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Introdução
De acordo com Vilarinho (1979), no processo de ensino e aprendizagem os motivos não são
fixos, eles variam de acordo com a idade, cultura, ambiente e mesmo incertezas do dia-a-dia.
Neste sentido, a relação motivação e aprendizagem, faz perceber que, de um modo geral
“formandos motivados aprendem com energia e com muito sucesso”, em quanto que, a falta
de motivação poderá contribuir para a desassimilação da aprendizagem.
Neste sentido, vários pensadores contribuíram com suas teorias como forma de melhorar o
processo de ensino-aprendizagem tendo sempre em conta a relação existente entre o formador
e o formando, as condições ou contextos socio-económicos e culturais assim como as questões
ligadas a motivação e suas implicações no processo de aquisição de conhecimentos e sua
consequente transformação comportamental do indivíduo.
1.1. Conceito de Pedagogia
o Paidós (criança)
o Agogé (condução)
A Pedagogia é considerada como sendo o conjunto de saberes que compete à educação enquanto
fenómeno tipicamente social e especificamente humano. Trata-se de uma ciência aplicada de carácter
psicossocial, cujo objecto de estudo é a educação. Importa referir que a Pedagogia recebe influências
de diversas ciências, como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Filosofia, a História e a
Medicina, entre outras.
Para clarificar, importa salientar que o termo “Pedagogia” no seu sentido restrito, designa a norma em
relação à educação ou seja, “o que é que devemos fazer e que instrumentos didácticos devemos
usar para a nossa educação?”. Esta é a pergunta que norteia toda corrente pedagógica e que deve
estar na mente de qualquer Pedagogo, uma vez que, todo acto educativo visa a aprendizagem de algum
tipo de valores, atitudes, hábitos, convicções nos formandos.
Exitem duas grandes divisões da Pedagogia. Que é a Didáctica, também chamada Metodologias Gerais
de Ensino e a Teoria da Educação.
1.2. Conceito de Didáctica
o Didaktiké (ensinar)
o Tékne (arte)
A didáctica é uma ciência que estuda o processo de ensino e aprendizagem, ensinando a teoria e a
prática (ao formador) para a obtenção de bons resultados profissionais, solução de problemas
relacionados com o processo de ensino-aprendizagem.
Didáctica é arte ou técnica de ensinar. A didáctica é um ramo específico da Pedagogia, está mais
orientada para a prática, uma vez que tem por objectivo primordial, oriental o ensino.
O desenvolvimento das sociedades deu origem ao pensamento pedagógico, sempre baseado na corrente
filosófica. Os três primeiros pensadores que deram significativa contribuição pelas suas
inquestionáveis obras e que chegou aos dias de hoje foram os gregos:
Sócrates afirmava que os mestres devem ter paciência com os erros e dúvidas apresentados pelos seus
formandos, pois, é a consciência do erro que os leva a progredir na aprendizagem.
Sócrates não deixou sua obra escrita, as suas ideias sobrevivem graças à obra de seus discípulos dos
quais destaca-se Platão como sendo o principal e juntamente com Aristóteles, formam bases do
pensamento sobre a Pedagogia.
Sócrates acreditava que o autoconhecimento era o único caminho para o verdadeiro saber.
Segundo ele, ninguém aprende a andar nesse caminho com o recebimento passivo de
conteúdos oferecidos ou transmitidos de fora. O verdadeiro saber é adquirido com a busca
trabalhosa que cada um realiza dentro de si.
1.3.2. Platão
Na concepção de Platão, a ideia principal desenvolvida era que a educação deveria testar aptidões dos
formandos de modo que apenas os mais dotados ao conhecimento
recebessem formação para se tornarem os governantes.
A ideia essencial da Pedagogia de Platão, poderíamos dizer que é a formação do homem moral dentro
do Estado justo.
Para Platão, “toda virtude é conhecimento”. Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado a
conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira. Portanto, a
educação não pode se restringir apenas aos anos de juventude. Educar é tão importante para
uma ordem política baseada na justiça, como Platão preconizava, que deveria ser tarefa de
toda a sociedade.
1.3.3. Aristóteles
Segundo Aristóteles, “A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces”.
Na verdade, podemos notar que Aristóteles aproximava mais ao realismo enquanto que Platão ao
idealismo. Platão volta-se para à vivência interior, enquanto que Aristóteles era pela experiência
prática, a primazia do colectivo, do objectivo e da inteligência.
