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Resumo: Uma torre de arrefecimento resfria a água fazendo-a entrar em contato com o ar resultando na evaporação de parte dessa
água. Na maioria das torres um ou mais propulsores ou ventiladores centrífugos movimentam o ar verticalmente para cima ou
horizontalmente, através delas. Proporciona-se uma grande área superficial de água pela pulverização através de ejetores ou fazendo
a água descer a torre de prateleira em prateleira ( ou chicanas). Num grande número de aplicações industriais, o calor de processo é
removido usando torres de arrefecimento, nas quais a água quente da instalação é continuamente recirculada para ser resfriada
usando o princípio do resfriamento evaporativo. O tipo mais comum de torre de arrefecimento, é aquele em que a temperatura da
água circulante é reduzida colocando-a em contato direto com o ar. Tais torres são chamadas torres de arrefecimento úmidas: o
arrefecimento é obtido parcialmente pela evaporação de uma fração da água de circulação e parcialmente pela transferência de calor
sensível. Como as torres geralmente estão separadas da instalação principal, elas são normalmente ignoradas até que uma crise
ocorra. Muita atenção tem sido dada ao seu projeto atualmente, para assegurar um desempenho efetivo. Para se resfriar uma mesma
quantidade de água, pode-se gastar menos energia na torre, sendo que um dos itens que mais influenciam é o tipo de enchimento
escolhido. Os enchimentos possuem diferentes áreas de troca térmica por unidade volumétrica , implicando em demandas de ar
menores para o mesmo resfriamento, tendo como conseqüência menor trabalho para os ventiladores já que ele que impelirá a
quantidade de ar exigida pelas condições específicas de uma operação a um menor custo. A situação física dentro de uma torre de
arrefecimento é muito complexa ( filmes e gotas de água no ar estão em constantes modificações de configuração. Não existe um
modelo matemático, até a presente data, que seja capaz de simular todos os detalhes do processo de transferência simultânea de calor
e massa que ocorre dentro da torre. Este artigo analisa o funcionamento de uma torre de resfriamento em operação, identifica o
consumo de energia elétrica no sistema em uso e propõe alterações em alguns parâmetros de torre que levem a um menor consumo
de energia para os acionadores dos ventiladores.
1. Introdução
Decorridos apenas 90 anos de sua primeira aplicação, as torres de resfriamento representam hoje um item
importante e às vezes até essencial à maioria dos processos industriais, que de um modo ou de outro, apresentam
transferências de calor: ar condicionado, resfriamento de reatores químicos, usinas termelétricas, etc. Só no Brasil, hoje,
temos quase uma dezena de fabricantes, que atendem a pedidos que vão desde a torre de resfriamento da refinaria de
Cubatão, para 120.000 m³/h até os pequenos modelos de 8 m³ /h , para pronta entrega. Depreende-se daí a importância
efetiva das torres de resfriamento.
Basicamente, as torres de resfriamento visam transferir ao ar o calor residual dos processos industriais, evitando
inicialmente a poluição térmica e química dos cursos d'água e, em segundo lugar, possibilitando usar a mesma água em
um ciclo quase fechado, economizando o líquido, que pode ser convenientemente tratado, a um custo menor.
Para se ter uma idéia da grande quantidade de calor que “sobra” nas indústrias, basta lembrar que uma moderna
turbina de vapor tem uma eficiência térmica de 40%, ou seja, mais da metade do combustível (ou energia térmica) sai
como calor sensível. Em uma termoelétrica de 800 MW, isso significa aproximadamente 1,032 x 109 kcal/h a ser
dissipado.
Uma torre de resfriamento de água é um equipamento de operação contínua que utiliza-se de transferência de
massa e energia para resfriar a água. Como essas transferências se processam através de superfícies, conclui-se que em
uma torre de resfriamento deseja-se sempre a formação máxima de superfícies de água expostas ao ar, o que é
conseguido através de: (a) borrifamento - para produzir gotículas; (b) enchimento: criam um filme ou gotas devido ao
efeito do respingo.
O enchimento de uma torre deve ser de baixo custo e de fácil instalação, devendo ainda promover uma quantidade
adequada de transferência de calor, apresentar baixa resistência ao fluxo do ar e manter uma distribuição uniforme da
água e do ar durante toda a vida útil do equipamento. Ele é classificado em dois tipos: (a) tipo respingo - exclusivo no
uso em torre industrial, e encontrado também em outros tipos de torre; consiste de diferentes arranjos, dependendo do
projeto da torre e do fabricante, conforme mostra a Fig. (1); (b) tipo filme - mais indicado para unidades compactas ou
pequenas torres comerciais, semelhantes ao da Fig. (2
(a) (b)
Figura 1. Enchimento tipo respingo: (a) barras de PVC; (b) barras de madeira
Os diferentes tipos de enchimento, ocasionam diferentes perdas de carga do ar movimentado pelos ventiladores,
aumentando ou diminuindo a potência elétrica necessária para o motor de acionamento.
