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I. Introdução......................................................................................................................2
II. Objectivos......................................................................................................................3
III. Metodologias.................................................................................................................4
1.2.Justiça..........................................................................................................................7
1.3.Justiça social................................................................................................................7
2.Caridade..........................................................................................................................9
2.1.Bem Comum................................................................................................................9
2.2.Subsidiariedade..........................................................................................................11
2.3.Solidariedade.............................................................................................................12
2.4.Boa Governação........................................................................................................13
2.6.Defesa da Cultura......................................................................................................14
2.7.A Família...................................................................................................................15
3.Conclusão.....................................................................................................................16
4.Referências Bibliográficas............................................................................................17
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I. Introdução
Como consequência dessa nova visão, o tema do humilde e do pobre passou a ocupar
lugar essencial no Evangelho. A questão da propriedade também passou a ser analisada.
Ela, em si mesma, não é condenada, mas a acumulação e o uso dos bens além da
necessidade constituem pecado.
Padre Laércio Moura (2002), em suas reflexões acerca dos impactos sofridos pela
pessoa humana em decorrência da constante mutação do mundo, relata as
transformações sofridas pela humanidade no decorrer dos séculos. Ele salienta que o
progresso das ciências, bem como diversas descobertas e inúmeras invenções,
colocaram à disposição dos homens recursos de tal potencialidade que alteraram
profundamente as condições de vida de grande parte da humanidade.
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II. Objectivos
Objectivos Geral:
Objectivos Específicos:
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III. Metodologias
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1. A Doutrina Social da Igreja
Nesse panorama, cabe questionar como a Igreja foi percebendo a mutante realidade e
como foi se posicionando frente aos novos acontecimentos.
Na Idade Média, as comunidades, mesmo sem a força dos primeiros séculos, dedicavam
lugar privilegiado às relações sociais do Homem. Emery e Trist (1973), mostram que é a
partir dessa época que surgem as grandes regras de igualdade: a social – igualdade do
homem diante de Deus -, a legal – igualdade do homem na sociedade – e a
constitucional – igualdade do homem perante o Estado.
“Justiça social” é uma expressão que desfruta de grande popularidade nos dias actuais.
Não há cidadão que não clame por ela. Não há partido ou discurso político, de esquerda
ou de direita, em que ela não esteja presente. Não há noticiário ou discussão a respeito
dos problemas ou das conquistas sociais em que ela não seja citada. De tão frequente e
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indiscriminada a sua utilização, chega ate a soar banal. Isso explica, talvez, o sentido
vazio e automático que as vezes emprestam a ela. Claro que isso não deveria ser assim.
Como diz Barbosa (1984, p. 7), “pode-se dizer com segurança que o interesse
primordial do homem sobre a Terra e a justiça. A fim de estabelece-la e mantê-la, os
homens se agruparam e criaram suas instituições.
Rawls (1997, p. 7), estabelece uma teoria da justiça social que tem como objecto
primário a estrutura básica da Sociedade.
Para atingir esse desiderato, Rawls concentra e acentua importância no papel das
instituições, as quais tem a incumbência de garantir condições justas para o contexto
social. Isso porque se, através delas, a estrutura não for apropriadamente regulada e
ajustada, por mais equitativas e justas que possam parecer as relações particulares,
consideradas isoladamente, o processo social não conseguira efectivamente se manter
justo, (Rawls, 2000, p. 13-14). Assim e que a justiça, para Rawls, deve ser a primeira
virtude das instituições sociais, (1997, p. 3). A existência destas, em resumo, e
condicionada a realização e manutenção da justiça.
