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2021/2022
legítima
legitimária
Definição de sucessão segundo prof. JDP (sendo que não concorda com o art.
2124º) – aquisição por morte de uma liberdade ou vinculação à custa do património do
de cuius.
Ideia de que tem de ser patrimonial e tem de ser por morte.
“chamar à sucessão” – corresponde a assumir a posição jurídica que pertencia ao
de cuius. A doutrina diverge em relação a este conceito.
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e) A tinha dois irmãos: L – irmão germano; S – irmão uterino; faleceu; tem dois filhos.
Os pais de A faleceram, não é casado e não tem filhos. Neste caso, abre-se a
sucessão dos irmão e seus descentes (art. 2145º e ss), aplicando-se o art. 2146º - irmãos
germanos e unilaterais.
Assim, segundo o art. 2146º, L fica com 2/3 e S ficaria com 1/3. Contudo, uma
vez que faleceu, essa quota é repartida pela dois filhos, ficando cada um com 1/6. Os
filhos de S representam-no – art. 2138º; o direito não se transmite.
Neste caso, há duas exceções à sucessão por cabeça, sendo uma delas a regra do
art. 2146º e a outra o direito de representação, em que a parte de S é dividida pelos seus
filhos.
O direito de transmissão (art. 2058º) só ocorre quando há duas sucessões abertas
ao mesmo tempo.
O direito de representação prevalece face ao direito de acrescer. Por isso é que o
irmão germano não recebe a parte dos seus sobrinhos, que estão em representação do
irmão uterino.
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e) No momento da morte de A não existiam mais bens imóveis para além dos que
estavam no estrangeiro. Rebeca, como não recebe nada, não sabe se terá
legitimidade jurídica para velar pela memória do falecido.
Na cláusula 4, a disposição “será a verdadeira sucessora pessoal” não é válida,
segundo o art. 2030º/5. É um legado por conta da quota.
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Cláusula 6 – Vítor ficará com o usufruto de 1/5 da herança + responder pelas dívidas da
mesma.
Quanto ao usufruto, aplica-se o art. 2030º/4 e V é havido como legatário. Em
relação às dívidas – art. 2237º - administração da herança ou legado.
1) 2008 – Artur (A) doou em vida 15.000€ à sua amiga Rosa (R).
5) C repudiou a herança.
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imóvel sito em Corroios ao seu amigo Sílvio. Legou ainda o seu relógio de ouro a Leonardo, na
condição de este nunca se tornar judeu.
M é legatário, sendo que lhe foi deixado o usufruto do automóvel. Por isso, não
se inclui na QD.
A condição relativa a L é contrária à ordem pública, segundo o art. 2230º/2.
Ao tomar conhecimento desde testamento, Zélio ficou muito revoltado, pois, antes de
casar, Albertina tenha celebrado convenção antenupcial com Bernardo na qual tinha deixado o
imóvel sito em Corroios as Zélio. Na mesma Convenção antenupcial, em que Jaime também foi
outorgante, Albertina deixou-lhe 1/6 da herança. Em 2017, Albertina fez novo testamento no
qual deixou o seu relógio de ouro a Gabriela e metade da herança a Humberto.
Segundo o prof. Daniel Moraes, a condição não tem de ser recíproca, mas a
renúncia sim. Neste caso, nunca seria possível a renúncia ser recíproca devido à
condição que lhe está subjacente. Logo, a cláusula é inválida.
O prof. JDP defende que o cônjuge não pode renunciar.
Neste caso, A renunciou à herança, ou seja, renunciou apenas à posição de
herdeiro legitimário e não à legítima. Arts. 1707º-A/1 + 1713º/1; art. 1700º/1/c).
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O regime dos maiores acompanhados encontra-se no art. 138º e ss. Neste caso,
aplica-se o art. 2189º/b), a contrario, dado que a sentença atribui a A capacidade para
testar. Art. 2191º. Capacidade de gozo e não de exercício.
Em 2016, António faz um testamento público com as seguintes cláusulas:
1) Deixo todos os meus bens imóveis à minha irmã Bela, mulher de Carlos, meu curador;
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1- Quid iuris?