Este trabalho estuda o desempenho dos vários enchimentos e quantifica a economia de energia elétrica quando
substituímos um tipo por outro.
A teoria básica de operação de torres de resfriamento foi primeiro proposto por Walker et al. (1923), que
desenvolveram as equações básicas para a transferência total de massa e energia e consideram cada processo
separadamente. Merkel (1925), combina os coeficientes de transferência de calor sensível e massa num único
coeficiente global, baseado no potencial entálpico como força motora. A teoria proposta por Merkel requer algumas
hipóteses simplificadoras, que têm sido universalmente adotadas para o cálculo do desempenho de uma torre de
arrefecimento.
O importante na operação de uma torre e a determinação da característica da torre KaV / L, que os métodos acima
fornecem como a integração de um parâmetro característico. Como o potencial entálpico é considerada a força motora
na transferência de calor e massa, a função a ser integrada deve necessariamente envolver tal parâmetro. Assim das
considerações de Merkel,
t wi
∫
KaV cwdt w
= (1)
L is' −ia
t wo
i2
∫
KaV dia
= (2)
G '
is −ia
i1
onde
- K : coeficiente de transferência de massa (kg.h-1.m-2(kgw/kga)-1)
- a : área superficial da gota de água por unidade de volume da torre (m2.m-3)
- V : volume ativo da torre por unidade de área plana (m3.m-2)
- L : carga (fluxo) de água (kg.h-1.m-2)
- G : carga de ar ( kg.h-1.m-2)
- cw : calor específico da água líquida (kJ.kg-1.°C-1)
- tw : temperatura da água líquida (°C)
- i's : entalpia específica do ar úmido saturado na temperatura da água tw (kJ.kgda-1)
- ia : entalpia do ar úmido (kJ.kg-1)
- i : entalpia (kJ.kg-1)
- t : temperatura (°C)
subscritos
- wi : entrada da água
- wo : saída da água
- 1 : condição de entrada do ar
- 2 : condição de saída do ar
O CTI - Cooling Tower Institute, sugere o método de Tchebycheff para a avaliação numérica de KaV / L (CTI
Bulletin ATP-105, 1967), porém adota-se um método de integração por partes, que divide a torre em "n" partes, e
maiores valores de "n" proporcionam uma precisão cada vez maior. O método de Tchebycheff divide a torre em 6 (seis)
partes, por isso a escolha.
Analisa-se uma torre de contra fluxo, resolvida como um problema uni-dimensional, assumindo-se que o padrão
de escoamento é vertical, com o ar escoando de forma descendente na torre e o ar escoando de forma ascendente.
A Figura (1) mostra o esquema para a análise térmica da torre de resfriamento.
KaV
L
= 0,07 + A( ND ) L (G )
−n
(3)
onde ND é o número de prateleiras e A e n são constantes para qualquer matriz dada. A Tabela (1) mostra os valores de
A e n relacionados com as geometrias dos diferentes arranjos de enchimento.
Conhecendo-se o número de prateleiras, ND, e o espaço vertical de cada prateleira, fornecido na Tab.(2), a altura
total do enchimento PH da torre é calculada usando a seguinte equação:
PH = NDxespaço.vertical (4)
Tabela 2- Valores de espaço vertical e de B e C na equação da perda de carga ( Fonte: Mohiuddin, 1996)
Deck Espaço vertical das Queda livre vertical, B x 1011 C x 1016
prateleiras, mm mm (m5h2kg-2) (m6.5h3kg-3)
A 229 914 0,3622632 0,4348
B 305 1219 0,3622632 0,4348
C 381 1143 0,426192 0,55338
D 610 1829 0,426192 0,55338
E 610 1509 0,639288 0,5929
F 610 2783 0,277025 0,77669
G 610 2088 0,426192 0,395272
H 610 1109 0,799110 1,0277
I 610 1372 0,5540496 0,632435
J 610 2088 0,426192 0,395272
Uma aproximação diferente é usada para o enchimento de segundo tipo. A altura do enchimento é calculada
diretamente usando os dados de Lowe e Christie (1961), que representam adequadamente o coeficiente do volume de
transferência (Ka/L) por uma equação da forma
Ka
L
(G )
=λ L
−m
(5)
Q.∆P
N= (6)
3600.75.η
onde:
N = potência do motor elétrico (cv)
Q = vazão de ar (m3/h)
∆P = perda de carga (kgf/m2)
η = rendimento do motor
O valor de ∆P para o enchimento tipo respingo é dado por
∆Pa = ( ND )
1,0812
ρ1
[BG 2
+ CLve2 H f ] (7)
∆Pa
C4 = (10)
v12
2g
Para o enchimento tipo filme, a perda de carga é obtida de
onde ∆Pv é o número da perda de pressão dinâmica por unidade de profundidade tirado da Tab.(3) e PH é a altura do
enchimento (m)
3. Resultados
Um programa de computador, usando programação DELPHI, faz a integração por partes para o cálculo da
característica da torre em estudo. As entalpias envolvidas e as demais equações são encontradas utilizando-se do
software EES (Engineering Equation Solver), os resultados obtidos para a potência do motor para diferentes tipos de
enchimento são mostrados na Tab. (4). Do programa DELPHI tiramos o valor da característica da torre e o número de
prateleiras para, em conjunto com as tabelas correspondentes encontrarmos os valores da potência elétrica dos motores
acionadores do ventilador para os diferentes tipos de enchimento, como mostrado na Tab. (4).
