijões devem ser semeados somente em Fevereiro.

Justificação
1. Para tornar útil a época das chuvas, os camponeses necessitam de semear logo
depois que as primeiras chuvas de sementeira ocorrerem, isso não poderá ser
antes dos fins de Outubro pois antes disso a possibilidade de chuvas é remota.
2. Visando ultrapassar a tradicional escassez de mão-de-obra, é necessário começar
a sementeira logo que possível, começando com as culturas mais importantes
deixando as menos importantes para o fim.
3. O período de sementeira pode ser prorrogado com culturas como girassol, feijões
e feijão nhemba.

Resultados a atingir
1. Semeando cedo, os maiores rendimentos contribuem para as maiores receitas.
2. Semeando cedo, reduz-se a necessidade de mão-de-obra

Acompanhamento da adopção
1. Cada extensionista deve anotar os primeiros dias que as chuvas caiem
2. O Numero de camponeses que completam a sementeira da sua cultura mais
preferida, ex, o milho, deve ser anotado em cada grupo pode-se estabelecer duas
semanas como tempo limite, depois das primeiras chuvas de sementeira.
3. Estes números devem ser registados nos relatórios mensais,
4. O supervisor deve registar estes números e visitar o campo em cada visita de
supervisão
5. Envolver o grupo para acompanhar a percentagem de adopção, isso promoverá a
aceitação

157
A7: POPULAÇÃO DE PLANTAS

Mensagem principal
As culturas semeadas com espaçamento óptimo são fortes e saudáveis e dão maiores
rendimentos.

Benefícios
1. Menos competição
2. Alto rendimento
3. Menos doenças
4. Fácil de sachar

Informações úteis
1. O espaçamento óptimo permitirá que a quantidade de nutrientes e humidade
disponível se retenham, enquanto se mantém uma boa cobertura de solo para o
controle de erosão
2. É evitada a competição excessiva entre as plantas
3. Quando há consociação espaçamento é ajustado para adaptar a plantação na linha
4. Culturas plantadas em linhas são fáceis de sachar
5. O espaçamento pode ser adaptado a experiência local

Precauções especiais
O espaçamento deve obedecer o sistema de cultivo dos camponeses, por exemplo os
camalhões

Distâncias recomendadas
Os espaçamentos a seguir indicados são recomendados para camponeses que usam o
mínimo de insumos e irrigação. Camponeses que aplicam fertilizantes e/ou irrigação
podem plantar mais apertado.

Arroz 18 x 18 cm
Milho 80 x 30 cm
Mapira 80 x 10 cm
Mexoeira 80 x 10 cm
Trigo 30 x 3 cm
Mandioca 100 x 100 cm
Girassol 80 x 40 cm
Feijão vulgar 50 x 7 cm
Feijão nhemba 45 x 10 cm
Batata 80 x 30 cm
Gergelim 50 x 15 cm
Soja 50 x 5 cm
Amendoim 50 x 15 cm
Algodão 100 x 30 cm

158
Caju 12 x 12 m

Consociação
Milho e feijão: milho 90 x 40 cm, feijão entre linhas a 10 cm intervalo

Milho e amendoim: milho 90 x 40 cm, amendoim entre linhas a 10 cm intervalo

Mapira e feijão: mapira 90 x 10 cm, feijão entre linhas a 10 cm intervalo

Necessidades para conversa e demonstração


Os paus de sementeira devem ser cortados a medida certa para todas as culturas
praticadas pelos camponeses.

Como conversar e demonstrar


Demonstrar o espaçamento óptimo incluindo a consociação usando os paus de plantação
e, com cada participante, demonstrar o procedimento.

Métodos de verificação e adopção


a) Usando milho e feijão nhemba como amostra, anotar o número de camponeses no
grupo que plantou usando o espaçamento recomendado
b) Controlar aqueles que foram anotados em cada visita para o grupo.

159
A8: SACHA

Mensagem

a) As terras cultivadas devem ser bem sachadas ao longo da campanha


b) As ervas daninhas que nascem antes ou ao mesmo tempo com as culturas têm
maiores efeitos no rendimento
c) Se a mão-de-obra for escassa, sache primeiro nas linhas de cultura pois as ervas
nas linhas têm maiores efeitos no rendimento do que as que estão entre as linhas
d) Os camponeses que usam tracção animal devem ser aconselhados a comprar um
cultivador para o controle eficiente das ervas nas primeiras semanas depois da
sementeira.

Justificação
1. Ensaios feitos no Zimbabwe entre 1970-1980 demonstraram um aumento de
rendimento de 900 kgs/ha onde a sacha atempada (por seis semanas) foi
controlada e 310 kgs/ha onde apenas sachou-se na linha de sementeira.
2. O controlo total da sacha aumenta o rendimento em 1.500 kg/ha

Resultados a atingir
O aumento do rendimento, com uma eficiente sacha, pode ser na ordem de 1.500 kgs/ha
para o milho. Se a mão-de-obra for escassa e os camponeses sacharem apenas na linha de
cultura o rendimento aumenta 300 kgs/ha

Acompanhamento da adopção
1. O extensionista deve registar o número de camponeses, em cada grupo, que
sacharem da sementeira à colheita
2. Os que sacharam apenas na linha da cultura devem ser registados separadamente
3. O grupo de camponeses deve ser levado a acompanhar os resultados e a relatar as
diferentes técnicas de sacha usadas.

160
A9: O MARCADOR DE LINHAS

Objectivo
Para que o camponês seja capaz de plantar as suas culturas em linhas especificadas, o
camponês deve ser capaz de:
a) Fazer um marcador de linha próprio
b) Usa-lo convenientemente

Introdução
a) O marcador de linhas é usado para marcar as linhas de acordo com os respectivos
compassos
b) É bastante útil, pois o camponês pode consistentemente manter a profundidade
das linhas ao longo da operação.
c) É barato e muito simples de se fazer

Como fazer um marcador de linhas


a) Corte uma estaca que seja suficientemente leve para ser carregada por duas
pessoas;
b) A estaca de madeira deve ser de 2 metros de comprimento e não susceptível as
térmites (muchém) para durar mais tempo;
c) Use brocas de madeira e abra orifícios começando do centro e com 90 cm de cada
lado, se for para o milho, e para outras culturas de acordo com o seu compasso.
d) Moldar os marcadores e depois fixar em cada buraco aberto;
e) Fixar a barra central com um parafuso no centro da viga. A barra central deve ser
de 3 metros de comprimento. Providenciar uma âncora ou suporte para a barra
central de modo a mantê-la fixa.
f) Providenciar um puxador na parte final da barra central que poderá ser puxada por
uma ou duas pessoas;
g) Se o marcador for para ser puxado por gado, então o marcador não deve estar
muito gasto (com folga), devendo ser bem ajustado a viga.
h) O marcador de linha pode cavar bastante profundo e a semente pode ser posta
manualmente e coberta com os pés;

161
Este é o seu marcador de linhas e está pronto para ser usado

Legenda:
1. Viga
2. Marcadores
3. Barra central
4. Âncora (suporte)
5. Puxador

162
A10: PULVERIZADORES E USO DE PESTICIDAS

Objectivo
1. Para que os extensionistas saibam:
2. Identificar o tipo de pulverizadores
3. Partes que constituem o pulverizador e suas utilidades
4. Concertar, calibrar e operar com o pulverizador
5. Descrever e demonstrar a manutenção e conservação do pulverizador
6. Conhecer as normas de armazenamento e uso de pesticidas

Conteúdo
a) Partes e funcionamento do pulverizador
b) Calibração do pulverizador,
c) Operação com pulverizador
d) Manutenção e armazenagem do pulverizador
e) Cuidados a ter no uso de pesticidas

Introdução
Os pulverizadores manuais de dorso são equipamentos destinados a aplicações de
pesticidas em terrenos de topografia irregular, em pequenas plantações, locais de difícil
acesso, etc.

Também são utilizados na pecuária para desinfecção de estábulos, aplicação de


carracicidas, entre outros. De uma maneira geral estes equipamentos possuem capacidade
de tanque inferior a 20 litros para não causar desconforto ao operador. O accionamento
da câmara de compressão é feito manualmente, podendo esta ser accionada com a mão
direita ou esquerda.

A lança de pulverização possue registro de plástico (polietileno com fibra de vidro) e


pode ser operada para aplicação localizada ou aplicação contínua. Os bicos de
pulverização são acomodados em uma ponta padrão, podendo ser utilizado qualquer tipo
de bico que se usa num equipamento de barras convencional.

Para uma boa pulverização o operador deve conhecer as partes do pulverizador, funções,
reparações necessárias, calibração e funcionamento efectivo.

O operador deve ter a certeza e conhecimentos suficientes para evitar acidentes. Para que
o pulverizador tenha longa duração de uso deve ser bem conservado, com manutenções
periódicas

Partes e funcionamento do pulverizador


a) Tampa com diafragma (45): com função de fechar o tanque para evitar a saída
de produto nele contido

163
b) Crivo (43): situa-se na boca do tanque com a função de impedir a passagem de
impurezas e admitir somente a passagem de produto já diluído em água
c) Tanque ou depósito (42): é a parte principal do pulverizador com a função de
conservar os produtos químicos a usar na pulverização
d) Pistão ou câmara compensadora completa (8): uma espécie de bomba cuja
função é de puxar o produto do tanque para o tubo de saída, pulverizando.
e) Alavanca de pistão (35): faz movimentar o pistão através duma biela nela ligada
fazendo com que o pistão faça o movimento de vai e vem, aspirando ou expelindo
o líquido
f) Agitador (23): a medida em que se movimenta a alavanca, o agitador mexe todo o
líquido no tanque para manter a composição da droga (boa mistura).
g) Vácuo de ar: com a função de fornecer mais ou menos resistência a bombagem
de alavanca.
h) Válvula de protecção: controla a intensidade de pressão de ar e água (produto)
i) Mangueira (14): um tubo flexível que liga o vácuo de ar e o tubo de saída do
produto. Conduz o produto do tanque para fora, procedendo assim com a
pulverização
j) Válvula de dosagens: permite uma boa regulação para que o produto saia em
jacto e/ou em feixe
k) Válvula de admissão e pressão ou Registro completo (13): serve para admitir
ou interromper a saída de produto
l) Lente de pressão: situa-se entre a pega e a boquilha de saída. Deve ser resistente
à pressão para que a quantidade de produto a sair seja aquela desejada.
m) Injector ou Bico (59) (boquilha de saída): há dois tipos
De abertura redonda
De abertura rectangular (achatada) – Boa para aplicação de herbicidas

O bico é a parte com maior pressão que faz com que a quantidade do produto a sair seja a
desejada para o tipo de pulverização que se pretende fazer. Tem capacidade de cobrir
uma certa faixa

Pulverizador dorsal manual

As peças mais importantes são:


Recipiente metálico ou plástico de 15-20 litros (42)
Câmara compensadora completa (8)
Tampa com diafragma (45)
Lança de pulverização (4)
Êmbolo (9)
Espaçador do êmbolo (10)
Válvula de câmara (11)
Tubo de pulverização (12)
Registro completo (13)
Mangueira (14)
Haste de accionamento ou biela (15)
Agitador (23)

164
Cilindro completo (24)
Corpo do cilindro (25)
Anel de vedação (27)
Anel (28)
Porta-esfera (29)
Válvula do cilindro (30)
Alavanca (35)
Corpo (38)
Crivo ou coador (43)
Diafragma (44)
Alavanca do registro (46)
Capa de bico (60)

Procedimentos para identificação de deficiência de pressão


1. Coloque aproximadamente 2 litros de água no depósito.
2. Accione a alavanca e observe no interior do depósito como se apresenta o
problema.
3. Compare o problema com a descrição da tabela abaixo.

DESCRIÇÃO CAUSAS CORRECÇÕES


Vazamento de líquido pela Êmbolo gasto ou Substitua ou lubrifique
parte superior do cilindro ressecado o êmbolo.

Após bombear e carregar a Válvula do cilindro com Limpe ou substitua


câmara, ao accionar a deficiência de vedação por válvula.
alavanca, desgaste ou impurezas.
esta desce rapidamente.

Após bombear e carregar a Válvula da câmara com Limpe ou substitua a


câmara, ao soltar a deficiência de vedação por válvula.
alavanca, desgaste ou impurezas.
esta sobe lentamente.

165
166
Calibração do pulverizador
Antes de regular o pulverizador certifique-se de que:
1. Os êmbolos não estão ressecados ou danificados.
2. As válvulas não estão gastas ou presas no corpo.
3. A agulha não está com as vedações gastas.
4. O bico é o indicado para a aplicação
5. Não há vazamentos.

O método prático de calibração do pulverizador é muito simples:


1. Marque uma área de 100 m² (quadrado de 10 x 10 m).
2. Encha o tanque e pulverize a área.

3. É necessário que o operador mantenha um ritmo constante de bombeamento de


marcha.
4. O injector deve-se manter a uma altura de 50 cm durante a pulverização
5. Volte a encher o tanque e meça o volume gasto em litros. Para medidas precisas o
pulverizador deve estar na mesma posição antes e depois de operação.
6. Calcule o volume de pulverização em litros/ha.

Ex.: Q= Vol x 10.000 Q = volume em litros/ha


A
Vol = volume gasto em litros
10.000 = corresponde a 1 hectare
A = área pulverizada

Por ex. se nos 100 m2 gastou 1,5 l de água, teremos:


Q= 1,5 x 10.000
100
Q= 150 l/ha
7. Caso o volume encontrado não seja o desejado, substitua o bico por um de maior
ou menor vazão, ou altere o ritmo de bombeamento e marcha

167
8. Depois de toda a regulação, verificação e revisão, o operador já pode proceder
com a mistura de pesticida e água em quantidade recomendada e posteriormente
pulverizar.
Operação com o pulverizador
A pulverização deve ser feita em horas frescas do dia, de manha cedo ou ao entardecer, e
nunca em dia ou horas com muito vento, para evitar desvio de produto pelo vento.

a) Faz a mistura seguindo as instruções do rótulo. Põe o pesticida e mistura com um


pouco de água, agitando. De seguida põe o resto da água para ter a solução com a
concentração desejada
b) Enche o depósito com a solução
c) Começa com a pulverização usando a velocidade adequada e pressão que
obtiveste durante a calibração.
d) Mantém o injector na altura recomendada (50 cm)

Manutenção e conservação do pulverizador


a) Lavar diariamente o pulverizador depois de usar ou sempre que vai usar produto
diferente. A lavagem deve ser com água limpa
b) Tira o injector e bomba até sair água limpa
c) Lavar o crivo e tirar todas as camadas estranhas nele colocado assim tanto no
injector como no filtro
d) Para conservar o teu pulverizador sem usá-lo por muito tempo, segue as seguintes
instruções
Tirar todo o produto que restar
Drenar o pulverizador e secar bem por dentro e por fora
Todas as peças flexíveis devem ter boa lubrificação com uma massa para
prevenir a corrosão
Guarde o pulverizador num lugar fresco, seco e longe do alcance de
crianças e animais

Cuidados a ter no uso de pesticidas


a) Escolha correcta do pesticida
b) Usar o pesticida quando necessário pois é um veneno que extermina, tanto as
pragas e doenças como as próprias culturas, quando violadas certas normas
c) Usar o pesticida em caso de impossibilidade de outros tipos de controlo
d) Observar o grau de infestação das pragas e doenças, pois será necessário avaliar a
economicidade do uso do pesticida, se o ataque manifesta-se por todo o campo ou
em certas parcelas.
e) Usar pesticidas adequados para cada tipo de pragas e doenças se existirem muitos
pesticidas, deverá escolher o menos tóxico mas que seja próprio para exterminar a
praga infestante.
f) Ter a certeza de que o pesticida escolhido possa ser utilizado pelo camponês sem
riscos
g) Após a escolha do pesticida, deve ler o rótulo e explicar ao camponês que o vai
usar dando todas as advertências:
Instruções de mistura

168
Advertências de perigo do pesticida
Quantidades necessárias para a mistura
Principais instruções para precaução
Instruções de primeiro socorro em caso de acidentes
h) Caso não percebas bem as instruções do rótulo, consulta aos colegas que
conheçam a matéria
i) Para todo o uso de pesticida, é condição fundamental ter certeza de que o
camponês que o vai usar possui o mínimo de domínio nessa matéria

ATENÇÃO:
Não armazene equipamentos com calda dentro do depósito. Os produtos químicos
podem provocar diferentes reações podendo causar danos aos componentes do
equipamento e à saúde do operador

Uso correcto de pesticida e recomendações de segurança


a) Os pesticidas devem ser conservados em lugares seguros e fechados
b) Mantenha os produtos químicos fora do alcance das crianças
c) Não usar recipientes normalmente usados para alimentação do homem ou dos
animais
d) Enterrar o pesticida que se verteu
e) Qualquer pesticida tem rótulo do fabricante o qual contem todas recomendações e
precauções.
f) É preciso usar as doses recomendadas e correctas para uma boa eficiência do
pesticida
g) Os pesticidas vêm em diferentes estados e texturas: em pó, granulados e líquidos
confundíveis uns aos outros. Os pesticidas granulados, na maioria dos casos,
podem ser misturados com água mesmo directamente no depósito do
pulverizador, na maioria dos casos.
h) Os pesticidas mais concentrados também podem ser misturados directamente no
depósito com água pois estes facilmente se diluem
i) Alguns pesticidas em pó necessitam duma mistura gradual com água partindo de
quantidades muito menores para depois despejar no depósito
j) Usar o equipamento de protecção (luvas, máscaras, botas, fato-macaco, etc.)
k) A mistura de produtos químicos deve ser feita longe de lugares frequentados pelos
homens e animais
l) Respeitar a dosagem segundo o rótulo e evitar despejar no chão
m) Os instrumentos usados com os pesticidas não se devem usar para outros fins
n) Usar água limpa para a mistura
o) Lavar as mãos depois da mistura e da utilização
p) Os pesticidas que restam da pulverização devem ser enterrados ou metidos num
buraco
q) Não lavar as mãos e o pulverizador nos rios; a água deve ser enterrada. Não polua
o meio ambiente.
r) Os instrumentos usados devem ser lavados e guardados em lugares seguros.
s) Após o trabalho, tome banho com água fria e sabão em abundância e troque de
roupa

169
ATENÇÃO: Em caso de intoxicação, procure imediatamente um médico e
mostre-lhe o rótulo do produto utilizado.

A11: COMO FAZER ALGUNS INSECTICIDAS CASEIROS

Objectivo
Fazer com que o agricultor possa preparar alguns insecticidas em casa a baixo custo mas
com eficacia no tratamento de algumas pestes

EMULSÃO DE PETRÓLEO
Este é um insecticida de contacto útil contra muitos insectos chupadores.

1. Divide finamente 50 gr. de uma barra de sabão mainato e dissolve por fervura em
0,45 litros de água.
2. Arrefece e junta 0,9 litros de petróleo
3. A mistura é então fortemente agitada até o óleo estar completamente
emulsificado.
4. Antes de pulverizar esta solução pode ser diluida com água 15-20 vezes mais
(com 21-28 litros de água)

CALDO DE TABACO
É muito efectivo para o controlo de afideos infestando culturas hortícolas.
1. Caldo de tabaco pode ser preparada mergulhando 500 gr de tabaco em 4,5 litros
de água durante 24 horas.
2. Depois 320 gr. de pedacinhos de sabão mainato são separadamente dissolvidos
num outro recepiente formando o caldo de sabão
3. O caldo de sabão é adicionado ao caldo de tabaco e esta mistura é diluida 6-7
vezes

CALDO DA SEMENTE DE MARGOSA (NEEM)


É muito efectivo como repelente contra locustres e gafanhotos.
1. Os frutos maduros da margosa que caêm por si são apanhados e se extrai a
amêndoa.
2. A amêndoa é moída num pó grosso
3. Para obter 0,1 % de concentração é necessário 1 gr de semente moída de margosa
por 1 litro de agua.
4. A quantidade necessária do pó grosso deve ser posta num pequeno saco de pano
coador e mergulhada na água dum balde e espremida até a água se tornar clara
acastanhada. Esta solução é para ser pulverizada nas culturas para protecção.

Verificação de adopção
Ver quantos camponeses estão aplicando um desses insecticidas caseiros e apontar no
caderno

170
A12: SELECÇÃO DE SEMENTES

Objectivos
Os extensionistas devem ser capazes de demonstrar e dar conselhos aos camponeses para
uma adequada selecção das suas próprias sementes de polinização aberta, para a próxima
época

Introdução
As sementes de polinização aberta foram fornecidas para que o camponês possa produzir
a sua própria semente para a época seguinte
Isto torna o camponês independente das necessidades constantes em sementes importadas

Recolha de sementes
Na recolha de sementes, os critérios seguintes devem ser seguidos:
a) A semente deve ser colhida só das melhores plantas que são saudáveis e não tem
doenças ou estragos causados por insectos
b) Os grãos devem estar bem formados e provenientes das melhores plantas
c) Onde possíveis, as sementes devem ser recolhidas das plantas perto do meio do
campo, para evitar contaminação com outras variedades
d) O milho deve ser debulhado a mão e deve-se usar os grãos do meio da espiga
e) A parte final da espiga deve ser removida, não devendo, portanto, ser usada para
semente.
f) O amendoim é melhor armazenado dentro da casca e deve ser descascado
somente quando for necessário para sementeira
g) Uma vez que as sementes tenham sido seleccionadas, deve-se limpar
cuidadosamente. As sementes mal formadas e estragadas devem ser removidas
h) Depois seca-se e trata-se com Malatião ou um outro produto para protecção de
semente para evitar estragos pelos insectos
i) A semente é depois metida em plásticos usados para insumos e armazenada em
barracas secas e frescas ou em alpendres
j) Deverá ser feita uma inspecção regular para ter certeza que não há estragos na
semente.
k) Os camponeses devem guardar grupos de cada variedade separadamente, para que
a qualquer altura possam seleccionar os melhores grupos para seus ambientes.

Critérios de selecção de cada cultura

1. Milho

a) Quando maduro e seco, selecciona espigas saudáveis e boas


b) Selecciona do meio do campo
c) As espigas devem estar livres de doenças
d) Remove a parte final da espiga e usa só a parte central
e) Deve-se descascar a mão e tratar a semente com Malatião ou outro produto
apropriado
f) Armazene em lugar fresco e seco

171
2. Amendoim
a) Arranca plantas maduras e saudáveis do centro do campo
b) Armazena as sementes em casca para usar na campanha seguinte.

3. Feijão manteiga
a) Selecciona a semente só quando o feijão estiver maduro e seco, mas antes de as
vagens fenderem
b) Escolhe plantas robustas provenientes do centro do campo
c) Armazena as sementes em lugares frescos e seguros
d) Devem vir de vagens completamente cheias

4. Mapira, Mexoeira
a) Quando madura e seca, selecciona sementes boas e fortes, livres de doenças e de
plantas do centro do campo
b) Armazena em lugares frescos e seguros

5. Feijão nhemba
a) Seleccione sementes de plantas fortes e maduras, provenientes do centro do
campo,
b) Devem vir de vagens largas e completamente cheias e que estejam livres de
doenças
c) Armazena em lugar fresco e seguro para usar na campanha seguinte

6. Girassol
a) Quando maduro e seco, selecciona de plantas do centro do campo sementes boas,
fortes e livres de doenças
b) Armazena em lugares frescos e secos.

172
A13: MEDIÇÃO DO DECLIVE DE UM TERRENO

1. Mensagem
Conhecer o tipo de inclinação que a machamba tem é importante porque se podem tomar
medidas para evitar a erosão. Por exemplo a distância entre as curvas de nível a marcar
depende da inclinação do terreno. Se a inclinação for grande, as curvas devem ser mais
próximas umas das outras e caso contrário, devem ser mais espaçadas. O agricultor deve
poder saber medir a inclinação da sua machamba usando métodos mais simples e baratos.

2. Conteúdo
A inclinação ou pendência do terreno pode ser marcada pelo pessoal especializado da
Agricultura usando meios sofisticados como teodolitos, níveis de precisão. Por falta de
mais pessoal não é possível este pessoal marcar cada machamba do País onde for
necessário. É claramente necessária uma mudança no sentido de transferir para os
camponeses as ferramentas necessárias, explicando-lhes a necessidade da participação da
comunidade. Pode se atingir este fim através de campanhas sensibilização e de formação
em exercício na machamba.

3. Como medir a inclinação


São necessárias duas pessoas, uma que vamos chamar de Projectista e a outra de
Ajudante.

1. Na machamba a medir a inclinação, o Ajudante fica na parte de cima e o


Projectista na de baixo, todos direitos.
2. Mede-se a distância entre as Ajudante
duas pessoas ( 33 m no caso,
que vamos chamar de D)
Projectista
3. O Projectista, através de um A
tubo ou sua mão curvada a B
fazer um “O”, mira o
Ajudante e fixa qual a parte
do corpo dele a vista (os
olhos vamos chamar ponto A) D
atinge (no caso é nos quadris,
que vamos chamar ponto B).
4. Em seguida ficam os dois direitos num ponto plano para ser ver onde o ponto B
corresponde no corpo do Projectista (ponto C).
5. Mede-se a distância entre o ponto C e o A (no exemplo 0,6 m, que vamos chamar
E)

173
6. Para se saber qual é a inclinação dividimos 100 por D e depois multiplicamos por
E, isto é:
Inclinação = (100 / D) x E
= (100 / 33 m) x 0,6 m
= 1,8 %

0,6 m = E

174
A14: MARCAÇÃO DAS CURVAS DE NÍVEL

Numa planta topográfica, uma curva de nível caracteriza-se como uma linha imaginária
que une todos os pontos de igual altitude de uma região representada. É chamada de
"curva" pois normalmente a linha que resulta do estudo das altitudes de um terreno são
em geral manifestadas por curvas. Portanto, a curva de nível serve para identificar e unir
todos os pontos de igual altitude de um certo lugar.

As curvas de nível indicam uma distância vertical acima, ou abaixo, de um plano de


referência de nível. Começando no nível médio dos mares, que é a curva de nível zero,
cada curva de nível tem um determinado valor. A distância vertical entre as curvas de
nível é conhecida como equidistância, cujo valor é encontrado nas informações marginais
da carta topográfica.

1. Mensagem
Para evitar a erosão é preciso plantar de acordo com as curvas de nível. O agricultor deve
poder saber marcar as curvas de nível usando os métodos mais simples e barato. Alguns
dos instrumentos para marcação da curva de nível podem ser feitas pelos próprios
agricultores usando meios localmente disponíveis.

2. Conteúdo
Têm sido marcadas curvas de nível pelo pessoal especializado da Agricultura usando
meios sofisticados como teodolitos, níveis de precisão. Por falta de mais pessoal não é
possível este pessoal marcar cada machamba do País onde for necessário. É claramente
necessária uma mudança no sentido de transferir para os camponeses as ferramentas
necessárias, explicando-lhes a necessidade da participação da comunidade. Pode atingir-
se se este fim através de campanhas sensibilização e de formação em exercício na
machamba.

Curva de mesmo nível é uma linha imaginária que é contínua e que não se eleva ou que
não decai.

AS CURVAS de nível são feitas durante a época seca, para que estas actividades não
colidam com as actividades agrícolas normais. Podem promover-se ainda outras medidas
tendentes à preservação do solo, como camalhões ligados entre si e terraços.

Erros mais comuns na feitura de curvas de nível


a) Um dos problemas predominantes na marcação de curvas de nível é que o
intervalo entre as medições é demasiado grande para dar conta das irregularidades
do terreno. Como resultado disto, as curvas de nível seguem muitas vezes as
inclinações das encostas. Isto aumenta o aluimento e a erosão, levando à formação
de ravinas. Este problema é maior se forem usados níveis de mão pequenos, em
vez de pés-de-galinha e níveis de corda. Estes instrumentos evitam os erros
comuns porque os intervalos entre medições são pequenos. Além disso, são

175
baratos rápidos e simples de usar (veja detalhes adiante). Isto torna-os apropriados
para os camponeses aumentarem área marcada. Camalhões em caixa ou ligados
entre si podem reforçar as curvas de nível, reduzindo o aluimento, especialmente
perto de caminhos.
b) Depois de se marcarem as curvas de nível, um erro comum é alinhar a área entre
duas cristas de marcação pela de cima. Isto significa que a metade de baixo pode
não estar no nível.
c) O procedimento correcto é alinhar a metade de cima desta área pela crista de
marcação de cima, e a metade de baixo pela crista pela de marcação de baixo,
vindo este dois alinhamentos a encontrar-se a meio caminho entre duas cristas.

