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Apostila CONCRETO ARMADO Prof. Clauderson Basileu Carvalho Belo Horizonte, Fevereiro de 2012 9. 10. ANEXO B - TABELAS PARA CALCULO DE LAJES SUMARIO GENERALIDADES ... SOLICITACAO NORMAL SIMPLES... DIMENSIONAMENTO DE LAJES - CALCULO ELASTICO .. VIGAS.. FISSURAGAO CISALHAMENTO.. ADERENCIA E ANCORAGEM... REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS. ANEXO A - TABELA DE CARREGAMENTOS..... 1. GENERALIDADES 1.1. INTRODUCAO conereto armado € uma associagtio de conereto € ago que tem por finalidade aproveitar vantajosamente as qualidades desses dois materiais. O conereto oferece grande resisténcia aos esforgos de compressio € muito pouca aos esforgos de traci (10% da resisténcia & compressiio). O ago, em compensagio, presenta muito boa resisténcia a ambos os esforgos. A unigo do ago com 0 conereto visa, portanto, a suprir as deficiéneias do concreto em relagdo aos esforgos de tragdo, reforgando a sua resistencia & compressio. Além disso, 0 ago absorve os esforgos de cisalhamento ou cortantes que atuam nos elementos de concreto. As pegas que compéem uma estrutura de concreto armado tendem a constituir-s gracas as caracteristicas do concreto simples € do aco, num conjunto monolitico, isto é, uma pega Gniea. As principais caracteristicas que permitem essa perfeita unido advém do fato de que o concreto simples € 0 ago possuem boa aderéncia miitua ¢ um coeficiente de dilatagio térmica praticamente igual (& ~ 10° /C). Por outro lado, quando embutido no conereto, o ago fica protegide da corrosio, em virtude da natureza alcalina do cimento ¢ da falta de contato com 0 oxigénio do ar O concreto armado, como material de construgao, apresenta as seguintes vantagens: * economia em relagdo a outros materiais © solugdes monoliticas: ‘© manutengao e conservagao praticamente nulas; ‘= grande durabilidade (resisténcia a efeitos atmos! © boa resisténcia ao fogo; © adaptay a qualquer forma; ‘© maior resisténcia mecdinica com a idade; © boare: ncia a choques e vibragdes © ficil execugao. Por outro lado, apresenta algumas desvantagens, principalmente quando comparado com outros materiais de construco utilizados para a mesma finalidade, dentre as quais se destacam as seguintes: © impossibilidade de softer modificagdes; * baixo grau de protegao térmica c isolamento aciistico; © demoli¢do de custo elevado e sem reaproveitamento do material; ¢ © peso priprio elevado (peso especifico Yone = 25 kN/m? = 2,5 tf/m? = 2.500 kef/m’). Por suas caracteristicas € composigdo, 0 concreto armado é usado principalmente na confecgao de elementos estruturais, E com base nos esforgos a que so submetidos esses elementos que sao feitos os cilculos para 0 dimensionamento das pegas de concreto armado. 1.2. HISTORICO Nao ha o registro exato da época em que 0 concreto comecou a ser utilizado, mas, sem diivida, tomou-se presenga constante nas edificagdes do mundo contemporineo, Pioneiros da constru € babilOnios usavam a argila para obter a sua liga, mas produziam uma argamassa de pouea resistencia. Os egipcios, porém, obtiveram outra argamassa com mais resisténcia, introduzindo como aglomerante cal € gesso no lugar da argila, demonstrado nas construgdes de suas pirmides e templos. Os romanos criaram um aglomerante de grande durabilidade adicionando a0 calcério a cinza vulednica do Vestivio, chamada pozzolana, A descoberta do cimento tem sua origem nas pesquisas realizadas por John Smeaton e James Parker. Em 1796 James Parker patenteia um cimento hidréulico natural, obtido da calcinagdio de nédulos de caledrio impuro contendo argila, Este cimento é chamado de Parker ou Romano. Em 1824 Joseph Aspdin solicitou ¢ obteve a Patente para um aperfeigoamento no método de produzir pedra autificial, iniciada por Louis Vieat. Aspdin deu-lhe 0 nome de Cimento Portland, por sua semelhanga com a famosa pedra caledria branco-prateada que se extraia ha mais de trés séculos de algumas pedreiras existentes na pequena peninsula de Portland no Condado de Dorset. © conereto ja havia sido usado por arquitetos romanos e cristdos primitivos, mas durante a maior parte da Idade Média ¢ da Renascenga foi abandonado, ressurgindo na segunda metade do século XIX para fins usuais. © conccito referente a conereto armado surgiu na Franga, em 1849, quando Lambot construiu um pequeno barco com argamassa e fios de ago de pequeno diametro, exibido em Paris em 1855. Em 1861, o horticultor ¢ paisagista Joseph Monier, constrdi vasos ornamentais em argamassa armada, conseguindo em 1867 patentear essa invengdo. Posteriormente, consegue patentes de tubos, reservatérios, placas e pontes. Em 1850 tem inicio uma série de ensaios realizados pelo advogado norte americano Thaddeus Hyatt, que em 1877 obtém patente para um sistema de execuctio de vigas de concreto e ago, no qual as barras previam os efeitos de tragio e cisalhamento, sugerindo 0 uso de estribos e barras dobradas. Em 1880 Hennebique, na Franga, constr6i a primeira laje armada com barras de circular. ago de se Em 1886 Dohring, na Alemanha, registra a primeira patente sobre aplicago de protenstio em placas e em pequenas vigas. Em 1897 Rabut, na Frang: . inicia o primeiro, curso sobre concreto armado, na “Ecole des Ponts et Chaussées’ Em 1902 Mérsch, engenheiro alemio, publica a primeira edigio de seu livro, apresentando resultados de numerosas experiéneias, tornando-se um dos mais importantes pesquisadores do conereto armado, De 1900 1910 andlises basicas do cimento so normalizadas. Até o final do século XIX era utilizado um concreto bastante seco, dificil de ser moldado, requerendo muita miio-de-obra para compactar © concreto langado para nem sempre obter um bom resultado, pois era diffcil de preencher os vazios, 0 que fez com que concretos mais plésticos (com mais 4gua) passassem a ser utilizados. A engenharia nacional se destacou no cendrio mundial com obras que superaram diversos recordes mundiais enire as quais esto as projetadas por Emilio Henrique Baumgart; considerado por muitos como o pai da engenharia estrutural no Bra Algumas de suas obras, como a ponte construida sobre o rio peixe - Santa Catarina - em 1928 (Ponte Herval — recordista mundial da época em vao de viga reta), ¢ um edificio construido no Rio de Janeiro, entre 1928 © 1930, com 22 pavimentos (0 maior do mundo em conereto armado da época) Na década de 70 surge a introducio do concreto reforgado com fibras © de concreto de alta resisténcia. A evolucio nessa década deu um passo muito grande, houve construgdes de suma grandiosidade como, por exemplo, a construgao da CN Tower em Toronto, a mais alta torre auto-portante construida. Na década de 80, superplastificantes sdo introduzidos nas misturas. Na atualidade, a edificaciio concluida em 2010, denominada Burj Khalifa Bin Zayid, localizado em Dubai, nos Emirados Arabes Unidos © apresentando 828 metros de altura; dos quais 601 metros siio em concreto armado, retém 0 recorde mundial de concreto vertical (altura). Figura | - Burj Khalifa Bin Zayid 1.3. CONCEITOS GERAIS. 1.3.1 COMPOSICAO DO CONCRETO © conereto armado pode ter surgido da necessidade de se aliar as qualidades dt pedra (resisténcia & compressiio e durabilidade) com as do ago (resisténcias mecdinicas), com as vantagens de poder assumir qualquer forma, com rapidez e facilidade, ¢ proporcionar a neces ria protecio do ago contra a corrosio. © concreto € um material composto, constitufdo por cimento, égua, agregado mitido (areia) © agregado gratido (pedra ou brita), © ar. Pode também conter adigdes inalidade de (cinza volante, pozolanas, silica ativa, ete.) € aditivos quimicos com a melhorar ou modificar suas propricdades basicas. Esquematicamente pode-se indicar que a pasta é 0 cimento misturado com a agua, a argamassa é a pasta misturada com a arei eo conereto ¢ a argamassa misturada com a pedra ou brita, também chamado concreto simples. 1.3.2 COMPONENTES: cimento portland € um p6 fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob ago da dgui Depois de endurecido, mesmo que seja novamente submetido & ago da agua, © cimento portland niio se decompde mais. 0 cimento € 0 principal elemento dos concretos e € o responsdvel pela transformagio da mistura de materiais que compdem 0 concreto no produto final desejado. © cimento € composto de clinquer ¢ de adigdes, sendo 0 clinquer 0 principal componente, presente em todos os tipos de cimento, O clinguer tem como matéri primas basicas 0 calcério ¢ a argila. A propriedade basica do clinquer € que ele é um ligante hidréulico, que endurece em contato com a gua. Para a fabricagao do clinquer, a rocha caleéria inicialmente britada ¢ mofda é misturada com a argila mofda, A mistura é submetida a um calor intenso de até 1450°C e entio bruscamente resfriada, formando pelotas (o clinquer). Apés processo de moagem, o clinquer transforma se em po. As adicées so matérias-primas misturadas ao clinquer no processo de moagem, € sfo elas que definem as propriedades dos diferentes tipos de cimento, As principais adigdes so 0 gesso, as ese6rias de alto-forno, ¢ os materiais pozoldnicos ¢ earbondticos. Os tipos de cimento que existem no Brasil diferem em fungio da sua composigao, como © cimento portland comum, 0 composto, © de alto-forno, © pozolanico, o de alta resisténcia inicial, 0 resistente a sulfatos, © branco ¢ o de baixo calor de hidratacdo. Dentre os diferentes tipos de cimento listados na Tabela 1, os de uso mais comuns nas construgdes so o CPI E-32, 0 CPI F-32 ¢ o CPIII-40. O cimento CPV-ARI é também muito utilizado em fabricas de estruturas pré-moldadas. ‘Tabela | — Tipos de cimentos fabricados no Brasil lcPiss2 lop rs-49, cr inEze ce wes? cp i.e-40 le inzzs lceuzs2 lop uz40 [cP nr2s Sigia © classe dos ipos onginals ares i308 60 suir0 BC. Exemplo. CP I- [s280. CP ILF-328C, CP IAOBC, ete Os diferentes tipos de cimento tém uma nomenclatura propria e so fabricados segundo éncias & compressdo de 25, 32 ou 40 MPa, garantidos pelo fabri aps 28 dias de cura, te, € AGREGADOS Os agregados podem ser definidos como materiais inertes que compdes as is € concretos. Stio muito importantes porque representam 70% da composigaio do conereto, além de apresentarem menor custo. (Os agregados so clasificados, quanto & origem, em naturais © artificiais. Os agregados naturais sdo aqueles encontrados na natureza, como areias de rios € pedregulhos, também chamados cascalho ou scixo rolado. Os agregados artificiais sto aqueles que passaram por algum processo industrial para obter as earacteristicas finais, como as brit s originérias da trituragdo de rochas. Na classificagdo quanto as dimensdes os agregados sio chamados de mitido, como as areias, e gratido, como as pedras ou britas. O agregado mitido tem didimetro maximo igual ou inferior a 4,8 mm, e 0 agregado gratido tem diametro maximo superior a4.8 mm, Os agregados gratidos (britas) tém a seguinte numeracao € dimensdes maximas: - brita 04,8 a 9,5 mm; - brita 19,5 a 19 mm; - brita 2-19 a 25 mm; - brita 3-25 a 50 mm: - brita 4-50 a 76 mm; - brita 5~ 76a 100 mm. As britas sto os agregados gratidos mais usados no Brasil, com uso superior a 50% do consumo total de agregado gratido nos concretos. Os agregados podem também ser clasificados em leves, normais e pesados. As britas normais sdo geralmente obtidas pela trituragdo de rochas, como basalto, gnaisse € granite. AGUA A gua € necesséria no concreto para possibilitar as reagées quimicas do cimento, chamada reagGes de hidratagio, que iro garantir as propriedades de resisténcia € durabilidade do conereto, Tem também a fung3o de lubrificar as demais particulas para proporcionar 0 manuseio, Normalmente égua potével € a indicada para a confeegao dos coneretos, ADITIVOS Sao produtos quimicos produzidos a partir de matérias primas como ligui na, cloretos, aluminatos, melamina, silicatos dentre outros, ¢ que quando misturados na confeccao de coneretos & argamassas em quantidades inferiores a 5% em volume, sobre © peso de cimento, modificam as propriedades fisico-quimicas desses, com a finalidade de melhorar € facilitar a confecgao, langamento € aplicagio, eliminando os efeitos indesejaveis como segregagao, fissuraco, bolhas, etc., melhorando as earacteristicas de resistencias mecanicas, impermeabilidade, aparéncia e durabilidade. Os prineipais tipos de aditivos sio: plastificantes, incorporadores de ar, retardadores der pega, aceleradores de pega, aceleradores de endurecimento, colorantes ¢ impermeabilizantes 1.3.3 CONCRETO ARMADO X CONCRETO PROTENDIDO © conereto € um material que apresenta alta resisténcia as tensdes de compressiio, porém, apresenta baixa resisténcia a tragio (cerca de 10% da sua resistencia A compressio). Assim sendo, imperiosa a necessidade de juntar ao conereto um material com alta resistencia a tragZo, com © objetivo deste material, disposto convenientemente, resistir as tensdes de tragdo atuantes. Com esse material composto (concreto ¢ armadura — barras de aco), surge entdo 0 chamado “conereto armado”, onde as barras da armadura absorvem as tensGes de tragiio e 0 concreto absorve as tensdes de compressiio, no que pode ser auxiliado também por barras de aco (caso tipico de pilares, por exemplo). jo entanto, © conceito de concreto armado envolve ainda o fenémeno da aderéncia, que € essencial e deve obrigatoriamente existir entre 0 concreto € a armadura, pois 1 existéncia do conereto armado & imprescindfvel que haja real solidariedade entre ambos 10 basta apenas juntar os dois materiais para se ter o concreto armado. Para a © concreto e 0 aco, e que o trabalho seja realizado de forma conjunta. Em resumo, pode-se definir © conereto armado como “a unidio do conereto simples e de um material resistente tracdo (envolvido pelo concreto) de tal modo que ambos resistam solidariamente aos esforcos solicitantes” Com a aderéncia, a deformagao e, num ponto da barra de ago e a deformacio & no conereto que a circunda, devem s 1 iguais, isto 6: & =e A armadura do concreto armado é chamada “armadura passiva”, 0 que signi a que as tensdes © deformagdes nela aplicadas devem-se exclusivamente aos carregamentos aplicados nas pegas onde esté inserida, Esta armadura deve apresentar alta resist@ncia mecfnica, principalmente resisténcia & tragio. © concreto protendido € um refinamento do concreto armado, onde a idéia ica € aplicar tenses prévias de compressio nas regides da pega que serio tracionadas pela acdo do caregamento extero aplicado. Desse modo, as tensdes de tragdo sd. diminuid: ou até mesmo anuladas pelas tensdes de compressdo_pré- existentes ou pré-aplicadas. Com a protensdo contorna- a caracterfstica negativa de baixa resisténcia do conereto & tragio A Figura 2 ilustra os diagramas de tenso num caso simples de aplicagio de tenses 10 ane the (No caso de protensSo par > Bsn Figura 2 — Aplicagdo de protensio em uma viga bi-apoiada Sdo diversos os sistemas de protensdo aplicados nas fébricas e nos canteiros de obra, No sistema de pré-tensio, por exemplo, a protensio se faz pelo estiramento (tracionamento) da armadura ativa (armadura de protensio) dentro do regime elistico, antes que haja a aderéncia entre 0 conereto € a armadura ativa. Terminado o estiramento © conereto langado para envolver armadura de protensiio e dar a forma desejada & peca. Decorridas algumas horas ou dias, tendo © concreto a resisténcia mi ima necesséria, 0 esforco que estirou a armadura € gradativamente diminuido, 0 que faz com que a armadura aplique esforgos de compressdo ao concreto ao tentar voltar ao seu estado inicial de deformaga zero. Outro sistema de protensdo € a pés-tensdo, onde a forga de protensdo é aplicada apés a pega estar concretada e com 0 concreto com resisténcia suficiente para receber a forga de protensio. 