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Temas Brasileiros Ba le Um de sensibilidade POR JOSE MARIA MAYRINK, ESPECIAL PARA HISTORIA VIVA, 1m dos cardeais mais influen tes da Igreja, figura-chave nas relagdes com o governo durante o regime militar, Dom Eugenio de Aratijo Sales ~ quem diria? — se diz tum homem desajustado, Diz isso rindo, recordando um passado de 60 anos atris com divertido bom humor, mascom um undo de verdade: “Minha intengs ser vigirio do interios, me preparei para isso estudando catequese, aprendendo canticos de catequese, mas nunca fui Vigitio do interior”. O esforgo valeu, pois as suas primeiras obras de padre foram todas voltadas para o meio rural Filho de um desembargador e natural de Acari, no Rio Grande do Norte, onde m8 denovembro de 1920, onde 1cerdote em novembro de 1943, I, eaitabalhou durante dez anos, ida pascagem por uma paréquia ‘como cooperador. “Padre novo em con- tato com 2 realidade, preocay ‘6 que ocorria em toda aquela drea. Via ‘0 homem que softia € 6 homem que se afastava de Deus, o que me levoua pensar, ao mesmo tempo, no trabalho de salva e de reestruturagio da sociedad”, disse ‘Dom Eugenio, rememorando o tirocinio no apostolado, “O amor de Deus me faz ter penadas pessoas ebuse resolver scus problemas.” Al extio as raizes do ideal ¢ da coe- ‘os meios para réncia desse nordestino que buscou inspiragio e Forga no sofrimento de seus iprendizado c experiéncia pioneira quehaviam de ingpirar ocearen- se Dom Hélder Camara na organizagio dda Conferéncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Antes de ser nomeado bispo em junho de 1954, aos 33 anos de idade, Dom Eugenio foi diretorespiritual ro seminatio ¢ capelio de um presdio. Foi também professor numa escola de servigo social da diocese, onde discutia a situagio do povo com um grupo de seis ou sete padres, “sempre com a preocupa- fo de nao separar o espiritual do tem- poral”. Questionava-se sobre o sentido de seu trabalho. Seriiquea Igreja quer sso”, pergunta- vanas eunides, quando comegaram asur- giridéias que poderiam parecer exageradas, ‘malucas. “Depois do Conciio [Vaticano II} tudo ficou trangiilo, mas naquea épo- ‘nds nos questionavamos para saber se aquilo estavaiem consonancia com Roma, seera aquilo que Deus queria.” Dom Hélder erao magro,Dom Eugenio, o patriarca Hhavia, de fio, iniciativas ousadas, como projeto-piloto de reforma agrira de Bara de Punati, em Vales Umidos. Dom Eugenio conseguit ur terreno com o go- vemadore recursos do Misereor, programa dos caélicos alemies, para a construcio de 50 casas. “Tdo diritnho, com ajuda deagrénomos, metade das cass para bra silos e a outra metade para japoneses Em pouco tempo, os assentados do bispo csxavam fornecendo frutae verdura para 0 mercado hortigranjeiro de Nata © leque se bri, Convencide de que as coisas deviam ser feitas com planeja- ‘mento, viajou a0 Peru para conhecer uma

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