Quanto à deixa 1, segundo o art. 2192º/1, a disposição é nula (ainda que tenha
sido feita por A e não por B, que é o maior acompanhado). A disposição poderia ser
válida, segundo o nº2 do mesmo artigo, mas C é colateral no 4º grau, não estando
abrangida por esta exceção.
B é maior acompanhado (art. 138º e ss), tendo sido estipulado que não pode
fazer testamento. Por isso, segundo o art. 2189º/b), B é incapaz de testar. C, colateral
no 4º grau (sucessível legítimo – art. 2133º/d)), foi designada seu acompanhante.
Saber se A, uma vez que não é acompanhante de B, pode fazer o seu testamento
– art. 2298º - substituição quase-pupilar. A substituição quase-pupilar é uma
substituição ativa do lado de quem está a fazer o testamento.
Esta deixa refere “todos os bens de B”, algo que não é possível, segundo o art.
2300º. A substituição quase-pupilar só pode abranger os bens que o substituído haja
adquirido por via do testador.
Em relação à deixa 2, estamos perante um caso de substituição direta, uma
substituição passiva, nos termos do art. 2281º e ss.
Suponha agora que o testamento tinha o seguinte teor:
1) Deixo a minha quota disponível a Bernardo;
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Art. 946º - doação por morte + art. 2028º/2 – trata-se de um contrato sucessório. Art.
946º/2 – abrange testamento público e testamento cerrado; para além disso, a escritura
pública vale como disposição testamentária.
Em 2015, fez um testamento público no qual legou o imóvel x a Marta, com o encargo
de todos os meses se assegurar que seria rezada uma missa por sua alma.
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Caso estes dois bens excederem metade da herança, o sucessível tem-se como
herdeiro até ao limite do valor dos bens que preenchem a quota e legatário em relação
ao excedente.
Art. 2184º - testamento “per relationem”.
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O testamento per relationem é aquele que remete para outro ato que, por ser
turno, completa uma disposição testamentária constante do primeiro testamento.
Segundo os profs. Pires de Lima e Antunes Varela, independentemente de se
tratar de disposição testamentária essencial, basta a remissão para um documento escrito
e assinado pelo testador, com a mesma data ou data anterior ao testamento.
Por outro lado, segundo o prof. JDP, a disposição testamentária remissiva só
seria válida se o próprio documento para o qual remete o testamento per relationem
tivesse a forma de testamento cerrado (ou outra prevista por lei). As disposições
testamentárias essenciais devem observar uma certa dignidade formal.
As exigências formais limitam a relevância do testamento per relationem, sendo
que essas exigências compreendem as disposições testamentárias essenciais (aquelas
que têm de ser feitas pessoalmente pelo testador – art. 2182º/1). Só será válida a sua
remissão para documento que observe as formas legais do testamento, a forma de
escritura pública ou de documento particular autenticado.
Quanto às demais disposições testamentárias, elas serão válidas se a remissão for
feita, pelo menos, para documentos escritos e assinados pelo testador com a mesma data
ou com data anterior à do testamento.
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O vício que incide sobre esta disposição é a inexistência – art. 2206º/5 + art.
286º.
A condição de N nunca transmitir os bens a Rui é contrária à lei, segundo o art.
2232º. Por isso, segundo o art. 2230º/1, esta condição tem-se por não escrita e não
prejudica o herdeiro (beneficiário da deixa), ou seja, ele recebe a casa, mas não está
condicionada a nada.
Para além disso, segundo o art. 2185º, é nula a disposição feita a favor de
pessoa incerta. Contudo, se for possível tornar certa essa pessoa, a deixa é válida.
Também pode ser um problema de interpretação do testamento, à luz do art. 2187º,
uma vez que A já tinha feito uma disposição a favor do seu amigo Nuno.
Em fevereiro de 2020, António morreu, deixando um relictum no valor de 600.000€ e
dívidas no valor de 50.000€. O imóvel y valia 50.000€; a casa de férias no Algarve valia
50.000€ e a quinta em Azeitão valia 150.000€.