O NÍVEL DE CORDA E O SEU USO


O nível de corda é um instrumento simples que se usa para marcar curvas de nível. É
barato, rápido e rigoroso. É constituído por um nível de bolha pendurado de uma corda
esticada.

Equipamento e pessoas necessárias (veja a figura abaixo):


a) Um nível de bolha
b) 5 m de corda
c) Dois paus fortes, de 1,6 a 2 m de comprimento, com as pontas chatas
d) Uma faca
e) Estacas para marcar as curvas de nível, e, opcionalmente, um saco para as
transportar (deve contar-se 100 estacas por hectare em inclinações muito suaves,
150 estacas por hectare para inclinações médias e 200 estacas por hectare para
terrenos muito inclinados)
f) Um martelo ou uma pedra ou um pau grande para enterrar as estacas no chão
g) Três pessoas: um ou uma chefe, que é quem vai ler o nível, e dois ajudantes, que
serão aqui referidos como A e B. (uma destas pessoas deverá ser um adulto)

176
Preparação do equipamento
1. Põe dois paus de pé, num chão firme e nivelado. Encostando-os um ao outro faz
entalhe a toda a volta de cada um deles, exactamente à mesma altura. Estes
entalhes podem ser a qualquer altura entre 1,30m e 1,60m, desde que seja
exactamente a mesma altura nos dois paus.
2. Faz um nó ao meio da corda de 5 m. Em seguida amarra as pontas da corda nos
entalhes que fizeste em cada um dos paus.
3. Dá um destes paus a cada ajudante, A e B. Pendura o nível ao meio da corda, de
maneira que o nó que fizeste ao centro fique entre os ganchos pelos quais o nível
está suspenso. Este nó serve para o nível não escorregar pela corda.

Teste do equipamento
Antes de ir para o campo, testa o equipamento da seguinte forma:
1. Usa uma superfície plana por ex., o chão de uma casa.
2. Dá instruções a A e B para segurarem cada um no seu pau, afastados cerca de 5 m
um do outro, de modo a que a corda fique bem esticada.
3. Marca o sítio onde os paus estão e, seguida, lê o nível.
4. Seguidamente, A e B trocam de lugar e lê-se o nível outra vez.
5. Se a bolha de nível não estiver perfeitamente centrada em ambas as leituras,
verifica se o chão de facto está nivelado, se a altura a que fizeste os entalhes é
exactamente igual nos dois paus.

177
1. A bolha aponta para o senhor A. A chefe de equipa diz ao senhor B: «Para cima!»
2. Depois do senhor B ter subido um bocadinho, a bolha aponta para o senhor A.
Agora, a chefe da equipa diz ao senhor B: «Para baixo!»
3. O senhor B desce devagarinho até a chefe de equipa dizer: «Está bom!». A bolha
está agora perfeitamente centrada

Uso do nível no terreno (vê ilustrações da pagina anterior)


1. Distribui as estacas e os martelos ou pedras pelo pessoal e vá para um sítio entre
10 e 20 m abaixo do canto superior do terreno.

178
2. Coloca uma estaca no ponto de partida, e diz a A para pôr o seu pau ao lado dessa
estaca. O sítio onde se coloca o pau não deve ser um buraco ou depressão do
terreno, nem uma elevação, como uma pedra, um canteiro, um monte de terra, um
morro de muchém.
3. Diz a B para se afastar os cerca de 5 m que a corda permite ao longo do que pensa
ser a curva do nível. B fica nesse lugar com o pau directo, mantendo a corda, bem
esticada. Podes aumentar ou diminuir o comprimento da corda para evitar terreno
irregular. Isto pode ser feito acrescentando mais corda a uma das pontas ou dando
um nó na corda de forma a torna-la mais curta. Em qualquer dos casos, deves
rectificar o seu centro onde está o nível pendurando.
4. O chefe da equipa lê o nível, vendo a posição da bolha relativamente ao ponto
central do nível. Ele ou ela dá instruções a B para ir subindo ou descendo no
terreno inclinado, até a bolha estar perfeitamente centrada. Coloca-se então uma
estaca exactamente no sítio onde está o pau do B.
5. B fica nesse lugar com o seu pau, e é A que se desloca para encontrar o lugar
onde colocar a estaca seguinte. Agora o chefe da equipa dá instruções a A para ir
subindo ou descendo no terreno. Quando a bolha do nível estiver perfeitamente
centrada, põe-se outra estaca exactamente no sítio onde está o pau de A.
6. Repetem-se os passos 3 a 5 para encontrar o lugar onde se colocará a próxima
estaca, e assim sucessivamente. Continua-se até chegar ao outro lado do terreno.
7. A equipa desce então até ao lugar onde calculou que havia de ficar a próxima
curva de nível, onde repete os passos 2 a 6. Note que quanto mais inclinado for o
terreno mais perto umas das outras devem ficar as curvas de nível. Em geral, diz-
se que as curvas de nível devem ficar afastadas 20 m umas das outras em terrenos
com muito pouca inclinação, e devem ter entre 15 e 10 metros de distância entre
si, respectivamente em terrenos de inclinação média ou muito inclinados.

Nota: A e B trocam de lugares para diminuir a margem de erro, no caso de o nível não
estar perfeitamente calibrado. Tais erros, contudo, podem ser evitados testando
adequadamente o equipamento.

O PÉ- DE- GALINHA


O nível pé-de-galinha rústico é construído com três varas finas (alinhadas ou não) atadas
com a forma da letra A. Seguem-se pormenores sobre o seu uso.

Equipamento e pessoas necessárias


a) 2 m de corda forte
b) Uma pedra
c) Três varas de madeira, de pontas chatas, duas das quais com 3 m de comprimento
e uma com 2 m de comprimento
d) Uma faca
e) Estacas para marcar as curvas de nível, e opcionalmente, um saco para as
transportar (deve cortar-se 165 estacas por hectare em inclinações muito suaves,

179
250 estacas por hectare para inclinações médias e 330 estacas por hectare para
terreno muito inclinados)
f) Uma equipa de duas pessoas, uma das quais deve ser um adulto.

Preparação do equipamento
1. Amarra as pontas de cima das varas de 3 m. Amarre, em seguida, o pau de 2 m
atravessado em relação a estes de modo a formar um triângulo com a vara
horizontal distando, aproximadamente, 40 cm do solo. A distância entre as duas
varas é de aproximadamente 2 m, de forma a obter uma armação em forma de A.

2. Na parte superior do triângulo formado amarra-se uma corda e na extremidade


prende-se um peso (pedra, garrafa). Quando a corda estiver esticada, formando
um pêndulo, deve ultrapassar a vara horizontal sem, contudo da ponta de cima da
armação. A pedra deve ficar suspensa a 5 ou 10 cm abaixo da vara horizontal.

180
3. Calibra o pé-de-galinha da seguinte forma:
a) Leva-se o pé-de-galinha a
um local do terreno que
tenha um pequeno declive
ou coloca uma pedra maior
em baixo de um pé. Marca
no chão os lugares onde
estão assentes as duas varas
do pé-de-galinha colocando-
se 2 piquetes encostados nos
pés do aparelho. Em seguida
faz-se uma marca (pequeno
corte) por trás da vara horizontal, coincidindo com sítio exacto em que a
corda passa pela vara horizontal.

b) Agora, troca entre si o lugar das pernas da armação, tomando-se o cuidado


de que as
extremidades
inferiores das varas
ocupem o mesmo
espaço entre os
piquetes, e marca o
sítio exacto em que
a corda passa pela
vara horizontal.

c) Na vara horizontal agora temos duas marcas. Acha o meio entre estas duas
marcas e faz uma marca bem viva (incisão) na vara horizontal. Este é o
ponto de nível do aparelho.

181
d) O pé- de galinha estará a partir daí perfeitamente a nível quando a corda
passar
precisamente
por esta terceira
marca. Se ela
estiver
correctamente
calibrada, a corda
passará
precisamente
pela marca
central quando as
duas pernas
estiverem no
mesmo nível.

Uso do pé-de-galinha no terreno


Usa o pé-de-galinha apenas em dias calmos, já que o vento pode fazer mexer a corda
1. Distribui as estacas e os martelos ou pedras pelo pessoal e vai para um sítio entre
10 e 20 m abaixo do canto superior do terreno.
2. Coloca uma estaca no ponto de partida e põe uma das pernas do pé-de-galinha
junto a ela. O sítio onde se coloca o pé-de-galinha não deve ser um buraco ou
depressão do terreno, nem uma
elevação, como uma pedra, um
canteiro, um monte de terra ou um
morro de muchém.
3. Segurando esta perna fixa vi
rodando a outra até a corda indicar
precisamente a marca central.
Coloca uma estaca junto á perna
que rodou.
4. Segurando agora a segunda perna,
roda a primeira até chegar a um
lugar em que a corda assinale exactamente a marca central outra vez. Coloca
então outra estaca no solo para marcar o lugar onde a primeira perna parou. O
processo de girar é importante, porque diminui a margem do erro, caso o pé-de-
galinha não esteja perfeitamente calibrado.
5. Continua a fazer girar o pé- de- galinha e a marcar até ao fim da machamba.
6. A equipa desce até ao lugar onde calculou que havia de ficar a curva nível
seguinte, onde repete os passos 2 a 6 até acabar a marcação das curvas de nível.

182
A15: EROSÃO DO SOLO

Mensagem principal
a) A erosão define-se como um processo de separação, transporte e acumulação de
partículas de solo originada por fenómenos naturais (ventos, chuvas, terramotos) e
ou acções resultantes de intervenção humana (técnicas inadequadas de cultivo,
desmatamento, abertura de ruas etc.).
b) A erosão do solo é a perda do solo superficial fértil das áreas de pastagens e das
áreas cultivadas, pela acção de água corrente e do vento.
c) Os factores que influenciam a erosão do solo são: inclinação do solo, estrutura do
solo, velocidade do vento, quantidade de vegetação no solo, quantidade e
velocidade de escoamento superficial da água.
d) O fenómeno de erosão dos solos, tem vindo a afectar grande parte das cidades e
zonas rurais de Moçambique, causando avultados danos tais como: destruição de
infra-estruturas (como escolas, hospitais, vias de acesso e comunicações, campos
de jogos, machambas, etc).

Tipos de erosão
1. Quanto ao agente causador
a) Erosão eólica (Através da força de ventos);
b) Erosão hídrica, que é originada pela força das águas (chuva, rio e mar).

2. Quanto ao processo de formação


a) Erosão natural ou eólica – este tipo aparece associado a necessidade do
equilíbrio que qualquer ambiente deve alcançar, sendo comum a erosão de
superfície devido a acção da água ou do vento em condições naturais do
ambiente. Ocorre geralmente nas encostas e em zonas com terrenos não
cobertos de vegetação, manifestando-se pela migração lenta de partículas de
terra.
b) Erosão acelerada ou induzida – esta resulta das mudanças ou alterações no
equilíbrio natural dos solos induzida pelo ser humano.

Causas de erosão
1. Antropológicas (causadas pelo homem);
a) Cultivos nas zonas inclinadas;
b) Construção de habitação em zonas inclinadas;
c) Desmatamento (corte indiscriminado da vegetação);
d) Ocupação desordenado do espaço;
e) Queimadas descontroladas;
f) Pressão animal sobre a vegetação e solos;
g) Técnicas inadequadas de cultivo;
h) Abertura de vias de acesso perpendiculares às curvas de níveis;
i) Abertura de valas à busca de terras para efeitos de construção e mineração.

183
2. Naturais
a) Ventos;
b) Chuvas;
c) Pressão das águas do mar e rios.

Resultam deste fenómeno consequências de grande impacto sócio - económico e


ambiental, podendo-se destacar:
a) A destruição de infra-estruturas;
b) O empobrecimento de solos;
c) O assoreamento de solos;
d) Custos elevados para reparação de danos;
e) Acidentes com pessoas e animais;
f) Alteração dos cursos de água;
g) Redução dos caudais dos rios devido ao assoreamento;
h) Redução da disponibilidade de água;
i) Alteração morfológica da superfície terrestre e
j) Alteração dos ecossistemas e da biodiversidade.

Uma cidade destruída pela erosão hídrica Destruição de estrada pela erosão dos
solos

Algumas medidas de mitigação da erosão


• Construção de gabiões
• Terraços
• Cultivo em curva de níveis
• Cultivo em faixas

184
Gabiões Terraços

Plantação em curvas de nível Faixas

Outras formas de mitigação


• Recobrimento vegetal do leito das ravinas – consiste em colocar material
vegetativo no leito e nos taludes. Geralmente usam-se espécies nativas para o
recobrimento.
• Construção de sistemas de drenagem - para direccionar o escoamento superficial e
canais para diminuir a velocidade do escoamento superficial.

185
A16: CONTROLE DA EROSÃO DO SOLO USANDO CERCAS VEGETATIVAS
VETIVER

Mensagem principal
e) A erosão do solo pode ser controlada mecanicamente (terraços ou valetas ao
longo das curvas de nível) e por medidas biológicas.
f) A cerca vegetativa é um método barato e sustentável do controlo biológico da
erosão

Benefícios da cerca vegetativa


a) É um método natural para cobrir o solo e manter a humidade.
b) Precisa de menos mão-de-obra para o estabelecimento e manutenção do que os
métodos de controlo mecânico, por exemplo as valetas ao longo das curvas de
nível
c) Ocupa menor espaço do que as valetas ao longo das curvas de nível
d) A cerca vegetativa precisa de manutenção mínima
e) Como os depósitos de escoamento superficial vão-se acumulando, na cerca
vegetativa desenvolve-se um terraço natural
f) A cerca vegetativa permanece por um período muito longo
g) Pode actuar como uma barreira contra a invasão das ervas daninhas para o interior
do campo
h) A cerca vegetativa pode também ser útil como reserva de alimentos

Informações úteis, detalhes

a) Preparação do material de plantação


1. Arrancar o capim vetiver usando uma pá ou forquilha;
2. Retirar uma mão cheia de pés de vetiver incluindo as raízes;
3. Podar o topo 15-20 cm por cima da base e as raízes 10 cm abaixo
4. A palha está pronta para ser plantada

b) Preparação da terra
1. Marca as curvas de nível transversais ao campo usando estações de madeira e
nível de mão ou nível pé de galinha
2. O intervalo vertical indicado entre 2 contornos (curvas de nível) é de 2 metros no
mínimo, dependendo da inclinação do terreno (quanto menos inclinado, maior é a
distância).
3. Abre sulcos ou valas ao longo das curvas de nível marcadas usando uma charrua

c) Plantação do capim vetiver (vetiver grass)


1. Marca um pequeno buraco no sulco
2. Põe o capim no buraco, faz com que as raízes não fiquem voltadas para cima
3. Cobrir com solo até a base do capim e torne firme o solo à volta das raízes
4. O espaçamento na linha é de 10-15 cm

186
5. Planta o vetiver no início do período chuvoso

d) Manutenção
A manutenção requerida é o corte anual de qualquer cerca viva, a altura de 30-50 cm

Precauções especiais
a) Não plantar o pé do capim muito afastado um do outro porque levarão muito
tempo para formar a cerca viva entrelaçada
b) Plantar o vetiver no início da época húmida para assegurar um bom
estabelecimento
c) Plantar a cerca (capim) ao longo da curva de nível
d) Não use um intervalo vertical muito largo

Necessidades para demonstração


A conversa/ demonstração deve ser conduzida no campo
Molho de vetiver (vetiver chumps)
Estacas de madeira
Nível de mão ou nível pé de galinha
Catana
Bloco de madeira
Flip-chart com texto e ilustrações
Uma junta de bois e charrua

Como demonstrar
a) Conduz a lição mostrando os tipos e os efeitos da erosão do solo no campo
b) Demonstra e identifica os tipos e sinais de erosão do solo no campo
c) Demonstra como pegar as estacas e a marcação das curvas de nível
d) Abre os sulcos usando o arado de tracção animal ao longo das curvas de nível
marcadas
e) Demonstra a preparação de borda usando a catana e o bloco de madeira
f) Demonstra a plantação do capim
g) Permite que os camponeses plantem o resto do capim assegurando o uso do
espaçamento correcto
h) Repete os pontos principais, convida-os e responde a questões vindas dos
participantes

Meios de verificação da adopção


Registo dos camponeses com parte das suas terras protegidas com vetiver grass.

187
A17: CONSERVAÇÃO DE PRODUTOS

Objectivos
O extensionista deve saber aconselhar, ensinar e demonstrar aos camponeses os melhores
métodos para reduzir as perdas no armazém e conservar os seus produtos.

Introdução
As perdas verificadas na época de colheita e do armazenamento em culturas como milho,
por exemplo, são de 30 a 40%, quer dizer que por cada 100 kgs de milho produzido, o
camponês perde de 30 a 40 kgs

As perdas são em grande parte devidas a insectos, ratos, humidade e fungos.

É importante minimizar estas perdas ensinando ao camponês como colher correctamente


os seus produtos, como preparar, tratar ou construir o seu celeiro de maneira que as
perdas sejam minimizadas.

Conteúdo
a) Como preparar o celeiro para receber os produtos
O extensionista deve observar o tipo de celeiros da sua zona e ver os aspectos a melhorar.
Assim é mais fácil ter maior adopção que tentar impor outros modelos. Depois disso,
paulatinamente, pode-se introduzir outros modelos melhores.

Os celeiros familiares existentes devem ser melhorados tomando algumas medidas:


Fazer as protecções contra ratos
Limpar bem a volta do celeiro
Tapar todos os buracos existentes
Maticar (cimentar com barro) bem o celeiro
Fumar o celeiro antes de guardar o produto
Guardar o produto bem limpo e seco
Juntar conservantes que podem ser naturais como cinza, piripiri, folhas de cheiro
(eucalipto, margosa), etc.
Evitar abrir o celeiro todos os dias; isto facilita a entrada de insectos e outros
animais, se possível tratar o celeiro com produtos tipo Malatião ou Actellic.

b) Como construir um celeiro


A fim de ter um celeiro bem funcional é necessário observar alguns cuidados na escolha
da sua localização:
Escolher um lugar bem drenado com boa inclinação para evitar acumulação da
água ao seu redor
O celeiro deve estar afastado da machamba para evitar que os insectos e ratos
passem da machamba para o celeiro, após a colheita, e do celeiro para a
machamba na campanha seguinte
Num lugar limpo de capim e sujidade para não atrair ratos e insectos
Sem ramos de árvores para cima para evitar que os ratos saltem para o celeiro

188
Para construir um celeiro tradicional melhorado, monta-se a base do celeiro mais elevada,
colocando-se protecção contra ratos (funil invertido) a 1m de distância do chão em cada
uma das estacas

Distância de 1 metro desde o


chão até a protecção para que o
rato não salte por cima desta.

Não consegue
saltar

Estacas resistentes
ao ataque de insectos
e muchém (térmites)

Dois tipos de
protecção: o primeiro
de latão e o segundo de
bambu ou estacas

Molde para
cortar o
latão

Como encher o celeiro


Uma vez construído ou preparado o celeiro deve ser enchido observando algumas
precauções:

189
a) Conservar só produtos bem secos
b) Debulhar os grãos da espiga ou do caule, limpar e peneirar antes da armazenagem
c) Se o produto for conservado em sacos, os grãos devem ser misturados com
produtos insecticidas sintéticos ou naturais (cinza, piripiri etc.); na tabela a seguir
são fornecidas indicações sobre o tipo e dosagem de produto a utilizar

NOME COMERCIAL SUBSTÂNCIA ACTIVA Gr/SACO DE 50 KG


Mortein Actellic Super Pyrimiphos-Methyl 16g/L + 25 gr
Permetrina 3g/L
Actellic pó 2% Pyrimiphos-Methyl 25 gr
Grain guard pó 3 % Tetrachlorvinfos 25 gr
Ingwe 1% Malathion 45 gr

d) Depois de ter enchido o celeiro, fecha-se bem até a próxima utilização. Cada vez
que o celeiro é aberto deverá ser fechado.
e) Inspeccionar o produto regularmente para ver se não tem problemas de ratos,
insectos, fungos.

O celeiro tradicional melhorado deve ter o seu corpo completamente maticado por dentro
e fora, por baixo e por cima, para evitar a entrada de insectos, ratos e outros animais.

A plataforma deveria ser de pedras ou tijolos e o chão, depois de maticado deve ser liso,
forte e bem selado para evitar humidade e passagem de insectos.

Porta de entrada para


limpeza e enchimento,
uma vez o celeiro cheio
deve-se cobrir e maticar
a porta de entrada

Porta para retirar o


produto durante o ano;
após uso fechar sempre

190
A abertura por
cima do celeiro
deve ser bem
construída de
maneira a poder ser
bem fechada uma
vez o produto
armazenado.

A cobertura do
celeiro deve ser
mais larga do que o
normal de forma a
proteger o celeiro
da água da chuva
durante o período
de ventos fortes

A cobertura pode ser amarrada às estacas existentes; quando há necessidades de novas


estacas, estas devem levar protecção contra ratos da mesma forma que as outras
protecções.

Celeiro tradicional

191
CELEIRO MELHORADO MODELO GORONGOSA

Modelos de celeiros melhorados são vários. Uma das alternativas pode ser o Modelo
Gorongosa.

O celeiro e suas especificações técnicas

Capacidade: 1.000 Kg de cereais (20 sacos de 50 kg de milho)


Base e cobertura circular de betão armado
Parede circular de tijolos de barro secos ao ar
Maticado com barro no exterior e interior
Janela de descarga fechável
Alpendre de protecção

Janela de descarga rectangular fechável a cadeado

192
Tampa do celeiro

Tijolos trapezoidais de barro, secos ao ar


para a construção da parede cilíndrica

Para um celeiro com a capacidade de 1 ton de


cereais precisa-se de 480 tijolos de barro

Custos para a construção do celeiro

Para construir o celeiro, é necessário o seguinte material:


1,5 saco de cimento
16,2 m de vara de ferro nervurado (8 mm)
0,8 m de varão liso (10 mm)
12 m de arame galvanizado (3mm)
estacas de 3 m para alpendre
m de vara lisa de ferro (6 mm)
cadeados
Transporte dos materiais (custo médio)
Mão-de-obra especializada (pedreiro)

NB: A construção de um celeiro deste modelo em Gorongosa, custou em 2009


aproximadamente 1.700,00 meticais.

193
Anéis de arame galvanizado

Janela de descarga de betão

Base de betão armado

Celeiro pronto

Vantagens do Celeiro Melhorado


Oferece baixo custo de construção e manutenção – longa durabilidade,
Oferece protecção absoluta contra roedores e insectos,
Oferece segurança em caso de queimadas,
Permite a fumigação em caso de necessidade,
Conduz a humidade residual do cereal para fora, sem provocar condensação,
Garante a conservação do grão reservado para o consumo da família até a colheita
seguinte,
Permite ao produtor conservar o grão destinado para a venda até o momento de
preços mais elevados.

194
HORTÍCOLAS

H1: PREPARAÇÃO DO VIVEIRO PARA HORTÍCOLAS

Mensagem:
Hortícolas como tomate, piri-piri, repolho cebola, (também batata-reno, embora raro),
etc., precisam de ser primeiro semeadas no viveiro e depois transplantar. Na produção de
hortícolas é muito importante a gestão do viveiro para produzir plantas sãs, robustas e em
quantidade suficiente para transplantar na área pretendida.

Justificação:
As hortícolas acima referenciadas são melhor tratadas quando são semeadas primeiro no
viveiro porque as condições são mais ao menos controladas

Conteúdo:

1. Viveiros
Como viveiros consideramos o lugar onde se criam provisoriamente as plantas durante a
primeira parte do seu crescimento. O viveiro pode ficar ao ar livre ou num lugar
protegido.

A produção de plantas em viveiros em condições mais ou menos controladas tem muitas


vantagens:
1. Permite o uso de sementeiras adiantadas, prolongando o período de produção e
colhendo-se numa época de melhores preços;
2. Possibilita a colheita de duas ou três culturas na mesma parcela do ano;
3. Por ser uma área pequena há mais possibilidades de melhor maneio e assim
defender as plantas pequenas das ervas daninhas, das pragas e das doenças;
4. Há maior poupança em sementes;
5. Protege as plantas contra chuva, calor e seca.

No manuseio de viveiros hortícolas, devemos lembrar que:


Fica proibido a entrada de estranhos à produção
É proibido fumar (os restos de tabaco são fonte de vírus e doenças para uma série
de plantas da família solanácea como tomate, batata, beringela, pimento e não só);
Não é recomendável regar ao meio dia
As plantas devem ser “endurecidas” antes do seu transplante, isto é, devemos
paulatinamente criar-lhes condições parecidas a aquelas do meio ambiente em que
continuarão o seu crescimento. Como regra geral isto significa limitar a rega (4-7
dias antes do transplante) e equilibrar a temperatura, tirando os abrigos contra o
sol e a chuva (quando as plantinhas têm 2.5 cm de altura).

2. Preparação dos canteiros


a) Um canteiro deve ter a largura máxima de 1m para facilitar as sachas e outros
amanhos culturais que forem necessários sem ter que pisar o canteiro.

195
b) O comprimento do canteiro não tem muita importância mas recomenda-se
canteiros pequenos, até 3m de comprimento.
c) A localização do viveiro deve ser junto da fonte de água.
d) O solo não deve estar muito húmido e deve ser lavrado bem para a terra estar fina,
o que é bom para a germinação e crescimento das plantinhas.
e) Para um canteiro de 3x1m espalhar cerca de 12 kg de estrume bem curtido antes
da lavoura e misturar bem com o solo. É preciso nivelar bem o canteiro e deve
estar a 15 cm do nível do solo.

3. Sementeira
a) A prática comum é espalhar a semente nos canteiros, mas, a sementeira em linha é
a melhor para controlar a germinação, a distância entre as plantas é uniforme e
facilita a sacha.
b) O compasso deve ser de 8-10cm x 2-3cm. a semente é tapada mexendo o solo
com os dedos seguido de cobertura com palha ou capim a 15 cm do solo e depois
aplicar uma rega ligeira com regador ou lata furada ou ainda espalhar água com as
mãos.
c) A germinação começa mais ou menos 8 dias depois da sementeira

4. Cuidados culturais
a) A rega dos canteiros é feita com cuidado para evitar destapar e espalhar a
semente. Manter os canteiros livres de capim, portanto sachar quando necessário.
b) Como foi já mencionado, retirar a cobertura quando as plantinhas têm 2,5cm de
altura porque o excesso de sombra e a água fazem com que as plantinhas sejam
demasiado altas, fininhas, suculentas e amarelecidas. Assim facilmente são
atacadas por pragas e doenças. Plantas doentes devem ser arrancadas e deitadas
fora.
c) O canteiro deve ter humidade suficiente. Se for necessário rega 2 vezes por dia, de
manhã e á tarde. Não esqueças de diminuir a frequência de regas 4-6 dias antes do
transplante para as plantas ficarem fortes e aguentarem com o choque do
transplante.

Necessidades para demonstração


1. Com o grupo de camponeses, prepare os canteiros para a sementeira.
2. Ter um balde, enxada, estrume, sementes e água disponível
3. Demonstrar as técnicas de preparação dos canteiros e de sementeira.
4. Deixe que cada camponês semeie um pouco e faça a rega

196
.

ANEXO VII – NECESSIDADE EM SEMENTES E ÁREA DE VIVEIRO PARA


UM HECTARE

Cultura Semente (grs) Viveiro (m2) N˚ de Plantas/ha Compasso (cm)


500 110 50 000 50 x 40
Alface
700 130 100 000 40 x 25
Beringela 650 150 41 600 60 x 40
Couve-flor 500 150 47 600 70 x 30
Repolho 700 150 33 300 60 x 50
Pimenta 1000 150 33 300 75 x 40
Piri-Piri 1000 150 33 300 75 x 40
500 190 20 000 75 x 60
Tomate
400 140 11 900 120 x 70
8000 600 500 000 20 x 10
Cebola
3600 270 222 200 30 x 15

197
H2: TRANSPLANTAÇÃO E ENDURECIMENTO DAS MUDAS

Mensagem:
Muitas mudas vão sobreviver se tomar cuidado durante a transplantação no viveiro,
salvando-se e evitando ao camponês gasto de dinheiro.