1.3.4 FISSURACAO A fissuraciio nos elementos estruturais de concreto armado causada pela baixa resisténcia A tragtio do concreto, Apesar de indesejavel, o fendmeno da fissuracio natural, dentro de certos limites. © controle da fissurago € importante para a seguranga estrutural em servigo, para condigdes de funcionalidade © estética (aparéncia), desempenho (durabilidade, impermeabilidade, ete.), Deve-se garantir, no projeto, que as ul fissuras que venham a ocorrer apresentem aberturas menores do que os limites -m colocar ibelecidos considerados nocivos. Pequenas aberturas de fi ras, Mesmo § em risco a durabilidade da estrutura, podem provocar alarme nos ustiirios leigos pelo efeito psicoldgico. Assim, a abertura maxima das fissuras, sem prejudicar a estética ou causar preocupagio nos usudrios depende da posigdo, profundidade, finalidade da estrutura, distincia do observador, ete. Num ante de conereto armado, por exemplo, sé a te 10 de tracdo aplicada pelo carregamento externo € pequena € inferior resisténcia do conereto & tragao (fi), no aparecem fissuras na superficie do tirante. Porém, se o carregamento for aumentado © a tenséo de tragdo atuante igualar a resisténcia do concreto & tragio, surge neste instante a primeira fissura, Quando o conereto fi a nao resistir mais as ura, ele pa tensdes de tragio, vindo dai a necessidade de uma armadura resistente. Com o aumento do carregamento e das tensdes de tracio, novas fi wuras vo surgindo, € aquelas existentes vio aumentando a abertura. Analogia semelhante pode ser feita com a regizio tracionada de uma viga fletida. Eli inar completamente as fissuras seria antieconémico, pois teria-se que aplicar tensdes de tragdo muito baixas na pega ¢ na armadura. Tsso leva a que 0 conereto armado deve conviver com as fissuras, que niio sero eliminadas e sim diminuidas a valores de abertura accitéveis (geralmente até 0,3 mm) em fung¥o do ambiente em que a peca estiver, e que nao prejudiquem a estética e a durabilidade. No projeto de elementos estruturais © procedimento € verificar 0 comportamento da peca nos chamados Estados Limites de Servico, como os Estados Limites de Formagio de Fissuras (ELS-F) e de Abertura das Fissuras (ELS-W), em fungdo da utilizagio © desempenho requeridos para o elemento estrutural. No conereto armado, a armadura submetida a tensdes de traga alonga-se, a Timite maximo de 10%e (1% = 10%o = 10 mm/m), imposto pela NBR 6118/2003 a fim de evitar fissuragio excessiva no conereto, Pode-se imaginar um tirante com 1 m de comprimento tendo dez fissuras com abertura de | mm, distribuidas ao longo do seu comprimento (ver figura 3). Diagrama de Seformagées Exane = 10% Figura 3 — Fissuras em um tirante com deformagio de 10%e O conereto, aderido e adjacente as barras da armadura, ura, porque néio tem capacidade de alongar-se de 10%o sem fissurar, de modo que as tensdes de tracdo tem que ser totalmente absorvidas pela armadura. Segundo LEONHARDT & MONNIG (1982), ispondo-se barras de ago de didmetro no muito grande e de maneira distribuida, as fissuras terdo. apenas caracteristicas capilares, lo levando ao perigo de corrosio do ago As fissuras surgem no conereto armado também devido & retragio do conereto (diminuigo de volume do conereto associado a perda de agua), que pode ser gnificativamente diminufda por uma cura cuidadosa nos primeiros dez dias de idade do conereto, e com a utilizagao de armadura suplementar (armadura de pele). 1.4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS EM CONCRETO ARMADO 1.4.1 CLASSIFICAGAO GEOMETRICA A classificacdo dos elementos estruturais segundo a sua geometria se faz através da comparagio da ordem de grandeza das trés dimensOes principais do elemento (comprimento, altura e espessura), com a seguinte nomenclatura: a) elementos lineares: sio aqueles que tém a espessura da mesma ordem de grandeza da altura, mas imbas muito menores que © comprimento. Sao os elementos chamados “barras”. Como exemplos mais comuns encontram-se as vigas € os pilares. b) elementos bidimensionais: so aqueles onde duas dimensdes, 0 comprimento © a largura, so da mesma ordem de grandeza e muito maiores que a terceira dimensdo (cspessura), So os chamados elementos de superficie. Como exemplos mais comuns encontram-se as lajes, as paredes de reservat6rios, etc As estruturas de superficie podem ser classificadas como cascas, quando a jo as superficie € curva, ¢ placas ou chapas quando a superficie € plana. As placas superficies que recebem o carregamento perpendicular ao seu plano ¢ as chapas tém o carr umento contido neste plano. O exemplo mais comum de placa é a laje e de chapa € a viga-parede. ¢) elementos tridimensionais: so aqueles onde as trés dimensdes t@m a mesma ordem de grandeza, Sao os chamados elementos de volume. Como exemplos mais comuns encontram-se os blocos ¢ sapatas de fundagio, consolos, ete. » » Figura 4— Clas ficagdo geométrica dos elementos estruturais, 1.4.2 ELEMENTOS ESTRUTURAIS PROPRIAMENTE DITOS Nas construcdes de concreto armado, sejam elas de pequeno ou de grande porte, trés elementos estruturais so bastante comuns: as lajes, as vigas € os pilares. Por is 0, esses so os elementos estruturais mais importantes. Outros elementos, ‘ndio. menos importantes € que podem nao ocorrer em tod: as construgoes, devem ser citados: bloc consolos, Vi s € sapatas de fundagdo, estacas, tubuldes, igus-parede, tirantes, dente gerber, viga alavanea, escadas, reservatérios, muros de arrimo, ete... (ver figura 6). LAJES AS lajes so os elementos planos que se destinam a reeeber a maior parte das agdes aplicadas numa construgio, como de pessoas, méveis, pisos, paredes, e os mais variados tipos de carga que podem existir em fungio da finalidade arquiteténica do espago fisico que a laje faz parte. As ages sio comumente perpendiculares ao plano da laje , podendo ser divididas em: distribuidas na drea (peso préprio, revestimento de piso, etc.), distribuidas linearmente (paredes) ou forcas concentradas (pilar apoiado sobre a laje). As agdes sao geralmente transmitidas para as vigas de apoio nas bordas da laje, ‘mas eventualmente também podem ser transmitidas diretamente aos pilares. Alguns dos tipos mais comuns de lajes sto: maciga apoiada nas bordas, nervurada, lisa e cogumelo. Laje maciga é um termo que se usa para as lajes sem vazios apoiadas em vigas nas bordas. As lajes lisa e cogumelo também nao tém vazios, porém, tem outra definiga “Lajes cogumelo sdo lajes apoiadas diretamente em pilares com capitéis, enquanto (NBR 6118/03, item 14.7.8). Elas lajes lisas sao as apoiadas nos pilares sem capitéis apresentam a eliminagio de grande parte das vigas como a principal vantagem em relagdo &s lajes macigas, embora por outro lado tenham maior espessura. Apresentam como vantagens custos menores ¢ maior rapidez de construgo. No entanto, sio suscetiveis a maiores deformagdes (flechas). Figura 5 — Tipos de laje = Capitel é a regitio nas adjacéncias dos pilares onde a espessura da laje € aumentada com © objetivo de aumentar a sua capacidade resistente nessa regio de alta concentragiio de esforgos cortantes e de flexdo (ver figura 5). => Lajes nervuradas sao as lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de traci para momentos positivos esta localizada nas nervuras entre as qua pode ser colocado material inerte (ou sem material de enchimento com moldes plisticos removiveis). As lajes com nervuras pré-moldadas so comumente chamadas pré- fabricada VIGAS as siio classificadas como barras destinadas a receber ages das lajes, de outras vigas, de paredes de alvenaria, e eventualmente de pilares, ete. A fungao das € basicamente vencer vios e transmitir a aces nelas atuantes para os apoi geralmente os pilares. As ages so geralmente perpendicularmente ao seu eixo longitudinal, podendo ser concentradas ou distribuidas. Podem ainda receber forgas normais de compressio ou de tragto, na direcdo do cixo longitudinal. As vigas, assim como as lajes ¢ os pilares, também fazem parte da estrutura de contraventamento responsdvel por proporcionar a estabilidade global dos edificios as agdes verticais e horizontais. As armaduras das vigas so geralmente compostas por estribos, chamados armadura transversal, ¢ por barras longitudinais, chamadas armadura longitudinal. PILARES Pilares so elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forgas normais de compressdo so preponderantes. Sdo destinados a transmitir as agdes as fundagdes, embora possam também transmitir para outros elementos de apoio. As agGes so provenientes geralmente das vigas, bem como de lajes. TUBULAO E BLOCO DE FUNDACAQ Tubulo 10 também elementos destinados a transmitir as agdes diretamente a0 solo, por meio do atrito do fuste com o solo (lateral) e da superficie da base (ponta) Os blocos sobre tubuldes podem ser suprimidos, mas neste caso faz-se um reforgo com armadura na parte superior do fuste, que passa a receber 0 carregamento diretamente do pilar. SAPATAS As sapatas recebem as ages dos pilares e as transmitem diretamente ao solo. Podem ser localizadas ou isoladas, conjuntas ou corridas. ‘As sapatas isoladas servem de apoio para apenas um pilar. As sapatas conjuntas servem para a transmissio simultinea do carregamento de dois ou mais pilares © as sapatas corridas tém este nome porque so dispostas ao longo de todo 0 comprimento do elemento que Ihe aplica o carregamento, Figura 6 — Elementos estruturais, 1.5.08 ACOS ESTRUTURAIS PARA CONCRETO ARMADO No estudo das barras de ago para concreto armado, devemos considerar além do tipo do ago, as caracteristicas geométricas, meciinicas, de ductilidade e aderéneia, 1.5.1. CLASSIFICACAO QUANTO A GEOMETRIA © Barras lisas — CA-25 © Barras nervuradas (saliéncias longitudinais/ mossas) — CA-50 e CA-60 CS (3 Barras lisas Barras nervuradas Figura 7 — Geometria das barras 1.5.2. CLASSIFICACAO QUANTO A RESISTENCIA Os agos sio classificados conforme sua resisténcia ao escoamento f,, definida pela sua composicao € processo de fabricagio. Assim, tém-se as classificagdes CA-25, CA-50 e CA-60, Tabela 2 — Escoamento dos tipos de ago CRTEGORIES AGO CAs Cao Chao "TENS ESCOAMENTO 2500 5000 000 Gegfiem’) ACO CA-50 Sao barras de ago com s uperficie nervurada, obtidas por laminagao a quente de tarugos de lingotamento continuo. Produzidos rigorosamente de acordo com as especificagdes da norma NBR 7480/96, Sio comercializados cm barras retas © barras dobradas com comprimento de 12m em feixes amarrados de 1000 kg ou 2000 kg Podem, também, ser fornecidos em rolos nas Bitolas até 12,5mm, Existe ainda ago CA-50S, produzido pela BELGO, que apresenta todas as caracteristicas mecnicas do ago usual, ¢ devido ao seu proceso de fabricagdo diferenciado, pode ser soldado. © CASO-S tem um processo de fabricagdo diferente, pois apés o diltimo passe de laminagdo, a barra de ago € resfriada com dgua a alta pressfo, através de um proceso controlado; isto reduz a temperatura superficial da barra, gerando uma camada refrigerada endurecida, O nticleo da barra, que permanece quente, aquece a camada endurecida, promovendo o seu revenimento ¢ tornado-a mais déctil. O produto final apresenta uma camada superficial com alta resisténcia ao escoamento € um nticleo de alta ductilidade, cujo produto apresenta uma soldabilidade bastante superior ao CA-50 normal, dispensando, na operacio de soldagem, o pré- aquecimento € 0 controle no resfriamento. No entanto, 0 CA-50 normal, devido as inovagdes tecnolégicas jé apresenta uma relativa resisténcia & solda de topo, porém por exigir controle no aquecimento dessa solda (pré-aquecimento) ¢ no resfriamento, torna-se desvantajoso. ACOCA-25 Sao barras de ago com superficie lisa, obtidas por laminagao a quente de tarugos de lingotamento continuo, com resfriamento natural (diferente do CA-50). Produzidos rigorosamente de acordo com as especificagdes da norma BR 7480/96. Sao comercializados em barras retas ¢ barras dobradas com comprimento de 12m em feixes amarrados de 1000 kg ou 2000 kg. Podem, também, ser fornecidos em rolos nas Bitolas até 12,Smm. Em todas as bitolas, 0 CA-25 apresenta a propriedade de ser soldavel ACO CA-60 ‘Sao obtidos por trefilagio de fio-maquina, produzidos segundo as especificacdes da norma NBR 7480/96, Caracterizam-se pela alta resistencia, que proporciona estruturas de concreto mais leves e, pelos entalhes, que aumentam a aderéncia do ago no conereto. Sao normalmente empregados para fabricagao de lajes, tubos de concreto, lajes treligadas, estruturas pré-moldadas de pequena espessura, etc. S30 fornecidos em rolos com pes aproximado de 170 kg, em barras de 12m de comprimento, retas ou dobradas, em fixes amarrados de 1000 kg, cm estocadores ¢ bobinas de 1500 kg. 15.3. CLASSIFICACAO QUANTO A COMPOSICAO E FABRICACAO Os agos so ligas contendo ferro, carbono, manganés, silicio, aluminio, enxofre, fésforo e cromo, GRAFICOS TENSAO X DEFORMACAQ Os Gs. fyk as TRAGAO o2n "yk Aco com patamar de escoamento (CA-50) Ago sem patamar de escoamento (CA-60) Figura 8 — Grifico 6x e do ago real Figura 9 — Grificos 6 x € do ago simplificado Grandezas referentes ao ago necessarias ao dimensionamento das pegas de conereto armado: f, _ 5000 @ Ago cA=~50 {fot == Ty AAS keh tome Su 8s 07%, 2.100.000 kgf /em? E, 2.100.000 Aco cA—60 |e h a S2N7 kgf lem? 5 aft ._527___ 9 sane, | E, =2.100.000 kgf fem? B, 2.100.000 BITOLAS COMERCIAIS Tabela 3 — Bitolas come TIPS z s & Pao em rod (ont) eg) a sa Te Toe cao 30 we TBS Tse % Te bse Tas 7 3H T35 TRS ia ae TS Tal Tas TF Ta Te caso 160 3a ZiT 1378 a0 a Tar 1 Bo T Fo0S SESS [0 re a} or | ao TH TE386 TG 20 1.6.0 CONCRETO 1.6.1, CLASSIFICAGAO QUANTO A RESISTENCIA A COMPRESSAO, Tabela 4 — Resisténcia caracteristica do concreto aoe 7 Tasifien cueastied sicagdo Grupo de Ressténcin cmon coil) 10 Baia resistencia ors ry om wr oS Resisténcia moderada CH a oH oa a oH 5 CHO iT . oH x Alta resisténcia wor = om 70 C30 0 1.6.2. CLASSIFICACAO QUANTO AO PESO ESPECIFICO Tabela 5 — Peso especifico TONCRETOS FESO ESFECIFICO TEVES Menor que 2000 ign? WORMATS Ene 2000 200 gle? [a Wiss qe 200 gar Se a massa especifica real nfo for conhecida, para efeito de cilculo, pode-se adotar os seguintes valores: Concreto simples —+ 2400 kg/m = 24 kN Jin 5 kN Im? Concreto armado — 2500 kg/m Quando se conhecer a massa especifica do conereto utilizado no elemento estrutural, pode-se considerar, como valor da massa especifica do concreto armado, aquela do concreto simples acrescida de 100 kg/m} « 150 kg/m’. 