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Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Filosofia e Ciência Humanas


História - História da Arte
Prof.ª Daniela Queiroz Campos
Ana Carolina Silvério Jonsson

AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. São Paulo: Editora 34, 1998.

p. 13 - 14 A Semana de Arte Moderna de 1922, que a autora classifica como um


manifesto, é uma consequência direta do nacionalismo, dado ao término da
Primeira Guerra Mundial e a crescente industrialização do país e de São Paulo,
e as expectativas de um futuro grandioso e rejeição do passado. Em vista de um
Brasil crescendo e as comemorações do Centenário da Independência, um
grupo de jovens intelectuais formaram um grupo com o objetivo de quebrar
todas as regras que a criação artística, o que, eventualmente, apresentou para o
Brasil a pesquisa estética, a atualização da inteligência artística brasileira, a
estabilização da consciência de criação e o universalismo da expressão. Os
movimentos político-sociais que, a partir de 1922, abalariam o país estão
intrinsecamente relacionados à rejeição do passado, o que, por sua vez, realça a
importância da Semana.

p. 15 - 17 Os movimentos político-sociais e as agitações da década culminaram na


revolução de 30. Amaral (1998) afirma que apesar de a Semana não ter sido
“moderna” comparando com outros países na época, a intenção valeu: foi
chocante e a relevância dela ainda se mantém, apesar de críticos desvalorizarem
esse marco no meio artístico, tendo ela como um movimento elitista ou sem
repercussão, por ter acontecido em São Paulo. Apesar disso, a inquietação e o
desejo de mudança estavam presentes, e mesmo em São Paulo, a Semana de
Arte Moderna se tornou uma referência. Amaral (1998) argumenta que o
evento não poderia ter acontecido em outro lugar se não São Paulo, já que, no
século XX, a cidade se tornava a mais nova potência no Brasil.

p. 18 - 19 Apesar de “elitista”, o evento teve uma projeção muito além de seus objetivos
iniciais, seus propósitos foram espalhados ao redor do Brasil. Em São Paulo,
inauguraram-se novas escolas e pesquisas foram feitas acerca das culturas
indígenas e o folclore nacional, também se organizou o Departamento de
Cultura e da Biblioteca Municipal, ampliaram-se as fontes de informação com a
organização da Faculdade de Filosofia da USP, na década de 1930.

p. 160 Na Semana de Arte Moderna, participaram três escultores: Victor Brecheret,


Wilhelm Haarberg, e Hildegardo Leão Velloso, escultor que, até então, seguia
fielmente as orientações acadêmicas e cuja participação foi decidida
tardiamente. Amaral (1998) afirma que a seção da escultura evidenciava a
heterogeneidade das obras apresentadas, tanto na tendência, quanto na
qualidade, já que o que era considerado importante era quebrar as normas
impostas pela Academia.

p. 161 - 163 Sugere-se que Leão Velloso, que ao decorrer da Semana completou seus 23
anos, participou da Semana por influência de Ronald de Carvalho, porém, de
acordo com Amaral (1998), não se sabe quais foram as esculturas enviadas.
Haarberg apresentou quatro peças em madeira e somente uma peça dele,
denominada Mãe e filho, permaneceu como um documento histórico. Em 1923,
foi feita uma mostra dos “artistas alemães domiciliados no Brasil”, cujos
trabalhos e a própria presença de Haarberg gerou diversos elogios vindos de
Mário de Andrade. O título exposto por Haarberg foi Mãe e Filho, que Mário,
inclusive, adquiriu em sua coleção particular. Portanto, segundo a autora, a
Semana não alterou de imediato a fisionomia das exposições de São Paulo.

p. 164 - 166 Brecheret, devido seu conjunto de doze peças apresentadas na Semana de Arte
Moderna, foi exaltado por Oswald e Menotti, inserido até como personagem
em romances dos autores. Com formação europeia, o jovem escultor
ítalo-brasileiro chegou no Brasil e se tornou uma febre entre os modernistas.

