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Introdução
Com o advento da Constituição Federal de 1988 surge uma nova perspectiva no Direito
Administrativo: a valorização das garantias fundamentais do cidadão e a imposição de limites
ao Poder Público na relação administrativa.
Nesse cenário, o processo administrativo passa a ser uma forma de limitar a atividade da
Administração Pública - e não somente uma limitação imposta ao cidadão como ocorria no
direito administrativo clássico- uma vez que esta deve atuar somente quando estiver de acordo
com os princípios constitucionais da Administração Pública, dentre os quais se destacam a
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, sem prejuízo dos princípios
implícitos, mas de relevante instrumentalidade nas relações sociais, a exemplo da
razoabilidade, proporcionalidade, legitimidade e interesse público. Acresça-se, ainda, que a
Emenda Constitucional no 45/04 acrescentou no rol do artigo 5º o princípio da razoável
duração do processo no âmbito da Administração Pública, o que denota uma preocupação do
legislador constitucional com a prestação célere e eficiente dos processos administrativos.
Sendo assim, o processo administrativo assume extrema importância ao se caracterizar como
um instrumento de garantia dos direitos dos administrados e de uma Administração justa,
eficiente, transparente e imparcial a objetivar a concretização e efetivação dos direitos
fundamentais do cidadão.
Os princípios administrativos têm como funções: (i) metodológica - por estarem abertos à
transformação dos valores e são metodologicamente transgressores; (ii) dinâmica - os
princípios que balizam o processo exercem um caráter dinâmico e possibilitam maior
elasticidade ao intérprete; (iii) mutação jurídica- os princípios possibilitam constante
adaptação do direito aos fatos sociais, políticos e econômicos.
Marco legal
Princípios
2.1 Princípio da legalidade
Para Hartmut Maurer [4] o princípio da legalidade é composto pela primazia da lei e
reserva da lei, ou seja, há a vinculação legal da Administração Pública. Para o autor, as
autoridades administrativas devem buscar nos casos concretos um fundamento e autorização
legal. Com tal execução das leis, o administrador estaria aplicando o direito. Em suma, a
Administração Pública alemã deve atuar em conformidade com a prescrição legal.
Destaque-se que há precedente no Egrégio Superior Tribunal de Justiça a amparar tal tese,
in verbis:
No caso em comento, o E. Tribunal entende que não houve adequada motivação, uma vez
que o §1º do art. 50 da lei 9784/99 não fora observado.
No entanto, a ausência do registro desse diploma não pode ser atribuída a recorrente, uma
vez que a morosidade fora do serviço público. Insta salientar que a recorrente preencheu
todos os requisitos legais para a nomeação e consequentemente posse do referido cargo.
Ademais, a autoridade coatora não considerou que o servidor público exercia tal
atividade há mais de vinte e cinco anos e nunca havia sofrido nenhuma punição disciplinar.
Houve, também, violação à necessidade de motivação dos atos administrativos disciplinares.
Assim, o E. Tribunal entendeu pela anulação da pena de demissão, para que seja aplicada
uma sanção menos grave, como fora feito com os demais servidores que participaram daquela
conduta.
Logo, é imposta aos servidores públicos responsáveis pelo processo uma conduta ética
baseada pela conformidade dos princípios da boa-fé e da probidade. Em suma, com base
nesse princípio a segurança fora denegada.
O Recurso especial nº 687947 [14] corrobora com tal tese, conforme ementa:
Frise-se que esse princípio da segurança jurídica está previsto nos artigos 2º e 54 da Lei
9784/99, que fixam o prazo decadencial de cinco anos para que o administrador público possa
anular os atos administrativos, contados da data em que foram praticados. Ora, o prazo de
decadência só pode incidir, de qualquer modo, para invalidação dos atos administrativos
praticados após a vigência da lei que o instituiu (120 dias da data da sua publicação, ou seja,
início de maio de 1999).
Vale salientar que estes princípios se incorporam ao princípio do devido processo legal.
Nesse sentido é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça [16]. Transcreva-se a
ementa:
No caso em tela, deve-se observar de forma que assegure a todos, no âmbito judicial e
administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação, conforme previsão do art. 5º, LXXII da CF e do art. 25 da Lei 10.177/98, in
verbis, artigo 25 - Os procedimentos serão impulsionados e instruídos de ofício, atendendo -
se à celeridade, economia, simplicidade e utilidade dos trâmites.
Os atos administrativos devem sempre perseguir uma finalidade, ou seja, qualquer ato
emanado pelo administrador público deve estar vinculado a uma finalidade, ou seja, esta
sempre será estabelecida em lei. Por essa razão, cite-se a supremacia do interesse público
como a primeira finalidade genérica de todos os atos administrativos. No entanto, nos casos
em que o processo administrativo utiliza fins específicos impróprios ou inadequados,
configurar-se-á desvio de finalidade. No âmbito da Lei 9784/1999, a interpretação da norma
tem como objetivo garantir o atendimento do fim público a que se destina. Desse modo, no
ato administrativo devem constar as razões que ensejaram sua expedição.
No que concerne ao processo administrativo alemão, Hartmut Maurer [20] elenca alguns
princípios norteadores deste processo, quais sejam:
Conclusão
Finda-se que o presente estudo visa elencar tais princípios norteadores do processo
administrativo brasileiro, sobretudo expostos na Lei 9.784/99, nos quais resta evidenciado a
importância da proteção dos direitos dos administrados e o melhor cumprimento dos fins da
Administração.
Referências bibliográficas
[8]MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17ª ed. São
Paulo: Malheiros Editores , 2004, pp. 841-842.