1.6.3. CLASSIFICACAO QUANTO TIPO * Concreto simples concreto composto por cimento, agregad agregado mitdo © agua, e tem grande resi éncia A compresso baixissima resisténcia & trag: © Concreto magro—+ € um concreto simples com menos cimento (pobre). E mais econdmico ¢ € usado sem fungao estrutural; devido a sua baixa resisténcia aos esforgos solicitantes. © Concreto armado— E a utilizagao de um elemento resistente a tragao; mais usualmente 0 ago, no concreto simples, com a finalidade de resistir a diferentes naturezas de solicitagdes (traci, compressio, flexio, cisalhamento, torgio, ete) 1.6.4. CARACTERISTICAS MECANICAS DO CONCRETO As principais propriedades mecanicas do concreto : resistencia & compressio, resisténcia A tragio e médulo de elasticidade longitudinal. Essas propriedades siio determinadas a partir de ensaios, executados em condigdes especificas. Geralmente, os ensaios sio realizados para controle da qualidade e atendimento as especificagdes. RESISTENCIA A COMPRESSAO. A resisténcia & compressao simples, denominada f., € a caracterfstica mecdnica mais importante. Para estimé-la em um lote de conereto, so moldados © preparados corpos de prova segundo a NBR 5738 — Moldagem e cura de corpos-de-prova cilindricos ou prismaticos de concreto, 08 quais so ensaiados de acordo com a NBR 5739 — Conereto ~ Ensaio de compresstio de corpos-de-prova cilindricos. © corpo de prova padrao brasileiro € 0 cilfndrico, com 15 cm de didmetro © 30 cm de altura, e a idade de referéncia é 28 dias. Apos ensaio de um ntimero muito grande de corpos de prova, pode ser feito um grafico com os valores obtidos de f- versus a quantidade de corpos de prova relativos a determinado valor de f,, também denominada densidade de freqiiéncia, A curva encontrada denomina-se Curva Estatistica de Gauss ou Curva de Distribuigio Normal para a resisténcia do concreto & compressio (figura 10). Densidade de frequéncia fek Figura 10 — Curva de Gauss Na curva de Gauss encontram-se dois valores de fundamental importancia: resistencia média do concreto a compressio, fim, € resistencia caracteristica do conereto a compressao, fix. valor fon € a média aritmética dos valores de f., para 0 conjunto de corpos de prova ens ncia entre a Do fu +0 desvio padrio s corresponde a dis abscissa de fom € a abscissa do ponto de inflexdo da curva (ponto em que ela muda de Ye Sa \ [+ onde n © mtimero de exemplares e fy & a na concavidade) — resistencia & compressiio de cada exemplar. Com essas duas varidveis podemos determinar a resisténcia caracteristica, f-s, por meio da formula: fi =f, — 165s valor 1,65 corresponde ao quantil de 5 %, ou seja, apenas 5 % dos corpos de prova possuem f. fx. Portanto, pode-se definir fz: como sendo o valor da resisténcia que tem 5 % de probabilidade de nao ser alcangado, em ensaios de corpos de prova de um determinado lote de concreto. Como dito anteriormente, o valor def, é obtido em um ensaio com 28 dias, o que apresenta medicdo de resi fncia, considerando-se que a totalidade da carga vé ser imposta apenas nesta data, Em caso contririo, outros ensaios e/ou outras formulagdes deverdo ser utilizadas. Em obras usuai . devido ao pequeno mimero de corpos de prova ensaiados. calcula- Se fiz.ns Valor estimado da resisténcia caracteristica do concreto & compressao: © fees fy > para n<20 © fevest imediatamente superior em caso de fragao) ; > para n=20; onde i=0,05 x n (adotando-se 0 niimero inteiro s lotes de concreto devem ser aceitos, quando o valor estimado da resistencia caracteristica calculada, satisfizer a relagao: fist > fox. Em caso contrério providéncias deverdio ser tomadas (novos ensaios, revisdo de projeto, reforgo estrutural, I nitagdo de uso, etc). RESISTENCIA A TRACAO Os conceitos relativos a re: ncia do concreto a tragao direta, fix s do andlogos aos expostos no item anterior, para a resistencia & compressio, Portanto, tem- sea resisténcia média do concreto A tragio, fim, valor obtido da média aritmética dos resultados, e a resisténcia caracteristica do concreto A traco, fx ou simplesmente fu, valor da resisténcia que tem 5% de probabilidade de nao ser alcangado pelos resultados de um lote de conereto. A diferenca no estudo da tragao encontra-se nos tipos de ensaio, Ha tés normalizados: tragdo direta, compressdo diametral e tragdo na flexao. 2) Ensaio de tragio direta Neste ensaio, considcrado © de referéncia, a resistencia & tray directa, fon € determinada aplicando-se tracdo axial, até a ruptura, em corpos de prova de conereto simples (Figura 11). A segio central é retangular, com 9 cm por 15 cm, © as extremidades so quadradas, com 15 em de lado. F, — —. ne} ——= 15cm 300m 600m Figura [1 — Ensaio de tracao direta b) Ensaio de tracdo na compressio diametral (spliting test) E 0 ensaio mais utilizado, por ser mais simples de ser executado e utilizar 0 mesmo corpo de prova cilfndrico do ensaio de compressdo (15 em por 30 em). Também € conhecido internacionalmente como Ensaio Brasileiro, pois foi desenvolvido por Lobo Carneiro, em 1943. Para a sua realizagio, 0 corpo de prova cilindrico é colocado com 0 eixo horizontal entre os pratos da maquina de ensaio, ¢ © contato entre o corpo de 24 prova ¢ os pratos deve ecorrer somente ao longo de duas geratrizes, onde sio colocadas tiras padronizadas de madeira, diametralmente opostas (figura 12), s ndo aplicada uma forca até a ruptura do concreto por fendilhamento, devido A tragio indireta. valor da resisténcia & tragio por compresstio diametral, fersp. encontrado neste ensaio, € um potico maior que o obtido no ensaio de tragao direta. CARGA Talisca de [= Barra de ago suplementar madeira @mmx25 mm) Corpo-de-prova cilindrico (15 em x 30 em) Plano de ruptura a tragio Base de apoio da ‘maquina de ensaio Ue Figura 12 — Ensaio de tragao por compressio diametral ©) Ensaio de tracio na flexao Para a realizado deste ensaio, um corpo de prova de secio prismitica € s submetido a flexdo, com carregamentos 13). em duas s simétricas, até a ruptura (figura © ensaio também € conhecido por “carregamento nos tergos”, pelo fato das segdes carregadas se encontrarem nos tergos do vio. Analisando os diagramas de esforgos solicitantes (figura 14), pode-se notar que na regio de momento maximo tem-se cortante nula. Portanto, nesse trecho central ocorre flexiio pura. Os valores encontrados para a resisténcia & tracao na flexao, f-,,, 840 maiores que os encontrados nos ensaios descritos anteriormente (tragdo direta € compressio diametral). 25 Extremidade da méquina de ensaio 25mm no minimo Estera de aco Elemento de apoio & aplicacao da carga Estrutura rigia de Deus) Bara saw Estera de ago Base de apoio da i ‘maquina de ensaio Vio TS sesao ou Figura 14 — Diagramas de esforgos solicitantes do ensaio de traco na flexAo ) Relagdes entre os resultados dos ensaios Como os resultados obtidos nos dois tiltimos e1 ao ensaio de refcréncia, de tragdo dircta, ha cocficientes de conversa ios sdo diferentes dos relatives Considera-se a resistencia & tragdo direta, fix, igual & 0,9 fixyy OU 0,7 fry OU Seja, coeficientes de conversto 0,9 e 0,7, para os resultados de compressiio diametral e de flexdo, respectivamente. Na falta de ensaios, as resisténcias & tragdo direta podem ser obtidas a partir da resisténcia & compressio fix: Fen = 003 fo? Feking = 0.7 fom > ancilise esteutural Setk.sup = 1,3 foom— Obtencdo da armadura minima Nessas equagdes, as resisténcias so expressas em MPa 26 DIAGRAMAS TENSAO X DEFORMACAO (o x €) O diagrama 6 x € na compressio para tensdes inferiores a 0,5f. pode ser adotado como linear as tensdes calculadas com a lei de Hooke, através do médulo de elasticidade secante E,, (que sera visto adiante). Para os estados limites tltimos, 0 diagrama 6 x & na compress io € dado pela figura 15 abaixo, onde se nota dois trechos distintos: o primeiro como uma paribola de segundo grav, com deformagies inferiores a 2%, © 0 segundo constante, com deformagoes variando de 2%c a 3,5%e. Para 0 trecho curvo a tensao no concreto € dada por: o. mast t-[in $e | Figura 15 — Diagramas tensfo x deformago do concreto na compresstio Na equacio acima fz representa a resisténcia de célculo do concreto, que seri vista adiante. Na tragdo o diagrama 6 x €€ bi year conforme a figura 16 abaixo: 0.15% ee Figura 16 — Diagrama tensio x deformagio bi-linear do concreto a tracdo MODULO DE ELASTICIDADE Outro aspecto fundamental no projeto de estruturas de conereto consiste na relagao entre as tensdes ¢ as deformagées. Sabe-se da Resistencia dos Materiais que a relacdo entre tensiio e deformagio, para determinados intervalos, pode ser considerada linear (Lei de Hooke), ou seja, ¢ = E x ¢, sendo G a tensio, ¢ a deformacio especifica e E 0 médulo de elasticidade ou médulo de deformacao longitudinal (figura 17) Figura 17 — Médulo de elasticidade longitudinal Para o conereto, a expresso do médulo de elasticidade € aplicada somente a Parte retilinea da curva tensdo versus deformagao ou, quando nao existir uma parte retilinea, a expressiio é aplicada & tangente da curva na origem. Desta forma, ¢ obtido o médulo de deformagio tangente inicial, Ey (figura 18). Figura 18 - Médulo de deformacao tangente inicial © médulo de deformagdo tangente inicial é obtido segundo ensaio deserito na NBR 8522 — Concreto — Determinagio do médulo de deformagio estatica e diagrama tenstio-deformagio, Quando nao forem feitos ensaios e nao existirem dados mais precisos sobre 0 conereto, para a idade de referén ia de 28 dias, pode-se estimar 0 valor do médulo de elasticidade inicial usando a expresso: Ey = 5600 64)” Eq € fixsiio dados em MPa. (O Médulo de Elasticidade Secante, Es, a ser utilizado nas andlises eldsticas de projeto, especialmente para determinagao de esforgos solicitantes e verificacdo de 28 estados limites de servigo, deve ser calculado pela expressiio: Bes = 0.85 Bui ‘a avaliagio do comportamento de um elemento estrutural ou de uma seco transversal, pode ser adotado um médulo de elasticidade tinico, & tragiio e & compressiio, igual ao médulo de elasticidade secante (Ex). COEFICIENTE DE POISON Quando uma forga uniaxial é aplicada sobre uma pega de concreto, resulta uma deformagao 10 udinal na diregao da carga e, simultaneamente, uma deformagao f transversal com sinal contrario (figura 19) Figura 19 — Deformagées longitudinais e transversais ‘A relagio entre a deformagio transversal ¢ a longitudinal € denominado coeficiente de Poisson ¢ indicada pela letra v. Para tensdes de compressiio menores que 0.5 fee de tragdo menores que fu, pode ser adotado v = MODULO DE ELASTICIDADE TRANSVERSAL O médulo de clasticidade transversal pode ser considerado Ge = 0.4 Ess. 1.6.5. CARACTERISTICAS REOLOGICAS DO CONCRETO, Reologia é a parte fisica que investiga as propriedades € 0 comportamento mecfinico dos corpos deformaveis que no sio nem sélidos nem liquidos. O comportamento reolégico do conereto, isto & sua deformabilidade dependente do tempo, tem uma considervel importincia na anélise estrutural. As deformagdes diferidas do concreto, ou seja, as deformagdes dependentes do tempo, sao convencionalmente separadas em duas: a fluéncia e a retragao RETRACAO A retragio € um proceso de redugio de volume que ocorre na massa, imediatamente apés a concretagem e € ocasionada principalmente pela saida de dgua por exsudaciio, Neste caso, pode ocorrer tanto a retragilo por assentamento plistico como a retragiio plastica. A retragio por assentamento plistico ocorre devido ao movimento dos finos do concreto, -ja por sedimentago ou por exsudacio. Jé a perda de agua da superficie do concreto inda nao endurecido, devido a exposicao as intempéries como vento, baixa umidade relativa e aumento da temperatura ambiente, Ievam © concreto a fissuragdo devido a retragao plastica. ‘A retrago do concreto endurecido pode ser dividida em duas parcelas: a retragdio aut6gena e por secagem. A retraciio aut6gena pode ser definida como a reducio volumétrica macroscdpica dos materiais cimenticios, apés inicio de pega, sem que ocorra mudanga de volume devido & perda ou ao ingresso de substincia, variagiio de temperatura ou solicitagdes externas. A retragdio autégena esté ligada as reagdes de hidratagao do cimento Portland ¢ ocorre internamente. Com a diminuigao do volume de 4gua surgem os meniscos dentro dos capilares, resultando em tensdes de tracao, Por sua Vez, a retrago por secagem acontece com a remogio da 4gua adsorvida do CSH (silicato de cilcio hidratado). O fenémeno fisico que se desenvolve internamente no conereto € © mesmo da retracHo autégena: © surgimento dos meniscos dentro dos capilares e, conseqiientemente, tensOes de tracio. As deformagées ocorridas no concreto devido & retracio na verdade sto consegtiéncias da acio em conjunto da retragdo por assentamento plistico, retragtio plistica, autégena e por secagem ou hidréulica, Exis ainda a retragdo por carbonatacao e de origem térmica, A NBR 6118/2003 