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POLÍCIA FEDERAL

COORDENAÇÃO DE INQUÉRITOS NOS TRIBUNAIS SUPERIORES


CINQ/CGRC/DICOR/PF

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO, RELATOR


DO INQUÉRITO 4492/DF, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

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REPRESENTAÇÃO

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Referência: Ofício eletrônico 7093/2022


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Senhor Ministro,
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A POLÍCIA FEDERAL, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, dando


continuidade às investigações materializadas nos autos acima referenciados, vem à
presença de Vossa Excelência, REPRESENTAR com base no Artigo 230-C do
Em po

Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal-RISTF, pela inclusão de Paulo Roberto


Nunes Guedes no rol de investigados, e, produção de Relatório de Inteligência Financeira,
sso

no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2016 das empresas.

Ciente do Ofício 7093/2022 que encaminhou a Decisão de cancelamento da oitiva


pre

do Ministro Paulo Guedes, nos seguintes termos:


Im

"Em conclusão, defiro o pedido do requerente e


determino o cancelamento do depoimento agendado
para o dia 01.06.2022, sem prejuízo de que, havendo
justo motivo e observadas as regras do artigo 221 do
Código de Processo Penal, seja renovado o convite."

Convém manifestar aqui a justificativa infundada apresentada pelo peticionante


(Petição 34737/2022, doc. 96), alegando que esteve na Polícia Federal, "mas não foram
prestados quaisquer esclarecimentos ou fornecidas cópias de peças que justificassem a
intimação (Petição 34737/2022, doc. 96)", veja:
Paulo Roberto Nunes Guedes peticionou nos autos deste
inquérito noticiando a convocação para prestar
depoimento perante a Polícia Federal, evento agendado
para 01.06.2022. Sustenta não ter qualquer relação com o
objeto da investigação, não tendo sido mencionado em
nenhuma página dos autos e tampouco arrolado pela
Procuradoria-Geral da República. Refere, ainda, que os
representantes do peticionário se dirigiram à sede da
Polícia Federal, mas não foram prestados quaisquer
esclarecimentos ou fornecidas cópias de peças que
justificassem a intimação (Petição 34737/2022, doc. 96).

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No caso sob apreciação o advogado de Paulo Guedes, Dr. Marcelo Neves
Rezende, realizou contato telefônico no final do expediente do dia 03/05/2022,

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solicitando contato presencial com este subscritor para tratar da intimação do ministro,
sendo atendido incontinenti, momento no qual requereu verbalmente e obteve todos as
esclarecimentos demandados e necessários para entender sobre o motivo da oitiva, sendo
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orientado a solicitar à Vice-Procuradora-Geral da República, Dra. Lindôra Maria Araújo
o acesso à oitiva na qual o ministro havia sido implicado.
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Exponho abaixo o registro de entrada no Prédio da Polícia Federal do Advogado


Marcelo Neves Rezende (assina o email solicitando prazo junto com Ticiano Figueiredo):
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NOME EMPRESA DESTINO DATA ENTRADA


SAÍDA MARCELO NEVES REZENDE
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ADVOGADO 5º DPF CLANDRINI 8463 RABELO


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03/05/2022 17:39
CONTROLE DE VISITANTES TORRE BRAVO
POLÍCIA FEDERAL
Em po

O inquérito policial, processo preliminar, presidido por delegado de polícia, é


sigiloso e inquisitivo, com o fim de comprovar a materialidade e individualizar a autoria,
sso

não cabendo, mutatis mutandis, ao declarante, investigado/preso e testemunha, alegarem


cerceamento de defesa, pois cada um desses "status" garante ao oitivado/entrevistado um
pre

direito ou dever respectivo, quais sejam, não comparecimento, silêncio, dizer a verdade,
isso está expressamente escrito no documento de intimação ou no documento relativo a
cada "status", são eles o Termo de declarações (declarante), interrogatório
Im

