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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

TRABALHO DE METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

TEMA: IMPORTÂNCIA DO ENSINO “ONLINE” NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO EM


MOÇAMBIQUE

Guilhermina Ndikutwala Julita

Pemba, 18 de Abril de 2021


Índice
Introdução ......................................................................................................................... 4

Objectivos do Trabalho .................................................................................................... 5

Metodologias .................................................................................................................... 6

Revisão da Literatura ........................................................................................................ 7

Conceito de Educação a Distância (EaD) ......................................................................... 7

Algumas Reflexões Sobre a Importância da Educação a Distância ................................. 8

Breve Histórico da Situação Educacional em Moçambique ............................................ 9

Ensino a Distância em Moçambique: As Primeiras Iniciativas ...................................... 10

A Educação a Distância na Década de 1990 .................................................................. 11

A Educação a Distância na Década de 2000 .................................................................. 12

Implementação de Educação a Distância Em Moçambique: Um Olhar sobre o Acordo


de Cooperação entre Brasil e Moçambique .................................................................... 13

Educação Online ............................................................................................................. 14

Aprender Online e Importância do Ensino “Online” Na Promoção Da Educação Em


Moçambique ................................................................................................................... 14

Considerações Finais ...................................................................................................... 16

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 17

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1. Introdução

A pesquisa surge no âmbito da disciplina de Metodologia de Investigação


Científica cujo tema é: Qual a importância do ensino “online” na promoção da educação
em Moçambique. Antes de “abrir o pano de fundo” importa dizer que, educação online
é uma forma de ensino em que os alunos acessam conteúdos disponibilizados na
internet, assistem vídeos, aulas ao vivo ou gravadas, fazem exercícios, avaliações,
participam de chats e fóruns, além de outras actividades.

A educação online no nosso país, de dimensões continentais e grande


diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir
acesso à educação de qualidade e ao promover o fortalecimento da formação de jovens
residentes de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos centros
urbanos.

Segundo TAPSCOTT & WILLIAMS (2006), a profundidade e o âmbito desta


revolução alargasse porque a nova Rede é o hábito natural de um novo grupo de
cidadãos que constituem a Geração Net. Para estes autores, a Rede não é um simples
repositório de informações ou local de compras por catálogo, é uma nova forma de vida
e de socialização. Fenómenos como Myspace, o Facebook, Blogues, Flickr, Del.icio.us,
entre outros, não são apenas sítios na Rede são comunidades dinâmicas on-line onde se
formam redes de interacção cada vez mais disseminadas e movimentadas. Esta nova
geração de jovens utilizadores traz o mesmo ethos interactivo para a vida quotidiana,
inclusive para o trabalho, para a educação e para o consumo.

Segundo LÉVY (2001), um movimento de virtualização está afectando não


apenas a informação e a comunicação, mas também os corpos, o funcionamento
económico, os quadros colectivos da sensibilidade e o exercício da inteligência,
atingindo as modalidades do estar junto, a constituição dos nós: comunidades virtuais,
empresas virtuais, democracia virtual, conceitos que ultrapassam em muito a simples
ideia de informatização de serviços.

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1.1. Objectivos do Trabalho

Objectivo Geral

O objectivo geral é baseado na questão norteadora da pesquisa. É mais amplo,


entretanto, deve ser formulado em uma única frase. Ele dá a direcção que a pesquisa
tomará em seu percurso. Para formular o objectivo geral o pesquisador deve perguntar:
Para quê pretendo pesquisar? De acordo com MARCONI & LAKATOS (2003, p. 219),
o objectivo geral “está ligado a uma visão global e abrangente do tema”. Esta visão
permite ao pesquisador compreender o todo da pesquisa. Para ANDRADE (2009), o
objectivo geral está ligado ao tema de pesquisa. Assim sendo este trabalho tem por
objectivo geral:

 Realizar uma pesquisa sobre a Importância do Ensino a Distância vulgo Online


no caso Concreto de Moçambique.

