Temos, novamente, uma ordem tal, que apesar das diferenças entre
os elementos (masculino e feminino), vê-se claramente que são
complementários e fundamentais para o bom funcionamento do organismo
social, pois sem os quais não haveria o bem-estar da comunidade. As
funções de homens e de mulheres são complementares e benéficas à
sociedade como um todo.
O poder é um atributo dos viventes, mas emana dos antepassados.
Os que forem mais fiéis aos antepassados e seus pactos com a terra
alcançarão mais prestígio diante da comunidade. O poder é um exercício
calcado na tradição para garantir o bem-estar para a sociedade. Isso justifica
porque o rei, quando deixa seu povo às margens dos benefícios sociais, pode
sofrer o regicídio. O poder, portanto, é um instrumento da tradição dos
ancestrais para perpetuar no ayê a ordem do sagrado e a moralidade dos
ancestrais.
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A filosofia não é solipsista e, portanto, não se reduz apenas ao âmago de um autor, até porque as imagens da ‘pessoa’ e da ‘comunidade’ isoladas são fantasias ideológicas,
pois ambas sustentam-se apenas quando em relação.