estabelece que para as pegas de concreto armado nos casos correntes a deformagao especffica pode ser suposta igual a -15 x 10°. FLUENCIA Ao se aplicar, por exemplo, uma forca de compressio, 0 esqueleto sélido sofre uma contragiio, havendo nesse momento uma diminuigdo do tamanho de seus poros. Esta € a chamada deformacio nediata ou eldstica e ocorre quando se aplica carga. Esta deformagao é reversivel, uma vez que & elistica © pode ser totalmente recuperada quando da retirada do carregamento externo. Se a carga aplicada permanece por longo tempo, ocorre a deformagao lenta ou fluéncia do conereto, A fluéncia & bastante importante nas verificagdes de deformagao 30 excessiva das estruturas de conereto armado ¢ no célculo das perdas do concrete protendido. Como ocorre na retrago, esta deformagio € mais répida no inicio, diminuindo com o tempo, tendendo assintoticamente a um valor limite. No caso de pilares esbeltos (A. > 90), Sua consideracdo é obrigatéria, podendo ser feita. pelo método da excentricidade equivalente, admitindo-se que todos os carregamentos so de curta duracao e introduzindo-se uma excentricidade suplementar de primeira ordem Desceregamento 3 ‘ 5 Recuperagdo: B lasticn ° Detormagaa 3 ser tere 1 Recuperacso E $ Fluéncta B | Toetormagso reversivet asics Tempo Figura 20 — Comportamento das deformagées elisticas, plisticas e por fluéneia DEFORMACAO TOTAL A deformagao total em um instante 1 £(, de um elemento de conereto carregado no instante #,, com uma tensiio constante o,(t,). pode ser escrita na forma: 81) = Ecilty) + Gcclt) + Fest) + Gert) onde: £q(fo) > deformagio inicial no instante de aplicagio da carga; exc(t) > deformagio de fluéncia no instante ¢> ty: eq(t) > deformagao de retragio; a(t) —> deformagdo térmica (dilatagao). ol E(t) médulo longitudinal inicial Ey(to) para j=ty dias, © b(t) onde 6,(to) € a tensdo aplicada no ponto de estudo e Eq(to) Eo mt )eotit) ‘onde Eqi(to) € 0 médulo longitudinal inicial aos 28 allo 31 dias e @(t-to) € 0 coeficiente de fluénci | =15x10* = 0,15%0 © €,(t)>4 Anexo A da NBR 6118/2003 Tabela 6 Tabela 6 — Valores caracteristicos superiores da deformacao especifica de retragao Ecs(Le, to) € do coeficiente de fluéncia O(t», to) Unnidade Ambiental 40 35 15 90 % Espessura Equivalente nines 20 | 6 | 2 | 6 | 2 | 6 | 2 | 60 2Adu (em) 3s] 44] 39 | 38] 33) 30 | 26 | 23 | ot (tote) 3] 30 | as | ae] as | ao | 0 | ey 16 Onde Ac € a drea da segao transversal e u € 0 perimetro da secdo em contato com a atmosfera. A tabela 6 é para cdlculo aproximado dos coeficientes de retracio e fluéncia, em fungdo de parimetros como umidade do ambiente € da espessura equivalente. Este procedimento, no entanto, é limitado a casos onde ndo seja necesséiria grande preciso © concreto esteja submetido, quando do primeiro carregamento, nio supere 0,5f.. Para coeficientes mais precisos deve-se consultar 0 anexo A da norma brasileira. * ex(t)=AT — onde a = 10° °C" € 0 coeficiente de dilatagdo térmica do conereto e AT € a variagao de temperatura. CURA DO CONCRETO. A cura € a fase de secagem do concreto, na linguagem da construcdo civil. Ela € ima: se niio for feita de modo correto, este nao ter a resisténcia e a importantis: durabilidade desejadas. Ao contritio do que se possa pensar, para uma boa cura nio basta deixar o conereto simplesmente secar ao tempo, ja que o sol € 0 vento o secam imediatamente. E um processo mediante o qual sc mantém um teor de umidade satisfatério, evitando a evaporagio de agua da mistura, garantindo ainda, uma temperatura favoravel ‘a0 concreto durante 0 processo de hidratagdo dos materiais aglomerantes, de modo que se possam desenvolver as propriedades desejadas. Basicamente, os elementos que provocam a evaporagio séo a temperatura ambiente. © vento ¢ a umidade relativa do ar. Conseqiientemente, a influéncia é maior quando existe uma combinagao critica destes fatores. As caracteristicas superficiais so as mais afetadas por uma cura inadequada como permeabilidade, a carbonatagdo, a presenga de fissuragio, etc. Nos coneretos convencionais, com emprego de valores de relagio agua imento (a/c) maiores que os dos concretos de alto desempenho hé unanimidade em aceitar que a cura adequada € condigio essencial para a obtengio de um concreto duravel. A cura do conereto deve ser iniciada imediatamente apés 0 endurecimento superficial No caso de superficies horizontais, isto acontece de duas a quatro horas depois de aplicado © conereto, No caso das superficies verticais é necessério tomar algumas precaugdes tais como: umedecer as formas e manté-las saturadas ap6s a coneretagem. As especificagdes indicam que se deve manter 0 concreto numa temperatura acima de 10°C ¢ em condigdes de saturaco, pelo menos durante os sete primeiros dias depois de langado, para concretos produzidos com cimento Portland. J4 com cimento comum de endurecimento mais lento deve ser mais prolongada. O Instituto Brasileiro do Conereto recomenda um tempo minimo de cura de acorco com o tipo de cimento relagdo égual mento utilizada no conereto, a seguir reproduzida na tabela 7. No entanto, quanto m: s tempo durar a cura (até trés semana: |, melhor serd para o conereto. Tabela 7 Tempo minimo de cura conforme a relagao ale Tipo de Fator AguaiGimento Cimento 038 0.55 0,65 0,70 cP lel 2 dias 7 dias 10 dias 2 dias 3 dias 7 dias 10 dias CPIII-32 2 dias Sdias 7 dias 10 dias CP Te 1-40 2 dias Sdias S dias 5 dias CP V-ARI 2 dias 3 dias 5 dias 5 dias 33 ‘A cura pode ser feita por um dos seguintes processos: ‘+ Cura timida: deve-se manter a superficie do concreto timida por meio de aplicagdo de agua na sua superficie ou manter o concreto coberto com ‘gua ou totalmente imerso em agua par evitar que ocorra evaporagiio da mesma, © Aplicacio de folhas de papel (como por exemplo, sacos de cimento varios), de tecidos (aniagem, algodao) ou camadas de terra ou areia (com espessura de 3 a 5 em) mantido Gmidos durante 0 perfodo de cura; + Aplicagio de lonas ou Ieng6is plisticos impermedveis, de preferéncia de cor clara (para evitar o aquecimento excessive do conercto). A pritica mais comum é molhar o concreto por aspersio de 4gua, e/ou usar panos ‘ou papel para reter a umidade junto ao concreto 0 maximo possivel; + Cura quimica: consiste em aspergir um produto que forma uma pelicula na superficie do concreto e que impede que haja evaporagio da égua do concreto; © Cura ao ar do concreto: nao s4o tomados cuidados especiais para se evitar a evaporagdo prematura da dgua necesséria para a hidratagio do cimento, ‘+ Cura térmica: feita em camaras, contribui para a otimizagao do trago a0 mesmo tempo em que garante a umidade necesséria ao concreto, acelerando a velocidade de ganho de resisténcia pelo aquecimento. 1.6.6. NORMAS E PROCEDIMENTOS NORMATIVOS. Ul um organismo reconhecido (ABNT) que fornece, para uso comum repetitivo, regras, na norma técnica é um documento estabelecido por consenso e aprovado por diretrizes ou caracterfsticas para atividades ou para seus resultados, visando & obtengao de um grau timo de ordenagio em um dado contexto. Esta é a definigio internacional de norma, Deve ser realgado 0 aspecto de que as normas técnicas sio estabelecidas por consenso entre os interessados e aprovadas por um organismo reconhecido. Acrescente- se ainda que 1m desenvolvidas para o beneficio € com a cooperagdo de todos os interessados, e, em particular, para a promogiio da economia global dtima, levando-se em conta as condigdes funcionais ¢ os requisites de seguranca. 34 ‘As normas técnicas sio aplicaveis a produtos, servigos, processos, sistemas de gesto, pessoal, enfim, nos mais diversos campos. Usualmente é 0 cliente que estabelece a norma técnica que sera seguida no fomecimento do bem ou servico que pretende adquirir. Isto pode ser feito explicitamente, quando 0 cliente define claramente a norma aplicével, ou simplesmente espera que as normas em vigor no mercado onde atua sejam seguidas. Elas podem estabelecer requisitos de qualidade, de desempenho, de seguranga (seja no fornecimento de algo, no seu uso ou mesmo na sua destinagao final), mas também podem estabelecer procedimentos, padronizar formas, dimensdes, tipos, usos, fixar classificagdes ou terminologias © glossérios, definir a mancira de medir ou determinar as caracteristicas, como os métodos de ensaio. NORMAS_REFERENTES AO PROJETO DE ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO * NBR 6118/2003 > Projeto e execuco de obras de conereto armado * NBR 6120/1980 — Cargas para o cilculo de estruturas de edificagdes * NBR 7480/1996 — Barras e fios de aco destinados a armaduras para concreto armado * NBR 6123/1986 — Forgas devidas ao vento em edificagdes * NBR 6122/2010 — Projeto e execucao de fundagdes * NBR 8681/1984 — Agdes e seguranga nas estruturas * NBR 5627/1980 — Exigéncias particulares das obras de concreto armado ¢ protendido em relagao a resistencia ao fogo © NBR 7212/1984 — Execugiio de concreto dosado em central * NBR 12655/1992 — Preparo, controle e recebimento de conereto © Entre outras... 1.6.7,. BASES DE DIMENSIONAMENTO 1.6.7.1. ESTADOS LIMITES Uma estrutura torna invidivel para 0 uso ao qual foi destinada quando atinge um estado limite, nfo satisfazendo condigdes indispensdveis para 0 seu emprego, como estabilidade, conforto e/ou durabilidade. ESTADO LIMITE ULTIMO (ELU: So aqueles que correspondem ao esgotamento da capacidade portante da estrutura, em parte ou no todo, podendo se originar por perda de estabilidade da estrutura, ruptura das segdes criticas, deformagio phistica excessiva da armadura, instabilidade elastica, etc. A NBR 6118 define como estado limite tltimo aquele relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de rufna estrutural que detern 1e a paralisacao do uso da estrutura, ESTADO LIMITE DE SERVICO (ELS) OU DE UTILIZACAO io aqueles que caracterizam, mesmo nao tendo se esgotado a capacidade portante, a impossibilidade de emprego da estrutura, visto que a mesma nio pode oferecer as condigdes necessirias de conforto e durabilidade. Esto relacionados a durabilidade das estruturas, aparéncia, conforto do usuario e & boa aparéncia funcional das mesmas. Podem ser originados por: * fissurago prematura ou excessiva; * existéncia de danos indesejaveis devido a deformagdes excessi © vibragdes excessivas (avaliadas em anélises dinémicas onde fatores como freqiiéncia natural das estruturas, ressonancia, limites de deslocamento, aceleragio e velocidade sao estudadas). A NBR 6118/2003 enumera os seguintes estados limites de servigo: 1. Estado limite de formagao de fissuras (ELS-F) — estado em que se inicia a formagiio de fissuras. Acontecerd quando a tensio de tragiio maxima na segio transversal for igual & fixe. Estado limite de abertura das fi suras (ELS-W) — estado em que as fissuras se apresentam com aberturas iguais aos méximos especificados na NBR 6118/2003. 3. Estado limite de deformagdes exces sivas (ELS-DEF) — estado em que as deformagses atingem os limites estabelecidos para a utilizagao normal dados na NBR 6118/2003, 4. Estado limite de descompressiio (ELS-D) — estado no qual em um ou mais pontos da segio transversal a tensio normal € nula, no havendo tracHo no restante da segio. Este tipo de veri cago é comum no caso do concreto protendido. 36 5. Estado limite de descompres parcial (ELS-DP) — estado no qual garante-se a compressio na se¢ao transversal, na regido onde existem armaduras ativas. 6. Estado limite de compressdio excessiva (ELS-CE) — estado em que as tensdes de compressiio atingem 0 limite convencional estabelecido. Também usttal no caso do concreto protendido quando da aplicagdo da protensio. 7. Estado limite de vibragdes excessivas (ELS-VE) — estado em que as vibragdes atingem os limites estabelecidos para a utilizagao normal da construgao, 1.6.7.2. ACOES A CONSIDERAR a) Ages Diretas: F, > Cargas permanentes: peso proprio, revestimento, empuxo de terra, ete. F, > Cargas acidentais: sobrecargas de utilizagao, vento, ete. b) Acdes Indiretas: F, > Variagdo de temperatura, recalques diferencias (de apoio), etc. ©) Agdes excepcionais: Fe — Terremotos, incéndios, explosdes, choques de ve/culos, enchentes, etc. 1.6.7. COEFICIENTES DE SEGURANGA Os coeficientes de seguranga tém a finalidade de evitar que uma determinada estrutura alcance um estado limite iltimo (ELU); e resumem-se basicamente na ‘majoragdo das cargas atuantes € minoragdo das resisténcias dos materiais especificados no projeto. COEFICIENTE DE MAJORACAO DAS SOLICITACOES F=1XF, a) Cargas permanentes (F,), em combinagdes de ages normais: Desfavoriveis p= 10 b). Cargas acidentais (F,), em combinagées de ages normais: 4 Favordveis = Em geral > y= 14 ©) Cargas indiretas (Fee Fa), em combinagdes de agdes normais: Em geral > y= 1.2 7 Um carregamento € definido pela combinagiio das ages que tem probabilidades no despreziveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um perfodo preestabelecido. A combinagio das agdes deve ser feita de forma que possam ser determinados os efeitos mais desfavordveis para a estrutura; a verificagiio da seguranga em relagdo aos estados limites tiltimos © aos estados limites de servigo deve ser realizada em funcio de combinagdes tilt Se combinagdes de servico, respectivamente. A NBR 6118/2003 trata respectivamente dos coeficientes de ponderagdo das agdes € combinagdo dessas agdes, COEFICIENTE DE MINORACAO DAS RESISTENCIAS Sg = 22> Concreto h Les Ago ts Tabela 8 — Valores dos coeficientes © Ys Combinagées Concrete Ye Apo ‘Nenmais 14 115 Especiais ou de construpao 12 5 Excepeionais 12 10 1.6.74, DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE A agressividade do meio ambiente esta relacionada as ages fisicas € quimicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das agdes mecdnicas, das variagdes volumétricas de origem térmica, da retragdo hidréulica outras previs dimensionamento das estruturas de conereto. S projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificeada de acordo com © apresentado na tabela 9 © pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condigdes de exposigio da estrutura ou de suas partes, 38 Tabela 9 - Classes de agressividade ambiental segundo a NBR 6118/2003 Classe de Classificagao geral do apreativaiai: | apreniviiats ipo deerme ee ambiental a efeito de Projeto Rural I Fr Insignificante rca — ignifican Tr Moderada Urbana”? Pequeno es rie Forte =— : Grande Industrial Industrial” > Vv Muito forte Elevado Respingos de maré NOTAS: 1) Pode-se admitir um micro-clima com classe de agressividade um nivel mais branda para Jambientes intemos secos (salas, dormitorios, banheiros. cozinhas e areas de servigo de apartamentos residenciais ¢ conyuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura) 2) Pode-se admitir uma classe de agressividade um nivel mais branda em: obras em regides de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em| /ambientes predominantemente secos, ou regiSes onde chove raramente. 