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UNICURITIBA

AMANDA AMORIN ZANDONADI PARRA

QUESTÕES 1 BIM: OAB


Prática Jurídica II

Curitiba - PR
2022
1) Seu escritório foi contratado pela empresa Alumínio Brilhante Ltda. para
assisti-la juridicamente em uma audiência. Você foi designado(a) para a audiência.
Forneceram-lhe cópia da defesa e dos documentos, e afirmaram que tudo já havia
sido juntado aos autos do processo eletrônico. Na hora da audiência, tendo sido
aberta esta, bem como os autos eletrônicos do processo, o juiz constatou que a
defesa não estava nos autos, mas apenas os documentos. Diante disso, o juiz
facultou-lhe a opção de apresentar defesa. Nos exatos termos previstos na CLT,
explique e fundamente o que o advogado deveria fazer na audiência.

R: Se o processo trabalhista não tem muito formalismo ele preza muito pela
celeridade e oralidade processual, sendo assim, a defesa será oral com prazo de 20
minutos conforme o artigo 847 da CLT: Não havendo acordo, o reclamado terá
vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta
não for dispensada por ambas as partes.

2) O réu, em sede de reclamação trabalhista, ajuizada em 20/04/2018,


apresentou defesa no processo eletrônico, a qual não foi oferecida sob sigilo. Feito
o pregão, logo após a abertura da audiência, a parte autora manifestou interesse
em desistir da ação. É possível neste momento processual que o autor desista da
ação. Nos exatos termos previstos na CLT, explique e fundamente sua resposta.

R: O enunciado discorre sobre a impossibilidade de desistência da ação por parte


do autor, sem o consentimento do reclamado, ainda que a contestação tenha sido
oferecida eletronicamente. Trata-se de uma mudança da Reforma Trabalhista de
2017.

Vide CLT. Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário,


dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do
termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência
do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
§ 3º. Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não
poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.

3) Em sede de reclamação trabalhista, o autor forneceu o endereço da ré na


inicial, para o qual foi expedida notificação citatória. Decorridos cinco dias da
expedição da citação, não tendo havido qualquer comunicado ao juízo, houve a
realização da audiência, à qual apenas compareceu o autor e seu advogado, o qual
requereu a aplicação da revelia e confissão da sociedade empresária-ré. O juiz
indagou ao advogado do autor o fundamento para o requerimento, já que não
havia nenhuma referência à citação no processo, além da expedição da
notificação. Com base na CLT e nas súmulas do TST explique como se processa a
notificação e o ato citatório no processo do trabalho.

R: Conforme determina a Súmula 16 do TST, presume-se recebida a notificação 48


horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso
desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

4) Em uma reclamação trabalhista, o autor afirmou ter sido vítima de


discriminação estética, pois fora dispensado pelo ex-empregador por não ter
querido raspar o próprio bigode. Requereu, na petição inicial, tutela de urgência
para ser imediatamente reintegrado em razão de prática discriminatória. O juiz,
não convencido da tese de discriminação, indeferiu a tutela de urgência e
determinou a designação de audiência, com a respectiva citação. 
 
Como advogado(a) do autor, de acordo com a Lei e o entendimento consolidado do
TST, qual a medida judicial a ser manejada para reverter a situação e conseguir a
tutela de urgência desejada?

R: Quando não existir recurso cabível, poderá ser impetrado Mandado de


Segurança, desde que preenchidos os requisitos especiais desse remédio. Ademais,
aplica-se à hipótese a Súmula 414, item II, do TST:

Súmula 414 do TST


II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da
sentença, cabe mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio.

5) A sociedade empresária Sanear Conservação e Limpeza Ltda. ajuizou ação


de consignação em pagamento em face do ex-empregado Pedro Braga, afirmando
que ele se negava a receber as verbas resilitórias a que faria jus.  Citado, Pedro
Braga apresentou resposta sob a forma de contestação e reconvenção, postulando
diversos direitos alegadamente lesados e incluindo no polo passivo a sociedade
empresária Réptil Imobiliária, tomadora dos serviços terceirizados do empregado,
requerendo dela a responsabilidade subsidiária. Diante da situação retratada é
possível a reconvenção?

R: A reconvenção poderá ser proposta contra o autor e terceiro, bem como pelo réu
litisconsórcio com terceiro, conforme artigo 343, §§ 3º e 4º, do CPC/2015, aplicado
subsidiária e supletivamente ao Processo de Trabalho em razão do artigo 796 da
CLT e artigo 15 do CPC/2015.

6) Em 15/04/2008, João Carlos de Almeida foi contratado pela Engelétrica S.A.