Aristóteles valoriza o método dedutivo usado até hoje, cujo modelo de rigor encontra-se na
matemática. A Dedução “é um tipo de raciocínio que ocorre ou seja, parte duma verdade
estabelecida (geral) para provar a validade de um facto particular. Caminha-se da causa
para o efeito”.
Para ele, o fim da arte e da educação é substituir a natureza e completar aquilo que ela
apenas começou. Ele ainda afirmava que, quando se descuida da educação das gerações, o
Estado sofre um golpe nocivo. A educação ajuda a combater a pobreza e capacita as pessoas
com o conhecimento, habilidades e a confiança que precisam para construir um futuro
melhor.
Podemos destacar também alguns dos nomes da moderna história da educação, que deram o seu
contributo, dentre eles:
Em seguida, passamos a apresentar os princípios didácticos segundo o método indutivo defendidos por
Coménius na sua obra “Didáctica Magna”.
Coménius
Rousseau
Na sua concepção, o ser humano não é compartimentalizado em faculdades, mas é uma unidade: desde
o nascimento, o ser humano tem a capacidade de entrar em contacto com o meio ambiente, reagindo a
este de forma global, através do sistema nervoso.
De acordo com Blyth (1981), Herbart enfatizou a conexão entre o desenvolvimento individual e a sua
contribuição na sociedade. Como na tradição platónica, Herbart acreditava que só por se tornar
cidadãos produtivos as pessoas poderiam cumprir sua verdadeira finalidade. Ele acreditava que toda
criança nasce com um potencial único, a sua individualidade.
A educação é, segundo ele a responsável pela formação das representações e pela forma como estas
representações são combinadas nos mais elevados processos mentais. É função da escola ajudar o
formando a desenvolver e a integrar essas representações mentais que provêem de duas fontes
principais: contacto com a natureza, através da experiência e do contacto com a sociedade, através do
convívio social.
O formador deve seleccionar, organizar e apresentar as matérias de forma que o formando perceba a
relação existente entre os vários conteúdos de estudo e a unidade do conhecimento.
Herbart
Dewey
o Relações Sociais: fazer novos amigos para atender a uma necessidade de associações
e amizades.
o Expectativas Externas: cumprir com as instruções de alguém, para cumprir as
expectativas ou recomendações de alguém com autoridade formal.
o Bem-estar Social: melhorar a capacidade de servir a humanidade, preparar-se para o
serviço à comunidade e melhorar a capacidade de participação no trabalho
comunitário.
o Promoção Pessoal: para alcançar um status mais elevado no seu emprego, ascensão
profissional segura, e ficar a par de concorrentes.
o
Motivação e suas Implicações no PEA
3.1. Definição de conceitos
No estudo sobre as contribuições dos diferentes autores sobre a motivação e suas implicações
pedagógicas, iremos antes de mais, definir os principais conceitos que iremos usar no desenvolvimento
do módulo.
Para o efeito, iremos em seguida definir os conceitos que estão directamente ligados ao processo de
ensino-aprendizagem e dentre eles destacam-se os seguintes: interesse, motivação, motivação
intrínseca e motivação extrínseca, incentivação, incentivação intrínseca e extrínseca.
o No início da aula, a preparação dos formandos visa criar condições de estudo: mobilização
da atenção para criar atitude favorável ao estudo, organização do ambiente, suscitando
interesse e ligação da matéria nova em relação à anterior.
o Formandos motivados ficam conscientes do que estudam e isso estimula a actividade cognitiva
deles e faz com que eleve o seu papel educativo e formativo.
o O ensino será mais efectivo na medida em que conseguir fixar na mentalidade dos formandos
o propósito do estudo e sua importância na vida prática.
Deste modo podemos concluir que, o formador que não se preocupa com a motivação dos seus
formandos, corre o risco de não ser capaz de mobilizar o interesse e actividade destes para a
aprendizagem. Sendo assim, no processo de ensino-aprendizagem, um dos grandes desafios do
formador, é assegurar a motivação inicial e contínua dos seus formandos, uma vez que, ele (formador)
deve obrigatoriamente conseguir mobilizar psicologicamente e fisicamente os formandos para a
aprendizagem.
3.1.1. Interesse
De acordo com Sawey e Telford (1966), os interesses podem ser considerados como atitudes
favoráveis em relação ao objecto, estes são positivos por natureza, constituindo uma variável
importante de qualquer rendimento escolar, porque orientam o trabalho.
Para Planchard (1960), o interesse é a correspondência entre um certo objecto exterior e uma
necessidade em nós existente.
