Você está na página 1de 94

NOÇÕES

DE DIREITO
CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
– Parte I

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I

Sumário
Diogo Surdi

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I. . ............................................................... 4


1. Origem dos Direitos Fundamentais.. ........................................................................................ 4
2. Diferenças entre Direitos e Garantias Fundamentais......................................................... 6
3. Classificação, Gerações ou Dimensões.. ................................................................................. 7
4. Características............................................................................................................................12
5. Destinatários............................................................................................................................... 17
6. Eficácia Horizontal e Vertical.................................................................................................. 18
7. Restrições legais.........................................................................................................................19
8. Possibilidade de Renúncia. . ......................................................................................................21
9. Tratados e Convenções Internacionais. . ............................................................................... 22
10. Tribunal Penal Internacional................................................................................................. 24
11. Direitos Fundamentais Expressos na Constituição Federal........................................... 24
12. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos......................................................................... 26
Resumo............................................................................................................................................. 55
Mapas Mentais................................................................................................................................61
Questões de Concurso..................................................................................................................64
Gabarito............................................................................................................................................ 93

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 2 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Olá, aluno(a), tudo bem? Acredito e espero que sim!!


Na aula de hoje, estudaremos um dos tópicos mais exigidos em todas as provas de con-
curso público: os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.
Considerando que o assunto (que está disciplinado, principalmente, no artigo 5º da Cons-
tituição Federal) é bastante extenso, compreendendo inclusive uma série de entendimentos
jurisprudenciais e doutrinários, veremos, na aula de hoje, toda a doutrina acerca dos direitos
e deveres fundamentais.
Além disso, iniciaremos o estudo de cada uma das previsões do artigo 5º da Constituição,
que é, conforme ressaltado, questão praticamente certa em toda e qualquer prova de concur-
so público.
Na parte das questões, focaremos nas elaboradas pelo CESPE, possibilitando com isso a
sedimentação dos entendimentos adotados pela organizadora. Além disso, faremos uso, de
forma complementar, de questões recentes de outras bancas de concurso. Com isso, teremos
uma preparação completa em relação aos tópicos abordados em aula.
Forte abraço e bons estudos!
Diogo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 3 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS –


PARTE I
1. Origem dos Direitos Fundamentais
A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de
imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fundamentais, desta
forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um aumento em sua li-
berdade e uma limitação na atuação do Poder Público.

 Obs.: Inicialmente, a atuação do Estado consistia em uma série de imposições e deveres


aos indivíduos que estavam sob a sua proteção.
 Como resultado destas ações do Poder Público, tínhamos uma população acuada e
que praticamente não podia expressar as suas vontades.
 Com o surgimento dos primeiros direitos fundamentais, passou-se a exigir uma
“não atuação” do Estado, resultando em um aumento das liberdades conferidas à
população e em uma maior autonomia das relações privadas ante a atuação do
Poder Público.

001. (CEBRASPE/TCE-RJ/CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS CONTÁBEIS/2021) Com relação


aos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.
Os direitos fundamentais derivam da garantia de igualdade e liberdade.

Conforme verificado, a origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com
a necessidade de imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fun-
damentais, desta forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um au-
mento em sua liberdade e uma limitação na atuação do Poder Público. Logo, é correto afirmar
que os direitos fundamentais derivam da garantia de igualdade e liberdade.
Certo.

Não devemos confundir os direitos fundamentais, contudo, com os direitos humanos.


O termo direitos humanos trata-se de um conceito mais amplo, compreendendo todos
os direitos reconhecidos em tratados e convenções internacionais pelo direito internacional
público. Tais tratados e convenções podem tanto ser de âmbito global como regional, sendo
necessário, para a sua inclusão no ordenamento jurídico de um país, que sejam positivados
pelo respectivo Estado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 4 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Como exemplo de tratado global, pode-se citar o Pacto Internacional sobre Direitos Políticos.
Como exemplo de convenção regional, cita-se a Convenção Americana de Direitos Humanos.
Em ambas as situações, para que os direitos humanos previstos nos acordos possam ter
validade em um determinado Estado, faz-se necessário que o respectivo país reconheça e
positive os direitos acordados.
Uma vez positivados, tais direitos podem ou não assumir o status de direitos fundamentais.

Usamos diversas vezes o termo “positivar”. Você sabe o que isso significa?

Positivar significa reconhecer, estar escrito, expresso em um documento.


As normas positivadas são aquelas que foram reconhecidas como aptas a regular as re-
lações jurídicas da população de território determinado. São, em última análise, todas as
normas expressas em um ordenamento, desde a Constituição Federal (que será nosso objeto
de estudo), passando pelas leis e pelos decretos regulamentares.
Os direitos fundamentais, por sua vez, são os direitos reconhecidos à população de um
dado território mediante a confecção de um documento específico. E este documento espe-
cífico nada mais é do que a Constituição do respectivo país, responsável por instituir o orde-
namento jurídico e por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos.
Com isso, chegamos à importante conclusão de que nem todos os direitos humanos são
considerados direitos fundamentais, mas sim apenas aqueles que foram positivados pela
Constituição Federal.

002. (CEBRASPE/HUB/SERVIÇO SOCIAL/2018) No que se refere aos direitos fundamentais,


julgue o item subsecutivo.
Os direitos são criados em conformidade com determinado contexto histórico e se tornam
fundamentais quando constitucionalizados.

Para que um direito seja classificado como fundamental, há a necessidade de “constitucio-


nalização”, ou seja, de previsão no texto da Constituição Federal. Além disso, deve ser desta-
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 5 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

cado que parte da doutrina entende que há a possibilidade de contarmos com direitos funda-
mentais implícitos. Nesta situação, o direito, mesmo não estando expressamente previsto no
texto constitucional, decorre de uma previsão da Constituição Federal.
Certo.

2. Diferenças entre Direitos e Garantias Fundamentais


Você já se perguntou o que é um direito ou uma garantia fundamental?

Ainda que o texto da Constituição Federal não tenha feito distinção expressa entre os dois
institutos, é possível afirmar que ambos os conceitos possuem funções distintas.
Os direitos fundamentais podem ser conceituados como os bens e as vantagens conferi-
dos pela Constituição Federal.
As garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos constitucionalmente pre-
vistos com a finalidade de proteger os direitos fundamentais.

Como exemplo de direito fundamental, temos a liberdade de locomoção, prevista em nosso


ordenamento por meio do artigo 5º, XV, da Constituição Federal:
“É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.”
Para proteger tal direito e assegurar que este possa ser exercido, a própria Constituição Fede-
ral estabelece, por exemplo, a garantia do habeas corpus, conforme previsão do artigo 5º,
LXVIII:
“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 6 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Das inúmeras garantias previstas na Constituição Federal, as mais importantes (e mais


exigidas em provas de concursos) são os chamados remédios constitucionais.
Os remédios constitucionais são uma espécie de garantia, podendo ser divididos em re-
médios administrativos e remédios judiciais.
São remédios administrativos constitucionalmente previstos o direito de petição e o di-
reito de certidão. Os remédios judiciais, por sua vez, são o habeas corpus, o habeas data,
o mandado de segurança, o mandado de segurança coletivo, a ação popular e o mandado
de injunção.
Todos os remédios serão estudados em momento oportuno. Por ora, foram expostos com
a finalidade de apresentar uma visão global acerca das diferenças existentes entre os direitos
e as garantias fundamentais.

3. Classificação, Gerações ou Dimensões


De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-
namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou
dimensões.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 7 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• Primeira Geração: até meados da Idade Média, o Estado era conduzido mediante as or-
dens da monarquia. As opiniões do rei, nesta época, eram absolutas, não podendo ser
objeto de contestação por parte da população.

Com o passar do tempo, os indivíduos começaram a se revoltar com os desmandos e


abusos cometidos, dando ensejo ao surgimento do Liberalismo e dos primeiros direitos
fundamentais.
Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de uma
“não atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população.
Por este motivo, tais direitos são comumente conhecidos como “direitos negativos” ou
“direitos de defesa”, uma vez que são resultados da necessidade de proteção à população
ante os desmandos do Estado.
Importante mencionar que os direitos fundamentais de primeira geração surgiram em
meados do século XVIII, possuindo como principal objetivo a conquista de liberdade e sendo
materializado pelos direitos políticos e civis.

Ambos os direitos (políticos e civis) são decorrência de um aumento da liberdade conferida à


população.
Na medida em que os indivíduos passam a poder votar e exercer seus direitos políticos, esta-
mos diante de um considerável aumento da liberdade.
Tal situação também ocorre na medida em que a população passa a ter direito de usufruir de
sua propriedade e de se locomover sem a necessidade de obter autorização do Poder Público
(direitos civis).
São exemplos, ainda, de direitos de primeira geração o direito à vida, o direito de associação
e o direito de reunião.

• Segunda Geração: com os direitos de primeira geração, a população conquistou um


grande passo, passando a fazer jus, conforme mencionado, a uma maior liberdade de
atuação.

Com o passar dos anos, contudo, a simples existência de uma não interferência estatal
se revelou insuficiente para que a integridade da população fosse mantida. Neste cenário, era
bastante comum que os trabalhadores fossem submetidos a jornadas de trabalho de mais de
15 horas diárias por 7 dias da semana.
Surgem, então, os direitos fundamentais de segunda geração, caracterizados por presta-
ções positivas do Estado para os indivíduos. Neste contexto, a sociedade exige que o Poder
Público não se restrinja ao fato de não interferir nas relações humanas, mas sim que ofereça
a todos os indivíduos sob a sua guarda uma série de direitos que permitam a manutenção da
dignidade da pessoa humana.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 8 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os direitos


sociais, os direitos econômicos e os direitos culturais.
Por assegurar uma prestação à população, tais direitos também são conhecidos como
“liberdades positivas” ou “direitos do bem-estar”, tendo tido início no final do século XIX e
início do século XX.

Na medida em que direitos sociais como as férias e o descanso semanal remunerado são
garantidos à população, temos um Estado que não apenas está deixando de agir, mas sim que
está ofertando à população melhores condições de vida.
Nesta situação, o que está pautando a atuação estatal é a igualdade, de forma que todas as
pessoas que estejam sob a mesma condição devem fazer jus aos mesmos benefícios e pres-
tações do Poder Público.

003. (CEBRASPE/SEFAZ-AL/2020) Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais


e aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Mais do que se prestarem à defesa do cidadão contra os poderes estatais, os direitos fun-
damentais impõem uma atuação positiva do Estado no sentido de concretizar determina-
dos direitos.

Os direitos fundamentais não se limitam a proteger o cidadão contra os poderes estatais. Em


sentido diverso, determinados direitos devem ser exercidos de forma ativa, exigindo assim
uma atuação positiva do Estado para a sua concretização.
Certo.

• Terceira Geração: os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comu-


nidade internacional com os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultra-
passam o próprio indivíduo.

Desta forma, os direitos de terceira geração não se destinam apenas a um indivíduo ou


grupo de pessoas pertencentes a um determinado Estado. Sua incidência é ampla, difusa,
recaindo sob toda a espécie humana.
Como exemplo, cita-se o direito ao meio ambiente, à comunicação, ao progresso e à defe-
sa do consumidor. Em todas estas situações, o fundamento utilizado é a fraternidade.

 Obs.: Da análise das três primeiras gerações de direitos fundamentais, consegue-se


notar uma semelhança com o lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e
Fraternidade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 9 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

 Obs.: Assim, na medida em que os direitos de primeira geração conferem aos indivíduos
uma maior liberdade, os de segunda geração, por assegurarem uma série de presta-
ções positivas, estão pautados na igualdade. Os de terceira geração, por sua vez, fun-
damentam-se na fraternidade, uma vez que não estão direcionados para um grupo
específico de pessoas, mas sim para toda a espécie humana.

Em brilhante passagem, o STF, no julgamento do MS 22.164, descreveu as características


das três principais gerações de direitos fundamentais:

O direito a integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração – consti-


tui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afir-
mação dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao
indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais
abrangente, a própria coletividade social. Enquanto os direitos de primeira geração
(direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou
formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos
econômicos, sociais e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais
ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que
materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as for-
mações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento
importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos
humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de
uma essencial inexauribilidade.

• Quarta Geração: os direitos fundamentais de quarta geração são aqueles intimamente


relacionados com a globalização. De acordo com esta corrente, fazem parte de tal ge-
ração o direito à democracia direta, o direito à informação e todos os direitos relacio-
nados com a biotecnologia.

Nesta dimensão, os direitos fundamentais seriam os responsáveis por evitar que as ma-
nipulações genéticas ocorressem sem nenhum tipo de controle.
Marcelo Novelino apresenta uma importante definição acerca dos direitos fundamentais
de quarta dimensão:

Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, compreendem o di-
reito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos fundamentais de quarta dimensão com-
pendiam o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase da institucionalização do Estado
social sendo imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização política.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 10 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• Quinta Geração: parte da doutrina identifica, ainda, uma quinta dimensão ou geração de
direitos fundamentais. De acordo com esta corrente, fortemente defendida por consti-
tucionalistas como Paulo Bonavides, a quinta geração seria representada como o direi-
to de toda a espécie humana à paz.

De acordo com o mencionado autor, a concepção de paz deve ser a mais ampla possível,
abrangendo todas as nações e servindo de base para a preservação da dignidade da pes-
soa humana.
Tudo certo até aqui? Se os conceitos estiverem um pouco confusos no início, fiquem tran-
quilos. Aos poucos, os diversos assuntos vão se unindo e formando uma base sólida.
Desta forma, podemos resumir todas as características acerca das gerações ou dimen-
sões dos direitos fundamentais por meio da tabela a seguir:

Geração ou
Fundamento Características
Dimensão
Surgiram no final do século XVIII.
Exigia uma não atuação do Estado.
1ª Geração Liberdade São representados pelos direitos civis e
políticos.
São conhecidos como “liberdades negativas”.
Surgiram no final do século XIX.
Exigia uma atuação positiva do Estado.
2ª Geração Igualdade São representados pelos direitos sociais,
econômicos e culturais.
São conhecidos como “liberdades positivas”.
Surgiram no século XX.
Direitos atribuídos a toda a humanidade.
3ª Geração Fraternidade São representados pelo direito ao meio
ambiente, ao progresso e à defesa do
consumidor.
Surgiram em meados do século XX.
Fundamentados na ideia de uma sociedade
sem fronteiras.
4ª Geração Biotecnologia
Representados pelos direitos à democracia,
à informação e a todas as questões
biotecnológicas.
Surgiram em meados do século XX.
Decorre da necessidade de toda a espécie
5ª Geração Paz
humana, independente das diferenças sociais
e ideológicas, possuir paz.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 11 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

4. Características
Um dos assuntos mais exigidos acerca da teoria dos direitos fundamentais é o relaciona-
do com as características atribuídas pela doutrina a estes direitos. Pode-se identificar, assim,
a existência de dez características dos direitos fundamentais.

DICA:
Nas provas de concurso, as características dos direitos fun-
damentais são exigidas, comumente, de duas formas:
a) a banca apresenta uma característica e tenta confundir o
candidato com o conceito de outra;
b) um caso concreto é apresentado, solicitando que o candi-
dato assinale qual a característica pertinente.

Para resolvermos ambos os tipos de questões, basta conhecermos o conceito básico de


cada uma das características.

• Universalidade: como regra, os direitos fundamentais devem ser assegurados a todos


os seres humanos, independente de crença, raça, credo ou convicção política.

Isso não implica em afirmar, contudo, que todos os direitos fundamentais devem, obriga-
toriamente, ser assegurados de igual forma a todos, uma vez que a diversidade da humanida-
de e da realidade vivida por cada pessoa não é uniforme no tempo.
Ainda assim, certos direitos fundamentais (aos quais a doutrina identifica um núcleo exis-
tencial), pela sua importância, devem ser assegurados, indistintamente, a todos.

Se tomarmos como exemplo o direito à vida, nota-se que se trata de um direito fundamental
que deve ser assegurado a toda a humanidade. Todas as pessoas são titulares deste direito,
que, devido à sua importância, é reconhecido como parte de um núcleo essencial de direitos
fundamentais.
Se, em sentido, oposto, tomarmos como exemplo o direito social a férias remuneradas, vere-
mos que este, ainda que se seja um direito fundamental, não é assegurado, indistintamente, a
toda a população, mas sim apenas aos trabalhadores.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 12 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• Historicidade: os direitos fundamentais não surgem com base em um acontecimento


histórico isolado no tempo. Em sentido oposto, a existência de direitos fundamentais
está intimamente relacionada com as conquistas da humanidade ao longo dos anos.

Prova disso são as diferentes gerações de direitos fundamentais. No início, como o ho-
mem estava sendo oprimido pela atuação do Estado, a grande conquista foi exigir que o Es-
tado deixasse de atuar, gerando uma maior liberdade aos indivíduos.
Posteriormente, tendo a população uma maior liberdade, a exigência era de que o Estado
não apenas deixasse de atuar, mas sim que prestasse a toda a sua população uma série de
direitos mínimos necessários à sua existência.
Conclusão: os direitos fundamentais são ampliados com o passar dos anos, uma vez que
as necessidades dos indivíduos sob a guarda do Poder Público, em igual sentido, tende a au-
mentar com o decorrer do tempo.

• Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados


com terceiros, sendo de titularidade exclusiva da pessoa que os possui. Como conse-
quência, é correto afirmar que os direitos fundamentais não possuem conteúdo econô-
mico ou patrimonial. Em outras palavras, ninguém pode sair por aí vendendo um direito
fundamental.
• Indivisibilidade: os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas
atingem à finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto.

Como decorrência, não poderá o particular usufruir apenas dos direitos que entenda ne-
cessários para a sua pessoa. Deverá ele, para preservar sua dignidade, fazer uso do conjunto
de direitos previstos em nosso ordenamento jurídico, respeitado, como não poderia deixar de
ser, as particularidades de cada pessoa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 13 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• Imprescritibilidade: a prescrição está relacionada com a impossibilidade da utilização


das medidas cabíveis, após o decurso de um determinado período de tempo, para fazer
jus a um direito.

Com os direitos fundamentais, contudo, isso não ocorre. Assim, caso uma pessoa não
utilize um direito fundamental da qual é titular por um longo período de tempo, ainda assim
poderá fazer uso, a qualquer momento, do direito em questão.
Isso implica em afirmar que os direitos fundamentais são personalíssimos, impossíveis
de serem alcançados pelo instituto da prescrição.