António deixou sobrevivos a sua mulher Bernardete e os seus quatro filhos, Cátia,
Daniel, Eduardo e Filipe.
Faça a partilha da herança de António.
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Em 2015, por ocasião do casamento do seu sobrinho Fernando com Guida, Armando
doou por morte a Fernando o seu apartamento no Algarve, bem como 1/10 da sua herança.
Ambas as doações foram feitas na convenção antenupcial previamente celebrada entre Fernando
e Guida.
Art. 1700º/1/a)
Em relação à doação do apartamento no Algarve, corresponde a uma revogação
tácita da disposição feita em 2000, segundo o art. 2313º/1.
Neste caso, o prof. JDP considera que este tipo de deixa tem caráter de
revogação real, porque estamos no âmbito de um contrato, a convenção antenupcial,
aplicando-se o art. 2316º.
Quanto à doação de 1/10 da herança, está é válida e F fica com o estatuto de
herdeiro (art. 2030º/2).
Em 2020, Armando morreu num acidente de automóvel, tendo-lhe sobrevivido a sua
esposa Bela, os seus pais, Cármen e Diogo, e os restantes intervenientes na hipótese.
Ao tomar conhecimento do testamento de Armando, Zacarias disse que, se fosse
possível, aceitava só a deixa relativa à conta bancária, pois detesta Marcos Portugal, mas sempre
quereria receber algo da herança do seu amigo. Manuel, por sua vez, aceitou a deixa que lhe foi
feita, bem como todos os restantes sucessíveis.
Art. 2250º/1 – em primeiro lugar, não pode repudiar o encargo e aceitar a quinta
(1ª parte); não pode repudiar a quinta, porque está onerada com um encargo; mas podia
repudiar a conta bancária (2ª parte).
No momento da morte de Armando, o seu património foi avaliado em 650.000€.
Armando deixou, igualmente, dívidas no valor de 100.000€. No mesmo momento, o
apartamento no Algarve foi avaliado em 100.000€, a quinta Os Saloios em 110.000€, a coleção
de discos de música clássica em 3.000€, e o saldo da conta bancária era de 30.000€.
Faça a partilha da herança de Armando, sem esquecer de se pronunciar sobre a validade
e a eficácia das diversas liberalidades realizadas pelo mesmo, em vida e por morte.
Sucessão legitimária
R = 650.000; P = 100.000; D = 350.000
VTH = R+D-P= 900.000 (art. 2162º/1)
QI = 2/3 de 900.000 = 600.000 (art. 2161º/1)
QD = 300.000
Art. 2142º - 2/3 para o cônjuge = 400.000 e 1/3 para os ascendentes = 200.000, ou seja,
100.000 para cada um.
Sucessão contratual
Art. 1702º - VTHC = R+D (posterior)-P = 650.000-100.000 = 550.000
1/10 de 550.000 = 55.000 fica para F.
Mapa de partilhas
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QI = 600.000 QD = 300.000
B = 400.000
C = 100.000
D = 100.000
Z = 110.000 + 30.000
M = 3.000
F = 100.000 + 55.000
J = 350.000
Uma vez que a soma das liberalidades imputadas na quota disponível é superior
ao valor desta, é necessário proceder à sua redução, segundo o art. 2168º/1. Segundo o
art. 2171º, a ordem da redução é a seguinte:
1. disposições testamentárias a título de herança;
2. disposições testamentárias a título de legado;
3. liberalidades feiras em vida do autor da sucessão (doações em vida).
No caso de haver duas disposições de convenções antenupciais reduz-se
primeiro a que tiver data mais recente, independentemente de ser herança ou legado.
Caso sejam as duas da mesma data, reduz-se primeiro a herança.
Segundo o prof. JDP, nos pactos renunciativos apenas se pode renunciar à
sucessão legitimária e não à legítima.
Art. 2104º - colação. Imputa-se na quota indisponível. Neste caso, como o valor
da doação não excede o valor da legítima de cada descendente, não há necessidade de
haver partilha.