Objectivos Específicos

Os objectivos específicos são assuntos complementares da questão, fazendo


assim, o desdobramento do objectivo geral. De acordo com MARCONI & LAKATOS
(2003, p. 219), os objectivos específicos “apresentam carácter mais concreto.
Permitindo, de um lado, atingir o objectivo geral e, de outro, aplicá-lo a situações
particulares.” Portanto, os objectivos específicos são o desmembramento do objectivo
geral, facilitando o percurso da pesquisa. Para ANDRADE (2009), os objectivos
específicos referem-se ao tema ou assunto propriamente dito e definem as etapas que
devem ser alcançadas para alcançar o objectivo geral de pesquisa. Portanto, o
pesquisador deve perguntar: o que farei para alcançar o objectivo geral? Assim esta
pesquisa tem por objectivos específicos:

 Abordar o Histórico da Educação a Distância de Moçambique;


 Conceituar o termo Educação a Distância;
 Falar do Ensino Online;
 Decifrar a sua Importância no caso Concreto de Moçambique; e,
 Falar do seu Dinamismo.

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1.2. Metodologias

A metodologia de pesquisa, segundo BARRETO & HONORATO (1998), deve


ser entendida como o conjunto detalhado e sequencial de método e técnicas científicas a
serem executados ao longo da pesquisa, de modo a possibilitar atingir os objectivos
inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, atender aos critérios de menor custo, maior
rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de informação.

Segundo LAKATOS & MARCONI (1991, p.83), a metodologia “é o conjunto


da actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objectivo traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista.” Contribui para a solução do problema de maneira racional.

A escolha acertada de uma metodologia permite orientar o estudo e dar ao


trabalho um sentido significativo e prático, explorando de forma clara todos os enfoques
da temática abordada.

O presente estudo tem como proposta metodológica uma revisão da literatura.


Trata-se, portanto, de uma pesquisa exploratória de carácter descritivo. Acredita-se que
esta abordagem vai de encontro dos objectivos e necessidades do estudo proposto.

A pesquisa bibliográfica busca na literatura existente, subsídios capazes de


atribuir ao tema o entendimento para formação de uma opinião. Disponibiliza pistas de
soluções para o problema além de aprofundar outros assuntos que se relacionam com o
tema determinando variáveis. Investiga o problema a partir do referencial teórico
existente em livros e outras publicações, sendo necessária a qualquer modalidade de
trabalho científico e é também a primeira etapa de qualquer tipo de pesquisa.

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2. Revisão da Literatura

BENTO (2012, p.1), fundamenta que a revisão da literatura é uma parte vital do
processo de investigação. Aquela envolve localizar, analisar, sintetizar e interpretar a
investigação prévia (revistas científicas, livros, atas de congressos, resumos, etc.)
relacionada com a sua área de estudo; é, então, uma análise bibliográfica
pormenorizada, referente aos trabalhos já publicados sobre o tema. Então, nesta
pesquisa a revisão da literatura refere-se a fundamentação teórica adoptada para tratar o
tema e o problema da pesquisa. A partir do levantamento da literatura já publicada sobre
o tema e temas afins, permitiu fazer o mapeamento daqueles que são os aspectos mais
relevantes para traçar o quadro teórico que possibilitou a estruturação conceitual que
deu sustentação ao desenvolvimento da pesquisa.

2.1. Conceito de Educação a Distância (Ead)

O Decreto n. 5.622 (BRASIL, DECRETO 5.622, 2005), de 19 de Dezembro de


2005, define a EaD com as mesmas vantagens e limitações do anterior, quais sejam:
reconhecimento do carácter de modalidade educacional, em coerência com a Lei de
Directrizes e Bases (LDB), e quanto as referencias as TIC’s. Neste Decreto, um dos
princípios que o rege refere-se a obrigatoriedade de momentos presenciais, não apenas
para avaliações de estudantes, mas também para estágios, defesa de trabalhos e
actividades laboratoriais.

Se, antes, Educação a Distância (EaD) podia ser caracterizada como o sistema
educacional onde há total separação física entre professor e aluno (em contraposição
com a Educação Presencial), hoje, a fronteira entre Educação a Distancia e Educação
Presencial encontra-se cada vez menos nítida.

Conforme MORAN (2002), Educação a Distância (EaD) e o processo de ensino-


aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados
espacial e/ou temporalmente. E ensino/aprendizagem onde professores e alunos não
estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por
tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser
utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e
tecnologias semelhantes.