• Irrenunciabilidade: como regra, o titular de um direito fundamental não pode dele dis-
por, renunciando assim ao ser exercício.

Contudo, em determinadas situações, e desde que por um prazo certo de tempo, poderá
a pessoa renunciar ao exercício de certos direitos fundamentais. Após o mencionado lapso
temporal, o direito objeto da renúncia voltará à sua plenitude.
Ressalta-se, entretanto, que a renúncia jamais poderá ser feita por um período indetermi-
nado de tempo, tampouco abranger todos os direitos fundamentais previstos no ordenamen-
to jurídico.
Dada a importância do assunto, a característica da irrenunciabilidade será mais bem de-
talhada em momento posterior.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 14 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• Relatividade: de início, temos que memorizar uma afirmativa amplamente utilizada pe-
las bancas organizadoras: “Não existem direitos fundamentais de caráter absoluto”.

Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter relativo, en-


contrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Consti-
tuição Federal.
Desta forma, os direitos fundamentais não podem ser utilizados como uma forma de aco-
bertar o cometimento de atividades ilícitas, tampouco a responsabilidade das pessoas que,
fazendo uso deste direito, cometam infrações tipificadas como crime em nosso ordenamen-
to jurídico.
Em caso de conflito entre dois ou mais direitos fundamentais, deverá a autoridade com-
petente, analisando o caso concreto, fazer uso da concordância prática ou da harmonização.
Nesta situação, um direito prevalecerá sobre o outro, de forma que a decisão apenas será
aplicável às partes do conflito. Caso, posteriormente, ambos os direitos novamente sejam
objeto de conflito, a autoridade deverá realizar o mesmo procedimento de análise do caso
concreto, podendo perfeitamente decidir pela prevalência do outro direito. Tudo dependerá,
conforme mencionado, da análise do caso concreto.

Caso uma pessoa, invocando o direito fundamental da liberdade de pensamento, expresse


comentários racistas acerca de outrem, estaremos diante de um conflito entre direitos fun-
damentais.
De um lado, a liberdade do pensamento. Do outro, a vedação ao racismo.
Nesta situação, a autoridade competente deverá analisar o caso concreto e decidir, com base
na ponderação e na harmonização, qual o direito que deverá prevalecer.
Como a decisão apenas produzirá efeitos para as partes envolvidas, nada impede que a autori-
dade competente, em momento posterior, e estando diante de uma situação onde os mesmos
direitos estejam em conflito, decida de forma contrária.

Ainda que a imensa maioria da doutrina entenda que nenhum dos direitos e garantias
fundamentais possua caráter absoluto, tem crescido, cada vez mais, o entendimento (ainda
minoritário) de que três situações seriam o caso de direitos de caráter absoluto, sendo eles:
− a proibição à tortura;
− a proibição à escravidão;
− a proibição ao tratamento cruel ou degradante.

Todas as três situações derivam do princípio maior da dignidade da pessoa humana. De


acordo com a doutrina que defende a existência de direitos de caráter absoluto, a relativiza-
ção das situações apresentadas acabaria gerando uma relativização da própria dignidade da
pessoa humana.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 15 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Neste sentido, merece destaque o entendimento de Ingo Wolfgang Sarlet:

A dignidade da pessoa humana, na condição de valor fundamental atrai o conteúdo de todos os di-
reitos fundamentais, exige e pressupõe o reconhecimento e proteção dos direitos fundamentais de
todas as dimensões. Assim, sem que se reconheçam à pessoa humana os direitos fundamentais
que lhe são inerentes, em verdade estar-se-á negando-lhe a própria dignidade.

Ressalta-se, contudo, que tal entendimento é minoritário. Em provas de concurso, devem


ser adotados os seguintes entendimentos:
− em questões genéricas que apenas exijam o conhecimento das características dos
direitos fundamentais, deve-se sempre afirmar que tais direitos não possuem cará-
ter absoluto, sendo, por isso mesmo, relativos;
− em questões mais avançadas e que exijam expressamente a doutrina minoritária
(com enunciados que versem sobre o tema dos direitos absolutos), deve-se afirmar
que os três direitos acima mencionados se revestem de caráter absoluto.

004. (CEBRASPE/MPE-CE/DIREITO/2020) Os direitos fundamentais são prerrogativas pró-


prias dos cidadãos em função de sua especial condição de pessoa humana, e as garantias
fundamentais são os instrumentos e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguar-
da ou o exercício desses direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.
Os direitos fundamentais não podem ser considerados absolutos, posto que todos os direitos
são passíveis de relativização e podem entrar em conflito entre si.

De acordo com a característica da relatividade, não existem direitos fundamentais de caráter


absoluto. Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter rela-
tivo, encontrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal.
Certo.

• Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados de forma


isolada, mas sim de forma conjunta, complementar, possibilitando assim que a finali-
dade para a qual foram instituídos seja alcançada em sua plenitude.

Uma das principais finalidades dos direitos fundamentais é assegurar a todos a dignidade da
pessoa humana.
Contudo, você acha que este objetivo será alcançado em sua plenitude de que maneira: com
apenas alguns dos direitos ou com todos os direitos fundamentais existentes?

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 16 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Logicamente que a utilização e interpretação de todos os direitos fundamentais é que propor-


cionará o atingimento da finalidade.

• Concorrência: o particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao mesmo tem-


po, de forma concorrente, não havendo necessidade do esgotamento da utilização de
um direito para que outro possa ser exercido.
• Efetividade: cabe ao Estado, materializado pelas inúmeras políticas públicas, assegurar
condições para que os direitos fundamentais possam ser concretizados e efetivados
pela população.

5. Destinatários
Inicialmente, os destinatários dos direitos fundamentais eram apenas as pessoas natu-
rais, uma vez que o que estava sendo exigido era uma não atuação do Estado em prol da
liberdade da população.
Com o tempo, a doutrina passou a estender os efeitos dos direitos fundamentais para as
pessoas jurídicas, sendo que uma série de direitos positivados em nosso ordenamento são
destinados a tais pessoas.
Modernamente, os direitos fundamentais passaram a ter como destinatários, ainda, o
próprio Estado, ou seja, órgãos e entidades da Administração Pública.

Isso não implica em dizer que todos os direitos fundamentais previstos da Constituição Fe-
deral são destinados, indistintamente, às pessoas naturais, às pessoas jurídicas e ao Estado.
Em sentido oposto, nossa Constituição Federal apresenta direitos que possuem como
destinatários exclusivamente as pessoas naturais, direitos que apenas podem ser exercidos
pelas pessoas jurídicas, direitos exclusivos do Estado e, ainda, direitos fundamentais que po-
dem ser exercidos pelas três classes de pessoas.

Como exemplo de direito fundamental exclusivamente destinado às pessoas naturais, temos


o direito à intimidade. Não faria nenhum sentido se este direito fosse atribuído às pessoas
jurídicas ou ao Estado, não é mesmo?
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 17 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Como exemplo de direito fundamental exclusivamente destinado às pessoas jurídicas, cita-se


o direito à existência de Partidos Políticos, uma vez que os partidos nada mais são do que
pessoas jurídicas de direito privado.
Como exemplo de direito fundamental exclusivo do Estado (órgãos e entidades), temos a
possibilidade de requisição administrativa. Nesta situação, apenas um ente superior como o
Estado pode requisitar a propriedade privada, uma vez que é função do Poder Público utilizar
todas as medidas possíveis para garantir a integridade da população.
Como exemplo de direito fundamental atribuído a todas as classes de pessoas, cita-se o direi-
to à propriedade, uma vez que tanto as pessoas naturais quanto as pessoas jurídicas e o
Estado podem ser proprietários, por exemplo, de bens imóveis.

6. Eficácia Horizontal e Vertical


Como anteriormente afirmado, os primeiros direitos fundamentais surgiram ante uma ne-
cessidade de limitação da atuação do Estado com relação aos particulares. E como o Estado
possui uma superioridade (uma vez que sua finalidade é a de garantir o bem-estar da popula-
ção) tínhamos, com relação aos primeiros direitos, uma relação de verticalidade.
Desta forma, era correto afirmar que a eficácia (produção de efeitos jurídicos) dos direitos
fundamentais, inicialmente, apenas era possível de forma vertical.
Posteriormente, em meados do século XX, a doutrina começou a visualizar a possibilidade
de produção de efeitos jurídicos decorrentes dos direitos fundamentais no âmbito das rela-
ções entre particulares, ou seja, nas situações em que o Estado não estava presente.
Como as relações entre particulares são pautadas pelo princípio da igualdade, estamos
diante, quando da sua ocorrência, de uma relação de horizontalidade.
Ainda que a possibilidade de os direitos fundamentais influenciarem as relações privadas
não se trate de uma unanimidade (uma vez que certos países, como os Estados Unidos, não
admitem tal possibilidade), o nosso ordenamento jurídico aceita a teoria da eficácia horizon-
tal dos direitos fundamentais.

Suponhamos que duas pessoas tenham formulado um contrato de trabalho, sendo que uma
das cláusulas do instrumento em questão previa que o trabalhador renunciaria expressamen-
te ao seu direito de férias anuais remuneradas.
Nesta situação, o contrato de trabalho é válido?
A reposta é sim! Como estamos no âmbito das relações particulares, nada impede que um
instrumento seja pactuado da forma como demonstrado.
Contudo, como as férias anuais remuneradas são um dos direitos sociais previstos na Cons-
tituição Federal, tal cláusula é nula, não podendo ser invocada por nenhuma das partes.
Nesta situação, o que tivemos foi a eficácia dos direitos fundamentais influenciando as rela-
ções entre particulares.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 18 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre particula-
res, estamos diante da eficácia horizontal destes direitos, também conhecida como eficá-
cia externa.
Por outro lado, quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações
entre os particulares e o Poder Público, a eficácia será vertical ou interna.

DICA:
Particular x Particular = Horizontal e Externa
Particular x Poder Público = Vertical e Interna

7. Restrições legais
Como decorrência da característica da relatividade, os direitos fundamentais não são
absolutos, podendo, conforme já mencionado, sofrer limitações decorrentes de outro direito
constitucionalmente previsto.

Contudo, se considerarmos que os direitos fundamentais são normas constitucionais,


poderia o legislador infraconstitucional, por intermédio de uma simples lei, limitar os di-
reitos fundamentais?

A resposta é positiva. Conforme afirmado, não existem, em nosso ordenamento, direitos


de caráter absoluto.
Assim, cabe ao legislador, por meio das leis, estabelecer limitações com a finalidade de
disciplinar a forma como os inúmeros direitos fundamentais irão conviver em harmonia.
No entanto, não poderá o legislador, fazendo uso da prerrogativa de limitação, restringir os
direitos fundamentais de uma forma abusiva e que descaracterize a própria razão de existir
de tais direitos. Deve a atuação do legislador infraconstitucional ser exercida de forma limita-
da, dando ensejo ao surgimento da “teoria dos limites dos limites”.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 19 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Limites dos limites? O que significa isso?

Isso significa dizer, em outros termos, que a possibilidade de limitação dos direitos funda-
mentais por meio de lei apenas poderá ocorrer quando exercida de forma limitada.
Quando, em sentido oposto, a lei limitar demasiadamente os direitos fundamentais, terá
ela ferido o seu núcleo essencial. Se tal situação fosse possível, perderia a Constituição Fede-
ral o status de norma hierarquicamente superior às leis, haja vista que simples leis ordinárias
poderiam limitar direitos constitucionalmente previstos.
Neste sentido, merecem destaque os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
De acordo com os mencionados princípios, a atuação do legislador apenas será válida quan-
do exercida de forma adequada, necessária e proporcional.
Como consequência, caso uma lei restrinja toda a essência de um direito fundamental,
atingindo assim o seu núcleo essencial, deverá o Poder Judiciário, invocando os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, declarar a norma inválida e inconstitucional.
Nota-se, desta forma, que a teoria dos limites dos limites foi concebida com uma fina-
lidade bem específica: evitar que um direito fundamental perca a sua essência por meio da
atuação abusiva do legislador.

Professor, tem como “simplificar” esta teoria?

Certamente que sim! A teoria dos limites dos limites fica mais fácil de ser compreendida
por meio da figura a seguir:

Como verificado, a essência da teoria dos limites dos limites é a existência de um núcleo
fundamental dos direitos fundamentais. E a existência deste núcleo essencial, ainda que re-
conhecida pela doutrina, é explicada por meio de duas diferentes teorias: a teoria absoluta

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 20 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

(também conhecida como teoria interna) e a teoria relativa (denominada também de teo-
ria externa).
Por meio da teoria absoluta, o núcleo essencial dos direitos fundamentais é uma unidade
autônoma aos próprios direitos. Como consequência, é possível que este núcleo seja identi-
ficado independente de estarmos diante de um caso concreto, bastando para isso a análise
da norma de forma abstrata.
A teoria relativa, em sentido oposto, afirma que o núcleo essencial dos direitos fundamen-
tais apenas pode ser analisado diante de um caso concreto. Não é possível, de acordo com
a teoria relativa, a identificação do núcleo essencial de um direito fundamental pela simples
interpretação da norma.

8. Possibilidade de Renúncia
Como regra, os direitos fundamentais são irrenunciáveis, o que implica em dizer que os
seus destinatários não possuem disposição sobre estes. Em outros termos, o titular de um
direito fundamental não pode abrir mão de sua titularidade.
Nos dias atuais, contudo, a doutrina tem entendido que a característica da irrenunciabi-
lidade pode, diante de um caso concreto e desde que por um período determinado de tempo,
ser abrandada.
Assim, dois são os requisitos que sempre devem estar presentes para que a renúncia
possa acontecer:
• estar o particular diante de um caso concreto;
• a renúncia ocorrer por um período determinado de tempo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 21 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Em sentido oposto, não se admite a renúncia a todos os direitos fundamentais ao mesmo


tempo, tampouco que tal procedimento ocorra por um período indeterminado.

Caso um particular resolva participar de um programa de “reality show” como o Big Brother
Brasil, estará ele, durante o período em que permanecer na competição, sem a possibilidade
de fazer uso dos direitos da intimidade e da vida privada.
Nesta hipótese, poderá ele renunciar a tais direitos, uma vez que a renúncia se dará diante de
um caso concreto (a participação no programa de televisão) e por um prazo determinado de
tempo (enquanto o participante permanecer na competição).

9. Tratados e Convenções Internacionais


Estabelece a Constituição Federal, em seu artigo 5º, § 3º, a seguinte redação:

Art. 5º, § 3º, Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Desta forma, para que um tratado ou convenção internacional seja alçado ao status de
norma constitucional, dois são os requisitos essenciais:
• versarem sobre direitos humanos; e
• serem aprovados pelo quórum qualificado previsto na Constituição Federal.

Uma vez tendo sido observados ambos os requisitos, os termos do acordo passam a fazer
parte da própria Constituição Federal, situando-se em patamar hierarquicamente superior às
leis e gozando de todas as prerrogativas que as demais normas constitucionais possuem.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 22 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Nem todos os tratados e convenções internacionais, porém, alcançarão o status de norma


constitucional. De acordo com o STF, duas são as outras posições jurídicas que tais acordos
podem assumir:
• Os tratados e convenções que versem sobre direitos humanos, mas que não tenham
sido aprovados de acordo com o quórum qualificado previsto na Constituição Federal
terão eficácia de supralegalidade, localizando-se acima das leis ordinárias e abaixo das
normas constitucionais.
• Os demais tratados e convenções internacionais (aqueles que não versem sobre direi-
tos humanos) terão eficácia de lei ordinária.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 23 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

10. Tribunal Penal Internacional


Em seu artigo 5º, §4º, a Constituição Federal apresenta a seguinte redação:

Art. 5º, § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha
manifestado adesão.

Como decorrência do princípio fundamental da soberania, uma decisão judicial apenas terá
eficácia quando prolatada por órgão do Poder Judiciário pertencente ao respectivo Estado.
Consequentemente, as decisões estrangeiras apenas terão validade em nosso país quan-
do homologadas pelo órgão competente, que, em nosso caso, é o Superior Tribunal de Justi-
ça, conforme previsão do artigo 105, I, “i”, da Constituição Federal:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I – processar e julgar, originariamente:
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequátur às cartas rogatórias.

O Tribunal Penal Internacional não se trata de um órgão subordinado a um país específico,


mas sim de um organismo internacional independente.
Assim, ainda que o acatamento das decisões do Tribunal Penal Internacional represente
um abrandamento da soberania do país, é importante frisar que tais decisões não são oriun-
das de um Estado estrangeiro, mas sim de um organismo independente, constituído e assina-
do por diversos países.
O Brasil aderiu ao Tribunal Penal Internacional no ano 2.000, mediante a assinatura do
intitulado Estatuto de Roma. Posteriormente, em 2002, o Congresso Nacional efetuou a apro-
vação e o Presidente da República a sua promulgação, após a qual as disposições do Tribunal
Penal Internacional passaram a ter vigor em nosso país.
A função do Tribunal Penal Internacional é a de julgar os crimes que causem graves vio-
lações aos direitos humanos, tais como o de genocídio, os crimes de guerra e os de agressão
de um país a outro.

11. Direitos Fundamentais Expressos na Constituição Federal


A Constituição Federal, ao tratar dos direitos fundamentais, classificou-os em cinco dife-
rentes grupos, sendo eles:
• direitos e deveres individuais e coletivos;
• direitos sociais;
• direitos relativos à nacionalidade;
• direitos políticos;
• direitos relacionados com a existência dos Partidos Políticos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 24 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Os direitos e deveres individuais e coletivos são aqueles ligados ao conceito da pessoa


humana. Tais direitos podem ser divididos em individuais (como direito à vida e à liberdade) e
coletivos (como o direito de reunião e o direito de associação).
Os direitos sociais são constituídos de prestações positivas, materializadas em políti-
cas públicas realizadas pelo Estado. Tais direitos possuem como objetivo a concretização da
igualdade, sendo exemplos as férias anuais, o descanso semanal remunerado e o aviso prévio
proporcional ao tempo de serviço.
Os direitos relativos à nacionalidade regulam os aspectos relacionados com o vínculo ju-
rídico-político que liga um indivíduo a um determinado Estado soberano. Por meio da nacio-
nalidade, verifica-se quais as pessoas que são consideradas brasileiros natos, naturalizados
ou estrangeiros.
Os direitos políticos regulamentam a forma como a soberania popular será exercida pela
população, seja de forma direta (por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular), seja de
forma indireta (por meio de representantes eleitos).
Os direitos relacionados com a existência dos partidos políticos determinam que tais as-
sociações, ainda que constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, são os
instrumentos necessários para que a preservação da democracia.