Justificação:
Muitas mudas morrem durante a transplantação, por causa da fraca gestão, resultando
muitas vezes numa população de plantas muito baixa e na redução do rendimento.

Conteúdo:
1. O transplante é feito quando as plantas têm cerca de 4-5 semanas e 10-15cm de
altura, com 3-4 folhas.
2. Endureça as mudas pela redução gradual das regas para reduzir o choque da
transplantação.
3. Os canteiros para os quais eles vão ser transplantados devem estar bem
preparados, estrumados e regados.
4. Tente escolher um dia fresco e húmido para a transplantação.
5. Para evitar a perda das plantas no momento do transplante e para melhor
manuseamento das mudas, devemos humedecer o solo onde crescem no viveiro 1
dia antes do transplante e no dia do arranque.
6. A melhor hora para o transplante é ao entardecer já que a temperatura é baixa e as
plantas transpiram menos e podem recuperar do choque do transplante durante a
noite quando mais fresco.
7. As plantinhas devem ser arrancadas uma a uma, com o máximo de cuidado, com
uma enxada ou pá, levando a maior quantidade de solo possível para evitar que as
raízes se estraguem e serem logo transplantadas, com uma planta por covacho
8. Remova as mudas fracas e deformadas.
9. Só se deve arrancar plantas suficientes para o trabalho de um dia
10. Encha a metade do balde com solo argiloso ou solo do morro do muchém,
adicione água e misture.
11. Meta as mudas na mistura argilosa.
12. Deixe as mudas no balde ou, se outras mudas estiverem para ser transplantadas,
ponha-os numa bandeja.
13. Reduza os topos (partes finais) das mudas da cebola.
14. Faça com o seu dedo, o covacho de plantação a 6cm de profundidade.
15. Ponha cuidadosamente as raízes de cada muda no covacho.
16. Ponha o solo em volta de cada covacho para firmar o solo a volta das raízes.
17. Faça uma pequena bacia a volta de cada muda.
18. Regue imediatamente as mudas, enchendo as pequenas bacias.
19. Se estiver muito quente, cubras as plantinhas com folhas e remova-as
gradualmente enquanto vão recuperando.

Necessidades para demonstração


1. Com o grupo de camponeses, prepare os canteiros para a transplantação.

198
2. Ter um balde, enxada, solo argiloso, mudas e agua disponível
3. Demonstrar as técnicas de transplantação.
4. Deixe que cada camponês transplante algumas mudas numa parte do canteiro e
identificar as mudas com marcador.
5. Duas semanas depois, ver qual o camponês que teve maior sucesso e explicar
porquê.

As mudas devem ser muitas e estarem bastante juntas

Depois, devem ser desbastadas para uma distância apropriada. Primeiro retire as mudas
fracas e depois as mais robustas para fazer o espaçamento correcto.

199
Neste estágio as mudas estão prontas para o transplante

Mistura-se o estrume com o solo do covacho de plantação. Agora o canteiro está pronto
para a transplantação.

Como preparar as mudas para o transplante:


O que podemos fazer para tornar fácil o transplante e permitir que as mudas recuperem
rapidamente do choque provocado pelos movimentos constantes.

200
Regue os canteiros durante a
noite antes do transplante.

Formas correctas e incorrectas para plantar

À esquerda a muda está


correctamente plantada,
com as raízes a irem para
baixo.

A muda à direita está mal


plantada, com as raízes
dobradas para cima.

201
H3: PRODUÇÃO DAS HORTÍCOLAS DURANTE O VERÃO

Mensagem:
Durante o verão há grande procura de hortícolas porque a maior parte dos camponeses
estão ocupados com os cereais.
Embora durante o verão haja maior incidência de doenças, por outro lado a humidade é
maior e o camponês deve saber escolher hortícolas que são a apropriadas para produção
no verão sem ter que gastar muito dinheiro com tratamentos.

As culturas que se podem praticar no verão são:


• Batata-doce
• Beringela
• Couve folha
• Inhame
• Quiabo
• Pimento e Piripiri
• Pepino, abóbora e melão (Cucurbitaceae)

Conteúdo

BATATA-DOCE (Ipomeas batatas) Fam: Convolvulaceae

Cresce melhor em áreas com mais de 700m de chuva/ano mas, também é muito tolerante
a seca. Pode crescer em altitudes acima de 200 m mas os caules e as raízes morrem
rapidamente quando a temperatura for inferior a 10˚ C. Em termos de variedades, as de
polpa amarela alaranja são muito ricas em Vit. A.

Solo
Pode crescer em vários tipos de solo mas os solos pedregosos não prestam porque
impedem o crescimento do tubérculo. Para obter um bom rendimento são necessários
solos férteis.

Rotação
Pode-se cultivar em monocultura mas para manter a fertilidade do solo, evitar as pragas é
necessário fazer a rotação com outras culturas (em Sofala faz-se rotação com arroz nas
baixas).

Preparação da terra
A terra deve ser preparada antes da plantação. A batata-doce pode ser cultivada em
camalhões ou montinhos porque precisa de solo solto e bem drenado. O espaçamento
entre camalhões será de 90-150 cm.

Plantação
A plantação deve ser feita em solo húmido. Quer os tubérculos ou rama pode ser
plantada. A rama pode ser de 30-40 cm de comprimento e deve estar livre de doença.

202
A rama é plantada inclinada 45˚ e enterra-se os 2/3 inferiores. O espaçamento ao longo
dos camalhões pode ser de 30-60cm. Se o solo estiver bem húmido, o crescimento
começara a partir do 10˚ - 12˚ dia.

Estrume/composto
Aumentam o rendimento da batata. É aconselhável também espalhar cinzas que
aumentam o conteúdo do potássio no solo. Aplica 10-15 ton/ha de estrume. Aplicar como
de fundo 60 kg/ha de P2O5. Como de cobertura, 60 kg/ha cada de N e K2O é aplicado em
duas doses aos 30 e 60 dias depois de plantação

Sacha
A sacha deve ser feita durante as primeiras duas a três semanas quando as folhas
cobrirem o solo. 2 -3 sachas a 15-20 dias de intervalo são suficientes.

Protecção de plantas
O gorgulho-pequeno é a peste importante. Evita usar rama infestada. A Cipermetrina
resolve o problema.

Colheita/Armazenamento
A colheita pode começar a partir de 4-6 meses depois da plantação, dependendo da
variedade e da altitude, depois de as folhas terem parado o crescimento (por volta de 3
meses após a plantação). Os tubérculos serão recolhidos consoante as necessidades
porque não aguentam a armazenagem. Os tubérculos maiores devem ser colhidos
imediatamente. Se quiser conservar, os tubérculos deverão ser cortados e secados.

203
BERINGELA (solanum melongena L.) Fam: Solanaceae

Prefere áreas quentes e pode cultivar-se até 1500m de altitude. São menos susceptíveis as
grandes chuvas que o tomate. Existem variedades diferentes pela forma e dimensão do
fruto.

Solo
Solos bem drenados e com fertilidade média a alta são os mais preferidos

Plantação
A sementeira será primeiro efectuada em viveiros na razão de 5gr/m2 em filas contínuas
com distâncias de 30 cm entre as linhas. Cobrir com palha e depois de a germinação
desbastar a 5cm dentro da linha.

Transplantação: Transplantar depois de 30-35 dias; a distância entre linhas é 60 cm e


dentro da linha 50-60cm.

Estrume ou composto
1-2 mãos cheias de estrume ou composto em cada covacho. 300 kg/ha de 12-24-12 como
adubação de fundo e 100 kg/ha de ureia em 2 doses iguais aos 30 e 60 dias depois da
transplantação são aplicados

A colheita
Começa 1 a 2 meses depois da transplantação e prolonga-se durante 3 a 5 meses, se for
providenciada fertilização e rega adequada. Os frutos deverão ser colhidos quando
tornam-se de cor roxo escuro antes de tornar-se amarelados. Cortar o pedúnculo,
deixando uma parte colada ao fruto, pegar o fruto com cuidado para não machucar. O
rendimento/ha chega até 40 tons. Para a produção de sementes, deixar o fruto na planta
até passar o tempo da colheita, depois remover o fruto, tirar as sementes e lavar com água
limpa. Secar as sementes sobre um pano, não em cima de metal.

204
COUVE FOLHA

Geralmente é cultura de estação mais seca, mas em áreas com clima temperado, pode ser
semeada no verão.

Solos
Os melhores solos para a plantação são os areno-limosos e bem drenados.

Rotação/Consociação
Em certos países é comum plantar linha de couve-folha a volta de pequenas parcelas de
outras culturas. As regras gerais de rotação também são validas no caso da couve-folha.

Plantação
Pode ser por sementeira ou por estacas.
Sementeira: directa em Fevereiro com profundidade de 2 cm e espaçamento de 45 cm
entre linhas e 30 cm entre plantas.

Por estacas: algumas variedades produzem caules laterais. Se deixarem desenvolver estes
caules depois da colheita, pouparão tempo e semente. Este tipo de propagação dá um
número limitado de plantas e é aconselhável no caso de falta de sementes.

Colheita
As folhas são colhidas começando com as situadas em baixo do caule. Não remover
muitas folhas para não influenciar negativamente o crescimento da planta.

205
INHAME (Discorea alata) Fam: Discoreaceae

Os inhames têm um ciclo vegetativo de 5 a 11 meses dependendo da variedade e


desenvolvem um grande tubérculo de 2 a 10 kgs, ou grupos de pequenos tubérculos.
Tradicionalmente os inhames são cultivados em lugares húmidos e a altitude raramente
superior a 1000m.

Solo
Precisa de bom solo e fértil. É portanto, sempre plantado como primeira cultura quando
um novo terreno é aberto para o cultivo. O solo tem de ser solto ou franco arenoso para
permitir um bom desenvolvimento do tubérculo e bem drenado.

Rotação/Consociação
Para evitar pragas (ex. nemátodos) e para manter a fertilidade do solo o inhame deve ser
substituído por outras culturas (ex. milho ou mandioca). É comum a sua consociação com
quiabo, abóbora, melão ou piri-piri.

Preparação da Terra
O inhame é plantado sobre camalhões. O espaçamento entre os camalhões deve ser de
60-70 cm. o terreno deve ser bem cultivado. O estrume e o composto devem ser
incorporados no solo antes de fazer os camalhões.

Preparação da plantação
O inhame pode ser propagado por rizomas de plantas pequenas. Todo o tubérculo é
melhor. Quando se corta o tubérculo deverá ter os seguintes cuidados:
• Se o tubérculo estiver atacado por praga, deite-o fora do campo e queime.
• Antes de cortar o tubérculo passa a lâmina da faca no fogo para esteriliza-
la.
• Depois de cortar os tubérculos, passa-os pela cinza de madeira para a
prevenção dos fungos no solo.

Tempo de Plantio
No início ou pouco antes do início da estação das chuvas.

Plantação
Os tubérculos são plantados a 60-70 cm de distância no camalhão. Se forem plantadas em
montinhos ponha 3-4 por montinho, em todos casos a 10 cm de profundidade.

Cobertura vegetal, sacha e suporte


a) Cobertura vegetal: o inhame é muito sensível aos solos com temperaturas
elevadas e secos. Após da plantação, cubra com capim (mulch).
b) Sacha: é importante durante os primeiros 2-3 meses quando as plantas jovens são
sensíveis à competição das ervas daninhas. O capim pode-se amontoar a volta da
planta.

206
c) Suporte: quando as trepadeiras tiverem 1 m de cumprimento, precisam de ter
suporte.
Colheita
Existem duas maneiras:

a) Colheita única
Quando as plantas estiverem maduras, colhe-se toda a planta. O momento reconhece-
se quando as folhas da trepadeira tornam-se amarelas. A colheita deve ser feita dentro
de dois meses.

b) Colheita dupla
Os inhames são colhidos em dois estágios;
a. A primeira colheita é feita 4-5 meses depois do surgimento das
ramificações. Os tubérculos são retirados do solo cuidadosamente, sem
danificar as raízes. Corta-se o rizoma mesmo debaixo da coroa e cava-se o
resto de novo.
b. A segunda colheita é feita normalmente, quando a planta estiver madura.
Estes tubérculos de inhame no solo viram duros e inutilizáveis para a
plantação. É preciso, portanto, armazenar os inhames pendurados em
baixo duma cobertura, na sombra e num lugar bem ventilado para evitar
enraizamento.

207
QUIABO (Abelmoschus esculentus) Fam: Malvaceae

O quiabo é muito tolerante ao calor e dá-se muito bem no verão. É geralmente cultivado
em consociação com milho, mapira, mexoeira e feijão nhemba.

Plantação
A sementeira é directa com 3-4 sementes por covacho. É aconselhável pôr as sementes
em água horas antes da sementeira. A quantidade de sementes por 100 m2 é de 300gr. A
distância entre linhas é de 70cm e dentro das linhas 30 cm. Quando as plantas têm altura
de 8-10cm desbaste deixando uma planta por covacho. A profundidade de sementeira é
de 2 cm.

Adubação
Por cada covacho pode ser espalhado 0,5 kg de estrume, de preferência 2 semanas antes
da sementeira. Aplicar 200 kg/ha de 12-24-12 na altura da sementeira e 150 kg/ha de
ureia dividido em duas doses iguais como cobertura aos 30 e 45 dias depois da
sementeira.

Colheita
Os frutos estão prontos a serem colhidas de 40 - 45 depois da germinação e durante 25 a
30 dias, a cada segundo ou terceiro dia. Devem ser colhidas quando tem um cumprimento
não maior de 10 cm porque podem endurecer e perderem valor mercantil. A melhor
altura da colheita é 6-7 dias depois da abertura das flores Para produção de semente,
deixam-se secar na planta. Conservam-se bem secos.

208
PIMENTO (Capsicum annum L.) e
PIRI-PIRI (Capsicum fruitescence L.) Fam: Solanaceae

O género de Capsicum produz frutos de várias formas e cores; de sabor doce ou


picante. A cor dos pimentos pode mudar:
• Primeiro verde que vira a amarela
• Primeiro verde-claro que vira a amarela e finalmente, a vermelho claro.
• Primeiro verde, depois castanho, depois vermelho
• Primeiro verde, depois violeta, amarela, vermelho.

As diferentes variedades podem distinguir-se pelo tipo de desenvolvimento (anual ou


plurianual) e outras características. A variedade de pimento geralmente cultivado em
Moçambique, Califórnia Wonder, presta-se muito bem para venda e é resistente ao
Mosaico do tabaco. É de cor verde antes de chegar a maturação ( fase que geralmente é
vendido). Quando cultiva-se pimenta é melhor evitar de pôr perto a cultura de piri-piri
porque pode haver fecundação cruzada e as sementes resultantes produzir plantas de
pimento muito picantes.

Sementeira e Plantação
De crescimento muito lento, em relação ao tomate e beringela, pimentos e piri-piri devem
ser semeados em viveiros para ter um melhor controlo de ervas daninhas. A superfície
dos viveiros deve ser esterilizada antes de receber a semente; dever-se-á incorporar
estrume e composto. As distâncias entre as filas serão de 15 cm. As sementes serão
enterradas a profundidade de 0.5cm: A quantidade de semente necessária por m2 é de 7-
10gr.

Tanto a semente de pimento como a de piri-piri necessitam de 14-18 dias para germinar.

Os viveiros precisam de sombra nos primeiros dias e devem ser regados 1-2 vezes/dia. As
plantinhas serão desbastadas para a distância de 5cm. Quando as plantas tiverem 7-10 cm
de altura e quatro folhas verdadeiras, estão prontas para transplantação (depois de 25-30
dias).

O espaçamento é de 75-150 cm entre filas e 20-40 cm na fila. Antes da transplantação,


dar mãos cheias de estrume ou composto em cada covacho.

Adubação
Quando possível aplicar 25 t0n/ha de estrume. Adicionalmente aplica-se por ha 67 kg de
N, 68 kg de P e 56 de K como adubação de fundo.

Como cobertura aplica-se 100 kg/ha de N divididos em 3 doses iguais seguidos de rega.
A primeira aplicação é 45 dias depois do transplante, a segunda e terceira aplicação a
intervalos de 3 semanas.

209
Operações culturais
O campo deve ser mantido livre de capim e o solo remexido por meio de sachas e cultivo
começando 30-40 dias depois do transplante a intervalos de 2 semanas e finalmente a
amontoa é feita no 30 mês.

Rega
Piri-piri e pimento não podem com excesso de água. É importante manter a humidade do
solo uniforme para prevenir contra a queda de frutos. Durante o tempo chuvoso a 15 dias
de intervalo e durante tempo quente 5-7 dias de intervalo a rega é necessária.

Cobertura vegetal (mulch/sacha/cultivo)


Para proteger os frutos dos salpicos de água e manter a humidade do solo, deve-se aplicar
capim por baixo das plantas (por exemplo recolhendo o capim da sacha).

Durante a vegetação, as plantas podem ser atacadas por pragas, em particular fungos do
fruto. Nesse caso é melhor evitar molhar os frutos durante a rega.

Pestes
Para o controle de tripés pode-se aplicar tanto Carbaril, Phosalone, Methyl demeton ou
Acephate.

Phosalone ou Dicofol podem ser aplicados para controlar o aranhiço.

Afídeos transmitem vírus e reduzem o vigor das plantas e podem ser controlados com o
uso de Dimetoato ou Methyl demeton ou Acephate.

A lagarta é controlada pulverizando Endosulfão ou Carbril ou Chloropyriphos. Quando o


ataque é intenso, Monocrotophos ou Quinalphos podem ser pulverizados.

Doenças
Doenças causadas por fungos, como o míldio podem ser controladas aplicando Dithane
M-45 ou Karathane. Para o míldio também se usa o enxofre.

Colheita
A colheita de pimento e piri-piri ocorre entre 75 a 80 dias depois do transplante.

O rendimento de piri-piri verde varia de 6-7 ton/ha e o de pimento 15-20 ton/ha.

210
H4: AS HORTÍCOLAS DE INVERNO

Mensagem: Durante o inverno a hortícola fornece uma fonte de rendimento extra e dá


possibilidade ao agricultor de trabalhar. Nessa altura a rega é muito importante porque as
chuvas já não são suficientes para satisfazer as necessidades das hortícolas. Quando
houver muitas hortícolas da mesma espécie no mercado, o horticultor deve poder
fornecer produtos de alta qualidade para obter melhor preço.

Principalmente as hortícolas que se cultivam no inverno são:


• Alface
• Alho
• Cebola
• Cenoura
• Repolho
• Tomate

ALFACE (Lactuca sativa) Fam: Compositae

A alface é uma planta de saladas e o que é importante é a produção de folhas de boa


qualidade e tenras. É facilmente atacada por caracóis e lagartas. A variedade de alface em
venda em Moçambique é Great Lakes, de origem N. Americana que não é a melhor em
termos de sabor. As temperaturas elevadas podem danificar a alface de várias maneiras:
• Provocando a dormência das sementes quando as temperaturas do solo forem
superiores a 30 ˚ C, inconveniente que pode-se reduzir fazendo sombra às
plantas.
• Provocando a floração precoce dos caules sem produzir folhas comestíveis.
Isso é ainda mais grave quando os dias estiverem nublosos e quando as
plantas estão a sombra de outras culturas durante a maior parte do dia.

Solo
A alface tem um sistema de raízes muito desenvolvido e, portanto precisa dum solo bem
trabalhado e rico. É melhor cultivá-la no começo da rotação para aproveitar de todas as
substâncias disponíveis da adubação de fundo.

Sementeira/Plantação
A alface semeia-se em viveiro a razão de 5 gr/m2. A superfície de viveiro necessária para
100 m2 de horta é de 4 m2. O tempo de permanência no viveiro é de 1 mês e
transplantação efectua-se quando a planta tem 3-4 folhas. É sempre melhor esterilizar a
superfície do viveiro. Transplante logo em seguida porque as mudas não podem secar ao
sol. O espaçamento recomendado é de 40 x 25 cm.

Cuidados culturais
a) Rega bem as plantas uma vez por semana, mas não quando o sol está quente e
sem molhar as folhas, deite água aos lados da planta.

211
b) Faz cobertura sobre os canteiros de maneira que o sol não queime as folhas e a
chuva forte não as rasgue.
c) Quando as folhas forem maiores, dá-lhes menos sombra.
d) Sachar constantemente o terreno, retira lagartas e caracóis e arranca as plantas
queimadas ou doentes.
e) As lagartas podem ser controladas graças a rotação.

Adubação
18-30 ton/ha de estrume
NPK: 50-75-75. Para adubação de cobertura, 25 kg /ha de N aplicados 23 dias depois do
transplante

Colheita
A alface pode ser colhida a partir de 50 dias depois da sementeira, durante 10 dias. Não
deixa a alface no campo muito tempo para não espigar ou seja quando cresce um caule da
sua base. Os rendimentos são de ordem de 8-15 tons/ha mas temos de lembrar que a
alface suporta muito pouco o transporte.

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ALHO (Allium sativum) Fam: Amaryllidaceae

O alho é uma hortaliça que se vende muito caro mas que, também requer grande
qualidade de semente para ser produzida. O alho prefere clima mais fresco do que a
cebola (limite entre 18 e 28˚ C).

As exigências em termos de solo são mesmas do que a cebola, e tratando-se de bolbo,


também terá de se tomar em consideração que o seu crescimento é debaixo da terra.

Sementeira
O alho semeia-se directamente em canteiros definitivos usando os “dentes” do alho. Para
sementeira é preciso escolher dentes não duplos porque isso origina plantas gémeas com
bolbos deformados. A ponta do dente tem que estar por dentro do solo e virada para cima.
A sementeira terá densidade elevada, 15 cm entre as linhas e 8cm entre as plantas. A
quantidade de semente necessária para 100 m2 é de 10 kgs.

Adubação
a) 50 ton de estrume
b) 50 kg de N
c) 100 kg de P2O5
d) 100 kg de K2O

Para adubação de cobertura, 30 dias depois da germinação aplica-se 40 kg/ha de N.

Rega
O período vegetativo é bastante comprido: 60 a 100 dias. Depois o alho começa a formar
os bolbos. Durante esta fase as regas devem ser reduzidas para não favorecer
apodrecimento. O ciclo do alho pode levar 4-5 meses. Tanto mais duradouro for o ciclo
tanto maiores serão as dimensões dos bolbos.

Colheita
O alho colhe-se quando as folhas estão secas, da mesma maneira que a cebola. Pode-se
produzir até 8 tons/ha.

213
CEBOLA (Allium cepa) Fam: Amaryllidaceae

A cebola é uma hortaliça que se vende bem. Mas a cebola não se cultiva muito bem em
tempo e condições húmidas; cultiva-se melhor em clima seco e quente.

O aroma típico da cebola é devido a presença de um óleo volátil conhecido como “Allyl
propyldisulphide”, a cor vermelha é devido a presença do pigmento “anthocyanin e a cor
amarela nalgumas variedades é devido a presença de outro pigmento chamado
“Quercetin”.

Solo/rotação

a) O solo da cebola deve ser leve e não muito húmido, isso é porque a parte final do
caule, o bolbo, desenvolve-se na terra.
b) Se o solo for muito húmido, o bolbo apodrece facilmente; num solo bem
mobilizado a água poderá escoar para o fundo.
c) Solos francos são altamente apropriados para o desenvolvimento do bolbo. O solo
deve ser muito rico em húmus.
d) Existem muitas variedades de cebola, as mais comuns em Moçambique são Texas
grano e Red Creole. A variedade Red Creole, por causa da coloração do bolbo e
do maior conteúdo em matéria seca, conserva-se muito melhor do que as
variedades brancas.
e) Não cultive a cebola duas vezes no mesmo terreno para não favorecer as doenças.

Sementeira/transplantação
A cebola é normalmente semeada em viveiros (só nas hortas industriais e cebola semeia-
se directamente no campo).

Para cada 100 m2 de cultura de cebola precisará de 2-6 m2 de viveiro e 36-80 gr de


semente. Deixe 10-15 cm entre as linhas. Regue duas vezes por dia e mantenha controlo
das pragas. Quando as mudas tiverem 15-29 cm, retire-as para os canteiros. Deixe 20-25
cm entre as linhas e 10-15 cm entre as plantas. No transplante, corte as partes superiores
das folhas para reduzir a transpiração nos primeiros dias.

Adubação
a) Na rotação é melhor cultivar a cebola depois da alface porque esta não leva todos
os elementos nutritivos.
b) A cebola aproveita bem de adubo químico, em particular que seja rico em
potássio e fósforo. Uma aplicação excessiva de nitrogénio pode favorecer o
crescimento das folhas em detrimento do bolbo.
c) Aplicação de 20-25 ton. de estrume é benéfica. Como adubação de fundo 400
kg/ha de 12-24-12 podem ser aplicados para obter rendimentos acima de 20
ton/ha. Para rendimentos mais modestos reduz para metade esta quantidade.

Rega
a) O ciclo da cebola é de 4 a 6 meses conforme as variedades.

214
b) A rega deverá ser regular todo o período de crescimento do bolbo.
c) Precisa de 14-18 regas desde o transplante à colheita, dependendo da variedade.
d) Na fase de formação do bolbo, isto é, aos 70 a 75 dias depois da transplantação, a
rega é essencial. Estiagem nesta fase resulta em rachas no bolbo e baixo
rendimento.
e) Uma rega semanal, dependendo do tempo, pode ser suficiente
f) Parar a rega 8 dias antes da colheita.

Colheita/produção de sementes
a) As cebolas devem ser colhidas quando estão bem maduras, ou seja quando as suas
folhas caem enquanto ainda estão verdes e as escamas dos bolbos ficam soltas e
coloridas. É melhor arrancar as cebolas em tempo seco.
b) Deixa as cebolas estendidas alguns dias no campo para secar bem. Poderás cobri-
las com um pouco de palha seca, se chover, põe-nas num abrigo
c) Os rendimentos podem ser muito elevados, até 70 tons/ha, nas condições mais
comuns, 20 tons/ha é normal.
d) A cebola pode produzir semente mais para isso é necessário conservar bolbos que
não deram flor no primeiro ano, conservar muito bem e plantar no segundo ano.
Pode-se chegar a produzir até 2 tons/ha de semente a partir de 20 tons bolbos.

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CENOURA (Daucus carota L.) Fam: Umbelliferae

A cenoura é uma raiz tuberculada; pode ser cultivada em qualquer momento desde que
seja em altitude, nas zonas do plano é melhor cultivá-la na estação fresca. As Variedades
disponíveis em Moçambique são Nantes, Ideal Red e Chantenay.

A cenoura é uma hortaliça muito rica em carotone B (precursor da vitamina A) , portanto


óptima para vista.

Solo
O solo deve ser livre de pedras e de preferências, arenoso e profundo. Isso é para permitir
o desenvolvimento duma raiz direita. O potássio é importante para a formação da raiz
(cinzas).

Sementeira
A sementeira da cenoura é directa, isso porque na transplantação as raízes podem
deformar-se. Semeia-se a razão de 50 gr/100 m2, quer dizer, a taxa de sementeira é de 5
kg/ha. O espaçamento é de 15 cm entre as linhas. A emergência leva 10 a 14 dias e a fim
de facilita-la a rega-se regularmente mas com pouca quantidade de água. Quando as
plantas atingem 2-3 folhas, faz-se o desbaste a 3-6 cm entre as plantas, conforme o
tamanho que queremos das raízes.

Adubação
Aplica 25 ton/ha de estrume bem misturados com o solo, 200 kg/ha de 12-24-12 como de
fundo. A adubação de cobertura é feita 6 semanas depois da sementeira com 100 kg/ha de
ureia e 100 kg/ha de sulfato de potássio

Protecção de plantas
Alguns dos insectos que atacam a cenoura são o gafanhoto e afídeos. Aplique Malatião
ou Carbaril.

Mancha castanha e Oidio são as doenças importantes que podem ser tratadas com
Enxofre solúvel em água e Cobre Oxycloridico. Repetir a mesma pulverização 7 semanas
e 10 semanas depois da sementeira.