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Conforme e de acordo com o Artigo 20 da Lei do Sistema Nacional de Educação
de Moçambique (Lei 18/2018 de 28 de Dezembro), a Educação à Distância é uma
modalidade de educação essencialmente não presencial contemplada no subsistema
nacional de Educação de Geral, Educação de Adultos, Superior e Formação de
Professores. Sendo assim e propósito de seu conceito, SPANHOL (1999, p. 56) define a
Internet como:

“Uma modalidade de troca de informações entre computadores heterogéneos


situados em ambientes remotos ligados aos ‘backbones’ (espinha dorsal)
existentes em cada pais e interconectados através de servidores quando numa
rede corporativa e através de um ‘modem’ ligado a linha telefónica ou ‘cable
modem’ ao usuário comum”, (Grifou-se).

De acordo com MORAN (2002), na medida em que avançam as tecnologias de


comunicação virtual, o conceito de presencialidade também se alteram. Poder-se-lha ter
professores externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora
“entrando” com sua imagem e voz, na aula de outro professor, por exemplo. Haverá,
assim, um intercâmbio maior de saberes, possibilitando que cada professor colabore,
com seus conhecimentos específicos, no processo de formação do conhecimento, muitas
vezes a distância.

2.1.1. Algumas Reflexões Sobre a Importância da Educação a Distância

A Educação a Distância actualmente é praticada nos mais variados sectores. Ela


é usada na Educação Básica, no Ensino Superior, em Universidades abertas,
universidades virtuais, treinamento governamentais, cursos abertos, livres etc., (MAIA;
MATTER, 2007 apud KARPINSKI et al., 2017). Ao longo da sua história, muitos
conceitos foram e continuam sendo dados de formas diferentes, mesmo havendo
controvérsias entre os autores. O importante é que as diferenças enriquecem o debate e,
ao mesmo tempo, fortalecem o campo teórico.

Um dos desafios que se coloca aos países que adoptam a EaD como estratégia
para o desenvolvimento político, económico e sociocultural é a união dos esforços para
sua institucionalização. No entanto, infelizmente, esse princípio, na maioria das
organizações educacionais, de acordo com MOORE & KERASLEY (2007), tem se
mostrado muito inseguro a respeito da introdução de novos subsistemas organizacionais
e pedagógicos voltados a essa modalidade de educação.
8
PAUL (2015), sublinha que uma EaD eficaz requer uma revisão não somente
das práticas de ensino e aprendizagem e das políticas académicas, mas também de todos
os serviços que as instituições provêem para os alunos. Nesse contexto, quando uma
organização adopta uma abordagem sistémica para a EaD, de acordo com MOORE e
KEARSLEY (2007), haverá um impacto nos professores, nos alunos, nos
administradores e nos formuladores de políticas; e mudanças significativas no modo
como a educação são conceptualizadas, financiada, elaborada e transmitidas.

2.1.2. Breve Histórico da Situação Educacional em Moçambique

Em Moçambique, assim como em outros países Africanos de Língua Oficial


Portuguesa (PALOP), o sistema educacional é resultado das lutas dos povos
nativos2 contra a ocupação colonial e a influência do processo colonial português.
Segundo MINDOSO (2017), embora a presença portuguesa em Moçambique remonte a
1498, quando da passagem de Vasco da Gama pelo território, a caminho das Índias; só
depois da Conferência de Berlim, realizada em 1884/5, é que Portugal se lançou na
ocupação efectiva de Moçambique e dos demais territórios que reivindicava na África.
Nesse contexto, RODNEY (1975) e CABAÇO (2007), sublinham as dificuldades e as
resistências do povo africano em aceitar uma educação ocidental, uma vez que ela não
dava possibilidade aos negros de construírem a sua identidade e serem reconhecidos
como sujeitos pertencentes à sociedade à qual ajudavam a construírem.

O contexto educacional moçambicano é marcado pelo modelo educacional pré-


colonial (anterior a 1975) e pelo modelo posterior, que passou por dois momentos: um
imediatamente pós-colonial, concomitante à Guerra Civil, entre 1976 e 1992, e o outro
após o fim dos conflitos até os dias de hoje. No período colonial, por meio do Diploma
Legislativo Nº 238, de 15 de Maio de 1930, os portugueses vislumbravam conduzir
gradualmente os indígenas de uma vida de “selvajaria” a uma vida “civilizada” - ou
marcada pela ocidentalização de costumes, (GÓMEZ, 1999, p. 62). Nesse documento,
de acordo com RIBEIRO (2015), encontram-se detalhes sobre a divisão da educação
rudimentar e profissional. Sustenta-se, em seu Artigo 1º, que “ [...] o ensino indígena
tem por fim conduzir gradualmente o indígena da vida selvagem para a vida civilizada
firmar-lhe a consciência de cidadão português e prepará-lo para a luta da vida, tornando-
o mais útil à sociedade e a si próprio”, (RIBEIRO, 2015, p. 30).