3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em industrias de celulose e papel. armazéns de fertilizantes. indistrias quimicas. QUALIDADE DO CONCRETO Segundo a NBR 6118/2003, a durabilidade das estruturas € altamente dependente das caracteristicas do conereto, da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura. Na falta de ensaios comprobatorios de desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e nivel de agressividade previsto em projeto, e devido a existéncia de uma forte correspondéncia entre a relacio dgua/cimento, a resisténcia A compressio do conereto © sua durabilidade, permite-se adotar os requisitos minimos exp tabela 10. S808 Na ‘Tabela 10 — Correspondéncia entre classe de agressividade ¢ qualidade do concreto armado segundo a NBR 6118/2003 Classe de agressividade (ver tabela anterior) Conereto T T mt v Relagao Agualcimento 50,65 0,60 0,55 0,45 em massa Classe de concreto 2020 2025 2030 2 C40 (NBR 8953) 39 ESPESSURA DO COBRIMENTO DA ARMADURA Define-se como cobrimento de armadura a espessura da camada de concreto responsivel pela protecdio da armadura ao longo da estrutura, Essa camada inicia-se a partir da face externa das barras da armadura transversal (estribos) ou da armadura mais externa ¢ se estende até a face externa da estrutura em contato com o meio ambiente. Para garantir 0 cobrimento minimo (Cmia) © projeto © a execuco devem considerar 0 cobrimento nominal (Csom), qué € 0 cobrimento minimo acrescido da tolerincia de execugdo (Ac), Figura 21. Chom = Emin + AC Nas obras correntes valor de Ac deve ser maior ou igual a 10 mm. Esse valor pode ser reduzido para 5 mm quando houver um adequado controle de qualidade rigidos limites de tolerancia da variabilidade das medidas durante a execucdo das estruturas de concreto, Em geral, 0 cobrimento nominal de uma determinada barra deve ser: Com & Pras rom Figura 21 — Cobrimento da armadura A dimensio méxima caracteristica do agregado gratido (dmx) utilizado no conereto nao pode superar em 20 % a espessura nominal do cobrimento, ou dix $1.2 Cam Para determinar a espessura do cobrimento é necessirio antes definir a classe de agressividade ambiental a qual a estrutura esti inserida, Segundo a NBR 6118 nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo com o apresentado na tabela 9 © pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condigdes de exposicdo da estrutura ou de suas partes. 40 ‘A tabela 11 mostra os valores para © cobrimento nominal de lajes, vigas ¢ wsse de pilares, para a tolerdncia de execugo (Ac) de 10 mm, em fungio da cl agressividade ambiental, conforme mostrada na tabela 9. ‘Tabela 11 - Correspondéncia entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal para Ac = 10 mm segundo a NBR 6118/2003 . Classe de jdade ambiental Tipo de estrummra | Componente ou Elemento ‘Concreto Armado| aja a We eptiarOViejen a ign gus seo nOUIIO San pein GRIESpERS Son revestimentos fina secos tipo carpete e madera, com argamassa de revestimento e acabamento tas come pisos de elevado desempenho, pisos cerimicos, pisos asflticos e outs tantos, as exigéncias| desta tabela podem ser substituidas por 747-5, respeitado um cobrimento nominal > 15 m 2) Nas faces inferiores de lajes © vias de reservatorios, esiagdes de tratamento de dgua ¢ ‘esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes ovtras obras em ambientes quimica ¢intensamente agressivos. a armadura deve tercobrimento nominal > 45 mm. 41 2. SOLICITAGAO NORMAL SIMPLES. 2.1.INTRODUGAO A flex normal simples é definida como a flexi sem forga normal, Quando a flexiio ocorre acompanhada de forga normal tem-se a flexzio composta. Solicitagdes normais stio aquelas cujos esforcos solicitantes produzem tensdes normais (perpendiculares) as seges transvei s dos elementos estruturais. Os esforgos que provocam tens jes normais S40 0 momento fletor (M) e a forga normal (N). Nas estruturas de conereto armado sdo ts os elementos estruturais mais importantes: as lajes, as vigas € os pilares. E dois desses elementos, as lajes € as vig: sio submetidos flexdo normal simples, embora possam também, cventualmente, estarem submetidas a flexdio normal composta. Por isso, o dimensionamento de s cdes retangulares e secGes T sob flexio normal simples € a atividade didria mais comum aos engenheiros projetistas de estruturas de concreto armado. © estudo da flexdo normal simples tem como objetivo proporcionar 0 correto entendimento dos mecanismos resistentes proporcionados pelo conereto sob compressio e pelo ago sob tragdo, em segdes retangulares e T, visando leva-lo a bem dimensionar ou verificar a resisténcia dessas segdes. © equacionamento para a resoluctio dos problemas da flexiio normal simples € deduzido em fungio de duas equagdes de cquilibrio da estitica; e segundo a norma brasileira, o principal objetivo do dimensionamento, da verificagio e do detalhamento € garantir, em relagdo aos estados limites tiltimos (ELU) e de servico (ELS), das estruturas como um todo e de cada uma de suas partes. 2.2. MECANISMOS DA FLEXAO NORMAL SIMPLES As preconizages atuais estabelecidas pela NBR 6118/2003 estabelecem, para 0 conereto armado, 0 dimensionamento a partir do estado limite tltimo (ELU). Assim os esforgos resistentes que a seco transversal & capaz de desenvolver devem ser equilibrados pelos esforcos solicitantes de cdlculo, para que nao ocorra qualquer tipo de ruina ou colapso estrutural (ver figura 22). So ra 22 Equilibrio estético de uma pega sujeita a flexdo normal simples A partir de agora, vamos procurar entender os mecanismos de ruptura na flexio normal simples, pois assim podemos utilizar as ferramentas adequadas, em termos de resisténcia dos materiais, anélise estrutural e tecnologia dos materiais; ¢ dimensionar as estruturas visando a seguranga e a economia do empreendimento, Para tal, as figuras abaixo representam um caso espeeffico de viga bi- ipoiada, submetida por duas cargas pontuais perpendiculares ao seu eixo longitudinal, e conseqiientemente seu comportamento estrutural. A partir dai podemos iniciar 0 estudo de dois principios fundamentais no processo de dimensionamento: os estadios de calculo e os dominios de deformaga Anmadura Transversal P P _Asmadura Transversal (somente estibos) (estrvose baras cobras) Figura 23 — Viga bi-apoiada e diagramas de esforgos solicitantes 4B s gt, >t, Figura 24— Comportamento resistente de uma viga bi-apoiada 2.3. ESTADIOS DE CALCULO Os estadios podem ser definidos como os varios estégios de ten: pelo qual um elemento fletido passa, desde o carregamento inicial até a ruptura. A figura 25 descreve o comportamento de uma viga simplemente apoiada submetida a um carregamento externo crescente, a partir de zero. Em fungio dos estigios de tensdo mostrados na viga, classitis idios em quatro, cada um apresentando uma particularidade: 1 — Estédio Ta - 0 conereto resiste & trag3o com diagrama triangular: 2— Estidio Ib - corresponde ao inicio da fissuragio no concrete tracionado; 3 — Estddio Il - despreza-se a colaboraco do conereto & tragio: 4 — Estadio III - corresponde ao inicio da plastificagio (esmagamento) do concreto & compressio, a oO Oe oe a a a Ta Ib big m Figura 25 - Diagramas de tensio indicativos dos estédios de céleulo. No estadio Ia 0 carregamento externo aplicado é ainda pequeno, de modo que as deformagdes ¢ as tensdes normais so também pequenas. As tensdes se distribuem de ‘maneira linear ao longo da altura da segao transversal. As dimensdes das pegas no estddio Ia resultam cxageradas em funcdo de se considerar a resistencia do conereto & tragto, que € muito pequena. Com o aumento do carregamento, as tensdes de tragio perdem a linearidade, deixando de serem proporcionais as deformagdes. Apenas as tensdes na zona comprimida sio lineares. A um certo valor do carregamento as tensées de tracio superam a resisténcia do conereto & tragdo, € quando surge a primeira fissura, © que corresponde ao estédio Ib, ou seja, 0 término do estadio 1 0 inicio do estadio IL No estédio TI as tensdes de compressao ainda se distribuem linearmente, de zero na linha neutra ao valor maximo na fibra mais comprimida. Aumentando ainda mais o carregamento a linha neutra e as fissuras deslocam-se em direcdo & zona comprimida. As tensdes de compre Joe de tragio aumentam; a armadura tracionada pode aleangar superar a tensio de inicio de escoamento (f,), € 0 concreto comprimido esté na iminéncia da ruptura (esmagamento). Cada estédio tem a sua importincia, sendo as principais descritas a seguir: a) Estédio Ta: verificagao das deformagdes em lajes calculadas segundo a teoria da clasticidade, pois essas lajes geralmente se apresentam pouco fissurad: b) Estédio Ib: calculo do momento fletor de fissuragiio (solicitagzio que pode provocar o inicio da formagio de fissuras); c) Estédio Il: verificacio das deformagdes em vigas (secdes predominantemente fissuradas) e andlise das vigas em servigo; d) Estédio IIL: dimensionamento dos elementos estruturais no estado limite tiltimo. No caso de uma viga bi-apoiada sob carregamento uniformemente distribuido, no estidio I, as tenses principais na altura da linha neutra (a meia altura da viga) ‘apresentam inclinago de 45° (ou 135°) em relagio ao eixo longitudinal da viga, como mostrado na figura 26, Observe que nas regides proximas aos apoios as trajetérias das tensdes principais inclinam-se por influéncia das forgas cortantes, mantendo, no entanto. a perpendicularidade entre as trajet6rias. Hee eee — Direcdo deo, (tensées de tracdo) —— Direcdo de Gy (tenses de compressao) Figura 26 - Trajetéria das tensi carregamento uniformemente distribuido (LEONHARDT e MONNIG, 1982). Ss principais de uma viga bi-apoiada no estddio I sob carregamento induz 0 surgimento de diferentes estados de tensa0 nos infinitos Pontos que compdem a v . € que podem ser representados por um conjunto de diferentes componentes, cm func%o da orientago do sistema de cixos considerados. Como exemplo, a figura 27 mostra a represemtactio dos estados de tensio em dois pontos da viga, conforme os eixos coordenados x-y e os eixos principais. O estado de tenstio segundo os eixos x-y define as tensdes normais 6,, as tensdes Gy e as tensdes de cisalhamento ty € ty, O estado de tensio segundo os eixos principais definem as tenses principais de tragdo oy € de compressdo on. A tensdo 6, pode ser em geral desprezada, tendo importancia apenas nos trechos PrOximos & introdugao de cargas. O dimensionamento das estruturas de conereto armado toma como base normalmente as tensdes 6, € Ty 46 Gi) , Figura 27 - Componentes de tensto segundo os estados de tensio relativos aos eixos principais e aos eixos nas diregdes x e y(LEONHARDT e MONNIG, 1982). 2.4. DOMINIOS DE DIMENSIONAMENTO - DEFORMACAO. Os dominios sio representagGes das deformagGes que ocorrem na segdo transversal dos elementos estrutui As deformag s sio de alongamento e de encurtamento, oriundas de tensdes de tragdio e compressao, respectivamente. Segundo a NBR 6118/2003, 0 estado limite dltimo (ELU) de elementos lineares sujcitos a solicitages normais € caracterizado quando a distribuigao das deformagdes na seed transversal pertencer a um dos dominios definidos na figura 28. Figura 28 — Diagramas possiveis dos dominios a7 © estado limite Gltimo pode ocorrer por deformago plastica excessiva da armadura (reta.a € dominios 1 € 2) ou por encurtamento excessive do conereto (dominios 3, 4, 4a, 5 e reta b). O desenho mostrado na figura 28 representa varios diagramas de deformagio de casos de solicitagio diferentes, com as deformacées limites de 3,5%e para 0 maximo encurtamento do concreto comprimido e 10% para © maximo alongamento na armadura tracionada, Os valores de 3.5%e € 10%e so valores tiltimos, de onde se diz que todos os diagramas de deformagao correspondem a estados limites tltimos. As linhas inclinadas dos diagramas de deformagées sio retas, pois se admite a hipétese basiea das segdes transversais permanecerem planas até a ruptura. A capacidade resistente da peca € admitida esgotada quando se atinge 0 alongamento maximo convencional de 10%c na armadura tracionada ou mais tracionada, ou, de outro modo, correspondente a uma fissura com abertura de 1 mm para cada 10 cm de comprimento da pega. Os diagramas valem para todos os elementos estruturais que estiverem sob solicitagdes normais, como a tragdo € a compressao uniformes e as flexdes simples € compostas. Solicitagdo normal é definida como os esforgos solicitantes que produzem tensdes normais nas segdes transversais das pecas. Os esforgos podem ser 0 momento fletor ¢ a forga normal. O desenho dos diagramas de dominios pode ser visto como uma pega sendo visualizada em vista ou elevagio, constituida com duas armaduras longitudinais proximas as faces superior e inferior da peca. A posigao da linha neutra é dada pelo valor de x, contado a partir da fibra mai comprimida ou menos tracionada da pega. No caso especifico da figura 28, x € contado a partir da face superior. Em fungio dos vérios dominios possfveis, « linha neutra estard compreendida no intervalo entre - co (lado superior do diagrama no desenho da figura 28) e + « (lado inferior do diagrama). Quando 0 < x Ea 5 © Dominio 4: flexdo simples ou composta, com ruptura & compressio do concreto € sem escoamento do ago tracionado; * Dominio da: flexiio composta com todas as armaduras comprimidas; * Dominio 5: compressio no uniforme, sem tragdo, Toda a segdo. esté © Reta b: compressiio uniforme, Além disso, a norma define trés tipos de segio: © Seco sub-armada (dominios 2 ¢ 3 ): a armadura escoa antes da ruptura do conereto a compressiio. © Seco super-armada (dominio 4): 0 concreto atinge o encurtamento convencional de ruptura antes da armadura escoar - 8,3 < a. © Seco normalmente armada (limite dos dominios 3 € 4): 0 esmagamento convencional do concreto comprimido e a deformagio de escoamento do ago ocorrem simultaneamente, 2.5. DIMENSIONAMENTO - FORMULAGAO GERAL Flexo Normal Simples — Secao Retangular — Formulacgao Geral HIPOTESES DE CALCULO Na determinacio dos esforgos resistentes de elementos fletidos, como vigas, lajes ¢ pilares, so admitidas as seguintes hipéteses basicas: a) As segdes transversais permanccem planas até a ruptura, com distribuigao linear das deformagdes na seco; b) A deformaciio em cada barra de ago é a mesma do concreto no seu entorno, Essa propriedade ocorre desde que haja aderéncia entre 0 conereto e a barra de aco; ©) No estado limite iltimo (ELU) despreza-se obrigatoriamente a resisténcia do conereto a traciio: 4) O encurtamento de ruptura convencional do concreto nas secdes nao inteiramente comprimidas € de 3,5 %c (dominios 3, 4 e 4a); €) 0 alongamento maximo permitido ao longo da armadura de tragao € de 10 %e, a fim de prevenir deformacies plasticas excessivas: £) A distribuicao das tensdes de compressio no concreto ocorre segundo o diagrama tensio x deformagio pardbola-retangulo. Porém, & permitida a substituigio desse diagrama pelo retangular simplificado, com altura y = 0,8x, € a mesma tensio de compressio day, como mostrado na figura 39. 35% o a Py tft fd Figura 39 — Diagramas o x ¢ pardbola-retingulo e retangular simplificado para distribuigdo de tensdes de compressdo no concrete. A tensiio de compressio no conereto (6.50 f.) € definida como: £.1) no caso da largura da sega0, medida paralelamente & linha neutra, ndo diminuir da linha neutra em diregao a borda comprimida (figura 40), a tensdo & O85 f, f= O85 fig ESF a Lid ~ Figura 40 - Secdes com tensio de compressio igual a 0.85 fig £.2) em caso contririo, isto é, quando a seco diminui (Figura 41), a tensio é _O8 fa So = 98 fog Figura 41 - Secbes com tensiio de compresstio igual a 0.8 fea nada de acordo 9) A tensio nas armaduras € a correspondente a deformacio detern com as hipéteses anteriores e obtida nos diagramas tensio-deformacio do aco (ver figura 9) Figura 42 — Seco retangular a flexiio simples Para que a tensio o, seja igual a fy devemos ter eqs > eg Assim, para se evitar a super-armaco (dominio 4), deve-se ter como profundidade maxima da LN x Agos CA-50 E ey toe! — Acos CA-60 E, De acordo com a figura 42 podem-se escrever as seguintes equagdes de equilfbrio: My, =0 My |+A\ xo" yx(d -d’) DA H0 Ny =0= f.Xb,XY+A'XO' yA, X fp 37 Observa-se nas equacdes de equilibrio que a armadura comprimida As’ pode existir ou no, aparecendo no dimensionamento da seco apenas quando for necesséria (armadura dupla), Ao dividir todos os termos da equagio, de equilibrio, em termos de momento, por uma quantidade que tem a mesma dimensiio de um momento, como fi x by x d? ‘obtém-se uma equaciio de equilibrio em termos adimensionais. Cancelados os valores iguais no numerador e denominador fica’ — Me Jx{1- 3) AM x(1-9) 2 f.xb, xd? d-\ 2d)” f.xb, xd Definindo Me ——4—_ eq. 02 fxb,xa Assim, somente existiri a armadura de compressio A’, quando k>k’, ou seja Ay>0+bk K © Parimetro adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante (extemo) de céleulo, K’ © Parimetro adimensional que mede a intensidade do momento fletor resistente (interno) de célculo, devido ao conereto comprimido. O terceiro termo da equacio 01 mede a intensidade do momento fletor resistente (interno) de eéleulo, devido & armadura A’, comprimida, « & valor da profundidade relativa da linha neutra referente ao diagrama retangular simplificado de tensdes no conereto, 58 > representa o nivel de tenstio na armadura comprimida Deve existir, portanto, um valor limite para k, abaixo do qual nao & necessério armadura A’s. Vamos representar esse limite pela sigla ky. a, | k= fi-% = ax{ 1-4 (+) 8 ld), 35+by nls Tabela 13 — Valores de ky, sem a consideragao da ductilidade Aco ha (KNiom?) | 84 (%e) | Baim = Od) atin o ky CA-25 21.74 1,035 0,772 0,617 0,427 CASO Bas 2,070 0,628 0,503 0.376 CAO 32,17 2.484 0.585 0.468 0.358 A relacio Bsun= (0/d)stn, alm de satisfazer ao limite estabelecido anteriormente (x 35 MPa Observando-se a tabela 13, nota-se que todos os valores de Bim S40 superiores aos das equagdes acima € que, portanto, com esses tltimos garant se maior capacidade de rotacio das segdes transversais. Os novos valores de ky da tabela 14 atendem as recomendagdes de melhoria de ductilidade, ¢ agora os mesmo nio mais dependem do tipo de ago, mas sim da faixa de resisténcia f.. do concreto ser inferior ou nao a 35 MPa, Tabela 14 — Valores finais de k, com a consideragio da ductilidade. Aco CA-5O fox (MPa) 7 =35 MPa 0.320 >35 MPa 0,269, k Sega sub-armada k > ky. > Seco normalmente armada (k” = k > A’, #0) 59 A partir das equagdes de equilibrio determina-se a armadura de tragio Ay. xb, xy °, LOOP «gat Soa Sua Multiplicando-se c dividindo-se simultancamente segundo termo por d ¢ substituindo a relacdo o’.o/ fudo terceiro termo pela varidvel da equacio 04, obtém-se: eX bd Y 4 gn Se PeXd ay Arg fu 4 wt x(-vI=2k) xb, xd, (k-k) fa i a) Uma vez calculada a armadura A, pode-se obter a armadura A’,, dada pela expressio: Figura 43 — Diagrama de deformagio na armadura dupla Considerando os valores limites para Bjim nota-se que ambos, (x/d)iim = 0,40 € (/d)im = 0,50, sJ0 menores que os valores de Baim = (x/d)sim da tabela 13, para as trés categorias de ago CA-25, CA-50 e CA-60. Além disso, o valor da profundidade relativa do dominio 2 € dado por Botim = (x/A)aiim = (3,5/13,5) = 0,26. Pode-se coneluir, portanto, que para as trés categorias de ago empregados em pegas de concreto armado, a profundidade relativa limite que define a armadura dupla estara no dominio 3, ou seja: Baim = 0,26 < Brim = (X/d)iim < Bim A definicio do ELU para 0 dominio 3 € mix = 3,5%c conforme visto na figura 43. A deformagdo e’, pode ser calculada a partir da seguinte equacio, retirada por semelhanga de trifngulos na figura 43, 0,0035 Caso seja €’, menor que o valor da deformagio de céleulo correspondente a0 escoamento ey, a tensio o's € obtida pela aplicacio da lei de Hooke ’sg = Es x €'s0 que implica em valor de @ < 1. Caso contrétio o's = fra 0 que implica em B Fazendo €'; > es na equagdo anterior, obtém-se a inequagdo seguinte, que expressa a relagao (d°/d) abaixo da qual se tem @ = 1. (F)3), aes] © ago CA-25 € pouco usado no Brasil, © ago CA-60 € normalmente usado para flexiio em lajes e pisos, onde no se usa armadura dupla, restando, pois o ago CA-50, que € 0 mais utilizado para flexdo de vigas. Para essa categoria de ago ey = 2,07%e € considerando (x/)jin = 0,50 (fix = 35 MPa) temos: (a) (4) 020400, pegando o inverso (1+0,204),| d) \d 896 Esse valor expresso acima, assim como para outros tipos de ago € (X/€)im esto indicados na tabela 15. Tabela 15 — Valores das relagdes entre d d’, para se ter J = | (nivel de tensiio em A’s) (fa=35MPa | fix>35MPa ‘Ago (dim CA-25 | 0,352 3,550 CA-50 | 0.204 6121 CA-60 | 0,145 8,616 Os valores da tabela 15 siio as relagdes usuais para vigas de concreto armado, ou seja, geralmente o nivel de tensfo na armadura comprimida ¢ igual a 1, No entanto, para 6 z oy situagdes pouco comuns, nio contempladas na tabela 15, 0 valor de 9=— <1, pode ser obtido com o'y=E,xe',S fy, a partir da cquagio de e's ee 0,0035 ): Resumo: Dimensionamento de secdes retangulares [kSk, 9 R'=k & Anmagio simples f.xb, xd? [k>k, 9K =k, © Armacéo dupla Ay = LO SI) Pabst oe ey ‘ d fi <35 MPa ¢ kt, = 0,320 M 0,269 Existem, na prética, dois casos mais comuns de dimensionamento: A partir das formulagdes estudadas anteriormente, obtem-se: My, =k, f.b,d* 4, 4 kf, onde: Maz € 0 méximo momento fletor de cdlculo resistide com armadura simples dy, € a altura Util minima necessdria para resistir ao maximo momento fletor de cdleulo com armadura simples Caso o momento atuante de cilculo seja maior que Mg, ou ainda que a altura Ait seja menor que dy, © que significa em ambos, k > ky torna-se necessério para 0 equilibrio a armadura de compressio A’, Essa situacdo, com a utilizagio simultanea de armadura de tragio A, ¢ de compressiio A’, caracteriza segdes dimensionadas a flexio com armadura dupla, Conforme ja citado anteriormente, a super armagao deve ser sempre evitada, principalmente por ser anti-econémica. Na situagao de armacao dupla para os valores da tabela 14, caso se pretenda absorver um momento solicitante superior a0 Mg,, apenas com armadura de tragdo, isso ndo significa necessariamente pegas super-armadas. Jé com os valores da tabela 13, caso a mesma situagdo ocorra ¢ seja possivel 0 equilibrio apenas com armadura simples, s6 A,, essa segdo seri obi itoriamente super-armada, uma vez que os limites da tabela 13 referem-se ao final do dominio 3. Na situacdo de armadura dupla k > ki, basta fazer nas equagdes de dimensionamento a flex%io em segdes retangulares k = ky. Essa igualdade significa fis icamente que 0 momento interno resistente referente ao concreto comprimido k’ é igual a0 maximo momento fletor de edlculo resistindo com armadura simples kt. Essa parcel do momento total My > Ma, serd resis fda pelo conereto comprimido ¢ pela armadura tracionada As. A diferenga My ~ Maz, que em termos adimensionais fica k — ky sera absorvida pela parcela da armadura de tragdo Aw ¢ pela armadura de compressiio AY Determinacdo da linha neutra em relacio ao topo da peca ~ distancia x (figura 42) asd. ——— 0,425b,d° fy } Porém, os limites fixados para melhoria da ductilidade, devem ser respeitados: [(x/d)}in = 0,50 para fx = 35 MPa e (x/d)iim £0.40 para fey > 35 MPa] EXERCICIOS DE DIMENSIONAMENTO. 1. Uma viga bi-apoiada de concreto armado de seco retangular com altura de 50 em ¢ largura de 15 cm sera executada usando-se concreto C20 e ago CA-50. A solicitagdo maxima é de um momento fletor caracteristico de 88,10 KNxm. O esiribo & de 5 mm de diémetro, 0 cobrimento adotado € de 2. em e 0 agregado gratido € a brita 1. 63 Dados: fx = 20 MPa = 2 kN/em; fie = 500 MPa = 50 kN/em?; h = 50 em; by = 15 cm; Mk =8810 kNcm 1) Estimativa da altura titil d d'=0,1.h=0,1.50=5 em d=h-d' =50-5=45em 2) Momento Fletor de célculo Ma= 1.4 x 8810 = 12334 kN.om 3) Valor de célculo da resistencia & compressiio do concreto fe=0,85 x 2/14 = 1,21 kN/em? 4) Valor de calculo da resistencia do ago fa = S0/1,15 = 43,48 kNiem? 5) Determinagio do k 12334 L21x15x45" => 0,336 > 0,320 k'=k, <= Armagao dupla 6) Definigdo da armadura 2 = 2DASHAS 5 ff =3 0320) = 7.5140? 348 1xI5x45 Ba = CRS, om 43,48 85cm” )338em? 26,3 7) Determinagao da Tinha neutra em relagao ao topo da pega 416mm =1,25x 45 1- = 23,88cm O45 x15 45" x A : xd = 23,88/45 = Logo, 0.5.45 53 > (X/d)jin = 0,50 € Dominio 3 (0,26<0,53<0,63) 2,5em 3, DIMENSIONAMENTO DE LAJES - CALCULO ELASTICO 1. Introdugao Generalidades As lajes siio elementos estruturais laminares planos, solicitados predominantemente por cargas normais ao seu plano médio, Elas constituem os pisos dos edificios correntes de conereto armado. Nas estruturas laminares planas, predominam duas dimensdes, comprimento e largura, sobre a terceira que € a espessura. Da mesma forma, que as vigas sdo representadas pelos seus eixos, as lajes s4o representadas pelo seu plano médio. As lajes sao diferenciadas pela sua forma, vinculagdo e relagdo entre os lados. Geralmente, nas estruturas correntes, as lajes sto retangulares, mas podem ter forma trapezoidal ou em L. a do. As lajes retangulares © lajes armadas em uma s6 diregdo: so aquelas em que a relago entre o maior (1y) €.0 menor vao (1,) € maior que 2 (252), * Iajes armadas em duas diregdes ou armadas em cruz: sto aquelas em que a relagio entre o maior (Ij) € 0 menor vao (Ix) € menor que 2 (A=2). Figura 44 — lajes armadas em uma e duas diregdes Em fungio da vinculagio das bordas da laje, a classificagdo acima apresenta excegées. Se a laje for suportada continuamente somente a0 longo de duas bordas paralelas (as outras duas forem livres) ou quando tiver trés bordas livres (laje em balango), ela serd também armada em uma s6 diregdo, independentemente da relagao entre os lados (A), Vinculagao As bordas das lajes podem apresentar os seguintes tipos de vinculagio: © apoiada: quando a borda da laje € continuamente suportada por vigas, paredes de alvenaria de tijolos cerdimicos, de blocos de conereto ou de pedras. * livre: quando a borda da laje nao tiver nenhuma vinculagao ao longo daquele lado. * engastada: quando a borda da laje tem continuidade além do apoio correspondente daquele lado (laje adjacente). Borda livre Borda simplesmente apoiada | Borda engastada Figura nculaciio de lajes Uma laje niio deve ser considerada engastada em outra que tenha uma espessura maior que 2 cm, tomando-se como balizamento o lado inferior (ver fi engaste a engaste = apoio Figura 46 — Continuidade de lajes adjacentes com espessura diferente ira 46). 66 Toda a laje que tiver um lado adjacente a uma laje rebaixada tem este lado apoiado; toda a laje rebaixada deve ser considerada apoiada, salvo se tiver outros trés lados livres (ver figura 47). Figura 47 — Continuidade de lajes adjacentes com elevagdes diferentes Quando em um lado da laje ocorrer duas situagdes de vinculo (apoiado e engastado), temos o seguinte critério a adotar: Engaste Apolo Figura 48 — Caso especifico de vinculagao 1 ~ Ij, <33%ly > Considera-se a borda totalmente apoiada. 