Amanhos culturais
a) Manter o campo livre de capim.
b) Regar em cada 7-10 dias dependendo do tipo de solo e do tempo

Colheita
A cenoura colhe-se quando a raiz está bem formada, 90-110 dias depois da sementeira. O
rendimento pode chegar até 20 tons/ha.

216
REPOLHO (Brassica oleracea L. Var. Capitata) Fam: Cruciferae

O repolho é uma hortaliça que conserva-se muito bem e pode-se transportar facilmente.
As suas folhas têm um grande valor nutritivo e em muitos países tem aplicação como
plantas medicinais (Por ex. nas feridas, nas doenças renais...). Uma das variedades
disponíveis em Moçambique é Copenhagen Market, (ciclo 60-70 dias). Também está
disponível a Variedade KK Cross que oferece muita resistência ao calor e às bactérias.
Para 1 ha são necessários cerca de 700 gr.

Preparação do solo
O solo deve estar bem preparado.
a) O repolho, como outras hortícolas, pode ser transplantado em canteiros ou num
campo aberto em sulcos (facilita a rega por gravidade).
b) Os sulcos devem ser abertos à distância conforme o espaçamento escolhido.

Transplantação
a) A transplantação faz-se quando as plantas têm 20-25 dias (3-5 semanas
dependendo da variedade),
b) O espaçamento é de 60 cm x 50 cm.
c) Regar imediatamente depois do transplante

Adubação
a) Aplicação de 20-25 ton/ha de estrume é recomendável
b) O adubo é colocado no sulco debaixo de cada planta ou entre as plantas.
c) Para adubação de fundo aplicam-se 200-300 kg/ha de 12-24-12 e em cobertura,
50-100 kg/ha de ureia, 30 dias depois do transplante.
d) Aplicação de adubo foliar, como o Monthy´s, logo depois da transplantação e
depois 15 dias mais tarde ajuda no melhor estabelecimento da planta e aumenta a
produção

Amanhos culturais
a) O repolho é amontoado 5 semanas depois do transplante.
b) Manter o campo livre de capim. 2-3 sachas são suficientes
c) A rega deve ser duas a três vezes por semana.

Pragas e doenças
a) As lagartas da traça-da-couve ficam de preferência na página inferior das folhas e
fazem pequenos furos causando grandes estragos.
b) Afídeos também atacam o repolho fazendo com que as plantas gravemente
afectadas murchem
c) As lagartas da broca-da-couve penetram nas nervuras, pecíolos, caules e no ápice
das plantas. Plantas pequenas são destruídas completamente. Em plantas maiores
aparecem dois a quatro novos rebentos, algumas semanas depois da destruição do
ápice. As plantas de repolho atacadas produzem várias cabeças pequenas de
pouco valor. As folhas atacadas ficam ligadas por teias.

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d) Destruir depois da colheita restos de culturas.
e) Eliminar do campo e da vizinhança todos os restos da cultura anterior de couve,
repolho ou nabo.
f) Estes insectos podem ser combatidos quimicamente usando Metamidofos,
Cipermetrina ou Monocotrofos.
g) O repolho também é atacado pelo Míldio. Nas folhas inicialmente aparecem
pequenas manchas de cor purpúreas. Nas plantas crescidas aparecem manchas
amarelo-pardacentas entre as nervuras principais. Recomenda-se aplicação de
Mancozeb

Colheita
A colheita começa a partir de 70 dias da sementeira e pode prorrogar-se durante 10 dias.
Com as variedades híbridas, a colheita é mais concentrada, é portanto aconselhável a
sementeira escalonada. Os rendimentos são da ordem de 15-30 tons em regiões húmidas.

218
TOMATE (Lycopersicum exculentus L.) Fam: Solanaceae
O crescimento da planta de tomate é melhor quando as temperaturas são de 10 a 30˚ C
(respectivamente limites inferior e superior). A cultura de tomate dá-se bem em tempo
seco por causa da menor incidência de doenças provocadas por fungos. Existem muitas
variedades de tomate de forma e precocidade diferente; em Moçambique existem à venda
várias variedades, das quais as seguintes:

• Var. Marglobe: variedade tardia, com grandes frutos e plantas robustas, os frutos
podem chegar a pesar 120 – 200 gr.
• Var. Moneymaker: produzem frutos de 60 a 80 gr.
• Var. Industriais: com fruto comprido: Roma, de fruto muito doce e com óptimas
qualidades de conservação.
• Var. Campebell: o fruto redondo. É um híbrido muito complexo e características
novas das quais: resistência a fissuração; possibilidade de colheita mecanizada.

A escolha da variedade depende das características desejadas: precocidade, tamanho do


fruto, resistência as doenças. É melhor observar o comportamento das diferentes
variedades na zona e escolher as que prestam melhor nas condições locais.

Solo
O solo deve ser bem preparado e deve-se incorporar estrume ou composto. O terreno
deve ser bem drenado porque o excesso de humidade provoca a abertura dos frutos e uma
maior incidência de pragas e doenças.

Rotação
Não é aconselhável fazer seguir a tomate a outras Solanáceas (pimento, beringela) ou
cucurbitáceas (pepino, melão etc.) porque podem transmitir viroses (os vírus são os
mesmos que afectam o tabaco)

Sementeira/plantação
a) A sementeira deve ser efectuada em viveiros esterilizados para evitar as doenças
das plantinhas. Semeia-se em filas a distância de 15 cm a razão de 2,5 gr por cada
m2, o número de plantinhas não deve ser superior a 200/m2 (100 é óptimo).
b) Depois da sementeira, o viveiro deve ser coberto por cobertura morta (mulch). A
rega deve ser feita duas vezes por dia até a emergência das plantinhas. A
transplantação é feita 4-5 semanas depois da sementeira quando as mudas têm 15-
20 cm de altura.
c) É melhor pôr suporte no terreno antes da transplantação de maneira que o vento e
a chuva forte não quebrem a planta.
d) Depois da transplantação deve-se regar duas vezes por dia mas não devem – se
molhar as folhas. A distância aconselhada é 120 cm x 50 cm, entre outras.

A poda
É necessário podar a planta de tomate para obter uma produção de frutos de maior
dimensão e diminuir a incidência de doenças devido a forte densidade de folhas. A poda
começa quando a tomateiro tem 2 flores e uma folha em cima da segunda flor.

219
1) Corta a parte de cima do caule acima da folha;
2) Formaram-se dois rebentos: deixe apenas um deles; o gomo desenvolve-se num
novo caule.
3) Espera até se formarem duas novas flores neste caule e depois corte-o como fez
primeiro.

Para variedades de crescimento rápido deixa 1 caule, para as de crescimento lento deixa
dois. Nesse último caso deixa os dois rebentos da fase 2) e depois poda cada caule como
descrito em fase 3).

Rega e adubação
No tomateiro, 14 a 16 regas, durante o ciclo, podem ser necessárias. É importante manter
humidade no solo. Variação repentina de sua humidade pode causar rachaduras, frutos
ocos e podridão-apical nos frutos.

Recomenda-se aplicar 80-120 kg/ha de N, 300-400 kg/ha de P2O5 e 50-100 kg/ha de K2O
para se ter rendimentos acima de 50 ton/ha. Para rendimentos mais modestos pode-se
aplicar de fundo 200 kg/ha de 12-24-12 e de cobertura 100 kg/ha de ureia, aplicado em
duas doses iguais, aos 20 e 40 dias depois da transplantação.

Outros amanhos culturais


Nalgumas variedades é necessário colocar estacas para segurar as plantas. A amontoa é
feita logo depois da 1a adubação de cobertura.

Colheita
O tomate tem um ciclo de 85 a 100 dias. Nunca há interesse em colher o tomate quando
estiver completamente maduro. Dependendo da proximidade do mercado, é melhor
colher o tomate quando a sua cor muda de verde à cor-de-rosa, o que significa que o
tomate vai a amadurecer depois de 3-4 dias e dá-nos temos de levar ao mercado.

Se o mercado estiver muito longe, colhe-se verde e a sua maturação leva mais ou menos
uma semana com êxito de 85 a 95%. Mas temos de lembrar que para chegar a maturação
o tomate precisa de ter um aspecto liso e brilhante. As variedades Roma e S. Marzano
conservam-se muito melhor do que as outras mesmo quando forem colhidas maduras.

Para extracção das sementes, a multiplicação pode ser feita em parcelas isoladas (100 m),
bem protegida de doenças por meio de pulverização de fungicidas. Quando o fruto estiver
maduro, corta-se em dois e põem-se num recipiente (não metal). Deixa-se fermentar. A
fermentação vai produzir um fungo, Geotrichum candidum, de cor branca que elimina os
riscos de doenças bacterianas

Não lave o recipiente, desta maneira, em quanto a fermentação leva 36 horas a primeira
vez, nas vezes sucessivas levará 24 horas. Depois da fermentação, lavam-se as sementes
num coador, secam-se e conservam-se num lugar bem fresco.

220
ANEXO VII – TABELA DE UTILIZAÇÃO DE PESTICIDAS

FUNGICIDAS
CULTURA DOENÇA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/HA INTERVALO
ACTIVA COMERCIAL DE
SEGURANÇA
Míldio Propineb 700gr/kg Milraz 76% WP 2-3 kg ou 14 dias
e Urzate 60gr/kg 200g/100l 7 dias
de água
Oxicloreto de Volcano Copper 500g/100L 14 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Mancozeb Volcano Crater 400g/100 L 14 dias
640g/kg + MX 72% WP de água
Metalaxyl 80g/kg
Mancozeb 800 Volcano 200 g/100L 3 dias
g/kg Mancozeb 80% de água
WP
Chlorothalonil Bravo 72% SC 105– 190 3 dias
720 g/L ml/100L de
água
Chlorothalonil Volcano 150 – 275 3 dias
500 g/L Chlorothalonil ml/100L de
50% SC água
Mancozeb Ridomil Gold 68% 2,0 – 3,0 7 dias
Batata 640g/kg + WP kg/ha
Metalaxyl-m 40
g/kg
Alternaria Difenoconazole Score 25% EC 35ml/200L 7 dias
250g/L de água
Chlorothalonil Volcano 1,5 – 2,75L 3 dias
500 g/L Chlorothalonil
50% SC
Chlorothalonil Bravo 72% SC 1 - 1,9L/ha 3 dias
720 g/L
Oxicloreto de Volcano Copper 500g/100L 3 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Mancozeb 800 Volcano 200g/100L 3 dias
g/kg Mancozeb 80% de água
WP
Mancozeb Ridomil MZ 68% 250 – 7 dias
640g/kg + WG 350g/100L
Metalaxil-M de água
40g/kg
Mancozeb Volcano Crater 250 – 7 dias
640g/kg + 72% WP 350g/100L
Metalaxil-M de água
80g/kg
Copper hydroxide Kocide 2000 150g/100L 3 dias
538 g/kg 53,8% WG de água
Oxicloreto de Volcano Copper 2,5-7,5 14 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% kg/ha
Mancha bacteriana WP
3,0–4,0 3 dias
kg/ha
Copper hydroxide Kocide 2000 150 g/100L 3 dias
538 g/kg 53,8% WG de água
(máximo 3,0
kg/ha)

221
Mancha concêntrica Propineb 700gr/kg Milraz 76% WP 2-3 kg ou 14 dias
e Urzate 60gr/kg 200g/100l 7 dias
de água
Early Blight Copper ammonium Copper Count-N 500 ml/100
acetate 316 g/l de água
Podridão-Mole Benomyl 500g/kg Volcano Demeter 50g/100L de 3 dias
(Botrytis) 50% WP água
Chlorothalonil Bravo 72% SC 1,0L/ha 3 dias
720 g/L
Propineb 700gr/kg Milraz 76% WP 2-3 kg ou 14 dias
e Urzate 60gr/kg 200g/100l 7 dias
de água
Míldio Oxicloreto de Volcano Copper 500g/100L 3 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Mancozeb Volcano Crater 270g/100 L 7 dias
640g/kg + MX 72% WP de água
Metalaxyl 80g/kg
Mancha concêntrica Propineb 700gr/kg Milraz 76% WP 2-3 kg ou 14 dias
e Urzate 60gr/kg 200g/100l 7 dias
de água
Tomate Alternaria Oxicloreto de Volcano Copper 500g/100L 3 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Mancozeb Volcano Crater 270g/100 L 7 dias
640g/kg + MX 72% WP de água
Metalaxyl 80g/kg
Septoria Oxicloreto de Volcano Copper 500g/100L 3 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Pinta bacteriana Oxicloreto de Volcano Copper 500g/100L 3 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Early Blight Copper ammonium Copper Count-N 500 ml/100
acetate 316 g/l de água
Benomyl 500g/kg Volcano Demeter 50g/100L de 3 dias
Oídios 50% WP água
Enxofre 800 g/kg THIOVIT JET 80 WP 2-3 kg/ha 3 dias

CULTURA DOENÇA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/HA INTERVALO


ACTIVA COMERCIAL DE
SEGURANÇA
Manchas castanha e Propineb Milraz 76% WP 2-3 kg 7 dias
preta 700gr/kg e Urzate
60gr/kg
Mancha da folha cedo Difenoconazole Navigator 25% Cultura de 21 dias
(Cercospora 250 g/L EC sequeiro:
arachidicola) Mancha para
da folha primeira
tardia(Cercosporidium aplicação
Amendoim personatum) Web aplicar 300
blotch (phoma ml/ha.
arachidicola) Repetir a
Ferrugem (Puccinia intervalos de
arachidis) 10 – 14 dias
usando 200
ml/ha ou
325 ml/ha a
intervalos de
18 – 21 dias
Cercospora spp, Chlorothalonil Volcano Cultura de 21 dias

222
Phoma spp, Botrytis 500 g/L Chlorothalonil sequeiro:
spp 50% SC 1-2.25L/ha
dependendo
da
infestação
Cultura
irrigada:
2.25L/ha
Míldio Mancozeb Volcano Crater 250g/100 L 7 dias
640g/kg + MX 72% WP de água
Metalaxyl 80g/kg
Cebola Mancozeb Volcano 200g/100L 3 dias
800g/kg Mancozebe 80% de água
WP
Mancha cinzenta Difenoconazole Navigator 25% Aplicação 14 dias
Milho 250 g/L EC aérea:
30ml/ha
Míldio Propineb Milraz 76% WP 200g/100l 7 dias
700gr/kg e Urzate de água
60gr/kg
Videira Podridão negra Propineb Milraz 76% WP 200g/100l 14 dias
Antracnose 700gr/kg e Urzate de água
60gr/kg
Algodão Podridão da raiz, Oxicloreto de Volcano Copper 650g/100kg N/A
(semente) Podridão da cápsula, Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de semente
Antracnose WP
Pinta preta e Oxicloreto de Volcano Copper 200g/100L 14 dias
Citrinos Melanose Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Pinta bacteriana, Oxicloreto de Volcano Copper 400g/100L 3 dias
Crucíferas Míldio Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Míldio Mancozeb Volcano Crater 250g/100 L 7 dias
Couve 640g/kg + MX 72% WP de água
Metalaxyl 80g/kg
Míldio Oxicloreto de Volcano Copper 300g/100L 3 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
Curcubitâceas WP
Mancozeb Volcano Crater 250g/100 L 7 dias
640g/kg + MX 72% WP de água
Metalaxyl 80g/kg

223
CULTURA DOENÇA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/HA INTERVALO
ACTIVA COMERCIAL DE
SEGURANÇA
Murcha-Bacteriana Oxicloreto de Volcano Copper 400g/100L 3 dias
Feijão (Pseudomonas) Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP 2 kg/ha
Oidium Triadimenol Voltriad 25% EC 10ml/L 21 dias
250g/L água por
Cajueiro árvore
usando
atomizador
Pinta bacteriana Oxicloreto de Volcano Copper 300g/100L 14 dias
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
Mangueira WP
Oidium Triadimenol Voltriad 25% EC 20ml/100L 14 dias
250g/L de água
Mancha da folha e Oxicloreto de Volcano Copper 300g/100L 3 dias
Maracujá Mancha do fruto Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Mancha da folha Oxicloreto de Volcano Copper 250g/100L 14 dias
Morango Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Pinta bacteriana Oxicloreto de Volcano Copper 400g/100L 3 dias
Pimenta Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Míldio Oxicloreto de Volcano Copper 500g/100L N/D
Ornamentais Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Damping off Fogo Oxicloreto de Volcano Copper 250g/100L N/D
bravo Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP

Tabaco – Triadimenol Voltriad 25% EC 144 ml/36 N/D


Viveiros 250g/L m2 (misturar
24 ml/10 l
de água e
Fusarium usar 60 l de
calda por 36
m2 de
Viveiro e viveiro
campo Mancozeb Volcano Crater 750g/100 L 7 dias
640g/kg + MX 72% WP de água
Metalaxyl 80g/kg
Damping off, Outras Oxicloreto de Volcano Copper 400g/100L 3 dias
Viveiros pestes Cobre 850 g/kg Oxychloride 85% de água
WP
Podridão do caule Mancozeb Volcano Crater 200g/100 L 21 dias
Ananás 640g/kg + MX 72% WP de água
Metalaxyl 80g/kg
Murchidão-das- Benomyl 500g/kg Volcano Demeter 0,5g/L de
Plântulas (Pythium, 50%WP água
Fusarium, Cooper Hydroxide Kocide 2000 3,5g/ L de
Repolho Rhizoctonia, 538g/kg 53,8% WG água
Sclerothium) Oxicloreto de Volcano Copper 6g/L de água
Cobre 850 g/kg Oxychloride 85%
WP

224
INSECTICIDAS
CULTURA PRAGA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ ha
ACTIVA COMERCIAL
Mosca branca, afídeos e Lagarta Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 50 ml/100 l de
mineira 22,2% SL água
Volaprimid
22,2% SL
Traça e afídeos Methamidophos Volmet 58,5 SL 500 ml/ha
585g/L 100 ml/100 l de
água

Traça-da-Batata e Lambda - Cyhalotrhrin Fortis K 5% EC 120 ml/ha


Lagarta americana 50 g/L 132 ml/ha
Lambda-cyhalothrin Karate 5% EC
50g/L 75 - 100ml/ha
Lambda-cyhalothrin
50g/L Karate 5% CS 76 - 100ml/ha
Lambda-cyhalothrin
Rôsca 50g/L Fortis 5% EC 77 - 100ml/ha
Cypermethrin
Cypermethrin 200 g/L 20% EC 100-150ml
Chlorpiriphos
Chlorpirifos 480g/L 48% EC 1L/ha
Profenofos 500
Profenofos 500g/L EC 1L/ha
Batata Volcano
Acephate 75% 100g/100L de
Acephate 750 g/kg SP água
Bacillus thuringiensis
var. Kurstaki Halt 50% WP 500g/ha
Lagarta americana e Falsa-lagarta Volcano 150 –
Chlorpirifos 200ml/100L de
Chlorpiriphos 480 g/L 48% EC água
Volcano 75 – 150ml/ha
Cypermethrin ou 15ml/100L
Cypermethrin 200 g/L 20% EC de água
Lambda-cyhalothrin 8 ml/100L de
50g/L Karate 5% EC água
Lagarta americana Agromectin 60ml/100L de
1,8% EC água (0,3 –
Abamectin 18g/L 1,2L/ha)
Fenbutatin oxide 550 Acatop 55% SC 25ml/ 100L de
g/L água
Ácaro vermelho Abamectin 18% g/L Agromectin 60 ml/100 L de
1,8% EC água
Profenofos 500g/L Selecron 500 EC 1,5L/ha
Sulfur 800 g/kg Thiovit Jet 80% 2,0- 3,0 kg/ha
WG
Nemátodos Aldicarb 150 g/kg Volcano 50 kg/ha ou
Aldicarb 15% 500g/100m de
GR linha

225
CULTURA PRAGA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ ha
ACTIVA COMERCIAL
Mosca branca, afídeos e Lagarta Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 50 ml/100 l de
mineira 22,2% SL água
Volaprimid
22,2% SL
Lagarta americana Lambda - Cyhalotrhrin Fortis K 5% EC Alto volume:
50 g/L 7,5 ml/100 l de
água
Lagarta americana, L. mineira, Falsa- Methamidophos Volmet 58,5 SL 500-1000 ml/ha
Lagarta-Mede-Palmos 585g/L 100 ml/100 l de
água

Thiametoxam 250 Actara 25% WG 400 g/ha


g/kg
Acetamiprid 222g/L Biomiprid 50ml/100L de
Mosca branca 22,2% SL água
Imidacloprid 200g/L Protect 20% SL 50ml/100L de
água
Imidacloprid 350 g/L Bandit 35% SC 0,05ml/planta
Lagarta americana, L. mineira, Falsa- Profenofos 500g/L Volcano 0,75 – 1 l/ha
Lagarta-Mede-Palmos, Afídeos, Ácaro profenofos 50%
vermelho, tripes EC
Lambda-cyhalothrin Karate 5% EC 75 - 100ml/ha
50g/L
Lambda-cyhalothrin Karate 5 CS 75 - 100ml/ha
50g/L
Lambda-cyhalothrin Fortis 5% EC 75 - 100ml/ha
50g/L
Tomate
Cypermethrin 200 g/L Volcano 100 – 150 ml/ha
Rosca Cypermethrin
20% EC
Chlorpiriphos 480 g/L Volcano 1L/ha
Chlorpirifos
48% EC
Profenofos 500g/L Selecron 500 EC 1L/ha
Profenofos 500g/L Volcano 1L/ha
Profenofos 50%
EC
Acephate 750 g/kg Volcano 75 – 100g/ha
Acephate 75%
SP
Bacillus thuringiensis Halt 50% WP 500g/ha
var. Kurstaki
Chlorpiriphos 480 g/L Volcano 150 –
Chlorpirifos 200ml/100L de
48% EC água
Cypermethrin 200 g/L Volcano 75 – 150ml/ha
Cypermethrin ou 15ml/100L
Lagarta americana e Falsa-Lagarta- 20% EC de água
Mede-Palmos Lambda- Karate 5% EC 10 ml/100L de
cyhalothri50g/L água
Lambda-cyhalothrin Karate 5 CS 10 ml/100L de
50g/L água
Lambda-cyhalothrin Fortis 5% EC 10 ml/100L de
50g/L água
Indoxacarb 300g/L Steward 30% 150 – 225g/ha
WG
Methamidophos Volcano 0,5 – 1,0L/ha
585g/L Methamidophos

226
58,5% Sl
Profenofos 500g/L Selecron 500 EC 0,750 – 1,0L/ha
Profenofos 500g/L Volcano 0,750 – 1L/ha
Profenofos 50%
EC
Lagarta mineira Abamectin 18g/L Agromectin 60ml/100L de
1,8% EC água (0,3 –
1,2L/ha)
Acetamiprid 222g/L Biomiprid 50 ml/100L de
22,2% SL água
Cyromazine 750g/kg Volcano 1 saqueta de
Cyromazine 62,5g/200L água
75% WP
Thiametoxam 250 400 g/ha
g/kg Actara 25% WG
Profenofos 500g/L Selecron 500 EC 500 – 750 ml/ha
Profenofos 500g/L Volcano 500 – 750ML/ha
Afídeos Profenofos 50%
EC
Dimetoato 400% g/L Volcano 800 ml/ha
Dimetoato 40%
EC
Methamidophos Volcano 100ml/100L de
Methamidophos água
Acetamiprid 222 g/L Biomiprid 50ml/100L de
22,2% Sl água
Tomate
Fenpropathrin 200g/L Acarthrin 20% 30 a 50 ml/100L
EC água
Abamectin 18% g/L Agromectin 60 ml/100 L de
1,8% EC água
Profenofos 500g/L Selecron 500 EC 1,5L/ha
Ácaro vermelho Profenofos 500g/L Volcano 1,5L/ha
Profenofos
50%EC
Sulfur 800 g/kg Thiovit Jet 80% 2,0- 3,0 kg/ha
WG
Fenamiphos 400 g/L Volamiphos 250m/100m de
40% EC linha
Nemátodos Aldicarb 150 g/kg Volcano 20 kg/ha ou
Aldicarb 15% 300g/100m de
GR linha
Oxamyl 310 g/L Vydate 31% SL 800 ml/100L de
água
Acephate 750 g/kg Volcano 100g/ha
Acephate 75%
SP
Chlorpiriphos 480 g/L Volcano 150 ml/100L de
Tripes Chloropirifos água
48% EC
Profenofos 500g/L Selecron 500 EC 0,750 – 1,0L/ha
Profenofos 500g/L Volcano 0,750 – 1,0L/ha
Profenofos
50%EC

227
CULTURA PRAGA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ ha
ACTIVA COMERCIAL
Lambda - Cyhalotrhrin Fortis K 5% EC 100 ml/ha
50 g/L

900ml/ha ou
Volomyl 20%
Lagarta americana Methomyl 200g/L 225ml/100L de
SL
água
Volcano
Cypermethrin
Cypermethryn 200g/L 20% EC 150ml/ha
Lambda-cyhalothrin Zakanaka K 6%
60g/L EC
100ml/ha
Térmites Imidacloprid 350g/L Bandit 35% SC 570-600ml/ha
Imidacloprid 200g/L Protect 20% SL 0,5 ml/ha
Volcano
Acephate 750g/L Acephate 75% 1,5-2kg/há
SP
Milho Volcano
Cypermethryn 200g/L Cypermethrin 350ml/há
20% EC
Broca do colmo Lambda-cyhalothrin
Fortis K 5% EC
50g/L 1,2 ml/100
Lambda-cyhalothrin Zakanaka K 6% metros de linha
60g/L EC
Volcano 3,5ml/100m de
Chlorpyrifos linha em 3L de
Chlorpyrifos 480 g/L 48% EC água
Lagarta invasora, Broca do colmo,
Broca, Lagarta das folhas, Roscas e Fenbiok 20%
lagarta americana Fenverelato 200g/L EC 250-500ml
25g/200ml de
Courage 70% água para 10kg
Escaravelho preto Imidacloprid 700 g/kg WS de semente
Stoprat 0.005% 4 blocos por
BB Blocosde cada 5-10metros
Cera (5gr)
Ratos Brodifacoun 0.05g/Kg
Stoprat 0.005% 1 blocos por
BB Blocosde cada 5-10metros
Cera (20gr)
Fortis K 5% EC
Lambda - Cyhalotrhrin Zakanaka K 6% 100 ml/ha
Lagarta americana 50 g/L EC
Endosulfão 350g/L Volcano 2 L/ha
Amendoim Endosulfão 35%
EC
Nemátodos (Ditylenchus destructor) Oxamil 310 g/L Vidate 31% SL 1.2 L / 100 L de
água
Mapira Broca do colmo do milho, Lagarta Lambda - Cyhalotrhrin Fortis K 5% EC 100 ml/ha
americana 50 g/L
Trigo Lagarta americana Lambda - Cyhalotrhrin Fortis K 5% EC 100 ml/ha
50 g/L
Crucíferas Mosca branca, afídeos e Lagarta Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 50 ml/100L de
(Repolho, mineira 22,2% SL água
couves,
brocolos)
Crucíferas Lagarta da couve e afídeos Methamidophos Volmet 58,5 SL 100 ml/100L de
585g/L água

228
CULTURA PRAGA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ ha
ACTIVA COMERCIAL
Lambda - Cyhalotrhrin Fortis K 5% EC 80 - 120 ml/ha
50 g/L
Zakanaka K 6%
Endosulfão 350g/L 600ml/ha
EC
Aplicação no
Volcano
Thiamethoxam 250gr / solo: 600gr
Tripes Endosulfão 35%
/KG Aplicação foliar:
EC
200gr
Cebola Profenofos 500g/L Thiara 25% WG 1L/ha
Volcano
100gr/100L de
Acephate 750g/kg Profenofos 50%
água
EC
Volcano
Chlorpyrifos 480 g/L Acephate 75% 1000ml/ha
SP
Rosca Chlorpyrifos 480 g/L Volcano 1000ml/ha
Chlorpyrifos
48% EC

Hortícolas: Tripés, afídeos, traça da couve, L. Profenofos 500g/L Volcano


Cebola americana profenofos 50% 1 L/ha
Couve EC 0,5 – 0,75 L/ha
Repolho 1 – 1,65 L/ha
Mosca branca Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 50 ml/100 L de
22,2% SL água
Feijões Volaprimid
22,2% SL
Lagarta americana Lambda - Cyhalotrhrin Fortis K 5% EC 100 ml/ha
50 g/L
Todas Lagarta (Cutworm) Lambda - Cyhalotrhrin Fortis K 5% EC 70 ml/ha
culturas 50 g/L