É importante mencionar que os direitos e garantias fundamentais não constam de forma


taxativa no texto da Constituição Federal. Em sentido oposto, os direitos e garantias são elen-
cados de forma exemplificativa, não excluindo aqueles decorrentes do regime e dos princípios
adotados pela Constituição Federal ou pelos tratados internacionais em que a República Fe-
derativa do Brasil seja parte.

Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.

De acordo com a doutrina, os direitos e garantias podem constar inclusive de forma implí-
cita. Nestas situações, caberá ao magistrado, na análise do caso concreto, verificar se foram
observados os efeitos decorrentes (desdobramentos) das previsões da Constituição Federal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 25 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

12. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos


Pessoal, iniciamos agora o estudo de um dos pontos mais exigidos de todo o Direito Cons-
titucional: o artigo 5º da Constituição Federal e seus inúmeros incisos.
Neste ponto da matéria, é essencial que o candidato saiba tanto a literalidade dos incisos
quanto os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais deles decorrentes.
Por isso mesmo, optei por comentar todos os incisos do artigo 5º da Constituição Federal,
já fazendo menção, quando necessário, à doutrina e aos principais julgados do STF.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Inicialmente, precisamos saber que o caput do artigo 5º da Constituição Federal faz men-
ção a cinco direitos fundamentais, sendo eles os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade. Estes cinco direitos, de acordo com a doutrina majoritária, são a
base de todos os demais direitos e garantias fundamentais expressos na Constituição Federal.
Deve-se frisar, contudo, que tais direitos não possuem uma hierarquia superior aos dele de-
correntes. Nem mesmo o direito à vida, expressão direta da dignidade da pessoa humana e ele-
mento necessário para a fruição dos demais direitos e garantias, apresenta esta superioridade.
Como consequência, é correto afirmar que não há hierarquia entre os direitos fundamen-
tais constitucionalmente previstos, ainda que alguns deles, conforme mencionado, sirvam
como base para a existência dos demais.

Importante questão refere-se ao alcance dos direitos fundamentais previstos na Cons-


tituição Federal. Assim, ainda que o caput do artigo 5º faça menção aos “brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País”, o entendimento atual é de que os direitos fundamentais,
como regra, podem ser usufruídos pelos brasileiros, pelos estrangeiros residentes no país e
até mesmo pelos estrangeiros residentes no exterior e que estejam em território nacional por
um curso espaço de tempo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 26 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Nas palavras do STF (proferidas no julgamento do HC 94.016),

O súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para
impetrar o remédio constitucional do habeas corpus, em ordem a tornar efetivo, nas hipó-
teses de persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e
ao integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão signifi-
cado à cláusula do devido processo legal.

Caso um argentino esteja passando uma semana de férias em território brasileiro, poderá ele,
ainda que sua residência não seja no Brasil e sua estadia seja breve, fazer uso, caso sofra
coação em sua liberdade de locomoção, do habeas corpus, remédio constitucional utilizado
com a finalidade de evitar que o direito de ir e vir seja prejudicado.

As questões de concurso podem ser exigidas de duas diferentes formas no que se refere
ao alcance dos direitos fundamentais:
• de forma literal, exigindo o conhecimento da literalidade do caput do artigo 5º (brasilei-
ros e estrangeiros residentes no país).
• de maneira mais avançada, exigindo o entendimento do STF (brasileiros, estrangeiros
residentes e estrangeiros não residentes).

Uma das principais características dos direitos fundamentais é a relatividade. Por meio
dela, não existem, em nosso ordenamento, direitos e garantias de caráter absoluto.
Muitas são as questões de prova que exigem a característica da relatividade dos direitos
fundamentais. Em todos os casos, devemos memorizar que “não existem direitos ou garan-
tias de caráter absoluto”.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 27 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Como consequência, até mesmo o direito à vida, necessário para que o indivíduo possa
fazer uso dos demais direitos, pode, em determinadas situações, ser relativizado diante de um
caso concreto.
Neste sentido, o conceito de vida não abrange apenas a vida extrauterina, mas também a
vida intrauterina. Como consequência, a prática de aborto, ressalvadas as exceções previstas
em lei, é considerada crime em nosso ordenamento jurídico.
Uma destas exceções consta em importante julgado do STF, conforme se observa da lei-
tura da ADPF 54, por meio da qual a Suprema Corte estabeleceu a possibilidade de interrup-
ção da gravidez no caso de fetos anencéfalos. No caso, foi levado em conta o fato de a anen-
cefalia ser considerada uma patologia letal, de forma que os bebês nascidos em tal condição
morrem poucas horas após o parto.

FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – MULHER – DIGNIDADE –DIREI-


TOS FUNDAMENTAIS. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção da gra-
videz de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II,
do Código Penal.

Outra decisão importante do STF e intimamente relacionada com a inviolabilidade do di-


reito à vida refere-se à possibilidade de realização de pesquisas com células-tronco. De acor-
do com o tribunal, a pesquisa é possível quando atender a duas condições:
• as células embrionárias tenham sido obtidas de embriões humanos produzidos por
fertilização in vitro;
• os embriões decorrentes da fertilização não sejam utilizados em procedimentos repro-
dutivos posteriores.

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

O inciso faz menção à isonomia, que, por sua vez, deriva diretamente do clássico princípio
da igualdade. Por meio da isonomia, deve o legislador tratar de forma igual os iguais e de for-
ma desigual os desiguais, na medida das suas desigualdades.

Quando o legislador edita uma norma conferindo aos maiores de 60 anos o direito de transi-
tar pelo território nacional, em empresas concessionárias de serviço público, mediante o não
pagamento da passagem, estamos diante da isonomia.
Assim, ainda que os demais indivíduos não façam jus a este direito, não há que se falar em
violação ao princípio da igualdade, uma vez que a isonomia confere a possibilidade de trata-
mento desigual às pessoas que estejam em condições diferentes.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 28 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Salienta-se, contudo, que as medidas discriminatórias de tratamento devem ser exercidas


de acordo com o princípio da razoabilidade, evitando-se que excessos cometidos pelo legis-
lador agridam a dignidade da pessoa humana dos particulares envolvidos.
Em outros termos, é plenamente possível que o legislador trate determinadas classes de
pessoas de forma diferenciada, sem que isso configure desrespeito ao texto da Constitui-
ção Federal.
Em consonância com este entendimento, o STF já afirmou que a Lei Maria da Penha, cria-
da com a finalidade de proteger a mulher das práticas de violência doméstica, é plenamente
constitucional. Nesta situação, entende o tribunal que a medida, ainda que discriminatória, é
decorrência direta do princípio da isonomia, revestindo-se de razoabilidade e assegurando às
mulheres um tratamento que as iguale, em proteção, às demais classes de pessoas.
Neste mesmo sentido, merece destaque a questão da política nacional de “cotas raciais”,
por meio do qual um número de vagas é reservado aos descendentes de determinadas etnias.
No caso, estamos, mais uma vez, diante do princípio da isonomia, oportunidade em que a ra-
zoabilidade deve ser analisada.
Merece destaque, ainda com relação à possibilidade de tratamento diferenciado, a deci-
são do STF no âmbito do AI 443.315. No julgado em questão, estabeleceu o tribunal que

não afronta o princípio da isonomia a adoção de critérios distintos para a promoção de


integrantes do corpo feminino e masculino da Aeronáutica.

Da análise das situações expostas, consegue-se identificar algumas características que


devem ser observadas para a adoção de critérios discriminatórios:

A doutrina costuma diferenciar as expressões “igualdade na lei” e “igualdade perante a


lei”. Ao passo que a “igualdade na lei” ocorre em um momento anterior, sendo direcionada ao
legislador, a “igualdade perante a lei” ocorre com a lei já elabora.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 29 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Na “igualdade na lei”, a ideia é que o legislador, ao elaborar as leis, o faça da forma menos
discriminatória possível, abrangendo todas as pessoas que eventualmente possam fazer jus
aos seus efeitos.
Na “igualdade perante a lei”, como a lei já se encontra elaborada, a sua destinação é para
os aplicadores e intérpretes. Assim, deve a interpretação e, como consequência, a aplicação
dos efeitos decorrentes da norma, ser o mais amplo possível.

Outra classificação existente refere-se à isonomia material e formal.


De acordo com este entendimento, a isonomia formal está relacionada com a possibi-
lidade que todas as pessoas possuem, independentemente de suas condições financeiras,
étnicas e sociais, de buscar os direitos previstos em lei. Trata-se a isonomia formal, como
consequência, de um direito conferido a todos os indivíduos: o de buscar alcançar os direitos
que lhe são assegurados.
A isonomia material, por sua vez, vai além da isonomia formal, possibilitando que seja
conferido tratamento desigual às pessoas que estejam em condições desiguais. Possibilita a
isonomia material a adoção de políticas discriminatórias com a finalidade de igualar as con-
dições de grupos que estejam em desvantagem. Por este motivo, a isonomia material tam-
bém é conhecida como igualdade real, uma vez que atua não apenas no campo teórico, mas
sim na prática, modificando a realidade social das pessoas atingidas.

Quando uma lei determina que “Todas as pessoas terão direito aos serviços de energia elétrica
e de água encanada”, estamos diante da isonomia formal, de forma que todos aqueles que
desejarem fazer uso destes serviços devem adotar os procedimentos previstos em lei, sendo
que a energia elétrica e a água encanada nada mais são do que direitos a eles conferidos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 30 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Quando o Poder Público assegura à população de baixa renda os serviços de energia elétri-
ca e de água encanada de forma gratuita, estamos diante da isonomia material, sendo que a
ideia do legislador, com a medida, é, mediante a adoção de políticas discriminatórias, reduzir
as desigualdades das pessoas de baixa renda.

Merece destaque, ainda, a impossibilidade do Poder Judiciário, baseado no princípio da


igualdade, estender vantagens a determinados grupos de pessoas. Tal situação ocorreria,
por exemplo, caso o Poder em questão conferisse aos servidores da categoria X as mesmas
vantagens asseguradas aos servidores da categoria Y.
Caso isso fosse possível, estaria o Poder Judiciário exercendo a função de legislar, algo
que, em nosso ordenamento, não é possível em virtude da separação de Poderes.
Sedimentando o assunto, o STF editou a Súmula n. 339, de seguinte teor:

Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob fundamento de isonomia.

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

O princípio da legalidade não é uma peculiaridade da atividade administrativa, estando


presente em todo o Estado Democrático de Direito. Tal princípio apresenta dois sentidos, a
depender das pessoas que estão sujeitas aos seus mandamentos.
Para a população em geral, a legalidade afirma que as pessoas apenas serão obrigadas a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa em virtude de lei.
Para a Administração Pública, em sentido oposto, a legalidade determina que os agentes
públicos apenas podem fazer aquilo que a lei estiver autorizando ou determinando. Neste
último sentido, o princípio liga-se, basicamente, à ideia de que toda e qualquer atividade da
Administração Pública deve pautar-se na vontade popular.
E isso é bem simples de entender: Uma vez que é a população quem escolhe seus repre-
sentantes através do voto, presume-se que ela, a população, é quem atua, ainda que indireta-
mente, através da manifestação de seus representantes.
E, como se sabe, toda e qualquer norma jurídica que inove o ordenamento deve ter a par-
ticipação dos representantes populares. Indiretamente, portanto, quem está editando leis e
inovando o ordenamento pátrio é a própria população.
Nesse sentido se posiciona o autor Hely Lopes Meirelles:

As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública, e seus preceitos não podem ser des-
cumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma
vez que contêm verdadeiros poderes-deveres, irrelegáveis pelos agentes públicos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 31 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Importante diferenciação deve ser feita sobre os termos legalidade e reserva legal.
Dessa forma, a legalidade seria aplicada para as situações em que a Constituição Federal
determina que o administrado deve obediência à lei em sentido lato, que pode ser entendida
como todo diploma normativo que inova no ordenamento jurídico, tal como as medidas pro-
visórias e os decretos autônomos.
Em sentido contrário, para todas as hipóteses em que a Constituição Federal veda a pos-
sibilidade de edição de medida provisória, bem como para as situações que não sejam aque-
las previstas para edição de decreto autônomo, estaremos diante da legalidade em sentido
estrito, também conhecida como reserva legal.
Nestas situações, apenas a edição de uma lei formal (com a obediência de todos os seus trâ-
mites legislativos) é capaz de disciplinar a matéria ou impor obrigações para os administrados.
Diversas são as espécies legislativas passíveis de utilização em nosso ordenamento, tais
como as leis, as medidas provisórias e os decretos.
Com e edição da Emenda Constitucional n. 32, passamos a contar com a possibilidade de
inovação do ordenamento jurídico, nas estritas hipóteses previstas no texto constitucional,
por meio de decreto autônomo expedido pelos chefes do Poder Executivo.
Quando a Constituição determina que uma matéria deve ser disciplinada por lei, estare-
mos diante da legalidade, ou seja, lei em sentido lato (que abrange as medidas provisórias e
os decretos autônomos) ou da reserva legal, também conhecida como lei em sentido estrito.

Legalidade Reserva Legal


Abrange não só as leis, como também
Abrange apenas as leis que forem editadas
as medidas provisórias e os decretos
de acordo com o processo legislativo
autônomos
Possuem maior abrangência, uma vez que Possuem menor abrangência, de forma que
regulam um leque maior de matérias regulam um menor número de matérias
Menor densidade, uma vez que a edição Maior densidade, pois devem observar
de um decreto autônomo, por exemplo, é todos os trâmites estabelecidos no processo
menos complexa que uma lei legislativo (quórum, maioria de votação)
É a lei em sentido lato, amplo É a lei em sentido estrito, formal

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 32 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

A reserva legal pode ser classificada, ainda, em absoluta, relativa, simples e qualificada.
Teremos a reserva legal absoluta quando a Constituição Federal exigir, para a regula-
mentação integral da matéria, uma lei em sentido estrito. Nestas situações, não há qualquer
espaço para que um ato infralegal auxilie na regulamentação.
A reserva legal relativa, por sua vez, não exige que a lei seja a responsável por toda a re-
gulamentação das matérias em questão, podendo apenas definir os parâmetros por meio do
qual um ato infralegal irá regulamentar e detalhar a matéria.
Na reserva legal simples, a Constituição Federal, ainda que exija uma lei formal para dis-
ciplinar a matéria, não especifica o conteúdo da norma que será editada.
Na reserva legal qualificada, a Constituição Federal igualmente exige lei formal como for-
ma de regulamentação. Nestas situações, contudo, já define a Constituição, previamente, o
conteúdo que a lei deverá ter.

Como exemplo de reserva legal absoluta, temos os diversos artigos da Constituição Federal
que apresentam os termos “a lei estabelecerá” e “a lei regulamentará”: “A lei estabelecerá os
casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excep-
cional interesse público” (art. 37, X).
Como exemplo de reserva legal relativa, temos os artigos constitucionais que constam com
a expressão “nos termos da lei” e “na forma da lei”: “O Estado promoverá, na forma da lei, a
defesa do consumidor” (art. 5º, XXXII).
Como exemplo de reserva legal simples, temos o disposto no artigo 5º, VII, da CF/1988: “É
assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e milita-
res de internação coletiva”.
Nota-se, da leitura do artigo, que a Constituição Federal não define como que a prestação de
assistência religiosa será feita nas entidades civis e militares de internação coletiva. Possui a
lei, como consequência, uma maior liberdade para definir o seu conteúdo.
Como exemplo de reserva legal qualificada, cita-se o disposto no artigo 5º, XII, da CF/1988: “É
inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comuni-
cações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.
Nesta situação, percebemos que o conteúdo da lei está restrito, uma vez que a própria Cons-
tituição já afirma que apenas mediante autorização judicial é que poderá ser realizada a inter-
ceptação telefônica.

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Neste inciso, temos um desdobramento direito do fundamento constitucional da digni-


dade da pessoa humana. Como consequência, ninguém poderá ser submetido a tortura ou a
tratamento desumano ou degradante.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 33 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

A tortura pode ser definida como qualquer ato ou omissão pelo qual se submete terceiros
a um intenso sofrimento físico ou mental, tendo como objetivo, dentre outros, obter confissão
ou informação, castigar, intimidar e discriminar. Na tortura, o responsável pelos atos será um
agente público.
O tratamento desumano é aquele aplicado com intenso sofrimento físico ou mental. Con-
tudo, ao contrário do que ocorre com a tortura, não há um propósito claro, tampouco uma
motivação aparente.
O tratamento degradante, por sua vez, é aquele que humilha e diminui a pessoa diante de
terceiros ou de si mesma.
Em sintonia com a impossibilidade de utilização das práticas acima descritas é o teor da
Súmula Vinculante n. 11:

Súmula Vinculante n. 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fun-


dado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso
ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Da análise da súmula vinculante em questão, observa-se que a utilização de algemas é a


exceção, apenas podendo ocorrer em três situações:
• em caso de resistência do preso;
• quando houver fundado receio de fuga;
• quando houver risco à integridade física própria ou alheia.

Nestas situações, deverá a autoridade competente, ainda, para poder fazer uso das alge-
mas, justificar por escrito a excepcionalidade da medida.

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;


V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
terial, moral ou à imagem;

A livre manifestação do pensando é uma das mais importantes garantias de todos os


Estados Democráticos de Direito. Por meio dela, proporciona-se que a população haja ativa-
mente na defesa de seus interesses individuais ou coletivos.
Com base na vedação ao anonimato, o STF já firmou entendimento no sentido de ser
impossível a utilização exclusiva de escritos anônimos (apócrifos) como fundamento para
a instauração de processo criminal ou disciplinar. Nada impede, contudo, que a autoridade
competente, tendo conhecimento dos escritos anônimos, adote as medidas complementares
com a finalidade de verificar se as informações prestadas são ou não procedentes.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 34 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

O Poder Público, com o objetivo de assegurar a integridade das mulheres e crianças, instala
um sistema chamado “Disk Cidadania”. Por meio do serviço, todas as pessoas são estimula-
das a, diante de uma situação de agressão contra mulheres ou crianças, realizar uma denún-
cia à autoridade competente.
Para que o serviço seja eficaz, o Poder Público informa que as denúncias poderão ser
realizadas de forma anônima, não comprometendo assim a intimidade daquele que está
denunciando.
Uma vez recebidas as informações, deve o Poder Público adotar todas as providências com o
objetivo de verificar se os fatos narrados são ou não verídicos. Em caso afirmativo (e só então
depois de ter provas suficientes) é que o processo criminal ou disciplinar poderá ter início.