p. 167 - 169 Eva, a obra de Brecheret, feita em Roma, trazida para o Brasil e atualmente, da
Municipalidade de São Paulo, é caracterizada, segundo Amaral (1998), por um
naturalismo com tendências para o impressionismo, devido o aproveitamento
do artista dos efeitos de luz e sombra, que se constituía como elemento
essencial em suas obras. As peças de Brecheret, apresentadas na Semana,
pertenceram ao período de transição do artista, em seus dois anos no Brasil,
onde ele se modernizou, impulsionado pelo entusiasmo por novidade de São
Paulo.

p. 170 - 171 Diversas peças dessa fase de transição, apresentadas na Semana de Arte
Moderna, já estavam prontas em 1920. Algumas delas, como O ídolo,
apresentam resquícios de uma inspiração internacionalista de estilização, que,
de acordo com Amaral (1998), também pode ser vista em Mestrovic. Essas
estilizações presentes em seus trabalhos abriram uma nova e longa fase de
desenvolvimento de suas obras desenvolvidas em Paris.

p. 171 - 172 Em 1951, acerca de sua exposição no Theatro Municipal, a maior representação
individual da Semana, Anita Malfatti disse que tudo no evento era
revolucionário e diferente. A revolução em questão seria a quebra desses
padrões consagrados da arte acadêmica. Malfatti apresentou doze telas a óleo e
oito peças entre gravuras e desenhos, algumas dessas já apresentadas em 1917.
Amaral (1998) sugere que isso tenha acontecido devido às críticas de Monteiro
Lobato.

p. 173 - 174 As cores descompromissadas, o seu traço-pincelada, e outras características das


obras de Malfatti abalaram o público de 1922, tanto quanto haviam abalado em
1917.

p. 175 - 177 Di Cavalcanti, que idealizou a Semana de Arte Moderna, iniciou-se como um
ilustrador, o que o evidenciou, e um caricaturista, porém também era um
jornalista e escritor. Di Cavalcanti já havia exposto obras três vezes em São
Paulo durante o período de 1917 a 1922. Em suas obras, ele usava e
experimentava diversos materiais. Amaral (1998) afirma que Di Cavalcanti
representava a inquietação do momento.

p. 178 - 180 Outros artistas que se apresentaram na Semana foi Zina Aita e Vicente do Rêgo
Monteiro, porém, as obras expostas estão indisponíveis. Zina Aita, que estudou
em Florença, enviou sete obras para a exposição, que atualmente, só se tem
conhecimento de seu pastel Trabalhadores. Utilizando técnicas
pós-impressionistas, Aita foi considerada por Yan de Almeida Prado como a
melhor da mostra em pintura. Apesar disso, sua presença no meio artístico se
limitou a Semana.
p. 181 - 183 Rêgo Monteiro que em 1922 se encontrava na França, por meio de Ronald de
Carvalho, enviou seus dez trabalhos, que havia feito no Brasil em 1914, à
Semana da Arte Moderna, sendo eles três retratos, Cabeças de negras, Baile no
Assyrio, Cabeça verde, além de quatro outros. Assim como Di Cavalcanti, o
artista buscava por inovação, sendo ele, inclusive, um dos primeiros
modernistas a trazer a temática brasileira em suas obras. Outros artistas que se
apresentaram foram Ferrignac e Ignácio da Costa Ferreira.

p. 184 - 186 Yan de Almeira Prado, que participou da Semana “por pura troça”, colaborou
com Paim Vieira, ilustrador, e fizeram dois trabalhos para mostra, um deles era
uma figura com manchas e riscos pretos, unindo diversos planos, com
pequenos traços brancos paralelos. Os trabalhos expostos, infelizmente, foram
perdidos, impossibilitando o comentário sobre eles.

p. 187 - 189 O pintor suiço John Graz, que recém havia chegado ao Brasil após estudar um
período na Espanha, se juntou aos modernistas e apresentou oito quadros a
óleo, feitos na Espanha, na Semana. Apesar de críticas, fora considerado, junto
com Anita Malfatti e Vicente do Rêgo Monteiro, um dos pintores mais
interessantes da mostra.

p. 190 - 191 Conclui-se que a exposição da Semana de Arte Moderna, um manifesto de


rebeldia cultural, se necessário defini-la, seria pós-impressionista, ao invés de
futurista, como fora rotulada, já que diversas das obras expostas eram de
tendência pós-impressionista. Independente de rótulos, o evento se tornou um
marco na história do Brasil.

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