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ASSOCIAÇÃO REGIONAL DE CONVIVÊNCIA APROPRIADA AO SEMIÁRIDO–ARCAS

CNPJ: 00.491.997/0001-20
PRAÇA QUITERIA RIBEIRO, 42 – FONE (75) 3278-1255/2808.
48.410-000 – CÍCERO DANTAS – BAHIA

Manual de Boas Práticas – 04

REALIZAÇÃO
PROJETO BAHIA PRODUTIVA
ASSOCIAÇÃO REGIONAL DE CONVIVÊNCIA APROPRIADA AO SEMIÁRIDO-ARCAS

EQUIPE TÉCNICA
HERCULES ROSÁRIO SANTOS
MURILO CORREIA DOS SANTOS OLIVEIRA
JOAQUIM XAVIER SANTOS

Agosto 2020
ASSOCIAÇÃO REGIONAL DE CONVIVÊNCIA APROPRIADA AO SEMIÁRIDO–ARCAS
CNPJ: 00.491.997/0001-20
PRAÇA QUITERIA RIBEIRO, 42 – FONE (75) 3278-1255/2808.
48.410-000 – CÍCERO DANTAS – BAHIA

Alimentação Alternativa para Aves Caipiras

A criação de aves caipira é uma das cadeias produtivas com investimento do projeto
Bahia Produtiva, no qual é incentivado a produção de carne e ovos para promover
subsistência, segurança alimentar e nutricional além da geração de emprego e renda para
agricultura familiar da Bahia.
A galinha caipira por ser uma ave rústica e capaz de suportar adversidades
climáticas e resistir a algumas doenças, torna-se uma alternativa principalmente para
locais com menor infraestrutura produtiva. Pela qualidade e palatabilidade dos seus
produtos na culinária é considerada como um dos pratos mais apreciados no Brasil. É
criada na quase totalidade dos núcleos agrícolas familiares, alimentando famílias e
gerando renda.
No contexto atual em que se enfatiza a produção de alimentos saudáveis e naturais,
a criação de aves caipira desponta como uma atividade rentável, devido ao valor dos
alimentos produzidos sem agredir o meio ambiente, sem causar sofrimentos as aves, sem
utilização de produtos químicos na sua criação. Dentro deste enfoque, a criação de aves
caipira tem seu lugar de destaque no cenário da produção familiar.

No entanto, para criação de galinhas caipiras, seja com a finalidade da produção de


ovos ou para abate, a nutrição é algo de extrema importância para garantir a produção,
pois um bom desenvolvimento do seu plantel depende de uma boa alimentação das
galinhas e suprimento das necessidades nutricionais das mesmas em todos os seus
estágios de desenvolvimento e produção, otimizando o crescimento, a eficiência
produtiva e a lucratividade da exploração, já que o custo com alimentos representa 75%
do custo total de produção das aves (Hellmeister Filho, 2002). E foi com esse objetivo
que, elaboramos esse material para auxiliar os mesmos na redução desses custos, pois,
talvez seja o maior desafio encontrado pelo agricultor.

Nesse contexto, o agricultor precisa buscar estratégias em relação ao manejo


alimentar dessas aves, por exemplo disponibilizar alimentos provenientes de recursos
disponíveis dentro da propriedade, de forma que consiga promover a integração das
atividades agropecuárias, com o aproveitamento de resíduos oriundos da atividade
agrícola. Tal fato não só permite a redução dos custos de produção, como também, a
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agregação de valores aos produtos, pois utiliza resíduos agrícolas, como exemplo a parte
aérea da mandioca (folhas), que normalmente são abandonados no campo,
transformando-os em proteína animal. Além da parte aérea da mandioca, que é rica em
proteína, é possível se utilizar as raízes de mandioca, suas cascas e crueiras, que são
subprodutos da fabricação da farinha e da goma de mandioca.

Geralmente a alimentação convencional de aves caipiras é uma mistura balanceada,


à base de milho e farelo de soja, além de um núcleo mineral e vitamínico. Contudo, tanto
o milho quanto a soja, são duas matérias primas amplamente utilizadas na alimentação
humana e por isso, seus preços sofrem influência mundial, acarretando na variação dos
valores destes alimentos ao longo do ano. Dessa forma, a busca por alimentos alternativos
que substituam parcial ou totalmente o milho e/ou o farelo de soja na formulação das
rações para aves caipiras, tem sido uma estratégia para driblar essas situações e fornecer
um alimento de qualidade para as aves. No entanto, é necessário que o produtor tenha em
mente, que o princípio básico da nutrição animal mesmo que seja de forma alternativa, é
atender as exigências nutricionais suprindo a demanda da ave em relação a cinco
elementos básicos: energia, proteína, minerais, vitaminas e água.

Dentro dessa dieta de alimentos energéticos temos alguns exemplos de alimentos


alternativos que pode substituir parcialmente o milho, por exemplo o sorgo, raiz de
mandioca, cana de açúcar e batata doce (folhas e tubérculos) já em relação aos proteicos
que pode substituir a soja temos folha de mandioca, moringa, gliricidia, ora-pro-nobis,
grãos de leguminosas (guandu, mucuna, feijão de porco, leucena, fava), e o produtor pode
fornecer hortaliças e frutas como fonte de vitaminas e farinha de osso ou cascas de ovos
como fonte de cálcio.