9
No período colonial, o ensino estava organizado em dois subsistemas de ensino:
ensino oficial e ensino rudimentar. “Enquanto o primeiro estava destinado aos filhos dos
colonos ou assimilados, permitindo assim ao aluno prosseguir os seus estudos até ao
ensino superior”, (MAZULA, 1995, p. 79), o ensino indígena desenvolvia-se nas
regiões rurais e escolas das missões, controladas pela igreja. O conteúdo do ensino
indígena, de acordo com GOMÉZ (1999), era altamente religioso, com grande parte dos
horários preenchida pela aprendizagem da doutrina católica; e os conteúdos, quando
existiam, tinham referência conceitual e cultural portuguesa.

2.1.3. Ensino a Distância em Moçambique: As Primeiras Iniciativas

Ao longo da luta de libertação nacional, de acordo com MOMBASSA (2013), a


educação foi vista pelo povo moçambicano como mecanismo-chave para conquistar a
sua independência. À medida que as regiões libertadas iam sendo conquistadas, as
tropas que lutavam contra o regime colonial português procuravam massificar a
educação como forma de melhorar os níveis de vida da população. O relatório publicado
pela AFRIMAP e pela OPEN SOCIETY INICIATIVE FOR SOUTHER
ÁFRICA (OSISA) enfatiza essa questão apontando que:

“A expansão do acesso aos serviços educativos tornou-se numa das principais


prioridades do país após a independência. O comprometimento nacional para com a
educação nunca saiu da agenda de desenvolvimento de Moçambique, nem mesmo
durante o conflito armado e os períodos de dificuldade económica”, (AFRIMAP;
OSISA, 2012 apud MOMBASSA, 2013, p. 24).

Seguindo o mesmo raciocínio, no âmbito do ensino a distância, NEELEMAN e


NHAVOTO advogam que:

“No seu Terceiro Congresso, em 1977, a FRELIMO, ao analisar a questão do acesso à


educação, deu orientações para estudar até 1979 as condições para o estabelecimento
de um centro nacional de ensino por correspondência que utilize também a
radiodifusão. Já havia pessoas que faziam cursos por correspondência, principalmente
com instituições portuguesas, mas isto implicava a transferência de valores em divisas,
e com a agudização da crise económica no país, decidiu-se cortar essas transferências,
interrompendo assim, quase completamente, esta modalidade de estudo”, (NEELEMAN
& NHAVOTO, 2003, p. 3 apud MOMBASSA, 2013, p. 25).

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É importante referir que o fechamento das transferências de valores em divisas,
para além de estar associado à crise dos finais dos anos 1970 e início da década 1980,
também esteve relacionado à ideologia socialista adoptada pelo país. Ou seja, uma vez
que Moçambique seguia um regime socialista seria muito difícil o Estado moçambicano
continuar com as despesas, visto que grande parte dos recursos provenientes dos países
socialistas não era capaz de dar vazão aos problemas que o país enfrentava no momento,
(MOMBASSA, 2013). Portanto, em cumprimento às orientações saídas do Terceiro
Congresso, ainda de acordo com MOMBASSA, foi criado o Departamento de Ensino a
Distância (DED), vinculado ao Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação
(INDE).

3. A Educação a Distância na Década De 1990

Após a assinatura dos acordos gerais de paz em Moçambique, no dia 4 de


Outubro de 1992, segundo MOMBASSA (2013), começa-se a verificar um interesse da
população em participar activamente na construção do país, além de se observar uma
entrada massiva de Organizações não Governamentais (ONGs) no país. No âmbito das
instituições públicas, foram criados projectos de desenvolvimento como forma de dar
resposta aos problemas que o país enfrentava no momento, (MOMBASSA, 2013).