229
CULTURA PRAGA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ ha
ACTIVA COMERCIAL
Chlorpyriphos 480gr/L Volcano 50ml/100L de
Chlorpyriphos água
48% EC
Dimethoato 400gr/L Volcano 75ml/100L de
Dimethoato água
40% EC
Endosulfão 500gr/L Volcano 200ml/100L/águ
Endosulfão 50% a
SC
Acephate 750gr/kg Volcano 100gr/100
Acephate 75% L/água
Afídeos SC
Selecron 500 EC 500-750ml/ha
Profenofos 500gr/L Volcano 500-750ml/ha
Profenofos 50%
EC
Acetamipride 222gr/L Biomipride 50ml/100L de
22,2% Sl água
Metamidofos 585gr/L Volcano 100ml/100L/águ
Metamidofos a
Repolho 58.5% Sl
Thiamethoxam Thiara 25% WG 400gr/ha
250gr/kg
Imidaclopride 350gr/L Bandit 35% SC 0,05ml/planta
Acephate 750gr/kg Volcano 100gr/100L de
Acephate água
75%SC
Bacillus thuringiensis Halt 55 WP 500gr/ha
var.kurstaki
Indoxacarb 300gr/kg Steward 125 – 150gr/ha
30%WG
Metamidofos 585gr/L Volmet 58.5% 100ml/100L de
Sl água
Traça da couve, Lagarta americana e Endosulfão 500gr/L Volcano 200ml/100L de
outros Noctuídeos) Endosulfão 50% água
SC
Selecron 500sc 1L/ha
Profenofos 500gr/L Volcano 1L/ha
Profenofos 50%
SC
Fenbutatin oxide Acatop 55% SC 25ml/100L/água
550gr/L
Ácaro vermelho Fempropathrin Acartrin 20% 30 a 60ml/100L
200gr/L EC de água
Cypermetrina 200 gr/L Volcano 15ml/100L/água
Cypermetrina
Lagarta americana e outros Noctuidae 20% EC
Lambda cyhalotrin Fortis 5% EC 10ml/100L/água
50gr/L
Mosca branca, afídeos e Lagarta Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 50 ml/100L de
Ornamentais mineira 22,2% SL água
Tripes Imidacloprimid 200g/l Protect 20% SL 50 ml + 200g de
açúcar/100L de
água

230
CULTURA PRAGA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ ha
ACTIVA COMERCIAL
Thiamethoxam 350 280ml/100kg de
Cruiser 350 FS
Afídeos, Jassídeos, Gafanhoto elegante g/L semente
e Pragas do solo Courage 70% 500g/100kg de
Imidacloprid 700g/kg
WS semente
Afídeos, Jassídeos e Gafanhoto Biomiprid
elegante Acetamiprid 222g/L 22,2% SL 50ml/ha
Afídeos, Jassídeos, Gafanhoto Volcano
elegante, L. americana, L. das folhas e Endosulfão 500g/L Endosulfão 50% 0,75 - 1 L/ha
manchadores de fibra. EC
Lambda – Cyhalothrin
50 g/l Karate 5% EC 250 – 300 ml/ha
Lambda – Cyhalothrin
L. americana, L. vermelha, L. 50 g/l Fortis K 5% EC 250 – 300 ml/ha
espinhosa, L. rosada, Plusia e Lambda – Cyhalothrin Zakanaka K 6%
manchadores de fibra. 60 g/l EC 251 – 300 ml/ha
Algodão Cypermetrin 200g/l Volcano
Cypermetrin
20% EC
Cypermetrin 200g/l Cypercal 20% 250 – 300 ml/ha
EC
Lambda – Cyhalothrin
48 g/l + Acetamiprid
40g/L + Profenofos Zakanaka Topro
600g/L 68,8% EC 200 - 250 ml/ha
Afídeos, Jassídeos, Mosca branca,
Lambda – Cyhalothrin Zakanaka Top
Ligus, Manchadores de fibra,
60 g/l + Acetamiprid 10% EC
Gafanhoto elegante, L .americana, L.
40g/L 201 - 250 ml/ha
vermelha, Plusia, L. espinhosa,
Cypermetrin 200g/l Volcano
Spodoptera, L. rosada, L. das folhas
Cypermetrin
20% EC 250 – 300 ml/ha
Cypermetrin 200g/l Cypercal 20%
EC 251 – 300 ml/ha
Controle específico da Spodoptera Lambda – Cyhalothrin Zakanaka Pro 250 ml/há
48 g/l+Profenofos 64,8% EC
600g/L
Lambda-cyhalotrina Zakanaka K 6%
60g/L EC 70ml/ha
Brocas Volcano
Arroz Cypermetrina
Cypermetrin 20g/L 20% EC 350ml/ha
Volcano
Lagarta invasora Cypermetrina
Cypermetrin 20g/L 20% EC 350ml/ha

231
CULTURA PRAGA SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ ha
ACTIVA COMERCIAL
Tripes: Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 40 ml/100 L de
Viveiros e árvores transplantadas sem 22,2% SL água
frutos
Volaprimid 40 ml/100 L de
Árvores com frutos (excepto limões) 22,2% SL água

Todas as espécies de cochonilhas:


Viveiros e árvores transplantadas sem Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 40 ml/100 L de
frutos 22,2% SL água
Volaprimid
22,2% SL

Árvores com frutos (excepto limões) Biomiprid 50 ml/100 L de


22,2% SL água
Volaprimid
22,2% SL
Cochonilha vermelha: Biomiprid 50 ml/100 L de
Viveiros e árvores transplantadas sem Acetamiprid 222 g/l 22,2% SL água
frutos Volaprimid
22,2% SL
Árvores com frutos (excepto limões)

Afídeos Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 40 ml/100 L de


22,2% SL água
Citrinos Volaprimid
22,2% SL
Psylla Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 40 ml/100 L de
22,2% SL água
Volaprimid
22,2% SL

Lagarta mineira Acetamiprid 222 g/l Biomiprid 40 ml/100 L de


22,2% SL água
Volaprimid
22,2% SL
Afídeos, Cochonilha vermelha Tratamento do
(excepto limões) solo; 15 ml/
Imidacloprid 200g/L Protect 20% SL árvore

Lagarta mineira 0,2 ml/planta/


(excepto limões) vaso
Lagarta americana, Ácaro vermelho 50 ml
Volcano
Cochonilha, Ácaro ferruginoso Profenofos 500g/L profenofos 50%
EC 100 ml
Psylla
75 ml
Lagarta americana, L. mineira, afídeos Methamidophos Volmet 58,5 SL 200 ou 80
585g/L ml/100 l de água
100 ou 80 ml
Tabaco /100 l de água
Afídeos, térmites Imidacloprimid 200g/l Protect 20% SL 6,5 ml/100L de
água
Silvicultura Térmites Imidacloprimid 200g/l Protect 20% SL 15 ml/100L de
água

232
HERBICIDAS
CULTURA INFESTANTE SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ HA OBSERVAÇÕES
ACTIVA COMERCIAL
Gramíneas e Fluometuron Fluomet 50% 20-30% Aplicar em pré-
infestantes de 500g/L SC argila: 2,5L emergência da cultura e
folha larga 31-50%: das infestantes com
2,5-4,0L solo húmido. A dose
> 50% : varia de acordo com o
4,0-6,0L teor de argila no solo
Metolachlor 960g/L Volcano 1,0 – 1,2L
Metolachlor
96% EC
Glyphosato 360g/L Volcano 4-6L Aplicar em pós
Glyphosato emergência quando as
36%SL infestantes tiverem 15-
20cm. Aplicar a dose
mais alta em áreas com
cypirus
Pendimentalina Volcano 5,0-20%: Aplicar em pré-plantio
500g/L Pendimentalina 1,3-2,0L e incorporar com uma
50% EC 21-35%: Gradagem ou rega ou
Algodão 2,0-3,0L aplicar logo após a
36-50%: sementeira
3,6-4,0L
Trifluralina 480g/L Voltrif 48% EC 0-15%: 1,0L Aplicar em pré-plantio
num terreno bem
16-35%: preparado e incorporar
1,5L com uma gradagem ou
rega dentro de 10
36-50%: minutos após a
2,0L aplicação
Gramíneas Fluazifop-P-butyl Volley 150 EC Altura das Aplicar em pós-
150g/L gramíneas emergência na fase
anuais: activa de crescimento
<120mm : das gramíneas
0,85L assegurando uma boa
121-250mm cobertura:
: 1,25L
>250mm : Anuais – o controle
1,70L torna-se mais eficaz na
Perenes: fase de 2 a 4 folhas
Rizomas Perenes – na fase de 4
intactos: folhas
2,5-5,0L
Rizomas A adição de um
fragmentado estabilizador do pH da
s: 1,7-3,4L água aumenta a eficácia
do Fusilade Forte

233
CULTURA INFESTANTE SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ HA OBSERVAÇÕES
ACTIVA COMERCIAL
Gramíneas Alachloro 480 g/L Volcano 3.2 – 4.0
anuais e Tiririca Alachloro 48% l/ha
amarela EC
Acetochlor 900 g/L Volcano 0,75 a 3,0L
Acetochlor 90% Aplicar em pré-
EC emergência com o solo
Metolachlor VOLCANO 0,5 a húmido. A dose varia
960gr/L METOLACHL 1,3L/ha com a quantidade de
OR 960gr/L argila no solo
Gramíneas e Trifluralina Voltrif 48% EC % Argila:
algumas ervas 480gr/L 0-10%: Aplicar em pré plantio
de folha larga 0.75L/ha incorporando de
11-20%: seguida com uma
1L/ha gradagem ou rega
Amendoim Ervas de folhas Bentazone 480 g/L Arrozan 48% 2-3L/ha Aplicar ARROZAN
largas SL 48% SL, a partir do 1º
trifolio. Uma segunda
aplicação poderá ser
feita para infestantes
com germinação tardia.
Cyperus 3-5L/ha A maioria do Cyperus
esculentus esculentus deve estar
entre as 3-5 folhas na
altura da aplicação. Um
mínimo de 3L/ha em
300L de água deve ser
aplicado
Gramíneas e Metribuzin 480 g/L Volcano % Argila:
algumas Ervas Metribuzin 48% < 10%:
de folha larga SC 1,1L/ha
11 – 20%:
1,5L/ha
21 – 35%:
1,8 –
2,2L/ha

Acetochlor 900gr/L Volcano % de


Acetochloro Argila:
90% EC < 10%:
0,75-1,0ha
>11%: 1,5-
3,0L/ha
% de
Batata Argila:
Volcano 5-20%: 1,3-
Pendimetalina Pendimentalina 2,0L/ha
500g/L 50% EC 21-35%:
2,0-3,0L/ha
36-50%:
4,0L/ha
Alachloro 480gr/L Volcano % de argila:
Alachlor 48% 0-16%: 3,2
EC L/ha
>16%: 4,0
L/ha
Gramíneas S-Metolachlor Falcon Gold 1,2 L/ha
960g/L 96% EC
Fusilade Forte

234
Fluazifop-P-butyl 15% EC 0,85 – 3,5
150 g/L Volley 15% EC L/ha
Infestantes de MCPA 400g/L Volcano MCPA % Argila:
folha larga 40% SL 0-20%:
3,25L/ha
21-35%:
4L/ha
>35%:
5,25L/ha

CULTURA INFESTANTE SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ HA OBSERVAÇÕES


ACTIVA COMERCIAL

- Aplicar em solo livre


de torrões e infestantes.
O produto deve ser
incorporado no solo
dentro das 6 horas
seguintes após
aplicação a uma
Pré-plantio profundidade de 5 – 8
incorporado cm para evitar perdas
MOLINATO
Molinato 727 g/L e pré- do herbicida por
72,7% EC
inundação: evaporação. A
4-6L/há incorporação pode ser
feita através de uma
gradagem com grade de
disco ou de bicos.
Inunde o campo para a
sementeira e mantenha-
o inundado durante 4-6
Echinochloa dias após a sementeira.
Arroz spp
- Aplicar quando as
infestantes tiverem no
mínimo 5 cm de altura e
não mais de 12 cm, e
devem estar pelo menos
2/3 submersas na altura
da aplicação. Deve
manter-se água a um
nível não inferior a 5
Pós- cm até atingir o controle
inundação e total das infestantes, o
pós- que se verifica
emergencia: normalmente 5 dias
6L/há após a aplicação.
Aplicações em pós
emergência do arroz e
Echinochloa. Aplicar
PADLOCK 1L de Quinclorac SC
Quinclorac 205 g/L
25% SC 1-1,5L de quando a Echinochloa
Quinclorac tiver 2 – 3 folhas e 1,5
SC + 6L de L quando tiver 3 a 4
PROPANIL folhas.
1-1,5L de
Echinochloa
PADLOCK Quinclorac
spp e Quinclorac 205 g/L
25% SC SC + 2 – 3L
Ciperaceas
ARROZAN

235
(Bentazone)

Aplicar em pré-
emergência das
infestantes.No caso de
ARROZTAR
Oxadiazão 250 g/L 3 a 4L/ha pós-emergência precoce
25% EC
juntar Propanil.No arroz
transplantado aplicar
logo após o transplante.
Aplicar em pós
emergência d, de
preferência com as
infestantes no estágio de
2 a 5 folhas.A dosagem
Volcano
Capim- depende do
Propanil 360g/L Propanil 36% 8-15l/há
arrozeiro, desenvolvimento das
EC
graminieas infestantes.Em
anuais e ervas aplicação terrestre usar
de folha larga um mínimo de 200L de
calda/ha e para
aplicação aérea 30L
Arroz
Aplicar em pré e pós
emergência. Os talhões
Solos
devem ser alagados 24
médios (21
horas antes da
Ametrina 500 g/l – 35% de
aplicação. drenam-se e
Volcano argila): 2.5
depois faz-se a
Ametrina 50% – 3.0 L
aplicação inundando o
SC
campo a seguir.
Solos
pesados (36
– 50% de
argila):
3.0 – 4.0 L
Aplicar ARROZAN
quando as infestantes
tem 3-5 folhas. Drenar
água no campo do
Gramineas,
arroz. Aplicar o
ervas de folha Arrozan 48%
Bentazone 480 g/L ARROZAN e voltar a
larga e SL 2-3L/ha
alagar / regar 2-3 dias
ciperáceas
após a aplicação.
ARROZAN pode
mistura-se com
PROPANIL.
Metsulfuron - Climax 60%
Methyl 600g/kg WP
Volcano
Glyphosato
Arroz vermelho Glyphosato 360 g/L 36% SL 3-4 L/ha
Aplicar antes da
sementeira, logo depois
VOLQUATO de terem germinado as
Paraquato 200 g/l 20% SL 3-4L/ha ervas.

CULTURA INFESTANTE SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ HA OBSERVAÇÕES


ACTIVA COMERCIAL
Cebola Gramíneas Oxadiazão 250 G/L Arroztar 25% 2.5 a 4 L/ha Aplicar logo após o

236
anuais e EC transplante usando no
algumas ervas mínimo 200 L de calda
de folha larga /ha

CULTURA INFESTANTE SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ HA OBSERVAÇÕES


ACTIVA COMERCIAL
Alacloro 480g/L Volcano % de Argila Aplicar logo após a
Alacloro 0–16: primeira rega a seguir
48%EC 3,2L/ha ao transplante
< 16 : 4L/ha
Gramíneas Fluazifop-P-butyl Volley 15% EC 1,8 – 3,3L / Aplicação em pós
150g/L ha emergência. Dosagem
depende das infestantes
Repolho a controlar e do seu
estado de
desenvolvimento
Gramíneas e Trifluralina 480g/L Voltrif 48% EC 0–15 : 1 l/ha Aplicar num terreno
certas 18–35: bem preparado antes do
infestantes de 1,5L/ha transplante e incorporar
folha larga 35-50: por lavoura ou rega 10
2L/ha minutos após aplicação
Gramíneas e Trifluralina 480g/L Voltrif 48% EC <15%: 1 L/ Aplicar em pré plantio
Ervas de folha ha num terreno bem
larga 16 – 35%: preparado e incorporar
1,5 L/ha num solo 10 minutos
Tomate 36 – 60%: após a aplicação por
2,0 L/ha rega ou meios
mecânicos
Gramíneas Fluazifop-P-butyl Fusilade Forte 0,85 – 3,5 A dose varia consoante
150 g/L 15% EC L/ha a altura das infestantes

237
CULTURA INFESTANTE SUBSTÂNCIA NOME DOSE/ HA OBSERVAÇÕES
ACTIVA COMERCIAL
Areazinha 900g/kg Volcano % de Argila Aplicar nos solos bem
Atrazina 90% 0 – 10% : 1,4 preparados, 2 dias antes
WG kg/ha da sementeira. Para
11 – 20%: aplicação em linha
1,8 kg calcular a dosagem de
aplicação consoante a
21 – 30%:
largura da linha
2,2 kg
31 – 40%:
2,6 kg
Folha larga e MCPA 700g/kg Volcano MCPA % Argila Pré emergência: Aplicar
algumas 70% WG 0 –10: 5 – 6 dias após a
gramíneas 1,86kg sementeira quando o
solo estiver
11 – 20: suficientemente
2,29 húmido.
21 – 35: Pós Emergência:
3kg Aplicar quando a planta
> 35: tiver 30 – 40 cm de
3,57 altura
0: 1,43
MCPA 400g/L Volcano MCPA 2,5 L/ha Aplicar quando a
40% SL cultura tiver 45cm de
altura evitando que as
gotas se depositem no
Milho funil da planta
Gramíneas e folha Pendimentalina Volcano % de Argila Aplicar em pré-plantio
larga anuais 500g/L Pendimentalina 21-35%: incorporado seguido da
especialmente 50% EC 2,5-3,0L sementeira ou em pré
Rottboelia spp 36-50%: emergência 1 – 5 dias
3,0-4,0L após a sementeira. Na
aplicação pré plantio a
incorporação deve ser
feita mecanicamente
com grade de discos a
uma profundidade de 8
– 10 cm, ou através de
uma rega ou (10 –
20mm)
Gramíneas e folha Atrazina 500g/L Volcano % de Argila Aplicar em pré ou pós
larga anuais Atrazina 50% 0 – 10% : emergência precoce. No
SC 2,5L caso de tratamento em
11 – 20%: pós emergência o jacto
3,25L da pulverização deve
21 – 30%: ser dirigido entre as
4,00L linhas e as infestantes
31 – 40%: não devem ter acima de
4,75L 2 a 3 folhas e a cultura
41-50%: < 3 – 4 folhas
6,00L
Ametrina 500g/L Volcano % de Argila Aplicar em pré-plantio
Ametrina 50% 21-35%: incorporado seguido da
SC 2,5-3L sementeira ou em pré
36-50%: emergência 1 – 5 dias
3-4L após a sementeira. Na
aplicação pré plantio a
incorporação deve ser

238
feita mecanicamente
com grade de discos a
uma profundidade de 8
– 10 cm, ou através de
uma rega ou (10 –
20mm)
Alachlor 480g/L Volcano 3,2-4L Aplicação em pré
Alachlor 48% emergência
EC
Ervas daninhas de Acetochlor 178,6 g/l GRANADE % de Argila Aplicar em pré-
folha larga e +Atrazina 160,7 g/l 50% SC 0 – 10%: emergência logo após a
gramíneas anuais + terbuthylazine 1.4 – 1,8L sementeira usando 100
e Digitaria 160,7 g/l + 11 – 15%: – 300L de calda/ha
sanguinalis Dichlormid 22,3 g/l 1,8 – 2,2L
16 – 20%:
2,2 – 2,8L
21 – 30%:
2,8 – 3,4L
31 – 40%:
3,4 – 4,0L
> 40%:
Não
recomendad
o
Gramíneas, certos Acetochlor 178,6 g/l GRANADE % de Argila
Milho capins de folha +Atrazina 160,7 g/l 50% SC 1 – 10%:
larga e Cyperus + terbuthylazine 1,8L
esculentus 160,7 g/l + 12 – 15%:
Dichlormid 22,3 g/l 2,2L
17– 20%:
2,8L
22 – 30%:
3,4L
32 – 40%:
4,0L
> 40%:
Não
recomendad
o
Gramíneas Metolachlor 960g/L Volcano 1-2 l/ha Aplicar em pré
Metholachlor emergência com o solo
96% EC húmido. A dose varia
com a quantidade de
argila no solo
Acetochlor 900g/L Volcano 0,5-1 L/ha Use a dose mais baixa
Acetochlor 90% para terrenos leves e a
EC mais alta para pesados.
Para controlo da folha
larga use um herbicida
indicado em mistura
com o Acetochlor
Bromoxynil phenyl Bromoxynil 1,5-2L/ha
225 g/L Octanoate
22,5% EC
Folha larga 2-3L/ha Para 3 L/há devem ser
Cyperus Bentazone 480g/L Arrozan 48% 3L usados no mínimo 300L
esculentus SL de água

239
III CAPÍTULO

PECUÁRIA

P1: MANEIO E MANUTENÇÃO DO CURRAL

1. Mensagem
O camponês deverá ser capaz de:
a) Manter o curral em boas condições
b) Meter restolhos no curral
c) Limpar o curral e fazer estrume

2. Justificação
É importante que o camponês seja capaz de gerir o seu curral devidamente para ser
beneficiado com o estrume providenciado pelo gado e para que o animal não saia de
qualquer maneira.

3. Contexto
a) Manutenção do curral
Quando o curral for construído, é sempre importante mantê-lo em boas condições e
seguro seguindo uma série de normas:
• Certificar se os postes (ou estacas) verticais e horizontais (cruzadas) estão sempre
fortes.
• Substituir todas as estacas verticais e cruzadas velhas.
• Certificar se o comedouro está sempre em condições para que os animais sejam
ali alimentados.

b) Introdução de restos vegetais e feno


Para que os animais sejam devidamente alimentados na época seca, deverá fazer o
seguinte:
• Guardar muita quantidade de restos vegetais ou preparar feno para os animais e
este deve estar protegido do sol e da chuva.
• Alimentar os animais através do comedouro para mente-los bem na época seca
quando houver pouco pasto disponível.
• Pôr restos vegetais ou feno a intervalos regulares.

c) Limpeza do curral
• Fazer uma cova, do lado mais baixo, fora do curral
• Limpar o curral quando os restos vegetais e o esterco estiverem devidamente
misturados a uma altura de mais ou menos 10 cm e por a mistura no buraco

4. Conclusão
É portanto, muito importante manter, meter restos vegetais, feno e manter o curral em
condições de forma a obter os benefícios acima indicados.

240
5. Cobertura do curral
Especialmente os animais mais jovens precisam de protecção contra a chuva e excesso de
sol. Se não houver sombra natural disponível de uma árvore, faz um tecto sobre o curral.

O seguinte material será necessário:


• Estacas 2 x 520 x 7,5-10 cm
• Estacas de 270 x 7,5-10 cm
• Colmos ou caniços
• Arame para amarrar

Obtém e traz o material para o curral


Fixa as estacas ao longo da metade e final do curral nos topos do poste

241
Assegura que a inclinação seja feita do centro do curral para fora
Faz uma cobertura de colmo ou caniços
Certifica se os lugares de alimentação dos animais jovens estão cobertos
A seguinte planta pode ser seguida facilmente se o curral estiver para ser
reconstruído ou um novo curral construído.
Recomenda-se no curral de pernoita 4 m2/animal adulto

5m
A seguinte planta pode ser
seguida facilmente se o
curral estiver para ser
reconstruído ou um novo
curral construído.

Recomenda-se no curral de
pernoita 4 m2/animal
adulto

2,5 m

242
Repete isto regularmente até que
o montão do estrume fique 1,2 a
1,5 m acima da superfície do solo.

1. Depois, põe este


montão na
segunda cova.
2. Certifica que o
topo do primeiro
montão fica por
baixo do segundo
montão e a parte
de baixo do primeiro fica no topo do segundo montão

Para verificar se o estrume curtiu


devidamente, introduz uma barra de metal
no montão. Quando a barra não se sentir
quente ao tocar, o estrume poderá ser
removido e espalhado nos campos.

243
6. Melhoramento do estrume

Fazendo covas para estrume


• Verifica se o curral satisfaz as condições. Se não, faz uma lista do que deve ser
feito.
• Cava duas covas,
uma ao lado da
outra. As covas
devem estar do lado
mais baixo do
curral.
• Certifica que cada
cova tenha 2 x 2 m
e 0,6 m de
profundidade.
• Constrói um tecto
inclinado sobre as covas para protege-los da chuva.

ESTRUME RECENTEMENTE REMOVIDO DO CURRAL NÃO ESTA CURTIDO,


DEVE SER ARMAZENADO E DAR TEMPO PARA AMADURECER
DEVIDAMENTE (curtir)

Remove o estrume do
curral e forma camadas
numa das covas

244
P2: CONSTRUÇÃO DE UM COMEDOURO

Mensagem principal
1. Todos os currais devem ter um comedouro convenientemente construído.
2. O comedouro é útil para alimentar o gado no curral.
3. A alimentação suplementar no curral é muito importante durante a época seca e
durante o período da falta aguda de pastos.

Justificação
1. Planificar a alimentação do gado pondo a ração no chão do curral resulta no
desperdício da ração por causa de:
a. Mistura de ração com esterco e urina
b. O gado pisa o alimento
c. Mistura do alimento com o estrume
2. O feno e os resíduos de culturas devem ser mantidos limpo e seco se for para a
alimentação do gado.

Detalhes

1. Selecciona uma parte do curral que tenha espaço adequado para o comedouro.
Este deverá ser facilmente enchido com o alimento da parte de fora do curral.
2. Prepara 2
estacas fortes
de madeira
com 10 cm de
diâmetro e
cerca de 1,5 m
de
comprimento
(estacas
inclinadas).
3. Coloca estacas
inclinadas
dentro do
curral de
maneira que
fiquem
distanciadas,
cerca de 15 cm na superfície do solo e cerca de 50 cm na parte de cima, das
estacas verticais do curral.
4. Segura as estacas inclinadas na posição correcta usando estacas cruzadas de
comprimento adequado ao nível das barras do curral

245
5. Junta as duas estacas inclinadas com duas barras horizontais, uma na parte de
cima e outra na parte de baixo, de tal maneira que se apoiem nas estacas cruzadas.

6. Subdivide o espaço entre as estacas iniciais inclinadas, com estacas semelhantes e


separadas entre si 30 cm.

246
7. Amarra as outras barras horizontais entre as barras do curral, para evitar a queda
do alimento (feno, restos vegetais...)

Necessidades para demonstração


1. Filp chart com texto e ilustrações
2. Curral para gado
3. 2 estacas com 10 cm de diâmetro
4. Arame para amarrar
5. Um par de alicates

Meios de verificação da adopção


Número de camponeses com um comedouro dentro do curral, convenientemente
construído.

247
P3: TÉCNICAS APROPRIADAS PARA TRACÇÃO ANIMAL

Introdução

Tracção animal (TA) define-se como o uso de animais para realizar várias actividades
agrícolas, tais como, lavouras, transporte, sementeiras, sachas, puddling/nivelamento…

Identifica-se a tracção animal parcial e a tracção animal completa. A tracção animal


parcial usa animais só para a preparação do solo e o resto das actividades são feitas a
mão. Ao contrário, com a tracção animal completa, a maioria das operações agrícolas são
feitas com os animais.

Em Moçambique, o uso de TA é parcial, pois os animais são utilizados apenas na lavoura


e no transporte, e raramente na sacha ou sementeira ou noutra actividade agrícola. O uso
de animais nas actividades de puddling (lavrar num solo enharcado) nas machambas de
arroz no regadio de Chókwe foi recentemente introduzido.

Vantagens da TA
Em relação ao trabalho manual, a tracção animal tem as seguintes principais vantagens:
• Aumento dos campos de cultivo
• Operações agrícolas são feitas na devida altura
• Poupança do tempo e de mão-de-obra.
• O trabalho é melhor realizado

Mas para o máximo aproveitamento da TA, o camponês deve:


1) Saber seleccionar apropriados animais de trabalho;
2) Saber treinar adequadamente os animais;
3) Cuidar bem dos animais;
4) Ter arreios adequados;
5) Saber usar e manter correctamente implementos de TA.