O produtor não poderá deixar de utilizar um desses alimentos


na formulação da ração.
Ou seja, se o produtor fornecer uma ração com elevado
teor de proteína, e se esta não possuir os níveis
adequados de energia por exemplo, a produtividade
estará comprometida, já que um dos cinco elementos
básicos não foi atendido em sua plenitude, podendo
assim, inviabilizar todo o sistema.
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Nesse sentido, sugerimos a seguir algumas opções de formulações de ração com


alimentos alternativos que o produtor pode confeccionar na sua propriedade de acordo
com suas necessidades e disponibilidade desses materiais.

Sugestão 1: Ração alternativa para


galinha de postura - 50 kg de ração

58% (29 kg) de alimentos que contém energia (sorgo, milho, raiz de mandioca, algaroba).
25% (12,5 kg) de alimentos que contém proteínas (sementes, folha da mandioca, leucena,
gliricídia, confrei, insetos).
2% (1 kg) de alimentos que contém gordura (coco, sementes de oleaginosas como o
girassol).
5% (2,5 kg) de alimentos que contém vitaminas e minerais (restos de frutas e hortaliças).
5% (2,5 kg) de alimentos que contém cálcio (cascas de ovos e farinha de osso)
5% (2,5 kg) de alimentos que contém antibiótico e estimulante (angico, pau ferro, alho,
sementes de quiabo, sementes de jatobá).

Sugestão 2: Ração alternativa para galinha


e frango de corte – 10kg

2,0kg de Milho Moído


1,5kg de Raiz de Mandioca ralada ou triturada
5,5kg de Feijão Guandu
700g de Folhas e Caule da Mandioca
900g de farinha de cascas de ovos ou 500g de
Farinha de Osso
100g de Urucum
40g de Sal Mineral

Sugestão 3: Ração alternativa para galinha e frango de corte – 10kg


2,0kg de Milho Moído
500g de Raiz de Mandioca ralada ou triturada
7,0kg de Leucena
500g de Folhas e Caule da Mandioca
900g de farinha de cascas de ovos ou 500g de Farinha de Osso
100g de Urucum
40g de Sal Mineral
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Sugestão 4: Ração para galinha e frango de corte – 10kg


1,5kg de Milho Moído
500g de Raiz de Mandioca ralada ou triturada
500g de Folha e farelo batata doce
7,0kg de Feijão Guandu
500g de Folha de Mandioca triturada
900g de farinha de cascas de ovos ou 500g de Farinha de Osso
100g de Urucum
40g de Sal Mineral

Sugestão 5: Ração para galinha e frango de corte – 10kg


4,0kg de Milho Moído
500g de Raiz de Mandioca ralada ou triturada
4,5kg de Feijão Guandu
900g de Ora-pro-nobis
200g de Folha de Mandioca triturada
900g de farinha de cascas de ovos ou 500g de Farinha de Osso
100g de Urucum
40g de Sal Mineral

Depois de preparados os ingredientes, para fazer a ração os mesmos devem


ser misturados nas quantidades indicadas até ficar homogêneo. Depois de pronta
a ração deve ser armazenada em sacos, tendo o cuidado de colocá-lo em local
com boa ventilação, alta temperatura, baixa umidade e protegido da chuva.

A alimentação das aves, principalmente as de posturas, precisa de uma variedade


muito grande, para que elas produzam. Quanto mais variada for a alimentação, maior será
a produção de ovos e o rendimento em carne. Além do mais, o criador ao introduzir outros
tipos de alimentos na dieta das aves, tornando uma dieta bastante nutritiva, vai dificultar
o surgimento de pragas e doenças nas mesmas, conferindo mais saúde nas aves. Se tiver
dificuldade de conseguir alimentos verdes na época da estiagem, o ideal é guardá-los na
época da chuva. Podemos secar a sombra folhas de andu, mandioca, confrei, leucena,
feijão, gliricidia, moringa ou outras folhas que as aves gostam de comer e depois guardar
essas folhas já secas, tipo feno, ensacadas. E na época de estiagem triturar, formular as
rações e dar para as aves, conforme as receitas caseiras descritas a cima.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arquivos, Associação Regional de Convivência Apropriada ao Semiárido. Cartilha


Projeto de ATER. Cícero Dantas, 2012.
ARRUDA, A. M. V.; MELO, A. S.; OLIVEIRA, V. R. M.; SOUZA, D. H.; OLIVEIRA,
J. F. Avaliação nutricional do feno de maniva de mandioca com aves caipiras. Acta
Veterinaria Brasilica, v.6, n.3, p. 204-210, 2012.
ALMEIDA, J.; FERREIRA F. J.R. Mandioca: uma boa alternativa para Alimentação
Animal. Bahia Agrícola, v. 7, n. 1, p.50-56, 2005.
HOLANDA, J.S. Manejo e produção de galinha caipira. 2ª ed. rev. Natal, RN:
EMPRN, 72 p, 2002.
Hellmeister Filho, P. Efeitos de fatores genéticos e do sistema de criação sobre o
desempenho e rendimento de carcaça de frangos tipo caipira. Tese de Doutorado,
Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba,
92p. 2002.

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