No âmbito da EaD, além do acordo ratificado em Jomtien (Tailândia), em 1991,


entre o Estado moçambicano e a UNESCO:

“Novas experiências foram realizadas com a formação dos professores através de


programas de educação a distância. O Ministério de Educação decidiu criar o IAP
(Instituto de Aperfeiçoamento de Professores) com sede em Maputo, dedicado
exclusivamente à formação de professores à distância. A prioridade foi dada, de novo,
aos professores primários, principalmente àqueles com uma formação académica
equivalente ao ensino primário (7ª classe ou menos), sem nenhuma formação
profissional. Este curso, com três anos de duração, conhecido por "7ª+3" deveria
atingir, numa primeira fase, 3000 professores”, (NEELEMAN; NHAVOTO, 2003, p. 4).

Todavia, a prioridade de privilegiar os professores de Ensino Primário era


fundamental, na medida em que o crescimento desse subsistema, de acordo com os
autores anteriormente citados, era aquele que mais se expandia e também se ressentia da
falta de mão-de-obra qualificada. É importante destacar que o país ainda apresentava
uma taxa altíssima de analfabetismo, acima de 50%, (NEELMAN; NHAVOTO, 2003).
11
3.1. A Educação a Distância na Década de 2000

É importante lembrar que a EaD, na década de 1990, funcionava sem uma


política própria e adequada para essa modalidade e sem uma instituição vocacionada
especialmente para atendê-la, (MOMBASSA, 2013). Entretanto, os anos de 2000
iniciam-se com uma mudança política para a EaD. Conforme ZIMBA e MUELLER:

“O ano 2000 assinalou a provável primeira experiência de organização da ciência e


tecnologia pelo Estado Moçambicano. Nesse ano registaram-se dois grandes
acontecimentos: a realização do primeiro seminário nacional sobre ciência e
tecnologia, e a criação do então Ministério de Ensino Superior, Ciências e Tecnologia
(MESCT), actual Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), este último criado a partir
das modificações na estrutura governamental ocorridas após as eleições de 2004”,
(ZIMBA; MUELLER; 2010, p. 10).

É importante referir que a formulação de políticas e estratégias da educação a


distância, em Moçambique, foi resultado do trabalho de uma equipe disciplinar dirigida
pela Ministra do Ensino Superior, Ciências e Tecnologias (ESCT) em 2000. De acordo
com NEELEMAN e NHAVOTO:

“A comissão desenvolveu o seu trabalho com apoio de consultores internacionais e formulou a


política e estratégia da introdução da educação a distância em Moçambique. O documento, que
inclui já alguns projectos-piloto, foi discutido no Conselho de Ministros em Outubro de 2001. A
comissão recebeu a tarefa de ampliar o seu trabalho para abranger todos os níveis da
educação, do primário ao superior, incluindo a educação não formal. A comissão foi ampliada e
passou a incluir representantes do Ministério da Educação”, (NEELEMAN; NHAVOTO, 2003,
p. 5).

Os autores citados apontam ainda que a nova Comissão reescreveu a estratégia, e


o conjunto de projectos-piloto prioritário foi submetido ao financiamento por meio de
um crédito do Banco Mundial. Ao desdobrar a sua visão, a comissão já não se interroga
se Moçambique deve ou não introduzir a educação a distância. O debate é colocado em
outros termos: Moçambique não será capaz de realizar a expansão e a diversificação das
oportunidades de educação que o Governo preconiza sem recorrer à educação a
distância. Na maior parte das actividades desenvolvidas no âmbito da ciência e
tecnologia, o Governo moçambicano dependia de oportunidades e de financiamentos
externos. Os últimos informes do Conselho Coordenador do MCT mostram que mais de
90% dos investimentos.
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3.1.1. Implementação de Educação a Distância em Moçambique: Um Olhar Sobre
o Acordo de Cooperação entre Brasil E Moçambique

Brasil e Moçambique mantêm relações diplomáticas desde 15 de Novembro de


1975, ano da independência Moçambicana. Em 1º de Março de 1976, foi aberta a
Embaixada em Maputo. Em Janeiro de 1998, foi aberta a Embaixada de Moçambique
em Brasília. A estabilidade política, a consolidação da democracia e os avanços
económicos do país criaram condições favoráveis para o aprofundamento das relações
bilaterais.

