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Exercício de (Meta)Reflexão sobre o documentário

“Educação Proibida”

Licenciatura em Ensino Básico


Educação, Pedagogia e Currículo

Docente: Amélia de Jesus Gandum Marchão


|ameliamarchao@ipportalegre.pt
Discente: Carla de Jesus Rosado Torres Moreira
|20876@ipportalegre.pt

08 de outubro de 2021
Educação, Pedagogia e Currículo:
Exercício de (Meta) Reflexão sobre
o documentário “Educação proibida”

O presente exercício decorre da proposta realizada no âmbito da Unidade


Curricular (UC) de “Educação, Pedagogia e Currículo” no sentido de explorar o
documentário “Educação Proibida” e refletir sobre as várias temáticas que o
mesmo aborda, numa perspetiva direcionada para o novo paradigma
educacional relativo à escola ideal. Assim, e num entendimento relativo à
(meta)reflexão que pede para ir ao nosso interior e refletir sobre o que vimos e
associamos, tentamos apresentar uma análise pessoal e introspetiva. Trata-se,
assim, de um exercício de pensamento, de escuta interior, que remete para
experiências individuais, promovendo uma análise sobre as inúmeras temáticas
associadas à Educação e à Escola e em que se revelam algumas das questões
inesgotáveis.

O documentário inicia com uma abordagem à obra “O Mito da Caverna”, escrita


pelo filósofo grego Platão, e que apresenta uma reflexão sobre os mitos e as
suas interpretações em relação ao conhecimento, à ilusão e à realidade,
decorrente da necessidade do homem livre, e de tudo quanto o rodeia lhe
permitir assumir uma perceção única da sua existência, tanto no plano interior
como exterior. Consideramos que cada indivíduo possui uma vivência própria,
que carece de um contacto social, também ele específico e inerente à sua
contextualização, que transforma essas vivências e lhe permite crescer
enquanto indivíduo, dentro do seu universo. Cada um de nós transporta um
conhecimento único que nos distingue dentro dos diversos grupos como os
quais contactamos, e que nos permitem desenvolver enquanto pessoa, tanto
no plano individual como coletivo. Assumimos a consciência de que a pessoa
que somos se deve a múltiplos fatores que vão desde a nossa conceção, o
nosso contexto familiar, as nossas vivências sociais, territoriais e culturais. O
tempo presente reflete muitas decisões que foram tomadas devido aos
acontecimentos do passado, assumindo-se uma constante transformação que
identifica o passado, presente e futuro. No mundo atual verifica-se a existência
de uma multiplicidade de recursos, entidades, infraestruturas, procedimentos e
informações que remetem para a importância da educação, contudo, estas
forças regulamentadas, não são suficientes para colmatar a existência de
estruturas direcionadas para a prática educativa que possuem poucas

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Exercício de (Meta) Reflexão sobre
o documentário “Educação proibida”

condições para atingirem a sua finalidade – o indivíduo. Esta situação


recordou-nos o facto dos meus pais, apesar do esforço financeiro, optarem
pela escola privada como estabelecimento de ensino básico de eleição para os
seus três filhos, considerando que existia um maior rigor e acompanhamento
numa fase que eles consideram como essencial no início da educação formal,
e no estabelecimento de práticas e metodologias educativas que iriam
beneficiar o nosso futuro, tanto ao nível pessoal como profissional. Apesar de
sentir esse privilégio, o certo é que muito do meu processo de aprendizagem,
ainda hoje, se reflete através dessas práticas estabelecidas, quer consciente
como inconscientemente, e que resultam nas ações que diariamente
realizamos. Esta situação, e tal como abordado no documentário, remete para
múltiplas questões que se levantam no domínio da igualdade de acesso à
Educação para todas as crianças. Existem escolas suficientes para todas as
crianças? Estão essas escolas preparadas para o ensino? Possuem estruturas
físicas que promovam o bem-estar de quem as frequenta? Que recursos
humanos possuem para acolher e acompanhar os alunos? Possuem docentes
preparados e estimulados para a prática pedagógica? Existe capacidade de
envolver toda a comunidade, incluindo pais e funcionários? Qual o papel do
aluno no contexto escolar? Todas as escolas se propõem para os mesmos
objetivos? Existe uma escola ideal?