2 ~ 33%ly < ly < 67%ly > Calculam-se os esforgos para as duas situagdes — borda totalmente apoiada e borda totalmente engastada — e adotam-se os mi valores no dimensionamento, 3—Iy = 67%ly > Considera-se a borda totalmente engastada. res Quando se inicia 0 calculo das lajes, nio so conhecidas as espessuras; deve-se, entio, considerar inicialmente engastados todos os lados que so adjacentes a outras lajes no rebaixadas. Somente apés a primeira hipétese de vinculagio é que sera possivel determinar as espessuras das lajes e refazer a vinculagiio, quando a espessura for maior que 2 em Vis efetivos de I Quando os apoios puderem ser considerados suficientemente ri idos quanto & translagao vertical, 0 vdo efetivo deve ser calculado pela s _guinte expressdo: dep = ly + ay + 2 com a; igual ao menor valor entre (ty/2 € 0,3h) € a2 igual ao menor valor entre (ty/2 € 03h), conforme a figura 49 abaixo. o7 o)Apsk devao serene Ape Be endo Figura 49 — Vaos efetivos Nas lajes em balango, © vao efetivo ¢ o comprimento da extremidade até o centro do apoio, nfo sendo necessirio considerar valores superiores ao comprimento livre acrescido de trinta por cento da espessura da laje junto ao apoio. ke Figura 50 — Vaos efetivos para lajes em balango Em geral, para facilidade do céleulo, é usual considerar os vos teéricos até os eixos dos apoios. (Cargas nas lajes Em lajes usuais o carregamento, em geral, € considerado como uniformemente distribuido: p (kN/m2), onde: p=e+4 onde: g — € a parcela permanente das cargas que atuam sobre a laje (peso proprio, revestimento, reboco, etc.); q— € a parcela varidvel das cargas que atuam sobre a Iaje (peso das pessoas, méveis, equipamentos, ete.). Os valores das cargas a serem considerados no edleulo de estruturas de cdificagdes so indicados na NBR6120/1980. Para edificios residenciai os valores mais usuais de carga: 500 kgt/m? - peso especifico do conereto armado = - peso especifico do concreto simples = 2400 kgf/ms 8 ~ revestimentos/enchimentos em argamassa de cimento ¢ arcia = 2100 kgi/m? ~ revestimento de tacos ou tabudes de madeira = 70 kgf/m? (estimado) - revestimento de material ceramico = 125 kgf/m? (estimado) - forro falso = 100 kgf/m? (estimado) ~ carga varidvel em salas, dormitérios, cozinhas, banheiros = 150 kgf/m? ~ carga varidvel em despensa, lavanderia, drea de servigo = 200 kgf/mm? - carga varidvel em corredores, escadas em edificios: no residenciais = 300 kgi/m? 250 kgi/m? residenciai - sacada: mesma carga da pega com a qual se comunica. ~ carga varidyel linear nos bordas livres das lajes de 200 kgf/m (vertical) e 80 kgffm na altura do corrimio (horizontal). Além da carga superficial, comum ocorrer cargas lineares, correspondentes a paredes de alvenaria executadas sobre a laje. A carga linear € obtida a partir do peso especifico da alvenaria, da espessura da parede e de sua altura: ~ 1300 kgfim? — tijolos ceramicos furados ~ 1800 kgfim? — tijolos ceramicos macigos - 2100 kgfiim? — bloco de conereto - 550 kgf/m? + bloco de conereto celular autoclavado (SICAL) De acordo com a NBR 6118/2003, as espessuras das lajes devem respeitar os seguintes limites minimos: ~ 5 em para lajes de cobertura no em balango; ~ 7 em para lajes de piso ou de cobertura em balango; - 10 em para lajes que suportem veiculos de peso total menor ou igual a 30 KN: - 12 cm para lajes que suportem veiculos de peso total maior que 30KN; ~ 15cm para lajes com proten: Recomenda-se usar espessura minima de 8 cm, para evitar o aparecimento de fis ras pela presenga de eletrodutos ou caixas de distribuigao embutidas na laje. Por esta razo, os valores minimos de 5 cm e 7 cm nao sao aconselhados. Para uma avaliagdo de altura Gtil (d) em nivel de prédimensionamento das utilizar a ssuras de uma laje retangular com bordas apoiadas ou engastad: - pode-s sp seguinte expressio: Co) d= (2,5—0,ln)!/100 onde: n é o niimero de bordas engastadas e | menor valor entre o menor Vio (Ix) € 70% do maior vio (0,71). $s valores mfnimos de cobrimento para armaduras das lajes (0 dados na tabela 16, extrafda da NBR 6118/2003, e5 valores . de acordo com a agressividade do meio em que se encontram. Es O valor de Ac que aparece nesta tabela é um acréscimo no valor do cobrimento minimo das armaduras, sendo considerado como uma tolerancia de exccugio. O cobrimento nominal é dado pelo cobrimento minimo acrescido do valor da tolerdncia de execugo Ac , que deve ser maior ou igual a 10 mm, Tabela 16 — Cobrimento nominal para Ae = 10 mm. (Classe de agressividade ambiental (Tabela 1 da Norma) “ipo e Componente ‘= 1 w m0 a ce Estrutura ‘Cobrimento nominal (mm) Laje" de Concreto Amado 20 25 35 a Para face eupenor Ge lnjes © vigas que serio revestaas com argamansa de convapies, com revestmentce fine secce toe carpete de madeka, com argamasea de revestmento e acabamento ais como pisos de elevade desempenho, piace cerdmicos,picos aetiices, © outs tantos, 2¢ Jevigéacas desta tabela podem eer substtuidas pelo tem 7.4.75 (NBR 6118, 2001) espstando um eobemento nome = 15:m, + wae faces inferores de lies vgas de reservation, estes de ratamento de Agua esgeto, eondutos de esgoto, canletas de etuentes © outas cbras em ambientes quimica e ntensamente agcessivos a armasura eve ter eobrimento nominal > 48 mm. Reacao das lajes (apoio em vigas, paredes, ete) © clculo das reagdes pode ser feito mediante o uso de tabelas (anexo B) baseadas no proceso das dreas, fornecendo coeficientes adimensionais (ty Tye, Ty Tye), @ partir das condigdes de apoio e da relagao 'y/’ , com os quais se calculam as reagdes, dadas por: Rx =0,001ryph & Ry=0,001ryph, Para as lajes armadas em uma diregdo, as reagdes de apoio sto calculadas a partir de co sideragdes feitas na teoria das estruturas para uma viga faixa de largura equivalente a 1 metro, Como exemplo, podemos definir para uma laje com vio Ih, engastada em uma das extremidades ¢ livre na outra, uma reagio por metro, igual a R = ph, onde p € a carga total da laje 70 Momentos Fletores Os processos numéricos que envolvem 0 edlculo dos momentos fletores em lajes também podem ser utilizados através de tabelas semelhantes ao apresentado para as reagdes de apoio (anexo B) e os coeficientes tabelados (my, my, my, Myo, My) so adimensionais; sendo os momentos fletores descritos por unidade de largura e dados pelas expressdes: My = 0,001 m,ph? & My= 0,001 myph? M, > momento fletor na diregdo do vaio ky My, momento fletor na diregao do vaio ly Para as lajes armadas em uma diregio, os momentos fletores so calculados partir de consideragdes feitas na teoria das estruturas para uma viga faixa de largura equivalente a 1 metro. Como exemplo, podemos definir para uma laje com vao ly, engastada em uma das extremidades e livre na outra, um momento fletor por metro, pl. 2 ‘ igual a M =?" onde p é a carga total da laje, Lajes adjacentes podem apresentar momentos fletores diferentes sendo, portanto necesséria uma compatibilizaczio de momentos fletores. No cileulo desses momentos, consideram-se 0s apoios internos como perfeitamente engastados, 0 que na realidade, pode niio ocorrer. Em um pavimento qualquer, as lajes adjacentes diferem nas condighes de contorno, nos vios teéricos ou nos carregamentos, resultando, no apoio comum, dois valores diferentes para © momento negativo (traciona a parte superior da laje). Esta situagdo est ilustrada na figura 51. Daf a necessidade de promover a compatibilizagio desses momentos. Na compatibilizagdo dos negativos, 0 critério usual consiste em adotar 0 maior valor entre a média dos dois momentos ¢ 80% do maior. Esse critério apresenta razoavel aproximagao quando dois momentos so da mesma ordem de grandeza. Em decorréncia da compatibilizagio dos momentos negativos, os momentos positivos (traciona a parte inferior da laje), na mesma diregio, devem ser analisados. Se essa corregdo tende a diminuir o valor do momento positivo ignora-se a redugdo a favor da seguranga, como ocorre nas lajes L1 e L4 da figura 51. Caso contririo, se houver acréscimo no valor do momento posit . a corregao devera ser feita, somando-se ao valor deste momento fletor a média das variagbes u ocorridas nos momentos flctores negatives sobre os respectivos apoios, como no caso da laje L2 da figura 51 Pode ocorrer da compatibilizacio acarretar diminuicdo do momento positivo, de um lado, e aeréscimo, do outro. Neste caso, ignora-se a diminuigio e considera-se somente 0 acréscimo, como no caso da laje L3 da figura 51 % Ih =Up = u= ie 1 oe Figura 51 — Compatibilizac3o de momentos fletores Se um dos momentos negativos for muito menor do que o outro, por exemplo, 1m’; <0,5m’2,, um critério melhor consiste em considerar L1 engastada e armar 0 apoio para 0 momento m’ j3, admitindo, no céleulo da L2, que ela esteja simplesmente apoiada nessa borda, 3.4. Flechas Assim com as reagdes de apoio € os momentos fletores das lajes, as deformagoes vertics 10 definidas através de coeficiente is (flechas) no centro das pecas, também (,)por meio de tabelas: 4 Ee W, =0,001w, Pl A onde D=—"s" 1 Para as lajes armadas em uma diregao, as flechas também so calculadas a partir de consideragdes feitas na teoria das estruturas para uma viga faixa de largura equivalente a 1 metro. 5. Lajes armadas em uma sé direcaio Como visto anteriormente, as lajes armadas em uma s6 dirego sio dimensionadas como se fossem vigas (viga faixa), e a vinculagio é definida segundo 0 menor vio. Figura 52 —Lajes armadas em uma sé diregiio Verificou-se ainda que, todos os casos sto solucionados a partir da teoria das estruturas € da res éncia dos materiais. Assim, segue abaixo os esquemas estruturais utilizados: Tabela 17 — Momentos ¢ reagdes em vigas vinewlagio Teme elastics B Tabela 18 — Flechas ¢ deflexdes angulares em vigas z o=al’/ 6EL | f=-qL/8ET a= - aL} /24E1 ‘ gum ql? /24EI fo -5qi*/384E Mi T a=Goal alt/185 ET fo-ql'/384E1 3.6. Dimensionamento das armaduras © dimensionamento das armaduras das lajes deve ser feito para uma sega retangular de largura by = 100 cm ¢ altura til d = h — d° (conforme a classe de agressividade ambiental, que a laje se encontra exposta). Para a face superior das lajes, que serio revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete ¢ madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos ceramicos, pisos asfalticos, € outros tantos, as exigéncias desta tabela podem ser substituidas por um cobrimento nominal de 15 mm, nao podendo ser inferior ao diametro das barras de armadura O dimensionamento da armadura & flexao simpl s deve ser feito pelas guintes expresses de solicitagdes normais simples, visto no capitulo anterior. Porém, esta armadura deve atender aos valores mfnimos indicados na tabela 19. Tabela 19 — Valores minimos para armaduras em lajes de concreto armado ‘Annaduras | Armadiura positiva] _Armadura de Ammaduras | positivas de lajes | (principal) de Iajes] distribuigio nas negativas | armadasnas duas | armadas em uma | Iajes armadas em diregdes ‘uma diregao ‘Avs 20% da Valores minimos ps2 0.67 Pasa para armaduras 74 A taxa de armadura é calculada pc = AvAc © Pnin deve corresponder a uma taxa mecanica de armadura minima Opie = Pmin fualfed = 0,035, no podendo ser inferior a 0.15%. Tabela 20 — Valores de pm em % para 0 ago CA-50, y=1.4 © Y=1,15 epee 7 Valores dé pan'(%) segao Pa “| 20 | 25 | 30 35 | 40 | 45 50 Retanguiar_| 0,035 | 0,150 | 0,150 | 0,173 | 0,201 | 0,230 | 0.259 | 0,288 Os valores de pan estabelecidos nesta tabela pressupsem 0 uso de apo CASO, = 1407, = 115. [Caso esses fatores sejam diferentes, Pg deve ser recalculado com base no valor de Pa» dado. NBR-6118/2003 apresenta, ainda, as seguintes prescriches gerais relativas as armaduras das Lajes © As armaduras devem ser dispostas de forma que se possa garantir o seu posicionamento durante a coneretagem. © Qualquer barra da armadura de flexdo deve ter didmetro no méximo igual a his. ‘* As barras da armadura principal de flexiio devem apresentar espagamento no maximo igual as 2h ou 20 em. ‘© A armadura de distribuigdo, nas lajes armadas em uma s6 directo, deve ser igual ou superior a 20% da armadura principal, mantendo-se, ainda, um espagamento entre barras de no maximo 33 em (4 barras por metro), * Armadura negativa 4 Figura 53 — Detalhe das armaduras negativas a>{ “4 onde I’, € 0 maior vio entre os menores viios das lajes contiguas e ly 1, + 2p 60 comprimento de ancoragem. © Armadura perimetral as k'=k © Armagao simples i k>k, 9K=k;, Armagdo dupla An LO a 12k) ~ A= Ay + Aa > 4 © fea 535 MPa & kr, = 0,320 ° fe>35 MPa ky, = 0,269 4.7. Seciio T ou L 2 flexao simples Nas estruturas de conereto armado so muito frequentes 3 segdes em T ou L, uma vex que as nervuras das vigas so normalmente solidérias &s lajes, que colaboram na resisténcia & compressio, conforme mostrado na figura 60. E necessério salientar que uma viga de concreto armado com seco geométrica em T ou L, isto é, composta de uma nervura e uma mesa, somente pode ser considerada como tal no célculo, quando a mesa estiver comprimida; caso contrério a segdo se comportard como retangular de largura by. Por outro lado, caso a profundidade da linha neutra, considerando-se o diagrama retangular simplificado, seja menor ou igual a altura da mesa (y < hy), a secdo sera tratada como retangular, de largura by. w { & carte po. ee ' 5 i ‘ mC a Af % Figura 60 — Secio T submetida a flexio simples 83 Para o célculo de uma viga de seco T, deve-se inicialmente determinar uma largura que contribui para resistir ao esforgo solicitante. Esta largura de contribuigdio da mesa, by, mostrada na figura a seguir. Figura 61 — Viga T Onde: 8h,(6h, para laje em balanco) Ww 4 10, by 4 0,751 em vido extremo de viga continua Lem viga isostética onde a= 0,61 em vao interno de viga continu 21 em viga em balango sendo / 0 vao correspondente da viga, Figura 62 — Mesa colaborante A partir daf o problema se resume em adicionar a parcela resistente das abas da ‘mesa comprimida ao momento resistente total, visto no capitulo 2 e representado na figura 63. 84 Figura 63 — Acréscimo de resisténcia com a consideragdo das abas da mesa comprimida Assim, temos como dimensionamento: kek, > k <0 € Segao retan gular b, xh k>k, 9R=k, © Armagao dupla Na] 7 k € Armagao simples fx <35 MPa € ky, = 0,320 = 0,269 far > 35 MPa € ky 4.8. Detalhamento — preserigdes normativas Armadura Minima Conforme a NBR 6118, a armadura minima de tragdo, em elementos estruturais armados ou protendidos deve ser determinada pelo dimensionamento da segao a um ‘momento fletor minimo dado pela seguinte expressio: Mamin = 0,8. Wo - feagsup = 0,8 . Wo. 1,3 .0,3 . (x)? 