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RESUMO
O Presente artigo aborda um estudo acerca das questões referentes à relação entre
aluno e professor e a influência dessa relação no processo de ensino e
aprendizagem. Este projeto foi elaborado a partir da observação dos reflexos que as
relações afetivas entre professores e alunos se apresentam na aprendizagem. A
metodologia utilizada para a elaboração deste artigo foi a pesquisa bibliográfica, por
meio da qual pretende-se verificar as teorias já publicadas acerca desse tema. O
referencial teórico abordou a importância da relação professor aluno, o aluno
enquanto sujeito na construção do conhecimento, o professor no processo de ensino
e aprendizagem e a afetividade e a aprendizagem na referência de Miriam
Abramovay, Mônica Ribeiro Silva, Cláudia Mara Almeida, Kátia Cristina Dambiski
Soares e Ana Maria Lakomy, assim como os documentos do MEC como base de
estudos. Os resultados obtidos demonstraram a necessidade de se dar mais
atenção para as relações que se estabelecem entre professor aluno no sentido de
promover aprendizagens significativas para os sujeitos que estão em processo de
desenvolvimento na escola.
1 INTRODUÇÃO
O assunto abordado neste artigo se refere à influência da relação
aluno-professor no processo ensino-aprendizagem, tendo como objetivo observar
em que medida a relação desses sujeitos influencia na construção do conhecimento
e de que forma a afetividade nessa relação pode promover a melhora na
aprendizagem desses sujeitos.
A partir da observação de que há necessidade da análise mais detalhada de
quais fatores interferem ou favorecem a construção do conhecimento pelos alunos,
1
Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Ensino. Graduada em Letras Língua
Portuguesa e Respectiva Literatura pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Gravataí.
Pós-graduada em Educação para a Diversidade – UFRGS. Pós-graduada em Psicopedagogia e
Tecnologias da Informação e Comunicação – UFRGS. Pós-graduanda em Orientação do Trabalho
Pedagógico, Orientação Educacional, Supervisão e Gestão Escolar.
2
Matemático, Neuropsicólogo, Especialista em Educação Especial e Especialista em Educação das
Relações Étnico-Raciais. Professor Orientador do Centro Universitário Internacional UNINTER.
surge a necessidade deste estudo que tem como objetivo refletir sobre a relação
professor-aluno-conhecimento. Em que medida a relação entre professor e aluno
influencia no processo de construção do conhecimento? Segundo Freire, “a prática
educativa é: afetividade, alegria, capacidade científica e domínio técnico a serviço da
mudança” (FREIRE, 1996, p.161), conceitos indissociáveis que tornam o fazer
pedagógico importante na construção da sociedade e que evidenciam a importância
de repensar as relações que se estabelecem entre professor e aluno.
O estudo do aluno enquanto sujeito na construção do seu conhecimento
correlacionado à identificação do papel do professor no processo de ensino e
aprendizagem, a que se referem os itens 3 e 4 deste artigo, evidenciam a
importância dada a uma educação “que forme pessoas solidárias e sujeitos
participantes da transformação de si mesmos, de suas próprias vidas e destinos, de
seus outros e dos mundos sociais em que vivem” (ARROYO, 2012. p.49) tornando
as aprendizagens escolares significativas para suas vidas.
Os conceitos de afetividade e aprendizagem apontados nesse artigo são
relacionados como partes importantes do processo educativo nas escolas
contemporâneas. Conforme afirma Rogers, “a aprendizagem espontânea que
envolve a personalidade do aluno em sua totalidade - sentimentos e intelecto
imbricados – é a mais profunda e duradoura. (ROGERS, 2010, p.21). Em relação ao
professor, o mesmo autor afirma que ”ele deverá levarem conta tanto as questões de
ordem intelectual quanto as afetivas, esforçando-se por dar a estes dois tipos de
reações a importância de que elas se revestem para cada indivíduo e para o grupo.”
(ROGERS, 2010, p.22). Para tanto, registra ainda que “na sala de aula, o formador
prestará atenção constantemente para detectar reações afetivas profundas ou
violentas. Estas manifestações devem ser acolhidas com compreensão e devem
suscitar uma reação claramente expressa de confiança e de respeito. ” (ROGERS,
2010, p.22).
Nesse sentido se dá a importância desse estudo, elaborado a partir da
observação do cotidiano da escola e da revisão de literatura relacionada, com vistas
a favorecer um melhor desenvolvimento dos sujeitos nela envolvidos. Para tanto, a
seguir será feito um aporte teórico dos assuntos pertinentes às questões tratadas.
A relevância desse estudo evidencia-se na observação da necessidade de
ampliação da promoção de uma relação mais afetiva entre professor e aluno, com
vistas a envolvê-los de forma integral em atividades que relacionem os saberes
desses sujeitos, trazendo significado aos estudos para os alunos. De acordo com
Lakomy: “Henri Wallon desenvolveu uma teoria psicogenética na qual a dimensão
afetiva ocupa lugar central no processo de aprendizagem” (LAKOMY, 2014. p.50).
Evidenciam-se algumas dificuldades para colocar em prática essas teorias ao
se deparar com a realidade das escolas, as dificuldades encontradas na profissão
dos professores, bem como a realidade de dificuldades de algumas famílias dos
alunos, que trazem para o dia-a-dia das escolas demandas que ultrapassam os
limites de possibilidades de atuação dessas instituições.
