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INTRODUÇÃO

Neste trabalho iremos abordar sobre um tema pertinente no seio juridico que é a
Constituição, sobre a mesma iremos dissertar sobre o conceito, estrutura e funcão da
constituição.

No seu conceito abordaremos sobre a visão de vários autores e doutrinadores que


interviram no processo do nascimento e desenvolvimentos da mesma, também iremos
falar sobre a sua extrutura, tipos de constituição e fazer uma passam pela nossa
realidade constitucional angolana. Em suma iremos entrar a fundo neste tema com a
finalidade de sanar as dúvidas existentes sobre a mesma.

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CONSTITUIÇÃO

 A Constituição é a lei fundamental de um País, ela estabelece os princípios básicos do


ordenamento jurídico, contém as normas relativas  à formação dos poderes públicos,
forma de governo, distribuição das competências, direitos e deveres dos cidadãos.
Nenhuma outra lei no país pode entrar em conflito com a Constituição.

Nos países democráticos, a Constituição é elaborada por uma Assembleia Constituinte


(pertencente ao poder legislativo), eleita pelo povo. A Constituição pode receber
emendas e reformas, porém elas possuem também as cláusulas pétreas (conteúdos
que não podem ser abolidos).

CONCEITO DE CONSTITUCIONAL

A Constituição é a “lei fundamental” do Estado. Todas as normas do ordenamento


jurídico devem ser compatíveis com a Constituição, sob pena de serem consideradas
inválidas, inconstitucionais.

Entretanto a Constituição, na área da política, entende se ser o conjunto de normas


fundamentais de um Estado soberano, normas estas materializadas sob a forma de
um texto, o qual regula os direitos e as garantias dos cidadãos e a organização política
de um Estado.

O Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judicial, por conseguinte, actuam de


acordo com os parâmetros estabelecidos pela Constituição. Isto significa que a Carta
Magna (que é outra denominação para Constituição) garante as liberdades e os
direitos do povo.

A violação da Constituição representa um golpe à vida democrática de um país. Por


isso, as ditaduras tendem a tomar a abolição da Constituição como uma das suas
primeiras medidas.

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A caracteristica da Constituição, essencialmente:

 Regula a natureza, a amplitude e o exercício dos poderes do Estado;


 Institui os direitos básicos dos cidadãos;
 Define as instituições essenciais ao Estado e fixa as suas competências;
 Define os métodos de escolha dos governantes.

O Direito Constitucional é o ramo do direito público que analisa as leis fundamentais


que definem o Estado e que regem a forma de governo. Por fim, também se chama
constituição ao conjunto de caracteres morfológicos, congénitos, fisiológicos e
psicológicos de um indivíduo.

Na visão de Carl Schmitt, a Constituição reflete a decisão política fundamental de um


Estado, ou seja, é ela que define os seus elementos constitutivos essenciais. É a
Constituição, afinal, responsável por organizar o Estado e os Poderes e estabelecer os
direitos fundamentais.

Nessa linha, o Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que estuda a


Constituição política de um Estado, sistematizando e interpretando as normas gerais
de organização dos poderes, de organização do Estado e os direitos fundamentais.

São marcos históricos importantes do constitucionalismo moderno a Constituição dos


EUA (1787) e a Constituição da França (1791). Esses primeiros textos constitucionais
surgiram com o objetivo de limitar o poder estatal, ou seja, tiveram forte viés liberal.

Nessa perspectiva, citamos o Prof. Gomes Canotilho, para quem “o constitucionalismo


moderno representa uma técnica específica de limitação do poder, com fins
garantísticos”.

Também vale destacar o que disse Thomas Paine: “uma constituição não é um ato de
governo, mas de um povo constituindo um governo. Governo sem constituição é
poder sem direito“.

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O DIREITO CONSTITUCIONAL E OS SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO

Não há consenso doutrinário sobre o conceito de Constituição.

Ao contrário, a doutrina aponta diferentes sentidos de Constituição: sentido


sociológico, sentido político, sentido jurídico e sentido cultural.

