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O livro que eu li e vou apresentar intitula-se de “Diário Secreto”, de autoria própria, redigido

num momento significativo da minha vida, onde todas as mudanças que me esperariam,
estariam prestes a acontecer; onde o futuro se revelaria tudo, menos aquilo que eu esperava
que ele se convertesse; onde os meus devaneios românticos deixariam de existir, porque um
novo mundo viria a acordar, com todas as perspetivas reais e assentes; sem sonhos ou
compromissos. Seria tudo diferente.

Na verdade, todas as linhas que eu, como autora da minha própria história, redigi, foram
sentidas e intensamente vividas. Com todas as possibilidades em mente, e com uma caneta na
mão, coloquei num papel branco, sem marcas, tudo o que a minha boca nunca poderia dizer
aos olhos d’alguém. Converti-me na personagem principal de uma fantasia devaneadora que
criei, e rodeei o mundo em torno das minhas vicissitudes e cortesias. Deixei a minha
criatividade sofrida dominar-me e, rapidamente, escrevi um diário. Além desta obra não-
publicada, também me dediquei à escrita de uma história criada de raiz, intitulada de “A Luz
do Convento”; uma peripécia, outrora não-terminada, mas com intuito de tal, que retrata a
história de jovens órfãos, onde entre eles, surge uma personagem de destaque, a Lídia, que
com todo o seu brilho e gratidão, fará grandes obras no mundo. Além deste livro inacabado,
redigi um conto, com cerca de nove páginas apenas, que aborda a história de amor de dois
seres humanos que me são pessoais, os meus progenitores, correlacionado com a Estação de
Celorico e com os comboios. Esta pequena obra, será convertida num livro digital, pelo Clube
Europeu, existente na Escola Básica e Secundária de Celorico, e posteriormente, será
publicada. Sem obras divulgadas ou reconhecidas, já redigi inúmeros diários e contos. Talvez
um dia, uma paixão se converta numa realidade iminente.

Analisando a estética do “Diário Secreto”, é visível a escrita de várias frases em inglês “ …” O


que significa, “o segredo do teu futuro, está escondido na tua rotina diária. Sonha alto.
Trabalha arduamente.” Posteriormente, no fundo da capa, estão anotadas algumas subjeções
em inglês, que nos informam sobre alguns pertences anexados à agenda, como autocolantes e
subdivisões em várias faixas, o que torna o livro mais dinâmico e útil. Tudo isto redigido sob a
tonalidade rosa-dourado da obra, o que suscita nos compradores e utilizadores do livro, uma
perspetiva mais elevada de sonho e de criatividade. Este aspeto, fomentará a positividade e o
espírito construtivo de quem utiliza esta ferramenta diariamente. É possível que diversas
pessoas no mundo, tenham adquirido um diário ou um livro organizador, semelhante ao que
apresento hoje, porém, aquilo em que eu converti este livro, foi em muito mais do que uma
agenda; foi uma história. Como disse anteriormente, um conto peculiar, onde de nuvens
acolhedoras e sorridentes, o meu mundo se reduziu a escuridão.

Na contracapa da obra, não identificamos qualquer tipo de informação fundamental, senão a


continuação da tonalidade rosa-imaginária.

Outro facto acerca da parte física da obra, não tão-relevante, é o seu aspeto danificado, dado
os anos que carrega e o uso de escrita que teve. Por isso, peço desculpa pelos danos e pela
infeliz aparência.