Considerando o incumprimento dos objetivos relativos ao sucesso escolar, que


se observa pelos maus resultados do aluno, o documentário aborda a
importância de analisar o sistema educativo, através das metodologias que
implementa e que não permite que o aluno alcance o sucesso académico, pese
embora sejam frequentemente implementadas reformas educativas. No nosso
percurso, assistimos em diversas alturas a reformas educativas que na nossa
perceção foram sempre concebidas numa perspetiva de alteração das práticas
e momentos de avaliação, de alteração de conteúdos programáticos e de áreas
de estudo que remetem para as necessidades do mercado laboral. Mas foram
essas reformas consideradas com base no desenvolvimento do aluno ou da
sociedade? Os parâmetros utilizados com base nessas alterações não serão
demasiado generalizados e por vezes políticos? O que deve ser transmitido na

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o documentário “Educação proibida”

escola? Que conhecimentos são fundamentais para o desenvolvimento da


criança? Como se adaptaram os sistemas educativos ao mundo atual? Como
deverão ser os alunos avaliados? Quais as metodologias pedagógicas a
promover pelo docente de forma a aferir a necessária aquisição de
conhecimentos por parte do aluno? Não deveria haver uma maior possibilidade
de os conteúdos serem transmitidos numa linguagem direcionada para os
alunos através dos meios que eles já conhecem?

O documentário reflete também sobre o entendimento de escola enquanto


espaço obrigatório e de confinamento, que não permite o desenvolvimento
social dos alunos. Ressalva também a formação dos docentes e a necessidade
de os preparar para o contacto social com os alunos em toda a sua
diversidade. Mas será esta preparação possível? Como poderão os docentes
adotar estratégias educativas se estão condicionados a programas pré-
estabelecidos? Não deveriam ser os docentes, que possuem anos de serviço e
de experiência, a ter um papel relevante nas reformas educativas e nos
conteúdos programáticos? De que forma eles são considerados e tidos com um
papel de intervenção capaz de adequar o sistema educativo à comunidade?

Uma outra análise que na nossa perspetiva se destacou no documentário foi a


abordagem histórica ao conceito de escola pública e ao estabelecimento de um
sistema nacional de educação obrigatória. Apesar de diferentes civilizações
adotarem práticas e estruturas educativas que seguiam a cultura desses povos,
apenas no século XVIII surge o conceito de sistema educativo que foi criado
com o objetivo de unificar a Prússia e porquanto se estabelece como forma de
regulamentar e condicionar a educação, da sociedade, mediante as diretrizes
do Estado. Desconhecendo este facto, consideramos irónico que no nosso
entendimento o sistema nacional educativo se percecione como um direito
elementar do indivíduo, enquanto considerado pela sua pluralidade de
conteúdos e práticas de um determinado país, ainda que as bases do seu
estabelecimento tenham seguido cânones totalmente diferentes. Deste modo, a
escola não deve ser encarada enquanto estrutura de poderes.

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o documentário “Educação proibida”

Considerando os elementos e entidades intervenientes no documentário,


importa destacar os diversos projetos educativos que se apresentam para além
dos parâmetros normalizados no sistema educativo de cada país. No caso
português importa destacar a Escola da Ponte, situada em Vila das Aves e que,
desde 1976, se identifica como um projeto educativo único e autónomo, em
que os alunos têm autonomia para construírem os seus planos de trabalho e os
docentes são entendidos como facilitadores do processo educativo e
mediadores dessa construção de conhecimento.

Consideramos que a escola é o lugar de conhecimento de excelência e


entendemos que representa simbolicamente a educação no sentido mais
formal de aquisição de conhecimento. A escola permite o desenvolvimento do
indivíduo, não só na sua fase de crescimento como em todos os momentos que
procura mais conhecimento. Para a plena aceção deste entendimento
consideramos o papel do docente como extremamente fundamental em todo o
processo educativo. É comum encontrar em todos os indivíduos as
recordações de professores que foram marcantes no seu percurso educativo e
até mesmo decisores na escolha e perspetiva profissional, pelo que importa
destacar esse “poder” e otimiza-lo em prol da Educação e do Homem.

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