Você está na página 1de 6
Coordenage etora Sergio Cohn Assstinia editorial Evelyn Rocka et orale capa Tiago Gongales Reveso Barbara ibeeo Eauipe Azougue Anita Ayes, Barbara Ribeiro, Evelyn Rocha, Jl Luciana Fenandes, Tals Almeida Tlago Gonglvese Wel CIP-DRASIL. CATALOGAGAO WA PUBLICAGKO SINDICATO NACIONAL 00S EDITORES DE LIVROS, RJ Balam ‘Sesbaum, Ricard Roca 2961. Manual do arsta-te Ricardo Raclw Basbaum. 1 ‘Azougue, 2013. 264. nl bibloorafia ISBN 978-85-7920-104-2 1. Cita de arte. 2 Arte conterpordnes-Sée. XX, |. Tilo, 01496 00: 709 cu: 7.036 2aj0s/2013 (20131 Beco do azouaue eitor teilax 95.21. 2259-7712 facebook conlazougue. et azougue.combr ‘SUMARIO inTRoDUGAO 6 ESCRITA ~ MOVIMENTO € ACELERAGAO APRESENTACAO MANUAL DO ARTISTA-ETC TORNANDO VIS{VEL A ARTE CONTEMPORANEA CEREBRO CREMOSO AO CAIR DA TARDE ACRITICA DE ARTE COMO CAMPO PRIVILEGIADO PARA A FICCAO CONTEMPORANEA AGORA POS-GALERIAS DEBATER OU DEBATER-SE? GESTOS LOCAIS, EFEITOS GLOBAIS O ARTISTA COMO CURADOR O ARTISTA COMO PESQUISADOR problema. Mas,demodo mals amp, este debate sefaz pertinent também porque, neste momento, em diversas universidades esta- duais federais do pafs (pode-se pensar também no planeta em feral. encontraremosalitrabalhando artistas voltadosa pitics Gaarte contemporinea ~ desenvolvendo pesquisas, ministrando fulas, orientando alunos, organizando eventos e mesmo oct pando cargos administrativos. Isto pode indicar um momento partcularmentefavorével para area de artes na universidade, fima vez que um mimero expressivo de artistas atuantes unto 20 “Greuito de arte pode raze, para dentro daacademia, um folego de trabalho urdido em outrasinstncias dainterface arte/sociedade “ora, temos desde logo uma primeira distingo: 0 espago de artes, dentro do aparelho institucional universitari, manifesta- a produit ade Oss coin date. rao amb deanapesssa acura pratesonsegmenos que psa de ena se a partir de uma mediagao diversa daquela a que estamos acostumados dentro do circulto de arte habitual: trata-se do parelho académico afirmando sua presenga, impondo-secomo arte, nio se pode perder de vista a dobra propria que constitui e deflagra neste circuito: aftemos que estar atentos, se queremos 40 no quadto geral dos saberes, na dinamica ampla sociedad una drea espectfca em que est2oinseridos. ‘Nao ha como escapar desta maxima: dentro da universida- de, 0 trabalho de arte se transforma em pesquisa eo artista em pesquisador. Escreve-se artsta-pesquisador’, portant, temos risraere ‘garante a manutengio desta posigao junto auniversidade; e, mais ‘laramente, ser artista-pesquisador junto & universidade nao é garantia deser um artista junto ao circuito.Trata-sede diferentes instancias de valoragao ¢ legitimagao, sabe-se bem: mercado niieleo institucional ou parainstitucional apontando para cer- ‘as configuragdes estratégicas e determinadas imagens de seus personagens atores, portanclo camadas proprias demediagio. ‘Que fique claro; as diferencas ~ entre um posstvel cicuito de arte aberto a diversas instancias da sociedade e um pretenso circuito académico universitério para aarte com caracteristicas ‘prdprias — devem ser vistas como produtivas e nao-estigma- tizadoras: certamente que esta “dobra” a mais, representada pela universidade, vem a estabelecer outro terrt6rio; deve-se ‘econhecer a diferenga como ganho; assim, cabem as perguntas {que caminhos podem ser inaugurados? Quais possibilidades podem ser apontadas? Se tomarmos a arte enquanto produgio de pensamento e processamento sensorial, quais modos pro- ‘blematizadores slo trazidos para o primeiro planot Ftc. Dafque 6 preciso no temer as diferengas entre maneias de citculagio ‘eeconomias prépta, para se perceber que pode ser posstvel a ‘produgdo de arte em relago com o aparato académico/univer- sitdrio. Mas, atengao: 6 preciso nao apostar em continuidade juem conhece os problemasrelativos nas-limite, sabe perfeitamente (ou ‘modo claro, em seu préprio corpo ce através da pele) que qualquer deslocamento implica na nao- -manutengao do mesmo. (0 que se,percebe ¢ que o principal obstaculo para o im- pedimento de relagoes mais proveltosas e produtivas entre o ‘Girculto de arte e 0 espaco de trabalho e investigagio préprios do aparelho universitério residitia nao nas diferengas, mas na falta de conexdes e ligacbes mais estaves estabelecidas entre lum € outro circuito. Vé-se assim a importancia de se criar um cespaco de passagensentre ambos os campos: rabalhar interfaces € espagos de conexdo que permitam aflorar as especificidades dos diferentes lugares, paranesse jogo evitaro enclausuramento ‘em um ou outro lado. Pois do ponto de vista da presenga da arte nna universidade, de seu desenvolvimento enquanto pesquisa, lugares que se tenta evitar é aquele do isolamento aca- Imente se diz que a universidade