Abordando um pouco a estrutura do livro, ele organiza-se em faixas de planeamento, de lista


de afazeres diários e de notas. E é na subdivisão de planeamento, que encontramos espaço
possível, para uma simples e resumida redação diária de acontecimentos relevantes que
ocorreram no determinado dia. E foi deste modo que construí um lema e uma viagem, por um
ano inteiro da minha vida, o ano de 2019. Inicia-se em janeiro e termina onze meses, mais
tarde, com transformações irreversíveis e perspetivas completamente alteradas. Durante os
primeiros momentos desta obra, é notável a presença de uma rapariga encantadora e
encantada pelo meu em seu redor; ela pretende alcançar tudo aquilo que ninguém, alguma
vez conseguiu, e cheia de garra, afirma pretender lutar contra os males do mundo, salvando as
pessoas inocentes da solidão, do egoísmo, do egocentrismo e da pobreza. Tópicos distintos,
mas que merecem a mesma atenção. E ela, estava disposta a atribuí-la. No entanto, não existia
pessoa mais inocente do que ela. Ela que era eu. Eu que ambicionava compor e chegar a todos
os lugares do mundo com o meu amor e as minhas boas-obras… gracioso demais para se
tornar realidade… eu que ambicionava cantar, falar em grandes auditórios, preenchidos por
multidões e alterar as mentalidades retrogradas de quem me ouvia… Eu, que pretendia
demonstrar ao mundo, que a bondade sempre venceria e seria reconhecida, por entre a
injustiça e a desigualdade. Eu, que meses mais tarde, percebi que nada do que eu dizia era
verdade. Eu, que fui defrontada com separações, com mortes, com realidades que se
desassemelhavam totalmente, àquilo a que os meus sonhos me levavam a crer… eu, que caí na
adolescência e, me encaminhei para a solidão, para um refúgio silencioso, sem auditórios e
sem plateias… eu que chorava as dores que me pesavam, sem as compartilhar com ninguém…
eu que procurei o mundo, onde outrora vivia e, me deparei com ele, num vácuo inalcançável, a
uma distância de milhas… eu que fui criança e sonhava representar, coisa que ainda hoje me
entusiasma, e me defrontei com um cosmo de concorrência, preços e alianças. Eu, que fui
destruída por uma crua avalanche e atormentada, pelos mortos que me faziam falta vivos. Este
era o meu novo mundo. O meu novo destino. A minha semelhança ao nada e a minha
desvalorização. Durante este período, onde o lago onde eu vivia, era coberto por águas de
frustração, a única luz que me salvou foi a minha fé e a minha esperança inocente; durante
este tumulto e esta tormenta, o que acalmou as águas do meu lago fora, surpreendentemente,
as minhas mágoas. Porque quando afirmam, que as mágoas nos fortalecem, não mentem.
Somos o que somos, porque o nosso passado carrega o peso das nossas mágoas, o nosso
presente carrega o fardo da transformação dessas mágoas, em ações reais, que acontecem, e
o nosso futuro carrega no ombro, novas mágoas, e novos presentes. E é disto que no fundo
somos feitos, de mágoas e de transformações.

Durante este ano, escrevi tudo o que me consumia, tudo o que, momentaneamente, desejava
e, tudo aquilo que um dia, ainda hei de desejar.

Com esta apresentação, sem detalhes pessoais ou pormenores significantes, pretendo passar a
mensagem de que, um livro é bem mais do que letras ou versos; um livro é uma história; é um
retrato de uma mera quimera ou de um facto real. É um companheiro e é um refúgio. É o local
que escolhemos para contarmos ao mundo aquilo que gostaríamos de ser ou aquilo que nós
pensamos acerca dele. Um livro é uma junção de letras, linhas, páginas e combinações
perfeitas e, lá podemos ler ou escrever, tudo o que constituí. Eu escrevi. E cada dia, construí
um tijolo, que fez a casa que em que eu me tornei hoje e, onde acolho imensas pessoas, ao
meu redor. Um livro faz-nos pessoas melhores e retira o peso dos nossos sofrimentos. Um livro
que escrevemos, que lemos, que idolatramos resume-se ao maior desejo que temos nesta
vida.

E que a vida que escolhamos ter, seja intensa, intensa como o fogo que acende os enredos
dos livros e queima a nossa curiosidade e as nossas mágoas, transformando os nossos
devaneios românticos, num mundo real e alcançável.

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