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Elaborado por

dr. Helio Ubisse


Ficha no 1. Didatica geral e Fundamentos de pedagogia

Introdução

A educação e a aprendizagem ocupam um lugar imprescindível no desenvolvimento das


capacidades humanas, razão pela qual mereceu a devida atenção por parte de vários
pensadores desde os tempos remotos que se dedicaram ao estudo deste importante fenómeno.
De referir que, os resultados dos seus estudos foram a medida do tempo sistematizados e hoje
constituem sem dúvidas uma ciência que se dedica ao estudo e aprofundamento do fenómeno
educativo, a Pedagogia.

De acordo com Vilarinho (1979), no processo de ensino e aprendizagem os motivos não são
fixos, eles variam de acordo com a idade, cultura, ambiente e mesmo incertezas do dia-a-dia.
Neste sentido, a relação motivação e aprendizagem, faz perceber que, de um modo geral
“formandos motivados aprendem com energia e com muito sucesso”, em quanto que, a falta
de motivação poderá contribuir para a desassimilação da aprendizagem.

Para além da motivação ser um elemento importante na aprendizagem, existem outros


elementos que decisivamente contribuem para uma aprendizagem de sucesso, nomeadamente
o perfil do formador, os interesses, as condições dos formandos, entre outros factores.

De forma a despertar os interesses de seus formandos com vista a uma aprendizagem o


formador deve usar técnicas didácticas de incentivação ou motivação. Estas podem ser
intrínsecas ou extrínsecas. Num primeiro caso, podemos encontrar aquelas que se relacionam
directamente ou com a matéria em estudo, ou com o método de ensino adoptado pelo
formador para a condução do processo de ensino-aprendizagem. E no segundo caso,
encontramos as técnicas extrínsecas que visam incentivar o educando através de aspectos
externos ao próprio processo de ensino-aprendizagem.

Neste sentido, vários pensadores contribuíram com suas teorias como forma de melhorar o
processo de ensino-aprendizagem tendo sempre em conta a relação existente entre o formador
e o formando, as condições ou contextos socio-económicos e culturais assim como as questões
ligadas a motivação e suas implicações no processo de aquisição de conhecimentos e sua
consequente transformação comportamental do indivíduo.
1.1. Conceito de Pedagogia

A palavra Pedagogia tem origem na Grécia Antiga, com o seguinte significado:

o Paidós (criança)
o Agogé (condução)

Em Roma, chamava-se Pedagogo ao servo/escravo que era guardião, conduzia ou acompanhava as


crianças para escola e ajudava nas suas actividades diárias. Com o tempo, o Pedagogo, que começou
como simples condutor ou guardião da criança, acabou por se transformar num mestre encarregado da
educação no lar. Ele era o responsável pela melhoria da conduta geral do estudante, tanto moral como
intelectual.

Hoje em dia, o Pedagogo é o especialista em Pedagogia, a ciência e a arte da educação. É o especialista


em conduzir o comportamento dos formandos, virado para uma mudança de comportamento devido à
aprendizagem em direcção aos objectivos da educação, o processo de formação da personalidade
humana.

A Pedagogia é considerada como sendo o conjunto de saberes que compete à educação enquanto
fenómeno tipicamente social e especificamente humano. Trata-se de uma ciência aplicada de carácter
psicossocial, cujo objecto de estudo é a educação. Importa referir que a Pedagogia recebe influências
de diversas ciências, como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Filosofia, a História e a
Medicina, entre outras.

Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da


educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a formação dos
indivíduos, tendo em vista a sua preparação para as tarefas da vida social.

Para clarificar, importa salientar que o termo “Pedagogia” no seu sentido restrito, designa a norma em
relação à educação ou seja, “o que é que devemos fazer e que instrumentos didácticos devemos
usar para a nossa educação?”. Esta é a pergunta que norteia toda corrente pedagógica e que deve
estar na mente de qualquer Pedagogo, uma vez que, todo acto educativo visa a aprendizagem de algum
tipo de valores, atitudes, hábitos, convicções nos formandos.

Exitem duas grandes divisões da Pedagogia. Que é a Didáctica, também chamada Metodologias Gerais
de Ensino e a Teoria da Educação.
1.2. Conceito de Didáctica

O termo didáctica tem origem Grega:

o Didaktiké (ensinar)
o Tékne (arte)

A didáctica é uma ciência que estuda o processo de ensino e aprendizagem, ensinando a teoria e a
prática (ao formador) para a obtenção de bons resultados profissionais, solução de problemas
relacionados com o processo de ensino-aprendizagem.

A didáctica indica os princípios, as condições e os meios de direcção do ensino, tendo em vista a


aprendizagem que são comuns ao ensino das diferentes disciplinas de conteúdos específicos.

Didáctica é arte ou técnica de ensinar. A didáctica é um ramo específico da Pedagogia, está mais
orientada para a prática, uma vez que tem por objectivo primordial, oriental o ensino.

Didáctica é um conjunto de procedimentos e normas destinadas a dirigir o processo de


ensino-aprendizagem de maneira mais eficiente possível, por isso, também consideramos que
seja a arte de ensinar.

1.3. Os Pioneiros da Pedagogia


A medida que as sociedades foram tornando-se cada vez mais complexas, a educação passou a ser
actividade sectorizada e confiada a especialistas. Na verdade, a tarefa que era antes exercida por todos,
tornou-se prerrogativa de apenas alguns profissionais.

O desenvolvimento das sociedades deu origem ao pensamento pedagógico, sempre baseado na corrente
filosófica. Os três primeiros pensadores que deram significativa contribuição pelas suas
inquestionáveis obras e que chegou aos dias de hoje foram os gregos:

o Sócrates (469 – 399, a.C.)


o Platão (427 – 347, a.C.))
o Aristóteles (384 – 332, a.C.))
1.3.1. Sócrates
Sócrates acreditava que o objectivo da educação era transmitir conhecimento com o fim de preparar a
pessoa para seguir o caminho da virtude e busca da
sabedoria. Para ele, o saber não é algo que alguém (o mestre
neste caso) transmite à pessoa que aprende (neste caso
discípulo). O saber, o conhecimento, é uma descoberta
que a própria pessoa ou formando realiza.
Conhecer é um acto que se dá no interior do indivíduo. A função do mestre neste caso, é apenas ajudar
o discípulo (a pessoa que aprende) a descobrir por si mesmo, a verdade.

