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Gergely A. J. Szabo Rr cla aro ps ora Teixeira % J = & 328 DeciFRANDO A TERRA termo igneo tem sua raiz no latim és, ¢ refere-se Aquilo que tem sua origem no fogo, (ou Seja, rochas ipneas sio aquelas cuja formagio se den a altas temperaturas, a partir de matéria mineral fundida em grandes profundidades € qu: extravasa a superficie do planeta através dos wuledes, de maneira espetacular. Sabemos que todo material as vezes, sélido tem © seu ponto de fusto: € apenas uma ques to de quanta energia, «jue temperaturas Sao necessirias para liquefazer um material sido qualquer. Nas fur: digée , © minério a partir do qual se deseja extrairalgum metal ~ ferro ou cobre, por exemplo ~ é colocado em grandes fornos, aquecido a temperatur altas (da ordem de 1,000? €), até que todo o material se funda, quando ocorre a separacio entre um liquido metilico € um outro, de composi¢io geralmente silicdtica. FE um exemplo pritico de como materiais geol6gicos sélidos, como rochas € minérios, que sio agregados de minerais naturais, podem se fundira tem- pperaturas elevadas. O mater al fundldo em partes profundas 0 interior da Terra, que denominamos magma, pode deslocar: se no interior da crosta, em diregio a regides de menor pressao. A medida que o magma se desloca para regi Ges mais “frias”, perde calor ¢ © consoli es minerais que constituitio as ro- chas igneas ou magmiticas (Cap. 2). Os processos de i, transporte, modificagdes no percurso ¢ con- solidagao de magmas sto complexos ¢ exigem cristalizando as fi pera conhecimentos de fisica e quimica para o seu estudo, Mas pata que serve o estudo das rochas ignea Por que nos empenhamos em compreender a sua or gem e descrever suas caracteristi s fisicas € quimicas? A resposta é miltipla. Em primeito lugar, desde os seus primérdios, a civilizaeio dependeu dessas rochas para sua sobrevivéncia e seu desenvolvimento. As pri- ferramentas, de pedra lascada ou polida, eram manufaturadas predominantemente a partir de rochas fgneas finas ou vitreas, como a obsidiana. As rochas fgneas etam as preferidas para construc fins (pedras de moinho, por exemplo), pela sua alta nica e estrutura macica. Importantes jazidas minerais de ouro, prata, chambo, cobre, c#0- € outros resistencia m mo, diamantes, entre outras, tiveram sua origem em processos magmiiticos © so exploradas ha milénios. \ importancia das rochas igneas para a sociedade eres cou concomitantemente ao seu desenvolvimento: hoje, volumes enormes de rochas fgneas sio extraidos para a produgio de materiais de construgio ¢ para fins ornamentais (Fig, 16.1), ao passo que jazidas de miné rios de origem magmatica sio exploradas em todo 0 p. 21). AAdicionalmente, as propriedades mecanicas das rochas igneas tornam-nas ideais para cobras de engenharia, eeservatdrios subterrineos de Agua 01 petréleo, ou mesmo para a instalagio de depésitos de rejcitos radioativos, entre outras aplicagbes. Por fim, 0 estudo das rochas igneas tem como propésito o entendimento do mundo em que vive mos, tentando satisfazer a curiosidade humana que as aos fatos da natureza. Como as ro- sio a cl se de rochas predominante na crosta da Terra, perfazendo mais de 71 lume, constinuem o arcabougo de toda rquitetura” crustal, ¢ a compreensio da constituicio, origem € evolueao do nosso planeta seria impossivel sem 0 seu estudo. Fig. 16.1 Blocos de granito desiinados & preporacao de pla: cas pora revestimento de edificios, pronlos pare expertacéo, Foto: N. R. Riega Neste capitulo, serio apresentados 0s conceitos fundamentais da Petrologia ignea, o ramo da Geolo- fia que estuda a origem Serio tratados tGpicos como a procedéncia € as caracteristicas das rochas igneas consolidagio dos magmas a partir dos quais se for mam as rochas fgneas, os diversos ambientes em que estes magmas podem se consolidar, € as caracteristi cas mineralégicas e texturais/estruturais que a diversidade comp ‘com o ambiente de cristaliza ional dos magmas, combinada 10, imprimem as rochas fgneas, Serio apresentadas com maior destaque as ca racteristicas das rochas igneas intrusivas, uma vez que ‘os fendmenos geradores das rochas vulednicas ou extrusivas, bem como muitas das suas caracteristicas serio discutidas no Cap. 17. A Sienitos do Macico de lata, Parque Nacional do Ilatioia [RI/MG/SPI. Foto: E.R. Toth 16.1 Magma: Caracteristicas € Processos de Consolidagio 16.1.1 O que é magma? A palavra magma provém do grego e refere-se originalmente a uma massa ou pasta, como a utilizada no preparo do pio. Na geologia, magma € qualquer material rochoso fundido, de consisténcia pastosa, que apresenta uma mobilidade potencial, e que, ao conso- lidar, constitui as rochas igneas (ou magmiticas). O ‘magma que extravasa 4 superficie, formando os der rames vulcinicos, reccbe a denominagio mais especifica de lava, uma vez que, durante 0 processo vuleinico, sofre algumas importantes modifieagdes fisico-quimi- cas (devolatilizagao, re es de oxi-redugio), que 3 diferenciam do magma retido € cristalizado em pro- fundidade Magmas apresentam altas temperaturas, da ordem de 700 a 1.200°C, e sao constituidos por: 4) uma parte liquida, representada pelo material rochoso fundidos b) uma parte sélida, que corresponde a minerais ja cristalizados © a eventuais fragmentos de rocha transportados em meio 2 porco liquida; € ©) uma parte gasosa, constituida por volateis dis- solvidos na parte liquida, predominantemente HO e CO, A consisténcia fisica de um magma, que se reflete na sua mobilidade, ¢ fungao de diversos pariimetros: com. posicio quimica, geau de cristalinidade (em que proporcio © magma contém material jé cristalizado), teor de voliteis dissolvidos € temperatura em que se encontra. Esta consisténcia fisica, que implica maior ‘ou menor facilidade de fluir sob tensdes cisalhantes, € definida pela viseosidade, medida em poises. Magmas pouco viscosos, logo, mais fluidos, como os basilticos (wiscosidade aproximada de 10° a 10° poises) sam com facilidade, € formam corridas de lava como sxtrava as do Havai (Cap. 2), que podem estender-se por de- zenas de quilometros. Magmas mais viscosos, como 6 tioliticos (viscosidade aproximada: L(f 10” poises), tem dificuldade até mesmo para extravasar, forma do freqiientemente “rolhas” que entopem os condutos, vuleiinicos, © que provoc aumento de pressio por Capituto 16 * RocHas conta do magma e gases que vio se acumulando aba xo do edificio vulenico, Quando a pressio interna supera o peso do material sobrejacente, ocorrem os fendmenos de vuleanismo explosivo (Cap. 17). A te aco entre viscosidade ¢ composicio dos magmas sera discutida mais adiante 16.1.2 Sobre a origem dos magmas Evidéncias sobre © ambiente € condigdes de gera io de magmas sio fornecidas por dados geofisicos Principalmente os sismicos ¢ geotérmicos, pelos frag mentos de rocha — xendlitos ou nédulos (Fig, 16.2) transportados pelos magmas desde as suas regides de origem, ou ainda por estudos de petrologia experi mental que procuram reproduzir em laboratério as condigdes formadoras de magmas ¢ definir os parimetros termodinamicos correspondentes, Os ‘magmas se originam da fusio parcial de rochas do manto na astenosfera, ou do manto superior ou cros ta inferior na litosfera (Cap. 4). A fusio pode ser provocada pelo aumento da temperatura, por alivio da pressio confinante a que estio submetidas estas rochas, pot variagdes no teor de fluidos ou, como ocorre mais comumente, por uma combinacio des- ses fatores, A Fig, 16.3 ilustra gencricamente a fusio de rochas em condicdes extremas: em sistemas saturados em agua © em sistemas anidros. As curvas solidus