Tabela 4. Valores do consumo de energia elétrica para os diferentes enchimentos e o potencial de economia pela
substituição pelo modelo PN7
4. Comentários
Na investigação do potencial de economia de energia, somente pela substituição do tipo de enchimento - respingo
por filme - foram encontrados valores satisfatórios. Estabeleceu-se a comparação com o tipo PN7 , por ser O mais
usual, com menores custos de instalação. Assim podemos notar economias de energia que variam de 6 a 50%., com
maior concentração de valores em torno de 23%, como encontrado em comparações anteriores.
Esse potencial de economia de energia elétrica pode ser melhor quantificado se uma análise econômica é feita e, se
também verificarmos outros parâmetros.
Estimou-se a economia para o ventilador situado no topo da torre, o que ocasiona uma aspiração da corrente de ar
em contra-corrente com a água a ser resfriada. Cabe aqui estudar outras posições para a localização do ventilador, e
quantificar o decréscimo no consumo.
Estudos posteriores, que levam em conta o custo da instalação de cada tipo de enchimento, viriam a aperfeiçoar
essa estatística de economia.
5. Agradecimentos
Agradecemos ao CNPq, que através da bolsa PIBIC, proporcionou o necessário suporte financeiro para a execução
deste trabalho de pesquisa.
6. Referências
Baker, D.R.,1984,"Coooling Tower Performance", Chemical Publishing Co., New York, pp.122-133.
Baker, D.R., Shyrock, H.A., 1961, ”A Comprehensive Approach to the Analysis of Cooling Tower Performance”,
Trans.ASME Journal of Heat Transfer, v.83, pp.339-350.
CTI - Cooling Tower Institute, 1967, "Cooling Tower Performance Curves", compiled by Performance & Technology
Committee of CTI.
Lowe, H.J., Christie, D.G., 1961, Heat Transfer and Performance of Cooling Tower Packings and Model Studies of the
Resistance of Natural-draught Towers to Airflow, Proc. Int Heat Transfer Conf., Colorado, Part V, Paper No.113,
pp.933-950.
Merkel, F., 1925, Verdunstungskühlung VDI, Forschungsarbeitten No.275, in: : Kern,D.Q., "Process Heat Transfer",
McGraw-Hill Book Company,Inc.
Mohiuddin, A.K.M., Kant, K., 1996, "Knowledge Base for the Systematic Design of Wet Cooling Towers, Part.I:
Selection and Tower Characteristics", Int J Refrigeration, v.19, No.1, pp.43-51.
Mohiuddin, A.K.M., Kant, K., 1996, "Knowledge Base for the Systematic Design of Wet Cooling Towers, Part.II: Fill
and Other Design Parameters", Int J Refrigeration, v.19, No.1, pp.52-60.
Walker, W.H., Lewis, W.K., McAdams, W.H., Gilliland, E.R., 1923, "Principles of Chemical Engineering, 3rd. Mc
Graw-Hill, New York, in: Kern,D.Q., "Process Heat Transfer", McGraw-Hill Book Company,Inc.
7. Copyright Notice
The author is the only responsible for the printed material included in his paper.
Abstract: A cooling tower make a cold water to enter in contact with the air resulting in the evaporation of part of that water. In
most of the towers one or more propellers or centrifugal fans move the air upward or in crossflow through them. A great superficial
area of water is provided spraying the water by ejectors or making the water to go down the packing tower in decks (or chicanes).
In a great number of industrial applications, the process heat is removed using cooling towers, in which the hot water of the
installation is continually recirculated and cool using the evaporative cooling principle. In the most common type of cooling tower
the temperature of the circulating water is reduced placing it in direct contact with the air. Such towers are called wet towers : the
cooling is obtained partially by the evaporation of a fraction of thecirculation water and partially for the transfer of sensitive heat.
As the towers are usually separate from the main installation, they are usually unknown until that a crisis happens. A lot of attention
has been given now to your project, to assure an effective operation. To cooling a same amount of water, the less consumption of
energy in the tower is possible, and one of the items responsible by this consumption is the type of packing. The packings provide
different areas of thermal exchange by unit of volume, implicating in demands of air smaller for the same cooling, and by
consequence smaller work is provided for the fans to impel the amount of air demanded by the specific conditions by an operation at
a smaller cost. The physical situation inside a cooling tower is very complex (films and drops of water in the air are in constant
configuration exchanges). There are not a mathematical model that is capable to simulate all the details of the process of
simultaneous transfer of heat and mass that happens inside the tower. This article analyzes the operation of a cooling tower and
identifies the electric power consumption in the system in use and proposes exchanges in some tower parameters that leave to a
smaller consumption of energy in the fans drivers.