Sócrates afirmava que os mestres devem ter paciência com os erros e dúvidas apresentados pelos seus
formandos, pois, é a consciência do erro que os leva a progredir na aprendizagem.

Sócrates não deixou sua obra escrita, as suas ideias sobrevivem graças à obra de seus discípulos dos
quais destaca-se Platão como sendo o principal e juntamente com Aristóteles, formam bases do
pensamento sobre a Pedagogia.

Sócrates acreditava que o autoconhecimento era o único caminho para o verdadeiro saber.
Segundo ele, ninguém aprende a andar nesse caminho com o recebimento passivo de
conteúdos oferecidos ou transmitidos de fora. O verdadeiro saber é adquirido com a busca
trabalhosa que cada um realiza dentro de si.

1.3.2. Platão
Na concepção de Platão, a ideia principal desenvolvida era que a educação deveria testar aptidões dos
formandos de modo que apenas os mais dotados ao conhecimento
recebessem formação para se tornarem os governantes.

O fim da educação para Platão, era a formação do homem moral, e o


meio é a educação do Estado, na medida em que este representa a ideia
de justiça.

Platão acreditava que, por meio do conhecimento, seria possível


controlar os instintos, a ganância e a violência. O acesso aos valores da
civilização, portanto, funcionaria como antídoto para todo o mal
cometido pelos seres humanos contra seus semelhantes.

Platão pede a criação de um Comissário da Educação, encarregado de


inspeccioná-la e dirigi-la e também a criação de professores especiais.

A educação, como a sociedade de Platão, está baseada na diferenciação


de classes sociais; mas esta não é uma separação fixa, de tipo
aristocrático, senão que surge do carácter e talento dos indivíduos. Assim, se os filhos dos governantes
forem incapazes, então, deveriam ser relegados ao estado conveniente, seja o de artesão ou de lavrador.

A ideia essencial da Pedagogia de Platão, poderíamos dizer que é a formação do homem moral dentro
do Estado justo.

Para Platão, “toda virtude é conhecimento”. Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado a
conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira. Portanto, a
educação não pode se restringir apenas aos anos de juventude. Educar é tão importante para
uma ordem política baseada na justiça, como Platão preconizava, que deveria ser tarefa de
toda a sociedade.

1.3.3. Aristóteles
Segundo Aristóteles, “A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces”.

Aristóteles, discípulo de Platão idealizou um sistema de ensino


que equilibrava as actividades físicas e intelectuais e que estava
acessível a um grande número de pessoas. Para o autor, os
assuntos explicitamente mais importantes estavam relacionados
a leitura, escrita, matemática, música, educação física,
literatura, história, ciências, e o jogo.

Aristóteles considerava a natureza humana, hábito e razão de


serem forças importantes e que deveriam ser desenvolvidos pela
na educação. Ele considerou a repetição como sendo uma
ferramenta-chave para desenvolver bons hábitos, isto difere, por
exemplo, da ênfase de Sócrates no questionamento aos seus
ouvintes para trazer para fora as suas próprias ideias. Uma das
principais missões da educação para Aristóteles, era produzir
bons cidadãos e virtuosos para a sociedade. Ele acreditava que o destino dos impérios dependia da
educação da juventude.

Na verdade, podemos notar que Aristóteles aproximava mais ao realismo enquanto que Platão ao
idealismo. Platão volta-se para à vivência interior, enquanto que Aristóteles era pela experiência
prática, a primazia do colectivo, do objectivo e da inteligência.

Aristóteles valoriza o método dedutivo usado até hoje, cujo modelo de rigor encontra-se na
matemática. A Dedução “é um tipo de raciocínio que ocorre ou seja, parte duma verdade
estabelecida (geral) para provar a validade de um facto particular. Caminha-se da causa
para o efeito”.
Para ele, o fim da arte e da educação é substituir a natureza e completar aquilo que ela
apenas começou. Ele ainda afirmava que, quando se descuida da educação das gerações, o
Estado sofre um golpe nocivo. A educação ajuda a combater a pobreza e capacita as pessoas
com o conhecimento, habilidades e a confiança que precisam para construir um futuro
melhor.
Podemos destacar também alguns dos nomes da moderna história da educação, que deram o seu
contributo, dentre eles:

o João Amós Coménius (1592 - 1670)


o Jean Jacques Rousseau (1712 - 1778)
o Johan Friedrich Herbart (1776 - 1841)
o John Dewey (1859 - 1952)
o Malcolm Shepherd Knowles (1913 – 1997)
o Paulo Freire (1921 - 1997)

1.3.4. João Amós Coménius


Sua obra mais importante é “Didáctica Magna” que marcou o início da sistematização da Pedagogia.
Na sua obra, Coménius faz uma racionalização de todas as acções
pedagógicas, partindo da teoria didáctica até às questões do quotidiano
da sala de aula. De acordo com o autor, nas relações entre o formador e
formando, deveriam ser consideradas as capacidades (potencialidades)
e os interesses e os motivos para aprendizagem.

Coménius defendia um modelo de escola que deveria ensinar “tudo a


todos”, incluindo os portadores de deficiência mental e as raparigas, na
altura privadas da educação. Nisto deriva a ambiciosa ideia dos Estados
preocuparem-se em providênciar a educação para todos os cidadãos.

Coménius valorizava o processo indutivo (que é um raciocínio que


parte de factos observados para as leis gerais), como sendo a melhor
forma de se dirigir ao conhecimento generalizado a aplicou-o na sua
prática.

Em seguida, passamos a apresentar os princípios didácticos segundo o método indutivo defendidos por
Coménius na sua obra “Didáctica Magna”.

Ao ensinar um conteúdo, o formador deve:

a) Apresentar o objecto ou ideia directamente, fazendo demonstrações, pois o formando aprende


através dos sentidos, principalmente vendo e tocando.
b) Mostrar a utilidade específica do conhecimento e a sua aplicação na vida diária.
c) Explicar em primeiro lugar os princípios gerais e só depois os detalhes.
d) Passar para o tópico seguinte apenas quando o formando tiver compreendido o tópico anterior.

Coménius

Foi pioneiro no desenvolvimento do estudo da didáctica, teve o mérito de declarar a educação


como um direito universal a todos homens. Definiu os princípios didácticos que até hoje são
aplicados na prática docente.

