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A influência da Arquitetura Moderna se estende a diversas áreas, incluindo a arte e o design, e perdura até hoje em
cidades do mundo inteiro.
Assimilar o seu conceito é importante para compreender diversas características arquitetônicas, sejam elas
contemporâneas, de décadas passadas e, possivelmente, até futuras.
Neste post, você vai descobrir aspectos relevantes da Arquitetura Moderna e conhecer alguns dos principais nomes
influenciados por essa vertente que mudou a forma com que as construções integram os ambientes. Confira!
No dia a dia, é comum confundir o significado de “moderno” e “contemporâneo”. Provavelmente você já viu esse
primeiro termo sendo usado para se referir a algo atual. Está incorreto? Sim e não! Vamos explicar.
O engano acontece porque há uma associação da palavra “moderno” com tudo aquilo que é novo ou diferente. No
entanto, oficialmente, “moderno” remete aos ideais que surgiram na Europa e se alastraram pelo mundo no período
entre 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, até 1789, com o início da Revolução Francesa.
Já o período que sucede à Revolução Francesa, ou seja, dos anos 1789 até os dias atuais, é conhecido por Idade
Contemporânea.
Então por que não é equivocado se referir a algo recente como “moderno”? Porque as influências do modernismo
continuam muito fortes e se desdobram até hoje em muitos aspectos da nossa vida. Além disso, abrange todas as
áreas do conhecimento humano: as artes, a ciência e até o modo como a História é interpretada.
Como dito, diversos campos foram e ainda são influenciados pelos ideais modernos, incluindo a arquitetura. No
contexto arquitetônico, a influência desses ideais foi tão grande que deu origem a uma nova maneira de criar,
planejar e arquitetar obras e construções.
Principalmente nas primeiras décadas do século XX, a Arquitetura Moderna marcou-se como um período de rejeição
aos estilos tradicionais.
Nesse momento, ocorreram modificações em diversos aspectos que deram forma a muito do que é construído até
hoje em cidades do mundo inteiro.
Quem conseguiu resumir bem esse espírito foi o alemão Mies van der Rohe (1886 – 1969), em uma frase que é, ela
própria, exemplo do seu significado: “menos é mais”.
Esse estilo moderno privilegia tudo o que é simples, mas nunca o que é simplório. Tal característica se manifesta,
principalmente, nas formas — que são básicas — e na matéria-prima utilizada, como o concreto aparente, o aço e o
vidro (os materiais favoritos da Arquitetura Moderna).
É importante ressaltar que o mundo vivia um período propício a todas essas transformações na forma de fazer
arquitetura, pois havia passado pela Revolução Industrial que mudou a maneira de produzir e revolucionou a
qualidade dos materiais de construção por meio de novas tecnologias.
Ao redor de todas as peculiaridades que marcam essa vertente, também está a valorização das funções sociais das
construções.
Em diferentes graus, todos os grandes arquitetos modernos preocupam-se com a forma como suas criações serão
utilizadas, na prática, pelas pessoas.
Um exemplo interessante disso é um dos grandes ícones da Arquitetura Moderna no Brasil: o vão livre do Museu de
Arte Contemporânea de São Paulo (MASP), projetado por Lina Bo Bardi e inaugurado em 1947.
O vão é um elemento recorrente em várias obras modernistas. O MASP sintetiza uma característica arquitetônica
muito valorizada: a integração das construções com a vida urbana. Ele é palco de diversos eventos e também de
encontros cotidianos, tornando-se quase uma praça.
Internacionalmente, a Arquitetura Moderna se embasou nos ideais da Idade Moderna e se fortaleceu com as
facilidades advindas de um novo meio de produção proporcionado pela Revolução Industrial.
No Brasil, esse movimento foi influenciado pela transformação do modo de entender a arte dada em um dos marcos
da nossa história: a Semana de Arte Moderna de 1922.
A Arquitetura Moderna brasileira se deu de maneira mais expressiva entre 1930 e 1950, com as propostas da
Semana de 1922.
O movimento pregava a expressão do nacional de forma autônoma e independente dos ideais europeus. Isso
marcou o movimento arquitetônico nacional e fez com que um novo estilo de pensar arquitetonicamente fosse
desenvolvido, adaptado à nossa cultura, nossas formas e nossos materiais.
Além do MASP, diversas outras obras e seus respectivos arquitetos se destacaram como símbolos da Arquitetura
Moderna no Brasil:
o Casa da Liberdade e Casa de Vidro, também obras de Lina Bo Bardi;
o Edifício Gustavo Capanema, do arquiteto Lúcio Costa;
o Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto e Congresso Nacional, do mundialmente reconhecido Oscar Niemeyer.
LE CORBUSIER
Le Corbusier é o pseudônimo do franco-suíço Charles-Edouard Jeanneret-Gris (1887 – 1965). O arquiteto tem um
legado de cerca de 30 obras em diversos países e mais da metade do seu trabalho é considerada Patrimônio Mundial
da Humanidade pela UNESCO.
Fortemente influenciado por conceitos matemáticos — como a Proporção Áurea e a Sequência de Fibonacci —, Le
Corbusier foi um mestre do concreto armado.
O aspecto clean de seus desenhos é traduzido em longas janelas em fita e pilotis que permitem ampla circulação.
Outra preocupação essencialmente moderna do arquiteto era a utilização dos ambientes pelas pessoas. Essa
atenção fica evidente, por exemplo, no Unité d’Habitation, conjunto habitacional inaugurado em 1952 na cidade
francesa de Marselha. Ele foi concebido como uma “cidade-jardim” vertical e privilegia a vida comunitária com
diversos espaços para uso público.
