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Duma forma inicial, dizer que mesmo levando em conta o peso das palavras e no momento
histórico em que foram proferidas, é possível relacionar directamente o impacto do
surgimento da literatura angolana ao surgimento da luta contra a dominação portuguesa.
Portanto, se não foi u, projecto considerado a priori pelos intelectuais angolanos, certamente a
literatura teve papel decisivo na construção de uma identidade para a nação que se formava,
como uma extensa historiografia. Neste sentido, é importante ressaltar que a cultura, base de
identidade nacional, abriga em seu interior grandes diferenças, sendo, portanto, um campo de
conflitos onde diversas matrizes culturais entram em contacto, sendo assim, dentro de um
mesmo sistema cultural, pode haver, articulação, apropriação ou conflito, de maneira que
tratar o campo cultural de forma monolítica e homogeneizada acaba reduzindo a
complexidade da questão.
Cabo Verde é um país com uma cultura e um povo magníficos. No entanto é necessário
mostrar a todos a enorme riqueza que possui em particular levar até São Vicente essa
possibilidade, uma vez que carece absolutamente de um espaço que, possa constituir um
equipamento indispensável de afirmação e promoção cultural, com o intuito de beneficiar a
generalidade dos que habitam e trabalham na cidade, especialmente a juventude que são os
que no futuro poderão dar continuidade aos feitos e cultura cabo-verdianas.
A cultura de Cabo Verde possui características singulares. É “mestiça”, como a sua
população, numa das misturas mais originais e criativas do continente africano. No período
colonial, a pintura não teve particular expressão. Segundo o Instituto das Comunidades de
Cabo Verde, esta ganha relevância após a independência do país, altura em que a cultura
autóctone foi incentivada. Vieram “gritos de liberdade e de busca de raízes, na qual imperou
a febre do nacionalismo revolucionário”, que se reflectiram nesta forma de expressão. Com a
abertura do país ao mundo, a pintura evolui, ganhando rasgos de modernidade e dinamismo.
No entanto não é somente apenas a pintura que reflecte a vida e as raízes do país, também o
artesanato espelha o quotidiano da população assim como o teatro e a música.
S. T. Príncipe
A cultura santomense está em tudo ligada às suas raízes históricas, em resultado de uma
profunda aculturação que se deu da coexistência de povos de várias proveniências no mesmo
Território. É certo que deste profundo envolvimento entre diferentes culturas terá surgido
uma nova. Às muitas influências europeias, sobretudo portuguesa, juntar-se-iam as culturas
da costa africana, do Brasil e das outras ilhas do Atlântico. É difícil, por isso, definir uma
única identidade cultural santomense. Aventuramo-nos agora nesta árdua tarefa, na certeza,
porém, de que o que distingue a noção de património cultural da de cultura é a forma como a
primeira se manifesta na representação da cultura, através da conservação e da transformação
do valor dos elementos culturais. Da cultura não podemos patrimonializar nem conservar
tudo, daí que o património cultural seja só uma representação simbólica da cultura, e por isso
mesmo, dos processos de selecção, negociação e delimitação dos significados.
Consoante o período histórico, assim se regressou mais ou menos às raízes africanas, ou se
permitiu a construção de um espaço que desse lugar à influência de culturas estrangeiras. Em
momentos de repulsa ou revolta, como sentido na época de 60, pelos movimentos pan-
americanista e negritudista, o fluxo identitário, pautado por um regresso às origens,
contrastaria com o que viria a ser, mais tarde, um princípio que, embora baseado na
africanidade não rejeitaria, porém, uma construção entre a cultura nacional e a influência
estrangeira. A são-tomensidade, configura-se, então, na construção da identidade cultural
santomense, acorrendo aos seus diferentes estágios constitutivos.