Na tracção animal usam-se diferentes tipos de animais:


Bois, burros, búfalos, cavalos… Mas o gado bovino é o animal mais usado no mundo em
geral, e em Moçambique em particular.

Selecção e treino de bovinos para tracção animal


a) Selecção de bovinos
Quando seleccionamos bovinos para tracção animal, prestamos atenção às seguintes
características:
1. Temperamento
Queremos animais:
• Mansos mas não preguiçosos
• Não agressivos ou nervosos
• Activo

248
2. Saúde
• Forte, de boa saúde e bom apetite
• Pele íntegra sem feridas nas pernas ou cascos
3. Idade e peso
Precisamos de animais de 2-3 anos (2-4 dentes permanentes) de idade com um peso
mínimo de 200 kgs

249
4. Conformação

Animal forte e musculoso

Bom animal para treinar Animal impróprio para treinar

Dorso recto, ombros largos Pernas direitas

250
Peito largo e fundo Bossa desenvolvida

Pescoço normal (não


Cascos fortes e fechados comprido nem curto)

251
b) O treino de bovinos para tracção animal
O programa inicial de treino de uma junta de bois dura ± 5 semanas. Contudo, é essencial
continuar a reforçar o treino ao longo de alguns meses para que os bois aprendam bem as
várias operações. O programa inicial consta de 4 passos a seguir:

Passos a seguir Local Nº dias


Apanhar animais com corda. Curral, campo de treino 3
Caminhando com cordas.
Habituar os animais a canga. Curral, campo de treino 4
Caminhando com canga metida.
Puxar troncos no sulco Campo de treino 7
Puxar alfaias Campo de treino, machamba 21
TOTAL 35

Treinamos os animais para um máximo de 4 horas por dia: cedo de manhã (das 6 as 8
hrs) e no período da tarde (15-17 hrs).

Passos a seguir pré-treino


• Dar nomes aos animais a serem treinados e sempre chamá-los pelos nomes
• Tornar-se amigo dos animais. Falar com eles, acariciá-los, habituá-los à tua voz. Se
possível, faz isto diariamente por duas semanas antes de começar o treino.
• Fura-se o nariz (onde há tradição de o fazer, como é o caso em Moçambique) algumas
semanas antes do início do treinamento para a ferida ter tempo suficiente para sarar
completamente.

Equipamento necessário para poder começar o treino de duas ou mais juntas


• 30 Metros de corda de sisal com espessura de 15mm
• Duas cangas com cangalhos
• Duas correntes de tracção
• Dois troncos de madeira de 25 e 50 quilos de peso respectivamente
• Charrua, carroça e outras alfaias

Os passos de treino em mais detalhes são:

Passo 1: Apanhar e largar os animais


Habituar os animais a serem apanhados com cordas e a serem guiados/controlados com
cordas no curral. Apanhar os animais, controlá-los, amará-los e largá-los repetidamente
durante 4 horas por dia ao longo de 3 dias. Esta operação faz-se no curral.

252
Passo 2: Montagem da canga

Habituar os animais à canga (Mapai, provincia de Gaza)

253
Habituar os animais à canga, às rédeas, e a serem guiados na canga usando as rédeas. Isto
leva ± 4 dias. Esta actividade faz-se inicialmente no curral. Quando os animais estiverem
habituados a canga, podem sair para o campo de treino onde a prática continuará.

254
Passo 3: Puxar troncos

Puxar vários pesos no campo ( Província de Gaza, Moçambique)

Habituar os animais a andarem numa linha recta puxando um tronco num sulco. Começa
com um pedaço de tronco pesando por volta de 25 kgs. Quando os animais estiverem
habituados ao tronco, muda-os para um tronco de 50 kgs. Esta actividade faz-se no
campo de treino durante 7 dias. Só quando os animais estiverem habituados a seguir uma
linha recta é que podemos prosseguir para o 4º passo.

255
Passo 4: Puxar alfaias

Puxar charrua (Mapai, Provincia de Gaza)

Esta é a fase do treino que leva muito tempo.


a) A maioria de treinadores moçambicanos começa este passo puxando a
charrua.Treinar os animais para puxar a carroça.
b) Faz isto num sítio seguro onde não há risco de ferimentos dos animais ou pessoas.
Inicialmente, afixar uma corda às pernas traseiras de cada um dos bois para poder
os controlar (travar) se for preciso.
c) Depois, introduzir a charrua. Esta é a operação mais dura para os bois e precisa de
muita força de tracção. No início, os bois cansam-se rapidamente e não se deve
forçá-los. Começar com uma sessão de 15 minutos no primeiro dia e aumentar o
tempo pouco a pouco ao longo dos próximos dias. Permite os animais
descansarem frequentemente por 5 minutos durante o treino.
d) A lavoura é a operação mais importante para os bois. Continuar a praticar a
lavoura até os bois conseguirem lavrar um sulco bem direito enterrando a maioria
das ervas daninhas.
e) No fim, dependendo dos objectivos do programa de tracção animal, introduzir a
grade, o sachador, o cultivador, o semeador. Alternar com as várias alfaias, por
ex. 20 minutos na charrua, 20 na carroça, 20 na grade, etc., todos os dias até os
animais aceitarem fazer tudo e estiverem habituados a mudar de implementos

256
Uma junta de bois pode trabalhar:
• Máximo 6 horas por dia nos transportes
• Máximo 4 horas por dia nas lavouras, sacha etc. (2 horas cedo de
manhã, 2 horas no fim da tarde)

Uma junta de bois pode lavrar 0,25 ha por dia

257
P4: SUPLEMENTAÇÃO ANIMAL
Mensagens principais
a) Durante a época das chuvas é fácil alimentar bem o gado. Há abundância de
capim que é novo e nutritivo. Os animais normalmente engordam na época
chuvosa.
b) Na estação seca não é tão fácil alimentar o gado. O capim é pouco, seco, duro e
não é muito nutritivo. Os animais normalmente emagrecem na época seca.
c) Quando o gado emagrecer, ele perde o peso que ganhou durante a estação
chuvosa e, portanto, está fraco para os trabalhos da machamba (lavouras).
d) Os animais que precisam mais de suplementos são:

• Animais de trabalho
• Fêmeas no último trimestre de prenhez
• Fêmeas amamentando vitelos
• Vitelos recém desmamados

Podes dar:

• Farinha de cereais
• Palha de cereais
• "Feno" de amendoim ou feijão,
• Feno
• Ramos e folhas de várias árvores/arbustos (e.g. leguminosas como leucaena,
acácia, sesbania)
• Restos de horticultura (folhas de repolho, batata doce)

Em que estação de ano é que devemos suplementar os animais?

Na estação seca:
Nesta estação pode haver carência de certos minerais também. (Lembra-te de que a falta
de minerais reduz a apetite). Para combater isto, oferecer um suplemento de sal grosso
aos animais, ± 100 g por dia, num comedouro no curral. Ou podes pôr um pouco de sal
na água que os animais bebem no curral.

Ainda melhor, se tiveres as condições para o fazer um bloco de sal mineral (apetizador)

Composição de um bloco apetizador:


Cimento de construção 4 quilos
Sal de cozinha 2,5 quilos
Melaço/açúcar 1 quilo
Farelo 1 quilo
Água 1 litro

258
Procedimentos para a sua preparação
a) Misturar cimento e farelo
b) Misturar sal, açúcar e água formando uma solução
c) Juntar as duas misturas para formar uma massa
d) Pôr num molde de madeira, prato, uma panela, ou forma de fabrico de blocos de
construção previamente forrada com plástico ou papel para facilitar o
desenformamento e deixar 48 horas a secar com pau no meio
e) Tirar do molde e deixar na sombra para secar por 1 semana.
f) Pendurar no curral para o gado lamber. Facilita a digestão e aumenta o consumo
voluntário pelo aumento de apetite do animal

Não expor os blocos apetizadores às chuvas para evitar a perda da sua qualidade.

Um bloco mineral pronto para usar

Justificação
a) O bovino de trabalho precisa de comer bem para não perder peso, em particular
na época seca quando o capim é seco e não muito nutritivo. Do ponto de vista de
maneio, o mais importante é de assegurar que os animais fiquem saciados antes de
entrar no curral à tardinha. Um animal bem alimentado descansa bem e acorda
bem-disposto para trabalhar
b) Na época seca, vamos dar o máximo tempo no pasto todos os dias e dar um
alimento suplementar no curral a noite

Acompanhamento da adopção
Durante a demonstração deixa os camponeses praticarem
Ver quantos camponeses usa os blocos apetizadores e apontar no caderno de notas

259
P5: CRIAÇÃO DE GALINHAS NO SECTOR FAMILIAR

INTRODUÇÃO
O principal propósito deste guião, é ajudar as famílias rurais que possuem um número
reduzido de galinhas e sem assistência regular dos técnicos de pecuária, para aumentar a
produção de carne e ovos a partir das suas galinhas.

Pretende-se que este documento seja usado como um instrumento orientador na aplicação
de tecnologias adequadas para o meio rural e de baixo custo na produção avícola.

Este guião é resultado de observações técnicas, experiências e vem responder a


solicitações dos técnicos de pecuária, extensão e produtores que praticam a actividade
pecuária e que vêem a galinha e os seus produtos e subprodutos como uma alternativa
muito grande para a obtenção de proteína animal.

O guião utiliza ilustrações provenientes das seguintes instituições: FAO e Controlando a


doença de Newcastle nas galinhas do sector familiar, Manual para formadores de
vacinadores comunitários por Alders et al (SANDCP)

O guião está organizado em 6 secções:


1. Alojamento
2. Reprodução e postura
3. Maneio (pintos e galinhas)

260
4. Alimentação
5. Controlo sanitário
6. Análise económica da produção

1. Alojamento
As galinhas necessitam de um bom alojamento, forte e seguro. Devem ser fechadas
de noite numa capoeira, para protegê-las das variações de temperaturas, predadores e
ladrões. O alojamento facilita a captura das aves para a sua observação, no caso de
suspeita de alguma doença ou se precisam de alguma atenção. Elas têm a tendência
de colocar os ovos no mesmo local o que facilita a sua recolha.

• Faz cuidadosamente o plano do local a instalar o alojamento. Será necessário um


local sombreado, seco, com uma boa drenagem das águas e seguro.
• Constrói o alojamento barato usando material local (olha em volta para ver qual é
o material disponível e de eleição).
• Constrói a capoeira perto da casa. Primeiro limpa o capim e abre um espaço de
cerca de 3 metros a partir da capoeira em redor desta, para manter cobras e ratos
longe das galinhas.
• Aposta em capoeiras elevadas (1m de altura) para proteger as galinhas dos
predadores como cães, ratos, cobras, etc.
• O tamanho da capoeira vai depender do número de galinhas que tens e/ou da
perspectiva de aumentar. Para 10 a 15 galinhas adultas, o tamanho da capoeira
deve ser de 4 metros quadrados (4m²), isto é lados de 2m x 2m. É melhor que a
capoeira seja muito grande, que muito pequena.

Exemplo de capoeira
melhorada para aves adultas
(Fonte: FAO 2008)

• A capoeira deve ter


uma porta segura e
que permite a
circulação de ar e luz
suficiente (orientação
da porta voltada para
oeste). Deve manter
as galinhas secas e
protegidas dos ventos
fortes. È muito
importante que se
monte um poleiro dentro da capoeira porque as galinhas gosta de passar as noites
empoleiradas.

261
• Coloca comedouros e bebedouros. Estes podem ser construídos a partir de
material barato (latas, garrafas plásticas). Existe uma tendência do local em redor
dos bebedouros ficar húmido, é muito importante que se mude do sítio
frequentemente dentro da capoeira.
• As galinhas precisam de ninhos para porem ovos. Serão necessários 3 ninhos para
10 a 15 galinhas. Constrói os ninhos no lugar mais calmo da capoeira, a uma
altura do joelho para capoeiras em piso. Para a construção dos ninhos pode-se
usar latas largas, madeira ou pedras ou blocos. Enche o ninho com capim seco e
mantém-no limpo. Podes recolher os melhores ovos diariamente e usa alguns para
serem chocados.
• Mantém a capoeira limpa, fazendo limpeza do chão frequentemente. Se possível
coloca serradura ou palha no chão caso a capoeira seja sobre o piso, mudando
mensalmente, podendo usar a palha recolhida como adubo orgânico.

2. Reprodução e postura
• Identifica as galinhas que põem muitos ovos. Observa como elas chocam os seus
ovos e como cuidam das suas crias até ao crescimento. Isso irá ajudar a escolher
aquelas galinhas que são boas mães. Mantém a linhagem das mães com essas
características para reprodutoras.
• Selecciona as galinhas que produzem pintos fortes, com rápido crescimento e que
crescem para um tamanho maior. Os pintos maiores com um rápido crescimento
são geralmente machos. Esses são chamados pequenos galos e são os melhores
para produzir carne.
• As galinhas devem ser cruzadas com esse tipo de galos. São necessários 2 galos
para 10 galinhas. Vende ou consume os machos com um crescimento lento. Não
os mantém para a reprodução.
• É sempre importante, de tempo a tempo, trocar um ou dois galos e algumas
galinhas com alguns criadores distantes para evitar consanguinidade. Isso reduz a
possibilidade de galinhas da mesma família (pais e filhas, mães e filhos) se
cruzarem entre si. A consanguinidade provoca fraco crescimento e baixa postura.
• Elimina qualquer galinha que não tenha uma boa postura, pois elas estão somente
a consumir e não produzir nada.
• Providencie ninhos separados, acima do chão (altura do joelho) para que as
galinhas que estão no choco possam incubar os seus ovos no galinheiro. Pode-se
usar um cesto velho ou fazer um ninho tecido com capim. Coloca no interior uma
camada de capim seco, depois alguma areia e finalmente uma camada de palha,
assim os ovos não irão se partir facilmente e muitos pintos poderão eclodir.
• Coloca os ninhos num lugar escuro, calmo longe das outras aves na capoeira. Dá
às galinhas que estão a incubar água e alimentos regularmente. Isso permitirá que
a eclosão dos ovos ocorra depois do período de 21 dias.

• Remove todos os ovos que são postos todos os dias. Quando uma galinha começa
a chocar os ovos, não coloca mais de 6 a 8 ovos para ela incubar. As galinhas
podem cuidar com sucesso somente um número reduzido de pintos. Os ovos

262
devem ser das galinhas que produzem muitos ovos ou aquelas que os pintos
crescem rapidamente e são grandes.
• Não é necessário que distribuas a todas as aves em postura ovos para incubar, dá
somente as que mostraram ser boas mães.

3. Maneio

a) Maneio de pintos
• Os pintos necessitam de cuidados especiais. Algumas galinhas são boas mães do
que as outras e criam muitos pintos fortes e saudáveis.
• As primeiras 3 a 4 semanas de vida são muito importantes e os pintos necessitam
de muita protecção de predadores e das variações do estado do tempo. Coloca os
pintos numa gaiola para os proteger. A gaiola deve ser fácil de mover e espaçosa
para os pintos poderem estar em contacto com a mãe. Move a gaiola para um
local fresco e seco diariamente e assegura-te que manténs alguns restos de
cozinha para eles.
• Mantém os pintos secos e aquecidos. É importante que eles aprendam como
procurar alimentos com a mãe. Nas noites fecha os pintos com a mãe numa
capoeira segura.
• Durante o dia, dá aos pintos uma alimentação extra como: pequenos insectos,
caracóis, restos de peixe ou de outros bichos. Mais tarde podes fornecer grãos
moídos. Depois de 10 dias alimenta os pintos somente duas vezes ao dia e o que
eles podem consumir rapidamente, assim evita-se o desperdício da ração.
• A mãe não deve comer a comida dos pintos. Faz um pequeno cercado ou gaiola
com espaço para eles poderem entrar e sair livremente e coloca a comida.
Lembra-te de assegurar que somente eles podem ter acesso.

Exemplo de uma gaiola onde


somente os pintos entram para se
alimentarem

• Providencia água fresca e


limpa para os teus pintos
num bebedouro adequado.
Assegura-te que os pintos
não vão ficar molhados.
Pode-se colocar pedras no
bebedouro para evitar que os
pintos caíam dentro da água
para beber.
• Se algum pinto morrer,
remove-o imediatamente e
enterra-o ou queima-o longe da gaiola ou capoeira.

263
• Os pintos de 3 a 4 semanas de idade podem abandonar a gaiola móvel, para
pastarem mais distante com a sua mãe. Mas é necessário continuar a fornecer
alimentação adicional separados do resto do bando e da sua mãe.
• Com cerca de 4 semanas de idade, já é possível separar os machos das fêmeas. Os
machos crescem mais rapidamente que as fêmeas e devem ser fornecidos
alimentação adicional para permitir esse crescimento. Procura alimentar os
machos a parte do resto do bando durante cerca de meia hora por dia. Não espera
que os machos atinjam um crescimento máximo para os consumir ou vender.
Deste modo irás poupar a ração e espaço para novas aves.

b) Maneio de galinhas
• As galinhas começam a postura entre os 6 a 8 meses de idade. Boa alimentação,
saúde e alojamento irão resultar numa postura precoce e produção de muito mais
ovos.
• Pode-se observar que uma galinha está em postura quando esta apresenta uma
crista grande, vermelha e brilhante. Uma galinha que não esta em postura,
apresenta uma crista pálida e franzida. As galinhas normalmente têm posturas,
então mudam da coloração da crista de tempo em tempo.
• Recolhe os ovos dos ninhos pelo menos uma vez ao dia. Lembra-te de colocar 6 a
8 ovos nas galinhas em choco que foram seleccionadas.

• Não conserva ovos em lugares quentes. Não os mantenhas por mais de 5 a 7 dias
antes de vender ou consumir porque os ovos vão perder as suas propriedades e
não irão eclodir quando chocados.
• Selecciona ovos limpos, grandes com uma boa casca para colocar nas galinhas
chocas. Ovos com uma casca fina ou rachada não irão eclodir. Ovos grandes vão
produzir pintos grandes com saúde e grandes possibilidades de se tornar numa
galinha adulta.
• No seu primeiro ano, galinhas jovens tem uma boa postura, mas com 2 a 3 anos
de idade, elas diminuem o número de ovos postos ou param por completo.
Galinhas velhas consomem ração e o retorno em termos de produção é pouco ou
nulo, assim é importante consumi-las ou vendê-las e repor por galinhas novas em
início de postura.

4. Alimentação
• As galinhas necessitam de uma boa mistura de alimentos de várias fontes
(proteicas, energéticas, vitamínicas e minerais) para crescer bem e produzir ovos.
Elas precisam também de água limpa e fresca.
• Poderão encontrar os seus alimentos pastando, como por exemplo: pequenos
caracóis, insectos, vermes, grãos, capim e outras plantas. Estes alimentos
constituem uma boa mistura mas não são suficientes para elas produzirem bem,
necessitando de uma suplementação.
• Se tiveres dinheiro ou viver numa zona onde possas adquirir ração, compra uma
pequena quantidade, usando-a somente para alimentar as galinhas mais jovens.
Pintos acima de 4 a 5 semanas de idade consomem somente uma pequena porção

264
de ração iniciadora ou grãos (tira a casca). Não permite que as aves adultas
consumam essa ração pois é muito cara e valiosa para dar as galinhas adultas. Se a
ração vem em embalagens grandes para as suas necessidades e é muito cara,
procura dividir os custos com alguém próximo para a sua aquisição.
• Não enche os comedouros mais da metade com alimentos secos, porque os pintos
irão desperdiçar.
• As galinhas precisam de ter muito cálcio para produzir ovos com uma casca dura
que não se quebra facilmente. As conchas dos caracóis, são uma fonte rica de
cálcio. A pedra-calcária é uma outra fonte barata de cálcio. Fornece-lhes a pedra-
calcária moída ou pilada num comedouro separado e coloca-a num lugar seco.
Fornece-lhes a casca de ovos esmagada para suplementá-las com cálcio. Ferve
primeiro a casca para evitar a disseminação de doenças.
• Fornece as galinhas restos da cozinha em comedouros. Se possuíres restos de
vegetais, podes usá-los para alimentar as galinhas cozendo-os primeiro, para
facilitar a sua digestibilidade.
• Seca os ossos de galinhas cozidas e de outros animais ao sol e esmaga-os e
fornece-os às galinhas. Esses ossos contêm muitos minerais incluindo cálcio que
são importantes para o crescimento, saúde e produção.
• A sêmea de trigo e/ou milho são também muito importantes para a alimentação
das aves adultas.

5. Controlo sanitário
• A limpeza é a chave para a saúde das galinhas. Somente galinhas saudáveis
podem produzir muitos ovos e crescer bem.
• Para manter galinhas saudáveis é importante fornecê-las água limpa. Mantenha os
comedouros e bebedouros sempre limpos e faz a limpeza constante das capoeiras.
• Inspecciona as suas galinhas diariamente para observar se existe alguma doente.

• Remove as galinhas doentes do resto do bando. Aloja-as separadas das outras e dá


água fresca e alimentação suplementar. Mantém-nas aquecidas, e secas,
especialmente as mais jovens. Se elas não recuperarem dentro de 4 a 5 dias
comunica a um técnico de pecuária ou extensionista antes de tentar fazer qualquer
tratamento.

• Todas as aves mortas, devem ser removidas imediatamente, queimadas e/ou


enterradas. Não devem ser consumidas porque podem transmitir doenças.

• Existem algumas doenças que são frequentes nas aves e estas devem ser
protegidas através de vacinação.
• A doença de Newcastle pode subitamente matar todas as galinhas, por isso é
muito importante vacinar as galinhas contra esta doença para protegê-las. Os
principais sinais são: falta de apetite, vestido de casaco, diarreia esverdeada e
líquida, penas sujas em redor do ânus. Algumas apresentam dificuldades de se
locomover.
• Consulta junto aos Serviços Províncias de Pecuária (SPP) o plano da região de
vacinações das doenças de galinhas.

265
• Vacina as galinhas contra a doença de Newcastle de 4 em 4 meses (Março, Julho
e Novembro) usando a vacina termo estável I-2. Caso estejas a usar a vacina
injectável ITA-New, vacina as tuas galinhas uma vez ao ano (Fevereiro/Março)
podendo fazer a revacinação em Novembro em galinhas e áreas não cobertas na
campanha anterior.
• Se estas precauções não forem tomadas pode-se perder muitas galinhas
• Outra doença muito importante é a Gripe Aviária que apresenta sinais idênticos da
Newcastle nas galinhas, podendo afectar o homem e causar a morte.

6. Análise económica da produção


O custo de alimentação influencia na produção, dai que o bando não deveria possuir
mais do que 15 a 20 galinhas adultas dependendo das condições de alimentação do
criador, devendo ser encorajada a sua vendida quando se ultrapassa esse número.

O maneio alimentar e sanitário (controlo da doença de Newcastle e bio-segurança)


rigoroso e regular pode levar ao aumento dos efectivos resultando em mais carne e
ovos, dai pensar na comercialização.

• Devem ser analisados alguns custos básicos de produção para se pensar no


lucro:

1.Custo total = Somatório de todos os custos

Exemplo de custos: ração iniciadora para pintos, vacinação contra Newcastle, outros
medicamentos e vitaminas.

2. Receita = Preço da galinha x nº. de galinhas vendidas

Nº. de galinhas mortas


3. % de mortalidade ----------------------------------- x 100%
Nº. de pintos nascidos vivos

4. Lucro = Receita - Custo

Os criadores devem ser treinados em comercialização para poderem vender as suas


galinhas e ovos. Estes podem identificar locais estratégicos nas suas comunidades
para a venda dos seus produtos (feiras na sede do distrito ou vila).

As galinhas e os ovos devem ser vendidos quando a sua procura é maior como nas
vésperas de datas festivas.

266
P6: COMO DETECTAR SINAIS DE BOA SAÚDE E DE DOENÇAS NOS
ANIMAIS

Sinais a observar Sinais de boa saúde Sinais de doenças

- Comportamento - O animal está activo e - Tristeza, isolamento do


alerto; grupo;
- Fraqueza geral.
- Cabeça e cauda descaídas

- Maneira de andar - O animal anda bem; - Não anda ou anda com


dificuldades;
- Andar em círculos;
- Paralisia;

- Apetite - O animal tem bom apetite - Perda de apetite, não come


e bebe normalmente; bem;
- Um porco procura a - Emagrecimento;
comida, com pressa.
- Bovinos, caprinos e
ovinos ruminam durante
6 a 8 horas por dia;

- Pelo - O pêlo está brilhante e - Pêlos levantados;


liso
- A pele é elástica;

- Respiração - A respiração é calma e - Respiração difícil ou rápida;


regular quando em - Tosse;
descanso; -

- Fezes - As fezes são firmes e a - Diarreia;


urina está clara e amarela - Fezes duras ou o animal não
(burros podem ter urina consegue defecar
muito amarela); (obstipação);
- Urina vermelha (com
sangue);
- Olhos - Os olhos são brilhantes e
atentos;
- Os olhos não têm
corrimento; - Corrimento ocular
- Nariz
- O nariz tem de estar
limpo e sem corrimento; - Corrimento nasal
- No bovino, o focinho está

267
húmido;
- No caprino e no ovino, o
focinho está seco.
- Boca
- A boca sem saliva
- Muita mais saliva da boca;
- Temperatura - Temperatura normal:
Corporal Bovino: 37.5 até 39ºC - Temperatura elevada;
Caprino: 38.5 até 40.5ºC Bovino: mais de 39ºC
Ovelhas: 38.5 até 40ºC Caprino: mais de 40.5ºC
Porcos: 38 até 40.5ºC Ovelhas: mais de 40ºC
Porcos: mais de 40.5ºC

268
P7: COMO RECONHECER A DOENÇA

Antes de tratar um animal doente, o técnico deve tentar descobrir qual é a doença.
O reconhecimento da doença faz-se através:
1. Das informações que da o criador
2. Da observação do animal doente e do rebanho
3. Do exame específico do animal

1. Informações do criador
1. Quais são os sinais que o criador observou no animal?
2. Desde quando o animal está doente?
3. A doença começou de maneira rápida ou lenta? Evolução da doença?
4. Como o animal está a andar?
5. O animal come e bebe normalmente?
6. Onde o animal pasta? Onde bebe água?
7. Onde fica a noite?
8. Como estão as fezes e a urina? Qual é o cor da diarreia?
9. Outros animais ficaram doentes ou só é este animal?
10. Foi em contacto com outros animais? Animais selvagens?
11. Banha os seus animais? Se sim, com que regularidade? Quando o animal teve
banho ou pulverização a última vez?
12. Que outras medidas tomou o criador para evitar doenças (vacinações,
desparasitações,...)
13. A doença coincidiu com outra ocorrência/situação específica na época (mudança
da comida, chuvas, introdução de outros animais na manada, trabalho intensivo,
....) ?

2. Exame visual do animal doente e da manada

a. Comportamento do
animal (excitado,
agressivo, mal estar
geral, ansioso, da
pontapé...);
b. O animal é com os
outros do rebanho ou
isola-se ?
c. Condição corporal
(normal, gordo, barriga dilatada, magro...);
d. Presença de feridas, deformação ou coisa anormal no corpo;
e. Modo de andar (normal, coxeia, no consegue andar...);
f. O animal tem diarreia ?
g. O animal tem uma respiração difícil ?

269
3. Exame físico do animal
E importante fazer uma examinação sistemática dos animais. Fazendo uma inspecção das
partes diferentes, temos informação que nos permite determinar a doença. Isto chama-se
diagnóstico.

e. Cabeça e pescoço

d.
c. Olhos
f. Temperatura M
a. Nariz u
c
o
s
b. Boca a
i. Diarreia, secreção vaginal, s
urina com sangue g. Corpo, Pele e Pêlo

j. Úbere h. Pernas e Cascos

a. Nariz (limpo, com corrimento, feridas...);


b. Boca (limpa, muita saliva...);

Atenção : Se o animal tira muita saliva, a sair da boca, pode suspeitar Raiva.

c. Olhos (limpos, com corrimento, cor da mucosa...);


d. Controla a cor das membranas mucosas nos olhos e dentro da boca.
Num animal saudável é cor-de-rosa
Num animal com falta de sangue estão pálidas
Num animal com bactéria estão amarelas

e. Cabeça e pescoço (inchado de baixo da boca, outros inchados...) a palpar;


f. Tire a temperatura;

Lembre-se: Quando o animal está a andar, a trabalhar ou ao sol, a temperatura, e os


movimentos de respiração sobem.