Portanto, para que haja melhor relacionamento entre professor e aluno, uma
alternativa é que os professores reconheçam todos os jovens que estão na sala de
aula enquanto sujeitos de direitos de aprendizagens, independente das habilidades
e dificuldades que eles tenham, assim como é importante que não haja classificação
entre eles como bons e maus alunos.
Como mediador no processo de ajuste entre esses indivíduos, temos o
Orientador Educacional. De acordo com o Decreto Nº 72.846 que regulamenta o
exercício do Orientador Educacional, faz parte do rol de atribuições deste
profissional:
Para que isso aconteça, são necessárias estratégias de ensino que superem
a mera transmissão de informações e avaliações que privilegiem a memorização.
Colocar o aluno como protagonista no processo de aprendizagem requer que as
dinâmicas de trabalho sejam a articulação de saberes e habilidades entre os
estudantes e entre os estudantes e os professores. Quanto à seleção das práticas
pedagógicas, Silva afirma que “tais processos devem enfatizar o pensar e promover
a interação entre os saberes docentes e os saberes discentes. ” (SILVA, 2013.
p.109)
Nesse sentido, o texto da Lei das Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica, quando trata da formação de professores para o Ensino
Fundamental, cita Paulo Freire ao expressar que “as ciências devem estar
associadas à discussão de técnicas, de materiais e de métodos para uma aula
dinâmica; é preciso, indispensável mesmo, que o professor se ache repousado no
saber de que a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano” (FREIRE,1996.
P.96).
Sobre os sujeitos e o processo educacional, Silva afirma que:
Além disso, muitas das crianças e jovens que estão nas escolas não têm um
modelo de comportamento referencial que não sejam os professores ou demais
profissionais que estão na escola. Principalmente quando se refere a escolas
públicas, muitos alunos tem o professor como único adulto que seja modelo de
educação a ser seguido ou porque os pais têm uma jornada de trabalho que os
impede de participar da vida dos nossos alunos, ou porque esses estão em situação
de abandono. De acordo com Brandão:
Educadores são aqueles que, mais do que “ ensinar o que não se sabe”,
criam os cenários de reciprocidades que fazem fluir entre comunidades
aprendentes de/entre pessoas, o saber que, antes de ser apropriado
individualmente, existe e flui para ser coletivamente construído e
compartilhado. O educador é um elo de reciprocidades, um profissional
especializado em não permitir que aquilo que deve ser conhecido como um
saber fique restrito. A experiência da educação é, em sua vocação mais
singular, a aventura de criar múltiplas situações em que algo que venha a
tornar-se um dom de troca. (BRANDÃO, 2012.p.53)
5 A AFETIVIDADE E A APRENDIZAGEM
A teoria psicogenética de Henri Wallon afirma que a dimensão afetiva ocupa
um lugar central no processo de aprendizagem, sendo essa teoria fundamental no
desenvolvimento pessoal e cognitivo dos indivíduos. Henri Wallon afirma que a
inteligência e a aprendizagem se desenvolvem juntas desde os primeiros anos de
vida (LAKOMY, 2014. p. 50)
A relação de afeto entre os sujeitos envolvidos no processo de construção do
conhecimento, portanto, é um fator importante a ser considerado. As crianças
aprendem melhor quando sabem que seu professor gosta delas. De acordo com
Silva:
6 METODOLOGIA
A metodologia de pesquisa deste artigo foi de cunho qualitativo e tratou-se de
pesquisa bibliográfica baseada, inicialmente, na legislação que orienta o trabalho
docente nas instituições de ensino. Ainda, leitura seletiva, crítica, analítica e reflexiva
das publicações listadas nas referências deste artigo como objetos de estudo. Assim
como análise crítica e reflexiva das situações vivenciadas ao longo do exercício da
profissão docente nas escolas de Educação Básica em que trabalhei e também das
conclusões tomadas acerca da percepção em relação à convivência com o corpo
docente e discente dessas escolas.
A seguinte definição de metodologia é apresentada por Severino:
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração desta pesquisa permitiu uma maior compreensão da
importância de ajuste das práticas pedagógicas que valorizem uma relação mais
afetiva entre alunos e professores, com vistas a tornar as atividades escolares mais
significativas para eles. Quando os alunos percebem que têm seus interesses
valorizados nessa relação, tornam-se mais receptivos, favorecendo o aprendizado.
Mesclar práticas tradicionais e contemporâneas, com o reconhecimento dos
estudantes enquanto sujeitos de uma sociedade digital, valorização dos momentos
com atividades diversificadas, inserção das tecnologias da informação e
comunicação e construção conjunta entre alunos e professores de uma relação mais
harmoniosa pode trazer melhorias em diversos aspectos do aprendizado desses
estudantes.
Considerando que se trata da relação entre os sujeitos envolvidos no objetivo
de promover o desenvolvimento dos jovens presentes nas escolas, valorizar essa
relação no sentido de desenvolver relações mais afetivas, adaptar as atividades
escolares às mais novas tecnologias, modernizando as formas de ensinar e
aprender contribui para uma ressignificação do conceito de estudar e de escola
presentes até então. A partir da observação pelo viés da Orientação Educacional,
em que os sujeitos em processo de aprendizagem estão em constante
desenvolvimento, com a promoção de relações mais afetivas e empáticas,
professores e alunos têm a possibilidade de se desenvolverem e assim contribuir
para uma escola adequada às exigências contemporâneas da sociedade.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Miriam. O Be-a-bá da intolerância e da discriminação. Revista
Unicef.cap.02. 2002. Disponível em:< www.unicef.org> Acessado em: 19/03/2017.