1.3.5. Jean-Jacques Rousseau


Considerado por vários estudiosos como sendo o autor da “concepção motriz de toda racionalidade
pedagógica moderna”, para Rousseau a acção do educador
deve ser de uma forma natural que leve em consideração as
peculiaridades (particularidades) da infância. ,

Procurando interpretar as aspirações da época, Rousseau


propôs uma concepção de ensino baseada nas necessidades e
interesses imediatos.

As suas ideias mais importantes são as seguintes:

a) Os interesses e necessidades imediatas do formando determinam a organização do estudo e seu


desenvolvimento.
b) É preciso respeitar as particularidades psicológicas, sociais, culturais e a idade dos formandos
no processo de ensino-aprendizagem.
c) As crianças são boas por natureza, elas têm uma tendência natural para se desenvolverem. A
educação é um processo natural e fundamenta-se no desenvolvimento interno do formando.
d) Ser mestre/formador, significa iniciar um processo de humanização.
e) O formando aprende a fazer-se homem em contacto com o seu mestre e, portanto, o mestre é
um modelo a seguir.

Rousseau

Propôs uma concepção de ensino baseada nas necessidades e interesses imediatos do


formando. O que significa que deve-se adequar as metodologias, os conteúdos e os recursos
de ensino, tendo sempre em conta as características dos formandos, seus interesses e
motivações.

1.3.6. Johan Friedrich Herbart


Herbart foi quem pela primeira vez organizou a Pedagogia como
ciência. Ele formulou a Pedagogia como uma ciência sobriamente
organizada, abrangente e sistemática, com fins claros e meios bem definidos.

Na sua concepção, o ser humano não é compartimentalizado em faculdades, mas é uma unidade: desde
o nascimento, o ser humano tem a capacidade de entrar em contacto com o meio ambiente, reagindo a
este de forma global, através do sistema nervoso.

De acordo com Blyth (1981), Herbart enfatizou a conexão entre o desenvolvimento individual e a sua
contribuição na sociedade. Como na tradição platónica, Herbart acreditava que só por se tornar
cidadãos produtivos as pessoas poderiam cumprir sua verdadeira finalidade. Ele acreditava que toda
criança nasce com um potencial único, a sua individualidade.

Herbart atribuía grande importância à educação, pois, considerava-a factor determinante no


desenvolvimento do intelecto e do carácter. Para Herbart, a mente funciona com base em
representações, que podem ser imagens, ideias ou qualquer outro tipo de manifestação psíquica isolada.

A educação é, segundo ele a responsável pela formação das representações e pela forma como estas
representações são combinadas nos mais elevados processos mentais. É função da escola ajudar o
formando a desenvolver e a integrar essas representações mentais que provêem de duas fontes
principais: contacto com a natureza, através da experiência e do contacto com a sociedade, através do
convívio social.

O formador deve seleccionar, organizar e apresentar as matérias de forma que o formando perceba a
relação existente entre os vários conteúdos de estudo e a unidade do conhecimento.

Herbart

Salienta o poder de assimilação como característica fundamental do ser humano. Defende


que a assimilação de novas ideias deve ser através da experiência e sua relação com as ideias
ou conceitos anteriormente formados. Foi o primeiro educador a formular uma teoria do
interesse, que segundo ele, constitui forma de assegurar que as novas ideias sejam
assimiladas e integradas organicamente às existentes.

1.3.7. John Dewey


A concepção pedagógica de Dewey baseava-se na ideia de que a acção é inerente à natureza humana.
A acção procede o conhecimento e o pensamento, a teoria resulta à prática. Logo, o conhecimento e o
ensino devem estar intimamente relacionados à acção, à vida
prática e à experiência.

Dewey foi grande defensor da Pedagogia Pragmática. Reagiu


à concepção da educação pela instrução, advogando a
educação pela acção. Ele ressalta que o homem é um ser
social e, são as necessidades sociais que determinam sua
concepção de vida e de educação. Ele valoriza o trabalho
manual e considera que as escolas devem-se constituir em
comunidades de trabalho e não locais isolados onde aprendem-se lições sem nenhuma ligação com a
vida. Este autor, valoriza portanto, a importância da comunidade educativa na aprendizagem. Entenda-
se por Comunidade Educativa, como a pluralidade de formandos e formadores, suas interações, meios
e instituições que concorrem para a formação.

Dewey

O papel da escola é ensinar aos formandos a adquirir o saber. Defende o princípio de


aprender fazendo, sendo por isso grande defensor dos métodos de ensino activos.

1.3.8. Malcolm Knowles

Malcolm Shepherd Knowles é considerado o pai da educação de


adultos e é um dos defensores maiores da Andragogia.

Na segunda metade do século XX, Knowles foi a figura central da


educação para adultos nos Estados Unidos. Ele acreditava que os
adultos aprendem de maneira diferente das crianças e precisam ser
participantes activos na sua própria aprendizagem. Em seu livro A
Prática Moderna de Educação de Adultos: de Pedagogia a
Andragogia (1980), introduziu seu modelo Andragógico.

Princípios da Andragogia (Educação de adultos):

o Os adultos precisam saber por que eles precisam aprender


algo, saber os motivos de uma determinada aprendizagem.
o Os adultos precisam aprender experimentando. Em termos práticos, a Andragogia significa que
a instrução para adultos precisa focalizar mais o processo e menos sobre o conteúdo a ser
ensinado. Métodos como o estudo de caso, role playing, simulações e auto-avaliação são mais
recomendados. Os formadores adoptam um papel de facilitador ou fonte, em vez de
conferencista.
o Os adultos precisam estar envolvidos no planeamento e avaliação de suas aprendizagens.
Knowles recomenda o uso de “contractos de aprendizagem” para os adultos em que os mesmos
definem objectivos de aprendizagem pessoais e identificam formas de medir o seu próprio
sucesso. Os adultos têm expectativas, e é fundamental para eles arranjar um tempo logo no
início para esclarecer e articular todas as expectativas antes de entrar no desenvolvimento do
conteúdo propriamente dito.
o A experiência (inclusive erros) fornece a base para actividades de aprendizagem para adultos.
Novos conhecimentos devem ser integrados com o conhecimento anterior, os formandos
devem participar activamente na experiência de aprendizagem. Os adultos trazem uma grande
experiência de vida na sala de aula, um trunfo inestimável para ser reconhecido, aproveitado e
usado. Os adultos podem aprender bem e muito, a partir do diálogo e interacção com os demais
intervenientes no processo.
o Os adultos estão mais interessados em aprender matérias que têm relevância imediata para seu
trabalho ou vida pessoal.
o A Educação de adultos é orientada a resolução de problemas e não ao conteúdo (adultos
aprendem mais com a resolução de problemas).
o Os Adultos precisam sentir-se psicologicamente seguros e apoiados para aprender. Geralmente
eles sentem sua auto-estima e ego em risco quando são convidados a tentar um novo
comportamento na frente dos colegas e companheiros.
Factores-chave encontrads em programas de aprendizagem de adultos de sucesso:

o Um ambiente onde os formandos se sentem seguros e apoiados, onde as necessidades


individuais e singularidades são honradas, onde as habilidades e realizações de vida
são reconhecidos e respeitados.
o Um ambiente que promove a liberdade intelectual e incentiva a experimentação e
criatividade.
o Um ambiente onde a faculdade aceita e respeitada como inteligente adultos
experientes, cujas opiniões são ouvidas, honradas e apreciadas. Onde membros do
corpo docente, comentam frequentemente que aprendem com os adultos.
o Aprendizagem auto-dirigida, onde os formandos assumem a responsabilidade pela sua
própria aprendizagem. Eles trabalham com a faculdade para desenhar programas de
aprendizagem que abordam o que cada pessoa precisa e quer aprender para
funcionar em condições óptimas em sua profissão.
o Envolvimento activo na aprendizagem, onde os formandos e formadores interagem e
dialogam, experimentam novas ideias no local de trabalho e os exercícios e
experiências são utilizados para reforçar os factos e a teoria.

Motivação dos formandos adultos:

A seguir foram encontrados como motivadores para a aprendizagem de adultos as seguintes:

o Relações Sociais: fazer novos amigos para atender a uma necessidade de associações
e amizades.
o Expectativas Externas: cumprir com as instruções de alguém, para cumprir as
expectativas ou recomendações de alguém com autoridade formal.
o Bem-estar Social: melhorar a capacidade de servir a humanidade, preparar-se para o
serviço à comunidade e melhorar a capacidade de participação no trabalho
comunitário.
o Promoção Pessoal: para alcançar um status mais elevado no seu emprego, ascensão
profissional segura, e ficar a par de concorrentes.
o
Motivação e suas Implicações no PEA
3.1. Definição de conceitos

No estudo sobre as contribuições dos diferentes autores sobre a motivação e suas implicações
pedagógicas, iremos antes de mais, definir os principais conceitos que iremos usar no desenvolvimento
do módulo.

Para o efeito, iremos em seguida definir os conceitos que estão directamente ligados ao processo de
ensino-aprendizagem e dentre eles destacam-se os seguintes: interesse, motivação, motivação
intrínseca e motivação extrínseca, incentivação, incentivação intrínseca e extrínseca.

O conhecimento da natureza e do desenvolvimento dos interesses é certamente requisito básico para


trabalhar com eficiência ao criar novos interesses e para ajudar a motivar os formandos para uma boa
aprendizagem.

A motivação, é certamente muito importante para a aprendizagem. No dizer de Nivagara (2010),


existem muitas razões que justificam a importância da motivação dos formandos no processo de
ensino-aparendizagem, ou mais concretamente, na aula. Dentre estas razões, todo o processo de
aprendizagem necessita de uma orientação, uma atitude para com ela, ou seja uma boa vontade e
disposição para enfrentá-lo. A motivação para aprendizagem é ainda necessária porque:

o No início da aula, a preparação dos formandos visa criar condições de estudo: mobilização
da atenção para criar atitude favorável ao estudo, organização do ambiente, suscitando
interesse e ligação da matéria nova em relação à anterior.
o Formandos motivados ficam conscientes do que estudam e isso estimula a actividade cognitiva
deles e faz com que eleve o seu papel educativo e formativo.
o O ensino será mais efectivo na medida em que conseguir fixar na mentalidade dos formandos
o propósito do estudo e sua importância na vida prática.
Deste modo podemos concluir que, o formador que não se preocupa com a motivação dos seus
formandos, corre o risco de não ser capaz de mobilizar o interesse e actividade destes para a
aprendizagem. Sendo assim, no processo de ensino-aprendizagem, um dos grandes desafios do
formador, é assegurar a motivação inicial e contínua dos seus formandos, uma vez que, ele (formador)
deve obrigatoriamente conseguir mobilizar psicologicamente e fisicamente os formandos para a
aprendizagem.

3.1.1. Interesse
De acordo com Sawey e Telford (1966), os interesses podem ser considerados como atitudes
favoráveis em relação ao objecto, estes são positivos por natureza, constituindo uma variável
importante de qualquer rendimento escolar, porque orientam o trabalho.

Para Planchard (1960), o interesse é a correspondência entre um certo objecto exterior e uma
necessidade em nós existente.
De acordo com Vilarinho (1979), o conceito de interesse dentro do processo de ensino-aprendizagem
ainda é um ponto de alguma confusão, visto que existem formadores que acreditam que motivar é
despertar o interesse. De referir que segundo o autor, o formador não pode motivar o formando, uma
vez que a motivação é um processo interior ao sujeito. Na verdade, o formador pode incentivar o
formando, tentando despertar nele motivos para a aprendizagem de um determinado tema.

3.1.2. Motivação
De acordo com Vilarinho (1979), a motivação é um processo interior, individual, que provoca, mantém
e dirige o comportamento.

Segundo Campos (1972), citado por Vilarinho (1972), a motivação implica num estado de tensão
energética, resultante da actuação de fortes motivos que coagem o sujeito a agir com certo grau de
intensidade e empenho.

No processo de ensino-aprendizagem, o formador, activando a motivação dos seus formandos, cria


neles os impuslsos para a sua actividade e o seu comportamento. Isto quer dizer que, ele objectiva
conseguir que os formandos queiram aprender o que devem aprender, sentido, neste caso, a
necessidade de aprendizagem do conteúdo, por achá-lo útil para si e para a sociedade.

3.1.3. Motivação intrínseca


De acordo com Vilarinho (1979), considera-se motivação intrínseca quando o sujeito se dirige a certo
objecto por um interesse pessoal, pela coisa em si mesma. O prazer de estudar para saber,
independentemente da sua atitude dar recompensas ou não.