represcntam 0 inicio da fusio, quando entio coexiste o liquido getado pela fusao com 0s minerais ainda no fundidos, A medida que o processo de fu: sdo avanga, a proporcio liquido/sdtido aumenta, até que, em uma situacdo ideal, todos os minerais da ro: Fig. 16.2 Nédulo peridotitico em rocho vlednice alcalina, Nemby, Paraguai. Foto: G. A.J. Saabs. cx) St ee oy cha geradora tenham sido fundidos. Nesse ponto, 0 sistema ultrapassa a curva Aiguidus, passando a consti- tuir-se apenas na fase liquida, Ou seja, a temperaturas abaixo da curva solidus, a rocha geradora encontra-se inteiramente sida; a temperaturas entre as curvas solidus ¢ liquidus, coexistern, em proporcoes variaveis, em fun- Pressdo (P) Fig. 16.3 Diogroma Px T [Presséo x Temperatura) com os ccunvas solidus e liquidus para sistema saturado em égua pora sistema anidro. ERE sors ene Aechew magmas wroniicor EE ono enero HE estov rope HE oxigen ace SRE tcc rtorsicon NE ques boce io da temperatura ¢, conseqtientemente, do grau de fusio, liquido e os minerais ainda nao fundidos; a tem- pperaturas acima da curva liguidus, passa a existir apenas a fase liquida, estando todo o sistema fundido. E importante frisar que nfo existe um “oceano de magma” continuo por baixo da litosfera: 0 compor- tamento reolégico anémalo (mais “plistico”) da astenosfera, indicado pelas ondas sismicas, deve-se a perda da rigidez das rochas que constituem a astenosfera, em fungio das altas temperaturas, mas no estado fundamentalmente s6lido. Conforme ilustra- do na Fig. 164, 08 sitios de formacio de magmas concentram-se em locais especificos na astenosfera ou ra litosfera em funco dos mecanismos tectOnicos res- ponsiveis pelas variagdes nos parimetros fisicos que controlam o processo de fusio das rochas, Assim, nas dorsais meso-ocednicas, 0 manto quente é conduzido [para regidies mais rasas através das células de convec¢i, softendo descompressiio € produzindo, por fusio parcial, o grande volume de magma basiltico que ali- menta 0 vulcanismo das dorsais meso-ocednicas e que JA nos arcos de dii origem a crosta ocednica (Cap. 6). J itha e nas cadeias de montanhas das margens conti- nentais convergentes, os magmas andesiticos sio produzidos pela fusto da crosta ocefinica conduzida leniame ethos Gensricor Dorel Mao: Oeainin ie {ine de pose rote Weorsme bosico oe I 2 seianore sare onan Fig. 16.4 Secdo esquemtico da crosia / manto (astenosfera/ ltosfera, indicando « localizagéo dos sitios formadores de magmas no modelo de Tecténica de Placos. para o manto, onde as temperaturas io maiores, por meio dos mecanismos de subduccio. Nas grandes cadeias de montanhas, a parte inferior da crosta conti- rental chega a atingit profundidades da ordem de 40 450 quil6metros, com 0 conseqtiente aumento de tem. peratuta, que pode ultrapassar a temperatura de inicio de fusio das rochas constituintes da base da crosta, de modo a gerar os magmas de composigio granitica. Adicionalmente, sitios anomalamente aquecidos, de origem muito profunda, podem desenvolver-se no manto, denominados plumas mantélicas, que trazem calor das partes mais profundas do manto € produ- zem fusio parcial localizada, gerando tipos caracteristicos de magmas basilticos, a exemplo das ilhas vulednicas do Havai, no Oceano Pacifico. Os Caps. 6 17 trazem informages adicionais desse tipo de atividade ignea. 16.1.3 A viagem ¢ chegada dos magmas aos seus sitios de consolidagio (© magma, uma vez gerado, tende a deslocar-se na crosta em direc30 4 superficie, por apresentar densi- dade menor do que as rochas sobrejacentes. O deslocamento de um magma no interior da crosta ¢ complexo ¢ variado, em fungio da sua constituigio © da estruturagio das rochas ao seu redor. Sempre que possivel, magmas ascendem através de grandes falhas ¢ fraturas, Quando estas descontinuidades no se en- contram disponiveis, formam-se bolsdes de magma em forma de gigantescas “gotas invertidas” ou “ba- loes” (didpiros), da ordem de virios quilometros cdbicos, que se deslocam por fluxo plistico em meio as rochas sobrejacentes. Freqiientemente, 0 bolsio de ‘magma forca as rochas encaixantes, as vezes quebran- do-as e englobando seus fragmentos. Quando ha fusio, € assimilagao dos blocos capturados, podem ocorret modificagoes na composigio quimica do magma ori- ginal, outras vezes, A medida que o bolsio de magma se move para cima, vai fundindo a rocha encaixante, ¢ que também pode implicar significativa transforma io na composi¢io quimica original do magma, dependendo do tipo de rocha atravessado. Fim muitos easos, grandes volumes de magma “es- tacionam” a determinadas profundidades e fornecem ‘material para manifestagoes vuleiinicas na superficie por periodos da ordem de dezenas de milhares de anos (Cap. 17). Nestes casos, sio denominados edmaras magmiaticas, cuja presenca e dimensdes podem ser aferidas indiretamente por estudos geofisicos. Desses si- Me rca (Om tios, o magma é conduzido a superficie através dos con tos magmiticos ou vuleinicos, que podem apresentar geometria ¢ complexidade vaniiveis, gerando uma gran- de gama de formas de ocorréncia de rochas magmaticas, conforme sera discutido mais adiante. 16.1.4 Quais sio 0s constituintes dos magmas? ‘A composigio de um magma depende de varios fatores: ) da constituicio da rocha geradora; b) das condigdes em que ocorreu a fusio desta r0- ccha e da taxa de fusto correspondente; ¢ ©) da historia evolutiva deste magma do seu local de origem até o seu sitio de consolidacio. Magmas tém, majoritariamente, composi¢ao silicitica, em consonancia com a composicio predo- minante da crosta ¢ do manto terrestre; porém, magmas carboniticos ¢ sulfetados também sio co: ahecidos. Em outros planetas e seus satéites também podem existir magmas de composigdes muito diver sas, como demonstrado pelos vuledes sulfurosos de Venus e de Io (uma das luas de Jupiter). Os principais componentes dos magmas siliciticos tna Terra sio, além de O e Si, o Al, Ca, Fe, Mg, Na, K, Mn, Tie P. A composigao quimica de rochas e magmas é indicada, por convengio, com os elementos consti tuintes apresentados na forma de dxidos. A vatiagio composicional dos magmas, assim como das rochas fpneas, é deserita principalmente por seu teor de silica, que indica a porcentagem em peso de $iO,, O espec- tro composicional dos magmas silicaticos € muito amplo, e praticamente continuo em termos do teor de silica; porém, dois tipos de magma se destacam amplamente pela sua abundancia na crosta terrestre silo 0 magma granitico, com teores de silica superio- res a 66%, € © magma basiltco, com teores de silica centre 45 ¢ 52%, Alguns pesquisadores acrescentans it terceito tipo de magma, o magma andesitico (teor de silica entre 52 € 66%), por sua freqiéncia ¢ ambiente de colocagio especifico na crosta (Fig, 16.4). Em ter- mos de volume estimado, porém, os magmas graniticos ¢ basilticos sio nitidamente preponderan- tes, Composigdes médias de tochas representativas dos trés tipos de magmas — respectivamente granitos andesitos c basaltos — sio apresentadas na Tabela 16.1 ilustradas, a titulo de comparagio, na Fig; 16.5, Kxy Me OE Te ae Tabela 16.1 Exemplos de composi¢éo média de rochas igneas conso- lidadas a partir de magmas graniticos, andesiticos e basdlticos (valores em % em peso). PO eo Ore coed Corey Basaltico Andesitico Riolitico 3 MEM 00+C00 MM 2,0+4,0 IIB ttors dens Fig. 16.5 Diogramas em “pizza”, comparando as composigées médias de magmas granitices, andesticos e basdlticos. 