Importante entendimento do STF foi o proferido no julgamento da ADPF 187. Por meio da
decisão, o tribunal considerou lícita e decorrente da liberdade de expressão a defesa da lega-
lização das drogas, ainda que realizadas em espaços públicos.

A defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas, longe de significar um ilícito


penal, supostamente caracterizador do delito de apologia de fato criminoso, representa,
na realidade, a prática legítima do direito à livre manifestação do pensamento, propiciada
pelo exercício do direito de reunião, sendo irrelevante, para efeito da proteção constitu-
cional de tais prerrogativas jurídicas, a maior ou a menor receptividade social da proposta
submetida, por seus autores e adeptos, ao exame e consideração da própria coletividade.

Situação semelhante ocorre, por exemplo, com uma possível passeata em defesa da le-
galização do aborto, ou então com o objetivo de protestar contra a política de cotas. Em to-
das estas situações, o fundamento para a legalidade das condutas é a livre manifestação do
pensamento.
Não se trata esta manifestação, contudo, de um direito absoluto, devendo ser exercido em
harmonia com os demais direitos previstos no texto da Constituição Federal. Caso esta limi-
tação não seja observada, poderá dar ensejo ao pagamento de indenização pelos eventuais
danos materiais, morais ou à imagem à pessoa lesada.
Para possibilitar que a responsabilização seja feita de forma objetiva, a própria Constitui-
ção assegura, conforme já afirmado, que é vedado o anonimato. Logo, todas as manifesta-
ções, ainda que livres, devem ser feitas com a identificação dos seus responsáveis.
Os danos materiais são aqueles relacionados com prejuízos financeiros claramente iden-
tificáveis. Como exemplo, cita-se a destruição de um carro ou de uma casa.
Os danos morais, por sua vez, são aqueles que estão fora do aspecto material, afetando a
paz interior e atingindo a honra e a intimidade do particular. Como exemplo, temos a difama-
ção e a prática de situações vexatórias.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 35 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Os danos à imagem estão relacionados com as condutas que fazem uso da imagem da
pessoa sem a devida autorização. Como exemplo, cita-se a publicação de fotos em sites
pornográficos e a utilização, sem autorização, da imagem da pessoa para confecção de pro-
pagandas com fins lucrativos.
Os danos materiais, morais e à imagem podem ser objeto de indenização cumulativa, des-
de que, por óbvio, a conduta tenha dado ensejo aos três tipos de prejuízo.
Ocorrendo o dano, o particular lesado terá direito, além das indenizações mencionadas,
a responder de forma proporcional ao agravo. Neste sentido, a reposta deverá ser veiculada
no mesmo meio de comunicação, com o mesmo destaque, tamanho e duração da condu-
ta gravosa.
Por fim, ressalta-se o teor de dois entendimentos do STF, ambos relacionados com a liber-
dade de expressão e com a vedação ao anonimato:
• Segundo o STF, o TCU não pode manter em sigilo a autoria de denúncia a ele apresenta-
da contra um administrador público. Caso tal medida fosse possível, o direito de defesa,
por parte do administrador denunciado, estaria seriamente prejudicado, uma vez que
este não teria conhecimento acerca de possíveis informações infundadas ou pautadas
em critérios de inimizade.
• De acordo com o tribunal, é dispensável a exigência de diploma de jornalismo e de re-
gistro profissional no Ministério do Trabalho para o exercício da profissão de jornalista.
Com tais medidas, o objetivo do STF é assegurar que a manifestação do pensamento
seja exercida livremente por todos.

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos


cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;

A proteção à liberdade religiosa trata-se de um direito fundamental constitucionalmente


previsto. Contudo, esta liberdade não deve ser confundida com a possibilidade de o Poder
Público exercer qualquer tipo de prestação religiosa.
Como o Brasil é um Estado laico, é livre à população a possibilidade de aderir a qualquer
tipo de religião ou seita, de não aderir a nenhuma delas ou, ainda, de ser ateu ou agnóstico.
Consequentemente, o Poder Público está impedido de prestar qualquer tipo de assistên-
cia religiosa. Caso isso fosse possível, a religião ou crença propagada pelo Estado ofenderia
as convicções daqueles que não concordassem com tal opinião.
É importante mencionar que, ainda que a Constituição Federal assegure a assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva, bem como proteja os locais
de culto e suas liturgias, toda e qualquer prestação de assistência religiosa, em nosso país,
apenas poderá ser feita por particulares.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 36 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Como decorrência da laicidade do Estado, merece ser destacado a decisão do STF profe-
rida no julgamento da ADI 5.258:

É inconstitucional, por ofensa aos princípios da isonomia, da liberdade religiosa e da lai-


cidade do Estado, norma que obrigue a manutenção de exemplar de determinado livro de
cunho religioso em unidades escolares e bibliotecas públicas estaduais.

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Estamos aqui diante da conhecida Escusa de Consciência, que ocorre, basicamente, da


seguinte forma:
• Inicialmente, qualquer cidadão (detentor de direitos políticos) poderá ser convocado
para cumprir uma obrigação legal a todos imposta. Como exemplo de obrigação, temos
o serviço militar obrigatório.
• Caso esta pessoa, legalmente convocada, se recuse a cumprir a obrigação alegando
motivos de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, nenhum direito será
dela privado. Neste caso, o Poder Público determinará a ela que cumpra uma prestação
alternativa, que deverá estar previamente definida em lei.
• Uma vez cumprida a prestação alternativa, o particular se desincumbe de sua obriga-
ção, não sofrendo nenhuma privação nos seus direitos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 37 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• Caso, contudo, o particular não cumpra com a prestação alternativa, sofrerá ele uma
privação em seus direitos. Nesta situação, a grande controvérsia existente é se a medi-
da implica em perda ou em suspensão dos direitos políticos.

Segundo o professor Alexandre de Moraes, tal situação enseja a perda dos direitos políti-
cos, uma vez que tais direitos, após o cumprimento de eventual penalidade, não são estabe-
lecidos automaticamente, carecendo de pedido por parte do particular.
Por outro lado, diversos diplomas legais afirmam o oposto, ou seja, que a situação em tela
enseja a suspensão dos direitos políticos.
Neste sentido, por exemplo, é o artigo 438 do Código de Processo Penal:

A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever
de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar
o serviço imposto.

No mesmo sentido estabelece o artigo 4º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 8.239 (norma que regula-
menta a forma como se dará a prestação social alternativa):

A recusa ou cumprimento incompleto do Serviço Alternativo, sob qualquer pretexto, por motivo de
responsabilidade pessoal do convocado, implicará o não fornecimento do certificado correspon-
dente, pelo prazo de dois anos após o vencimento do período estabelecido.
Findo o prazo previsto no parágrafo anterior, o certificado só será emitido após a decretação, pela
autoridade competente, da suspensão dos direitos políticos do inadimplente, que poderá, a qual-
quer tempo, regularizar sua situação mediante cumprimento das obrigações devidas.

Em provas de concurso, aconselha-se que o bom senso seja utilizado. Em caso de ques-
tões com as duas alternativas (perda e suspensão) o mais indicado é escolher a suspensão,
uma vez que tal afirmativa possui base legal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 38 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Ainda com relação à liberdade de consciência e de crença, e tendo em vista a pandemia


decorrente do coronavírus, merece ser destacado o entendimento do STF proferido no ARE
1.267.879:

É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em


órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imuniza-
ções, ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de
determinação da União, Estado, Distrito Federal ou Município, com base em consenso
médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência
e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar.

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independen-


temente de censura ou licença;

Não é admitido, em nosso ordenamento jurídico, nenhum tipo de censura. Como conse-
quência, o exercício de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação é livre à
iniciativa privada, não necessitando, para a sua prática, de autorização do Poder Público.
Neste mesmo sentido, a própria Constituição Federal estabelece, em seu artigo 220, que
nenhuma forma, processo ou veículo de comunicação poderá ser objeto de censura:

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer for-
ma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

Em sintonia com este entendimento, o STF, no julgamento da ADI 4.451, afirmou que é
livre a manifestação de opinião do jornalista, ainda que o comentário represente uma crítica
às autoridades estatais:

Dando-se que o exercício concreto dessa liberdade em plenitude assegura ao jornalista


o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente,
sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de
Estado.

Posteriormente, o plenário do STF voltou a se manifestar sobre assunto relacionado com


a vedação à censura. No julgamento da ADI 4815, o tribunal, por unanimidade, declarou inexi-
gível a autorização prévia para a publicação de biografias.
Em todas as situações, o fundamento utilizado é a vedação à censura. Contudo, importan-
te salientar que os abusos cometidos pelos particulares, ainda que decorrentes da liberdade
de expressão, serão objeto de responsabilização na esfera penal e civil.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 39 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Quatro são os direitos protegidos pelo inciso em questão: a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem.
A intimidade e a vida privada são conceitos relacionados, sendo que a vida privada se tra-
ta de um conceito mais amplo, abarcando todas as informações que apenas a própria pessoa
pode escolher se as divulga ou não. A intimidade, por sua vez, é uma parte da vida privada,
mais precisamente aquela que diz respeito ao modo de ser, ao modo de pensar e aos senti-
mentos do indivíduo.

A honra está relacionada com o sentimento de dignidade e com a reputação que a pessoa
possui perante a sociedade em que convive.
A imagem relaciona-se com a representação que as pessoas possuem perante si mes-
mas e com a forma como esta representação poderá ser explorada perante terceiros.
Em caso de violação a qualquer um dos direitos apresentados, será assegurado o direito
ao recebimento de danos materiais e morais.
Neste sentido, o STJ possui entendimento sumulado de que ambas as indenizações po-
dem ser recebidas acumuladamente, conforme se observa da leitura da Súmula n. 37:

Súmula n. 37 – STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral
oriundos do mesmo fato.

Ainda de acordo com o entendimento do STJ (Súmula n. 237), até mesmo as pessoas
jurídicas poderão ser indenizadas pela ocorrência de dano moral. Como exemplo de situação
ensejadora desta conduta, cita-se o protesto indevido de título comercial ou a inclusão inde-
vida do nome da empresa em serviços de proteção ao crédito.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 40 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

No âmbito da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das


pessoas, inúmeras são as decisões do STF que merecem destaque. Em todas elas, nota-se
uma preocupação do Estado em garantir um núcleo inatingível de cada indivíduo:
• Estabelece o STF que não se pode coagir um suposto pai a realizar o exame de DNA,
uma vez que tal medida implicaria em ofensa a diversos direitos e garantias previstas
na Constituição Federal.
• Para o tribunal, não há necessidade de ofensa à reputação do indivíduo para que ele
tenha direito ao recebimento de uma indenização por danos morais. Em sentido oposto,
situações como a de falecimento de um membro da família acarretam, por si só, dor e
sofrimento, ensejando, em determinadas situações, o pagamento de indenização.
• No âmbito dos agentes políticos, o direito à privacidade deve ser relativizado, uma vez
que tais pessoas são representantes da população, devendo, no desempenho de suas
atribuições, prestar contas de todas as medidas adotadas.

Isso, contudo, não significa que os detentores de cargos eletivos não tenham direito à
privacidade. O que se quer afirmar é que tais agentes, quando no desempenho de funções
públicas, não podem invocar o direito à privacidade como forma de se eximir da publicidade
de seus atos.

• No que se refere aos servidores públicos, importante decisão do STF afirma que, em
caso de dano moral contra agente estatal que esteja no desempenho de suas atribui-
ções, deve ser aplicada, no momento da indenização, uma cláusula da modicidade.

O que é levado em conta, nesta situação, é o fato de o servidor público estar em cons-
tante fiscalização por parte da sociedade. Logo, a possibilidade de algum membro da socie-
dade acreditar que o servidor praticou algum ato ilícito e, equivocadamente, denunciá-lo, é
muito maior.

Ícaro, servidor público, possui, dentre as suas atribuições, a de fiscalizar diversos estabeleci-
mentos comerciais. Como consequência, é correto afirmar que a possibilidade de Ícaro come-
ter alguma irregularidade é bem maior do que a de um cidadão comum, motivo pelo qual toda
a sociedade possui o dever de fiscalizar as atividades desempenhadas por ele.
Caso um cidadão, convencido de que Ícaro cometeu uma infração, divulgue esta notícia na
mídia local, estará ele cumprindo com sua obrigação social.
Como consequência, um possível erro por parte deste cidadão (tal como a veiculação de
notícia inverídica) acarreta, para Ícaro, o direito ao recebimento de uma indenização por
danos morais.
Esta indenização, por sua vez, será menor do que a que teria direito uma pessoa que não esti-
vesse no desempenho de atividade estatal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 41 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

O fundamento para esta cláusula de modicidade é estimular que a sociedade fiscalize as ati-
vidades desempenhadas pelos agentes públicos.

Decorrência direta do direito à intimidade e à vida privada é a possibilidade de quebra do


sigilo bancário. Desta forma, ainda que o sigilo bancário seja um direito fundamental (intimi-
dade e vida privada), o fundamento para a sua quebra reside na inexistência, em nosso orde-
namento, de direitos e garantias de caráter absoluto.
De acordo com a doutrina, apenas as seguintes autoridades é que podem determinar a
quebra do sigilo bancário:
• por determinação do Poder Judiciário;
• por determinação do Poder Legislativo, mediante aprovação pelo Plenário da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal ou das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI)
federais ou estaduais;
• por determinação do Ministério Público, na hipótese de procedimento administrativo
visando a defesa do patrimônio público;
• por determinação de autoridades e agentes fazendários, no caso de procedimento fis-
cal em curso ou de processo administrativo instaurado, quando as informações forem
indispensáveis aos respectivos procedimentos.

Em sentido oposto, as autoridades policiais, o Ministério Público (com exceção das si-
tuações em que estejamos diante da defesa do patrimônio público), as CPIs municipais os
Tribunais de Contas não podem determinar a quebra do sigilo bancário.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 42 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Outro importante entendimento relacionado com a privacidade é a teoria das esferas. De


acordo com esta teoria, de origem alemã, a privacidade pode ser dividida em três diferentes
espécies: privada, íntima e secreta.
Nesta teoria, a esfera privada compreende as demais, estando relacionada, basicamente,
com aspectos da vida da pessoa que sejam excluídos do conhecimento de terceiros.
Já a esfera íntima compreende os valores do âmbito da intimidade, com acesso restrito
aos indivíduos com os quais a pessoa se relaciona de forma mais intensa. A esfera secreta,
por sua vez, refere-se ao sigilo, ou seja, às informações que apenas são de conhecimento do
próprio indivíduo.
Observa-se assim que, quanto mais interna for a esfera, mais intensiva deve ser a sua
proteção jurídica.

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial;

Temos aqui a inviolabilidade de domicílio, inciso bastante exigido em provas de concursos.


Inicialmente, precisamos saber que o termo “casa”, na visão do STF, é bastante amplo,
abrangendo qualquer compartimento privado não aberto ao público. Desta forma, os escritó-
rios e consultórios profissionais, os quartos de hotéis, uma boleira de caminhão e até mesmo
a sede de uma empresa são considerados casa para fins de proteção.
Por outro lado, os bares e restaurantes, na visão do tribunal, não são considerados casa,
uma vez que tais dependências são abertas ao público em geral e não possuem o caráter da
definitividade da moradia.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 43 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Como visto, os estabelecimentos comerciais, em regra, estão protegidos pela inviolabili-


dade domiciliar. Contudo, como não temos, em nosso ordenamento, direitos de caráter ab-
soluto, é plenamente possível que o Poder Judiciário determine, em situações excepcionais,
que a autoridade policial ingresse no estabelecimento profissional à noite com a finalidade de
instalar equipamentos de captação de som (escuta).
E isso ocorre na medida em que o princípio da inviolabilidade domiciliar não pode ser uti-
lizado para mascarar atividades ilícitas realizadas no estabelecimento da empresa.
Vejamos quais são as situações em que é possível o ingresso na casa de um particular:
• Mediante consentimento do morador. Nesta hipótese, o ingresso poderá ocorrer em
qualquer hora do dia ou da noite.
• Em caso de flagrante delito. O objetivo, nesta situação, é evitar que a inviolabilidade
sirva de escudo para as práticas ilícitas.
• Em caso de desastre, conceito que abarca tanto as causas naturais quanto os eventos
inesperados.
• Para prestar socorro, oportunidade em que o direito à vida se sobressai sobre a invio-
labilidade domiciliar.
• Durante o dia, por determinação judicial. Neste caso, ainda que o Poder Judiciário te-
nha determinado o ingresso no domicílio particular, o início da ação (a entrada na casa),
ainda assim deverá ocorrer durante o dia.

O conceito de dia, para fins de inviolabilidade domiciliar, não é objetivamente definido,


sendo considerado, devido às inúmeras particularidades de nosso país (tal como o horário de
verão), o período compreendido entre a aurora e o crepúsculo.
Modernamente, o Poder Judiciário tem utilizado o período compreendido das 06:00 horas
às 18:00 horas para o conceito de dia.
Contudo, caso a autoridade competente, mediante autorização judicial, tenha adentra-
do no domicílio do particular durante o dia, nada impede que o término das investigações
ocorra no período da noite. O que deve ser levado em conta, nestas situações, é o princípio
da razoabilidade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 44 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Por fim, merece destaque a decisão do STF proferida no RE 251445, por meio do qual ficou
sedimentado que nem mesmo as autoridades policial e fiscal ou o Ministério Público são ex-
ceções à regra da inviolabilidade de domicílio:

Sendo assim, nem a Polícia Judiciária, nem o Ministério Público, nem a administração
tributária, nem quaisquer outros agentes públicos podem, a não ser afrontando direitos
assegurados pela Constituição da República, ingressar em domicílio alheio, sem ordem
judicial ou sem o consentimento de seu titular.

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Ainda que o inciso em análise possa levar a uma falsa interpretação no sentido de que ape-
nas as comunicações telefônicas podem ser violadas, tal entendimento não deve prevalecer.
Como é sabido, não são admitidos, em nosso ordenamento, direitos e garantias de caráter
absoluto, motivo pelo qual uma interpretação no sentido exposto levaria à falsa conclusão de
que o sigilo das correspondências, das comunicações telegráficas e de dados seria comple-
tamente inviolável.
Neste sentido já se manifestou o STF, quando, no julgamento do HC 70.814, afirmou que
a administração penitenciária poderia, desde que devidamente fundamentada, interceptar as
correspondências recebidas pelos presos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 45 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de dis-


ciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente,
e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei 7.210/1984,
proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a
cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de
salvaguarda de práticas ilícitas.

