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ENG 1205 – Resistência dos Materiais I – 2022.

1
Aula 23 e 24: Transformação de Tensões no
Plano
Prof. Deane Roehl Monitor: Marcello Congro
droehl@puc-rio.br marcellocongro@tecgraf.puc-rio.br
Objetivos
§ Transformar as componentes de tensão associadas a um determinado plano e
sistemas de coordenadas em componentes associadas a outro plano ( e a outro
sistema de coordenadas);

Motivação
§ Obter a tensão normal máxima e a tensão de cisalhamento máxima em um
ponto e determinar a orientação dos elementos sobre os quais elas agem.
§ Prever modos de falha de estruturas.

Ensaio de flexão em viga de concreto armado Ligação em elemento estrutural de madeira


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Transformação de Tensões no Plano

§ O estado geral de tensões em um ponto é representado por três


componentes de tensão normal, σx, σy, σz, e três componentes de tensão
cisalhante, τxy, τxz, τyz.

§ Em algumas condições pode-se considerar que as componentes de tensão


não nulas atuam em um plano: estado de tensão plano. Nesse caso o estado
de tensão em um ponto é representado pela combinação de duas
componentes de tensão normal, σx e σy, por exemplo, e uma componente de
tensão de cisalhamento, τxy.
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Motivação
𝑃 sen 𝛼 P
§ Exemplo:
S1 𝛼

𝑃 cos 𝛼

A
d
S2
Tensões na seção transversal (seção reta) Quanto valem as tensões em outras seções?

M
N
C 𝜃 𝜃 𝜃
Seção S1 B C
A Seção S2
V

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Transformação de Tensões no Plano
Dado σx, σy, txy Determinar σ’x, t’xy em um plano θ

§ O estado plano de tensão em um ponto é representado exclusivamente por


três componentes que agem sobre um elemento que tenha uma orientação
específica neste ponto.

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Tensões em um Plano Qualquer

y’
X’
𝛉
𝛉

Tensões na cunha em diferentes planos de corte

θ
x

Equilíbrio de forças na cunha: “Se o corpo está em equilíbrio suas partes também estão.”

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Exemplo 1

§ Represente o estado de tensão no ponto em um elemento orientado a 30º no


sentido horário em relação à posição mostrada.

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Exemplo 1 (cont.)

§ Tensões no plano a-a:

50MPa

Equilíbrio de forças na cunha: “Se o corpo está


em equilíbrio suas partes também estão.”

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Exemplo 1 (cont.)

§ Por equilíbrio:

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Equações Gerais de Transformação de Tensão no Plano

§ Objetivo: Generalizar a transformação das componentes de tensão normal e de


cisalhamento dos eixos x, y para os eixos coordenados x’, y’.

§ Convenção de Sinais Positiva:

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Equações Gerais de Transformação de Tensões no Plano

§ Componentes de tensão normal e cisalhamento:

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Equações Gerais de Transformação de Tensões no Plano

§ Por equilíbrio do DCL exibido em (c):

" 𝐹𝑥′ = 0 (1)

" 𝐹𝑦′ = 0 (2)

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Equações Gerais de Transformação de Tensões no Plano

§ Para a obtenção das tensões no plano


normal ao eixo y’, faz-se a substituição de θ
por θ+90º nas equações anteriores:

(1’)

(2’)

§ Obs: A soma das tensões


(1) normais em qq orientação θ é
constante :

(2) . 𝜎!’ + 𝜎#’ = 𝜎! + 𝜎#

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Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano

§ Na prática da engenharia é importante determinar a orientação dos planos que


fazem com que a tensão normal seja máxima e mínima ou o plano em que a
tensão de cisalhamento seja máxima.

§ Derivamos a expressão de 𝜎! ! em relação a theta e igualamos a zero para obter


𝜎$á! e 𝜎$í' .

(1)

𝑠𝑖𝑛 2𝜃𝑝
=
𝑐𝑜𝑠2𝜃𝑝

Duas raizes defasadas de 𝜋, 2𝜃p1 e 2𝜃p2


L𝑜𝑔𝑜 𝜃p1 e 𝜃p2 defasados de 𝜋/2.

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Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano
Quanto valem as tensões normais máximas?
§ A solução tem duas raízes 𝜃() e 𝜃(* , cujos valores de seno e cosseno podem ser
substituídos na expressão de 𝜎! ! :

§ Os valores de σ1 e σ2 são denominados tensões


principais no plano e os planos correspondentes
sobre os quais agem são denominados planos
principais de tensão.

Quanto valem as tensões cisalhantes nos planos principais?


§ Substituindo 𝜃!" e 𝜃!# na eq (2), obtemos ainda
𝜏$ ! % ! = 0. Isto significa que nos planos principais a
tensão de cisalhamento é nula.
=0

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Equações Gerais de Transformação de Tensões no Plano

§ Lembrando ...

(1)

(2)

Em que plano atua a tensão cisalhante máxima (mínima)?

