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I. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalidade apresentar ao professor Luiz Ricardo Trindade
BARCELLAR, professor da disciplina hermenêutica e interpretação jurídica, no contexto do
Trabalho Discente Efetivo (TDE) - Um mundo sem finalidade e sem moral, após assistir um
vídeo de aproximadamente 01:55 (uma hora e cinquenta e cinco minutos).
O referido vídeo abordou a visão de um especialista que abordou de forma muito
inteligente, as complicações da vida moderna em particular sobre as clássicas questões que
assolam o ser humano desde a Grécia antiga.
No meio do vídeo foi aberto para a assistência a possibilidade de debates que foram
conduzidos por debatedores tanto virtuais como presenciais o que abrilhantou sobremaneira
essa atividade.
II. DESENVOLVIMENTO
a. Principais tópicos abordados na palestrante
O autor abordou a teoria socrática bem como os filósofos pré-socráticos em um
mundo de aparência que caracterizam o mundo atual de ilusão.
O livro A República, Livro 7 – O Mito da Caverna abordou o mito das cavernas que
trata do conhecimento como fonte de luz e a falsa ilusão da saída da caverna que nos
impregna da falsa convicção da permanência no interior da caverna para evitar a luz que na
verdade é o conhecimento.
Essa metáfora consubstancia a revelação da verdade em um contexto de conjunto de
valores pessoais e intrínsecos à personalidade de cada indivíduo. Contudo, essa ascensão
ao conhecimento muitas das vezes é traumática e exige muita dedicação e esforço para
fugir da zona de conforto e ingressar no mundo do conhecimento.
Cabe destacar a alegoria que Platão fez de Socrátes convidando Glauco para
distinguir o mundo aparente do mundo verdadeiro o que vem a ser extremamente importante
para a sociedade ocidental, inserido-a no contexto da cultura judaico-cristã.
Esse viés religioso fundamentou a moral religiosa e familiar desde o advento do
cristianismo no mundo ocidental com a conversão de Constantino e posteriormente com o
estudo aprofundado das colocações filosóficas tanto de Santo Agostinho quanto de São
Tomás de Aquino.
Essas orientações religiosas apontam para a conduta moral que todo ser humano
deve observar a fim de que o homem deixe de ficar preso à ignorância em contraste o
mundo aparente e o mundo verdadeiro que é vilipendiado pelo pecado.
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Há que se destacar a vinda do Messias, o nosso Senhor Jesus Cristo, como sendo o
marco temporal de maior expressão pois divide a contagem do tempo para o mundo
ocidental.
A partir desse marco toda a formulação filosófica é baseada nas visões cristãs de ver
o mundo.
A nossa sociedade judaico-cristã é fortemente influenciada pelos conceitos e pela fé
cristã. Esse fato faz com que a nossa existência tenha a base na crença de que este mundo
é apenas uma passagem para a eternidade.
Contudo, o movimento das trevas mantém forte influência no cotidiano das pessoas
de maneiras que a falta de fé bem como a pouca fé da sociedade em geral, faz com que
muitas pessoas não vejam uma forma de vencer os desafios do cotidiano deste mundo que
muitas das vezes se apresenta de forma cruel e desesperançosa.
Nesse diapasão temos as questões levantadas pelos autores iluministas que tratam
sobre o advento do conhecimento e da luz. A série de livros e de filmes capitaneados pelo
ator estadunidense Tom Hanks bem expressa esse momento da humanidade.
Podemos inserir nesse contexto a busca constante por um mundo melhor e mais
humano, democrático e justo.
O famoso texto de Kant que nos explica que o esclarecimento é a saída do homem da
sua mediocridade é outro marco na nossa literatura filosófica e traz ensinamentos até os
nossos dias.
Cabe destacar que há muita desconfiança sobre essas ideias tanto no mundo
acadêmico como no mundo corporativo, em que pese a maior prevalência das ideias
iluministas no mundo acadêmico.