(indiciado/preso) e Termo de Depoimento (testemunha), todos eles padronizados na


instrução normativa 108 Gab/DG. O entendimento do Supremo Tribunal Federal é de
que a Súmula Vinculante nº 14 tem seus limites e um deles é o de que somente o
investigado tem acesso aos autos documentados, negando acesso às diligências em
andamento. Lembro, mais uma vez, que a Vice-Procuradora-Geral da República,
requereu inúmeras oitivas que estão em andamento e a ela, procuradora natural do caso,
cabe manifestar sobre a intimação feita pela autoridade policial que conduz as diligências
por ela requeridas e autorizadas por Vossa Excelência. Segue abaixo o trecho
da instrução normativa 108 DG/PF, preâmbulo do Termo de Declarações padrão da
Polícia Federal e o texto da Súmula Vinculante 14, veja:

Artigo 56 da instrução normativa 108 Gab/DG


As inquirições e o reconhecimento serão formalizados por
meio de:
I - termo de depoimento: ato pelo qual se registra a oitiva
das testemunhas compromissadas;
II - termo de declarações: ato pelo qual se registra a
oitiva do ofendido, suspeito ou pessoas não
compromissadas;
II - termo de qualificação e interrogatório: ato pelo qual se
registra a oitiva dos indiciados; (grifo nosso)

Preâmbulo termo de declarações:

2
(...) nesta CINQ/CGRC/DICOR/PF, na presença de

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BRUNO CALANDRINI, Delegado de Policia Federal,

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que determinou a qualificação dos envolvidos neste ato e
aberta a audiência, os presentes foram cientificados de que
o registro será audiovisual e será juntado aos autos do

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processo eletrônico, sendo manifestado o consentimento
quanto à adoção do sistema de registro, nos termos dos

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arts. 3º e 405, §§ 1º e 2º, ambos do CPP. A fim de preservar
a intimidade dos investigados, seja quanto à imagem, seja
em relação a dados relativos
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ao seu patrimônio ou a outro aspecto relativo a sua vida
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privada, ficam cientes os presentes e aqueles que


porventura tiverem acesso ao teor dos autos, que é vedada
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a utilização do registro audiovisual do depoimento para


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fins estranhos ao presente processo, forte no disposto no


art. 5º, incisos X, XXXIII e LV da CF/88, e no art. 20 do
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CPP.
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Cientificado que, caso tenha envolvimento com os fatos


criminosos investigados, tem o direito de permanecer em
silêncio, de não produzir provas contra si mesmo e de ser
Em po

assistido por um advogado.


sso

Súmula Vinculante 14:


É direito do defensor, no interesse do representado, ter
acesso amplo aos elementos de prova que, já
pre

documentados em procedimento investigatório realizado


por órgão com competência de polícia judiciária, digam
Im

respeito ao exercício do direito de defesa.

(...) verifico que, in casu, a irresignação do reclamante não


merece acolhida. Isso porque o entendimento adotado no
ato reclamado não constitui ato que ofendam a tese
firmada no enunciado 14 da Súmula Vinculante do
Supremo Tribunal Federal (...). Deveras, o direito de
acesso aos dados de investigação não é absoluto,
porquanto o legislador ordinário trouxe temperamentos a
essa prerrogativa, consoante se infere da exegese do artigo
7º, §§ 10 e 11, da lei 8.906/1994 – Estatuto da Advocacia
e a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, com a redação
conferida pela Lei 13.245/2016, (...). Nesse contexto, cabe
referir que o espectro de incidência do Enunciado 14 da
Súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal não
abrange diligências ainda em andamento e elementos
ainda não documentados, mormente se considerados os
dispositivos legais supramencionados, além de se fazer
necessária a apresentação de procuração nas hipóteses de
autos sujeitos a sigilo. (...) verifico que sequer se negou à
defesa o direito de acesso a autos de investigação, razão
pela qual não merece prosperar o presente intento
reclamatório.
[Rcl 30.957, rel. min. Luiz Fux, dec. monocrática, j. 10-
8-2018, DJE 164 de 14-8-2018.]