Segundo o art. 974º, a doação pode ser revogada por ingratidão quando,
nomeadamente, o donatário seja deserdado, nos termos do art. 2166º.
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Em 2015, Armindo fez um testamento cerrado com as seguintes cláusulas: “a) Deserdo
Celestina, que foi condenada por falso testemunho contra Dionísio; b) Deixo o bem y10 ao meu
filho Dionísio”.
Quando à deixa a), A podia deserdar C, sua herdeira legítima, segundo o art.
2166º/1/b), uma vez que foi condenada por falso testemunho contra D, descendente de
A. Esta deserdação priva C da sua legítima e, segundo o nº2 do mesmo artigo, o
deserdado é equiparado ao indigno para todos os efeitos legais.
Em relação à deixa b), trata-se de um legado, segundo o art. 2030º/2, dado que
D sucede num bem determinado, ficando com o estatuto de legatário. Podemos entender
que o testador pretendeu beneficiar este legitimário, pelo que se imputa esta liberalidade
na quota disponível.
Em 2019, Armindo morreu. Sobreviveram-lhe: Mário; Bela, casada com Armindo no
regime de separação de bens; Celestina; Dionísio e Ernesto; Fernando, casado com Celestina;
Guilhermina e Heitor, filhos de Celestina.
À data da abertura da sucessão, Armindo tinha bens no valor de 160 e dívidas no valor
de 10. O bem x30 foi avaliado em 30 e o bem y10 foi avaliado em 10.
Celestina morreu logo que tomou conhecimento da morte de Armindo. Heitor repudiou
a herança de Celestina.
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Estamos perante um caso de colação, segundo os arts. 2104º e 2105º, dado que
o valor do bem doado (50) é superior à legitima subjetiva de cada descendente (30). As
pessoas sujeitas à colação são os descontentes (legitimários prioritários), os seus
transmissários, os seus representantes e aqueles a que alienaram o seu direito de
suceder.
Prof. OA – defende que o cônjuge está sujeito à colação.
Prof. JDP – cônjuge não está sujeito à colação.
Em 2000, Armindo casou-se com Bela, mãe dos seus filhos, no regime da separação de
bens. Na respetiva convenção antenupcial, Armindo estipulou o seguinte: “a) Deixou 1/10 da
herança a Bela; b) Reservo a faculdade de livre revogação da cláusula anterior; c) No caso de
pré-morte de Bela, o mencionado 1/10 fica para Isabel, minha irmã”.
Bela interveio no ato como aceitante.
Quanto à deixa a), trata-se de uma disposição por morte considerada lícita,
segundo o art. 1700º/1/a).
Em relação à deixa b), segundo o art. 1705º/2, a disposição é válida como deixa
testamentária e não como convenção antenupcial.
Quanto à deixa c), trata-se de uma substituição direta, segundo o art. 2281º/1. O
testador substituiu o herdeiro legitimário por outra pessoa, no caso de o herdeiro não
poder aceitar (neste caso, porque morreu antes do testador). Neste caso, é uma
substituição expressa, em um grau, singular e não recíproca.
Em 2005, Armindo fez um testamento cerrado com as seguintes cláusulas: a) Deserdo
Celestina, que foi condenada por falso testemunho contra Dionísio; b) Deixo o bem y2 ao meu
filho Dionísio.
Quando à deixa a), A podia deserdar C, sua herdeira legítima, segundo o art.
2166º/1/b), uma vez que foi condenada por falso testemunho contra D, descendente de
A. Esta deserdação priva C da sua legítima e, segundo o nº2 do mesmo artigo, o
deserdado é equiparado ao indigno para todos os efeitos legais.
Em relação à deixa b), trata-se de um legado, segundo o art. 2030º/2, dado que
D sucede num bem determinado, ficando com o estatuto de legatário. Podemos entender
que o testador pretendeu beneficiar este legitimário, pelo que se imputa esta liberalidade
na quota disponível.
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Transmissão ou representação?