se protege atrés, ‘que indica uma mé compreensio de ro do campo da pesquisa em transformagao emudanca) a partido “saber daa decisiv. Enecessario que se repens, rigor, diversos aspectos ‘da chamada“carreira academica! rea de pesquisa, a partir de consultares especialmente dedi- atdos a delinear os tracos pro de fomento ¢ avallacao universitéria; ritérios de mérito menos burocréticos quanttaivos, em que © aparelho universitério reconhecesse, mals prontamente, os n ‘deslocamentoelegitimagio do artista—0 Circuito de arte, em suas curvas,linhas e pontos diversos--e os de modo regular, deixando-seatravessar demaneira lobra portadora de potencia, area de intensidade propensa a saltos, tamente que a compara: ‘40, assim tdo simplista, nao procede por completo; mas serve Para se percebero quanto a academia toma-seimpulsionada por ‘outra dinamica quando acontece a instrusio do fazer artistico io ~a partir da presenca, por exemplo, daquele inte extremamente 1a universidade (Rigura certos fluxos serfam intereompidos talariam. Sabemos entretanto que nem ‘0 "estidio” como nticleo de suas pro- activities" ~; dai peroebe-se que , a0 envolver ainda aspectos que le vistbilidade, aha ras da arte'sem geral,vigora na academia uma: {istico marcado por alguns esterestipos, se processa parallé de seus muros. Logo, pod trabalhar a perspectiva do ‘artista-pesquisador’ Se, em seu perfil, ao ‘artista de vanguard ‘na ponta mais avangada do conhecimento, inventor do novo — ‘mundos académico eartstico. Sob esta caracterizagio, a univer- sidade surgiria como possivel espago por excelénecia da criagao artstica, voltada a pura produgao do conhecimento eprotegida das pervers6es persuasivas dos mecanismos do mercado, mais, afeitos a promocio do que quer que seja comercialmente viel, sem qualquer contenga0o, ‘Comose sabe, entretanto, as figuras da'vanguardaartistica’ ‘tem estado sob ataque hd algumas décadas-niio em decorréncia do domtnio ("esté tudo dominado"), historicistat proprio do moder- \concepglo de autonomia formal evolucionista(os Desaparece a localizagao linearizante (“de pont’), rao artista que se quer “avangada” dentro do circuito é lelinhas de fronteira para experimentar diversas, tragando e retragando continuamente os adores de sua prtica; hd, claro, inquietagao posit artista-pesquisador nao se configura de manelta homéloga Aaquele her6i hist6rico, frente de seu tempo, apenas por estar frente da tinha de pesquisa~ na academia, hao tamento e sobretudo uma complexa mediagao i poucoffuida, indicando anecessidade de movimentacio diversa daquela junto a0 circuito. Parece ébvio (ainda que, paraalguns, se frente dos processos aristicos se seu ambiente de trabalho nao fortambém perpassado pelas questoes da sociedade, docircuito dearte e suas relagdes:o artista “avangado” nao se caracterizaria simplesmente por trabalhar de modo singular uma série d ramentas conceituais importantes, porele desenvolvidas em la- boratorio, mas sobretudo porefetivamente estabelecer os ritmos relacionais a partir dos quals essas ferramentas se entrelagam ‘com questOes do ambiente (sistema de arte in frente dos estudos academicos nao signi além de seus muros. ‘Nao 6 tarefa simples, portanto, construir um espago de pesquisa em artes, na universidade, que mantenha em aberto 1s canais com o circuito de arte: ha escassez de conextes pre- paradas para conduzir as ligagdes entre um ¢ outro setor, com a flexibilidaclenecesséria; logo, aproximar artista e’artista-pes- guisador’ em um contorno produtivo implica em consideravel esforgo de entrelagar diferentes demandase diversos processos. de legitimagao. A estranha esquizofrenia - se & possivel falar assim que se manifesta quando afinal se quer combinar artee pesquisa, ao envolver a perspectiva dese trabalhar duplamente para atender ambas as demandas ~ tensionando ambos os lugares com o redirecionamento das dinamicas de um para o entreas partes secristaliza, teiras. Construindo-se passagens produtivas,é dese esperar um Influxo do laborat6rio universitério para dentro do circuito de arte, produzindo a possibilidade de um lugar em que os projetos de intervencio (obras e demais variagdes) sejam portadores de ‘uma dinamica de pensamento interessante e potente; assim ‘como a esforgo em produzir um desvio do circulto quese propa- {gue pelos meandros da universidade certamente conduziré uma, Corrente de ar que podera dissolver certos habitos normativos pr6prios do espaco académico, que frequentemente impedem ‘a emergencia de processos, E necessério folego e insistencia, Constante, seja de um como de outro lado, a partir de uma, atuagdo Id ou ed ~o queimporta, afinal, 6acreditar numa forga, 4cida da arte em flexibilizar impedimentos e afirmar lugares & cespagos a partir de passagens e ligagoes.

Você também pode gostar