16.1.5 A influéncia da composigio sobre 0 comportamento dos magmas As caracteristicas fisieas dos magmas, como a tem- peratura e a viseosidade, antes mencionadas, estio intrinsecamente relacionadas & composigio dos mes- mos ¢ estas relagdes encontram-se ilustradas na Fig 16.6. Magmas basilticos sio mais “quentes”, com tem- peraturas da ordem de 1,000 a 1.200"C, e tem viscosidacle menor. Ji 0s magmas graniticos sio signi ficativamente mais viscosos e apresentam temperaturas da ordem de 700 a 800°C, A viscosidade de um ‘magma silieitieo aumenta com: a) 0 aumento do teor de silica; b) a reducdo da temperatura; ©) adiminuigao do contetdo de voliteis. Estas relagdes podem ser explicadas através do comportamento dos radicais aniénicos tetraédricos [SIO] ‘que existem nos magmas, € que representam as unidades estruturais funclamentais para a constitui- do reticulo cristalino dos minerais silicaticos formados quando da cristalizagio destes magmas (ver Cap. 2), Essas unidades tendem a se polimerizar, unin- 3 a a 104 Unidades de viscossidade B® 56070 % em peso de SiOz Fig. 16.6 As relacces entre composig6o {teor de silica, tem: peratura e viscosidade dos principais pos de mogmos, Carituto 16 * Rochas Ioneas 333 em estruturas progressivamente mais comple- medida que a cristalizacio de um magma avanca, ‘magmas ricos em silica, esta polimerizagao se dl nas primciras etapas da consolidagio, ¢ em escala mais ampla, produ? extensas cacleias que dificultam 0 fluxo do magma, aumentando sua viscosidade. Fim magmas basicos, com teores de silica menores, essa jgnificativa, nas polimerizacio s6 acontece, em escala tapas mais avancadas da consolidagio, ou seja, nao se formam grandes estruturas polimerizadas que pos sam dificultar 0 fluxo do magma nos estigios inici Nos magmas graniticos, porém, 0 aumento de tem- peratura tende a clestruie as estruturas polimerizadas, diminuindo assim a viseosidade do magma. O aumen- to do teor di similar, tendendo a diminuir a sua viscosidade, Assim, magmas graniticos, ainda que mais viscosos, podem tet sua mobilidade ampliada quando a altas tempe rntarem tcores elevados de gua agua dissolvida no magma tem ef turas, ou quando apres dissolvida. Magmas basdltieos, apesar de apres rem baixos teores de fgua dissolvida, tém no seu baixo contetido em siliea a principal razio para as suas vis cosidades mais baixas, 16.1.6 As razées da diversidade de magmas A variedade composicional dos magmas (e, por consegiiéncia, das rochas igneas em geral) € fruto dos proprios processos geradores de magmas. Magmas diversos sio produzidos em fungio da constituicio da arca-fonte, ou seja, do tipo de rocha cuja fusto produz 0 magma ¢ da taxa de fusio desta rocha gera dora. Contuda, a profundidade em que ocorre a fusio também é um tor importante, que pode influenciar significativamente a composigio dos ‘magmas proclu- Jos. Magmas basalticos so gerados em grandes volumes pela fusio dos peridotitos mantélicos (to- chas constitaintes do formadas predominantemente por minerais ferto-magnesianos, como olivina e piroxénios), principalmente nas rexi- Bes abaixo das dorsais meso-ocednicas, mas eventualmente também abaixo da crosta continental, no manto superior. Ji os magmas graniticos so asso- ciados a fusiio de partes profundas da crosta continental, enriquecida em silica em relagio a crosta oceinica. Magmas andesiticos sto caracteristicos dos arcos de ilha ou de cadeias de montanhas em margens continentais convergentes, como na Cadeia Andina. Por razdes termodinmicas, magmas gerados a partit da fusio parcial de uma determinada rocha-fonte sio KX ee Tide ea tr enriquecidos em silica em relagio A mesma. Assim, basaltos so mais ricos em silica que os peridotitos partir dos quais se formam os magmas basilticos; andesitos apresentam-se enriquecidos em silica quan do comparados aos basaltos de fundo oceanico; ¢ gtanitos, que em muitos casos podem formar-se pela fusio parcial de rochas de composigio andesitica, so ainda mais enriquecidos em silica que estas. A variedade composicional de magmas € ampli da através de processos modificadores de magmas “primarios”, gerados pela fusio parcial das éreas-fonte Estes processos sio diversificados, ¢ sua importincia varia de caso para caso, as vezes de maneira ainda nio pperfeitamente compreendida. © mais importante des tes processos diz respeito A cristalizagio fracionada de magmas, A consolidacio de um magma por cristal zagio € um proceso complexo e, quando em profundidade, demorado. O magma idealmente liqui do encontra-se a temperaturas eleyadas, quando enti todos os seus componentes esto dissolvidos no ma terial fundido. Quando o magma se instala em porgdes superiores mais frias da crosta, perde calor para as rochas encaixantes por conducio, € sua temperatura diminui paulatinamente. Quando a temperatura atinge SERIES DE REACAO DE BOWEN Bey Beco Cristatizagée de alta T? (1.000%) Plagioclésio célico Ortopiroxénio (Fe-Mg) : a (Ca>No) Clinopiroxénio (Ca-Fe-Mg) : No) 1 Anfibtio (Na>ca) Biota Plgioltio sédico Felis potisio (Ortoclésio) corn Min (aoe Cristalizacée err : Quartz (< 600°C) Fig, 16.7 o] As séries de reagao de Bowen. Do lado esquer do, a série descontinua iniio-se com acriiolizagao de olivia subsituide posteriormante pela piroxénio sub-céleico (ensiati. ou pigeonitel, e prossegue com a crisializagao de piroxénio cAlcico (augita efinalmente anfilioe biota. Do lado direito, © série continua, representade pelo grupo do plagiaclésio, O plagioclésio inicial & mais céleice [onertita © bytownit, to: nando-se pavlatinamente mais sédico (olgecldsio ov olbite nos liquides residuals). Esta varia¢do compesicional ao longo da cristazagéia do magme pode estor registrada nos padres de zoneamento dos cristais de plogioelasio; b) Cristal de plagiodésio zonado. Foto: S.R. F Viach um determinado valor critico, inicia-se a eristalizagio magmatica: formam-se germes cristalinos, mimiseu- los micleos de eristais, de formas vazadas, esqueletais, As vezes até plumosis, que crescerio para constituir as faces minerais da rocha ignea resultante. Nos estigios iniciais da cristalizagio magmitica, as diferentes fases_ minerais nio cristalizam concomitantemente: algumas formam-se primeiro, & 6 depois que a composigaio do magma remanescen- te tiver sido apreciavelmente modificada pela extragio estas primeiras fases, e sua temperatura tiver diminu- ido ainda mais, € que as demais fases minerais irio se juntar As que ja se encontram em processo de cristali- vagio, ou mesmo iio substitutlas neste processo. A seqiiéncia de cristalizacio resultante € definida por parimetros termodindmicos, ¢ depende fundamen- talmente da composi¢ao do magma inicial. A seqiiéncia ideal de cristalizagao dos minerais foi originalmente estabelecida para magmas basilticos pelo petrélogo experimentalista N. L. Bowen, em 1928, nas Séries de Reagio de Bowen, ilustradas na Fig, 1 € possivel obter, a partir de um magma “primério” basiltico, toda uma série de rochas igneas, desde as ultrabasicas (ou peridotiticas) até as acidas (ou graniticas), utilizando para tanto processos de fracionamento do magma basiltico original durante a sua cristalizacio. E importante frisarmos que as Séries de Reacio de Bowen representam um modelo gené- rico ¢ simplificado ilustrativo de um proceso natural muito mais complexo € que, portanto, deve ser util zado com cautcla na interpretacdo da cristalizagio de qualquer corpo magmatico. ‘Teoricamente, sxemplos reais da geracio de rochas composicio- rnalmente variadas através da cristalizagio fracionada de um mesmo magma antecessor podem ser encon- trados nos complexos estratiformes nos quais, a partir de magmas originalmente basilticos, sio gerados pe- ridotitos, ricos em olivina e piroxénios, pelo acimulo estes minerais nas partes