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Michael Mendes Santos

Licenciatura em
Engenharia Civil
Física das Construções
2º Semestre do 2º Ano
Aula N.º 16
Michael Mendes Santos

Acústica
Física das Construções
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Exercício 9
Considere o esquema, em corte e em planta, de um auditório com 200 lugares sentados,
conforme representa a figura:
5,0 m 10,0 m
As características acústicas dos revestimentos
0,8m
interiores do auditório permitem considerar os 3,0 m
Gesso cartonado
seguintes coeficientes de absorção (𝜶) aos 5,0 m
500Hz:
12,32 m
Paredes e tetos rebocados - 𝜶 = 0,03;
Pavimento flutuante de madeira - 𝜶 = 0,06; P1
Porta de acesso - 𝜶 = 0,07;
Placas de gesso cartonado de 13 mm de P3
9,0 m
espessura - 𝜶 = 0,10; Porta de acesso
5m2
200 cadeiras, com área equivalente de P4
absorção de cada cadeira igual a 0,32 quando
ocupada e 0,20 quando vazia.
3,0 m 12,0 m P2
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Exercício 9
Deverá:
a) Calcular o tempo de reverberação, para a frequência dos 500 Hz, considerando o auditório
com a lotação de 50% da sua capacidade;
b) Determine a área de painéis absorventes que permita reduzir o tempo de reverberação da
sala para 0,7 seg (aos 500 Hz), quando a sua ocupação é de 50%. Considere que os painéis
são metálicos, perfurados com uma caixa de ar semi-preenchida com lá de rocha com um
coeficiente de absorção de 0,45 (aos 500 Hz);
c) Indique, de forma esquemática, onde devem ser colocadas as placas absorventes
calculadas na alínea anterior.

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Redução dos níveis de ruído

O nível sonoro no interior de uma sala apresenta uma variação acentuada na zona próxima da
fonte (campo direto) e decresce menos significativamente, à medida que nos afastamos desta.
Na proximidade das paredes refletoras (campo reverberante) o campo sonoro pode aumentar.
A redução do nível sonoro com o aumento da distância à fonte é tanto maior quanto maior for
a constante R da sala.

R=S / (1 - )

Em que:
S – Superfície total de paredes (m2)
𝜶 – Coeficiente de absorção da superfície da sala

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Redução dos níveis de ruído

R=S / (1 - )

Em que:
S – Superfície total de paredes (m2)
𝜶 – Coeficiente de absorção da superfície da sala

Caso existam vários materiais constituindo a envolvente:

S = Σ Si e = Σ Si i / Σ Si

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Exercício 10
Calcular constante R de absorção da sala representada abaixo:

P1 𝜶=0,03 2,7m

2,7m

𝜶=0,03 3,0m 𝜶=0,16 𝜶=0,03

P4 5,0m P3

P2 𝜶=0,03

Teto - 𝜶=0,10 Física das Construções


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Redução dos níveis de ruído

A intensidade sonora gerada por uma fonte, colocada no interior de uma sala, depende do som
diretamente incidente e do som refletido pelos vários obstáculos (tetos, paredes, pavimentos,
etc.). A intensidade sonora num ponto situado a uma distância r da fonte, de potência W,
gerada pelo campo sonoro incidente é:

Li = Lw + 10Log ( 1/4πr2 + 4 / R )

Em que:
Lw – nível de potência da fonte (Lw = 10Log(W/W0)
r – distância à fonte
R – Constante de absorção da sala

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Redução dos níveis de ruído

É possível concluir que se a distância à fonte é relativamente pequena, o nível sonoro é


devido, sobretudo, ao campo direto:

Li = Lw + 10Log ( 1/4πr2)

Caso as superfícies sejam refletoras e a distância à fonte elevada, o nível sonoro é praticamente constante
com o aumento da distância à fonte:

Li = Lw + 10Log ( 4 / R )

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Redução dos níveis de ruído

A expressão do nível sonoro adquire a seguinte forma quando se assume a diretividade da


fonte:

Li = Lw + 10Log ( Q/4πr2 + 4 / R)
Em que:
Q – diretividade da fonte sonora
R – constante de absorção da sala

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Exercício 11
Considere uma pequena indústria, cujo equipamento se distribui num compartimento,
conforme o esquema a seguir. A emissão sonora de cada uma das três máquinas existentes é
semelhante, com níveis de potência sonora iguais a 90 dB(A) e diretividades Q=2. A constante
de absorção deste recinto fechado é próxima de 40m2.

Qual o nível sonoro contínuo equivalente esperado no posto de trabalho, cuja localização se
indica na figura?