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O Dr. Ticiano Figueiredo satisfeito com o que foi esclarecido ao Dr. Marcelo Neves

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Rezende, solicitou, por escrito, somente novo agendamento para a oitiva, argumentando
a falta ou não comparecimento do intimado, pois o mesmo teria contraído Covid-19, e,

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tão somente isso, nada registrou para defesa futura ou mencionou sobre acesso aos autos,
muito menos aplicação do artigo 221 do Código de Processo Penal, até porque em
nenhum momento este subscritor classificou o intimado como testemunha ou investigado,
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apresento cópia da mencionado pedido do advogado. Veja a seguir trecho do e-mail
mencionado:
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Prezados Delegado de Polícia Federal Bruno Caladrini e


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escrivão da PF Aurélio Ruprecht, Conforme já adiantado


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ao DPF Dr. Bruno Calandrini ontem (3), informamos, por


meio deste e-mail, em resposta ao ofício 1396457/2022
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(em anexo), que o Ministro Paulo Roberto Nunes Guedes


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não poderá comparecer à oitiva marcada para o dia


05/05/2022, nos autos do INQ 4492, tendo em vista o
diagnóstico recente de infecção por covid-
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19. Ressaltamos que o Ministro realizou ontem novo


exame para detecção do vírus, tendo o resultado sido
positivo. Em razão disso, pedimos, gentilmente, na
sso

qualidade de advogados do Ministro Paulo Guedes, o


reagendamento da oitiva. (grifo nosso)
pre
Im

Postura diferente adotou o mesmo advogado Dr. Ticiano Figueiredo, friso, que
não esteve na Polícia Federal no dia 03/05/2022, mas foi quem assinou o email pedindo
apenas o reagendamento da oitiva do seu cliente, pois estava ciente do porquê da
intimação de Paulo Guedes como Declarante (não investigado). Causou consternação o
que amplamente divulgado na imprensa nacional a respeito de pedido de terceira pessoa,
não identificada, através do aplicativo WhatsApp, informando ao Procurador Geral da
República - PGR, chefe do Ministério Público Federal, Augusto Aras, que o Advogado
Ticiano Figueiredo, solicitou 5 minutos para tratar da dispensa de Paulo Guedes à oitiva
já acordada com a Polícia Federal, fato sequer mencionado ou requerido a este subscritor
ou à Vice-Procuradora-Geral da República.
No processo penal não há caso de dispensa de intimação por outrem que não quem
determinou/executa a diligência, a não ser por decisão do Juiz/desembargador/ministro
por latente ilegalidade, abuso, falta de atribuição ou competência. Enfatizo que o INQ
4492 era, até então conduzido, no âmbito do Ministério Público Federal, pela Vice-
Procuradora-Geral da República, quem requereu a oitiva do envolvido Márcio, inclusive.

A postura do advogado é um exemplo de venire contra factum proprium, pois o


pedido ao PGR seria o mesmo que pedir ao Diretor Geral da Polícia Federal que
interferisse a favor do investigado requerendo o reagendamento da oitiva que fora
determinada pelo delegado que preside o inquérito.

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"Seria possível receber o advogado do Paulo Guedes,

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o dr. Ticiano Figueiredo, por cinco minutos? Assunto:
possível dispensa de Paulo Guedes, junto à PF, em

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processo investigativo contra Renan Calheiros, onde
Guedes não é parte."

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“Em outra mensagem, uma resposta: "Sim. Falaremos
por celular e ajustaremos".”
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/05/pa
ulo-guedes-e-intimado-pela-pf-e-aciona-aras-
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para-nao-depor.shtml
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https://www.estadao.com.br/politica/aras-expoe-
no-whatsapp-pedido-de-guedes-para-se-livrar-de-
3/0 6.

depoimento-na-policia-federal/
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https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/05/26/p
aulo-guedes-intimado-pela-pf-e-aciona-aras-para-
no-depor.ghtml
Em po

https://www.cartacapital.com.br/politica/aras-expoe-
no-whatsapp-pedido-de-guedes-para-se-livrar-de-
depoimento-na-pf/
sso

(grifo nosso)
pre

Assim como a Polícia Federal esclareceu ao causídico no dia 03/05/2022, digo a


Vossa Excelência que, o Ministro Paulo Guedes foi implicado, por Márcio André Mendes
Im

Costa, em oitiva, cujo termo vai anexo, um dos nacionais aos quais a Subprocuradora da
República requereu a intimação, como envolvido, e o senhor determinou que esta Polícia
Federal procedesse à diligência como é sabido.