No contexto da educação, a parceria entre Brasil e Moçambique é tão antiga


quanto às relações diplomáticas mantidas entre esses países. Vários projectos de
cooperação foram ratificados entre os dois países. Desde o Ensino Primário até o
Superior tem se assistido a uma colaboração significativa. Para TATIM (2014), tais
projectos de cooperação podem ser agrupados nas seguintes áreas: alfabetização de
jovens e adultos; concessão de bolsas de estudo; educação profissional; formação
científica; implementação de bolsa-escola e merenda escola.

No âmbito da EaD, a parceria entre os Governos do Brasil e de Moçambique


ganhou outro impulso, conforme destaca PRETI (2013), com a iniciativa do Governo do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva de implementar o sistema Universidade Aberta do
Brasil em Moçambique, (PRETI, 2013)12. Segundo o mesmo autor, “o então presidente
realizou 33 viagens ao continente africano, visitou 23 países e instituiu dezanove
embaixadas, em clara evidência do redireccionamento da política externa brasileira e
reaproximação Brasil-África”, (PRETI, 2013, p. 30).

Por parte do Governo Moçambicano, havia interesse na formação dos


profissionais da educação e dos funcionários públicos para melhorar a qualidade do
ensino e do serviço público. Cerca de 50% dos professores do Ensino Secundário não
tinham formação Superior ou na área em que leccionavam, (MOÇAMBIQUE, 2010b), e
as Instituições de Ensino Superior estavam concentradas em Maputo e em algumas
capitais das Províncias, o que dificultava o acesso por parte dos professores e os que
trabalhavam em localidades mais interiorizas, (PRETI, 2013).

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3.1.2. Educação Online

A educação online é uma modalidade de educação à distância realizada via


internet, cuja comunicação ocorre de forma síncrona ou assíncrona. Tanto pode utilizar
a internet para distribuir rapidamente as informações como pode fazer uso da
interactividade propiciada pela internet para concretizar a interacção entre as pessoas,
cuja comunicação pode se dar de acordo com distintas modalidades comunicativas, a
saber:

 Comunicação uma um, ou dito de outra forma, comunicação entre uma e outra
pessoa, como é o caso da comunicação via correio electrónico que até pode ter
uma mensagem enviada para muitas pessoas desde que exista uma lista
específica para tal fim, mas sua concepção é a mesma da correspondência
tradicional, portanto existe uma pessoa que remete a informação e outra que a
recebe.
 Comunicação de um para muitos, ou seja, de uma pessoa para muitas pessoas,
como ocorre no uso de fóruns de discussão, nos quais existe um mediador e
todos que têm acesso ao fórum, enxergam as intervenções e fazem suas
colocações
 Comunicação de muitas pessoas para muitas pessoas, ou comunicação
estelar, que pode ocorrer na construção colaborativa de um site ou na criação de
um grupo virtual, como é o caso das comunidades colaborativas em que todos
participam da criação e desenvolvimento da própria comunidade.
3.1.3. Aprender Online e Importância do Ensino “Online” Na Promoção da
Educação Em Moçambique

Aprender é planejar desenvolver acções receber, seleccionar e


enviar informações estabelecer conexões reflectir sobre o processo em
desenvolvimento em conjunto com os pares.

Desenvolver a inter-aprendizagem, a competência de resolver problemas em


grupo e a autonomia em relação à busca, ao fazer e compreender. As informações são
seleccionadas, organizadas e contextualizadas segundo as expectativas do grupo,
permitindo estabelecer múltiplas e mútuas relações e precursões, atribuindo-lhes um
novo sentido que ultrapassa a compreensão individual.

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Com o uso de ambientes virtuais de aprendizagem redefine-se o papel do
professor que finalmente pode compreender a importância de ser parceiro de seus
alunos e escritor de suas ideias e propostas, aquele que navega junto com os alunos,
apontando as possibilidades dos novos caminhos sem a preocupação de
ter experimentado passar por eles algum dia.

Para desenvolver a educação a distância com suporte ambientes digitais e


interactivos de aprendizagem tornasse necessário a preparação de profissionais para
desenvolver os recursos tecnológicos
(software) condizentes com as necessidades educacionais, o que implica em
estruturar equipes interdisciplinares constituídas por educadores.