É possível B repudiar a sucessão legal e mesmo assim receber 1/10 da herança?
Segundo o art. 2055º/1, se a pessoa não sabia que também ia ser herdeiro por
testamento, pode repudiar a sucessão legal, e vice-versa. Só é possível aceitar ou
repudiar a herança legal se, à data em que aceito ou repudio, não sabia que iria ser
herdeiro testamentário – art. 2055º/1, 2ª parte.
Segundo o nº2, não se pode repudiar a herança legal e depois vir a aceitar a
testamentária.
Art. 1700º/1 – a instituição contratual de herdeiro e a nomeação de legatário em
favor de qualquer dos esposados não pode ser unilateralmente revogado depois da
aceitação.
Responda justificadamente às seguintes questões:
1) Pronuncie-se sobre as cláusulas dos testamentos e da convenção antenupcial.
2) Proceda à partilha da herança de Armindo.
Como D morreu antes de A e não tem cônjuge nem filhos, não há lugar a
representação, e não se considera, também, o direito de acrescer, porque ele não é
sequer chamado à sucessão.
Em 2005, foi declarada a morte presumida de Bela. Esta deixou três filhos: Guida, Hélio
e Inocêncio. No entanto, estes não eram os únicos netos de Arnaldo; também Edgar tem dois
filhos, José e Liliana, bem como Filipe, que deixou um filho, Paulo.
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Não há lugar a colação porque a doação não excede o valor da legitima subjetiva
dos restantes sucessíveis legitimários.
f) Em 2003, Arnaldo fez uma doação a Guida no valor de 150.000€.
Não está sujeita à colação porque, à data em que foi feita a doação, G não era
herdeira legitimária prioritária. Por isso, segundo o prof. JDP, o valor em questão
imputa-se na quota disponível.
g) Na data da sua morte, Arnaldo deixou bens no valor de 800.000€ e dívidas no valor de
150.000€.
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Art. 2172º/2 – o testador pode alterar a ordem da redução das disposição, por
testamento.
Isto só seria possível se tivesse sido feita na convenção em causa, uma vez que
não pode ser alterada unilateralmente.
Segundo o prof. JDP, a alteração da ordem das reduções não pode operar em
relação a doações em vida e convenções antenupciais.
Sabendo ainda que:
a) Zulmira tem um filho Manuel, declarado judicialmente indigno em relação a Arnaldo,
um mês após a morte deste último.
b) Sara casou-se em março de 2008.
c) Vítor morreu antes de Arnaldo, não deixando descendentes.
d) Em 2005, Arnaldo vendeu a casa de Faro a Walter.
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administração da herança seriam satisfeitos só depois de terem sido liquidadas todas as dívidas
contraídas pelo autor da sucessão.
Deixa a) –
Deixa b) – substituição direta seguida de substituição fideicomissária (presume-
se que os fideicomissários são os sucessíveis legitimários); não é possível haver
substituição fideicomissário em vários graus.
Deixa c) – é uma condição contrária à lei, segundo o art. 2232º, na parte que diz
“não transmitir a determinada pessoa os bens deixados” por isso, tem-se por não escrita,
mas não prejudica o herdeiro ou legatário – art. 2230º/1.
Art. 2304º - não há lugar a direito de acrescer, quando o testador tiver disposto
outra coisa, se o legado tiver natureza puramente pessoal ou se houver direito de
representação.
1) Aprecie as disposições por morte.
2) Proceda à partilha da herança de Alfredo, tendo em conta que, à data da morte, ele tinha
bens no valor de 1800 e dívidas no valor de 400. À mesma data, a casa em Oeiras foi
avaliada em 400; e o terreno em Sintra valia 50.
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2104º e ss) porque é uma disposição mortis causa. O valor deste bem é imputado na
quota disponível (e não é sujeito a colação), segundo o prof. JDP (é uma antecipação da
sucessão legal).
Relativamente à deixa b), o art. 2182º/2/b), apenas permite que o testador
cometa a terceiro a nomeação de legatário, de entre pessoas por aquele determinadas, o
que não se verifica. Art. 2320º e ss – testamentaria.