Sobre a comunicação de dados, importante frisar que a inviolabilidade do inciso alcança


apenas a comunicação dos dados, mas não os dados em si. Em outros termos, a proteção
não alcança os locais em que os dados estão armazenados, tal como o disco rígido de um
computador, uma vez que, após armazenadas, a comunicação já terá sido realizada.

Em uma operação policial, a autoridade competente, mediante autorização, levou diversos


computadores de um escritório comercial com a finalidade de analisar os e-mails enviados e
recebidos pelos diretores da empresa.
Nesta situação, ainda que a inviolabilidade das comunicações de dados seja um direito fun-
damental, as informações armazenadas nos computadores já cumpriram a finalidade de
comunicar, motivo pelo qual podem ser verificadas por terceiros.

Acerca das comunicações telefônicas, é necessário, em um primeiro momento, diferenciar


a quebra do sigilo das comunicações da interceptação telefônica.
A quebra do sigilo das comunicações consiste em ter acesso a um extrato de todas as li-
gações realizadas e recebidas, bem como a data e hora em que estas aconteceram e o tempo
de duração. A quebra do sigilo pode ser determinada pelo Poder Judiciário e pelas Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPI).
A interceptação telefônica consiste em uma medida mais gravosa, uma vez que represen-
ta o acesso à gravação das conversas realizadas. Para ser possível, a interceptação telefôni-
ca precisa atender a três requisitos:
• Lei que preveja as hipóteses e a forma como a interceptação será realizada (em nosso
ordenamento, tais requisitos são atendidos pela Lei n. 9.296).
• Existência de investigação criminal ou instrução processual penal. Desta forma, a in-
terceptação jamais poderá ocorrer no curso de um processo administrativo ou de na-
tureza cível.
• Ordem judicial específica para o caso concreto. No momento da ordem, a autoridade
judiciária definirá a forma como a interceptação será feita, sendo que o prazo para a
sua conclusão não poderá, inicialmente, superar 15 dias. Contudo, o STF possui enten-
dimento de que tal prazo pode ser renovado por sucessivas vezes, devendo ser anali-
sado cada caso isoladamente.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 46 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Quebra do sigilo telefônico Interceptação telefônica


Representa o acesso ao extrato das Representa o acesso às gravações das
ligações realizadas conversas realizadas
Pode ser determinada pelo Poder Judiciário Apenas pode ser determinada pelo Poder
e pelas CPIs Judiciário

Merece destaque a possibilidade de utilização da denominada prova emprestada no âm-


bito de um processo administrativo disciplinar.
Nestas situações, temos uma interceptação telefônica utilizada com a finalidade de sub-
sidiar uma investigação criminal. Contudo, a prova encontrada é útil, também, para um pro-
cesso administrativo disciplinar instaurado contra a mesma pessoa. Nesta hipótese, nada
impede que a prova seja “emprestada” para o PAD.
Este é o entendimento do STF, conforme observa-se do julgamento do Inquérito 2.424:

Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais,


judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em ins-
trução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar,
contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra
outros servidores cujos supostos lícitos teriam despontado à colheita dessa prova.

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profis-
sionais que a lei estabelecer;

Como regra, todas as pessoas poderão desempenhar qualquer tipo de atividade, seja ela
remunerada ou não. Em determinadas situações, contudo, a lei estabelece requisitos míni-
mos que devem ser observados para que o exercício da profissão possa ocorrer. Nestes ca-
sos, apenas aqueles que reunirem os requisitos legais é que poderão exercer a respectiva
atividade.
Por isso mesmo, o inciso em questão trata-se de uma norma constitucional de eficácia
contida, ou seja, que pode ser exercida livremente até que ocorra a edição de uma lei limitando
os seus efeitos.

Se tomarmos como exemplo a atividade de marceneiro, verificamos que todas as pessoas


que tenham aptidão para a realização das tarefas podem a desempenhar, uma vez que a lei
não apresenta requisitos mínimos para o exercício de tal profissão.
Caso, posteriormente, seja editada uma lei estabelecendo uma série de requisitos para o exer-
cício da profissão de marceneiro, apenas as pessoas que atenderem a todos os requisitos
previstos na norma é que poderão desempenhar a atividade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 47 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Nota-se, desta forma, que a regra é a inexistência de lei regulamentando as profissões.


Apenas em situações onde possa haver um potencial risco ao Estado é que a regulamentação
se faz necessária.
Em consonância com este entendimento, encontramos diversas decisões do STF:
• entende o tribunal que não é necessária a exigência de diploma ou o registro no Minis-
tério do Trabalho para o exercício da profissão de jornalista (RE 414.426);
• de acordo com o tribunal, é inconstitucional a exigência legal de inscrição na ordem
dos músicos do Brasil, bem como o pagamento de anuidade, para o exercício da ativi-
dade de músico (RE 635.023);
• para a Suprema Corte, é plenamente constitucional o exame da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), uma vez que o exercício da advocacia traz um risco coletivo, cabendo
ao Estado limitar o acesso à profissão (RE 603.583).

É importante destacar, ainda, que a atividade empresarial não pode ser obstruída, pelo
Poder Público, mediante a aplicação de penalidades que possuem a finalidade de receber
imposto atrasado.
Neste sentido, o entendimento do STF foi pacificado mediante a edição da Súmula n. 323,
de seguinte teor: “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para paga-
mento de tributos”.

XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-
sário ao exercício profissional;

A regra é que todas as informações sejam acessadas por todas as pessoas, sendo res-
guardado, ainda, o sigilo da fonte quando tal medida for necessária ao exercício profissional.
É importante salientar que tal inciso não colide com a vedação ao anonimato. O que a
Constituição Federal quis assegurar, apenas, é que os jornalistas, no desempenho de suas
atividades, pudessem ter a garantia de não mencionar a fonte de onde conseguiram as infor-
mações divulgadas.
Contudo, caso alguém seja lesado pela informação divulgada, será o jornalista, e não
a fonte que repassou a ele a informação, quem responderá pelos danos morais, materiais
e à imagem.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 48 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Em tempo de paz, o direito à livre locomoção deve ser assegurado a todas as pessoas.
Isso não implica afirmar, contudo, que toda e qualquer pessoa poderá entrar e sair do ter-
ritório nacional, com seus bens, de forma gratuita. Para que o transporte de seus bens seja
feito (entrada e saída) deverá o nacional ou o estrangeiro arcar com tributos previstos na le-
gislação aduaneira e fiscal.
Caso este direito não seja garantido, deverá o particular fazer uso do remédio constitucio-
nal do habeas corpus.

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, indepen-
dentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Temos aqui o direito de reunião, expressão intimamente ligada à liberdade de expressão e


ao regime democrático de governo.
O conceito de reunião pode ser definido como o agrupamento de pessoas, realizado de
forma temporária e com a finalidade de propagar algum interesse comum a todos os partici-
pantes. Como exemplos, podem-se citar as reuniões realizadas em uma comunidade ou as
passeatas de reivindicação e protesto.
Para que o direito de reunião possa ser exercido, algumas características devem ser
observadas:
− Finalidade pacífica: em outros termos, não deve ser assegurado o direito de reunião
que tenha por objetivo a propagação de atos de violência.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 49 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

− Ausência de armas: a reunião deve ser realizada sem o porte de qualquer espécie de
armas. Neste sentido, uma marcha realizada por servidores públicos que tenham o
porte de arma, ainda que realizada com o objetivo de reivindicar melhores salários,
será inconstitucional.

Caso, contudo, apenas um participante da reunião esteja portando uma arma de fogo,
este motivo, por si só, não é suficiente para dissolver a reunião. Nesta situação, a autoridade
policial deverá desarmar o particular, dando prosseguimento à reunião.

− Locais abertos ao público: Todas as reuniões devem ser realizadas em locais aber-
tos ao público, possibilitando assim que a população tenha conhecimento dos as-
suntos que estão sendo tratados.

Como exemplo de reunião realizada em local aberto ao público, temos uma marcha em praça
pública defendendo a legalização das drogas. Tal reunião é constitucional, uma vez que as
ruas e praças são espaços abertos à população.
Como exemplo de reunião realizada em local não aberto ao público, temos uma reivindica-
ção de melhores salários feita por determinada categoria profissional dentro do gabinete da
Presidência da República. Esta reunião é inconstitucional, pois o gabinete em questão não se
trata de um local que pode ser livremente acessado pela população.

− Não frustração de outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local: uma
reunião não pode prejudicar outra anteriormente agendada para o mesmo local e
horário e já avisada à autoridade competente.
− Desnecessidade de autorização: para realizar a reunião, não há necessidade de au-
torização do Poder Público, uma vez que vigora, em nosso ordenamento, a liberdade
de manifestação do pensamento.

Como consequência, o Poder Público não possui competência para avaliar a conveniência
da realização da reunião, ou seja, para decidir se os motivos alegados pelos manifestantes
são ou não justos.

• Necessidade de aviso prévio: o aviso prévio à autoridade competente possui a fina-


lidade de evitar que duas ou mais reuniões sejam realizadas em um mesmo local e
horário. De igual forma, possibilita que o Poder Público adote as medidas necessárias
(garantia da segurança pública, regularização do trânsito) para que não haja prejuízos
à população.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 50 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

O STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 806.339, fixou a tese de que “são per-
mitidas reuniões ou manifestações em locais públicos, independentemente de comunicação
oficial prévia às autoridades competentes”. Sendo assim, devemos memorizar, a partir da
decisão tomada pelo STF em 2021, que o aviso às autoridades competentes não é condição
indispensável para o exercício do direito de reunião.

O direito de reunião trata-se de um direito individual, possibilitando assim que cada um


dos indivíduos decida se deve ou não participar do movimento. Como consequência, é cor-
reto afirmar que o direito de reunião assegura, também, a possibilidade de não participação
no evento.
Em caso de violação ao direito de reunião, o remédio constitucional que deve ser utilizado
é mandado de segurança, e não o habeas corpus.

005. (CEBRASPE/TJ-PA/DIREITO/2020) Um grupo de pais apresentou requerimento a deter-


minado município, solicitando autorização para realizar manifestação pacífica na praça pú-
blica onde está sediada a prefeitura, a fim de protestar contra políticas públicas municipais.
A autoridade pública competente negou o pedido, sob o fundamento de que frustraria outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo horário e local.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 51 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Nessa situação hipotética, para realizar a referida manifestação, o grupo de pais utilizou o
instrumento
a) inadequado, porque o direito de reunião não requer autorização, mas apenas prévio aviso.
b) inadequado, entretanto a autoridade competente não poderia ter negado o direito com base
no fundamento utilizado.
c) adequado, porque o direito de reunião requer prévia autorização administrativa, cabendo ao
grupo ajuizar ação popular contra a decisão que negou o referido pedido.
d) adequado, porque o direito de reunião requer prévia autorização administrativa, cabendo ao
grupo impetrar habeas corpus contra a decisão que negou o referido pedido.
e) adequado, porque o direito de reunião requer prévia autorização administrativa, cabendo ao
grupo impetrar mandado de segurança contra a decisão que negou o referido pedido.

De acordo com a Constituição Federal, o direito de reunião pode ser exercido independente de
autorização, sendo exigido apenas o prévio aviso à autoridade competente.

Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-
dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Logo, o requerimento apresentado pelo grupo de pais é inadequado, haja vista que bastaria o
prévio aviso à autoridade competente. Com isso, verificamos que a letra “a” é a resposta da
questão, bem como que as letras “c”, “d” e “e” estão incorretas (por afirmarem que o instru-
mento utilizado é adequado).
Na letra “b”, a autoridade pode negar o exercício deste direito, uma vez que, na situação apre-
sentada, a reunião frustraria o exercício de outra previamente convocada.
Letra a.

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades sus-
pensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para repre-
sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

A Constituição Federal também garante o direito de associação. Para que haja uma asso-
ciação, três são os requisitos necessários:
• Pluralidade de pessoas: a associação nada mais é do que uma sociedade, devendo,
obrigatoriamente, possuir mais de uma pessoa para a sua constituição.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 52 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• b) Estabilidade: ao contrário do que ocorre com a reunião de pessoas, que possui cará-
ter temporário, as associações são constituídas com uma finalidade permanente, que
se prolonga no tempo.
• Manifestação de vontade: as associações apenas são constituídas mediante a vontade
de duas ou mais pessoas. De igual forma, a possibilidade de associação é livre a todas
as pessoas, que devem manifestar expressamente o interesse em participar de tal so-
ciedade.

As associações são livres para escolher os interesses que irão defender, não sendo lícito
ao Poder Público interferir nesta escolha. As duas ressalvas ficam por conta da obrigato-
riedade dos fins lícitos da associação e da vedação à criação de associações com caráter
paramilitar.
As associações com caráter paramilitar são aquelas que se assemelham das organiza-
ções militares na sua constituição e forma de funcionamento.

Caso uma torcida organizada de um time de futebol seja dividida em pelotões e organizada,
hierarquicamente, com cargos de coronel, capitão e soldado, estaremos diante de uma asso-
ciação paramilitar.
Nesta situação, a associação está fazendo alusão aos termos militares, motivo pelo qual não
poderá ser constituída.

Tal como ocorre com as reuniões, a criação de associações independe de autorização


estatal, sendo vedado ao Poder Público, ainda, interferir na forma como as associações irão
desempenhar suas atividades.
Uma vez constituídas, as associações poderão ter suas atividades suspensas ou ser com-
pulsoriamente dissolvidas. Em ambos os casos, é necessária uma decisão judicial. Contudo,
como a dissolução compulsória trata-se de medida mais gravosa, exige-se, ainda, que a de-
cisão judicial tenha transitado em julgado, ou seja, que não possa mais ser objeto de recurso.

Uma das principais características das associações é a possibilidade de representação


judicial dos seus associados. A representação em questão consiste na possibilidade de um
terceiro ajuizar uma ação em nome de determinada pessoa.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 53 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Desta forma, poderá a associação, desde que expressamente autorizada por um indiví-
duo, ajuizar uma ação judicial em nome dele e na defesa de interesse alheio. Nesta situação,
observa-se que a associação é mera representante do indivíduo, uma vez que tanto o interes-
se quanto a titularidade são feitos em nome de terceiros.
Situação diferente ocorre com a substituição processual, quando a associação ajuíza uma
ação judicial em seu próprio nome, mas defendendo o interesse de terceiros. Como na substi-
tuição processual temos uma ação em nome da associação, não há necessidade, ao contrário
do que ocorre com a representação, de autorização expressa dos associados.

Quando a associação dos empregados públicos de determinado município ajuíza uma ação
cujo objetivo é exigir o pagamento de verbas devidas após o contrato de trabalho de determi-
nado número de trabalhadores, estamos diante da representação processual.
Nesta situação, a ação será ajuizada em nome dos empregados, defendendo interesses exclu-
sivamente destes (a associação apenas é a responsável pelo ajuizamento da ação).
Quando a associação ajuíza uma ação em seu próprio nome e tendo por objetivo defender os
interesses da categoria (situação que ocorre com o mandado de segurança coletivo), esta-
mos diante da substituição processual.
Nesta hipótese, a ação será ajuizada em nome da associação, defendendo interesses de toda
a categoria.

Representação Processual Substituição Processual

Ação ajuizada em nome dos associados Ação ajuizada em nome da associação

Interesse da ação é dos associados Interesse da ação é dos associados

Exige a autorização expressa dos Não exige a autorização expressa dos


associados para a propositura da ação associados para a propositura da ação

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 54 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

RESUMO
A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de
imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fundamentais, desta
forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um aumento em sua li-
berdade e uma limitação na atuação do Poder Público.
Os direitos fundamentais são os direitos reconhecidos à população de um dado território
mediante a confecção de um documento específico. E este documento específico nada mais
é do que a Constituição do respectivo país, responsável por instituir o ordenamento jurídico e
por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos.
Os direitos fundamentais podem ser conceituados como os bens e as vantagens conferi-
dos pela Constituição Federal. As garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos
constitucionalmente previstos com a finalidade de proteger os direitos fundamentais.

Os remédios constitucionais são uma espécie de garantia, podendo ser divididos em re-
médios administrativos e remédios judiciais.
São remédios administrativos constitucionalmente previstos o direito de petição e o di-
reito de certidão. Os remédios judiciais, por sua vez, são o habeas corpus, o habeas data,
o mandado de segurança, o mandado de segurança coletivo, a ação popular e o mandado
de injunção.
De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-
namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou
dimensões.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 55 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Geração ou
Fundamento Características
Dimensão
Surgiram no final do século XVIII.
Exigia uma não atuação do Estado.
1ª Geração Liberdade São representados pelos direitos civis e
políticos.
São conhecidos como “liberdades negativas”.
Surgiram no final do século XIX.
Exigia uma atuação positiva do Estado.
2ª Geração Igualdade São representados pelos direitos sociais,
econômicos e culturais.
São conhecidos como “liberdades positivas”.
Surgiram no século XX.
Direitos atribuídos a toda a humanidade.
3ª Geração Fraternidade São representados pelo direito ao meio
ambiente, ao progresso e à defesa do
consumidor.
Surgiram em meados do século XX.
Fundamentados na ideia de uma sociedade
sem fronteiras.
4ª Geração Biotecnologia
Representados pelos direitos à democracia,
à informação e a todas as questões
biotecnológicas.
Surgiram em meados do século XX.
Decorre da necessidade de toda a espécie
5ª Geração Paz
humana, independente das diferenças sociais
e ideológicas, possuir paz.

Os direitos e as garantias fundamentais gozam de uma série de características, sendo elas:


• Universalidade: como regra, os direitos fundamentais devem ser assegurados a todos
os seres humanos, independente de crença, raça, credo ou convicção política.
• Historicidade: os direitos fundamentais não surgem com base em um acontecimento
histórico isolado no tempo. Em sentido oposto, a existência de direitos fundamentais
está intimamente relacionada com as conquistas da humanidade ao longo dos anos.
• Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados
com terceiros, sendo de titularidade exclusiva da pessoa que os possui. Como conse-
quência, é correto afirmar que os direitos fundamentais não possuem conteúdo econô-
mico ou patrimonial. Em outras palavras, ninguém pode sair por aí vendendo um direito
fundamental.
• Indivisibilidade: os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas
atingem à finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 56 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• Imprescritibilidade: a prescrição está relacionada com a impossibilidade da utilização


das medidas cabíveis, após o decurso de um determinado período de tempo, para fazer
jus a um direito.