inferiores da cimara mag- mitica, gabros, constituidos de plagioclisio cilcico € piroxénios, pela cristalizaczo do magma basiltico mais ou menos modificado, e anortositos, pelo acimulo de plagioclisio, Exemplos brasileiros de complexos deste tipo sto, entre outros, os macigos méfico-ultra- mificos de Niquelindia e Canabrava, em Goiis, A ctistalizacio fracionada é apenas um dos meca- nismos que permitem a obtengio de magmas composicionalmente modificados a partir de um magma original qualquer. Outros exemplos possiveis CONT Re loa UK de processos modificadores de magmas que, em muitos casos, adquirem importancia até maior que a cristalizagio fracionada sio a mistura de magmas ori- ginalmente diferentes, a imiscibilidade de magmas, ¢ a assimilacio de rochas dos condutos magmiticos du- ante a sua ascensio, ou ainda das rochas encaixantes apés o alojamento no sitio de consolidagao final. Na mistura de magmas, magmas de composigdes distin- tas, mas gerados em um mesmo contexto tectonico, podem ter contato durante a sua ascensio na crosta © misturar-se em proporgdes diversas, gerando todo um espectro de composicdes intermediatias. Na imiscibilidade de magmas, durante a evolu volume de magma originalmente homogéneo, podem separar-se fragdes imisciveis (como digua € 6leo), € cris talizar em separado, produzindo estruturas muito particulares nas rochas geradas. A assimilagio de ro: chas acontece quando 0 magma abre caminho para avangar na crosta rumo A superficie, ¢ pedagos das rochas encaixantes sio incorporados a0 magma, sen- do “digeridos” pelo mesmo, que conseqtientemente sofre mudancas na composi¢lo em fungio da nature- za edo volume da rocha assimilada de um 16.2 Variedade e Caracteristicas das Rochas igneas 16.2.1 A variedade das rochas igneas Como vimos antes, magmas apresentam vatiagies ‘composicionais significativas em funcio de sua génese € dos processos modificadores que podem ocotrer durante a sua cristalizacio, A variedade composicional das rochas jgneas é conseqiiéncia natural da variedade composicional dos magmas a partir dos quais se con- solidaram. Hi tipos de rochas igneas mais comuns, que ocorrem em volume significativo, como constitu- intes fndamentais da crosta: granitos ¢ basaltos sio (08 mais representativos. Outros tipos sio mais raros, ocorrendo em sitios geoligieos particulares ¢ em vo- lume reduzido, as vezes como verdadeiras curiosidades, geolégicas, como é 0 caso, por exemplo, dos ccarbonatitos, Estas rochas sio cristalizadas a partir de magmas de composi¢io carbonitica (predominam minerais como a calcita e a dolomita), ¢ nao silicitica, ‘como a maioria das rochas igneas. Sua importincia cconémica esté em poderem alojar importantes jazi das de fosfato, como as de Cajati, no Vale do Ribeira (SP) e de Tapia (MG), além de outros bens minerais, como em Araxi (MG), onde se localiza a maior jazida de nidbio do mundo (Caps. 8 ¢ 21) A composicio quimiea de uma determinada to- cha teflete-se nas espécies minerais constituintes e na pe i entre as distintas fuses mineraic. Um dos parimetros fundamentais para a caracterizagi composicional de rochas igneas € 0 teor de silics mencionado anteriormente. Segundo este pariimetro, as rochas igneas podem ser subdivididas em écidas, com teor de silica superior a 66%, intermediicias, com teor de silica entre 66 © 52%, bisicas, com teor de 45% € ultrabisicas, quando o teor de silica é inferior a 45%, Granitos (Fig, 16.8 a ¢ b) andesitos, basaltos (F 6.8.0) e gabros (Fig, 168 d) e peridotitos (Fig, 16.2) sfio, respectivamente, represen- tantes tipicos de cada categoria Nas rochas dcidas, a abundancia em silica resulta na cristalizacio de quartzo, que representa 0 excesso de silica, ou silica livre, nfo incorporada ao reticulo dos demais minerais silicaticos. Em rochas bisieas, 0s teores reduzidos de silica implicam aumento concomitante no teor dos demais componentes qui micos, notadamente Mg, Fe ¢ Ca, 0 que resulta na abundancia de silicatos ricos nesses elementos, como olivina, piroxénios, anfibélios, e eventualmente biotita, denominados, coletivamente, minerais maficos, ou cafémicos (de Ca-Fe-Mg), que apresentam caracteris- ticamente cores escuras (Fig. 16.8 d). Em rochas écidas e intermediisias, predominam amplamente os minerais falsicos, de cores elaras, ¢ com altos teores de Si, Al, Nace Kk, representados principalmente pelos feldspatos ¢ feldspatoides, alem do proprio quartzo (Figs 16.8 a eb). 2) Granito: roche intrusiva dcida maciga, faneritica ‘equigronular média, Cope Bonito, SP | Bosalto: rocha wulednica bésica maciga, ofentica. Bacia de Parans ronito: rocha intrusive écida maciga, porirtica, com mo: 2 fonertica, Piedode, SP Fig. 16.8 Quadro de amostras |, Fotos: G. A, J. Szabé. dd} Gobro: recha intrusive bésica mociga, foner Core RR rR (co CR Outras relacdes composicionais importantes io aquclas que dizem respeito as proporgées entre silica (SiO.) ¢ alumina (AIO), © a0 contetido em alealis (Na,O e KO). Rochas muito ricas em Alealis apresen~ mm composicdes mineralégicas peculiares, com minerais méficos de Na e K, e sto denominadas ro- chas alealinas. Quando 0 teor de ALO, é elevado, cristalizando minerais ricos em Al, falamos de rochas peraluminosas. Fim alguns casos, 0 teor de silica no magma em cristalizagio € insuficiente para garantir a incorporacio de todos os iilcalis ¢ alumina disponiveis aos feldspatos ¢ cristalizam, adicionalmente, minerais ditos “insaturadh em silica”, como os feldspatdides Estes minerais sio incompativeis com teores mais ele- vados de silica, quando entao cristalizam normalmente os feldspatos em seu lugar. Rochas que contém s rochas insaturadas em silica ou, abreviadamente, rochas insaturadas. feldspatoides si0 alcalinas, denomina 16.2.2 Como inferir a composigao quimica a partir da composi¢io mineralégica Um parimetro muito util na caracterizacio composicional expedita de rochas igneas € 0 indice de cor (M), que diz respeito & proporsio entre mine- ris mificos e félsicos, ¢ & definido pelo niimero puro correspondente ao percentual de minerais méficos na constituicao volumétrica de uma rocha ignea qualquer. Segundo este parimetro, as rochas igneas podem ser subdivididas em hololeucocriticas (M < 10), leucoeriticas (M entre 10 ¢ 30), mesocriticas (M entre 30 © 60), melanocritieas (ou maficas - M entre 60 € ‘Textura (ou matrix) janeritica 16.9 As relagées entre Indice de cor, teor de silico, rachas igneas mais comuns (excluindo as alcalinas). 90) ¢ ultramelanocraticas (ou ultraméficas - M > 90). De maneiza simplifieada, pode-se referir apenas 4 chas leucocriticas, se houver amplo predominio de minerais félsicos, ou rochas mificas, quando os mine- icos forem os mais abundantes. Ha uma correlacio genérica entre tcor de silica ¢ indice de cor das rochas igneas, como ilustrado na Fig, 16,9: rochas Acidas a intermediasias sio, em geral, leucoeritiens (ou félsicas), enquanto rochas basicas sio melanocriticas (ou mificas), ¢ rochas ultrabésicas, na sua maioria, sio ultramelanocriticas (ou ultramficas). 