Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO DE CULTURA E ARTE


DEPARTAMENTO DE MÚSICA
CULTURA E ANTROPOLOGIA MUSICAL – ICA 2401
PROF. LUIZ BOTELHO DE ALBURQUERQUE
IURY CEZAR PINHEIRO CAVALCANTI, 389630

Texto elaborado a partir do documentário e leitura do texto: “Matriz Tupi” por Darcy Ribeiro.

Penso eu que ao se dar o trabalho de fazer uma arqueologia da alma brasileira (como
diria Gambini) devemos mais aos nossos ancestrais indígenas do que europeus. Darcy Ribeiro
se propõe, assim, demonstrar o que anos de trabalho em antropologia e diversas pesquisas
resultaram. Um trabalho árduo de apresentar sua perspectiva ética e política e acima de tudo
científica do que chamaremos de “O povo brasileiro”.
Devemos pensar inicialmente, que o denominado “povo brasileiro” se refere, antes de
mais nada, a perspectiva que somos além de uma mistura de cultura e raças, somos uma
unidade étnico-nacional que une concepções únicas que caracterizam os brasileiros e por
debaixo dessa manta suas peculiaridades. Três pontos são levados em consideração: a
ecológica, econômica e a imigração. Pontos estes que colaboraram para diversificação e
paradoxalmente unificação de contingente chamado povo brasileiro. Apesar de toda sua
democracia racial, um povo que luta e sofre as consequência de regimes exploratórios e
dominatórios por uma minoria elitizada.
Para além das acepções constatadas pelo início de seu livro, Ribeiro se preocupa em
orientar uma viagem que transpasse por aqueles que estiveram aqui como uma nação antes do
“registramento” do Brasil em terras europeias. Os indígenas ficaram conhecidos, pela versão
da fala do explorador português, como os bárbaros destes lados, sem cultura (europeia), pagã
e imoral. Mas para além dos olhos de quem chegou a nossas terras sem consideração
nenhuma pelo povo que aqui já vivia, o autor tenta inverter este olhar e mostrar um retrato
mais próximo da realidade histórica vivida por estes povos.
Então, “Matriz Tupi” vem dos povos indígenas que se unificavam pela cultura e
liguagem Tupi povoando grande parte do grande Brasil, de norte a sul, tendo seu centro étnico
nas proximidades do, hoje, estado do Paraná de onde povoaram as terras além Mata Atlântica.
São marcas de seu povo a estrutura cultural e como se relacionavam com outros pequenos
povos. Gostavam da guerra e esta tinha função cultural forte. O que marca em peso este tipo
de cultura é inserção e relação na/da natureza em suas práticas. Vivendo uma relação íntima e
até mesmo sem delimitação, onde o real e o espiritual se utilizando da mesma linguagem,
possibilitando um equilíbrio de perfeição quase romântica. Sobreviviam da agricultura, da
caça e da pesca. Suas características comuns, porém nunca foram suficientes para atuação
política em conjunto. Pelo contrário, fazia questão da manutenção da guerra, sendo necessário
em média apenas duas gerações para estabelecer uma família antes unida em tribos rivais.
Com a presença do branco europeu, porém, estas tribos tiveram que calar suas culturas
e suas práticas para hegemonia da “suprema” cultura européia que chegava com sua
agressividade e barganha para destituir qualquer possibilidade de valor do povo que aqui já
estabeleciam suas bases há milhares de anos.

Você também pode gostar