Assim, a educação a distância em ambientes digitais e interactivos de


aprendizagem permite romper com as distâncias espaço temporais e viabiliza a
recidividade, múltiplas interferências, conexões e trajectórias, não se
restringindo à disseminação de informações e tarefas inteiramente definidas a priori,
(MORAES, 1997).

Ressalta-se que um ambiente digital de interacção e aprendizagem constitui uma


ecologia da informação, (NARDI, 1999), criada na actividade de todos os participantes
desse contexto, os quais à medida que interagem, transformam a forma de representar o
próprio pensamento e se transformam mutuamente na dinâmica das inter-relações que
se estabelecem, ao mesmo tempo que alteram o próprio ambiente.

O sentido de localidade diz respeito ao espaço digital, ou ao ciberespaço, cujas


condições são continuamente contextualizadas nas acções em desenvolvimento neste
espaço e descontextualizadas na apropriação destas acções para outras situações e
ecologias em que os participantes se encontram envolvidos.

A par disso, a análise de experiências realizadas em contextos concretos


específicos, permite descontextualizá-las de sua situação original, tornando-as objecto
de reflexão no grupo virtual que a recontextualização em outros patamares de
compreensão, o que induz a novas contextualizações.

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4. Considerações Finais

O grande desafio de um país com as características de Moçambique - quais


sejam: ter independência recente, ter saído de uma Guerra Civil há 26 anos e ter um
patamar de alfabetização dos mais baixos da África desde sua independência -, é o de
construir políticas educacionais que diminuam a grande desigualdade dos últimos
séculos em curto período. Do ponto de vista do investimento em educação presencial,
essa tarefa parece ser quase impossível, pois envolveria um crescimento contínuo de
infra-estrutura, de profissionais e de recursos indisponíveis ao Governo de
Moçambique.

Entretanto, a EaD emerge, nesse contexto, como uma possibilidade real de


ampliação do acesso à educação, sobretudo à Educação Superior e à formação
continuada de profissionais da educação. Contudo, o país ainda se encontra em uma
situação delicada, pois os investimentos feitos em EaD encontram-se razoavelmente
aquém do crescimento necessário para que a ampliação da educação de Moçambique
tenha maior efectividade.

De salientar que são vários os aspectos a conceder já que chegou-se ao fim do


Trabalho. Para iniciar com as considerações pode-se dizer que, o ensino online é uma
forma de ensino em que os alunos não precisam comparecer fisicamente no local de
estudo. Neste sistema de ensino, o aluno recebe o material de estudo (pelo correio, e-
mail ou outras possibilidades oferecidas pela Internet), permitindo que ocorram novas
técnicas educativas e estratégias de aprendizagem voltados para o contexto em que os
alunos estão inseridos.

De frisar que como as aulas escolhidas são online, o aluno tem a flexibilidade de
estudar de onde quiser, desde que tenha acesso à internet para visualizar o conteúdo
disponibilizado pelo professor.

Para finalizar repinchar que, a educação a distância proporciona um novo


paradigma no ensino regular. Isso não é mais uma tendência, mas sim uma realidade
que está beneficiando milhares de pessoas em todos os cantos de Moçambique e no
mundo em geral.

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5. Referências Bibliográficas

ANDRADE, M.M. (2009). Introdução à Metodologia do Trabalho Científico:


elaboração de trabalhos na graduação. 9. ed. São Paulo: Atlas.

BARRETO, A. V. P; HONORATO, C. de F. Manual De Sobrevivência Na


Selva Acadêmica: Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998.

BRASIL. MINISTERIO DA EDUCACAO. PRESIDENCIA DA REPUBLICA.


Decreto n. 5.622, de 19 de Dezembro de 2005. Disponivel em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2005/Decreto/D5622.htm>.
Acesso em: 22 mar. 2009.

CABAÇO, J. L. Moçambique: identidades, colonialismo e libertação. 2007. 475


f. Tese (Doutorado em Antropologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

GÓMEZ, M. B. Educação Moçambicana: história de um processo, 1962-1984.


Maputo: Livraria Universitária, 1999.

KARPINSKI, J. A. et al. Fatores críticos para o sucesso de um curso em


EAD. Avaliação, Campinas, Sorocaba, v. 22, n. 2, p. 440-457, jul. 2017.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772017000200010

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