0,312 Wo (faa)? onde: + Wo € 0 modulo de resisténcia da segdo transversal bruta de concreto, relativo a fibra mais tracionada; © feé aresisténcia caracteristica & compresstio do conereto em MPa, © dimensionamento para Mgnin deve ser considerado atendido se forem respeitadas as taxas de armadura da tabela 21. Tabela 21 —Taxas minimas de armadura de flexio para vigas Found Valores de Pas = (Asin Ad) sepie fx] 20 | 38 | 30 | 35 [| 40 | 4 | 30 Onin ‘MPa | MPa | MPa | MPa | MPa | MPa | MPa Retangular | 0,035 | 0,150 | 0,150 | 0,173 | 0.201 | 0,230 | 0,259 | 0288 T=Wera | 0024 [0150] 150 | 0.150 | 0.150 | O15 | O77 [OST comprimida) T= (Were | 0081 | 0150 | 0150 | 0.153 | O78 | O04 | Ona [O55 ‘racionada) Circular | 0,070 | 0,230 | 0,288 | 0.345 | 0.03 | 0.460 | O5I8 | 0575 a vlowee de pam oabolocdos nvcia ibalaprocsapbom o uso de apo CABO, q=IA e WIS Caso eves Fiore sjan cferests, pun deve ce caculedo com base no valor de Opie dao. JNOTA -Wac se;See tipo Tra ieee da opin acer considerada deve cor curattnzada pola alma acescid da nese colaborat A taxa mecdnica minima de armadura longitudinal de flexdo para vigas, @pin, que aparece na tabela 21, € dada por: fos Aww fa Sea mm Aft Assim pode-se obter Pin a partir do valor dado de Gin: Sos fou Ong Pros Armadura de pele (costela’ A minima armadura lateral deve ser 0.10% Acaims cm cada face da alma da viga e composta por barras de alta aderéncia (1))22.25) com espagamento nao maior que 20 em ou d/3; além disso toda armadura de pele, tracionada, deve manter um espacamento ‘menor ou igual a 159. Em yigas com altura igual ou inferior a 60 cm, pode ser dispensada a utilizacao dessa armadura. Armaduras de trago ¢ comp! A soma das armaduras de tragdo ¢ de compres 10 (As + A’s) ndo deve ter valor maior que 4%Ac, calculada na regio fora da zona de emendas. 86 © espacamento mfnimo livre entre as faces das barras longitudinais, medido no plano da segao transversal, deve ser igual ou superior ao maior dos seguintes valores: a) na diregdio horizontal (ay) - 20mm; ~ didmetro da barra, do feixe ou da luva; - 1,2 vez 0 didmetro maximo do agregado; b) na diregao vertical (ay) - 20mm - diémetro da barra, do feixe ou da luva: - 0,5 vez 0 didmetro maximo do agregado. Na figura 64 esttio representados ay © ay. As im, podemos obter a largura ttil (bait) da viga: onde: © €0 cobrimento nominal da armadura onsy € 0 didmetro da armadura transversal (estribo) © niimero maximo de barras longitudinais com didmetro Oiong que eabem em uma mesma camada, atendendo ao espagamento horizontal ay especificado acima, fica: Day 4s, y+ Pang Nocera amas Figura 64 — Distribuigao transversal das armaduras 87 rmaduras de ligacdo mesa-alma ou takio-alma Segundo a NBR 6118/2003, os planos de ligago entre mesas € almas, ou tales € alma, devem ser verificados com relagdo aos efeitos tangenciais decorrentes das variagdes de tensdes normais ao longo do comprimento da viga, tanto sob o aspecto de resisténcia do concreto, quanto das armaduras necessdria para resistir as tragdes decorrentes desses efeitos. As armaduras de flexdo da laje, existentes no plano de igagdo, podem ser consideradas como parte da armadura de ligacdo, complementando- sea diferenga entre ambs se necessirio. A seco transversal minima dessa armadura, estendendo-se por toda a largura Gtil e ancorada na alma, deve ser de 1,5 em? por metro, Armadura de suspensio Nas proximidades de cargas concentradas transmitidas a vi a por outras vigas ou elementos discretos que nela se apéiem ao longo ou em parte de sua altura, ou fiquem nela penduradas, deve ser colocada armadura de suspensio, A figura 65 representa uma situacdo de necessidade dessa armadura, onde uma viga de altura h se apéia em outra viga de altura ha, menor do que a primeira. Logo a reagao total de uma sobre a outra é Zs = Rs. viga de apoio my { Figura 65 — Viga de grande altura apoiada sobre uma viga de altura menor Ae viga E22) Sendo Ra a reagdo de apoio, a forga de suspensao pode ser estimada em: Za=Relhh,) = Ra onde: h=altura da viga apoiada ha: ltura da viga de apoio. A armadura de suspensio sera dada por: Asusp = Zal far ‘A armadura de suspensdo Asp pode ser distribufda na zona de suspensdo, junto ao cruzamento das gas, conforme a figura 66. 88 nyl2 nal? vviga de apoio Ins2 ga apoiada Figura 66— Zona de suspensio Deve-se observar que a zona de suspensio jit contém alguns estribos normais das vigas. Estes estribos podem ser contados na armadura de suspensao. 89 5, FISSURAGAO 1. Introducao A fissuragio é um fendmeno inevitivel no conereto ¢ um dos fatores que mais influenciam no comportamento das pegas estruturais, tendo em vista que pode comprometer a utilizagio (necessidade funcional da estrutura), a durabilidade e a estética das mesmas. As fissuras ocorrem basicamente nas zonas submetidas a esforcos de tragio, devido a baixa resistencia do concreto a esse tipo de soli itagao, Existem basicamente trés razGes para se controlar a fissuragio: a durabilidade (corrosdo da armadura), a aparéncia ¢ a estanqueidade a Iiquidos e gases. A corrosio da armadura esté geralmente associada a trés mecanismos que desencadeiam 0 processo corrosivo: a carbonatacio, a presenca de cloretos ou a ruptura do concreto por esforcos mecanicos. Além disso, a espessura, a porosidade e 0 cobrimento do concreto so parimetros importantes nesse processo. Melhorar a qualidade do concreto e controlar a abertura das importantes para © controle da fissuragao, Portanto, € necessdrio especificar 0 valor mite da abertura da fissura de acordo com a agressividade do meio ambiente. As aberturas da fissuras com valores abaixo de 0,3 mm geralmente nao causam inquietagio as pessoas. Obviamente, a aparéneia tolerivel da abertura da fissura é muito subjetiva ¢ depende de varios fatores, tais como a distincia entre © observador © fissura, a iluminagio e as condigdes da superficie. A necessidade da estanqueidade depende da natureza do gs ou do liquide que sera retido pela estrutura, Teoricamente € possfvel especificar e contar com uma estrutura sem fissuras visiveis. Isto & mais coerente, no entanto, quando se especifica um limite para a abertura da fissura. Pesquis s tém mostrado que estruturas para IS © Exper retengio de gua podem ter fissuras com aberturas de até 0,1 a 0.2mm. Assim uma ura, mesmo quando atravessa totalmente a espessura da parede, pode permitir a penetracio de umidade apés a ocorréncia da primeira fissura; mas o estancamento do vazamento ocorre em poucos dias (denomina-se colmataco). A NBR 6118/2003 considera que a fissuragio 6 nociva quando a abertura das fissuras na superficie do concreto ultrapassa os seguintes valores (tabela 22), 90 Tabela 22 - Limite de abertura de fissuras (NBR 6118/2003) TPODE CONGRETO] —CIRSSEDE TAGENORS | COMENAGOESDE estrutuna. | acresswipce | e.aTWASA | ACOES Ew SERVIC ANBIENTAL (CAA) | FISSURAGAO. AUTUZAR ToncreTo omnes | GAATACAATV TaOFA CAAT ELS-W Wee Oar] COWBNIRS cconcnero anwaco | GAATIa CAA | ELS-W Wee O,amm) —_ FREQUENTE a SO ELS-W: Estado Limite de Servico de abertura de fissuras Ver tabela 9 sobre as classes de agressividade ambiental As ssuras podem ser classificadas em dois grupos conforme elas sejam ou no produzidas pela aco de cargas. As fissuras ndo produzidas por cargas so devidas a0 abatimento do concreto ainda plastico, devidas a alteragdes volumétricas (retragiio efeitos térmicos), desde que a pega esteja restrita; € devidas A corrosio das armaduras, Por outro lado, as fissuras que ocorrem devido aos esforgos mecanicos sio basicamente decorrentes de tensdes de tragiio devidos aos esforgos de tragio propriamente dita (pura), de flexio, de cisalhamento ou de torgao. esa 2c 5 Cisalhamento Figura 67 — Representa das fissuras a parti de 3 tipos de esforg 5.2. Recomendacies para evitar as fissuras Como citado anteriormente no podemos acabar totalmente com as fissuras nas construgées, mas podemos amenizé-las, por isso apresentam-se _algumas recomendagdes: Cobrimento Minimo cobrimento de conereto & na realidade uma protegao a armadura, Se assim raciocinarmos, veremos que a qualidade dessa protegio depende da espessura, e que em principio, quanto maior a espessura do cobrimento, maior a protecio, fixadas as demais varidveis. Isso tem uma limitago na ordem de 60 mm, poi espessuras maiores que essas tém forte tendéncia a fissuragao por outros mecanismos, tais como a retracio por 9a secagem ¢ movimentagio térmica. E cvidente que aumentar 0 cobrimento implica aumentar 0 custo da estrutura Armadura de pele As normas recomendam uma armadura de pele longitudinal minima (0,10% Acatma) para reduzir a fissuragao das vigas (fissuras na alma), conforme visto no capitulo anterior. Armadura Minima A armadura minima visa a prevencdo de situagdes em que a segdo transversal de submetidas conereto & muito superior aquela que seria teoricamente necessiria. Viga as cargas de servigo, cuja situagio de trabalho pode ainda nao ter provocado fissuracio, leva em consideragio que a tensio maxima na regio tracionada nfo atinge 0 valor caracteristico da resistencia a tracio fr (fata). Para evitar que 0 concreto seja fissurado, tendo uma ruptura brusca do conereto tracionado, devido a um excesso de carga, torna- se necesséria uma armadura de tragio Agmim que seja suficientemente capaz de assegurar & viga uma resisténcia a flexdo, com 0 concreto ja fissurado, pelo menos igual aquela que possufa no conereto sem fissuras. A armadura minima de tragao deve ser determinada pelo dimensionamento a0 momento minimo (Mg), bem como sua taxa minima (@pis) conforme visto no capitulo anterior. 5.3. Estado limite de fissuracio Controle da fissurag‘o através da limitago da abertura estimada das fissut valor da abertura das fissuras pode sofrer a influéncia de restrigées as variacdes volumétricas da estrutura, diffceis de serem consideradas nessa avaliagdo de forma uficientemente precisa. Além disso, essa abertura sofre também a influéneia das condiges de execugao da estrutura. Por essas razdes, os critérios apresentados a seguir devem ser encarados como avaliagdes aceitéveis do comportamento geral do elemento, mas nao garantem avaliagao precisa da abertura de uma fissura especffica, Para cada elemento ou grupo de elementos das armaduras passiva e ativa aderente (exchtindo-se os cabos protendidos que estejam dentro das bainhas), que controlam a fissuragdo do elemento estrutural, deve ser considerada uma rea Ace do conereto de envolvimento, formada por um retingulo cujos lados nao distam mais de 7,50 do eixo do elemento da armadura (ver figura 68). A grandeza da abertura de fissuras, w, determinada para cada parte da reg envolvimento, 4 menor entre as seguintes expresses: 9S 30 nf 4 4s 12,59) Ew fom Ey Py | Resiao de 756 alent nha Ct ae com ares Neutra + 7a ™ Siaepebed. Armadura de / a pele tracionada 4 Savion Figura 68 — Concreto de envolvimento da armadura onde: 6.63, Es, Pi: So definidos para cada drea de envolvimento em exame; © Agi € a Grea da regitio de envolvimento protegida pela barra 6; © Ej €0 médulo de elasticidade do ago da barra considerada, de diametro 0;; ©: 0 didmetro da barra que protege a regidio de envolvimento considerada: © py €a taxa de armadura passiva ou ativa aderente (que niio seja dentro da bainha) em relagdo a area da regiao de envolvimento Acai © oy € a tensio de tracio no centro de gravidade da armadura considerada, calculada no estédio TT; © m1 € 0 coeficiente de conformagao superficial da armadura considerada (valores apresentados na tabela 23). * fam € 0 valor da resisténcia média ou caracteristiea do conereto A tragdO (fie = 0.364) 93 Tabela 23 — Cocficientes de conformagio superficial Tipe de bans Taeiente de conformagio mipericad Te 7 Ta CRE 7 TH Eniahada (CAS) TZ Ta ‘Bia arena CSD) ais 2 Calculo da tensio 6, de forma aproximada A tensio Gy deve ser calculada no estidio II, ow seja, 0 diagrama de tensdes de compressio no concreto linear, desprezando-se as tenses de tractio. Uma maneira de se obter de forma simples e aproximada essa tensfio é segundo Tepedino (1983): te hs Vy Asseat onde fy € a tensio de caleulo ao escoamento da armadura, Aged © Acseat SO respectivamente, a armadura de tracdo calculada e a armadura de tragdo colocada (real) na segdo transversal que se estd verificando a fissuragdo. O coeficiente yr de ponderagao das acées pode ser obtido de forma aproximada (combinagao freqiiente, obra residencial yi=0,4) como: Sy _MSy +148 IAS y +S) 148 14s Su tV Sqr Sy OAS, 075 +04x038 — 0,828 v% s A area total interessada na fissuragio Ac, pode ser obtida pelo somatério das reas de envolvimento Agi de cada barra tracionada e, portanto a taxa total p, pode também ser dada como © somatério das taxas da armadura py envolvida em cada area Asi Assim: Ace =Z Acs Para secdio retangular comum, pode-se tomar Ac. O,S5Doarra_tongitadinal + 7,5 Dparra_ongivudinal Pr=Z Pa= Analogamente: 94 Prcal = Ascatel Ace Como consequiéncia a equacdo de oy pode ser reeserita: fa Pras Vy Pr o.- Levando-se a equaciio acima nas expresséies das aberturas estimadas de fissuras Ww, € substituindo w por wr; (aberturas limites de fissuras), obtém-se duas novas equagdes onde a tinica incégnita seré a relacio (Prcas/P.), OU inversamente (Py/Preaic) = (As JAscais). Como para caleular a abertura estimada, adota se © menor valor de w, agora para atender a fissuracio para o valor limite w,, serd adotada a menor relagio (AVAscate). lembrando-se que em nenhuma hipétese essa relagdo poder ser menor que 1 Assim: fas Pro (Seu) Sou Pros 6% eo \H Pe), % vas} 251, w Sm 1259, By Pu Reescrevendo-se a primeira equagio acima para (Py/Prea) = (AVAscaie) © fazendo-se conforme Tepedino (1983), temos: tem-se: _3ay.Fut (Arca ~YSem Ay | Portanto a primeira relacdo entre as dreas real fica: - 21 Ascue \ Vp fom Analogamente a primeira equagio, reescrevendo-se a segunda equa de w em fungi de ay, obtém-se: Resolvendo-se equagdo acima do segundo grau em fungdo de p,, obtém-se © valor possivel para p;: 2,54, Peat +¥2254,Preve) +44, Prose Pr 95 ou a) Pree Accu Prete Para atender a fissuragiio deve-se adotar a menor relagio obtida nas equagdes de AWAcca. Caso uma delas inicialmente dé um niimero menor que 1, significa que a armadura jé calculada & flexo Acca, atende & fissuracdo e portanto naturalmente no precisa achar a outra relagdo. Nao se pode adotar uma relagdo menor que 1, 0 que significaria usar uma armadura inferior aquela calculada & flexio, atendendo aos requisitos do estado limite tltimo. Particularizando a verificagao da fissuragdo para ago CA-50, 0 valor de ay dado na equagio fica: 361x107 7 As equagdes de p, € Py/p, cate S40 a8 mesmas da fornulagao de Tepedino (1983), com 0 valor de ay atualizado pelas novas prescrigdes da NBR 6118/2003. Caleulo da tensio 64 no Estidio IL A tensiio de servigo Gy, foi calculada no item anterior com o valor aproximado dado por Tepedino (1983). Essa tenso serd calculada agora, segundo a NBR 6118/2003, ou seja, no estédio I. Para isso seja a figura 69, onde uma segdo transversal esti apresentada com sua armadura de compressio A’, © de tragdo As, assim como a profundidade da linha neutra no estédio II, xy. Figura 69 ~ Segio fissurada (estadio II) 96

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