16.2.3 Como interpretar 0 ambiente de consolidago de uma rocha ignea \. composigo mincralégica das rochas igneas é 0 quesito fundam ental para a sua nomenclatura ¢ classi -agio petrografica,¢ relaciona diretamente cada rocha ignea com a composigao do magma a partir do qual se consolidou. Para uma nomenclatura ¢ classificacio petrognifica completas, porém, € necessario acrescen- tar informacdes sobre o ambiente € a historia da consolidagao de cada rocha. Estas informagoes po- dem ser obtidas a partir das texturas ¢ estruturas apresentadas pelas diversas rochas fgneas, que se de- senvolvem em resposta direta 20 ambiente no qual um determinado magma finalmente se aloja ¢ se con- solida, Textura diz. respeito as caracteristicas € relacoes, centre as fases mincrais constituiintes de uma determi nada rocha: suas dimensdes absol habitos ¢ formas, seus padroes de arranjo, ¢ é defini a, normalmente, em es ‘em escala microscépica. Esteutura diz resp € relativas, seus ala de amostra de mio ¢/ou » a0 ar Rochas Peridotito —piutenicas 90> om am >icitamadnas>fe Bésicas >< Ulrabdsicas > composigée mineralégica e ambiente de cristalizacdo pore os cht et eer Ge 9} Obsidiana (vidro wulednico). } Basalto vesicular / omigdoloidal. Bacia do Parané. Fig. 16.10 Quodro de omostras Il. Fotos: G. A. J. Szabé ranjo de porgdes distintas de uma rocha (por exem: plo, se a focha é banda a) bem Zomo suas feigdes macroscépicas a mesoscépicas (observada em escala de amostra de mio a escala de afloramento), sem entrar no mérito das relagdes entre os constituin- tes fundamentais, os minerais. Os contrastes texturais mais evidentes sio os que ‘ocorrem entre rochas consolidadas em ambiente vul- cinico (a superficie da crosta, na forma de derram ‘ou muito préximo & superficie, em condutos vulcéni- @ consideréveis, na forma de corpos cos) € rochas consolidadas no interior da cros profundidad intrusivos). No caso das rochas consolidadas em am- biente vulcinico, ou sub-vuleinico raso, a profundidades poueas centena de derrames, a lava superiores a algumas dezenas ou de metros, 0 magma — ou, no caso perde calor rapidamente, e sua ) Pegmatito de turmalina granito, textura fanertica grosso a muito grossa. Perus, SP d) Pomice consolidagao ¢ acelerada, Em muitos casos, esta con solidagao ¢ tao rapida, que nao ha tempo suficiente para o surgimento dos germes cristalinos, ou para o desenvolvimento adequado de minerais a partir deles, © © produto final do processo de consolidagao é um vidro vulednico, como a obsidiana (Fig, 16.10 a). Em outras situagdes, a consolidagio pode se dar por cris- talizagio total ou parcial. Quando o resfriamento é rapido, um grande mimero de germes de cristalizagio é formado em um curto intervalo de tempo, sem que haja uma difusio adequada dos componentes em di- Formam-se assim regio aos sitios de cristal cristais diminutos e em grande quantidade. Ja em ro: chas consolidadas a grandes profundidades, ha um contraste de temperatura menor entre © magma rochas encaixantes que, adicionalmente, constituem iso- lantes térmicos muito eficientes. Isto diminui a perda de calor do magma, fazendo com que sua consolida- io tenha duragio longa. Derrames de lava espessos consolidam-se em questio de alguns anos, decénios, ou séculos, quando muito; a consolidacao de corpos magmiticos intrusivos pode prolongar-se por alguns milhares, ou até dezenas de milhares de anos. Por con- ta da cristalizagio lenta, a difusio dos componentes em magmas alojados em profundidade € muito mais cficiente e, portanto, desenvolvem-se minerais de di- (© desenvolvimento das fases minerais pode ser afe- rido através do grau de cristalinidade € do grau de visibilidade de uma rocha ignea. O grau de cristalinidade diz respeito a participacao da fase vitrea como const tuinte representativo de uma rocha vuleinica. Rochas isentas de vidro, constituidas essencialmente de fases cristalinas, os minerais, sio holocristalinas. Rochas cons- tituidas predominantemente de vidro vulcinico si0, denominadas vitreas (Fig. 16.10 a). Jé o grau de visi lidade diz respeito a0 tamanho absoluto dos constituintes minerais. Em rochas de granulagio mui- 10 fina, os cristais so praticamente imperceptiveis a olho nu, ou mesmo @ lupa manual; neste caso, diz-se que a rocha apresenta textura afanitica (Fig, 16.8 c). ‘Quando os constituintes minerais tém dimensdes que permitem individualiz4-los a olho nu, ou mesmo identifici-los, a rocha passa a ter textura faneritica, Cee eee ee ara as rochas faneriticas, fala-se ainda em rochas de granulagio fina, quando os constituintes, apesar de perceptiveis, sio diminutos, de dimensdes sub- rmilimétricas, ¢ rochas de geanulacio média (Figs. 16.8 ae d), quando os constituintes tem dimensdes da or- dem de até alguns milimetros. O termo pranulacio grossa € empregado quando os constituin do entre 0,5 ¢ 3,0 em. A granulagio tipica dos pegmatitos (Fig, 16.10 b), com os minerais individuais tendo tamanhos da ordem de varios cent metros, decimetros, ou até metros, em alguns casos. possuem dimei muito grossa O grau de cristalinidade € grau de visibilidade po- dem ser correlacionados ao ambiente de consolidagaio de uma rocha ignea (Fig. 16.11). Rochas portadoras de vidro vuleénico em qualquer proporgao formam- se 4 superficie, em ambiente vulednico. Rochas holocristalinas afaniticas indicam cristalizagio rapida a superficie, em derrames, ou proximo a superficie, em dutos alimentadores dos mesmos, ou ainda em corpos intrusivos rasos associados. Rochas faneriticas finas sio geralmente também associadas a ambientes vulednicos / sub-vuleinicos, como constituintes das partes centrais de derrames espessos ou de corpos igneos intrusivos de dimensdes reduzidas. Ja rochas faneriticas médias e grossas desenvolvem-se tipica mente em corpos intrusivos profundos, de dimensdes expressivas. No caso dos pegmatitos (Fig, 16.10 b), Fig. 16.11 Diogrome esquemético mostrando as formas de ocorréncia de rochas magmaticas (derrame,sil, dique, botélito, stock, neck vuledinico, diques radiois e lacdlito) 340 DeciFranvo a TERRA © cre cimento exagerado dos minerais é devido a fatores adicionais, como uma grande riqueza em flui- dos ¢ elementos de alta mobilidade, e no ao tempo € protundidade de cristalizagao propriamente ditos. Podemos também reconstituir a histéria da crista io de uma rocha ignea a partir das dimensdes relativas entre as suas fases minerais. Magmas que cris- talizam em um tinico episédio, diretamente no seu sitio final de alojamento, tendem a produzir constituintes com dimensdes da mesma ordem de grandeza, sejam cles muito finos, finos, de granulagio média ou gros sa. JA magmas que iniciam sua cristalizagio em um determinado ambiente, softem novo transporte, ¢ ter- minam sua consolidaga0 em um ambiente distinto do inicial. im geral registram isto através da existéncia de uma geracio de cristais de dimensdes superiores 4s dimens6es dos demais constituintes. Quando todos 8 constituintes tém dimensdes de mesma ordem de grandeza, a textura é dita equigranular (Figs. 16.8 a € d). Ja quando hi uma geracio de eristais que sobressai na textura por apy demais constituintes por pelo menos uma ordem de geandeza, a textura é designada porfiritica (Fig. 16.8 b) € 0s cristais de tamanho avantajado sio denomina- dos fenocristais, enquanto os demais, de dimensdes rar dimensdes superiores as dos inferiores, constituem a matriz, Dependendo do am- biente em que a consolidagio é completada, a matriz de uma rocha com textura porfiritica pode ser vitrea, initica, ou faneri fina, média ou até grossa. 