No sentido sociológico, defendido por Ferdinand Lassale, a Constituição é a soma dos


fatores reais de poder que vigoram na sociedade. Em outras palavras, ela é um reflexo
das relações de poder que existem no âmbito do Estado. Não se confunde com a
Constituição escrita, que é considerada uma “mera folha de papel“.

No sentido político, preconizado por Carl Schmitt, a Constituição é a decisão política


fundamental. Assim, pode ser definida como o conjunto de normas que visa estruturar
e organizar os elementos essenciais do Estado.

Schmitt distingue Constituição de leis constitucionais. A primeira, segundo ele, dispõe


apenas sobre matérias de grande relevância, como organização do Estado, por
exemplo. As segundas, por sua vez, são normas que fazem parte formalmente do texto
constitucional, mas que tratam de assuntos de menor importância.

No sentido jurídico, defendido por Kelsen, a Constituição é norma jurídica pura, sem
qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. Para Kelsen, a
Constituição não retira o seu fundamento de validade dos fatores reais de poder. Sua
validade não se apoia na realidade social do Estado.

Por fim, no sentido cultural, o Direito é produto da atividade humana e, portanto, deve
ser visto como um objeto cultural. Nessa linha, a Constituição abrange todos os
aspectos da vida da sociedade e do Estado, sendo uma combinação de todas as
concepções anteriores (sociológica, política e jurídica). Chega-se, então, ao conceito de
“Constituição total“.

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Princípios Fundamentais são os valores que orientaram o Poder Constituinte Originário
na elaboração da Constituição, ou seja, são suas escolhas políticas fundamentais.

Todo Estado irá se organizar com base em alguns princípios fundamentais. Esses


princípios funcionam como diretrizes que norteiam a ação estatal e que orientam a
interpretação de todo o ordenamento jurídico.

O Estado angolano também buscou se organizar conforme alguns princípios


fundamentais, os quais aparecem nos art. 2º na alinea 1 da CRA “A República de
Angola é um Estado democrárico de direitoque tem como fundamentos a soberania
popular, o primado da constituição e da lei, a separação de poderes e
interdependência de funções, a unidade nacional, o pluralismo de expressão e de
organização política e a democracia representativa e participativa”

Na doutrina jurídica constitucional, estabelece-se alguns conceitos de Constituição.


Podemos citar, dentre eles, os seguintes:

1. Conceito Sociológico de Constituição

Tendo por expoente o professor polonês Ferdinand Lassalle, que o expôs em sua


obra “A Essência da Constituição”, o conceito sociológico de constituição enuncia
que a constituição formal, positivada pelo Estado, deve refletir a constituição real, ou
seja, os fatores reais de poder, sendo o somatório e espelho das forças econômicas,
sociais e políticas da sociedade, sob pena de se tornar uma mera “folha de papel”.

2. Conceito Jurídico de Constituição

Existem ao menos dois autores que adotam o conceito jurídico de  constituição, são
eles:

Konrad Hesse e Hans Kelsen.

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Segundo Konrad Hesse, a constituição tem uma forma normativa própria, uma “vida
própria”, de modo que as normas jurídicas teriam a capacidade de criar e/ou moldar
um comportamento social, estabelecendo um dever ser, fenômeno que é
denominado de Força Normativa de Constituição, nome que também intitula o livro
do respectivo autor.

Já segundo Hans Kelsen, autor que, em seu livro Teoria Pura do Direito, conferiu
grande cientificidade ao Direito, elevando-lhe ao status de outras ciências tais como
a Medicina, etc., existiriam dois mundos distintos: o mundo o ser e o mundo
do dever ser. Segundo Kelsen, o mundo do ser reflete a realidade, a natureza, as
coisas como elas são, ao passo que o mundo do dever ser reflete a norma jurídica, a
vontade racional, as coisas como elas devem ser. O mundo do ser é descritivo
(descreve uma realidade existente), enquanto que o mundo do dever ser é
prescritivo (prescreve, estabelece uma realidade ideal).