270
g. Corpo : feridas, abcessos, inchados, presença de parasitas...
Pele : normal e elástica ou mostra sinais de desidratação...
Pêlo : normal, brilhante e liso ou áspero ou levantado...
h. Pernas e cascos : fraqueza duma perna, quente, inchado, dor, ferida no casco...
i. Inspecciona as pernas traseiras, o ânus, a vagina e em baixo da cauda para
determinar a existência de diarreia ou secreção vaginal, ou urina com sangue;
j. Úbere : normal ou inchada, quente...

ATENÇÃO:
* Muitas doenças possuem sintomas similares, por exemplo Babesiose e Riquetiose.
* Muitas doenças infecciosas possuem os sinais gerais de doenças.
* O animal pode ter mais que uma doença ao mesmo tempo.
* O animal nem sempre apresenta todos os sinais de doença.

271
P8 : DOENÇAS TRANSMITIDAS POR CARRAÇAS

1. ANAPLASMOSE
Espécies afectadas: Bovinos, Ovinos e Caprinos com mais de um ano de idade.
* Animais jovens até um ano de idade são mais resistentes. Esta resistência
mantém-se depois com a presença contínua de algumas carraças no animal.
Sintomas:
➣ Febre alta (40°C-41°C) intermitentes
➣ Diarreia por pouco tempo seguido de fezes duras escuras;
➣ O animal não consegue defecar;
➣ Mucosas brancas (anemia);
➣ Come pouco;
➣ Emagrecimento repentino;
➣ Pele não é elástica, desidratação;
➣ Fêmeas gestantes podem abortar;
➣ Pode morrer se não tratado.

Desidratação

Emagrecimento e obstipação
Anemia
Tratamento:
O tratamento é eficaz se for efectuado no início da doença.
Tratar com antibióticos (oxytetraciclina).
Alimentar o animal, e administrar muita água e se possível capim verde para
facilitar evacuação das fezes.
Continuar a observar o animal e repetir o tratamento se for necessário após três
dias.

272
Prevenção e Controlo:
Deve manter um equilíbrio de carraças no animal: não deixar o animal com
muitas carraças, mas também não eliminar todas as carraças no animal.
2. BABESIOSE BOVINA
Afecta bovinos, ovinos e caprinos
Sintomas:
Febre alta (40°C-41°C);
Perda de apetite;
Emagrecimento;
Fraqueza;
Respiração rápida;
Pêlo áspero;
Perda de elasticidade da pele (desidratação);
Mucosas amarelas;
Urina de cor vermelha (com sangue)
Pode apresenta sinais nervosos, (range os dentes, agressividade, descoordenação
motora, cai de lado e pedala os membros);
Morte.

Tratamento:
Tratar com imidocarb dipropionate ou Aceturato Dimanazene por exemplo Veriben®,
COMO PREPARAR A SOLUÇÃO DE VERIBEN®
1. Leva agua fervida e arrefecida 2. Tira 15 ml com uma seringa

+
3. Pôr num recipiente limpo 4. Adiciona o conteúdo de 1 pacote inteiro
de VERIBEN® da 2.36 g

5. Agitar bem.
A solução pode se usar durante 3 dias.
Forma de administração: injecção intra muscular

273
Atenção: É importante não vulgarizar o uso de Veriben sem observar a dosagem correcta
por causa da resistência.
3. RIQUETSIOSE
Afecta Bovinos, Ovelhas, Cabritos

Sintomas: Muitas vezes os animais não mostram sinais de doença, apenas são
encontrados mortos.

Porém quando a doença apresenta sintomas, eles iniciam-se com:


Febre alta (41°C-42°C) que não baixa;
Sintomas de mal-estar geral (tristeza, deixa de comer e treme);
Respiração difícil;
As vezes têm diarreia com sangue.

Desenvolve sintomas nervosos:


Range os dentes;
Vira os olhos e pestaneja;
Anda em círculos levantado os pés (cabritos e ovelhas);
Para com a cabeça descaída (bovino);
Depois cai de lado e pedala com as patas e morre.

Cai de lado e pedala com as


Parado com a cabeça descaida patas e morre
Tratamento
Medicamentos: Injecção intramuscular antibiótico, (Oxytetraciclina) com acção
prolongada·

Uma injecção é eficaz durante 3 dias. Continuar a observar o animal e repetir se


necessário

274
OUTRAS DOEÇAS COMUNS
P9: ABCESSOS

Um abcesso é uma cavidade cheia de pus.

Sintomas: Um abcesso tem as seguintes características:


É quente
É doloroso
É flutuante
É inchado.

Tratamento : Deixar amadurecer.


Tratamento de um abcesso maduro :
1. Corte os pêlos, limpe e desinfecte 2. Abra
a pele.

275
3. Exprima o pus e 4. Lavar e desinfectar
tire as partes mortas

5. Aplicar um cicatrizante e repelente

PREVENÇÃO E CONTROLO:
Lavar qualquer ferida que o animal tiver com água e desinfecta-a;
Manter o curral limpo e seco de modo a evitar as infecções

FERIDAS
Causas:
Uma ferida pode ser causada por vários acidentes que resulta a abertura a pele ou as
mucosas.

Tratamento:
Lavar e limpar com água, desinfectar, aplicar cicatrizante e proteger das moscas

276
P10: DOENÇAS DOS OLHOS

Sintomas:
Corrimento ocular;
Olhos com lágrimas;
Olhos muito vermelhos;
As vezes pontos brancos ou pálidos e turvos;
Dificuldades na visão (particularmente a noite em caso de falta da vitamina a);
As vezes o animal torna-se cego.

Olhos muito vermelhos e com lagrimas Olhos com pontos brancos

Causas e Tratamento:

1. Corpo estranho: Se tiver um corpo estranho no olho, retire-o com cuidado. As vezes
ajude usando um pano limpo e molhado. Se tiver muita poeira a volta do olho, lave o
olho com água fervida e já refrescada. Se houver infecção, aplicar pó oftálmico.

2. Microorganismos: Aplicar o pó oftálmico (Oxytetraciclina oftálmica) durante 3 a 5 dias.

3. Falta de vitamina A, deve suspeitar falta de vitamina A, especialmente quando o animal


só comeu erva seca nos meses anteriores. Aplicar injecção de Vitamina AD3E.

277
P11: DIARREIAS

DIARREIA DE COR VERDE SEM CHEIRO.


É uma diarreia líquida, aparece no início do período das chuvas. O animal continua a
comer. Normalmente acaba dentro de 3 dias.
Animais jovens e magros podem morrer.

Causa:
Mudança brusca de alimentação (capim seco para capim verde).

Tratamento:
Dar alimentação seca e muita água limpa no curral.
Administrar líquidos de hidratação aos animais jovens

DIARREIA DE COR BRANCA. É uma diarreia que afecta os recêm nascidos.

Causa:
Leite.

Tratamento:
Separar da mãe durante alguns dias e dar muita água.
Dar liquido de hidratação.
Se a diarreia não passar, tratar com antibióticos.

DIARREIA VERDE OU DE COR CASTANHA, COM CHEIRO.

SE NÃO TIVER FEBRE.


Causa: parasitas internos (vermes), acontece no fim da epoca seca.

Outros sintomas possíveis:


Diarreia pouca ou mais liquida;
Perda de apetite; emagrecimento, com dilatação do abdomem;
Anemia (mucosas pálidas);
Pêlos eriçados (levantados);
Tristeza;
Morte do animal caso não seja tratado.

Tratamento:
Tratar os animais com desparasitantes (comprimidos ou liquido). Optar sempre pelos
desparasitantes de amplo espetro.

278
SE TIVER FEBRE
Causa:
Infecção intestinal. O animal está muito doente e pode morrer dentro de alguns dias.

Tratamento:
Dar líquido de rehidratação
Antibiótico.

Deve -se isolar o animal para evitar infecção de outros animais

DIARREIA VERMELHA (COM SANGUE).

Frequente em animais jovens


Causa:
Quando a diarreia cheira mal e ataca as crias, pode ser Coccidiose o que é um micróbio.

Tratamento:
Com anti coccidiostáticos (Amprolium)
Deve isolar o animal para evitar infecção de outros animais

Em animais Adultos
Causa:
Há vários microorganismos diferentes que podem provocar diarreia com sangue.
(doenças possíveis : Riquetsiose, Salmonelose…)

Tratamento:
Antibióticos longa acção (ex: Oxytetracyclina LA 20%)

Liquido de hidratação

½ açucar
6 sal

279
P12: DOSAGEM, CONSERVAÇÃO DE MEDICAMENTOS E VALIDADE

DOSAGEM
1. A maioria dos medicamentos é administrado de acordo com o peso do animal.
2. Deve estimar o peso do animal antes de usar o medicamento
3. Sabendo o peso do animal, consultar as tabelas de dosagem (com 4 categorias de
peso para Bovinos e 2 categorias para os Pequenos Ruminantes).
4. Use a dosagem correcta:
Se der a mais, o medicamento pode matar o animal
Se der a menos, a doença não é tratada e pode estimular o desenvolvimento da
resistência dos micróbios ao medicamento.

CONSERVAÇÃO DE MEDICAMENTOS.
O medicamento deve ser bem conservado para manter a sua acção:
Guardar os medicamentos num local seco, limpo e fresco com boa ventilação;
Manter-los fora do alcance das crianças;
O melhor local é um armário com fechadura, dentro da casa (não misturar com
comida);
Nunca deixar o frasco de medicamentos ao sol.

PRAZO DE VALIDADE
Na embalagem dos medicamentos está escrito a data de validade.

Muitas das vezes, a embalagem vem com 2 datas:


de cima: a data em que o medicamento foi fabricado.
de baixo: a data que expira (limite do prazo). Data a partir da qual o medicamento
não deve ser usado.

Não deve usar medicamentos que estejam fora do prazo! Os medicamentos poderão ter
perdido sua acção curativa, passando a ser tóxicos. Medicamentos fora do prazo devem
ser devolvidos aos Serviços de Pecuária ou a farmácia onde comprou para destruição.

Para evitar perca de medicamentos, a primeira embalagem que receber, deve ser a
primeira a usar.

280
IV CAPÍTULO

RECURSOS NATURAIS

RN1: ESTABELECIMENTO DO VIVEIRO AGROFLORESTAL


O estabelecimento do viveiro agro-florestal conta com algumas etapas:
1. Selecção da área,
2. Construção da estufa,
3. Estabelecimento de alfobres,
4. Lançamento da semente,
5. Preparação do substrato,
6. Enchimento dos vasos e seu alinhamento,
7. Repicagem e
8. Maneio das plântulas.

Selecção da área
A área a escolher para o estabelecimento do viveiro deve possuir as seguintes
características:
• Ser uma área plana para facilitar a rega;
• Disponibilidade de água durante todo ano;
• Os solos devem ter boa capacidade de drenagem (areno-argiloso);
• Uma área suficiente para produzir o máximo de plantas requeridas e
• Acessibilidade durante todo ano.

Construção da estufa
Para o caso de viveiros comunitários deve-se usar mão-de-obra local como forma de
treinamento e material local que é acessível à comunidade. A estufa deve ser coberta por
sombrite, capim ou pode estar em baixo de árvores desde que permita a penetração de
40% de luz.

Estabelecimento de alfobres
O alfobre é uma pequena parcela transitória convenientemente preparada para a
sementeira de diversas espécies com 1 metro de largura e mais ou menos 10 metros de
comprimento, no qual as plântulas permanecem mais ou menos 14 dias antes da
repicagem dependendo da espécie.

O substrato do alfobre deve possuir muito pouca concentração da matéria orgânica, para
evitar o ataque das plântulas pelas pragas e doenças. Para facilitar a germinação e evitar o
ataque por doenças, normalmente usa-se área grossa para o substrato do alfobre.

281
Dada a sensibilidade das plântulas ao calor, faz-se uma cobertura com o uso de capim ou
sombrite. É de salientar que a sombra não deve ser total mas, mais ou menos a 60%,
levantada a uma altura de 0,9 metros e orientado na direcção Este/Oeste.

Produção de plantas
a) Pré tratamento
Algumas sementes possuem tegumento duro sendo necessário submetê-las a pré-
tratamentos para quebrar a dormência. Por exemplo, a semente de Acacia angustissima e
Leucaena leucocephala antes de ser lançada deve ser submetida a um pré-tratamento que
consiste em deixar a semente durante 30 minutos em água aquecida a 80˚C.

Outros pré-tratamentos que também podem ser usados são:


• Submersão da semente em água fria durante 24 horas;
• Pequeno corte da parte superior da semente com auxílio de uma tesoura e
• Remoção do aril.

b) Lançamento da semente
A semente pode ser feita de duas formas: em alfobres ou directamente nos vasos
(sementes grandes). Se a sementeira for realizada nos alfobres, será a lanço ou em linha.
É importante notar que os lotes devem ser bem identificados dando o nome da espécie, nº
do lote, data da colheita e a sua proveniência.

c) Preparação do substrato
Muito antes da sementeira é necessário identificar e adquirir o material que faz parte do
substrato (terra local, argila e estrume) a ser usado. Usando o crivo ou ancinho, retiram-se
as partículas estranhas como pedras e paus. Em seguida misturam-se os componentes do
substrato (argila:terra:estrume) numa porção de 1:2:2 até obter uma mistura homogénea.
Essas proporções podem ser corrigidas com a reacção das plantas.

d) Enchimento dos vasos


Depois de preparar o substrato enchessem-se os vasos que podem ser de plástico, diversas
embalagens e casca de árvores e de tamanhos diferentes. Os vasos devem ser bem
enchidos e calcados com as mãos. Para casos de espécies como fruteiras, que
permanecem muito tempo no viveiro antes do transplante, recomenda-se o uso de vasos
com dimensões maiores, para disponibilizar maior quantidade de nutrientes às plantas
durante todo o período no viveiro.

e) Encanteiramento
O encanteiramento consiste na deposição ordenada dos vasos na estufa em canteiros de
1x1 metro, de modo a facilitar todas as actividades de maneio das plantas como: rega,
poda, monda e outras.

f) Repicagem das plântulas


A repicagem consiste na retirada das plântulas dos alfobres para os vasos bem enchidos
de substrato e horas antes bem regados. Dependendo das espécies, 7 a 14 dias depois da
sementeira as plantas podem ser repicadas. Antes da retirada das plântulas no alfobre

282
deve-se regar o alfobre e com ajuda de espátula de madeira ou pau retiram-se as plântulas
e metem-se numa tigela com água onde ficarão depositados durante o processo da
repicagem.
As plântulas são introduzidas nas covas feitas nos vasos (repicagem), com ajuda de um
pau, devendo evitar que as raízes das plântulas se dobrem pois podem dificultar a
nutrição e o desenvolvimento da plântula. Logo após a repicagem segue-se uma rega de
nuvem fina usando-se pulverizadores ou regadores com crivo.

A repicagem ocorre na estufa coberta de capim ou sombrite a 60% de sombra. Neste local
as plântulas permanecem até atingirem cerca de 30cm de altura. Este comprimento é o
recomendado para o transplante e que geralmente é atingido cerca de 90 dias após a
repicagem dependendo da espécie.

Maneio das plântulas


O maneio das plantas é muito importante para garantir maior sobrevivência das plantas
tanto na estufa como na plantação definitiva. O maneio inclui a rega, poda radicular e
controle de doenças e pragas.

a) Rega
A deficiência ou excesso e a má aplicação da água podem comprometer a produção de
plantas. Dependendo da exigência da espécie e da época do ano do ano, as regas podem
ser feitas em dois períodos: de manhã cedo e ao entardecer. Recomenda-se que nos
alfobres, sejam usados pulverizadores ou regadores adaptados de crivos para evitar
deslocações constantes das sementes assim como, a saída de plantas recém germinadas.

b) Podas radiculares
As plântulas além do desenvolvimento aéreo apresentam também um desenvolvimento
radicular chegado a perfurar os vasos e estabelecerem-se no solo. As fracas regas e o
longo período de permanência no viveiro, pode influenciar muito no desenvolvimento das
raízes. São usadas tesouras de poda radicular para cortar raízes rente ao solo e ao vaso.
Com vista a diminuir este efeito os canteiros de germinação, assim como, os de
endurecimento são enchidos por pedra fina a uma espessura de mais ou menos 10cm.

c) Controlo de doenças e pragas


O controlo de pragas e doenças é extremamente importante porque estas influenciam
negativamente na qualidade das plantas. Antes de identificar o pesticida é necessário
identificar a praga ou doença que se pretende combater. Depois é que se pode escolher o
pesticida adequado. Como os pesticidas são caros e quando mal administrados perigosos
devem ser utilizados quando o combate não é possível através de outros métodos
culturais, insecticidas naturais e de controlo biológico.

Plantação
Uma vez endurecidas as plantas seguem para o campo definitivo onde completarão o seu
ciclo vegetativo. O tempo necessário para endurecimento varia de acordo com a espécie.
Aconselha-se que esta fase seja feita na época chuvosa pois diminui os custos de rega,
principalmente quando se trata de grandes áreas.

283
a) Passos para a plantação
É necessário identificar o local da plantação e fazer uma boa limpeza seguida por uma
demarcação e abertura das covas. As covas serão abertas a uma profundidade que consiga
comportar o bolo do substrato e o estrume;

Um dia antes do transplante rega-se muito bem as plantas para evitar que no momento do
transplante o bolo se desfaça;

Chegado ao local da plantação ajoelha-se á volta da planta e com ajuda das mãos rasga-se
transversalmente a bolsa e mete-se a planta na cova;

Mete-se o estrume a volta do bolo formado pelo substrato e em seguida mete-se terra
começando pelo solo que se retirou primeiro aquando da abertura da cova seguindo a
última;

Calca-se muito bem o solo a volta da planta e põem-se de novo um pouco de estrume;

Depois segue-se a rega a qual não deve incidir directamente sobre o colo da planta para
evitar que as raízes fiquem fora e a planta fique prostrada.

284
RN2: COLECTA DE ÁGUA
Introdução
Colecta de água da chuva é um método/sistema de colectar e armazenar água da chuva
para vários usos antes de se perder por causa da evaporação ou escoamento. Água da
chuva pode ser colhida, guardada e usada no mesmo lugar ou colhida num lugar e
guardada noutro diferente. Mais ainda, água da chuva pode ser usada durante a época
chuvosa ou guardada para ser utilizada mais tarde

De acordo com IWMI (Instituto Internacional de Maneio da Água) e FAO, colheita de


água é a colecta e concentração da água escoada para fins produtivos

Também é definido como todas as metodologias de concentração, desvio, colecta,


armazenagem, utilização e maneio da água escoada para usos produtivos (Ngigi, 2003)

Pode ser colhida água dos telhados e da superfície do solo para usos domésticos, pecuária
e rega de culturas

Para ultrapassar a imprevisibilidade e incerteza da chuva, temos que “reduzir a


velocidade, colher, guardar e utilizar cada gota que podemos” (de Lange, 2003)

Classificação de tecnologias e sistemas de colheita de água


1. Colecta de água:
Colecta de água suja (Colher água usada na casa)
Colecta de água da chuva in-situ (Colher a chuva onde ele cai e prevenir que se
escoa)
Colecta de água da chuva escoada de outro lugar ( de campos adjacentes, estradas
ou telhados)
2. Conservação da água:
No perfil do solo
Nas estruturas, como tanques de água na superfície ou debaixo do solo
No subsolo, através de recarga da água subterrânea
3. Uso da água:
Directamente do solo
Por meio de rega, i. e. Rega com água das reservas

Utilização da água da chuva


1. Uso doméstico (Beber, cozinhar, lavar, etc.)
2. Uso na pecuária
3. Produção agrícola
4. Melhoria da pastagem
5. Recarga das reservas subterrâneas de água

285
O porquê da colheita de água
1. Faz sentido colher água em lugares onde a chuva não só é imprevisível e incerta
na mesma época e entre épocas, mas também as vezes cai pouca e só num período
do ano
2. Colheita da chuva para produção familiar pode ser feita com sucesso nas áreas
com chuvas acima de 400 mm / ano.

Áreas propícias para colecta de água da chuva


1. Áreas onde água de fontes normais para vários fins (ex.: rios, poços) não está
disponível e/ou é inadequada
2. Áreas onde a chuva é inadequada
3. Áreas onde há distribuição inadequada de chuva

Sistemas de colheita de água da chuva


1. Colher água da chuva onde ela cai e permiti-la que infiltre como reserva
subterrânea de água (Também referido como colecta de água da chuva in-situ)
2. Colheita de água da zona de captação
3. Canalizar água das ravinas, charcos, etc. (ou o conceito de colheita da água
superficial)

Colheita de água da chuva in-situ


Terraços e sulcos em curvas de nível ajudam a captar a água da chuva porque diminui a
velocidade da água permitido maior infiltração. Isto pode ser melhorado com:
1. Mulch ou cobertura morta
2. Lavoura
3. Escarificação
4. Covachos
5. Sulcos

Colheita de água da chuva com medidas contra erosão


Também se pode colher a água enquanto se controla a erosão usando:
1. Defesas de terra
2. Defesas de muralha de pedra
3. Meia-lua
4. Caldeiras

Colheita de água da fonte de captação e desviar ao ponto de uso


Água é desviada da nascente, vale, rio para a machamba através de valas, sulcos,
tubagem, etc.

Colheita de água escoada durante época chuvosa


Água é canalizada para um reservatório (Barragem) e mais tarde utilizada

Benefícios e custos da colheita da água da chuva


1. Diferentes técnicas de colheita da água da chuva têm diferentes níveis de
benefícios e custos. Nas condições onde a disponibilidade de capital é um

286
problema, é importante considerar uso de técnicas mais simples, que são
acessíveis
2. Benefícios obtidos da colheita da água da chuva dependem da quantidade da
chuva e preparação feita para colher e guardar a água
Alguns dos benefícios da colecta da água da chuva podem ser:
1. Possibilidade do aumento da produção especialmente nas áreas onde a chuva é
escassa
2. Colheita da água da chuva permite produção agrária nas zonas secas onde água é
um factor limitante para agricultura e/ou pecuária
3. Disponibilidade de água para uso caseiro
4. Controle de erosão – Técnicas de colheita da água da chuva facilita a infiltração
da água e reduzem ou previnem escoamento
5. Recarga de poços
6. Melhora o pasto
7. Disponibilidade de água para gado e animais selvagens
8. Melhora o ambiente
9. Criação de peixes e patos

Alguns dos custos da colheita da água da chuva


1. Actividades que precisam de financiamento para pagar mão-de-obra e
instrumentos de trabalho, construção de estruturas para a colecta, canalização e
armazenagem da água entre outras
2. Factores que aumentam os custos podem incluir água para beber, que deve ser
limpa
3. Tamanho do projecto e distância entre a área de captação e a área onde a água é
necessária

Selecção do sistema da colheita de água da chuva


O sistema a ser escolhido para a colheita da água da chuva depende de vários factores que
1. Clima da zona
2. Topografia
3. Tipo do solo e fertilidade
4. Necessidade e fornecimento da água

Avaliação das possibilidades da colheita da água da chuva


A colheita da água da chuva é uma boa tecnologia, mas não é em todo lugar ou em
qualquer condição que favorece a rentabilidade desta tecnologia. Ela depende de:
1. Características da chuva
Quantidade da chuva
Intensidade da chuva
Distribuição da chuva
2. Características do terreno
Inclinação do terreno
Comprimento da zona de captação
3. Características do escoamento da água
Tamanho da área e suas características (declive, vegetação, etc.)

287
Tipo do solo
Quantidade da chuva e duração, etc.

A quantidade do escoamento
Por norma, a quantidade de escoamento é comparada com a quantidade da chuva. A
razão entre a quantidade de escoamento e a quantidade da chuva chama-se coeficiente de
escoamento

a) Colecta da água do telhado


Para calcular quanta água pode ser colhida do telhado precisamos saber a precipitação
anual e o tamanho do telhado, portanto, assumindo que a precipitação anual da zona é de
480 mm e a área do telhado é de 6 m de comprimento e 5 m de largura, temos,

Precipitação anual = 480 mm / ano = 0,48 m / ano


Área do telhado = 6 m x 5 m = 30 m2
Potencial da colheita da água do telhado
= área do telhado x precipitação anual
= 30 m2 x 0,48 m
= 14,4 m3 / ano = 14.400 Lt. / ano

b) Colheita da água de outras superfícies impermeáveis


Da mesma forma se pode calcular quanta água pode ser colhida de outras superfícies
duras, como áreas pavimentadas no quintal. Neste quintal, a área total da zona
pavimentada é de 200 m2
Potencial de colheita de água da área pavimentada = 200 m2 x 0,48 m
= 96 m3 / ano = 96.000 Lt. / ano

Coeficiente de escoamento de diferentes áreas de captação


A quantidade real de água que pode ser colectada depende do tipo de superfície de
captação, isto é, captamos mais água numa superfície de zinco que numa superfície de
terra coberta com erva. Razão pela qual ao potencial de colheita ou colecta da água é
aplicado um coeficiente dependente do tipo de superfície que colecta a água. Isto
significa que para a mesma área e mesma precipitação a quantidade de água real a
colectar vai depender do tipo de superfície em questão.

ÁREA DE CAPTAÇÃO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO


Telhado (de zinco corrugado) 0,80 - 0,90
Telhado com telhas 0,70 – 0,90
Chão cimentado 0,60 – 0,80
Rocha 0,20 – 0,50
Solo compactado 0,30 – 0,50
Terra coberta com erva curta 0,20 – 0,30
Terra coberta com erva alta e arbustos 0,01 – 0,10

288
Exemplo 1: Estimativa de escoamento do telhado
Uma casa com um telhado de 12 m de comprimento e 6 m de largura, se chove 30 mm e
se 90% da chuva que cai do telhado pode ser colhida, quantos litros são?
Área do telhado = 12 m x 6 m =72 m2
Quantidade da chuva = 30 mm =30 x 0,001 m = 0,03 m
Potencial de escoamento = 72 m2 x 0,03 m = 2,16 m3
Potencial real de escoamento = 0,9 x 2,16 m3 = 1,894 m3
= 1894 litros ou cerca de 10 tambores (sendo 1 tambor = 200 litros)

Exemplo 2: Desenho de um tanque de água para colher água do telhado


Dado que há uma família de 7 pessoas e precisam de 20 Lt. / pessoa / dia, a precipitação
mínima numa época é de 750 mm, coeficiente de escoamento de 0,80 e duração da época
seca é de 125 dias,
(i) Que tamanho do telhado é necessário?
(ii) Qual é o tamanho do tanque para guardar água para todo o ano?

Número de pessoas, N = 7
Água necessária, Q = 20 Lt. / pessoa / dia
Água necessária para todo ano = N x Q x 365,25
= 7 X 20 Lt. x 365, 25
= 51.135 Lt. (ou 51,14 m3 )
Tamanho do telhado = Necessidade de água / (Coeficiente de escoamento x precipitação
mínima numa época = 51,14 m3 / (0,8 X 0,75 m)
= 85,23 m 2
Assumimos que o tanque no primeiro dia da época seca estará cheio, portanto, volume =
7 X 20 Lt. X 125 = 17.500 Lt. = 17,5 m 3

Exemplo 3: A área total do quintal é de 30 m por 40 m


A precipitação anual da zona é de 480 mm.
Este quintal é 30 m x 40 m = 1.200 m2, dos quais 200 m2 e 30 m2 são ocupados por áreas
pavimentada e do telhado respectivamente.
Portanto a área remanescente da superfície dura = 1.200 m2 – 230 m2 = 970 m2
Água das chuvas das zonas não pavimentadas = área não pavimentada x precipitação
anual x coeficiente de escoamento
= 970 m2 x 0,48 m x 10%
= 46,56 m3 / ano = 46.560 Lt. / ano

Área da estrada = comprimento x largura


= 30 m X 6,67 m = 200 m2
Água da chuva da estrada = áreas pavimentadas x precipitação anual x coeficiente de
escoamento
= 200 m2 X 0,48 m X 70%
= 67,2 m3 / ano = 67.200 Lt. / ano

Área do telhado = 30 m2

289
Água da chuva do telhado = área do telhado x precipitação anual x coeficiente de
escoamento
= 30 m2 x 0,48 m X 70%
= 10,08 m3 / ano = 10.080 Lt. / ano
Área pavimentada = 200 m2
Água da chuva de área pavimentada = área pavimentada x precipitação anual x
coeficiente de escoamento
= 200 m2 x 0,48 m x 80%
= 76,8 m3 / ano = 76.800 Lt. / ano

Água total disponível através da colecta no quintal:


FONTE DE ÁGUA VOLUME DISPONÍVEL (L / ANO)
Água do telhado (área de 30 m2) 10.080
2
Água da área pavimentada (200 m ) 76.800
Água da área não pavimentada (970 m2) 46.560
Água de fora do quintal (estimativa) 60.480
Água total disponível com a colecta 193.920

290
RN3: QUEIMADAS DESCONTROLADAS

Mensagens principais
Queimadas descontroladas não são boas porque:
a) Degradam o solo
b) Causam perda de vidas humanas e animais
c) Criam estragos em habitações

Conteúdo
Entende-se por queimadas descontroladas o acto premeditado ou não de colocar fogo em
vegetação seca sob risco de vir a se propagar atingindo deste modo outras áreas,
inicialmente não previstas para se queimar. Pode, igualmente entender-se como uma
simples combustão da vegetação provocando chamas que progressivamente avançam no
terreno, sem que alguém esteja controla-las.