5 estrututis das rochas fgneas também sio impor- tante fonte de informacoes sobre o seu ambiente e hist6ria de consolidacio, Geralmente, a estrutura de rochas igneas € maciga, uma vez que magmas tendem a se alojar € consolidar em regimes isentos de tensdes; exemplos desta cstrutura sio as amostras das Figs. 16.8 a e d. Ha, porém, cstruturas indlicativas de flaxo, tanto em rochas vulcéni- cas como intrusivas: as lavas cordadas (buboel¥e) so um exemplo do primeiro caso (Cap. 17), enquanto a orien ldspato em sicnitos exemplifica © segundo, Em rochas vuleinicas, hd uma série de estruturas associadas aos proce: fluxo © solidificagao das lavas. Estruturas indicativas de escape de pases sio as vesiculas (quando vazias) ¢ as amigdalas (quando preenchidas por minerais tardios, como variedades cristalinas e cripto-cristalinas de silica, carbonatos, zedlitas, etc. - Fig, 16.10 c). Derrames basiilticos, como os da Bacia do Parani, apresentam fireqtientemente topos vesiculares/amigglaloidais, Rochas com alto volume de vesiculas sio denominadas tagio de cristais tabulares de os de extrusio, escoriiceas, Ji os puimices representam um tipo part: cular de rocha vuleénica com alto indice de vazios produzidos por escape de gases, com uma estrutura es Ponjosa / celular, onde os septos entre os vazios sio de material vitreo muito delgado (Fig, 16.10 d), 16.2.4 Dando nomes as rochas igneas A nomenclatura de rochas igneas é definida, como jd mencionado, com base na mincralogicas © nas suas texturas. Os critérios de no- menclatura sto padronizados internacionalmente pela sistemitica adotada pela IUGS (International Union of Geological Sciences — Uni Geolégicas). Esta sistemitiea € também conhecida como Nomenclatura de Rochas [gn Streckeisen, em homenagem ao gedlogo sui L. Streckeisen, que propds a adogao de eri mundialmente unifieados de nomenclatura para as rochas igneas. Segundo esta sistema sao subdivididas em vulednicas, quando apresen tam textura afanitica ou vitrea, ¢ intrusivas, quando a textura for faneritica de q nome da rocha € entio definido pela propor observada entre seus constituintes minerai trios, ou pela proporcio entre constituintes minerais inferida através de cri suas composigdes > Internacional das Ciéncias quer granulagio. O majori- ios variados, quan. do os minerais individuais nao forem visiveis. com mais de 90% de mine- Rochas ultramafieas, rais maficos (M>90), sio consideradas 4 parte, € constituem dois grandes grupos principais: os petidotitos, ricos em olivina acompanhada de pro porcdes variiveis de piroxénios, ¢ 0s piroxenitos, nos quais prevalecem os piroxénios, podendo conter um pouco de olivina. Peridotitos sio as rochas constituin- tes do manto da Terra, ¢ servem de fonte para a extragio dos magmas ba ; piroxenitos ocorrem em corpos mifico-ultramaficos estratiformes, forma dos pelo actimulo do piroxénio c do na cimara magmitica. Rochas vulcanicas ultramificas tiveram grande importineia no pasado, no Arqueano (Cap. 23), quando a temperatura mais elevada do manto per mitia maiores taxas de fusio, gerando magmas ricos ‘em Mg que, alcangando a superficie da crosta primiti va, consolidavam komatiitos, rochas peculiares de grande interesse para © estudo da evolugio do manto ¢ da crosta arqueana, portadoras de testuras curiosas (Fig, 16.12), denomi hicos na forma de derrames de Cee eee err rnadas spinijex pela semelhanca que apresentam com uma graminea australiana homénima, Fig. 16.12 Komatiito com textura spinifex. Pium-hi, MG. Foto: G. A. J. Szabé. Rochas 4g feldspatoides ultramificas (M<90) podem ser classi proporedes que apresentam entre seus ;cos: feldspatos alealinos, plagiockisio, quarizo e feldspardides (embrando que quartzo ~ silica cristalina livre ~ é incompativel com a presenca de feldspatcides). A proporcio entre estes constituintes & recalculacla para 100%, ¢ 0 resultado lancado em um dos lois diagramas triangulares de referéncia (Diagrama QEAP Fig, 16.13). O nome-taiz da rocha € obtido a partir dos campos definidos nestes diagramas, e acrescido de infor- ‘maces adicionais julgadas relevantes. Por exemplo, uma rocha com textuta faneritica de pranulagio média, consti tuida predominantemente pelos mineraisfélsicos quartzo, pplagioctisio (com teor do componente anortta em torno, de 20" microclinio) em proporgoes equivalentes seri denomi- nada “granito”, Se este granito tiver quantidades representativas de biotta, € alguns dos seus cristais de feldspato constituirem fenocristais, com tamanho relati- vo avantajado quando comparados aos demais, que oligoclisio) e feldspato alcalino (ortoctisio ou Denominagio dos campos: Ja Quartzolito 1b Granitéide rico em quartzo 2 Alcali-feldspato granito: 3 Granito 4 Granodiorito 5 Tonalito 6 —(Quartzo*) Alcali-feldspato sienito 7 Quarto") Sienito 8 Quartzo*) Monzonito 9 (Quartzo*) Monzodiorito ou monzogabsro 10 (Quartzo*) Diorito ou pabro 6 Alcali-feldspato sicnito com feldspatoide 7 Sienito com feldspatdide 8° Monzonito com feldspatéide 9° Monzodiorito ou monzogabro com feldspatéide 10° Diorito ou gabro com feldspatdide 11 Feldspatéide sienito 12. Feldspardide monzossienito 13, Feldspatdide monzodiorito 14 Feldspatdide diorito ou gabro 15. Foidolito Fig. 16.13 Diogroma GFAP da Sistemética da IUGS (simplificado) pare classificacao de rochas igneos com Indice de Cor (M) ‘= 90.com os principais nomes-roiz pare rochas igneas intusivas. Q quartz; F feldspattide; Afeldspoto alcalino; Pplagioclésb. ‘Obs: Quartzo* — usar o prefixo quando este mineral for superior 0 5%; gabro difere de diorito por apresentar, em geral, M50. cree ate ee tt constituirio portanto a mattiz (Fig, 16.8 b), a sua deno- minagio mais completa seri biotita granito porfirtico, acrescentando importantes informagies mineralogicas ¢ texturais a0 nome-ralz, Para rochas vulednieas, a composiyio mincsakigiea € inferida a partir dos fenocristais, quando presentes (fenocristais de Quartzo indicam elevado teor em silica, Jogo, a rocha seria 0 equivalente vuleanico do granito, denominada riolito), ou pela cor da rocha (rocha curas sio, em geral, mificas; rochas de coloragio avermelhada / arroxeada a acinzentada ou mais clara serio mais félsicas). A classificagio mais acurada de tochas vulcinieas ¢ dificil quando em amostras de mao, necessitando de estudos de microscopia ou anilises guimicas. Macroscopicamente, rochas igneas afaniticas es podem ser chamadas de felsitos, quando apresenta- rem cores claras, e de mafitos, ou rochas basilticas (a0 tido genérico), quando forem escuras, Para rochas com textura faneritica fina, recomen: dase usar 0 prefixo micro(microgranito, microgabro, etc). Tradicionalmente, previa-se uma nomenelatura distinta para rochas com essa textura, consolidadas ge- ralmente em corpos menores, de colocagio pouco profunda. Neste sentido, haveria um tipo de rocha intermedidtio entre o gabro, resultante da consolida- gio de um magma bisico em profundidade, ¢ logo ‘com textura faneritica média a grossa, e o basalto, seu ‘equivalente vulednico, de textura afanitica. A rocha de texturt faneritica fina resultante da consolidagao de um ‘magma bisico em corpos intrusivos rasos denomina- se diabisio, que julgamos necessitio mencionar por tratar-se de um termo firmemente arraigado no linguajar dos geslogos. Uma classificacio simplificada que pode ser util zada de maneira expedita é aquela apresentada na Fig, 16.9, relacionando composi¢io quimica, indice de cor ™, ambiente de cristalizagio de algumas das rochas jgneas mais freqiientes na crosta, Neste di- agrama, a proporcio entre os principais constituintes minerais permite optar entre os nomes granito, granodiorito, diorito, gabro e peridotito para rochas intrusivas, © 05 respectivos equivalentes vulcanicos riolito, dacito, andesito, basalko e, caso particular, komatiito. Nao sio apresentadas, neste diagrama, as rochas alealinas, como sienitos e seus equivalentes vul- cinicos, os fonolitos. Estas rochas podem ser identificadas pela sua riqueza em minerais de Na e K: sienitos ¢ fonolitos, que sio constituidos predominan- text femente por feldspatos alcalinos, acompanhados ou nao de feldspatdides (quando insaturados em silica) ou quartzo (quando supersaturados em silica), além de eventuais minetais maficos portadores de Na e/ow K. Devemos ter em