Exemplo:

O formando estuda anatomia humana porque tem real interesse sobre a matéria, ela por si só gosta de
saber acerca desta temática.

3.1.4. Motivação extrínseca


A motivação extrínseca é quando o sujeito se dirige a certo objecto estimulado por aspectos
correspondentes que podem advir (Vilarinho, 1979). Nesse caso, do ponto de vista de aprendizagem, o
formando aprende na esperança de obter uma recompensa, que pode ser por exemplo, passar de classe,
ser elogiado, ganhar prémios, etc.

Exemplo:

O formando que estuda anatomia porque depois será oferido uma viagem que sempre desejou.

3.1.5. Incentivação

Para Vilarinho (1979), incentivação implica na proposição de situações de modo a provocar no


psiquismo do sujeito as fontes de energia interior (motivos), que levarão à acção com empenho e com
entusiasmo. Incentivar é manipular as condições externas ao sujeito de forma a despertar no formando
a motivação que mantém o processo de aprendizagem. Ainda de acordo com o autor o formador pode
utilizar: incentivação intrínseca e incentivação extrínseca.

3.1.5.1. Incentivação intrínseca


De acordo com Vilarinho (1979), considera-se incentivação intrínseca quando o formador estimula o
formando a estudar um tema pelo valor que ele possui em si mesmo.

3.1.5.2. Incentivação extrínseca


A incentivação extrínseca é quando o formador procurar estimular o formando a estudar um
determinando assunto pelas vantagens que podem surgir do estudo.

Na verdade a incentivação só é operante quando promove a motivação, sendo neste caso preferível que
o formador utilize a modalidade intrínseca no processo de ensino-aprendizagem.

Atenção, para a aprendizagem ocorrer, não basta apenas o formando estar motivado, pois é necessário
que exista, também, certa predisposição ou prontidão, o que implica uma maturidade bio-sócio-
psicológica. Segundo Gagné (1976), citado Vilarinho (1979), estas são as condições internas ou
habilidades iniciais para que o formando possa desenvolver determinada aprendizagem.

Exemplos de prontidão

1. Suficiente experiência prévia do formado acerca do assunto a desenvolver.


2. Suficiente capacidade intelectual do formando.
3. Certo grau de interesse pelo conteúdo que se precisa desenvolver.
4. Certa aptidão necessária para a aprendizagem.
De acordo com Carvalho (1972), citado por Vilarinho (1979), do estudo da motivação em sua relação
com a aprendizagem, Educadores, Psicólogos e Pedagogos chegaram às seguintes conclusões:

1. Não há aprendizagem sem motivação (seja esta consciente ou inconsciente, intrínseca ou


extrínseca).
2. Motivação e incentivação são indispensáveis e importantes em todas as fases da
aprendizagem.
3. Os elogios funcionam muito melhor que os castigos, punições e censura.
4. A competição poderá funcionar como elemento estimulador, mas que seja uma competição
saudável e que seja individual e não em grupo.
5. O êxito inicial numa tarefa poderá funcionar como uma boa fonte de motivação.
6. O insucesso inicial, pode, em alguns casos, ser de estímulo para novas aprendizagens, quando
bem encaradas pelo formando.
7. Muitas das vezes, a motivação aumenta quando o formando sabe do objectivo da sua tarefa.
3.2. Fontes de incentivação para os formandos no processo de ensino-aprendizagem

De acordo com Vilarinho (1979), no processo de ensino-aprendizagem podemos encontrar as seguintes


fontes de incentivação:

Conteúdos de Ensino

Recursos de ensino e Fontes de A personalidade do


Motivação para
aprendizagem formador
os formandos

Método de ensino usado pelo formador no processo de


ensino e aprendizagem

Agora, temos que perceber mais adiante como cada uma destas fontes funciona como os grandes
catalisadores da incentivação dos formandos no processo de ensino-aprendizagem.

a) Conteúdo de Ensino
O conteúdo de ensino bem estruturado, com experiências significativas, matérias relacionadas às
aspirações individuais dos formandos, bem como a forma de apresentação, são realmente grandes
catalisadores da motivação dos formandos. Por isso, recomenda-se aos formadores na selecção de
conteúdos terem em atenção os critérios. (Na unidade didáctica 2, do módulo II, Planificacao do PEA
abordaremos a temática).

Método de ensino usado pelo formador no processo de ensino-aprendizagem

Os métodos de ensino como abordaremos na unidade 3 do módulo II sobre a Planificação do PEA, eles
devem facilitar a aprendizagem do formando, devem ser métodos activos que proporcionam a
actividade do formando e que tenha possibilidades de aplicar o que foi aprendido. Neste sentido, se o
formador adopta métodos activos que colocam os formandos sempre em actividades desafiadoras, aí
sem dúvidas estaremos a criar motivos mais do que suficientes para que os formandos se interessem
cada vez mais pelos estudos.

b) Recursos de ensino-aprendizagem
Quando se usa de forma inteligente os recursos de ensino, facilmente alcançamos os resultados de
aprendizagem, visto que os recursos ajudam a estimular o interesse dos formandos para aprendizagem
de um determinado tema, como também permitem chamar atenção e motivar os formandos, neste
sentido, o formador deve saber seleccionar meios de ensino que se adaptem as características do grupo
de formandos, como por exemplo os estilos de aprendizagem que abordaremos na unidade 4.

c) A personalidade do formador
O formador representa sem dúvidas a maior fonte de incentivação para os formandos, neste caso,
recomenda-se que seja, interessado, dinâmico, criativo, capaz e não muito directivo. Na verdade, estas
características apresentadas, provavelmente influenciarão positivamente no desempenho de seus
formandos.

Tendo em conta o que foi apresentado, recomenda-se que o formador encontre fórmulas de se
comunicar de forma efectiva com os formandos. Na verdade, o ideal seria que recorresse a todas as
fontes e técnicas de incentivação, pois quantas mais ele usar, maior garantia terá de despertar os
motivos nos seus formandos e canalizá-los adequadamente.