Em outro sentido, tendo como premissa a liberdade e a igualdade dos cidadãos, Rawls
(2000, p. 18), assinala que o quadro institucional tem ligação directa não só com a
formação das aspirações, esperanças das pessoas, mas também com a concretização
daquelas e com o desenvolvimento e aproveitamento das capacidades e talentos
individuais. Isso se deve, segundo Rawls (2000, p. 18), ao facto de que as perspectivas
individuais dependem em parte da ideia que as pessoas têm de si. Alem disso, essa ideia
apresenta ligação com a posição social e com os meios e as oportunidades com os quais
cada um pode racionalmente contar. Para Rawls (2000, p. 138), pessoas são seres
humanos capazes de se tornarem membros da cooperação social e de respeitarem seus
compromissos e suas relações durante toda a vida. Cidadão, para o filósofo, e o membro
da Sociedade plenamente activa durante toda a sua existência, (2000, p. 215).
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2. Caridade
A caridade pressupõe e transcende a justiça: esta última «deve ser completada pela
caridade». Se a justiça «é, em si mesma, apta para “servir de árbitro” entre os homens
na recíproca repartição justa dos bens materiais, o amor, pelo contrário, e somente o
amor (e portanto também o amor benevolente que chamamos “misericórdia”), é capaz
de restituir o homem a si próprio. Não se podem regular as relações humanas
unicamente com a medida da justiça: «A experiência do passado e do nosso tempo
demonstra que a justiça, por si só, não basta e que pode até levar à negação e ao
aniquilamento de si própria, se não se permitir àquela força mais profunda, que é o
amor plasmar a vida humana nas suas várias dimensões.
O bem comum, antes de mais nada, contempla o Bem supremo das comunidades, o fim
mais elevado para o qual tendem as acções sociais do homem, tornando-se critério de
elaboração de leis justas.
Outra questão muito importante a ser considerada é a de que o bem comum não é a
soma dos bens particulares. Segundo Jacques Maritain (em: A pessoa e o bem comum),
ele não é sequer “a simples colecção dos bens privados, nem o bem próprio de um todo,
que somente diz respeito a si próprio e sacrifica as partes em seu proveito. O bem
comum da cidade é sua comunhão no bem-viver; é pois comum ao todo e às partes,
sobre as quais ele transborda e as quais devem tirar proveito dele”.
A terceira constatação é de que os governantes devem ter dois olhares: para o interesse
geral e para os interesses particulares.
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O interesse particular não é necessariamente mau, mas, por natureza, é “menos belo e
menos divino que o interesse comum”, conforme afirmou Aristóteles em Ética a
Nicômaco.
Em Política (III), ele identifica interesse comum com interesse mútuo, por estar
fundado na reciprocidade dos serviços prestados. Na politeía, governo da maioria, os
homens agem em prol do interesse comum, e as leis da cidade são justas quando
assumem como finalidade o bem comum.
Para distinguir bem comum de bem particular, Johannes Messner – jurista e político
austríaco – associa os conceitos de “ser” e “valor”. “O bem comum” – afirma – “é uma
realidade social com categoria supra individual de ser e valor, em virtude da pluralidade
dos membros da sociedade que dela dependem no seu ser humanamente perfeito; o bem
particular é uma realidade com categoria de ser e valor supra social, própria da pessoa
humana”.
Essa pauta de regras também oferece um conceito central que deve ser entendido como
“somos todos irmãos”, fundamento do conceito de fraternidade (de frater, fratris,
irmão). Não é uma expressão sentimental ou religiosa, mas uma categoria jurídica
consagrada desde a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de
1789, ao afirmar que “os homens nascem e permanecem livres e iguais em direito”,
ampliada em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao proclamar
que “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade”.
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2.2. Subsidiariedade
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2.3. Solidariedade
Segundo Théry (2007), em nossos dias, quando se fala em solidariedade, tal citação
comummente refere-se ao conceito jurídico do direito social, que une um conjunto de
credores ou devedores em uma mesma obrigação: nos casos previstos pela lei, o que é
pago a um dos credores libera o devedor da dívida, assim como aquilo que é tomado
emprestado por um devedor em ‘sociedade’ com outros, é devido por todos. A palavra
se origina, do latim, em in solidum (um por todos). Ela permite pensar a relação de
obrigação em termos colectivos, mesmo na ausência de uma autorização expressa,
enquanto no direito civil comum, habitualmente, só há o reconhecimento da obrigação
individual.