Queimadas descontroladas destruindo as Uma zona devastada pelas queimadas


florestas, solo, savanas e fauna descontroladas

Causas das Queimadas descontroladas


As queimadas descontroladas são responsáveis pela degradação de pelo menos 25 a 40
milhões de hectares de terras anualmente em Moçambique, por isso constituem um dos
graves problemas ambientais no País. Elas devem-se a vários factores ou causas, dentre
as quais:

Antropogénicas (Humanas)
• Limpeza de campos agrícolas;
• Abertura de caminhos;
• Caça (animais de grande e pequeno porte);
• Colheita de mel;
• Produção do carvão;
• Controlo de pragas e doenças;
• Conflitos sociais;
• Afugentamento de animais ferozes;

291
• Negligência (lançamento de beatas de cigarros, camionistas deixam lareiras na
beira das estradas).

Naturais
• Faíscas de trovoadas.
Consequências das queimadas descontroladas
As consequências e impactos negativos das queimadas descontroladas são preocupação
do Governo de Moçambique dadas as implicações na sua responsabilidade social. Dentre
as consequências das queimadas descontroladas podemos citar:

• Destruição de infra-estruturas (residências, igrejas, escolas, hospitais, mercados, etc.);


• Perda de vidas humanas e de animais;
• Alteração e/ou destruição de ecossistemas;
• Perda ou redução do habitat das espécies bravias;
• Perda do valor estético da paisagem e redução da cobertura vegetal;
• Degradação dos solos (erosão, redução da capacidade de infiltração, redução da
fertilidade do solo, destruição dos organismos do solo “micro-organismos e macro-
organismos”)
• Mudanças no clima e microclima da zona.

As queimadas descontroladas são a causa da fome e do aumento dos gazes


responsáveis pelo aquecimento global! Combatemo-las.

Grande parte da biodiversidade é destruída pelas queimadas descontroladas

Como evitar as queimadas descontroladas


• Identificar a área que pretende queimar;
• Abrir caminhos (aceiros ou clareiras) numa largura de pelo menos 4-6 metros ou mais
dependendo da altura da vegetação à volta de toda área que deseja queimar;
• Colocar o fogo contra a direcção do vento;
• Manter vigilância ao rumo tomado pelas chamas.

292
RN4: DEFLORESTAMENTO
Deflorestamento ou desmatamento é o processo de destruição das florestas através da
acção do homem. O deflorestamento é altamente prejudicial ao funcionamento dos
ecossistemas. Ao eliminar uma floresta, ocorre ao mesmo tempo, a morte de muitas
espécies animais. Isto ocorre, pois várias espécies fazem da floresta o habitat e, obtém
nela, o alimento e protecção necessários para a sobrevivência.

Causas do deflorestamento
Dentre várias causas deste fenómeno destacam-se: as queimadas descontroladas, a
exploração de madeira, abertura de áreas para a agricultura ou pastagem para o gado.

O corte ilegal de madeira é ligado a vários actores e actividades, como a adjudicação


ilegal de concessões florestais e licenciamento em regime de licenças simples, corte de
madeira em áreas proibidas ou protegidas e falhas no processo de auscultação das
comunidades locais

A destruição de florestas além de constituir uma das principais causas da erosão contribui
para o desenvolvimento do efeito estufa, provocando o aquecimento global.

Medidas de mitigação
O reflorestamento é uma das soluções para reverter a destruição de florestas,
principalmente pelo processo de queimada este quadro tão prejudicial ao meio ambiente.
Outra saída é a utilização das florestas de forma sustentável, através de actividades que
não visem sua destruição. Neste sentido, podemos citar, como exemplo, a extracção
vegetal e o ecoturismo.

293
V CAPÍTULO

ASSUNTOS TRANSVERSAIS
Este capítulo pretende dar uma pequena contribuição de alguns aspectos transversais que
poderão ajudar o extensionista a abordar estes temas.

SINDROMA DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (SIDA)

Introdução
SIDA é uma doença grave provocada por um micróbio, chamado Vírus da
Imunodeficiência Adquirida (HIV). Este vírus também é chamado “Vírus do SIDA” pois
ele causa a doença do SIDA. É uma doença grave, pois se a pessoa não for tratada acaba
por morrer. Esta doença ainda não tem cura, mas já tem tratamento, que deve ser feito
para todo o resto da vida. Por isso, o melhor é prevenirmo-nos dela.

Quando estamos de boa saúde, o nosso corpo tem a capacidade de se defender de muitos
micróbios que nos poderiam causar doenças. O HIV ataca essa capacidade de defesa do
nosso corpo, tornando-o muito fraco e sem forças para se defender contra as doenças.
Assim, os micróbios de que habitualmente nos defendemos, acabam por nos provocar
doenças, quando estamos infectados pelo HIV (Vírus do SIDA).

Tempo de manifestação da doença


Quando o HIV entra no corpo humano fica adormecida dentro da pessoa, por vezes muito
tempo. Podem ser só 1 ou 2 anos, mas pode também ficar 10 a 20 anos.

Durante este tempo, apessoa infectada está perfeitamente bem, sem sentir nada e sem
saber que está infectada, mas ela transmite a doença. A pessoa nesse período é chamada
de seropositiva ou HIV+, mas também pode ser chamada de portadora sã.

O grande perigo de transmissão do HIV é neste período, em que ninguém sabe que a
pessoa está infectada, pois ela não tem qualquer manifestação da doença e parece
saudável.

Para se saber se alguém está infectado ou não, pode-se fazer um teste muito simples e
muito rápido (alguns minutos) e fica-se logo a saber se a pessoa é seropositiva (HIV+),
isto é, se tem o virus dentro do corpo ou seronegativa (HIV-), isto é, se não tem o virus
dentro do corpo.

Modo de transmissão do Vírus do SIDA


O SIDA é uma doença que pode passar de uma pessoa para outra,
Uma das pessoas tem que estar contaminada.
Muitos parceiros aumentam a probabilidade de calhar com um contaminado

É importante notar que, como o HIV pode ficar muito tempo no nosso corpo sem se
manifestar, mas já sendo capaz de infectar as pessoas com quem temos relações sexuais,

294
nunca se sabe se a pessoa com quem nos envolvemos está infectada ou não. Daí que seja
muito importante usar preservativo em todas as relações sexuais ocasionais.

O HIV, ao entrar no nosso corpo, vai ficar no sangue, no pus, no esperma do homem, nas
secreções vaginais da mulher (líquido que molha a vagina quando a mulher tem excitação
sexual). Às vezes, fica no leite materno. Portanto, são estes fluídos (líquidos) humanos,
que provocam o contágio.

Na saliva, em geral, não há virus e quando há, é muito pequena quantidade.

Modos de transmissão

• Relações sexuais: heterossexuais (homem com mulher) ou homossexuais


(homem com homem1) sem uso de preservativo.

• Durante as transfusões de sangue feitas em más condições. Agora, em todos os


Hospitais do nosso país, o sangue é testado antes de se fazer a transfusão e se
estiver infectado é destruído. Por isso, as pessoas não devem ter medo de fazer
transfusões de sangue nos hospitais, quando elas são necessárias.

• Quando pus ou sangue de uma pessoa infectada penetra no nosso corpo


através duma pequena ferida:

1. Isto sucede muito quando vamos ao curandeiro e ele ou ela nos faz cortes
na pele com lâmina que foi utilizada numa pessoa infectada. Por isso,
nestes casos devemos exigir que seja uma lâmina nova.
2. Pode suceder quando fazemos tatuagens com instrumentos mal
desinfectados.
3. O mesmo pode suceder nos barbeiros e manicuras que, por vezes, sem
quererem, nos cortam com os seus instrumentos de trabalho. Por isso,
também devemos exigir que sejam usados instrumentos de trabalho que
foram devidamente lavados e desinfectados depois da última vez que
foram utilizados.
4. Também pode suceder se tivermos feridas nas mãos e formos mexer em
sangue ou em pus duma pessoa infectada com HIV: por exemplo, mexer
numa ferida duma pessoa infectada sem usar luvas nas mãos.
5. As doenças de transmissão sexual, ou provocam feridas (úlceras) ou pus.
As feridas (úlceras) são a porta aberta para o vírus entrar. O pus é o lugar
onde o vírus se desenvolve e se multiplica melhor.

• Quando se usam, para injecções, seringas ou agulhas já usadas ou mal


esterilizadas (com micróbios): Nas Unidades sanitárias, usam-se agulhas e
seringas para cada pessoa e assim não há qualquer perigo de contágio pelo HIV
1
A homossexualidade também pode ser entre mulheres, mas nas relações homossexuais entre mulheres como não ha
penetração, o perigo de contágio é pequeno.

295
ou outro micróbio. Mas há pessoas que aceitam receber injecções por pessoas não
qualificadas, correndo grande perigo, por essas pessoas não terem os devidos
cuidados. Igualmente, os drogados injectam drogas nas veias e muitas vezes as
mesmas seringas e agulhas são usadas por muitas pessoas. Neste caso, existe
perigo de transmissão.

• Da mãe para o filho durante a gravidez e o parto. Neste caso, O HIV passa do
sangue da mãe infectada para o sangue do bebé. Contudo, como a passagem do
sangue da mãe para o bebé se faz através dum órgão chamado planceta, ela
constitui uma barreira e dá uma certa protecção, pelo que só um em cada 3 ou 4
bebés de mães infectadas também fica infectado. Por isso todas as mulheres
grávidas devem aceitar fazer o teste para prevenirem suas crianças. Se o teste for
positivo, existe um tratamento simples para que o HIV não passe para o bebé.
Também a própria mãe e o parceiro ou marido podem ser tratados para não virem
a sofrer e morrer e para não passarem a doença a mais ninguém.

• Também há uma pequeníssima probabilidade duma mãe infectada passar o HIV


ao seu bebé através do leite materno. Mas essa possibilidade é muito fraca e as
vantagens do aleitamento materno exclusivo são tão grandes que mesmo as mães
seropositivas devem amamentar os seus filhos ao peito, pelo menos até ao 6º mês.
As mães que amamentam devem ter muito cuidado para não se infectarem
enquanto amamentam.

Em termos práticos, como faz a transmissão sexual?


A transmissão sexual faz-se quando há relações sexuais com penetração, isto é, quando o
pénis (órgão sexual do homem) penetra (entra) dentro da vagina (órgão sexual da mulher)
ou ânus da mulher ou de outro homem.
• No caso de relações heterossexuais (homem com mulher): Se o homem estiver
infectado o HIV está no seu esperma e pode facilmente infectar a sua parceira,
pois o esperma entra na vagina da mulher com muita força e grande velocidade e
vai até ao interior do útero da mulher, que tem uma pele muito frágil. Por outro
lado, por vezes, o acto sexual é feito com certa fricção que fere a parede da
vagina, por falta de secreções vaginais (líquido que molha a vagina quando a
mulher tem excitação sexual).

• Se a mulher estiver infectada, ela tem HIV nas suas secreções vaginais (líquido
que molha a vagina quando a mulher tem excitação sexual) e assim também pode
infectar o parceiro sexual.

• Se o homem ou a mulher tiverem uma doença de transmissão sexual, com pus ou


ferida (úlcera) nos órgãos sexuais, o contágio fica muito mias fácil e o perigo de
transmitir o HIV é muito grande, pois as feridas (úlceras) são a porta aberta para o
vírus entrar. O pus é o lugar onde o vírus se desenvolve e se multiplica melhor,
pelo que é muito perigoso receber pus de uma pessoa que esta infectada. Portanto,
é muito importante fazer tratamento das doenças de transmissão sexual (DTS´s)
para prevenir o SIDA.

296
• No caso de relações homossexuais de homem com homem, em que o homem
introduz o seu pénis no ânus do seu parceiro, também há grande perigo de
transmissão do HIV porque a ânus não está preparado para penetração do pénis
(órgão sexual masculino) e, mesmo que ponha vaselina acaba sempre por fazer
pequenas feridas, tanto dentro do ânus como no próprio pénis, através das quais
o HIV penetra facilmente. O mesmo também ocorre nas relações heterossexuais
no ânus da mulher.

• No caso de relações homossexuais de mulher com mulher, se elas não tiverem


nenhuma doença de transmissão sexual (DTS), o perigo de contágio é muito
pequeno, pois não há penetração e o HIV, mesmo que esteja presente, não chega a
entrar no corpo da outra.

• As relações sexuais com a boca (sexo oral) têm pouco de contágio, mas não são
totalmente seguras.

• Os beijos, mesmo beijos prolongados e coma língua dentro da boca do outro não
transmitem o HIV. Pode, contudo, haver um pequeno perigo se um dos parceiros
tiver feridas na boca.

• Se o esperma do homem ou as secreções da mulher (líquido que molha a vagina


quando a mulher tem excitação sexual) molharem uma parte da pele do parceiro
(por exemplo: mãos, dedos, perna ou outro lugar da pele) não há perigo de
contágio pois a pele é resistente e não deixa passar o HIV, a menos que haja
feridas.

Assim, já se pode começar a compreender como o uso do preservativo é bom meio para
evitar a transmissão do HIV. O preservativo é feito de material plástico resistente que não
deixa passar o HIV. Como igualmente não deixa passar esperma, também é bom para
evitar a gravidez. O preservativo serve ainda para proteger o contágio de doenças de
transmissão sexual.

HIV/SIDA E AGRICULTURA

IMPACTO DO HIV/SIDA NO SECTOR DA AGRICULTURA


No sector da agricultura o HIV/SIDA pode ter impacto:
1. Na economia nacional
2. Na própria produção agrária
3. Na segurança alimentar da família
4. Nos Serviços da Agricultura como a Extensão e tantos outros Serviços

Impacto do HIV/SIDA ao nível National


Ao nível nacional o HIV/SIDA afecta:
1. Productividade
2. Educação

297
3. Saúde
4. Mão-de-obra
5. Composição e tamanho da família
6. Mulher, que é a mais vulnerável
7. Subsistência rural atravês de: perda de mão-de-obra e capital, aumento da
insegurança alimentar e declínio do estado nutricional e de saúde

Impacto do HIV/SIDA na Produção Agrária


1. Na Agricultura Comercial
a. Declínio da productividade devido ao absentismo
b. Perda de trabalhadores treinados
c. Aumento de despesas sociais
d. Aumento nos gastos e redução nas receitas, resultando no aumento dos
custos

2. Na Agricultura de Pequena Escala


a. Redução da área de cultivo
b. Mudança no sistema de produção
c. Declínio nos rendimentos e tipo de culturas produzidas
d. Pós produção, armazenagem e processamento da produção são
prejudicados
e. Perda de conhecimentos e habilidades agrárias
f. Perda de métodos indígenos de cultivo e de conhecimentos de geração
para geração
g. Redução da mão-de-obra familiar devido às mortes e aumento da
frequência de funerais
h. Quebra dos mecanismos tradicionais de segurança
i. Eliminação forçada dos bens de produção para conseguir dinheiro para
fazer face às despesas com doenças e funerais
j. Orfãos e viúvas sem acesso à terra e aos bens de produção devido ao
sistema costumeiro
k. Reduzido nível de cuidados para com os animais e mudança para poucos
animais que precisam menos cuidados
l. Instituições de desenvolvimento nas zonas rurais (mercados, centros
comerciais, escolas) são pontos para a promiscuidade sexual à procura de
fonte de rendimentos
m. Morbidade e mortalidade entre o pessoal das instituições e serviços de
apoio, assim como,
n. Emergência de novo tipo de agricultores e necessidade de revisão de
mensangens de extensão

Impacto na segurança alimentar da família


a. Declínio na quantidade e qualidade da alimentação
b. Redução na variação da dieta alimentar
c. Perda de conhecimentos e habilidades culinários
d. Declínio na produção animal

298
e. Aumento do no de bocas a alimentar porque as famílias recolhem órfãos
eoutros familiares que perderam os parentes que os sustentavam

Impacto do HIV/SIDA nos Serviços de Agricultura


a. Impacto qualitativo e quantitativo na capacidade de organizações de
extensão afectados pela morbidade e mortalidade relacionada com o
HIV/SIDA
b. Custos adicionais para funerais assim como para recrutamento e
treinamento
c. A mudança da clientela tràs outras necessidades para a extensão
d. Extensionistas como fonte de informação dos agricultores sobre o
HIV/SIDA, isto é, para além das tradicionais mensagens da agricultura é
preciso também a tratar com os agricultores assuntos relacionados com o
HIV para melhor se prevenirem
e. Ligações da extensão com outras instituições que providenciam crédito,
comercializacão, investigação são afectadas
f. Dificuldades em cumprir as actividades planificadas devido às ausências
dos agricultores a atender funerais ou doentes
g. Aumento da relação agricultores – extensionista e cobertura inadequada da
extensão por causa da perda de extensionistas que não são substituidos
h. Extensionistas de campo são mais vulneráveis por causa de longas e
frequentes ausências de casa
i. Perda de conhecimentos / perícias devido a contratação de novos
funcionários menos experientes

Qual pode ser a contribuição dos Serviços da Agricultura na mitigação dos impactos
a. Assistir as famílias a organizar-se em grupos funcionais e organizações
comunitárias
b. Facilitar a criação de de associações de entre-ajuda para apoiar
viúvas/viúvos e orfãos do SIDA
c. Apoiar a criação de redes de segurança comunitária
d. Criar ligações com organizações civis, ONGs e outras organizações
governamentais
e. Facilitar sistemas que permitam compartilhar e comunicar conhecimentos
técnicos (Indígenos) relacionados com a agricultura e segurança alimentar
f. Promover a diversificação da fonte de rendimentos (artesanato,
piscicultura, actividades de geracão de rendimentos)
g. Apoiar as famlías em actividades de geracão de rendimentos tanto de
agricultura como fora delas
h. Fortalecer a mulher e outros grupos marginalizados no acesso aos recursos
(terra, crédito)
i. Reduzir a demanda da força de trabalho da mulher atravês da promoção de
métodos menos intensos no uso da mão-de-obra na preparacão da
alimentação e melhoria no acesso ao fornecimento àgua e de lenha

299
j. Assegurar que tecnologias que reduzam e substituam a mão-de-obra são
adoptadas e examinar se elas são apropriadas socialmente e são sensíveis
ao género
k. Promover o uso de variedades de culturas de rendimento de alto potencial,
que sejam menos intensivos no uso de mão-de-obra e apropriadas
socialmente
l. Introduzir culturas alimentares de alto valor e resistentes à seca
m. Reduzir o tempo de sachas atravês de uma melhor combinacão de culturas
n. Introduzir equipamento agrícola que pode ser usado por crianças e fracos
o. Providenciar informação básica do controle e prevenção do HIV/SIDA
p. Providenciar informação em nutrição para pessoas vivendo com
HIV/SIDA (PVHS)
q. Providenciar informação às viúvas e orfãos sobre os direitos de
propriedade
r. Providenciar conselhos técnicos agrários às famílias afectadas
s. Providenciar educação agrária práctica nas escolas

Papel da Investigacão Agrária


Re-orientacão da extensão tem de ser apoiada por uma nova agenda da investigacão
agrária
a. Fazer uma investigação qualitativa e quantitativa do impacto do HIV/SIDA, com
especial ênfase na agricultura e segurança alimentar.
b. Refocar a investigação agrária em direcção às necessidades dos agricultores
emergentes
c. Mudar a agenda, onde necessário e apropriado, de agricultura de altos insumos
para a de baixo e de mão-de-obra intensiva para a de menos intensa
d. Investigar nos mecanismos e estratégias agrárias e sociais para enfrentar o
HIV/SIDA
e. Avaliar o impacto das políticas de desenvolvimento, programas e actividades na
vulnerabilidade ao HIV/SIDA

Resposta Institucional
a. Desenhar estratégias/políticas de HIV/SIDA para instituições do sector agrário
b. Educacão e aconselhamento sobre o HIV/SIDA para o pessoal de extensão e
outros
c. Desenhar estratégias de desenvolvimento dos recursos humanos, planificar
substituições
d. Melhorar a mobilidade do reduzido no do pessoal de extensão para uma melhor
cobertura da extensão
e. Produzir môdulos de treinamento da integracão de mensagens de HIV/SIDA nas
mensagens agrárias da extensão
f. Providenciar ao pessoal de extensão com conhecimentos, habilidades, material de
extensão e estratégias necessárias para educar os agricultores sobre HIV/SIDA em
relacão às ameaças à segurança alimentar
g. Criar melhor coordenação com organizações civis, ONGs e outras instituições
governamentais

300
h. Incorporar assuntos do HIV/SIDA nos programas da investigação
i. Providenciar treinamento em desenvolvimento da comunidade, género,
comunicação para o desenvolvimento e métodos participativos
j. Providenciar informação sobre questões legais (leis sobre herança)
k. Providenciar treinamento na gestão da dieta (educacão nutricional) para
resistência à doença
l. Providenciar informação, cultural e socialmente apropriada, sobre transmissão e
prevenção do HIV/SIDA

301
GÉNERO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Integrando Género na adaptação às Mudanças Climáticas


Mensagem principal
• As relações que a sociedade estabelece entre homens e mulheres e a divisão social
do trabalho entre eles colocam muitas vezes as mulheres em posições de
desvantagem.

• As relações de género demarcam as responsabilidades de homens e de mulheres a


partir do agregado familiar, bem como o acesso ou não aos recursos naturais e à
autoridade na tomada de decisões.

• O fenómeno das mudanças climáticas é uma séria ameaça para todas as formas de
vida do planeta, com impactos adversos sobre o ambiente, saúde humana,
segurança alimentar, actividades económicas, recursos naturais e infra-estruturas.

• Têm impactos directos nos papéis das mulheres devido a função que elas
desempenham na agricultura e segurança alimentar, busca de água e lenha para a
sobrevivência da família e consequentemente na saúde dos membros da família e
da comunidade. Os impactos das mudanças climáticas degradam o meio
ambiente, provocando inundações e terras secas, a salinização e contaminação das
águas, a erosão dos solos, a destruição de infra-estruturas, entre outras. Devido
aos papéis que a mulher desempenha na família, ela e as filhas são obrigadas a
percorrer longas distâncias para encontrar água limpa, lenha, etc, tirando-lhes o
tempo que poderiam dedicar-se mais aos estudos e ao seu desenvolvimento
pessoal. O atraso da época chuvosa e a escassez das chuvas constrange a mulher
que tem de encontrar meios alternativos para alimentar a família, pois sem chuvas
não se pode cultivar as machambas. Portanto, quanto mais o clima muda, maior
será a sobrecarga de trabalho para as mulheres.

Detalhes
No contexto das mudanças climáticas a prioridade é a adaptação e mitigação, de modo a
que se potencie as comunidades para conviver com as novas características que se
impõem ao clima devido ao aquecimento global, garantindo a segurança alimentar, a
saúde e higiene ambiental e acima de tudo a capacidade para reduzir a pobreza nas
comunidades mais pobres.

Uma das formas de adaptação às mudanças climáticas é promoção de sistemas de


captação e armazenamento de água das chuvas. A captação da água de chuva através dos
telhados é uma solução prática e confiável para o abastecimento de água potável. A água
da chuva normalmente precipita limpa e é livre de poluição e, se captada atraves das
caleiras e armazenada em cisternas, pode suprir as necessidades de uma família durante
todo o ano.

302
O tamanho do reservatório (cisterna) deve ser determinado pela necessidade de consumo
e a duração máxima do período de estiagem (seca).

Qual a quantidade de água precisa armazenar?

Esse resultado pode ser obtido facilmente com este simples cálculo:

Consumo diário por pessoa X no de pessoas X Máximo de dias sem chuvas =


Necessidade de armazenamento.

Informaçoes úteis

No caso específico da agricultura seria importante que fossem promovidas acções como:

• A diversificação de culturas no que toca a produção alimentar;


• O fortalecimento da participação da mulher nas associações de produtores;
• O estímulo das mulheres agricultoras na participação das feiras agrárias;
• A promoção de troca de experiências com outros agricultores;

A promoção da produção familiar, em especial nos espaços em redor das casas,


utilizando a diversificação de culturas como a estratégia para a minimização dos riscos e
para a garantia da segurança alimentar e nutricional das famílias.

303
Agricultura e Comércio
Internacional, Limitada.
Empresa Moçambicana
constituída a 10 de Junho
de 1998, cujas principais
áreas de actividades são:
AGRICULTURA
Líder no fornecimento de
Agroquímicos para as culturas
de : Algodão, Cana de Açúcar,
Nampula:
Citrinos, Tabaco, Chá, Arroz, Rua da Vigilância. 53
Hortícolas, etc. Tel: 26 212445
Fax: 260214482

SAÚDE PÚBLICA
Controle do Vector da Malária e
Pragas Domésticas.

VETERINÁRIA
Carracicidas e Medicamentos

FERTILIZANTES
Adubos (macro e micro-
elementos), correctores de solo Beira:
e água. Rua General da Rocha,
1547
Tel/Fax: 23 328656
EQUIPAMENTOS DE
PULVERIZACÃO
Para Agricultura, Saúde Pública
e Uso Veterinário.

ASSISTÊNCIA TÉCNICA E Maxixe:


Av. 25 de Setembro
CONSULTORIA Frente a Praça do
Promoção de Cursos de Município
Tel: 29 356055
Formação na Utilização, Fax: 29 330142
Aplicação e Manuseamento de
Agroquímicos, Identificação de
Pragas e Serviços de
Consultoria Agrícola. Maputo:
Av. 25 de Machava:
Setembro Av. Das Industrias
Edifício Time Parcela 409
Squere Tel: 21 752202/3
Bloco 2, 1o Andar Fax: 21 752204
Tel: 21 303433
Fax: 21 303665

304
305
BIBLIOGRAFIA

Manual de formação em agronomia, MARRP, Maio, 1993

Manual para a formação de farmeiros, MAP,

Extension Education, Dr. A. Adivi Reddy

Extensão Rural – Manual de referência, Burton E. Swanson, FAO 1991

Metodologia de extensão agrária, Luís Augusto, DNDR, 1993

Escola na Machamba do Camponês: uma metodologia de aprendizagem participativa,


FAO 2009

Normas Técnicas Elementares Agrícolas, Unidade de Direcção Agrícola, 1982

Fertilizers and their use, FAO, International Fertilizer Industry Association, 2000

Maneio da cultura da batata – Ficha Técnica no 1, António Pignatelli Vasconcelos e


Carvalho Carlos Ecole, Agrifocus 2009

Maneio da cultura do tomate – Ficha Técnica no 2, António Pignatelli Vasconcelos e


Carvalho Carlos Ecole, Agrifocus 2009

Horticulture, Package of Practices – Andhra Pradesh Agricultural Univesrsity, 1996

Manual de Campo de Agro-Silvicultura, Projecto Ibis de Extensão Rural da Zambézia

Solid Waste Management Fact Sheet No 8, Cooperative Extension Services, KSU

Suplementação animal de ruminantes na época seca, IIAM, Novembro 2007

Agricultura de Conservação, Ficha Informativa no 5 – Comunidades Europeias 2009

Manual de Educação para a Saúde, Setembro 2008 – Ministério da Saúde

306

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