Quanto à deixa c), G repudiou a herança de A, por isso, há representação
relativamente ao seu filho, L, segundo os arts. 2039º e 2041º/1.
Também podemos considerar o art. 2256º, segundo o qual é nulo o legado de
coisa que à data do testamento pertencia ao próprio legatário, se também lhe pertencer à
data da abertura da sucessão.
Art. 2196º/1 – a disposição a favor da pessoa com quem o testador casado
cometeu adultério, neste caso, a favor de M é nula. Trata-se de uma indisponibilidade
relativa.
O encargo é possível, não é contrário aos bons costumes, nem à ordem pública.
A questão é se seria possível de cumpri.
Sobreviveram a Albano todos os sujeitos mencionados e ainda Luís, filho de Guilherme.
Em fevereiro de 2020, cessou a limitação da capacidade testamentária de Carlos. Guilherme
repudiou a herança de Albano. Tomás decidiu que a casa y80 caberia a Luís.
Aprecie o conteúdo dos dois testamentos e proceda à partilha da herança de Albano. Na
altura da morte, o valor dos bens existentes no património do de cuius era de 700.000€. O bem
k200 valia 200.000€; o bem x60 valia 60.000€; a casa y80 valia 80.000€. O automóvel z, que
pertencia a Guilherme, valia 10.000€.
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No momento da abertura da sucessão, o bem t100 valia 100; e o bem w120 valia 120.
António deixou bens no valor de 650 e dívidas no valor de 100. Faça a partilha da herança de
António.
4) Resolva agora o caso tendo em conta que: em 2009, António também tinha doado em
vida a Eduardo o bem t170. Em 2010, António fez um testamento público com o
seguinte teor: “Deixo a Bia o bem w160. Se Bia aceitar este bem, nada mais receberá da
minha herança”.
No momento da abertura da sucessão, o bem t170 valia 170; e o bem w160 valia 160.
António deixou bens no valor de 580 e dívidas no valor de 100. Faça a partilha da herança de
António.
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5) Por último, imagine que: em 2009, António também tinha doado em vida a Eduardo o
bem t100. Em 2010 António fez um testamento público com o seguinte teor:
“1ª Deixo a Bia o bem w120. Se Bia aceitar este bem, nada mais receberá da minha
herança.
2ª Deixo Carlos o bem z220 a ser imputado na sua legítima subjetiva”.
No momento a abertura da sucessão, o bem t100 valia 100; o bem w120 valia 120; e o
bem z220 valia 220. António deixou bens no valor de 650 e dívidas no valor de 100. Faça a
partilha da herança de António.
Frequência:
Passos da resolução:
1) Análise qualitativa das deixas;
2) Cálculo de quotas sucessões; regras especiais; vocações; legitimas subjetivas;
3) Mapa da partilha; imputações de doações; colação; inoficiosidades.
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Em 2005, Ana fez testamento cerrado, no qual declarou: a) deixar ao seu filho Carlos
um apartamento em Lisboa, por conta da legítima; b) atribuir a Henrique um terreno no Funchal
que ele deveria conservar até a sua morte, ficando o bem então para Luís; c) beneficiar Mariana
com uma biblioteca jurídica, por ela ser a única pessoa da sua família exercer uma profissão
forense.
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Legado por conta da legítima
Deixa pela qual o testador designa os bens que devem preencher a quota de um
sucessível legitimário, caso ele o consinta e constitui uma exceção à intangibilidade qualitativa
da legítima (art. 2163º).
Corresponde a uma herança ex re certa.
O aceitante do legado beneficia de acrescer sobre os co-herdeiros legais e
testamentários.
O sucessível pode optar por:
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Deixa b) – substituição fideicomissária – art. 2286º e ss.
H é fiduciário; L é fideicomissário. Como se trata de um legado, aplica-se o art.
2296º.