A solidariedade orgânica, por sua vez, é por sua natureza uma estrutura nascida com a
sociedade dita moderna, de indivíduos desiguais (Durkheim tinha uma visão bastante
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linear e positivista do desenvolvimento e de seus conceitos). A divisão do trabalho seria
a questão determinante no progresso e na passagem de uma sociedade primitiva para
uma sociedade moderna, e portanto de relações sociais fundadas na solidariedade
mecânica para relações sociais fundadas na solidariedade orgânica.
O Estado deve fornecer um quadro jurídico adequado ao livre exercício das actividades
dos sujeitos sociais e estar pronto a intervir, sempre que for necessário, e respeitando o
princípio de subsidiariedade, para orientar para o bem comum a dialéctica entre as livres
associações activas na vida democrática. A sociedade civil é heterogénea e articulada,
não desprovida de ambiguidades e de contradições: é também lugar de embate entre
interesses diversos, com o risco de que o mais forte prevaleça sobre o mais indefeso.
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intermediários. Johan Galtung (1995), tenta definir melhor a palavra paz ao apontar os
conceitos de uma paz negativa e de uma paz positiva. A paz negativa, segundo esse
ilustre professor, é a mera ausência da guerra, o que não elimina a predisposição para
ela ou a violência estrutural da sociedade. A paz positiva, por outro lado, implica ajuda
mútua, educação e interdependência dos povos. A paz positiva vem a ser não somente
uma forma de prevenção contra a guerra, mas a construção de uma sociedade melhor, na
qual mais pessoas comungam do espaço social.
Concordando com Galtung, evolui-se da polarização guerra e paz para, no mínimo, três
estágios distintos: a guerra, a paz negativa e a paz positiva. Uma maior reflexão ainda se
faz necessária sobre as situações que envolvem guerra e paz.
Define-se cultura como uma propriedade humana ímpar, baseada em uma forma
simbólica, ‘relacionada ao tempo’, de comunicação, vida social, e a qualidade
cumulativa de interacção humana, permitindo que as ideias, a tecnologia e a cultura
material se “empilhem” no interior dos grupos humanos.
Desde 1877, quando Edward Burnett Tylor empregou pela primeira vez o termo
“cultura” para referir-se a todos os produtos comportamentais, espirituais e materiais da
vida social humana, os sentidos mais antigos e restritos desse termo foram perdendo
terreno.
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A palavra “cultura” indica, em geral, todas as coisas por meio das quais o homem apura
e desenvolve as múltiplas capacidades do seu espírito e do seu corpo; se esforça por
dominar, pelo estudo e pelo trabalho, o próprio mundo; torna mais humana, com o
progresso dos costumes e das instituições, a vida social, quer na família quer na
comunidade civil; e, finalmente, no decorrer do tempo, exprime, comunica aos outros e
conserva nas suas obras, para que sejam de proveito a muitos e até à inteira
humanidade, as suas grandes experiências espirituais e as suas aspirações (GS, 53).
2.7. A Família
Desta forma, Fazenda (2005), refere que a família é uma unidade social que não é fácil
definir. Para o autor, esta é baseada em laços de parentesco e afinidades estando em
permanente mudança para se adaptar às necessidades dos seus membros, sendo algo que
não se apresenta de modo nenhum estático no tempo. Domingues e Domingues (2005),
partilham da opinião de Fazenda (2005), ao referirem que a família é um conjunto de
pessoas ligadas por laços onde cada um tem os seus direitos, obrigações e expectativas
próprias. No entanto, estes autores, têm uma visão da família como um sistema que
assegura funções indispensáveis ou úteis aos seus elementos individuais, consideram-na
ainda um pilar, pilar este que terá de estar assente sobre bases éticas e morais de modo a
que o agir dos seus constituintes seja um agir racional, tendo como meta o bem comum.
De acordo com Paulo II (1994, cit. Domingues e Domingues, 2001), a família é uma
comunidade de pessoas, a mais pequena célula social, e como tal é uma instituição
fundamental para a vida da sociedade.