Com os direitos fundamentais, contudo, isso não ocorre. Assim, caso uma pessoa não
utilize um direito fundamental da qual é titular por um longo período de tempo, ainda assim
poderá fazer uso, à qualquer momento, do direito em questão.

• Irrenunciabilidade: como regra, o titular de um direito fundamental não pode dele dis-
por, renunciando assim ao ser exercício.

Contudo, em determinadas situações, e desde que por um prazo certo de tempo, poderá
a pessoa renunciar ao exercício de certos direitos fundamentais. Após o mencionado lapso
temporal, o direito objeto da renúncia voltará à sua plenitude.

• Relatividade: de início, temos que memorizar uma afirmativa amplamente utilizada pe-
las bancas organizadoras: “Não existem direitos fundamentais de caráter absoluto”.

Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter relativo, en-


contrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Consti-
tuição Federal.

• Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados de forma


isolada, mas sim de forma conjunta, complementar, possibilitando assim que a finali-
dade para a qual foram instituídos seja alcançada em sua plenitude.
• Concorrência: o particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao mesmo tem-
po, de forma concorrente, não havendo necessidade do esgotamento da utilização de
um direito para que outro possa ser exercido.
• Efetividade: cabe ao Estado, materializado pelas inúmeras políticas públicas, assegurar
condições para que os direitos fundamentais possam ser concretizados e efetivados
pela população.

Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,


em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Desta forma, para que um tratado ou convenção internacional seja alçado ao status de
norma constitucional, dois são os requisitos essenciais: a) versarem sobre direitos humanos;
e b) serem aprovados pelo quórum qualificado previsto na Constituição Federal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 57 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Nem todos os tratados e convenções internacionais, porém, alcançarão o status de norma


constitucional. De acordo com o STF, duas são as outras posições jurídicas que tais acordos
podem assumir:
• Os tratados e convenções que versem sobre direitos humanos, mas que não tenham
sido aprovados de acordo com o quórum qualificado previsto na Constituição Federal
terão eficácia de supralegalidade, localizando-se acima das leis ordinárias e abaixo das
normas constitucionais.
• Os demais tratados e convenções internacionais (aqueles que não versem sobre direi-
tos humanos) terão eficácia de lei ordinária.

A Constituição Federal, ao tratar dos direitos fundamentais, classificou-os em cinco dife-


rentes grupos, sendo eles:
• direitos e deveres individuais e coletivos;
• direitos sociais;
• direitos relativos à nacionalidade;
• direitos políticos;
• direitos relacionados com a existência dos Partidos Políticos.

Os direitos e deveres individuais e coletivos são aqueles ligados ao conceito da pessoa


humana. Tais direitos podem ser divididos em individuais (como direito à vida e à liberdade) e
coletivos (como o direito de reunião e o direito de associação).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 58 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Os direitos sociais são constituídos de prestações positivas, materializadas em políti-


cas públicas realizadas pelo Estado. Tais direitos possuem como objetivo a concretização da
igualdade, sendo exemplos as férias anuais, o descanso semanal remunerado e o aviso prévio
proporcional ao tempo de serviço.
Os direitos relativos à nacionalidade regulam os aspectos relacionados com o vínculo ju-
rídico-político que liga um indivíduo a um determinado Estado soberano. Por meio da nacio-
nalidade, verifica-se quais as pessoas que são consideradas brasileiros natos, naturalizados
ou estrangeiros.
Os direitos políticos regulamentam a forma como a soberania popular será exercida pela
população, seja de forma direta (por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular), seja de
forma indireta (por meio de representantes eleitos).
Os direitos relacionados com a existência dos partidos políticos determinam que tais as-
sociações, ainda que constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, são os
instrumentos necessários para que a preservação da democracia.

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberda-
de, à igualdade, à segurança e à propriedade.
A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, duran-
te o dia, por determinação judicial.
Vejamos quais são as situações em que é possível o ingresso na casa de um particular:
• Mediante consentimento do morador. Nesta hipótese, o ingresso poderá ocorrer em
qualquer hora do dia ou da noite.
• Em caso de flagrante delito. O objetivo, nesta situação, é evitar que a inviolabilidade
sirva de escudo para as práticas ilícitas.
• Em caso de desastre, conceito que abarca tanto as causas naturais quanto os eventos
inesperados.
• Para prestar socorro, oportunidade em que o direito à vida se sobressai sobre a invio-
labilidade domiciliar.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 59 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

• Durante o dia, por determinação judicial. Neste caso, ainda que o Poder Judiciário te-
nha determinado o ingresso no domicílio particular, o início da ação (a entrada na casa),
ainda assim deverá ocorrer durante o dia.

A Constituição Federal também garante o direito de associação. Para que haja uma asso-
ciação, três são os requisitos necessários:
• Pluralidade de pessoas: a associação nada mais é do que uma sociedade, devendo,
obrigatoriamente, possuir mais de uma pessoa para a sua constituição.
• Estabilidade: ao contrário do que ocorre com a reunião de pessoas, que possui caráter
temporário, as associações são constituídas com uma finalidade permanente, que se
prolonga no tempo.
• Manifestação de vontade: as associações apenas são constituídas mediante a von-
tade de duas ou mais pessoas. De igual forma, a possibilidade de associação é livre a
todas as pessoas, que devem manifestar expressamente o interesse em participar de
tal sociedade.

Uma vez constituídas, as associações poderão ter suas atividades suspensas ou ser com-
pulsoriamente dissolvidas. Em ambos os casos, é necessária uma decisão judicial. Contudo,
como a dissolução compulsória trata-se de medida mais gravosa, exige-se, ainda, que a de-
cisão judicial tenha transitado em julgado, ou seja, que não possa mais ser objeto de recurso.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 60 de 94
MAPAS MENTAIS

Necessidade de
Origem imposição de limites à
atuação do Estado

Direitos São bens e vantagens assegurados pela Constituição


Fundamentais Federal
Diferenças entre
direitos e
garantias São instrumentos utilizados com a finalidade de
Garantias
assegurar que os direitos possam ser exercidos pela
Direitos e Fundamentais
população
Deveres
Individuais e
Fundamento: Liberdade, implicando em uma não
Coletivos
1ª Geração atuação do Estado
Liberdades negativas, como os direitos políticos e civis

Fundamento: Igualdade
2ª Geração Atuação positiva do Estado, sendo exemplo os direitos
sociais

Fundamento: Fraternidade
Gerações 3ª Geração Direitos transindividuais, como o meio ambiente
equilibrado e a defesa do consumidor

Fundamento: Biotecnologia
4ª Geração Tem como base uma sociedade sem fronteiras, sem
exemplos a democracia e a informação

Fundamento: Paz
5ª Geração Decorre da necessidade de toda a espécie humana ter
paz

www.grancursosonline.com.br 61 de 94
Os direitos fundamentais devem ser assegurados a todos os seres
Universalidade
humanos, independente de crença, raça, credo ou convicção política

Historicidade Os direitos fundamentais são ampliados com o passar dos anos

Inalienabilidad Os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados


e com terceiros

Os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas


Indivisibilidade
atingem a finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto

Os direitos fundamentais são personalíssimos, impossíveis de


Imprescritibilidade
Característica serem alcançados pelo instituto da prescrição
s dos Direitos
Fundamentais Irrenunciabilidad Como regra, o titular de um direito fundamental não pode renunciar a
e este direito

Relatividade Não existem direitos fundamentais de caráter absoluto

Complementaried Os direitos fundamentais não devem ser interpretados de forma


ade isolada, mas sim de forma conjunta

Concorrência O particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao mesmo tempo

Cabe ao Estado assegurar condições para que os direitos


Efetividade fundamentais possam ser concretizados e efetivados pela
população

www.grancursosonline.com.br 62 de 94
Em qualquer
Consentimento do
hora do dia ou
morador
da noite

Em qualquer
Flagrante delito hora do dia ou
da noite

Em qualquer
Exceções à Inviolabilidade
Desastre hora do dia ou
Domiciliar
da noite

Em qualquer
Prestar socorro hora do dia ou
da noite

Por determinação Apenas durante


judicial o dia

www.grancursosonline.com.br 63 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

QUESTÕES DE CONCURSO
006. (CEBRASPE/TCE-RJ/CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS CONTÁBEIS/2021) Com relação
aos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.
O direito fundamental à vida é hierarquicamente superior aos demais direitos fundamentais.

Não há hierarquia entre os direitos e garantias fundamentais. Consequentemente, nem mes-


mo o direito à vida pode se sobrepor aos demais direitos constitucionalmente previstos.
Errado.

007. (CEBRASPE/TC-DF/2021) Acerca de direitos e garantias fundamentais e mandado de


segurança no âmbito do Poder Legislativo, julgue o item a seguir, considerando o entendi-
mento do STF.
Para solucionar conflito entre uma entidade privada com poder social e um associado, é pos-
sível a aplicação da teoria da eficácia horizontal dos direitos e garantias fundamentais.

Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre particulares, es-
tamos diante da eficácia horizontal destes direitos, também conhecida como eficácia externa.
A eficácia horizontal pode ser utilizada para solucionar conflito entre uma entidade privada
com poder social e um associado, uma vez que, neste caso, estaremos diante de uma relação
mantida entre particulares.
Certo.

008. (CEBRASPE/TCE-RJ/CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS CONTÁBEIS/2021) Com relação


aos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.
O direito de liberdade de associação protege entidades que defendam mudanças legislativas
e constitucionais.

Ainda que o texto do enunciado da questão tenha sido mal elaborado, o que o examinador
quer saber é se o direito de liberdade de associação abrange também as associações que
defendam mudanças legislativas e constitucionais.
E a resposta é positiva, haja vista que, nos termos da Constituição Federal, é plena a liberdade
de associação para quaisquer fins lícitos (como a defesa de mudanças legislativas e consti-
tucionais), sendo vedada, apenas, a associação de caráter paramilitar.

Art. 5º, XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 64 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

009. (CEBRASPE/PRF/2021) Acerca de direitos fundamentais, garantias e remédios constitu-


cionais, julgue o item a seguir.
A manifestação pública em defesa da abolição de crime, por ser considerada incitação à prá-
tica de fato criminoso, não está protegida pela liberdade de reunião.

O direito de reunião abrange, ao contrário do que afirmado pela questão, as manifestações


públicas destinadas à defesa da abolição de determinado crime. Um típico exemplo desta si-
tuação foi a declaração da constitucionalidade, pelo STF, da intitulada “marcha da maconha”.
Errado.

010. (CEBRASPE/PRF/2021) À luz da Constituição Federal de 1988 (CF), do Pacto de São José
da Costa Rica e do entendimento do Supremo Tribunal Federal, julgue o item que se seguem,
relativos aos direitos humanos.
A mera intuição de que esteja havendo tráfico de drogas em uma casa não configura justa
causa para autorizar o ingresso sem mandado judicial ou sem o consentimento do morador,
exceto em caso de flagrante delito.

Nos termos do inciso XI do artigo 5º,

a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.

Dito de outra forma, a mera intuição de que esteja havendo tráfico de drogas não configura
justa causa para autorizar o ingresso em uma casa, sendo necessário, neste caso, o prévio
mandado judicial. Contudo, quando estivermos diante de flagrante delito, não há necessidade
de mandado, podendo a autoridade policial, por exemplo, adentrar na residência do indivíduo
ainda que sem consentimento.
Certo.

011. (CEBRASPE/PRF/2021) À luz da Constituição Federal de 1988 (CF), do Pacto de São José
da Costa Rica e do entendimento do Supremo Tribunal Federal, julgue o item que se seguem,
relativos aos direitos humanos.
O aviso prévio é uma condicionante ao exercício do direito de reunião previsto na CF: a inexis-
tência de notificação às autoridades competentes torna ilegal a manifestação coletiva.

Questão polêmica! De acordo com a literalidade do texto constitucional, o direito de reunião


exige o prévio aviso as autoridades competentes.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 65 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi
Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-
dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Ocorre que o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 806.339, fixou a tese de que

são permitidas reuniões ou manifestações em locais públicos, independentemente de comunica-


ção oficial prévia às autoridades competentes.

Sendo assim, devemos memorizar que o aviso às autoridades competentes não é condição
indispensável para o exercício do direito de reunião.
Errado.

012. (CEBRASPE/PF/2021) Como regra, a medida própria para a reparação de eventual abuso
da liberdade de expressão é o direito de resposta ou a responsabilização civil, e não a supres-
são de texto jornalístico por meio de liminar.

Exatamente. Como regra geral, a reparação de eventual abuso da liberdade de expressão é o


direito de resposta ou a responsabilização civil.

Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;


V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
terial, moral ou à imagem;

Sendo assim, mesmo que seja sabido que determinado texto irá causar dano a determinada
pessoa, a regra geral é permitir que o texto seja publicado, evitando qualquer tipo de censura.
Posteriormente, os eventuais danos serão objeto de direito de resposta e, em determinadas
situações, de indenização ao particular.
Certo.

013. (CEBRASPE/APEX BRASIL/PROCESSOS JURÍDICOS/2021) Inconformado com as ativi-


dades de determinada associação, Paulo deseja tomar providências para suspender as ativi-
dades do grupo ou até mesmo obrigá-lo à dissolução.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A pretensão de Paulo é juridicamente impossível, por ser plena a liberdade de associação
para fins lícitos, inclusive para atividades paramilitares.
b) Apenas por decisão judicial seria possível dissolver compulsoriamente a associação ou
suspender suas atividades, exigindo-se trânsito em julgado para o primeiro caso.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 66 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

c) A dissolução do grupo somente será possível se comprovado que a associação não tem
autorização para funcionar.
d) A suspensão das atividades pode ser requerida na via administrativa, mas a dissolução de
associação só pode ocorrer mediante decisão judicial.

a) Errada. Nos termos da Constituição Federal, é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
b) Certa. A questão está de acordo com a literalidade do artigo 5º, XIX, do texto constitucional.

Art. 5º, XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

c) Errada. A dissolução exige decisão judicial, não sendo levado em conta o motivo que
ensejou a medida.
d) Errada. A suspensão das atividades, conforme afirmado, é medida que depende de
decisão judicial.
Letra b.

014. (CEBRASPE/PM-TO/SOLDADO/2021) Suponha que policiais militares do estado de To-


cantins, de um mesmo batalhão, tenham criado determinada associação civil. Nessa situa-
ção, se a finalidade for objeto de questionamento, a associação poderá
a) ter suas atividades suspensas, por ato do governador do estado.
b) ser compulsoriamente dissolvida, por ato do comandante-geral da Polícia Militar.
c) ter suas atividades suspensas, se houver trânsito em julgado de decisão judicial.
d) ser compulsoriamente dissolvida, somente por decisão judicial.
e) ter suas atividades suspensas, por ato do comandante do batalhão.

Para responder à questão, temos que fazer uso da seguinte previsão da Constituição Federal:

Art. 5º, XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

Como é possível verificar, tanto a suspensão das atividades quanto a dissolução compulsória
são medidas que dependem de decisão judicial. Com isso, eliminados as letras “a”, “b” e “e”.
Na letra “c”, o erro está em afirmar que a suspensão das atividades depende do trânsito em
julgado, algo que apenas é exigido na dissolução compulsória.
Na letra “d”, temos a forma como a associação pode ser dissolvida compulsoriamente, ou
seja, mediante decisão judicial que tenha transitado em julgado.
Letra d.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 67 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

015. (CEBRASPE/SEFAZ-DF/2020) Acerca dos direitos e garantias fundamentais, das cláusu-


las pétreas e da organização político-administrativa do Estado, julgue o item a seguir.
A Constituição Federal de 1988 prevê expressamente a exigência de inscrição em conselho de
fiscalização para o exercício de qualquer atividade profissional.

A Constituição Federal apenas estabelece que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profis-
sionais que a lei estabelecer;

Assim, a Constituição Federal, diferente do que informado, não estabelece a exigência de ins-
crição em conselho de fiscalização para o exercício de qualquer atividade profissional. A me-
dida, quando necessária, deverá estar prevista em lei.
Errado.

016. (CEBRASPE/SEFAZ-DF/2020) Acerca dos direitos e garantias fundamentais, das cláusu-


las pétreas e da organização político-administrativa do Estado, julgue o item a seguir.
Embora a Constituição Federal de 1988 preveja expressamente não distinção entre brasi-
leiros, o próprio constituinte estabeleceu, no texto constitucional, hipóteses de tratamentos
distintos entre homens e mulheres.

De acordo com a Constituição Federal, homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Isso não implica afirmar, no entanto, que os direitos devem ser assegurados de forma idêntica
para homens e mulheres. A título de exemplo, podemos citar a licença maternidade (asse-
gurada apenas às mulheres) e a licença paternidade (estabelecida apenas para os homens).
Nestas situações, é a própria Constituição Federal que estabelece tratamentos distintos entre
homens e mulheres.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 68 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

017. (CEBRASPE/MPE-CE/2020) Acerca de direitos e garantias fundamentais, julgue o


item a seguir.
Se, com o intuito de eximir-se de obrigação legal a todos imposta, uma pessoa se recusar a
cumprir prestação alternativa, invocando convicção filosófica e política ou crença religiosa, os
direitos associados a tais convicções poderão ser restringidos.

Como regra geral, ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de con-
vicção filosófica ou política. Caso, contudo, a pessoa invoque tais convicções para eximir-se
de obrigação legal a todos imposta e, ainda assim, se recuse a cumprir prestação alternativa
fixada em lei, os direitos poderão ser restringidos.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Certo.

018. (CEBRASPE/MPE-CE/2020) Acerca de direitos e garantias fundamentais, julgue o


item a seguir.
A honra e a imagem das pessoas são invioláveis, sendo assegurado o direito de reparação por
dano material ou moral em caso de violação.

Nos termos da Constituição Federal, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis. Em
caso de dano material ou moral decorrente de violação, será assegurado ao particular o direi-
to à indenização.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Certo.

019. (CEBRASPE/MPE-CE/DIREITO/2020) Os direitos fundamentais são prerrogativas pró-


prias dos cidadãos em função de sua especial condição de pessoa humana, e as garantias
fundamentais são os instrumentos e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguar-
da ou o exercício desses direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 69 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Direitos individuais implícitos estão subentendidos nas regras de garantias fundamentais,


sendo exemplos os desdobramentos do direito à vida.