De acordo com Vilarinho (1979), o conceito de interesse dentro do processo de ensino-aprendizagem
ainda é um ponto de alguma confusão, visto que existem formadores que acreditam que motivar é
despertar o interesse. De referir que segundo o autor, o formador não pode motivar o formando, uma
vez que a motivação é um processo interior ao sujeito. Na verdade, o formador pode incentivar o
formando, tentando despertar nele motivos para a aprendizagem de um determinado tema.
3.1.2. Motivação
De acordo com Vilarinho (1979), a motivação é um processo interior, individual, que provoca, mantém
e dirige o comportamento.
Segundo Campos (1972), citado por Vilarinho (1972), a motivação implica num estado de tensão
energética, resultante da actuação de fortes motivos que coagem o sujeito a agir com certo grau de
intensidade e empenho.
Exemplo:
O formando estuda anatomia humana porque tem real interesse sobre a matéria, ela por si só gosta de
saber acerca desta temática.
Exemplo:
O formando que estuda anatomia porque depois será oferido uma viagem que sempre desejou.
3.1.5. Incentivação
Na verdade a incentivação só é operante quando promove a motivação, sendo neste caso preferível que
o formador utilize a modalidade intrínseca no processo de ensino-aprendizagem.
Atenção, para a aprendizagem ocorrer, não basta apenas o formando estar motivado, pois é necessário
que exista, também, certa predisposição ou prontidão, o que implica uma maturidade bio-sócio-
psicológica. Segundo Gagné (1976), citado Vilarinho (1979), estas são as condições internas ou
habilidades iniciais para que o formando possa desenvolver determinada aprendizagem.
Exemplos de prontidão
Conteúdos de Ensino
Agora, temos que perceber mais adiante como cada uma destas fontes funciona como os grandes
catalisadores da incentivação dos formandos no processo de ensino-aprendizagem.
a) Conteúdo de Ensino
O conteúdo de ensino bem estruturado, com experiências significativas, matérias relacionadas às
aspirações individuais dos formandos, bem como a forma de apresentação, são realmente grandes
catalisadores da motivação dos formandos. Por isso, recomenda-se aos formadores na selecção de
conteúdos terem em atenção os critérios. (Na unidade didáctica 2, do módulo II, Planificacao do PEA
abordaremos a temática).
Os métodos de ensino como abordaremos na unidade 3 do módulo II sobre a Planificação do PEA, eles
devem facilitar a aprendizagem do formando, devem ser métodos activos que proporcionam a
actividade do formando e que tenha possibilidades de aplicar o que foi aprendido. Neste sentido, se o
formador adopta métodos activos que colocam os formandos sempre em actividades desafiadoras, aí
sem dúvidas estaremos a criar motivos mais do que suficientes para que os formandos se interessem
cada vez mais pelos estudos.
b) Recursos de ensino-aprendizagem
Quando se usa de forma inteligente os recursos de ensino, facilmente alcançamos os resultados de
aprendizagem, visto que os recursos ajudam a estimular o interesse dos formandos para aprendizagem
de um determinado tema, como também permitem chamar atenção e motivar os formandos, neste
sentido, o formador deve saber seleccionar meios de ensino que se adaptem as características do grupo
de formandos, como por exemplo os estilos de aprendizagem que abordaremos na unidade 4.
c) A personalidade do formador
O formador representa sem dúvidas a maior fonte de incentivação para os formandos, neste caso,
recomenda-se que seja, interessado, dinâmico, criativo, capaz e não muito directivo. Na verdade, estas
características apresentadas, provavelmente influenciarão positivamente no desempenho de seus
formandos.
Tendo em conta o que foi apresentado, recomenda-se que o formador encontre fórmulas de se
comunicar de forma efectiva com os formandos. Na verdade, o ideal seria que recorresse a todas as
fontes e técnicas de incentivação, pois quantas mais ele usar, maior garantia terá de despertar os
motivos nos seus formandos e canalizá-los adequadamente.
Neste capítulo iremos de forma precisa apresentar os pensamentos em relação à motivação e suas
implicações pedagógicas dos seguintes pensadores:
o David Ausubel
o Jerome Bruner
o Frederic Skinner
o Carl Rogers
o Robert Gagné
o Urie Bronfenbrenner
3.3.1. David Ausubel
Foi um grande e reconhecido Psicólogo da Educação. Filho de família judia e pobre, imigrantes
da Europa Central. Ausubel cresceu insatisfeito com a educação que
recebera. Revoltado contra os castigos e humilhações pelos quais
passou na escola, afirma que a educação é violenta e reaccionária
(tirana).