O século XX e as duas grandes guerras mundiais associado à pandemia da Gripe
Espanhola permitiram a implementação das ideias dos autores iluministas. Entretanto, essas
ideias não evitaram as catástrofes em Hiroshima e Auschwitz de acordo com a bem
colocada afirmação do palestrante.
Esses dois exemplos são ícones do absurdo no qual perdemos o sentido e o
propósito de acreditar na democracia como a melhor forma de governo por ser a mesma
voltada para o povo e tendo como primícia que todo poder emana do povo.
Isso nos faz perder a fé e a crença na democracia?! Sim e não na minha humilde
opinião. Tudo será um jogo político?! Sim e não na minha humilde opinião. Tudo será um
jogo econômico?! Sim e não na minha humilde opinião.
Nós jamais podemos perder a fé e a crença na democracia como sendo a melhor
forma de gerir a política em um país civilizado. Caso contrário, entregaremos para os nossos
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filhos e netos uma forma de governo autocrática e centralizadora que nada irá acrescentar
em termos de possibilidade de mobilidade social e econômica para as gerações vindouras.
De maneira análoga, o jogo político com o equilíbrio de forças baseado no modelo
estadunidense de pesos e contrapesos e a consequente troca de poder entre os
representantes das diversas correntes majoritárias da população brasileira.
O poder econômico é persuasivo e comprometedor porque nos instiga à posse de
bens materiais que caracterizam o vencedor em detrimento do perdedor no modelo
capitalista puro e simples.
Acreditamos ser esse o principal modelo a ser seguido por todos que pretendem
oferecer maiores e melhores oportunidades de vida para os seus descendentes.
A crença de que a justiça é parcial e tende a atender aos mais ricos por poderem
custear bons advogados e com isso apostar na lentidão dos processos e seus intermináveis
recursos que praticamente caminham na direção da impunidade tendo em vista a
possibilidade da prescrição da pena.
Esse é um fator deveras intrínseco na nossa sociedade e os fatos do cotidiano
corroboram com esse pensamento até mesmo com essa percepção no homem comum
brasileiro.
Outro ponto bastante controverso é o sentimento de que a ciência não é aplicada em
favor da humanidade e sim a favor dos interesses econômicos para fins de obtenção de
lucros cada vez mais exorbitantes e obrigando a maioria esmagadora da população a viver
em péssimas condições financeiras.
Há uma bagagem moral por detrás dessas afirmações citadas acimas? Nós
acreditamos que sim; porque é possível cada vez mais confirmar em termos práticos esses
acontecimentos.
A segunda metada da década de 1960, em particular no Brasil, que viveu o regime
militar, trouxe muitos acontecimentos que merecem destaque nesse tipo de análise.
Nesse contexto há um autor que vale a pena lembrar de estudar com maior
profundidade – Schopenhauer – que aprofunda essas questões com muita propriedade.
Outro pensador que merece ser estudado a fim de ganhar musculatura intelectual é |
Hegel que nos trouxe outras formas de enxegar o problema com maior profundidade.
O palestrante citou as reformas pós-napoleônicas que foram introduzidas após as
vitórias militares daquele gênio militar e a inserção dos ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade advindos da revolução francesa.
Liberdade, igualdade e fraternidade foram os princípios dos revolucionários franceses
que derrubaram o Antigo Regime para instalar um novo modelo de visão de mundo.
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Todas essas crenças esbarram na vontade. A impressão última que temos é que não
estamos caminhando para lugar nenhum. Isso é muito perigoso e fugaz, podendo gerar um
sentimento depressivo no coletivo da sociedade.
Nós temos que manter o espírito do aperfeiçoamento da sociedade por meio do
estudo e da vivência dos valores iluministas baseados no movimento de desconstrução do
mal.
O autor trata do modelo nefasto trazido por Karl Marx que, em tese, recusou qualquer
transcendência de aperfeiçoamento de modelos consagrados para o bem estar da
sociedade como um todo.
Muitos observam, ainda, que há, na verdade, ideologias para satisfazer as classes
dominantes sendo essas salientadas por muitos filósofos em particular Nietzsche que
chamou a atenção para uma série de outros problemas das doenças sociais que tanto
incomodam o ser humano.