Kelsen estabelece, ainda, dois conceitos de Constituição:

1) Constituição no sentido jurídico-positivo: é aquela Constituição que assim


chamamos formalmente, ou seja, aquele texto compilado como conhecemos
e que, no Brasil, é a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e
reúne preâmbulo, corpo e ADCT( Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias) , com vários artigos, incisos, alíneas, etc.;

2) Constituição no sentido lógico-jurídico: é a Constituição como norma


hipotética-fundamental, consistente no dogma exterior ao ordenamento
jurídico – e, portanto, exterior à própria Constituição em seu sentido jurídico-
positivo – que confere validade a toda cadeia de normas a ela inferiores,
habitualmente expressadas como estando dentro de uma “pirâmide” que
contém, as leis, os decretos, os atos normativos, etc.

Para exemplificar, a Constituição no sentido jurídico-positivo seria como a Bíblia, que


reúne livros que estabelecem normas escritas de conduta e convívio social, ao passo

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que a Constituição no sentido lógico-jurídico seria a “fé”, ou seja, a ideia dogmática e
não escrita de que é necessário seguir as normas escritas (Bíblia).

3. Conceito Político de Constituição

Carl Schmitt estabelece o conceito político de constituição, segundo o qual


a constituição é uma decisão política fundamental. Segundo Schmitt, a Constituição é
a decisão política que resulta das forças políticas mais importantes da sociedade.

Para Carl Schmitt, a Constituição deve tratar apenas da estrutura do Estado, da forma


de governo e dos direitos fundamentais, mas, reconhece, algumas outras matérias
comumente são inseridas nos textos constitucionais sem que tenham essência
de Constituição.

Todas essas matérias atípicas inseridas na constituição jurídica são chamadas de leis


constitucionais. As leis constitucionais, então, são precisamente as normas que se
encontram no texto de uma Constituição, mas que nada têm a ver com a estrutura
do Estado, a forma de governo e os direitos fundamentais. Estabelece-se, então,
a diferença entre constituição formal e constituição material.

4. Conceito Culturalista de Constituição

Segundo o conceito culturalista de constituição, a constituição é a expressão da


cultura total (linguagem, dialetos, práticas religiosas, crenças, costumes, valores,
etc.) de um dado momento histórico. A constituição, então, seria a formação
objetiva/jurídica da cultura de um povo em dado momento histórico.

5. Conceito Aberto de Constituição – Constituição Aberta

Segundo José Joaquim Gomes Canotilho, a Constituição é um projeto, é um dever


ser, é aberta e mutável adaptada ao tempo e deve ter acurácia na resolução de

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desafios. Segundo o autor, em sua obra “Constituição Dirigente e Vinculação do
Legislador”, toda Constituição deve, como o nome sugere, dirigir o legislador, ou
seja, vincular o legislador à missão de vencer os desafios de cada momento histórico.

Já segundo o autor Peter Häberle, em sua obra “Hermenêutica Constitucional e


Sociedade Aberta dos Intérpretes da Constituição”, a Constituição não se dirige a ser
interpretada apenas pelos operadores do Direito, mas sim por todos os membros da
sociedade. Para o autor, toda a sociedade interpreta a Constituição e, por vezes, cria
vinculações até mesmo emocionais com os comandos constitucionais, como, por
exemplo, uma norma de proteção ao idoso, ao trabalho, etc.

6. Conceito Simbólico de Constituição – Constituição Simbólica

De acordo com o autor Marcelo Neves, a Constituição Brasileira é um símbolo. Há,


nela, um rol extenso de comandos e de direitos fundamentais, mas, diante da
insuficiente concretização de suas normas, a Constituição Brasileira assume uma
função hipertroficamente (“muito”) simbólica.

O caráter simbólico da Constituição, então, teria três aspectos distintos:


1) Configurar valores sociais;
2) Demonstrar a capacidade de ação do Estado;
3) Adiar a solução de problemas por meio de compromissos dilatórios.

