Moçambique. 4.1 As formações sociopolíticas e o carácter/função da educação.
A educação em Moçambique não teve sempre as mesmas características,
conforme constatou na reflexão que acabou de fazer. Deste modo, considerando a Independência Nacional (1975) como marco referencial, a caracterização da educação em Moçambique pode ser dividida em dois grandes períodos: o período antes da Independência e o período pós- Independência.
A Educação antes da Independência
A história da educação em Moçambique antes da Independência pode ser
dividida em duas etapas relevantes: a educação no período colonial e a educação no governo de transição.
A Educação no período colonial (1845 – 1974)
A educação neste período foi caracterizada pela dominação, alienação e
cristianização. Foi o período em que surgiu a primeira regulamentação do ensino nas colónias, período da Monarquia em Portugal, a 2 de Abril de 1845. A 14 de Agosto do mesmo ano, foi estabelecido um decreto que diferenciava o ensino nas colónias e na Metrópole e criava as escolas públicas nas colónias.
Um dos maiores marcos da educação colonial em Moçambique é a vigência
de dois subsistemas de ensino, nomeadamente:
Ensino Oficial – para os filhos dos colonos ou assimilados;
Ensino rudimentar – para os chamados “indígenas”- os nativos.
A educação no Governo de Transição (1974-1975)
Este período é consequência dos acontecimentos destacados nos anos
anteriores. Por exemplo, a fundação da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), em 1962, permitiu o desencadeamento da luta armada para a libertação nacional, na sequência da qual, com os Acordos de Luzaka em 1974, condicionou o surgimento do Governo de Transição. Assim, uma das razões que leva à consideração deste período prende-se com o facto de que grande parte das transformações no campo educacional aplicadas a nível nacional teve como origem as experiências levadas a cabo pela FRELIMO e resultam da visão deste movimento sobre o modelo de sociedade pretendido e os princípios defendidos durante a Luta Armada.
A FRELIMO implementou um tipo de escola ligada ao povo, às suas causas e
interesses. A educação realizada nestas escolas era essencialmente política e ideológica, uma vez que estava condicionada pelos factores que têm a ver com a natureza revolucionária da luta conduzida pela FRELIMO.
A educação pós - Independência
Ao longo deste período, o sistema educativo sofreu várias reformas que
tinham em vista adequar a formação dos moçambicanos aos contextos sócio- políticos, económicos e culturais, marcado pelo alcance da Independência, em 1975. Neste período, destacam-se como principais marcos: o surgimento da lei 4/83; da lei 6/92; e da Lei 18/2028.
4.2 Finalidades e objectivos da educação em Moçambique em diferentes momentos
históricos.
Finalidades e objetivos da educação moçambicana em diferentes períodosda história
Antes do período colonial Antes do período colonial a educação moçambicana era marcada por um caracter tradicional,em que os conhecimentos eram transmitidos de geração em geração dentro das comunidades,de modo que os valores morais, sociais, culturais e religiosos, conhecimentos, técnicas e práticas acumuladas na prática produtiva fossem retransmitidos às novas gerações.Essa transmissão de conhecimentos era fruto de uma prática de educação não-formal einformal visto que a definida formal reúne requisitos que nesse período não se dispunham.Todos os membros das comunidades tradicionais eram responsáveis pela boa conduta dasnovas gerações, devendo por isso reprimir qualquer comportamento incorreto de qualquercriança, independentemente de ser parente ou não. Em base essa educação tradicional era decaráter pragmático pois intencionava essencialmente a aquisição de conhecimentos práticoscomo: praticar atividades socioeconómicas (cultivar, caçar, construir, etc.), atividadesculturais (dança, iniciação a vida adulta, respeito a entidades, etc.), técnicas de autodefesa,noção de medicina tradicional, etc. Era caracterizada também pelos ritos de iniciação, pelodogma, pela superstição e magia, preparação para aceitar a exploração como lei natural eassim reproduzi-la no seu grupo etário, na família, na sua tribo, etnia e raça. Durante o período colonial A educação durante o este período foi mais formalizada e marcada por objetivos, que eram: Preparar os colonos petizes à direção política e econômica do país, para a formação deuma elite, num contexto caracterizado pela oposição entre o trabalho manual eintelectual; Civilizar, ou seja, proporcionar o aprendizado da língua portuguesa e dos rudimentosda religião católica, competências para os trabalhos rurais e manuais, de modo que o povo nativo se tornasse como que ‘instrumentos’ e unificar culturalmente os povos; Promover o abandono de práticas tribais e a progressiva, lenta e limitada aproximaçãoaos valores da civilização europeia.Esses objectivos eram assegurados pela seguinte estrutura do ensino: Ensino de adaptação, destinado aos indígenas (compreendendo três anos, comingresso aos 10 anos); Ensino primário comum - oficial, missionário católico, missionário estrangeiro e o particular – (de 4 anos com ingressos aos 7 anos) destinados a população branca,mestiça e assimilada, subdividida em: Ensino normal indígena (3/4 anos); Escola doMagistério, (ingresso com 5º ano liceal mais 2 anos); Ensino Técnico elementar de 2anos; Ensino Técnico profissional