mente, ainda, que este diageama representa uma abstracio, € as relacdes entre os parimetros utilizados podem nao ser tio diretas assim ‘em muitos casos (ha exemplos de granitos mesoera € até melanocriticos, e de gabros leucocriticos, {que sejam rochas menos freqilentes). No entanto, ser- ve como boa aproximacio para uma classic preliminar, desde que utilizado com eritério, dentro das suas limitagdes, 16.3 Rochas Intrusivas: Modos de Ocorréncia e Estruturas A seguir serio deseritas as formas de ocorréncia das rochas igneas intrusivas com maior detalhe. formas de ocorréncia das rochas vuleinicas e suas es- truturas especificas serio consideradas no Cap. 17, Se 0 magma, gerado em profundidade, se conso: lidar no interior da crosta, teremos a formagio de rochas plutonicas ou intrusivas. Dependendo da pro: fundidade na qual o magma se cristaliza, os cospos rochosos gerados pockem ser classificados em: abissais, se a cristalizacio ocorrer em grandes profundidades (mais de 2 km) ¢ hipabissais, se eristalizarem em niveis crustais rasos Os corpos de rochas fgneas incrusivas podem tam- bém ser classificados em relagio fis suas formas (Fig, 16.11), que podem ser alongadas, circulares, tabulares ou mesmo totalmente irregulares. De um modo ge ral, todos os corpos intrusivos so denominados “plutons” e podem ser distinguidos de acordo com seu tamanho € relacio com as rochas encaixantes da crosta. 16.3.1 Corpos intrusivos menores Os corpos intrusivos menores sio representados, pelos diques ¢ sills (ou soleiras), que tém formas ta bulares, pelos lacélitos, em forma de cogumelo ¢ pelos necks vuleénicos. Diques © sis possuem a mesma geometria ¢ a diferenca entre eles esti no modo em que se da a sua intrusdo nas rochas encaixantes. q Os diques S40 formados quando © magma invade as rochas encaixantes através de fraturas ou falhy apresentam uma atitude vertical ou cortam as estrutu- ras originais dessas rochas, sendo po: t0 Fig. 16.14 Dique basico cortando ano B.B.deB, Neves. se rigmattico, Foto: denominades corpos discordantes (Fig, 16.14). Os diques podem ser enormes como, por exemplo, 0 “Grande Dique” na Rodésia que é represeatado por um corpo de gabro com aproximadamente 514) km de comprimento © 8 km de espessura, No entanto, eles também podem ter dimensdes pequenas, de al suns metros ou centimetros. Os diques podem ocorrer isoladamente ou como enxames, Seu tamanho depen de do volume de magma disponivel e do tamanho da fratura pela qual ele percola, Geralmente, os diques sio constituidos por magmas bésieos, que so mais Aluidos © conseguem percolar pelas fraturas € falhas da crosta com maior facilidade, Contudo, diques de rochas félsicas (graniticas) também ocortem, Os sills (soleiras) sto corpos intrusivos tabulares que se alojam com atirude horizontal a sub-hori zontal, paralelamente 4 estratificacio quando as rochas encaixantes forem sedimentares (Fig, 16.15), pelo que so chamados de corpos concordantes, Seu tamanho também é variivel, porém, para um mesmo corpo, a espessura ¢ relativamente const tc. Este fato levou os gedlogos a sugerirem que sills si. formados por lavas bastante fluidas, o que € geralmente observado, ja que a grande maioria dos corpos é constituida de rochas bisicas. A ocor réncia de um sil, por ser um corpo concordante, exige que a camada de rocha sedimentar sobrejacente seja soerguida por igual a uma altura cequivalente & espessura do si/l, Embora isto pareea muito dificil, 0 proceso de soerguimento da ca mada de rocha requer menos energia do que aquela Fig. 16.15 Sil 0s paleozéicos {rochas claras), Represo Roosevel ce ey Fig. 16.16 Disjungao colunar em bosatos de Bacia do Porand: Torres, RS. Foto: R. Machado. necessiria para levar 0 magma até a superficie. Con seqiientemente, os sil se formam preferencialmente em niveis rasos da crosta, proximos a superficie, onde a pressio exercida pelo peso das rochas so- brepostas é relativamente pequena, Um exemplo clissico de um corpo em forma de sf! &o de Palisades nos Estados Unidos. Ele possui cerea de 500 m de espessura e hoje, por causa dos proces sos erosivos, ocorse como um “paredio” na margem dlo rio Hudson, Devido A sua grande espessura ¢ a0 lento resftiamento do magma ele € um étimo exemplo de cristalizagao fracionada, Este sif/ formou-se a partie de um magma rico em componentes dos minerais, olivina, piroxénio e plagioctésio, Como olivina forma se primeiro durante o processo de cristalizacio de Bowen, Fig, 16.7) ¢ € 0 mais denso des. tes mincrais, sofreu precipitacio perfazendo. cerca de 2: » dos minerais presentes na parte basal do silt Préximo a0 topo do corpo, a olivina perfaz apenas 1% da rocha, enguan to o mineral mais leve, © plagioclasio, constitui cerca de 60-70% da mesma, O exemplo deste sil/ diferenciado € importan te para os gedlogos porque confirma os experimentos de laboratério sobre a crista- lizagio fracionada 3 qual alguns magmas si0 submetidos. O resfriamento de corpos igneos tabu- lares, como silse dique de lavas, pode caus: mesmo derrames um padsio distinto de fraturamento nas rochas que os constiru- em, conhecido como disjungao colunat (Fig, 16.16). Este padrio de fraturamento gera prismas colunares com faces (4 a 8, geralmente 6) bem formadas, Isto se di devido a perda répida de calor da lava (originalmente a cer ca de 1,000° C) em niveis crustais rasos, fazendo com que haja uma contracio ¢ formacio das colu ras poligonais, As veres, 0s alk podem se assemelhar muito a corridas de lava soterrada sé que ambos sao tabu lares € podem apresentar disjunga0 colunar. Adicionalmente, pelo fato dos ss se colocarem em niveis crustais rasos, préximo a superficie, sua granulacio é fina e pode ser facilmente confundida com ade derrames basilticos. A distingio entre eles muito impos te quando da reconstitui¢io da historia geoldgica de uma regio. Uma feicao pode auxiliar na identificagio destas estruturas: a parte superior de uma corrida de lava, como jd mencio: nado freqientemente contém vesiculas ¢/ou amigdalas formadas pelo escape de gases enquanto a parte infe rior do derrame mostra sinais de metamorfismo de contato. Jd no caso de um sifl, ambos os limites do corpo, tanto 0 inferior quanto © superior, mostram evidéncias de metamorfismo e o horizonte vesicular amigdaloidal nio ocorre Os lacélitos s20 compos igneos intrusivas, com a forma de um cogumelo, gue podem representar uma ico dos ils, j4 que invadem concordantemente camadas de rochas sedimentares em niveis rasos da crosta. Porém, diferentemente dos sls, 0 lacdlito ar queia as camadas de rocha suprajacentes (Fig. 16.11 para obter espaco para seu alojamento, Outra dife renga é na composicio, uma vez que os lacdlitos si0 Fig. 1.17 Neck wuleénico no Wyoming conhecido como Torre do Diabo, Foto: Dave G, Hauser/Stock Photos, geralmente formados por magmas mais viscosos, Constituem, em geral, corpos pequenos se compara dos aos batdlitos € sua largura € inferior a poucos quilémettos. Necks vulcinicos si0 corpos intrusivos discordan- tes formados pela consolidacio do magma dentro de chaminés vuleinicas, 0s condutos por onde 0 magma sobe ¢ chega a superficie através dos vulcdes. Apds erosio do cone vuleanico, principalmente daquele cons- tituido por material piroclistico mais facilmente crodivel, sobressai na topografia a antiga chaminé, o neck vulcinico (Fig, 16.17), que serviu de alimentador le magma para © vuledo, A partir da parte central da chaminé o magma pode percolar lateralmente preen: cchendlo fraturas e gerando diques radiais (Fig. 16.11). 