Assim, por exemplo, a CRA, ao estabelecer, em seu art. 35º, 3, que diz que “O
homem e a mulher são iguais no seio da família, da sociedade e do Estado, gozando
dos mesmos direitos e cabendo-lhes os mesmos deveres.”, assume, na verdade, uma
função simbólica de configurar o valor social e a meta da igualdade entre os gêneros,
mesmo sabendo-se que, na prática, ainda há discriminações entre ambos, sobretudo
no mercado de trabalho.

Por outro lado, a Constituição do Brasil, ao estabelecer, em seu art. 17, III, a


necessidade de prestação de contas dos partidos políticos à Justiça Eleitoral,

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pretenderia somente demonstrar a capacidade de ação fiscalizatória do Estado, o
que se afigura simbólico atualmente, já que é sabido que, hoje, o Estado brasileiro
ainda não tem estrutura suficiente para desempenhar satisfatoriamente tal função.

Por fim, a Constituição Federal de 1988, ao estabelecer, em seu art. 196 e seguintes,


o direito à saúde, na verdade está adiando a solução de problemas por meio de
compromissos futuros e dilatórios, já que é sabido e consabido que o Sistema Único
de Saúde – SUS está em péssimas condições.

Teorias Explicativas:

 Constituição Aberta: Tem por obejtivo permanecer atual dentro do seu tempo
e evitar a perda da sua força normativa. A abertura da Constituição está
intimamente ligada ao fenômeno da mutação constitucional, compreendido
como a mudança da mentalidade social e política capaz de gerar reflexos na
ordem jurídica.

Na mutação constitucional ocorre um confronto entre a literalidade da Constituição


rígida e as mudanças da realidade da vida, ensejando uma acomodação das regras
constitucionais aos novos padrões de cultura e civilização.

 Constituição Dúctil ou Suave (Gustavo Zagrebelsky) aquela que não predefine


ou impõe uma forma ou projeto de vida, mas sim deve criar condições para o
exercício dos mais variados projetos de vida, sendo um espelho que reflita o
pluralismo ideológico, moral, político e econômico existente nas sociedades.
 Constituição em branco é a que não veicula limitações explícitas ao poder de
reforma.

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 Constituição Semântica (Karl Loewenstein) dentro da classificação ontológica é
aquela que está a serviço das classes dominantes, legitimando práticas
autoritárias de poder.

 Constituição Simbólica (Marcelo Neves) é definida como aquela em que há


predomínio ou hipertrofia da função simbólica (essencialmente político-
ideológica) em detrimento da função jurídico-instrumental (de caráter
normativo-jurídico).

 Neoconstitucionalismo ou Constituição Principiológica e Judicialista:


importância crucial dos direitos fundamentais, incluindo os sociais, limitando a
liberdade do legislador e impondo sua implementação; centralidade dos
princípios constitucionais que se multiplicam e adquirem relevância prática e
aplicabilidade imediata, desde que sejam adotados métodos de interpretação
abertos, evolutivos e desvinculados da textualidade das regras, em particular a
ponderação de princípios e/ou valores; importância do Poder Judiciário que se
torna protagonista da Constituição de 1988, em razão da ampliação e da
intensificação do controle de constitucionalidade e da incumbência de
implementar o projeto constitucional mediante aplicação de métodos
“abertos” de interpretação.

 Constituição Chapa-Branca: Tutelar interesses e privilégios dos dirigentes do


setor público; assegurar posições de poder a corporações e organismos estatais
ou paraestatais; o núcleo duro do texto preserva interesses corporativos do
setor público e estabelece formas de distribuição e de apropriação dos recursos
públicos entre vários grupos.

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 Constituição Ubíqua: (Daniel Sarmento) A referência a normas e valores
constitucionais é um elemento onipresente no direito brasileiro pós-1988. Essa
“panconstitucionalização” deve-se ao caráter detalhista da Constituição, que
incorporou uma infinidade de valores substanciais, princípios abstratos e
normas concretas em seu programa normativo.

 Constituição Liberal-Patrimonialista: objetiva preponderantemente garantir os


direitos individuais, preservando fortes garantias ao direito de propriedade e
procurando limitar a intervenção estatal na economia.