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3. Conclusão
Diante do aqui exposto pode-se concluir que a Doutrina Social da Igreja, como nos
enfatiza o Bigo (1969), diz que a Igreja Católica é um elemento fundamental, que ela
baseou-se, inicialmente, nos ensinamentos dos profetas do Antigo Testamento que
evocavam a justiça como referência para a conduta social e religiosa. Nessa época, o
santo era o justo. Quanto ao Novo Testamento dá outra dimensão a essa questão, pois,
para Cristo, a base é o amor. A caridade aperfeiçoa toda a justiça, é seu cumprimento e
sua superação. Como consequência dessa nova visão, o tema do humilde e do pobre
passou a ocupar lugar essencial no Evangelho. A questão da propriedade também
passou a ser analisada. Ela, em si mesma, não é condenada, mas a acumulação e o uso
dos bens além da necessidade constituem pecado.
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4. Referências Bibliográficas
1. Barbosa, Julio Cesar Tadeu. O que é justiça. Sao Paulo: Abril Cultural, 1984. 107 p.
(Colecao Primeiros Passos).
2. Bobbio, Norberto. A era dos direitos. 10. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. 217 p.
3. Bobbio, Norberto; Matteucci, Nicola; Pasquino, Gianfranco et alii. Dicionái-io de
política. Vol. 2. Brasília: Edunb, 12a ed., 1999.
4. Baracho, José Alfredo de Oliveira. O Princípio de subsidiariedade: conceito e
evolução. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
5. Bento XVI, Papa. Carta Encíclica Caritas in Veritate: do Sumo Pontífice Bento XVI
aos bispos, presbíteros e diáconos, às pessoas consagradas, aos fieis leigos e a todos
os homens de boa vontade sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e
na verdade. São Paulo: Paulinas, 2009.
6. Boundin , Raymond; Bourricaud, François. Dictionnaire critique de la sociologie.
Paris : Presses universitaires de France, 1982.
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8. Domingues, A., Domingues, A. (2001). A família. Boletim do hospital de S.Marcos.
ano XVII, n.2: 55-64.Fazenda, I. (2005). Família, coesão e diferenciação. Integrar.
Secretariado nacional para a reabilitação e integração das pessoas com deficiência.
Ministério do trabalho e da solidariedade social.
9. Durkheim, Êmile. Da divisão do trabalho social, Trad. de Carlos Brandão, 2 ed.: São
Paulo: Martins Fontes, 1999. (Coleção Tópicos).
10. Galtung, J. Peace by peaceful means. London, Sage, 1995. . In: “An interview with
Johan Galtung” by Donna J. McInnis, Soka University,
<http://langue.hyper.chubu.ac.jp/jalt/ pub/tlt/96/nov/galtung.html>, nov. 1996.
11. Luna, Sergio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São
Paulo: Educ, 1999.
12. Marconi, Marina A. e LAKATOS, Eva M. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e
interpretação de dados. São Paulo, Atlas, 2007.
13. Paugam, Serge. Repenser la solidarité: l’apport des sciences sociales. Paris : Presses
Universitaires de France, 2007.
14. Rawls, John. Justiça e democracia. Traducao de Irene A. Paternot. São Paulo:
Martins Fontes, 2000a. 406 p.
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15. Silva, Daniela Romanelli da. Princípio da subsidiariedade. In: BARRETO, Vicente
de Paulo (Coord.) Dicionário de filosofia do direito. São Leopoldo/Rio de Janeiro:
Unisinos/Renovar, 2006.
16. Silva, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
17. Grau, Eros Roberto. A Ordem econômica na Constituição de 1988. São Paulo:
Malheiros, 2006.
18. O autor é advogado e professor de Direito, livre docente pela UNESP (Franca–SP) e
autor de obras jurídicas Para aprofundar o tema recomendamos: O princípio
esquecido, vol. 1 e vol. 2 – Antonio Maria Baggio, ed. Cidade Nova.
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