Dado que L morreu em 2014, antes de H e do próprio autor da substituição
fideicomissária (A, que faleceu em janeiro de 2016) – situação de pré-morte, a
substituição fica sem efeito, e a titularidade dos bens considera-se adquirida
definitivamente pelo fiduciário, de acordo com o art. 2293º/2.
Como H faleceu em abril de 2016, sem se pronunciar sobre a sucessão de A,
opera direito de transmissão sobre os seus herdeiros, neste caso, T, a sua filha, segundo
o art. 2058º.
Deixa c) – legado; remissão para a questão do erro sobre os motivos.
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Em 2007, Eva foi declarada indigna relativamente à sua mãe, Ana, na sequência de ação
judicial que esta intentou.
Esta doação em vida não está sujeita a colação – o art. 2105º não inclui o
cônjuge, apenas os descendentes legitimários prioritários. Imputa-se na quota
indisponível. A doação feita ao cônjuge é imputada tendencialmente na QI, e o
remanescente na QD (PCR). Art. 64º, CRP
Prof. PC (Escola de Coimbra) – imputa na QD (vai fazer com que haja
inoficiosidade).
Só o professor Oliveira Ascensão é que considera que a doação feita a cônjuge
está sujeita a colação.
Art. 2114º - escola de Coimbra faz uma interpretação literal do artigo, incluindo
a situação do cônjuge neste artigo e, portanto, imputando os bens na QD.
Os profs. JDP e PCR fazem uma interpretação sistemática, dizendo que o artigo
se aplica apenas aos casos previstos no artigo anterior. Ou seja, o art. 2114º aplica-se
quando não há lugar a colação por esta ter sido dispensada. Argumentos: Não
favorecimento excessivo de um herdeiro legitimário; garantir a liberdade de testar; art.
64º, CRP – ver livro. Por isso, imputa-se os bens doados ao cônjuge na QI.
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Considera-se, neste caso, que não foi intentada nenhuma ação de anulabilidade,
pelo que se resolve o caso tendo em conta a deixa.
1) Aprecie as disposições por morte.
2) Proceda à partilha da herança de Ana, tendo em conta que, à data da morte, ela tinha
bens no valor de 300.000€ e dívidas no valor de 40.000€. À mesma data, o apartamento
em Lisboa valia 90.000€; a casa em Cascais foi avaliada em 100.000€; o terreno no
Funchal valia 18.000€; o saldo do depósito bancário correspondia a 14.000€; e a
biblioteca jurídica valia 6.000€.
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Legado em substituição da legítima
Disposição mortis causa de bens determinados em benefício de um sucessível
legitimário que, aceitando-os, deixa de poder reclamar qualquer quantia da sua legítima,
perdendo o direito à diferença se o valor do legado for inferior àquela.
O sucessível é chamado à sucessão simultaneamente por testamento e lei, sendo
inválida a substituição direta no legado e não podendo o descendente do indigno adquiri-lo por
representação (art. 2037º/2 – aplicação simultânea do regime da sucessão testamentaria e legal).
O sucessível só pode, porém, suceder por um dos títulos a que foi chamado.
É nula a deixa pactícia de legados em substituição de valor inferior à legítima, uma vez
que a sua aceitação tem o mesmo efeito de uma renuncia, em vida, da intangibilidade
quantitativa da legítima, proibida pelo art. 2170º.
A aceitação do legado implica uma impossibilidade jurídica de aceitar a herança
legitimaria, revertendo esta para um beneficiário de vocação indireta ou ampliando a QD.
As deixas a título de herança:
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Caso 26
Termos sobre direitos temporários – à partida não são possíveis. Ex.: alguém deixa um
automóvel durante 5 anos.
Posição JDP – se for feita uma doação a um herdeiro legitimário (que por isso,
está sujeita a colação) que depois foi declarado indigno, aplica-se analogicamente o art.
2114º/2, que diz respeito ao repúdio, ou seja, imputa-se na QI.
Se for um caso de pré-morte, isto é, foi feita uma doação a um herdeiro
legitimário que depois veio a morrer antes do de cuius, e não houver descendentes para
o representar, imputa-se na QD.
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Beatriz Ventura, TB
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