 Constituição Dirigente-Transformadora: impõe ao legislador programas de


ação normativamente densos e juridicamente vinculantes, limitando
drasticamente sua discricionariedade jurídica e política; impõe um programa de
transformação social baseado nos eixos de melhoria das condições de vida das
classes populares, diminuição das desigualdades regionais e fortalecimento da
economia nacional; é crucial o papel do Estado como planejador, propulsor e
executor dos programas de desenvolvimento social no sentido indicado.
Destinatários principais dos imperativos desenvolvimentistas são o Legislativo e
o Executivo.

CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

QUANTO A ORIGEM

 Outorgada é a Contituição imposta de maneira unilateral, pelo agente


revolucionário que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar.
Ex: 1824 Imperial, 1937 Era Vargas, 1967 Ditadura Militar.

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 Promulgada, também chamada de dmeocrática, votada ou popular é aquela
fruto da Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, para
em nome dele atuar, nascendo da deliberação da representação legítima
popular. Ex: 1891 República, 1934 Social, 1946 e a atual de 1988.

 Cesarista é aquela fomada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado


por um Imperador ou um Ditador. A participação popular não é democrática,
pois visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder.

 Pactuada surge através de um pacto, o poder constituinte originário se


concentra nas mãos de mais de um titular. Foi bastante difundida nas
monarquias da Idade média, quando o poder estatal aparecia cindido entre o
monarca e as ordens privilegiadas. Ex: Magna Carta de 1215 que os barões
inleses obrigaram João Sem Terra a jurar.

QUANTO À EXTENSÃO

 Sintéticas: são enxutas, veiculam apenas princípios fundamentais e estruturais


do Estado, Não descem a minúcias, motivo pelo o qual são mais duradouras.
Ex: americana.

 Analíticas: abordam todos os assuntos que os representantes do povo


entenderem fundamentais, possui minúcias, estabelecendo regras que
deveriam estar em leis infraconstitucionais. Ex: Constituição de 88.

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QUANTO AO CONTEÚDO:

 Material: será o texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do


Estado, a organização dos seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais. Ex:
Constituição Imperial de 1824.

 Formal: elege como critério o processo de sua formação, e não o conteúdo de


suas normas. Assim, qualquer regra nela contida terá o caráter de
constitucional. Ex: Constituição de 88.

QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO

 Dogmáticas: sempre escritas, consubstânciam os dogmas estruturais e


fundamentais do Estado ou, partem de teorias preconcebidas, de planos e
sistemas prévios, de ideologias bem declaradas, de dogmas políticos, de valores
predominantes em determinado momento histórico. Ex: Constituição de 88.

 Históricas: constituem-se através de um lento e contínuo processo de


formação ao longo do tempo, reunindo a história e as tradições de um povo.
Aproximam-se da costumeira. Ex: inglesa.

QUANTO À ALTERABILIDADE

 Rígidas: são aquelas que exigem, para a sua alteração um processo legislativo
mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das
normas não constitucionais. Ex: Constituição de 88.

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 Flexíveis: não possuem um processo legislativo de alteração amis dificultoso do
que o processo legislativo de lateração das normas infraconstitucionais.

QUANTO A CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE


(CRITÉRIO ONTOLÓGICO)

 Constituição normativa: é aquela que possui normas capazes de efetivamente


dominar o processo político. Ela é capaz de dominar e submeter a realidade a
ela. É uma constituição conformadora.

 Constituição nominal (nominativa): Embora tenha pretensão de conformar a


realidade, a constituição nominal é aquela que é incapaz de conformar
integralmente o processo político às suas normas.

 Constituição semântica: São aquelas cujas normas são instrumentos para a


estabilização e perpetuação do controle do poder político pelos detentores do
poder fático. É uma constituição de "fachada”. O objetivo dessas Constituições
é apenas legitimar os detentores do poder.

QUANTO À DOGMÁTICA
(CRITÉRIO IDEOLÓGICO):

 Ortodoxa: é aquela formada por uma só ideologia. Ex: China.


 Eclética: é aquela formada por diversas ideologias. Ex: Constituição de 88.