16.3.2 Corpos intrusivos maiores Os batélitos sio os corpos igneos pluténicos de maior dimensio e possuem uma forma irregular (Fig, 16.11). Como eles se cristalizam em profundidade, somente gracas a erosio é que hoje podem set obser vados a superficie, Seu tamanho pode variar bastante, Convencionalmente, costuma-se chamar de batélitos 08 corpos que apresentam, em superficie, uma drea superior a 100 km*; quando a érea for menor, os cor- pos sio denominados stocks. Os stocks podem ser pparte de batéltos parcialmente erodidos, que com um proceso mais intenso de erosio podem passar a ser totalmente expostos. Ambos, batélitos e stacks, io cor- pos intrusivos discordantes, que cortam as estruturas, das rochas encaisantes. Uma feigio bastante comum nas regides marginais destes corpos é a presenga de xendlitos (Fig, 16.18), que sie fragmentos da rocha encaixante arraneados ¢ englobados pelo magma du- Fig. 16.18 Xenélitas de onfibolito bandado / dobrado em rocha granitica tonalite). Eau Claire, Wisconsin, E. U.. Foto: WLR. Van Schmus. em) rante a sua colocacio na regio em que ini se consol dar. Estes plutons, em va grande maioria, sio constitu fdos por rochas graniticas de textura média a grossa, jf que resfriam lentamente, dando tempo para os mi nerais crescerem. Os batélitos podem atingir até 20 ou 30 km de diimetro © sio corpos com histéria gcolégica complexa, formados em raizes de cadeias de montanhas, Eles podem consist de menores que podem ter idades € composigdes quimi- cas diferentes, representando pulsos magmaticos sucessivos a partir de uma mesma fonte. A colocagio destes pulsos de magma na crosta ocorre através de mecanismos complexos, tal como ja discutide, de ma- neira breve. ios corpos (Outra feigio comum relacionada aos grandes cor- pos graniticos sto os veios pegmatiticos que, geralmente, ocorrem nas bordas dos batdlitos. For ‘mam, igualmente aos batdlitos, estruturas discordantes, ji que cortam as rochas encaixantes. formagio dos pegmatitos se da na fa magma, através da percolagio de solugdes ticas em silica, gua ¢, ocasionalmente, em alguns fons que niio final de resfriamento do centraram na estrutura cristalina dos minerais até entio formados, Estas solugdes so chamadas hidrotermais, a partir delas sao geradas os pegmatitos, constitu dos, principalmente, por quartzo ¢ feldspato potassico ig, 16.10 b). No entanto, em alguns casos, estas soli Ges hidrorermais podem estar enriquecidas por elementos quimicos de interesse econdmico fazendo com que os pegmatitos sejam mineralizados a tungsténio, uraninita, estanho, turmalina, topivzio, ete, como € comum encontrar em Minas Gerais, 16.4 Magmatismo e Tecténica de Placas ‘A grande variedade de rochas igneas esti intima mente associada ao seu ambiente de formacio e este depende dos processos tectOnicos envolvidos ma his toria do Planeta. Como foi visto no Cap. 6 (Te Global), nos diferentes limites de placas atuam pro- cessos tectOnicos distintos, cada qual gerando um magmatismo caracteristico, Existem dois tipos funda- mentais de limites de placas que esto intimamente associados com a formagio de magma: os limites di vergentes e convergentes (Fig, 164). Os limites divergentes, como jé vimos, sio dos por movimentos de extensio da crosta, com co Le aes A ruptura da placa litosférica em fungao do movimento em sentido oposto das placas ¢ ascensio de plumas mantélicas superaquecidas, Esta ruptuta é tio profun- da que 0 magma basiitico gerado pela fusio parcial de materiais rochosos da astenosfeta (os petidotitos do manto) ascende através de sucessivos derrames. O. processo de abértura da crosta e subida de magma dunt milhdes de anos, originando um assoalho oeeinico como aquiele que existe entre os continentes sukamerica no e afficano € que ainda hoje continua a ser formado ‘com uma taxa de crescimento de 2 a 3 em/ano, Os limites convergentes (Cap. 6) sio resultantes da colisio entre placas litosféricas © podem ser de trés tipos: continente-oceano, continente-continente ¢ oce- ano-oceano. Quando ocorre © choque entre placa continental ¢ oceinica, a exemplo do que ocorre na (mais densa) mergu- tha sob a placa continental (rm Cadeia Andina, a placa oceanic 10s densa) num io. Neste limite, ‘os magmas sio gerados pela mistura de ma proceso conhecido como subducca al ori Itica) consumida juntamente com sedimentos marinhos acu ginado da fusio da crosta oceanica (ba mulados na zona de trincheira e da inter: com as taizes da crosta continental (félsica). Esta mistura de componentes origina magmas de composigées varia~ das. As rochas igneas produzidas nas 2onas de subducgio sto mais félsicas (écidas) que aquelas gera- las nas cadeias meso-oceanicas (predominantemente basilticas), termediirio) e, em menor proporgao, © félsico. Os compos de rochas intrusivas com composigdes inter- medirias a dcidas (graniticas) sio consolidados no interior da erosta, ao mesmo tempo que as lavas sto expelidas na superficie através dos vule endo comum 0 vuleanismo andesitico (n- Este vuleanismo, por ocorrer sobre a massa continental, P Durante © pro- entre pliea continental ¢ oceénica forma um arco vuleanico continent cesso de colis’ corre, além de intenso magmatismo, a deformacao, (© metamorfismo © a formacio de cadeia de monta- nnhas causando © espessamento da crosta continental (Cap. 18). Quando duas placas oceinicas se chocam, ha ge- racao de vulecanismo andesitico, formando-se arcos de ihas, como ocorre hoje no Japio. No processo de colisao entre duas placas continentais, o qual pode ser exemplificado pelo choque entre a India ¢ 0 Tibet otiginando a magnifica cadeia de montanhas dos Himalaias,o vulcanismo é pouco significativo, enquan- to 0 pluronismo & mais expressivo, representado por Jeucogranitos formados a partir da fusio da base das crostas continentais, Neste aso, predominam os pro- cessos de metamorfismo € a intensa deformacio das massas continentais envolvidas na colisio. Quito tipo de magmatismo basiltico, similar a0) produzido nas cadeias meso-oceinicas, é encontrado em alguns continentes ou mesmo em ilhas isoladas (Havai), no interior das placas litosférieas, distantes de seus limites. Nestes locais ocorrem volumosos derra mes de lavas que ascendem de grandes profundezas, Alguns pesquisacores sugerem que estas lavas pos- sam ser oriundas do manto inferior, talvez do limite manto-niicleo terrestre. As | Dasilticas chegam 4 superficie através de condutos vuleanicos com a for ma de lipis, também conhecidos como plumas mantélicas. A origem deste magma esti vinculada a pontos quentes (bef pots) no interior do manto, Estes Pontos sio fixos, enquanto as placas litosféricas se movem; como conseqiiéncia, ocorre a formagio de ithas alinhadas, com idades sucessivamente mais jo- vens, ¢ que gradativamente ganham estabilidade a medida que se distanciam do dof spot estacionatio, exemplo do que esti a ca Pacifica, n0 Arqui -ontecendo no interior da Phi lago do Havai. Leituras recomendadas BEST, M. G. Igneous and Metamorphic Petrolagy. New York: W. H. Freeman, 1982. BROWN, G. C HAWKESWORTH, C. J; WIL- SON, R. C. L. Understanding the Earth — a New Synthesis. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, HALL, A, Igueons Petrology. Essex: Longman Scientific & Technical, 1987. HIBBARD, M. }. Peirography 10 Petrogenesis. New Jersey: Prentice Hall, 1995. LeMAITRE, R. W. A Classification of Tgneons Rooks and Gloscary of ‘Term, Oxford: Blackwell, 1989, PRESS, F; SIEVER, R. Understanding Earth (2 Bd), New York: WH.Freeman, 1998. SIAL, A. Nj McREATH, I. Petrolegia Lgnea — Vol. 1. Salvador: SBG/CNPa/Bureau Grafica € Editora, 1984. SKINNER, B. Js PORTER, S. C. Physical Geology. New York: John Wiley, 1987.

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