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Angola

Duma forma inicial, dizer que mesmo levando em conta o peso das palavras e no momento
histórico em que foram proferidas, é possível relacionar directamente o impacto do
surgimento da literatura angolana ao surgimento da luta contra a dominação portuguesa.
Portanto, se não foi u, projecto considerado a priori pelos intelectuais angolanos, certamente a
literatura teve papel decisivo na construção de uma identidade para a nação que se formava,
como uma extensa historiografia. Neste sentido, é importante ressaltar que a cultura, base de
identidade nacional, abriga em seu interior grandes diferenças, sendo, portanto, um campo de
conflitos onde diversas matrizes culturais entram em contacto, sendo assim, dentro de um
mesmo sistema cultural, pode haver, articulação, apropriação ou conflito, de maneira que
tratar o campo cultural de forma monolítica e homogeneizada acaba reduzindo a
complexidade da questão.

Apesar da valorização de um património cultural considerado legitimamente angolano ser


cara aquela geração literária, foi através da língua portuguesa que o movimento dos Novos
Intelectuais de Angola se manifestou, sendo poucos os artistas que utilizaram as línguas
faladas em Angola nas suas obras. Entretanto, uma constante entre intelectuais que
compunham o movimento era a valorização das línguas faladas no território angolano,
principalmente do quimbundo, como pode ser observado nas palavras de Agostinho Neto,
que denunciou a pouca importância dada aos elementos das culturas próprias dos povos
angolanos, apontando este aspecto como uma das causas de a cultura portuguesa ser tão
poderosa em Angola.

Angola é um país constituído por várias etnias e comunidades histórico-culturais, que


interagem num rico e diversificado património cultural. Dessa forma, o multiculturalismo em
Angola não deve levar a padrões culturais preestabelecidos, é importante procurar um
equilíbrio entre os padrões culturais existentes na sociedade. Com isso, possibilita-se o
contacto e a compreensão de padrões culturais da minoria étnica que habitam o território
nacional angolano.
Dessa forma, pensar em multiculturalismo é pensar sobre identidades plurais que executam as
sociedades e que garantem a representação e valorização dessas identidades em espaços
sociais. Sendo assim, o conceito de identidade é compreendido como composição, realizada
nas diversas esferas sociais. A produção literária é base comunicacional, possui uma função
social, acompanhando as transformações socioeconómicas por que vão passando as
sociedades, é por meio da produção literária que as expressões, significados e relatos se
formam, possibilitando o aparecimento da literatura.

Cabo Verde é um país com uma cultura e um povo magníficos. No entanto é necessário
mostrar a todos a enorme riqueza que possui em particular levar até São Vicente essa
possibilidade, uma vez que carece absolutamente de um espaço que, possa constituir um
equipamento indispensável de afirmação e promoção cultural, com o intuito de beneficiar a
generalidade dos que habitam e trabalham na cidade, especialmente a juventude que são os
que no futuro poderão dar continuidade aos feitos e cultura cabo-verdianas.
A cultura de Cabo Verde possui características singulares. É “mestiça”, como a sua
população, numa das misturas mais originais e criativas do continente africano. No período
colonial, a pintura não teve particular expressão. Segundo o Instituto das Comunidades de
Cabo Verde, esta ganha relevância após a independência do país, altura em que a cultura
autóctone foi incentivada. Vieram “gritos de liberdade e de busca de raízes, na qual imperou
a febre do nacionalismo revolucionário”, que se reflectiram nesta forma de expressão. Com a
abertura do país ao mundo, a pintura evolui, ganhando rasgos de modernidade e dinamismo.
No entanto não é somente apenas a pintura que reflecte a vida e as raízes do país, também o
artesanato espelha o quotidiano da população assim como o teatro e a música.

S. T. Príncipe
A cultura santomense está em tudo ligada às suas raízes históricas, em resultado de uma
profunda aculturação que se deu da coexistência de povos de várias proveniências no mesmo
Território. É certo que deste profundo envolvimento entre diferentes culturas terá surgido
uma nova. Às muitas influências europeias, sobretudo portuguesa, juntar-se-iam as culturas
da costa africana, do Brasil e das outras ilhas do Atlântico. É difícil, por isso, definir uma
única identidade cultural santomense. Aventuramo-nos agora nesta árdua tarefa, na certeza,
porém, de que o que distingue a noção de património cultural da de cultura é a forma como a
primeira se manifesta na representação da cultura, através da conservação e da transformação
do valor dos elementos culturais. Da cultura não podemos patrimonializar nem conservar
tudo, daí que o património cultural seja só uma representação simbólica da cultura, e por isso
mesmo, dos processos de selecção, negociação e delimitação dos significados.
Consoante o período histórico, assim se regressou mais ou menos às raízes africanas, ou se
permitiu a construção de um espaço que desse lugar à influência de culturas estrangeiras. Em
momentos de repulsa ou revolta, como sentido na época de 60, pelos movimentos pan-
americanista e negritudista, o fluxo identitário, pautado por um regresso às origens,
contrastaria com o que viria a ser, mais tarde, um princípio que, embora baseado na
africanidade não rejeitaria, porém, uma construção entre a cultura nacional e a influência
estrangeira. A são-tomensidade, configura-se, então, na construção da identidade cultural
santomense, acorrendo aos seus diferentes estágios constitutivos.

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