Pé direito = 5m

Máq.2
Máq.1
6m 7m
Máq.3
5m 1m

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12m
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Distribuição do som no interior de um recinto fechado

A distribuição deveria ser uniforme, de modo a que o som produzido junto às fontes sonoras
atingisse todos os pontos do recinto (possíveis recetores), com a mesma intensidade e sem
distorções.
Em termos práticos, a acústica arquitetónica limita-se à minimização das variações dos níveis
sonoros, considerando os tempos de reverberação aconselháveis e evitando ao máximo a
formação de ecos que podem ser múltiplos.
Exemplo de
De uma forma genérica, uma boa solução acústica passa focalização:
habitualmente pela:
1. colocação de materiais ou elementos de construção
refletantes junto à zona de emissão de sons;
2. colocação de materiais de revestimento e/ou outros
elementos absorventes nas zonas mais afastadas da emissão
de sons.
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Distribuição do som no interior de um recinto fechado

Relativamente às superfícies de reflexão, próxima da zona de emissão, o elemento que mais


contribui, em geral, para uma repartição do som pelo recinto é o teto. As formas mais
frequentes são:

Boa solução – permite Solução média – Má solução – conduz a


distribuir o som. aceitável para salas de uma concentração do
pequena e média som.
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dimensão.
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Distribuição do som no interior de um recinto fechado

Exemplo:

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Influencia da forma da sala


Reflexões na parede do fundo:

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Influencia da forma da sala


Em exemplo que permite garantir uma adequada distribuição sonora no interior de uma
recinto:

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Influencia da forma da sala


Para evitar fenómenos de reflexão múltipla (com formação de ecos múltiplos, elevação do
nível sonoro e redução da inteligibilidade dos sons) deve-se evitar que o recinto apresente
superfícies refletoras paralelas. Se o recinto apresentar forma paralelepipédica, a forma de
corrigir acusticamente este local pode consistir na colocação de material absorvente em duas
paredes laterais contíguas e no teto (e no pavimento, se possível). Se não for suficiente, a
solução pode consistir na distribuição de elementos que anulem o paralelismo entre duas
paredes.

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Isolamento a sons aéreos


A transmissão de energia sonora num elemento de separação processa-se por vibração do
elemento, sendo a massa e a frequência do som variáveis relevantes.
Com o aumento da massa do elemento, o isolamento aumenta, como consequência do
aumento das forças de inércia.
Aumentando a frequência do som incidente, mantendo o elemento com a mesma massa, o
poder de vibração diminui, verificando-se uma maior dissipação de energia sonora, e o
consequente aumento isolamento acústico.
Em elementos heterogéneos, onde a área global e partilhada por vários elementos com
isolamentos acústicos diferentes, o isolamento global depende principalmente da área do
elemento com isolamento mais baixo.
A transmissão de um recinto para o outro depende então da incidência das ondas aéreas nos
elementos de separação (transmissão aérea) ou pode depender da percussão nesses elementos
(transmissão sólida).
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O som final no recinto recetor resulta das duas vias de transmissão.
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Medição do isolamento
Lei experimental da massa (m em Kg/m2) para um som de 500 Hz

Elemento simples:

R500Hz = 13,3 Log (m) + 13,4 dB

Para elementos de separação pesados, com massas da ordem dos 200 ou mais Kg/m2:

R500Hz = 14,3 Log (m) + 11,1 dB

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Exercício 12

Um pavimento deve conferir, entre os espaços que divide, um isolamento acústico


conveniente. Determine o índice de isolamento a sons aéreos conferido por uma laje de betão
armado de 20 cm de espessura.

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Regulamento Requisitos Acústicos dos Edifícios | RRAE


Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho

As normas do Regulamento aplicam –se à construção, reconstrução, ampliação ou alteração dos


seguintes tipos de edifícios, em função dos usos a que os mesmos se destinam:

a) Edifícios habitacionais e mistos, e unidades hoteleiras;


b) Edifícios comerciais e de serviços, e partes similares em edifícios industriais;
c) Edifícios escolares e similares, e de investigação;
d) Edifícios hospitalares e similares;
e) Recintos desportivos;
f) Estações de transporte de passageiros;
g) Auditórios e salas.

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Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho

Artigo 2.º - Definições

b) «Isolamento sonoro a sons de condução aérea, padronizado, D2 m, nT» — diferença entre o nível
médio de pressão sonora exterior, medido a 2 m da fachada do edifício (L1,2 m), e o nível médio
de pressão sonora medido no local de receção (L2), corrigido da influência das condições
de reverberação do compartimento recetor, segundo a expressão:

D2 m , nT = L1,2 m - L2 + 10 Log(T/T0) dB

em que:
T — é o tempo de reverberação do compartimento recetor, em segundos; e
T0 — é o tempo de reverberação de referência, em segundos; para compartimentos de habitação ou com
dimensões comparáveis, T0 = 0,5 s; para compartimentos em que haja tempo de reverberação atribuível em
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projeto, o valor de referência a considerar será o do respetivo tempo de dimensionamento;
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Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho

Artigo 5.º - Edifícios habitacionais e mistos, e unidades hoteleiras:

a) O índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, D2 m, nT ,w, entre o exterior do edifício
e quartos ou zonas de estar dos fogos deve satisfazer o seguinte:
i) D2 m, nT, w ≥ 33 dB, em zonas mistas ou em zonas sensíveis reguladas pelas alíneas c), d)
e e) do n.º 1 do artigo 11.º do Regulamento Geral do Ruído;
ii) D2 m, nT, w ≥ 28 dB, em zonas sensíveis reguladas pela alínea b) do n.º 1 do artigo 11.º do
Regulamento Geral do Ruído;
iii) Os valores limite dos índices referidos nas subalíneas i) e ii) são acrescidos de 3 dB,
quando se verifique o disposto no n.º 7 do artigo 12.º do Regulamento Geral do Ruído;
iv) Quando a área translúcida for superior a 60 % do elemento de fachada em análise, deve
ser adicionado ao índice D2 m, nT, w o termo de adaptação apropriado, C ou Ctr, conforme o
tipo de ruído dominante na emissão, mantendo-se os limites das subalíneas i) e ii);
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Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho

Artigo 2.º - Definições

c) «Isolamento sonoro a sons de condução aérea, padronizado, DnT» — diferença entre o nível
médio de pressão sonora medido no compartimento emissor (L1) produzido por uma ou mais
fontes sonoras, e o nível médio de pressão sonora medido no compartimento recetor (L2),
corrigido da influência das condições de reverberação do compartimento recetor, segundo a
expressão:

DnT = L1 - L2 + 10 Log(T/T0) dB

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Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho

Artigo 5.º - Edifícios habitacionais e mistos, e unidades hoteleiras:

b) O índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, DnT, w, entre compartimentos de um


fogo, como locais emissores, e quartos ou zonas de estar de outro fogo, como locais recetores,
deve satisfazer o seguinte:
DnT, w ≥ 50 dB

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Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho

Artigo 5.º - Edifícios habitacionais e mistos, e unidades hoteleiras:

c) O índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, DnT, w, entre locais de circulação
comum do edifício, como locais emissores, e quartos ou zonas de estar dos fogos, como locais
recetores, deve satisfazer o seguinte:
i) DnT, w ≥ 48 dB;
ii) DnT, w ≥ 40 dB, se o local emissor for um caminho de circulação vertical, quando o edifício seja
servido por ascensores;
iii) DnT, w ≥ 50 dB, se o local emissor for uma garagem de parqueamento automóvel;

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Artigo 5.º - Edifícios habitacionais e mistos, e unidades hoteleiras:

d) O índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, DnT, w, entre locais do edifício
destinados a comércio, indústria, serviços ou diversão, como locais emissores, e quartos ou zonas
de estar dos fogos, como locais recetores, deve satisfazer o seguinte:

DnT, w ≥ 58 dB

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Artigo 2.º - Definições

d) «Nível sonoro de percussão padronizado, L’nT» — nível sonoro médio (Li) medido no
compartimento recetor, proveniente de uma excitação de percussão normalizada exercida sobre
um pavimento, corrigido da influência das condições de reverberação do compartimento recetor,
segundo a expressão:

L’nT = Li - 10 Log(T/T0) dB

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Máquina de Impactos RI069 RETEC 28
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Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho

Artigo 5.º - Edifícios habitacionais e mistos, e unidades hoteleiras:

e) No interior dos quartos ou zonas de estar dos fogos, como locais recetores, o índice de
isolamento sonoro a sons de percussão, L’nT, w, proveniente de uma percussão normalizada sobre
pavimentos dos outros fogos ou de locais de circulação comum do edifício, como locais
emissores, deve satisfazer o seguinte:
L’nT, w ≤ 60 dB

f) A disposição estabelecida na alínea anterior não se aplica, se o local emissor for um caminho
de circulação vertical, quando o edifício seja servido por ascensores;

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Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho

Artigo 5.º - Edifícios habitacionais e mistos, e unidades hoteleiras:

g) No interior dos quartos ou zonas de estar dos fogos, como locais recetores, o índice de
isolamento sonoro a sons de percussão, L’nT, w, proveniente de uma percussão normalizada sobre
pavimentos de locais do edifício destinados a comércio, indústria, serviços ou diversão, como
locais emissores, deve satisfazer o seguinte:
L’nT, w ≤ 50 dB

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Resumo dos requisitos para um edifício de habitação:

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Artigo 5.º - Edifícios habitacionais e mistos, e unidades hoteleiras:

5 — Nas avaliações in situ destinadas a verificar o cumprimento dos requisitos acústicos dos
edifícios deve ser tido em conta um fator de incerteza, I, associado à determinação das
grandezas em causa.
6 — O edifício, ou qualquer dos seus fogos, é considerado conforme aos requisitos acústicos
aplicáveis, quando, cumulativamente:
a) O valor obtido para o índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, D2 m, nT, w ou DnT, w,
acrescido do fator I no valor de 3 dB, satisfaça o limite regulamentar;
b) O valor obtido para o índice de isolamento sonoro a sons de percussão, L’nT, w, diminuído do
fator I no valor de 3 dB, satisfaça o limite regulamentar;
c) O valor obtido para o nível de avaliação, LAr, nT, diminuído do fator I no valor de 3 dB (A),
satisfaça o limite regulamentar.
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