No processo de ensino-aprendizagem, existe uma série de características que o formador pode


apresentar de forma a ser considerado dinâmico, dentre elas destacam-se as seguintes:

O que deve fazer o formador dinâmico O que não deve fazer

o Apresenta uma introdução eficaz.


o Comunica os objectivos como parte da introdução.
o Apresenta um resumo eficaz.
o Mantêm um bom contacto visual.
o Dar as costas aos
o Prepara com antecedência as aulas.
o Usa os recursos audiovisuais como meios indispensáveis de formandos quando fala
ensino. (Falar ao quadro).
o Usa uma voz audível e perceptível.
o Incentiva perguntas por parte dos formandos.
o Bloquear os visuais ou
o Recapitula no final de cada sessão.
o Faz uma ligação lógica do tema estudado com o próximo a seja, não dar a
desenvolver. possibilidade dos
o Escreve de forma clara. formandos ter o acesso as
o Apresenta resumos e esquemas de forma objectiva. imagens projectadas.
o Usa uma sequência lógica na apresentação dos conteúdos.
o Usa boas técnicas de gestão de tempo.
o Da feedback/retro-informação construtiva para os formandos.
o Posiciona os visuais para que todos possam vê-los e
acompanhar a aula. o Ficar fixo num único
o Esta consciente da linguagem corporal dos formandos. canto da sala ou mover-se
o Mantém o grupo de formandos focados nas tarefas de demasiadamente e
aprendizagem. desnecessariamente na
o Fornece instruções claras acerca das tarefas a serem sala de aula.
desenvolvidas.
o Verifica se as suas instruções foram compreendidas.
o Mantém uma atmosfera positiva. o Ignorar os comentários e
o Usa humor positivo. feedback dos formandos
o Da aos alunos a oportunidade de aplicar ou praticar o (verbal e não verbal).
conteúdo.
o Usar os nomes dos formandos.
o Tem domínio de conteúdo.
o Demonstrar que é respeitador.
o Demonstrar que é criativo. o Gritar com os formandos
o Gosta do que faz ou seja, gostar de ensinar.
o Ser educador, sempre que possível, educar os formandos.
o Demonstrar actualidade científica.
o Demonstra responsabilidade e compromisso com o PEA.
o Demonstrar espírito de justiça.
o Ser exigente.
o Ser persistente.
o Demonstra conhecimento de cultura geral.
o Saber ser amigo dos formandos.
o Ser comunicativo.
o Ser compreensivo.
o Ser interessado.
o Ser inteligente.
o Ser eficiente.
o Ser atencioso.
o Ser honesto.

3.3. Contribuições teóricas sobre motivação e suas implicações pedagógicas

Neste capítulo iremos de forma precisa apresentar os pensamentos em relação à motivação e suas
implicações pedagógicas dos seguintes pensadores:
o David Ausubel
o Jerome Bruner
o Frederic Skinner
o Carl Rogers
o Robert Gagné
o Urie Bronfenbrenner
3.3.1. David Ausubel
Foi um grande e reconhecido Psicólogo da Educação. Filho de família judia e pobre, imigrantes
da Europa Central. Ausubel cresceu insatisfeito com a educação que
recebera. Revoltado contra os castigos e humilhações pelos quais
passou na escola, afirma que a educação é violenta e reaccionária
(tirana).
Após sua formação académica, em território canadense resolve
dedicar-se à educação no intuito de buscar as melhorias necessárias
ao verdadeiro aprendizado. Totalmente contra a aprendizagem
puramente mecânica, torna-se um representante do cognitivismo, e
propõe uma aprendizagem que tenha uma “estrutura cognitivista”,
de modo a intensificar a aprendizagem como um processo de
armazenamento de informações que, ao agrupar-se no âmbito mental
do indivíduo, seja manipulada e utilizada adequadamente no futuro,
através da organização e integração dos conteúdos aprendidos
significativamente.

De acordo com Vilarinho (1979), Ausubel acreditava que a motivação não é uma condição
indispensável para a aprendizagem. Segundo ele, a melhor maneira de se ensinar a um formando não
motivado, é ignorar seu estado motivacional, por um certo tempo, concentrando-se no ensino efectivo.

Ausubel dá mais importância aos aspectos cognitivos, não dando atenção a questão motivacional. Ele
ainda afirma que o papel e a importância dos diferentes tipos de motivação dependem:

a) Do envolvimento do formando, pois é fundamental que o formando esteja realmente


interessado e envolvido no processo.
b) Da participação que o formando tem no grupo, a participação deve neste caso ser activa, ele
deve opinar, contribuir, discordar e sugerir.
c) Do nível de desenvolvimento do formando, claro, é importante que o formando possua os pré-
requisitos para o desenvolvimento de futuras aprendizagens.
o Principais implicações pedagógicas da teoria de David Ausubel

Com a teoria desenvolvida por David Ausubel, várias implicações pedagógicas para o processo de
ensino-aprendizagem surgiram, dentre as quais destacamos as seguintes:

a) Não é necessário esperar a motivação para se dar início ao processo de ensino-aprendizagem.


b) A motivação aumenta na medida em que o formando é informado sobre os objectivos do
ensino (que devem ser bem explícitos e relacionados com o imediato, ou seja, os objectivos
devem ser de uso prático para os formandos).
c) Deve-se explorar os interesses e motivações que o formando traz consigo, o formador deve
estar atento para estes aspectos e potenciar estas motivações.
d) É importante maximizar a motivação cognitiva (manipulando-se a curiosidade intelectual,
utilizando-se bons e ricos matérias de ensino e concentrar-se no ensino efectivo).
e) As tarefas de ensino-aprendizagem proporcionadas para os formandos devem estar ajustadas
ao seu nível, claro que devemos atribuir tarefas que se adequem as suas necessidades, tarefas
que constituem desafios motivadores para os formandos.

Aprendizagem significativa é o conceito central da teoria da aprendizagem de David Ausubel. A


aprendizagem significativa é um processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se, de
maneira substantiva e não arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do
formando (Moreira, 1985). Em outras palavras, os novos conhecimentos que se adquirem relacionam-
se com o conhecimento prévio que o formando já possui.

A aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se (atraca) em conceitos


relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do formando (aprendiz).

A ocorrência da aprendizagem significativa implica o crescimento e modificação dos conceitos


subsunçor. A partir de um conceito geral (já incorporado pelo formando) o conhecimento pode ser
construído de modo a liga-lo com novos conceitos facilitando a compreensão das novas informações o
que dá significado real ao conhecimento adquirido. As idéias novas só podem ser aprendidas e retidas
de maneira útil caso se refiram a conceitos e proposições já disponíveis, que proporcionam as âncoras
conceituais.