Os cenários do pós-guerra com a Europa praticamente destruída tendo que partir do
zero para chegar ao que verdadeiramente é nos nossos dias.
O palestrante apresentou um filmete para servir de apoio para o desenvolvimento das
suas pesquisas. Nessa oportunidade foi possível verificar um personagem insatisfeito que
realizava um trabalho mecânico, repetitivo, que fora baseado no consumismo e na pouca
ordem moral.
Isso tudo faz com que o sofrimento traga a compulsão como válvula de escape em
tratar da procura de uma pílula da felicidade que efetivamente não existe e tudo fica mais
difícil em razão da dificuldade de lidar com o sofrimento.
O palestrante cantarolou uma cantiga na qual “os assassinos estão livres e nós não
estamos; o que é demais nunca é o bastante; a primeira vez é sempre a mais; tudo tem que
ser vivido intensamente e rapidamente; os colecionadores de experiências; fluidez e
contemporaneidade; cada vez mais aprisionados ao próprio mecanismo.
A população cada vez mais vivendo em um cenário hipocondríaco que se bate
diariamente contra a existência humana porque o exagero no consumo de medicamentos
em particular os corticóides traz uma série de complicações para a saúde.
Outro ponto a ser destacado é a compulsão por informação que pode ser obtida por
diversas fontes sendo a internet a principal delas e que consome muitas horas do dia de
grande parte da população e, ainda, serve como válvula de escape para ocupar o tempo
ocioso.
O sofrimento sendo visto como castigo por perdas morais e das péssimas escolhas
realizadas. A literatura nos apresenta as tragédias gregas como Apolo x Dionísio no qual
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podemos verificar que nada é mais insuportável do que o sofrimento sem sentido que passa
a ser encarado como sendo o plano de Deus para nós.
b. Fase dos debates
O primeiro debatedor foi um senhor que realizou a sua pergunta por meio digital haja
vista que não se encontrava presencialmente na plateia; ele questionou sobre a
condenação da nossa sociedade com a felicidade; no questionamento foram salientadas as
cinco negações bem como os cinco alicerces da modernidade.
A resposta abordou que no registro espiritual existe um “Thélos da natureza”, ou seja
na natureza existem características próprias que podem ser explicadas pela metáfora das
sementes que crescem a fim de virar árvores. Ou seja, se o homem não faz o que lhe é
atinente ele não passa de um desnaturado que contrariou a plena essência da natureza e
por isso arcará com as suas consequências morais.
O segundo debatedor agradeceu à empresa < epflcultura > que patrocinou o evento.
Isso para este autor foi interessante porque eu desconhecia a existência dessa empresa.
Novamente uma das tragédias gregas – Édipo Rei – foi trazida a lume para
exemplificar a possibilidade de que alguma coisa que tenha sido realizada no passado, seria
“coisa de outras vidas”, com a pergunta recaindo sobre outro olhar sobre a vida, olhar as
coisas como elas são, que só temos essa vida e temos que lidar com ela, sem comparar a
minha vida com a do fulano ou com a vida do beltrano; tudo é diferente, as plantas são
diferentes, os animais são diferentes no mundo real o que nos obriga a assumir maiores
responsabilidades pelas suas escolhas.
O terceiro debatedor tratou sobre casamento, família, religião como sendo o modelo
um propósito, exemplificando que há um abalo nesse alicerce e até mesmo como sendo o
último reduto de significado a fim de conquistar um codinome corporativo
Cerca de trinta mil jovens são formados anualmente e concorrem a uma vaga em
uma grande multinacional com o objetivo de transferir para essa empresa/organização a
responsabilidade de gerir valores, objetivos, legando para essas grandes organizações a
possibilidade de definir a vida dessas pessoas.
III. CONCLUSÃO
Este autor verificou que o vídeo foi uma verdadeira aula magna para a disciplina
tendo em vista a profundidade dos assuntos abordados bem como a capacidade intelectual
e persuasiva do palestrante.
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MARCELO NASCIMENTO GOMES
Acadêmico da Universidade Santa Úrsula
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