Márcio, em apertada síntese, citou que a BR Educacional recebeu um vultoso


aporte de recurso do fundo de pensão dos funcionários dos Correios e, por isso, procurou
Paulo Guedes tendo sido orientado a buscar recursos com a Postalis.

QUE foi o fundador da GALILEO ADMINISTRAÇÃO


DE RECURSOS EDUCACIONAIS, mantenedora de
ensino, em set/2010 como Presidente, pois era uma S.A.;
QUE, no primeiro momento manteve a Universidade
Gama Filho (jan/2011) e o Centro Universitário da Cidade
(ag/2011); QUE, comandou a Galileo de set/2010 a
jun/2012; QUE, a GALILEO em fev/2011 fez um
lançamento de debêntures (captar recurso para
investimento no mercado de educação superior) no
mercado financeiro e a Postalis foi uma das subscritoras
no aporte de R$ 50 milhões; QUE, procurou a POSTALIS
porque a mesma já tinha importante participação como
investidora no fundo BR Educacional (à época o titular era
o economista Paulo Guedes); QUE, Paulo Guedes sugeriu
através de portfólio que o declarante apresentasse a
debentures para a Postalis;

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A implicação de Márcio vai de encontro a manchetes jornalísticas daquela época
e que levantam suspeitas sobre os excessivos ganhos do fundo criado por Paulo Guedes

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que extraordinariamente alavancou recursos milionários. Fatos que poderão ser
esclarecidos com a oitiva, cruzamento de dados e os Relatórios de Inteligência Financeira
das empresas de Paulo Guedes à época.
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Em seis anos, Guedes captou R$ 1 bilhão de fundos de
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pensão geridos por apadrinhados do PT e do PMDB. Entre
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eles, estão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras),


Funcef (Caixa) e Postalis (Correios), além do BNDESPar
--braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de
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Desenvolvimento Econômico e Social). Leia mais em:


https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/pf-
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abre-inquerito-para-investigar-negocios-de-guedes-com-
fundos-de-pensao-egcnzkdw5w425iebo23u69n1t/
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Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos


reservados. (grifo nosso)
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Diante destes apontamentos, quais sejam, indicação não esclarecida do grupo


Galileo para contrair empréstimo junto a fundo de pensão, a eventual criação de empresa
sso

sem atuação e expertise na área com recebimento de vultoso aporte sem precedentes,
possível vinculação espúria com a diretoria do Postalis, supostamente indicada pelo
Senador da República Renan Calheiros, assim como, provável relação com Milton Lyra
pre

e Arthur Pinheiro Machado, supostos operadores financeiros, através de contratos


fictícios com empresas de passagem, evidenciando, ao menos em tese, modus operandi
Im

de crimes financeiros, de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, e, consequentemente,


organização criminosa.

Isso posto, apresentado o justo motivo e com espeque no artigo 230-C do


Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal-RISTF, represento pela:

1) inclusão de Paulo Roberto Nunes Guedes,


Ministro da Economia, como investigado nos
autos do INQ 4492 DF, por pertinência temática
e contemporaneidade, autorizando o acesso às
diligências já documentadas, nos termos da
Súmula Vinculante nº 14;
2) autorização para pedido de Relatórios de
Inteligência Financeira-RIFs no período de
janeiro de 2010 a 2016, das pessoas jurídicas
ligadas a Paulo Paulo Roberto Nunes Guedes.

Respeitosamente,

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Brasília/DF, 3 de junho de 2022.

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Assinado de forma digital por BRUNO
BRUNO CESAR CALANDRINI DE CESAR CALANDRINI DE AZEVEDO
AZEVEDO MELO:01330378601 MELO:01330378601

19 -21Dados: 2022.06.03 17:14:14 -03'00'


BRUNO CALANDRINI
Delegado de Polícia Federal
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CINQ/CGCRC/DICOR/PF
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