De acordo com o § 2º do artigo 5º,

Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.

Logo, a lista de direitos e garantias fundamentais não consta como uma lista taxativa no texto
da Constituição Federal. Em determinadas situações, os direitos e garantias podem inclusive
constar de forma implícita, como, por exemplo, no desdobramento do direito à vida.
Certo.

020. (CEBRASPE/MPE-CE/DIREITO/2020) Os direitos fundamentais são prerrogativas pró-


prias dos cidadãos em função de sua especial condição de pessoa humana, e as garantias
fundamentais são os instrumentos e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguar-
da ou o exercício desses direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.
Ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos, são uma
forma de garantia dos direitos fundamentais e visam minimizar ou eliminar uma situação
histórica de desigualdade ou discriminação.

Durante algum tempo, contestou-se a constitucionalidade das regras relacionadas com a


política de reserva de vagas em concursos públicos. Atualmente, já está pacificado que este
tipo de medida (denominada de ação afirmativa) é uma forma de garantia dos direitos fun-
damentais, cujo objetivo é minimizar ou eliminar uma situação histórica de desigualdade ou
discriminação.
Certo.

021. (CEBRASPE/TCE-PA/2019) No que se refere à teoria geral dos direitos fundamentais e


aos direitos e deveres individuais e coletivos, é correto afirmar que
a) o chamado direito de resistência inclui-se entre os direitos fundamentais de segun-
da dimensão.
b) a igualdade formal é característica típica dos direitos fundamentais de segunda dimensão.
c) o direito de greve é classificado como direito fundamental de terceira dimensão.
d) a titularidade dos direitos fundamentais de terceira dimensão é sempre individual.
e) o direito à comunicação inclui-se entre os direitos fundamentais de terceira dimensão.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 70 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

a) Errada. O direito de resistência está incluído dentre os entre os direitos fundamentais de


primeira geração, uma vez que implica na proteção aos abusos do Poder Público.
b) Errada. A segunda geração de direitos fundamentais é caracterizada por prestações posi-
tivas do Estado para os indivíduos. Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade,
sendo exemplos os direitos sociais, os direitos econômicos e os direitos culturais.
No entanto, a questão erra ao afirmar que a igualdade em questão é formal. Na igualdade
formal, todos os indivíduos devem ser tratados da mesma forma (de acordo com a lei). Na
igualdade material, o objetivo é fazer com que os desiguais sejam tratados de forma diferente,
na medida de suas desigualdades.
A segunda geração de direitos fundamentais, por exigir uma atuação positiva do Estado, está
mais relacionada com a igualdade material, e não necessariamente com a igualdade formal.
c) Errada. A greve é um direito social, ou seja, um direito de segunda geração.
d) Errada. Nos direitos fundamentais de terceira dimensão, a titularidade será difusa ou cole-
tiva. Tais direitos são aqueles que abrangem toda a coletividade, como, por exemplo, o meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
e) Certa. Os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comunidade internacio-
nal com os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultrapassam o próprio indiví-
duo. Como exemplo, podemos citar o direito à comunicação.
Letra e.

022. (CEBRASPE/PGE-PE/2018) Os direitos destinados a assegurar a soberania popular me-


diante a possibilidade de interferência direta ou indireta nas decisões políticas do Estado
são direitos
a) políticos de primeira dimensão.
b) políticos de terceira dimensão.
c) políticos de segunda geração.
d) sociais de segunda geração.
e) sociais de primeira dimensão.

A soberania popular é exercida, dentre outras formas, por meio dos direitos políticos. Através
destes direitos, os cidadãos podem participar direta ou indiretamente das decisões políticas
do Estado.
De acordo com a classificação dos direitos fundamentais, os direitos políticos são classifica-
dos como de primeira geração.
Letra a.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 71 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

023. (CEBRASPE/PRF/2019) A respeito do tratamento constitucional dos tratados internacio-


nais de direitos humanos, julgue o item que se segue.
Conforme a maneira como são internalizados, os tratados internacionais sobre direitos hu-
manos podem receber status normativo-hierárquico constitucional ou legal.

Os tratados internacionais sobre direitos humanos podem receber o status constitucional


(quando forem aprovados pelo quórum estabelecido na Constituição Federal) ou supralegal
(quando não forem aprovados de acordo com o quórum qualificado).

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Errado.

024. (CEBRASPE/PRF/2019) A respeito do tratamento constitucional dos tratados internacio-


nais de direitos humanos, julgue o item que se segue.
A hierarquia constitucional dos tratados internacionais de direitos humanos depende de sua
aprovação por três quintos dos membros de cada casa do Congresso Nacional.

Ainda que a questão esteja incompleta, um dos requisitos necessários para que os tratados
internacionais sobre direitos humanos alcancem o status de norma constitucional é a apro-
vação por 3/5 dos membros de cada casa do Congresso Nacional.
Apenas para memorizarmos, a aprovação em questão deve ocorrer, em cada Casa Legislativa,
em dois turnos.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Certo.

025. (CEBRASPE/TJDFT/PROVIMENTO/2019) A Constituição Federal de 1988 garante, entre


outros direitos e garantias fundamentais, que
a) a manifestação do pensamento é livre, sendo garantido o direito ao anonimato.
b) ninguém será privado de direitos por motivo de convicções filosóficas, políticas ou religio-
sas, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta.
c) a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento
do morador, salvo por determinação judicial, a qualquer hora do dia ou da noite.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 72 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

d) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, desde que
seja concedida permissão por autoridade competente.
e) os autores de inventos industriais terão privilégio de caráter permanente para sua utiliza-
ção, haja vista a promoção do desenvolvimento tecnológico do país.

a) Errada. A manifestação do pensamento é livre. Contudo, é vedado o anonimato.

Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

b) Certa. A alternativa está de acordo com as disposições da Constituição Federal.

Art. 5º, VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recu-
sar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

c) Errada. Estabelece o inciso XI do artigo 5º que

a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.

Assim, a autorização judicial apenas poderá fazer com que a autoridade competente adentre
na casa do indivíduo durante o dia.
d) Errada. O direito de reunião independe de autorização ou permissão, bastando o prévio
aviso à autoridade competente.

Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-
dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

e) Errada. O privilégio em questão é temporário, e não permanente.

Art. 5º, XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tec-
nológico e econômico do País;
Letra b.

026. (CEBRASPE/TJ-PR/2019) As normas definidoras dos direitos e das garantias


fundamentais

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 73 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

a) são programáticas.
b) têm aplicação imediata.
c) estabelecem hierarquia entre os direitos previstos.
d) vedam a ampliação de seu conteúdo por tratados internacionais.
e) são listadas em rol taxativo na Constituição Federal de 1988 (CF).

De acordo com o § 1º do artigo 5º, temos a previsão de que

As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.


Letra b.

027. (CEBRASPE/TJ-AM/DIREITO/2019) Acerca dos direitos e das garantias fundamentais,


julgue o item subsequente.
O direito à liberdade de imprensa abrange a garantia do sigilo da fonte.

Para responder à questão, devemos conhecer a previsão do artigo 5º, XIV, da Constitui-
ção Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-
sário ao exercício profissional;
Certo.

028. (CEBRASPE/PC-MA/2018) De acordo com o entendimento do STF, a polícia judiciária


não pode, por afrontar direitos assegurados pela CF, invadir domicílio alheio com o objetivo
de apreender, durante o período diurno e sem ordem judicial, quaisquer objetos que possam
interessar ao poder público. Essa determinação consagra o princípio do(a)
a) legalidade.
b) reserva da jurisdição.
c) ampla defesa.
d) contraditório.
e) direito ao sigilo.

A inviolabilidade domiciliar está expressa no artigo 5º, XI, da Constituição Federal, de se-
guinte teor:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 74 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial;

Conforme se observa, uma das exceções a esta garantia é a possibilidade de a autoridade


competente adentrar na cada do indivíduo durante o dia. Para isso, há a necessidade de au-
torização judicial. E como esta autorização apenas pode ser concedida pelo Poder Judiciário,
o princípio que está consagrado, no caso, é o da reserva de jurisdição.
Letra b.

029. (CEBRASPE/ABIN/2018) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o


item a seguir.
O direito à liberdade de expressão artística previsto constitucionalmente não exclui a possibi-
lidade de o poder público exigir licença prévia para a realização de determinadas exposições
de arte ou concertos musicais.

A expressão da atividade artística deve ser livre, não dependendo de licença e não podendo
ser objeto de censura.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independen-
temente de censura ou licença;

Em outros termos, é correto afirmar que é vedada a exigência de licença prévia para a realiza-
ção de determinadas exposições de arte ou concertos musicais.
Errado.

030. (CEBRASPE/ABIN/2018) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o


item a seguir.
De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a denúncia anônima não pode
ser base exclusiva para a propositura de ação penal e para a instauração de processo admi-
nistrativo disciplinar.

O STF já firmou entendimento no sentido de ser impossível a utilização exclusiva de escritos


anônimos (apócrifos) como fundamento para a instauração de processo criminal ou discipli-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 75 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

nar. Nada impede, contudo, que a autoridade competente, tendo conhecimento dos escritos
anônimos, adote as medidas complementares com a finalidade de verificar se as informações
prestadas são ou não procedentes.
Certo.

031. (CEBRASPE/TCM-BA/CONTROLE EXTERNO/2018) Acerca dos direitos individuais e co-


letivos, julgue os itens a seguir.
I – O exercício do direito de reunião em locais abertos ao público depende de prévia autoriza-
ção da autoridade competente.
II – As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial com
trânsito em julgado.
III – As entidades associativas têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou ex-
trajudicialmente, independentemente de autorização expressa.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

I – Errado. O direito de reunião independe de autorização do Poder Público, bastando o prévio


aviso à autoridade competente.

Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-
dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

II – Certo. Temos aqui a previsão do artigo 5º, XIX, da Constituição Federal:

Art. 5º, XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

III – Errado. De acordo com o inciso XXI do artigo 5º, a Constituição Federal estabelece que
“as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para repre-
sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”.
Logo, há a necessidade de autorização para que as entidades associativas possam represen-
tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
Letra b.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 76 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

032. (CEBRASPE/STJ/2018) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o item


que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
O princípio da vedação ao anonimato impede que o Ministério Público, em regra, acolha dela-
ção apócrifa como fundamento para a instauração de procedimento criminal.

De acordo com o entendimento do STF, é impossível a utilização exclusiva de escritos anô-


nimos (apócrifos) como fundamento para a instauração de processo criminal ou disciplinar.
Nada impede, contudo, que a autoridade competente (como o Ministério Público), tendo co-
nhecimento dos escritos anônimos, adote as medidas complementares com a finalidade de
verificar se as informações prestadas são ou não procedentes.
Ainda assim, a regra a ser observada é a de que a delação apócrifa não pode ser utilizada
como fundamento para a instauração de procedimento criminal, havendo a necessidade de
novas investigações para que o processo seja instaurado.
Certo.

033. (CEBRASPE/STJ/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL/2018) Considerando a le-


gislação, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos direitos e das ga-
rantias fundamentais e da aplicabilidade das normas constitucionais, julgue o item a seguir.
Constitui crime de resistência bloquear o ingresso de oficial de justiça munido de mandado de
intimação no domicílio durante o período noturno do sábado.

Durante o dia, desde que munido de mandado judicial, poderá o Oficial de Justiça adentrar na
residência do particular. No período noturno, em sentido oposto, a medida não será possível,
ainda que haja mandado expedido pela autoridade judiciária.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial;

Sendo assim, não constitui crime a ação do indivíduo no sentido de bloquear o acesso do
Oficial de Justiça ao seu domicílio no período noturno, ainda que a autoridade tenha manda-
do judicial.
Errado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 77 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

034. (CEBRASPE/PF/2018) Uma associação, com o objetivo de pleitear direitos relativos à


educação de adultos analfabetos, planeja realizar uma manifestação pacífica em local aberto
ao público, inclusive para maior visibilidade e aderência.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
As associações, em regra, não precisam de autorização da administração pública para reunir-
-se, assim como para a sua criação.

Em conformidade com o inciso XVIII do artigo 5º da Constituição Federal, temos a previsão de


que “a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autoriza-
ção, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento”.
Logo, o Poder Público não poderá, como regra geral, interferir na criação e no funcionamento
das associações.
Certo.

035. (CEBRASPE/PF/2018) Uma associação, com o objetivo de pleitear direitos relativos à


educação de adultos analfabetos, planeja realizar uma manifestação pacífica em local aberto
ao público, inclusive para maior visibilidade e aderência.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
A máxima da liberdade de expressão no âmbito das associações é extensamente garantida
pela Constituição Federal de 1988, que assegura a livre manifestação do pensamento e pro-
tege o anonimato.

A livre manifestação do pensamento é garantida pela Constituição Federal, que, contudo, veda
o anonimato, diferente do que informado pela questão.

Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;


Errado.

036. (CEBRASPE/IRBR/DIPLOMATA/2018) No que tange aos direitos e garantias fundamen-


tais e ao processo legislativo, conforme disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue
(C ou E) o item subsequente.
Os tratados e convenções internacionais genericamente considerados terão status constitu-
cional se forem aprovados pelo processo legislativo previsto para a votação de emendas à CF.

Os tratados e convenções internacionais apenas terão status constitucional quando ver-


sarem sobre direitos humanos e forem aprovados de acordo com o quórum qualificado da
Constituição Federal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 78 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Errado.

037. (CEBRASPE/MPE-PI/PROCESSUAL/2018) Julgue o item seguinte, acerca da supremacia


da Constituição e da aplicabilidade das normas constitucionais.
Decorre da noção de supremacia da Constituição o pressuposto da superioridade hierárquica
constitucional sobre as demais leis do país, ressalvados os tratados internacionais de direi-
tos humanos.

Conforme afirmado na parte inicial da questão, decorre da noção de supremacia da Constitui-


ção o pressuposto da superioridade hierárquica constitucional sobre as demais leis do país.
Contudo, a ressalva mencionada não está relacionada com todos os tratados internacionais
sobre direitos humanos, mas sim apenas em relação àqueles que, por serem aprovados de
acordo com o quórum qualificado da Constituição Federal, tenham, também, o status de nor-
ma constitucional.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Errado.

038. (CEBRASPE/IPHAN/2018) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o


item seguinte.
Se um grupo de moradores do cerrado brasileiro pretender fundar associação com intuito de
incentivar e promover a preservação do meio ambiente, será indispensável uma autorização
estatal prévia para o funcionamento dessa associação.

A criação de associações independe de autorização do Poder Público, sendo, como regra ge-
ral, livre à iniciativa privada.

Art. 5º, XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de auto-
rização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
Errado.

039. (CEBRASPE/IPHAN/2018) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o


item seguinte.
O direito de resposta proporcional a um cidadão que tenha sido ofendido não impede o direito
à indenização por dano material, moral ou à imagem.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 79 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Nos termos da Constituição Federal, é assegurado o direito de resposta, que será proporcional
ao agravo sofrido. A medida, por sua vez, não impede o recebimento de eventual indenização
por dano material, moral ou à imagem.

Art. 5º, V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
Certo.

040. (CEBRASPE/IPHAN/2018) Com relação às normas do direito brasileiro, julgue o item


que se segue.
Todos os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos são incluídos no orde-
namento jurídico brasileiro com força de norma constitucional.

Apenas os tratados internacionais que, além de versarem sobre direitos humanos, forem
aprovados de acordo com o quórum qualificado da Constituição Federal, alcançarão o status
de norma constitucional.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Errado.

041. (CEBRASPE/PC-SE/2018) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres indivi-
duais e coletivos e às garantias constitucionais.
Em caso de perigo à integridade física do preso, admite-se o uso de algemas, desde que essa
medida, de caráter excepcional, seja justificada por escrito.

Para responder à questão, façamos uso das disposições da Súmula Vinculante n. 11, de se-
guinte redação:

Súmula Vinculante n. 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de


fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de respon-
sabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão
ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 80 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

042. (CEBRASPE/PM-AL/COMBATENTE/2018) Acerca de direitos e garantias fundamentais,


julgue o item a seguir.
Poderá ser violada a casa em cujo interior esteja indivíduo em flagrante delito, mesmo duran-
te o período noturno e sem determinação judicial.

Estabelece a Constituição Federal (art. 5º, XI), que

a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.

Logo, o flagrante delito é uma das situações que configuram exceção à regra da inviolabilida-
de domiciliar. Neste caso, o acesso à casa poderá ocorrer até mesmo no período noturno, não
necessitando de autorização judicial.
Certo.

043. (CEBRASPE/MPU/APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO – ADMINISTRAÇÃO/2018) Com


base nas disposições constitucionais acerca de princípios, direitos e garantias fundamentais,
julgue o item a seguir.
A liberdade de pensamento é exercida com ônus para o manifestante, que deverá se identifi-
car e assumir a autoria daquilo que ele expressar.

A liberdade de pensamento é um postulado a ser observado por todos. Para isso, contudo, a
Constituição Federal veda o anonimato. Assim, é correto afirmar que o exercício da liberdade
de pensamento implica em um ônus (identificação e autoria) para aquele que exerce a ma-
nifestação.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Certo.

044. (CEBRASPE/MPU/APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO – ADMINISTRAÇÃO/2018) Com


base nas disposições constitucionais acerca de princípios, direitos e garantias fundamentais,
julgue o item a seguir.
Policiais têm a prerrogativa de adentrar na casa de qualquer pessoa durante o período notur-
no, desde que portem determinação judicial ou o morador consinta.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 81 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Os policiais não podem adentrar na residência do morador, ainda que munidos de autoriza-
ção judicial, no período noturno. Nos termos da Constituição Federal, o ingresso no período
noturno apenas poderá ocorrer em caso de consentimento do morador ou nas situações de
flagrante delito, desastre ou para prestar socorro.

Art. 5º, XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consen-
timento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial;

Em razão de determinação judicial, a entrada da autoridade competente na casa do indivíduo


apenas poderá ocorrer durante o dia.
Errado.

045. (CEBRASPE/MPU/APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO – ADMINISTRAÇÃO/2018) Com


base nas disposições constitucionais acerca de princípios, direitos e garantias fundamentais,
julgue o item a seguir.
Os tratados internacionais sobre direitos humanos possuem status de emendas constitucio-
nais, de maneira que a autoridade pública que a eles desobedecer estará sujeita a respon-
sabilização.