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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO

Princípio da unidade da Constituição - a Constituição deve ser interpretada em sua


globalidade, como um todo, e, assim, as aparentes antinomias deverão ser afastadas.

Princípio do efeito integrador - Muitas vezes associado ao princípio da unidade,


conforme ensina Canotilho,"na resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve
dar-se primazia aos critérios ou ponto de vista que favoreçam a integração política e
social e o reforço da unidade política.

Princípio da máxima efetividade - Também chamado de princípio da eficiência e a


interpretação efetiva, deve ser entendido no sentido de a norma constitucional ter a
mais ampla efetividade social.

Princípio da justeza ou da conformidade (exatidão ou correção) funcional -


estabelece ao intérprete constitucional a aplicação do sentido normativo que respeite
os limites da divisão de funções constitucionalmente estabelecidas pelo poder
constituinte originário entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, não pode
chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional
constitucionalmente estabelecido.

Princípio da força normativa - Os aplicadores da Constituição, ao solicionar conflitos,


devem conferir máxima efetividade às normas constitucionais. Assim, de acordo com
Canotilho, "na solução dos problemas jurídico-constitucionais deve dar-se prevalência
aos pontos de vista que, tendo em conta os pressuspostos da Constituição (normativa)
contribuem para uma eficácia ótima da lei fundamental.

Princípio da interpretação conforme a Constituição - Diante de normas


plurissignificativas ou polisêmicas (que possuem mais de uma interpretação), deve-se
preferir a exegese que mais se aproxime da Constituição e, portanto, que não seja
contrária ao texto constitucional, daí surgirem várias dimensões a serem consideradas,
seja pela doutrina, seja pela jurisprudência, destacando-se que a interpretação
conforme será implementada pelo Judiciário e, em última instância, de maneira final,
pela Suprema Corte; estabelece ao intérprete constitucional a vedação de aplicação de

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normas inconstitucionais e a proibição do exercício da função de legislador positivo
criando normas divergentes dos propósitos do legislador.

Princípio da proporcionalidade - Ao expor a doutrina de Karl Larenz, Coelho esclarece


(...) o princípio consubstancia uma pauta de natureza axiológica que emana
diretamente das ideias de justiça, equidade, bom senso, prudência, moderação, justa
medida, proibição de excesso, direito justo e valores afins; precede e condiciona a
positivação jurídica, inclusive de âmbito constitucional; e ainda , enquanto princípio
geral do dreitio, serve de regra de interpretação para todo o ordenamento jurídico.

ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO

Neste artigo abordaremos a estrutura da Constituição Federal de 1988.


A CF de 1988 está dividida em três partes: preâmbulo, parte dogmática (normas
centrais) e ato das disposições transitórias (ADCT).

 Preâmbulo da Constituição Federal

Preâmbulo seria a parte preliminar que anuncia o que está por vir na CF, não
possuindo nenhuma força normativa, conforme entendimento do STF que já se
pronunciou acerca disso ao adotar a tese da irrelevância jurídica do
preâmbulo. Portanto, importante referir que não é uma norma de observância
obrigatória pelos Estados, DF e Municípios, ou seja, esses entes não precisam, pelo
Princípio da Simetria da Constituição, repeti-lo em suas constituições ou leis orgânicas.

 Parte dogmática da Constituição Federal

Parte dogmática, tem-se que é a maior parte da Lei Maior. Trata-se dos 250 artigos
distribuídos nos 9 títulos da CF. Essa parte carrega todas as normas essenciais (direitos
fundamentais, estrutura do Estado federal, competências de cada ente, etc.), mas
também possui inúmeras regras apenas de cunho formal (relacionadas à organização
básica do Estado).

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 Atos das Disposições Constitucionais Transitórias

A CF de 1988 ainda contém em sua estrutura uma importante parte responsável por
assegurar a harmonia entre o antigo e o novo regime constitucional. Trata-se dos Atos
das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, os quais se exaurem tão logo
cumprem o seu papel transitório. É importante salientar, contudo, que podem ser
objeto de controle de constitucionalidade e possuem a mesma hierarquia das normas
centrais.

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