para trabalhar na construção das barragens da Hidrelétrica de Belo Monte.
Entretanto, em virtude da grande distância entre o local de trabalho e a cidade
mais próxima, o empregador lhe forneceu habitação durante toda a vigência do
contrato. Dispensado sem justa causa em 13/08/2010, João Carlos ajuizou ação
trabalhista visando à inclusão da ajuda-habitação na sua remuneração e o
pagamento dos reflexos daí decorrentes, uma vez que a moradia constituiu salário
in natura, compondo a contraprestação ajustada pelas partes. 
Com base na situação concreta, responda aos itens a seguir, empregando os
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual é o critério apto a definir a natureza jurídica da prestação
entregue ao empregado pelo empregador?
R: Esse questionamento é facilmente respondido pela doutrina utilizando-se
duas palavras: PELO ou PARA. Quando a prestação é PARA o trabalho, a
hipótese é de indenização. Quando a parcela é concedida PELO trabalho,
será salário. No caso em comento, a habitação era concedida para o
trabalho, ou seja, pelas características do local de trabalho, representava
condição sine qua non para a execução do trabalho.
b) Nesta hipótese em especial, a habitação fornecida pela Engelétrica
S.A. deve ou não integrar a remuneração de João Carlos de Almeida?
Por quê?
R: Como a habitação, nesse caso, é considerada verba indenizatória, não
integra à remuneração, na forma prevista pelo art. 458 da CLT, interpretado
pela Súmula nº 367, I, do TST.
7) Reginaldo ingressou com ação contra seu ex-empregador, e, por não
comparecer, o feito foi arquivado. Trinta dias após, ajuizou nova ação com os
mesmos pedidos, mas dela desistiu porque não mais nutria confiança em seu
advogado, o que foi homologado pelo magistrado. Contratou um novo profissional
e, 60 dias depois, demandou novamente, mas, por não ter cumprido exigência
determinada pelo juiz para emendar a petição inicial, o feito foi extinto sem
resolução do mérito. 
Com base no relatado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Para propor uma nova ação, Reginaldo deverá aguardar algum período? Em
caso afirmativo, qual seria?
R: Não, pois não ocorreram 2 arquivamentos, o que afasta a perda do prazo
de 6 meses do direito de reclamar perante a JT OU porque não ocorreram 2
arquivamentos decorrentes de ausência do reclamante à audiência (CLT, art.
732) OU porque só ocorreu 1 arquivamento, tendo as outras extinções
derivadas de outros motivos, conforme art.732, CLT.
b) Quais são as hipóteses que ensejam a perempção no Processo do Trabalho?
R: Quando o reclamante dá causa a 2 arquivamentos por ausência à
audiência inaugural, nos termos do art.732, CLT e quando distribui
reclamação verbal mas não comparece à Secretaria da Vara, em 5 dias, sem
justificativa, para reduzi-la a termo, conforme art.731 da CLT.

8) Raquel Infante nasceu em 5 de maio de 1995 e foi admitida na empresa Asa


Branca Refinaria S/A em 13 de maio de 2011, lá permanecendo por 4 meses, sendo
dispensada em 13 de setembro de 2011. Em razão de direitos a que entende fazer
jus e que não foram pagos, Raquel ajuizou reclamação trabalhista em 20 de
dezembro de 2013. Em contestação, a empresa suscitou prescrição total
(extintiva), pois a ação teria sido ajuizada mais de 2 anos após o rompimento do
contrato. 
A respeito do caso apresentado, responda, fundamentadamente, aos itens a
seguir. 
A) Analise se ocorreu prescrição total (extintiva) na hipótese, justificando.
R: Não ocorreu prescrição total (extintiva), porque isso só teve início quando
a empregada completou 18 anos (CLT, Art. 440, da CLT), ou seja, a partir
de 5 de maio de 2013. Assim, a ação poderia ser apresentada com garantia
de análise até 5 de maio de 2015.
B) Analise se Raquel poderia ser designada para trabalhar em jornada noturna,
justificando.
R: Não poderia, pois a lei veda o trabalho noturno para menores de 18 anos,
segundo o Art. 7º, XXXIII, da CF/88, ou Art. 404 da CLT, ou, ainda, Art. 67,
I, do ECA.

9) Determinado empregado ajuizou ação trabalhista em face de seu


empregador (empresa de serviço fornecedora de mão de obra na área de limpeza),
logo após haver sido dispensado. Na ação aduziu que era detentor de estabilidade
decorrente de doença acidentária, supostamente causada pelo trabalho. Para tanto,
juntou aos autos carta de concessão de benefício previdenciário por doença
comum, não produzindo qualquer outra prova. A empregadora ré apenas negou
que a doença era decorrente do trabalho desempenhado. 
Sobre o caso apresentado, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso, responda aos itens a seguir. 
A) Indique, sob o aspecto da distribuição do ônus da prova, a quem caberia
comprovar se a doença do empregado decorre ou não do trabalho.
R: o ônus da prova cabe à parte autora, pois se trata de fato constitutivo de
seu direito, nos termos do Art. 333 do CPC e do Art. 818 da CLT.
B) Qual o outro meio de prova passível de utilização no caso em tela?
R: O nexo de causalidade precisa ser demonstrado por meio de prova
pericial médica, nos termos do Art.21-A da Lei nº 8.213/91 OU da Súmula
378, II, do TST.

10) Patrick, estrangeiro, executivo com salário elevado, não beneficiário de


gratuidade de justiça, ajuizou ação em face de sua empregadora, Mineração Ltda.
Arrolou como testemunha seu colega de trabalho, também estrangeiro, Paul.
Contudo, a testemunha não fala português, apenas se comunicando no idioma
alemão. 
Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir. 
A) Qual deverá ser o procedimento legal para colher o depoimento da testemunha
que não fala o idioma nacional?
R: Nos termos do Art. 819 da CLT, caberá ao juiz nomear um intérprete.
B) Em havendo despesa processual com o depoimento da testemunha, a quem
caberá o pagamento?
R: O pagamento dos honorários do intérprete correrá por conta da parte autora,
já que é a ela que interessa o depoimento, na forma do Art. 819, § 2º, da CLT.

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