Como filosofia e religião se relacionam é uma pergunta antiga no Cristianismo, desde a
antiguidade, passando pelo medievo, até o contemporaneidade, o debate é acirrado, indo muito além da simples rejeição ou mesmo aceitação. Assim, nesse capitulo se pretende oferecer uma breve analise das principais posições que se distinguiram na história. 1. Filosofia e religião na Antiguidade. Até onde foi possível a essa pesquisa não se verificou no contexto da antiguidade, nenhuma crítica que confrontasse a relacionamento da religião com a filosofia, a não ser dos próprios cristãos. As críticas que existem, como as de Celso, se dão num contexto onde se admite um relacionamento frutífero entre ambas. A negação do bom relacionamento entre ambas as instâncias carece de algum refinamento da questão, o relacionamento entre a religião cristã e filosofia grega e a cultura helênica de forma geral sempre é vistas pelos Pais Apologistas e Pais Apostólicos como algo que demanda cuidado constate. Como dito acima, os primeiros a impugnarem esse relacionamento são os próprios cristãos – como se verá, isso não é uma unanimidade. O que pode nos fazer conceber modelos distintos de relacionamento entre religião e filosofia. 1.1. Religião versus Filosofia. Na antiguidade cristã, que pode ser estimada do I ao IV século, alguns autores mostraram para além do cuidado, ou forma segura de se relacionar com a filosofia grega, que a religião e a filosofia são incompatíveis. O caso mais famoso, certamente não é único, é o de Tertuliano. Nascido na África Tertuliano se pergunta sobre qual relação pode haver entre Jerusalém e Roma? Claudio Moresknie esclarece que a rejeição de Tertuliano não é necessariamente a filosofia mas a filosofia praticada em sua época. Essa percepção se embasa no fato de Tertuliano falar da possibilidade de uma filosofia cristã. Mas a crítica de Tertuliano tem seus precedentes em Taciano ainda que, ao que tudo indica, são posições distintas. Enquanto ambos rejeitam a possibilidade da relação entre cristianismo e filosofia grega, ambos acenam a possibilidade de uma filosofia cristã, ou como diz Taciano, uma “filosofia barbara”.