3.3.2. Jerome Bruner


Em 1941, obteve o título de doutor em Psicologia e tem sido chamado o Pai da Psicologia
Cognitiva. Possui uma obra muito diversificada e
traduzida na área da Educação, Pedagogia e Psicologia.
Um aspecto relevante de sua teoria é que o aprendizado
é um processo activo, no qual aprendizes (formandos)
constroem novas ideias, ou conceitos, baseados em
seus conhecimentos passados e actuais. O aprendiz
selecciona e transforma a informação, constrói
hipóteses e toma decisões, contando, para isto, com
uma estrutura cognitiva.
Embora Bruner seja um Psicólogo por formação e
tenha dedicado grande parte das suas obras ao estudo
da Psicologia, ele ganhou grande notoriedade no
mundo da educação graças à sua participação no
movimento de reforma curricular, ocorrido, nos EUA, na década de 60.

Para Vilarinho (1979), Bruner considera que a aprendizagem é a motivação, visto que os motivos
devem provocar o interesse para aquilo que vai ser aprendido.

o Principais implicações pedagógicas da teoria de Jerome Bruner

Da teoria desenvolvida por Bruner surgiram as seguintes implicações pedagógicas para a aprendizagem
a destacar:

a) O formador deve seleccionar matérias de ensino que por si só, desafiem os formandos,
pois desta forma eles constituirão elementos de grande valor motivacional.
b) O formador deve proporcionar ao formando o senso de entusiasmo oriundo da
descoberta, sempre que um formando por si só descobre a solução de algum problema
pela descoberta, torna-se mais confiante, empenhado e motivado para o processo.
c) O formando deve sentir autoconfiança em suas habilidades e para tal, o formador
deve de forma continua dar o feedback acerca do seu desempenho e reforçar os seus
comportamentos.
d) Os interesses de aprendizagem devem ser relacionados com a vida real e aspirações
do formando, pois, todos precisamos de aprender coisas que nos permitem melhorar a
nossa forma de ser e de estar dentro da sociedade, então, cabe ao formador prestar
atenção aos conteúdos seleccionados, pois devem ser úteis e relevantes.
3.3.3. Frederic Skinner
Foi um Psicólogo, conduziu trabalhos pioneiros na área da Psicologia Experimental e foi um
dos mentores do Behaviorismo Radical. A base do trabalho de Skinner refere-se a
compreensão do comportamento humano através do comportamento operante (Skinner dizia
que o seu interesse era em compreender o comportamento humano e não manipulá-lo). O
trabalho de Skinner é o complemento, e o coroamento de uma escola psicológica. Skinner
adoptava práticas experimentais derivadas de física e outras ciências.
Para Skinner o problema da motivação pode ser resolvido em termos de fornecimento de reforço, de
acordo com as necessidades individuais. Manter o indivíduo em
determinada aprendizagem implica dar reforços (primários e
secundários), (Vilarinho 1979).

o Principais implicações pedagógicas da teoria de


Frederic Skinner

Da teoria desenvolvida por Skinner surgiram as seguintes


implicações pedagógicas para a aprendizagem:

a) O formador não deve usar punições (reforços negativos)


no processo de ensino-aprendizagem com os seus
formandos, muitas das vezes os formadores pecam
quando optam por castigar os formandos como forma de
melhorar o seu desempenho pedagógico, mas, de acordo
com esta abordagem, os castigos e as punições não devem ser periodizados no processo de
ensino-aprendizagem.
b) O formador deve controlar o comportamento observável do formando (do controlo externo ao
formando, passará ao autocontrolo), para o autor, a aprendizagem tem tudo a ver com o
comportamento observável e este caso deve-se dar muita atenção no processo de ensino-
aprendizagem.
c) Manipulação de reforços (programa de reforço periódico) com coerência e firmeza na
manutenção de padrões de reforços adequados ou seja, o formador deve em função de
situação reforçar os comportamentos desejáveis dos formandos.

De acordo ainda com Vilarinho (1979), Skinner, não explica como ou porque os indivíduos aprendem,
nem o efeito da motivação na aprendizagem, mas procura fazer uma tecnologia que por objectivo levar
o estudante a aprender.
3.3.4. Carl Rogers

Psicólogo Norte-Americano, influente na história americana sobre a abordagem humanista em


Psicologia, por enfatizar o valor humano dos seus clientes.
Rogers, em 1939 publicou seu primeiro livro, O
Tratamento Clínico da Criança Problema .

De 1942 em Aconselhamento e Psicoterapia, fundou a


base para a sua terapia centrada no cliente, a pedra angular
do movimento da Psicologia Humanista. Em 1957 obteve
a Cátedra de Psicologia e Psiquiatria na Universidade de
Wisconsin . No Departamento de Psiquiatria.

Rogers considera o problema motivacional como sendo de


grande importância. Para ele, o formador precisa conhecer
os motivos do formando e dinamizá-los com vista a tornar
a aprendizagem mais eficiente. Assim, ignorando a
motivação dos formandos, o formandor dificilmente
conseguirá os efeitos do processo de ensino-aprendizagem

o Principais implicações pedagógicas da teoria de Carl Rogers

Da teoria desenvolvida por Carl Rogers surgiram as seguintes implicações pedagógicas para a
aprendizagem:

a) Canalizar os motivos para a aprendizagem e auto-realização, aqui torna-se importante


implementar melhores estratégias que ajudam no surgimento de motivos para a aprendizagem
por parte dos formandos.
b) Enfatizar a importância da motivação intrínseca (o formando deve querer aprender pelo
prazer decorrente da própria actividade), neste sentido, como já tínhamos referido, o
formador deve seleccionar temas que sejam úteis e relevantes (a selecção de conteúdos de
ensino-aprendizagem deverá obedecer critérios já estabeleceidos) para o dia-a-dia do
formando, assim, ele estará cada vez mais comprometido com o processo de aprendizagem.
c) O formador deve apresentar e valorizar os objectivos educacionais (de aprendizagem), claro,
apresentando os objectivos educacionais de forma didáctica, o formando estará mais
motivado a aprender os conteúdos, visto que sabe garantidamente o que lhe espera após a
conclusão da unidade.
d) Na medida que os objectivos do formador e dos formandos convergem, a motivação aumenta
significativamente, então, há que existir esta convergência de modo a caminharem juntos
rumo ao alcance dos objectivos, que é a própria aprendizagem.
e) Os formadores, no Processo de Ensino-aprendizagem devem valorizar sobretudo o formando,
como ser dotado de características humanas (motivos, interesses, anseios, capacidades,
potencialidades, etc) e devem igualmente adequar a aprendizagem ao actual contexto do
mundo em mudança, sendo que, os formandos, para além de tudo, devem aprender a
aprender.
f) A aprendizagem deve ser socialmente útil. Isto é, deve ajudar a integrar o formando na
sociedade, sendo este, útil a si e a sociedade, ou seja, tornando-o mais activo.
g) Um dos meios mais eficazes de promover a aprendizagem consiste em colocar o formador em
confronto experiencial directo com os problemas práticos, de natureza social, ética e filosófica
ou pessoal e com problemas de pesquisa.
h) A aprendizagem é participativa quando o formando participa responsavelmente do processo
de aprendizagem.
i) Para a eficácia da aprendizagem, o facilitador deve assumir certas atitudes, tais como a
autenticidade, compreensão empática, aceitação e confiança do formando.