Os tratados internacionais sobre direitos humanos, para terem o status de norma constitu-
cional, devem ser aprovados de acordo com o quórum qualificado estabelecido na Constitui-
ção Federal.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Errado.

046. (CEBRASPE/SEFAZ-RS/2018) Tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-


manos, depois de aprovados internamente em cada casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, são considerados equivalentes a
a) leis federais.
b) súmulas vinculantes.
c) medidas provisórias.
d) leis complementares.
e) emendas constitucionais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 82 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Neste caso, os tratados e convenções internacionais terão o status de norma constitucional.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Letra e.

047. (CEBRASPE/SEFAZ-RS/2018) Com relação ao direito à associação, assinale a op-


ção correta.
a) As atividades das associações somente poderão ser suspensas por decisão judicial.
b) A liberdade de associação é plena, mesmo para associação de caráter paramilitar.
c) A criação de associação depende de autorização do poder público.
d) A associação pode prever, em seu estatuto, hipóteses para compelir alguém a permanecer
associado.
e) As associações, ainda quando não autorizadas expressamente, possuem legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

O direito de associação está expresso nos incisos XVII a XXI da Constituição Federal, de se-
guinte redação:
Art. 5º, XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter parami-
litar; (Erro da Letra B)
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autori-
zação, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; (Erro da Letra C)
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; (Letra A)
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; (Erro da Letra D)
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; (Erro da Letra E)
Letra a.

048. (CEBRASPE/SEFAZ-RS/2018) Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal, a quebra do sigilo de comunicações
telefônicas pode ser determinada
a) pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público.
b) pelo Poder Judiciário, somente.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 83 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

c) por autoridade policial e pelo Ministério Público.


d) pela fiscalização tributária, somente.
e) pelo Ministério Público, somente.

Como regra geral, é inviolável o sigilo das comunicações telefônicas, garantia que poderá ser
relativizada por ordem judicial (Poder Judiciário), nas hipóteses e na forma que a lei estabe-
lecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
Letra b.

049. (CEBRASPE/PREF. FORTALEZA/2017) A respeito das normas constitucionais, do manda-


do de injunção e dos municípios, julgue o item subsequente.
O princípio da legalidade diferencia-se do da reserva legal: o primeiro pressupõe a submissão
e o respeito à lei e aos atos normativos em geral; o segundo consiste na necessidade de a
regulamentação de determinadas matérias ser feita necessariamente por lei formal.

A legalidade é aplicada para as situações em que a Constituição Federal determina que o ad-
ministrado deve obediência à lei em sentido lato, que pode ser entendida como todo diploma
normativo que inova no ordenamento jurídico, tal como as medidas provisórias e os decretos
autônomos.
Em sentido contrário, para todas as hipóteses em que a Constituição Federal veda a possibi-
lidade de edição de medida provisória, bem como para as situações que não sejam aquelas
previstas para edição de decreto autônomo, estaremos diante da legalidade em sentido estri-
to, também conhecida como reserva legal.
Nestas situações, apenas a edição de uma lei formal (com a obediência de todos os seus trâ-
mites legislativos) é capaz de disciplinar a matéria ou impor obrigações para os administrados.
Certo.

050. (CEBRASPE/TCE-PE/ADMINISTRAÇÃO/2017) A respeito dos princípios fundamentais e


dos direitos e deveres individuais e coletivos, julgue o item a seguir.
A liberdade de reunião e o direito à livre manifestação do pensamento excluem a possibilidade
de pessoas se reunirem em espaços públicos para protestar em favor da legalização do uso
e da comercialização de drogas no país.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 84 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

No julgamento da ADPF 187, o STF considerou lícita e decorrente da liberdade de expressão a


defesa da legalização das drogas, ainda que realizadas em espaços públicos.

A defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas, longe de significar um ilí-


cito penal, supostamente caracterizador do delito de apologia de fato criminoso, repre-
senta, na realidade, a prática legítima do direito à livre manifestação do pensamento,
propiciada pelo exercício do direito de reunião, sendo irrelevante, para efeito da proteção
constitucional de tais prerrogativas jurídicas, a maior ou a menor receptividade social da
proposta submetida, por seus autores e adeptos, ao exame e consideração da própria
coletividade.

Logo, a assertiva estaria correta com a seguinte afirmação: a liberdade de reunião e o direi-
to à livre manifestação do pensamento incluem a possibilidade de pessoas se reunirem em
espaços públicos para protestar em favor da legalização do uso e da comercialização de
drogas no país.
Errado.

051. (CEBRASPE/TJ-SC/2019) A respeito da eficácia mediata dos direitos fundamentais, as-


sinale a opção correta segundo a doutrina e a jurisprudência do STF.
a) A eficácia mediata dos direitos fundamentais independe da atuação do Estado.
b) De acordo com o STF, as normas de direitos fundamentais que instituem procedimentos
têm eficácia mediata.
c) Nas relações privadas, a eficácia dos direitos fundamentais é necessariamente mediata.
d) A eficácia mediata desobriga o juiz de observar o efeito irradiante dos direitos fundamen-
tais no caso concreto.
e) A eficácia mediata dos direitos fundamentais dirige-se, primeiramente, ao legislador.

a) Errada. Nos direitos fundamentais de eficácia mediata, a concretização do direito apenas


é possível após a atuação do Estado, mais precisamente do Poder Legislativo. É por meio da
edição de uma lei destinada a regulamentar o direito fundamental previsto na Constituição
Federal que este direito passa a produzir efeitos (eficácia).
b) Errada. A eficácia mediata dos direitos fundamentais não está ligada, necessariamente, às
normas que instituem procedimentos. Em sentido oposto, certas disposições que estabele-
cem procedimentos (como o devido processo legal) possuem eficácia plena e aplicabilida-
de imediata.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 85 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

c) Errada. Mesmo nas relações entre particulares, o entendimento é de que é possível a eficá-
cia imediata dos direitos fundamentais.
d) Errada. Ainda que certos direitos fundamentais possuam eficácia mediata, isso não im-
plica em afirmar que o Juiz, ao analisar o caso concreto, não tenha que verificar os respecti-
vos efeitos. Em outros termos, mesmo que o direito ainda não esteja regulamentado, pode o
magistrado, fazendo uso até mesmo da analogia, garantir que determinados direitos sejam
concretizados para certas classes de indivíduos.
e) Certa. Na eficácia mediata, o direito fundamental carece de regulamentação legal. Logo, es-
tes direitos são dirigidos, em um primeiro momento, para o legislador, que, ao editar a norma,
torna possível o pleno exercício das disposições constitucionais.
Letra e.

052. (CEBRASPE/PREF. JOÃO PESSOA/2018) Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos


da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos estrangeiros em
trânsito no território nacional, mas não às pessoas jurídicas, por falta de previsão constitu-
cional expressa.

Nos dias atuais, o entendimento é de que são titulares dos direitos e garantias fundamentais
não apenas as pessoas físicas, mas sim também as pessoas jurídicas e até mesmo o próprio
Poder Público.
Errado.

053. (CEBRASPE/HUB/SERVIÇO SOCIAL/2018) No que se refere aos direitos fundamentais,


julgue o item subsecutivo.
Os direitos fundamentais são imprescritíveis, ou seja, não perdem efeito com o decur-
so do tempo.

Uma das principais características dos direitos fundamentais, conforme visto em aula, é o
fato deles não se perderem com o decurso do tempo, sendo, por isso mesmo, imprescritíveis.
Certo.

054. (CEBRASPE/HUB/SERVIÇO SOCIAL/2018) No que se refere aos direitos fundamentais,


julgue o item subsecutivo.
Os direitos fundamentais são irrenunciáveis.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 86 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

Como regra, os direitos fundamentais são irrenunciáveis, o que implica em dizer que os seus
destinatários não possuem disposição sobre estes. Importante destacar que a doutrina tem
entendido que a característica da irrenunciabilidade pode, diante de um caso concreto e des-
de que por um período determinado de tempo, ser abrandada.
Certo.

055. (CEBRASPE/HUB/SERVIÇO SOCIAL/2018) No que se refere aos direitos fundamentais,


julgue o item subsecutivo.
Todo ser humano detém direitos fundamentais, independentemente de raça, credo, naciona-
lidade ou convicção política.

Uma das características dos direitos fundamentais é a universalidade, por meio da qual os
direitos se destinam, indistintamente, a todos os seres humanos.
Certo.

056. (CEBRASPE/PGE-PE/2018) Considere as duas afirmações a seguir.


I – Em um processo judicial, o Estado deve assegurar a observância do contraditório e da
ampla defesa.
II – Nas relações entre a imprensa e os particulares, a imprensa deve observar o direito à
honra, sob pena de consequências como direito de resposta e indenização por dano mate-
rial ou moral.
As afirmações I e II contemplam situações que exemplificam a
a) eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
b) eficácia externa dos direitos fundamentais.
c) eficácia diagonal dos direitos individuais.
d) eficácia vertical e a eficácia horizontal dos direitos individuais, respectivamente.
e) eficácia externa e a eficácia vertical dos direitos individuais, respectivamente.

Item I: Na situação descrita, estamos diante de uma relação em que uma das partes é o Esta-
do. E quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre os parti-
culares e o Poder Público, a eficácia será vertical ou interna.
Item II: Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre particu-
lares, estamos diante da eficácia horizontal destes direitos, também conhecida como eficácia
externa. Na situação narrada, a relação é entre a imprensa e os particulares. Logo, o que pre-
valece é a eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Letra d.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 87 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

057. (CEBRASPE/STJ/2018) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o item


que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é taxativo, isto é, o
Brasil adota um sistema fechado de direitos fundamentais.

Os direitos fundamentais constam, no texto da Constituição Federal, como uma relação exem-
plificativa, e não taxativa.
Neste sentido, por exemplo, é o teor do artigo 5º, § 2º, da Constituição Federal, que es-
tabelece que

os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.
Errado.

058. (CEBRASPE/TJ-PR/2019) Considerando-se o surgimento e a evolução dos direitos fun-


damentais em gerações, é correto afirmar que o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado é considerado, pela doutrina, direito de
a) primeira geração.
b) segunda geração.
c) terceira geração.
d) quarta geração.

Os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comunidade internacional com


os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultrapassam o próprio indivíduo. Um
exemplo clássico de direito de terceira geração é o relacionado com o meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado.
Letra c.

059. (CEBRASPE/PREF. CAMPO GRANDE/2019) Acerca dos direitos e das garantias funda-
mentais previstos na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.
Os direitos individuais, por estarem ligados ao conceito de pessoa humana e de sua própria
personalidade, correspondem às chamadas liberdades negativas; os direitos sociais, por sua
vez, constituem as chamadas liberdades positivas, de observância obrigatória em um estado
social de direito para a concretização de um ideal de vida digna na sociedade.

Os direitos fundamentais de primeira geração estão relacionados com a liberdade, sendo de-
finidos como “liberdades negativas”, haja vista que possuem o objetivo de proteger o indiví-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 88 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

duo contra os abusos do Poder Público. Tais direitos são comumente chamados, apenas, de
direitos individuais.
Os direitos sociais, por sua vez, exigem uma atuação positiva do Estado, estando relaciona-
dos com a igualdade. Aqui, a atuação do Poder Público deve ser feita por meio de medidas
destinadas a concretizar e efetivar direitos. Por isso mesmo, os direitos sociais são exemplos
de liberdades positivas e de observância obrigatória.
Certo.

060. (CEBRASPE/SEFAZ-AL/2020) Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais


e aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, são reconhecidos como válidos somente os
direitos e as garantias previstas no texto constitucional ou os a ele incorporados formalmente.

De acordo com o § 2º do artigo 5º,

Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.

Assim sendo, os direitos e garantis fundamentais não se limitam aos expressamente previs-
tos no texto da Constituição Federal, podendo constar, inclusive, de forma implícita.
Errado.

061. (DEIP/PM-PI/2021) Consoante o texto do 5º, § 3º, incluído pela Emenda Constitucional
n. 45/2004, dispõe que os tratados internacionais sobre direitos humanos são equivalentes
às emendas constitucionais quando:
a) aprovados, em cada Casa da Assembleia Nacional Constituinte, em dois turnos, por dois
terços dos votos dos respectivos membros.
b) aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em turno único, por três quintos dos vo-
tos dos respectivos membros.
c) aprovados, na Câmara dos Deputados, em dois turnos, por três quintos dos votos dos res-
pectivos membros.
d) aprovados, no Senado Federal, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respecti-
vos membros.
e) aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos vo-
tos dos respectivos membros.

De acordo com o § 3º do artigo 5º, temos a previsão de que

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 89 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.
Letra e.

062. (QUADRIX/CRBM 4 (PA-RO)/2021) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais


previstos na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.
Segundo a Constituição Federal de 1988, todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
em locais abertos, desde que previamente autorizados pela autoridade competente.

Não há necessidade de autorização para o exercício do direito de reunião.

Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-
dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Errado.

063. (QUADRIX/CRBM 4 (PA-RO)/GESTÃO/2021) A respeito dos direitos e das garantias fun-


damentais previstos na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.
A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento
do morador, e, em caso de infrações penais, a autoridade só poderá adentrá-la com manda-
do judicial.

Caso a infração esteja relacionada com flagrante delito, a autoridade competente poderá
adentrar na casa do indivíduo sem a necessidade de mandado judicial.

Art. 5º, XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consen-
timento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial;
Errado.

064. (FCC/ALAP/ATIVIDADE ADMINISTRATIVA E OPERACIONAL – ASSISTENTE DE SEGU-


RANÇA/2020) Karel Vasak, inspirado nos ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade
e fraternidade), associou algumas gerações ou dimensões de direitos humanos e propôs a
divisão doutrinária. Nesse sentido, os de primeira geração ou dimensão são os direitos
a) que se caracterizam por direitos dos povos e estão vinculados ao direito fundamental da paz.
b) e garantias individuais e políticos clássicos que tem o Estado no centro de proteção, como
os direitos sociais, econômicos e culturais que valorizam grupos de indivíduos.
c) que se caracterizam pela sua titularidade coletiva ou difusa, abrangem um meio ambiente
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
equilibrado e a fraternidade
a sua reprodução, entre
cópia, divulgação ou os povos.
distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 90 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

d) que se caracterizam pela sua titularidade coletiva ou difusa, conhecidos por direitos dos
povos, como o direito à informação, ao pluralismo e à democracia.
e) e garantias individuais e políticos clássicos que tem o indivíduo no centro de proteção,
como o direito à vida à liberdade, à expressão e à locomoção.

a) Errada. Aqui, estamos diante dos direitos de terceira dimensão, cujo fundamento é a
fraternidade.
b) Errada. Os direitos sociais, econômicos e culturais estão inseridos na segunda geração dos
direitos e garantias fundamentais.
c) Errada. O meio ambiente equilibrado e a fraternidade entre os povos são clássicos exem-
plos de direitos de terceira geração.
d) Errada. Aqui, estamos diante de direitos oriundos da quarta geração.
e) Certa. Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de
uma “não atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população. Sendo assim,
são exemplos os direitos e garantias individuais e políticos clássicos, que tem o indivíduo no
centro de proteção, como o direito à vida, à liberdade, à expressão e à locomoção.
Letra e.

065. (INSTITUTO AOCP/PC-PA/2021) Analise a seguinte situação hipotética:


Maria, casada, mãe de dois filhos, teve a terceira gestação aos quarenta e quatro anos. Quan-
do estava na 13ª semana da gestação, descobriu que o feto era anencéfalo e, com 100%
de certeza, não teria perspectiva de sobrevida. Imediatamente, Maria pensou em fazer um
aborto, mas não tinha certeza se poderia em razão do direito fundamental à vida, previsto na
Constituição Federal Brasileira. Após conversar com o médico, Maria acredita que poderá fa-
zer o aborto, mediante comprovação por laudo médico da condição do feto, em razão de o Su-
premo Tribunal Federal já ter decidido sobre a matéria, entendendo favoravelmente ao aborto
em algumas situações. Nesse caso, no que tange ao direito fundamental à vida previsto no
artigo 5º da Constituição Federal, é correto afirmar que
a) por ser um direito fundamental, é absoluto, mas, nesse caso, diante da inexistência de pers-
pectiva de sobrevida do feto, não há o que se falar em proteção do direito à vida.
b) por ser um direito fundamental, é absoluto e, na verdade, Maria não poderá fazer o aborto,
mesmo com o laudo médico.
c) apesar de ser um direito fundamental, não é absoluto e, nesse caso, foi relativizado, dentre
outros, pelos princípios da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana, em prol da
proteção da mãe.
d) apesar de ser um direito fundamental, não é absoluto e sequer é considerado em uma situ-
ação como a apresentada no enunciado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 91 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

e) por ser um direito fundamental, não é absoluto, mas o princípio da dignidade da pessoa
humana, considerado nesse caso pelo STF na proteção da mãe, está acima de qualquer outro
direito fundamental.

a); b) Erradas. Inicialmente, é preciso mencionar que o nosso ordenamento jurídico não admi-
te a existência de direitos fundamentais de caráter absoluto. Sendo assim, podemos eliminar
as letras “a” e “b”.
c) Certa. Apesar de o direito à vida ser um direito fundamental, ele não é absoluto e, na situ-
ação apresentada, foi relativizado, dentre outros, pelos princípios da proporcionalidade e da
dignidade da pessoa humana, em prol da proteção da mãe.
d) Errada. Ainda que não seja absoluto, o direito à vida deve ser considerado na situação apre-
sentada no enunciado.
e) Errada. O erro está em afirmar que o princípio da dignidade da pessoa humana está acima
de qualquer outro direito fundamental.
Letra c.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 92 de 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Diogo Surdi

GABARITO
6. E 26. b 46. e
7. C 27. C 47. a
8. C 28. b 48. b
9. E 29. E 49. C
10. C 30. C 50. E
11. E 31. b 51. e
12. C 32. C 52. E
13. b 33. E 53. C
14. d 34. C 54. C
15. E 35. E 55. C
16. C 36. E 56. d
17. C 37. E 57. E
18. C 38. E 58. c
19. C 39. C 59. C
20. C 40. E 60. E
21. e 41. C 61. e
22. a 42. C 62. E
23. E 43. C 63. E
24. C 44. E 64. e
25. b 45. E 65. c

Diogo Surdi
Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos
públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e
MPU.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 93 de 94
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Gabriel Lima - 140, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Você também pode gostar