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Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano
Em que plano atua a tensão cisalhante máxima (mínima)?
§ A orientação de um elemento cujas faces estão submetidas à tensão de
cisalhamento máxima é obtida tomando-se a derivada de (2) em relação a θ e
igualando a zero:
𝑑 𝑠𝑖𝑛 2𝜃𝑠
=0 =
𝑑θ 𝑐𝑜𝑠2𝜃𝑠

Duas raízes 2θs1 e 2θs2 defasadas de π


Quanto vale a tensão cisalhante máxima (mínima)? θs1 e θs2 defasados de π /2
§ Usando qualquer uma das duas raízes θs1 ou θs2 , pode-se determinar τmax , τmin
tomando os valores de sen (2θs) e de cos(2θs) e substituindo na equação

(3)

τmin
θs1 ou θs2 subst. em (3) ±

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Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano
Quanto vale a tensão normal no plano onde atua a tensão cisalhante máxima (mínima)?
§ Substituindo os valores de sen (2θs) e de cos (2θs) na equação (1), obtém-se a
tensão normal nos planos em que ocorre a τmax:

(1)

§ Caso particular: cisalhamento puro:

Corresponde ao estado de tensão em que o elemento está sujeito a apenas


tensões de cisalhamento. Desta forma, não há tensões normais atuando nas faces
do elemento. Tensões principais :
σ1 = txy
σ2 = −txy
txy σ𝑥 = σ𝑦 =0
txy≠0

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Exemplo : eixo submetido à torção
Estado de tensão no ponto A na seção transversal – cisalhamento
puro
Tensões principais

𝜏𝐴
R
A
σ1 = t. σ2 =− −t

𝑦 2
𝑧
𝑦 𝑧
A
𝜏𝐴

𝑥 σ𝑧 = σ𝑦 =0
t≠0
𝜏𝐴
𝑧
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Exemplo : eixo submetido à torção

Material com
menor resistência
ao cisalhamento
do que à tração

Material com
menor resistência
à tração do que ao
cisalhamento

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ENG 1205 – Resistência dos Materiais I – 2022.1
Aula 24: Tensões Combinadas
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droehl@puc-rio.br marcellocongro@tecgraf.puc-rio.br
Estado de Tensões Combinados

§ Nas aulas anteriores, desenvolvemos métodos para determinar as distribuições de


tensão em um elemento submetido a uma força axial interna, a uma força de
cisalhamento, a um momento fletor ou a um momento de torção.

§ Entretanto, na maioria das vezes, a seção transversal de um elemento está sujeita a


vários desses esforços simultaneamente, e o resultado é que o método da
superposição, se aplicável, pode ser usado para determinar a distribuição da tensão
resultante provocada pelas cargas.

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Estado de Tensões Combinados (cont.)

§ Um membro estrutural submetido a carregamentos combinados pode com


freqüência ser analisado superpondo-se as tensões e deformações causadas por cada
carregamento agindo separadamente.

§ Condições:
v As tensões e deformações devem ser funções lineares das cargas aplicadas, que por
sua vez exigem que o material siga a lei de Hooke e os deslocamentos permaneçam
pequenos;
v As tensões e deformações devido a um carregamento, não devem ser afetadas por
outros carregamentos.

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Estado de Tensões Combinados (cont.)
𝑃 sen 𝛼 P
§ Exemplo:
S 𝛼

𝑃 cos 𝛼 M
C N
Seção S C
B B
A A
d V

§ Estado de Tensão em um Ponto (Estado Geral): Estado Plano:

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Estado de Tensões Combinados (cont.)
𝑃 sen 𝛼 P
§ Exemplo:
S 𝛼

𝑃 cos 𝛼 M
C N
Seção S C
B B
A A
d V

§ Esforço Normal:

§ Devido ao momento fletor:

§ Devido ao esforço cortante:

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Exercício 1

§ O elemento mostrado na figura tem seção transversal retangular. Determine o estado


de tensão que a carga produz no ponto C.

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Exercício 1 – Solução

𝑁 = 16,45 𝑘𝑁
𝑉 = 21,93 𝑘𝑁
𝑀 = 32,89 𝑘𝑁. 𝑚

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Exercício 1 – Solução

Tensão Normal:
Tensão Normal (momento fletor)
𝑃 16,45
σ+ = = = 1,32 𝑀𝑃𝑎 𝑀𝑐 32.89 ∗ 0,125
𝐴 0,05 ∗ 0,25
𝜎+ = = = 63,16 𝑀𝑃𝑎
𝐼 0,05 ∗ 0,25,
12
Tensão Cisalhante:
Estado de Tensões em C:
𝜏+ = 0
𝜎+ = 1,32 + 63,16 ⇒ 𝟔𝟒, 𝟓 𝑴𝑷𝒂
𝜏+ = 𝟎

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Exercício 2

§ Uma força de 15.000 N é aplicada à borda do elemento mostrado na figura.


Despreze o peso do elemento e determine o estado de tensão nos pontos B e C.

N=15000N N=15000N

M=750Nm

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Exercício 2 – Solução

§ O elemento é secionado passando por B e C. Para equilíbrio na seção, é preciso


haver uma força axial de 15.000 N agindo no centroide e um momento fletor
de 750.000 N.mm em torno do eixo do centroide;

§ Tensão Normal:

𝑃 15000
𝜎= = = 3,75 𝑀𝑃𝑎
𝐴 100 ∗ 40

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Exercício 2 – Solução

§ Tensão Normal devido ao momento fletor:

𝑀𝑦 750 ∗ 50
𝜎= = = 11,25 𝑀𝑃𝑎
𝐼 40 ∗ 100,
12
§ Superposição:

7,5 15
= → x = 33.3 mm
𝑥 100 − 𝑥
𝜎- = 7,5 𝑀𝑃𝑎
𝜎+ = 15 𝑀𝑃𝑎

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