3.3.5. Robert Gagné

Americano e Psicólogo Educacional, mais conhecido pelo seu trabalho intitulado “As
Condições de Aprendizagem”. Gagné desenvolveu uma série de estudos e trabalhos que
ajudou a compilar o que ele e muitos outros consideraram “boa instrução”.
De acordo com Vilarinho (1979), Gagné distingue dois tipos de motivação: uma inerente ao próprio
sujeito (necessidades ou impulsos: neste caso, a fome, a sede, o sexo, etc.) e outra relacionada com a
aprendizagem. Para Gagné, o importante é que o formando tenha motivação para aprender, que esteja
decidido a fazer algo, a dominar alguma competência.

o Principais implicações pedagógicas da teoria de Robert Gagné

Da teoria desenvolvida por Robert Gagné surgiram as seguintes implicações pedagógicas para a
aprendizagem a destacar:

a) O formador deve procurar captar a atenção do


formando, usando métodos e estratégias de ensino
mais adequados, fazendo a apresentação dos
objectivos da aula de forma didáctica,
demonstrando domínio e gosto pelo conteúdo, visto
que, como já foi referido anteriormente, a
personalidade do formador constitui uma das
principais fontes de motivação para os formandos se interessarem pala aprendizagem.
b) O formador deve fazer com que os formandos saibam o que vai ser ensinado, claro, que é
importantes os formados sabeemr dos tópicos do tema que vai ser desenvolvido, para além dos
objectivos de aprendizagem.
c) O formador deve informar aos formandos sobre os seus progressos na aprendizagem, esta
comunicação é fundamental, pois cria expectativas nos formandos e é sempre bom informá-los
sobre em que níveis eles se encontram, quais são os seus pontos fortes e os que precisam ser
melhorados cada vez mais.
3.3.6. Urie Bronfenbrenner

A Teoria Ecológica do Desenvolvimento e Aprendizagem define-se como uma nova perspectiva


teórica para a investigação sobre o comportamento humano, tanto do ponto de vista de
desenvolvimento assim como de aprendizagem. Alias, como o próprio autor defende, o
desenvolvimento e aprendizagem são duas faces da mesma moeda. Este posicionamento foi igualmente
defendido por Jean Piaget ao afirmar que a aprendizagem realize-se em conformidade com o nível de
desenvolvimento cognitivo. Urie afirma que a pessoa aprende o que está no seu meio circundante, com
o qual interage de forma dinâmica e específica.

o Principais Implicaçações Pedagógicas da Teoria Urie Bronfenbrenner

Da teoria desenvolvida por Urie Bronfenbrenner surgiram as seguintes implicações pedagógicas para a
aprendizagem a destacar:

o Do ponto de vista pedagogico, a Teoria Ecológica de


Aprendizagem tem uma implicação muito forte ao enfatizar
a relação que o sujeito aprendente (formando) estabelece
com o meio (hospital, escola, família, etc), tomando em
consideração o contexto em que isso ocorre, as
características do formando, o tempo, as condições, etc.
Por outro lado, a teoria reconhece que, aspectos
contextuais mesmo além do ambiente imediato exercem
uma profunda influência sobre o comportamento do
sujeito. E que, a participação do formando em vários
ambientes, enriquece as suas oportunidades de
aprendizagem.

o Assim, os formadores devem na planificação e condução do ensino, criar maior variedade


possível de actividades, para dinamizar e enriquecer as experiências de aprendizagem dos
seus formandos, levando-os a uma aprendizagem efectiva.
Pontos-Chave

o A Motivação e incentivação são indispensáveis e importantes em todas as fases da


aprendizagem, por isso o formador deve procurar garantir em alta que os seus formandos
estejam motivados para a aprendizagem, visto que quem para de estar motivado,
automaticamente para de aprender.
o Uma das formas de garantir o interesse dos formandos para a aprendizagem é apresentar de
forma didáctica e pedagógica os objectivos do estudo dos temas.
o A comunicação com os formandos sobre os seus resultados de aprendizagem deve ser feita de
forma pontual com o pressuposto de aumentar maior interesse por parte deles para a
aprendizagem.
o O formador deve criar nos formandos um espírito de competitividade positiva, visto que
realmente poderá funcionar como elemento estimulador para a aprendizagem dos conteúdos
propostos.
o A forma como o formador apresenta os conteúdos de ensino-aprendizagem devem servir de
grandes incentivadores para os formados, pois, os conteúdos apresentados de forma lógica e
bem estruturada são mais motivadores e criam maior curiosidade e interesse por parte de quem
aprende ou seja, o conteúdo deve conter experiências significativas, relacionadas às aspirações
individuais e colectivas dos formandos, bem como a forma de apresentação, são realmente
grandes catalisadores da motivação dos formandos.
o O formador deve ser modelo, deve ser exemplar, correcto e um alto profissional comprometido
com o processo de ensino-aprendizagem, visto que ele representa sem dúvidas a maior fonte de
incentivação para os formandos. De referir que as suas características, muitas das vezes são as
que mais influenciam positivamente o desempenho de seus formandos no processo de ensino-
aprendizagem.
o Sendo o método de ensino uma das principais fontes de motivação, o formador deve prestar
atenção na sua selecção, deve adequar não tendo em conta só os conteúdos, objectivos, mas
também, deve ter sempre em consideração as características dos seus formandos.

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