Mais uma obra que destaca a sua vocação urbana é a Cidade Radiante. O projeto de 1924 nunca foi tirado do papel,
mas permanece um atestado das preocupações urbanísticas de Le Corbusier.
Ele divide a cidade em diversas áreas planejadas que, segundo o arquiteto, seriam capazes de desenvolver uma
sociedade melhor.
A contribuição de Le Corbusier para a Arquitetura Moderna foi tamanha que, ainda hoje, cinco de seus princípios são
utilizados ao redor de todo mundo e ficaram conhecidos como “Os Cinco Pontos da Arquitetura Moderna de Le
Corbusier”. São eles:
o fachada livre — fachadas sem vedações e divisórias em suas estruturas, conferindo liberdade para projetos de
variados formatos;
o janelas em fita — janelas que percorrem as edificações com o intuito de fornecer mais iluminação aos ambientes;
o pilotis — em que colunas substituem paredes estruturais para a criação de espaços abertos e vãos livres para a
circulação de pessoas;
o terraço-jardim — utilização das coberturas e telhados como terraços e jardins feitos para o lazer dos usuários;
o planta livre — ambientes abertos nos quais diferentes cômodos interagem e se integram.
A ESCOLA BAUHAUS
O período de funcionamento da Escola Bauhaus já torna
evidente a sua veia modernista. Criada logo após o final da
Primeira Guerra Mundial, em 1919, pelo alemão Walter Gropius
(1833 – 1969), teve suas atividades encerradas em 1933 — ano
que também está relacionado a um fato marcante para a
modernidade: a ascensão do nazismo.
Apesar de sua breve existência, a Bauhaus ainda influencia a
arquitetura e o design até hoje. Ela valorizava a simplicidade das
formas e orientava os projetos para uma questão central: a
funcionalidade.
A frase “a forma segue a função” resume a motivação da Escola
— e de todo o funcionalismo. Quem a expressou, porém, foi um
norte-americano, ainda no final dos anos 1890: o arquiteto Louis Sullivan (1856 – 1924), que ajudou a moldar o
horizonte de Chicago.
Um dos grandes trunfos da Bauhaus foi aliar diversas vertentes das artes, do design e da arquitetura. Ela trabalhava
com a idealização de prédios inteiros, de móveis, de cerâmicas, entre outros.
Até hoje as marcas dessa tendência no design são acentuadas. O aspecto clean dos produtos da Apple, por exemplo,
é descendente direto da escola alemã.
OSCAR NIEMEYER
É impossível falar em Arquitetura Moderna sem citar o maior
modernista brasileiro e um dos grandes nomes do movimento no
mundo.
Oscar Niemeyer (1907 – 2012) define bem o que inspira todo o
seu trabalho: “De Pampulha a Brasília, eu segui o mesmo
caminho, preocupado com a forma nova, com a invenção
arquitetural. Fazer um projeto que não representasse nada de
novo, uma repetição do que já existia, não me interessa”.
O arquiteto estava intimamente engajado com o modernismo e
elevou ao máximo a valorização das formas mais simples. As
curvas tornaram-se sua assinatura inesquecível e são
referenciadas até hoje por outros grandes nomes — como a
iraquiana Zaha Hadid (1950 – 2016).
A construção de Brasília, durante a década de 50, é um marco
não apenas da arquitetura e política nacionais ou da carreira de Niemeyer, mas também do modernismo mundial.
A capital brasileira foi a primeira cidade a ser toda planejada com ideias modernistas em mente.
LINA BO BARDI
A ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914 – 1992) já dava sinais de influência modernista na faculdade. Ela graduou-se em
1939 na Faculdade de Arquitetura de Roma com o trabalho Núcleo Assistencial da Maternidade e da Infância.
Aliando um aspecto modernista à motivação social da arquiteta, o projeto teve foco na família e pretendia ser um
refúgio para as mães solteiras da Itália pré-guerra.
Quando veio com o marido para o Brasil, em 1946, decidiu construir a residência do casal. O resultado foi a sua
primeira obra no país e também um marco para o modernismo em solo brasileiro: a Casa de Vidro.
Finalizada em 1951, ela fica no Morumbi, rodeada por Mata Atlântica. O nome não é em vão: apoiada por finas
colunas no meio das árvores, a fachada da casa é inteiramente de vidro, em contraste com os fundos maciços.
Curiosamente, na mesma época outros dois projetos similares foram construídos por modernistas famosos: a Glass
House, de Philip Johnson (1906 — 2005) e a Casa Farnsworth, de Mies van der Rohe.
LÚCIO COSTA
Lúcio Costa (1902 — 1988) nasceu na França, estudou em diversos países da Europa e, em 1917, deu início a seus
estudos no Brasil, tornando-se arquiteto em 1924 pela Escola Nacional de Belas Artes.
A princípio, entre 1922 e 1929, as obras de Lúcio Costa seguiam os padrões neoclássico e colonial. No entanto, ao ter
contato com obras modernas, o arquiteto desenvolveu interesse pelo estilo e passou a se inspirar em arquitetos
como Le Corbusier e Mies van der Rohe.
Costa tornou-se professor na Escola Nacional de Belas Artes, onde teve a oportunidade de conhecer seu futuro
parceiro de projetos, Oscar Niemeyer.
Em 1935, Costa assumiu o projeto da sede do Ministério da Educação do Rio de Janeiro e montou com uma equipe
formada não só por Niemeyer, mas também por Le Corbusier.
A partir desse ponto, a carreira de Lúcio Costa não parou de crescer, chegando ao ápice de se tornar o responsável
pelo projeto urbanístico da nova capital federal, trabalho ao qual se dedicou entre 1957 a 1960, ano em que
também recebeu o título de Professor Honorário de Harvard.