Após sua formação académica, em território canadense resolve
dedicar-se à educação no intuito de buscar as melhorias necessárias
ao verdadeiro aprendizado. Totalmente contra a aprendizagem
puramente mecânica, torna-se um representante do cognitivismo, e
propõe uma aprendizagem que tenha uma “estrutura cognitivista”,
de modo a intensificar a aprendizagem como um processo de
armazenamento de informações que, ao agrupar-se no âmbito mental
do indivíduo, seja manipulada e utilizada adequadamente no futuro,
através da organização e integração dos conteúdos aprendidos
significativamente.
De acordo com Vilarinho (1979), Ausubel acreditava que a motivação não é uma condição
indispensável para a aprendizagem. Segundo ele, a melhor maneira de se ensinar a um formando não
motivado, é ignorar seu estado motivacional, por um certo tempo, concentrando-se no ensino efectivo.
Ausubel dá mais importância aos aspectos cognitivos, não dando atenção a questão motivacional. Ele
ainda afirma que o papel e a importância dos diferentes tipos de motivação dependem:
Com a teoria desenvolvida por David Ausubel, várias implicações pedagógicas para o processo de
ensino-aprendizagem surgiram, dentre as quais destacamos as seguintes:
Para Vilarinho (1979), Bruner considera que a aprendizagem é a motivação, visto que os motivos
devem provocar o interesse para aquilo que vai ser aprendido.
Da teoria desenvolvida por Bruner surgiram as seguintes implicações pedagógicas para a aprendizagem
a destacar:
a) O formador deve seleccionar matérias de ensino que por si só, desafiem os formandos,
pois desta forma eles constituirão elementos de grande valor motivacional.
b) O formador deve proporcionar ao formando o senso de entusiasmo oriundo da
descoberta, sempre que um formando por si só descobre a solução de algum problema
pela descoberta, torna-se mais confiante, empenhado e motivado para o processo.
c) O formando deve sentir autoconfiança em suas habilidades e para tal, o formador
deve de forma continua dar o feedback acerca do seu desempenho e reforçar os seus
comportamentos.
d) Os interesses de aprendizagem devem ser relacionados com a vida real e aspirações
do formando, pois, todos precisamos de aprender coisas que nos permitem melhorar a
nossa forma de ser e de estar dentro da sociedade, então, cabe ao formador prestar
atenção aos conteúdos seleccionados, pois devem ser úteis e relevantes.
3.3.3. Frederic Skinner
Foi um Psicólogo, conduziu trabalhos pioneiros na área da Psicologia Experimental e foi um
dos mentores do Behaviorismo Radical. A base do trabalho de Skinner refere-se a
compreensão do comportamento humano através do comportamento operante (Skinner dizia
que o seu interesse era em compreender o comportamento humano e não manipulá-lo). O
trabalho de Skinner é o complemento, e o coroamento de uma escola psicológica. Skinner
adoptava práticas experimentais derivadas de física e outras ciências.
Para Skinner o problema da motivação pode ser resolvido em termos de fornecimento de reforço, de
acordo com as necessidades individuais. Manter o indivíduo em
determinada aprendizagem implica dar reforços (primários e
secundários), (Vilarinho 1979).
De acordo ainda com Vilarinho (1979), Skinner, não explica como ou porque os indivíduos aprendem,
nem o efeito da motivação na aprendizagem, mas procura fazer uma tecnologia que por objectivo levar
o estudante a aprender.
3.3.4. Carl Rogers
Da teoria desenvolvida por Carl Rogers surgiram as seguintes implicações pedagógicas para a
aprendizagem:
Americano e Psicólogo Educacional, mais conhecido pelo seu trabalho intitulado “As
Condições de Aprendizagem”. Gagné desenvolveu uma série de estudos e trabalhos que
ajudou a compilar o que ele e muitos outros consideraram “boa instrução”.
De acordo com Vilarinho (1979), Gagné distingue dois tipos de motivação: uma inerente ao próprio
sujeito (necessidades ou impulsos: neste caso, a fome, a sede, o sexo, etc.) e outra relacionada com a
aprendizagem. Para Gagné, o importante é que o formando tenha motivação para aprender, que esteja
decidido a fazer algo, a dominar alguma competência.
Da teoria desenvolvida por Robert Gagné surgiram as seguintes implicações pedagógicas para a
aprendizagem a destacar:
Da teoria desenvolvida por Urie Bronfenbrenner surgiram as seguintes implicações pedagógicas para a
aprendizagem a destacar: