1ª Edição — 2021
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes,
datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Capa: MAYJO
Revisão: Patrícia da Silva
Diagramação digital: MAYJO
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Sumário
Sumário
Redes sociais
Nota autora
Sinopse
Prólogo
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Epílogo 1
Epílogo 2
Próximo lançamento
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Nota autora
A noiva substituta do CEO é um livro mais curto. Faz parte de uma
série de livros com uma pegada mais leve, histórias rápidas que, ainda assim,
espero que encante a todas que irão ler. Que Rafael e Aurora sejam bem
recebidos, e outros personagens que virão por aí, mas que já deram as caras
nesta história.
Quero muito agradecer as leitoras que não me esqueceram e que
persistem acompanhando, que nesta volta à escrita, ainda estão comigo,
mesmo eu tendo me afastado por tanto tempo do mundo literário.
Agradeço a minha amiga Patrícia da Silva pela amizade e pelo
trabalho com este livro. Amo tu demais. A todas as meninas que estão
ajundando na divulgação desse lançamento.
Grata a todas,
Sinopse
Atenção: pode conter gatilhos.
Aurora Pontes é a irmã da noiva, a pessoa responsável para dizer ao noivo, no altar, que a noiva
o abandonou. Mas o noivo tem novos planos e Aurora acaba no altar ao lado dele.
Rafael Lamartine é o CEO da Lamartine Investment. Ele tem planos para a família Pontes, que
não serão frustrados porque uma das herdeiras o abandonou no altar. Afinal, qualquer uma das irmãs
Pontes serve pra casar, pois ele não tem intenções de fazer esse casamento durar muito tempo.
Ou assim ele pensa.
Quando exige que Aurora substitua a noiva, ele acha que está no controle, mas logo começa a
desejar que o casamento dure mais do que tinha planejado.
Mesmo sendo um casamento de conveniência, Aurora desconfia que Rafael esconde segredos,
que podem acabar com a chance do casamento um dia dar certo e evoluir para algo mais que negócios.
Ele parece ser o salvador que vai ajudar os negócios da família, mas ela está enganada...
Prólogo
8 anos de idade
ficar com uma empregada? Achou mesmo, Linda? — O homem que falava
com a minha mãe era o mesmo para quem ela trabalhava. Eu a acompanhava
várias vezes, quando não tinha escola para ir e a vizinha, que cuidava de
mim para mamãe trabalhar, não estava em casa. Um dia fiquei olhando a
menininha com olhos de cor estranha, eles pareciam os olhos do gato que
vivia rondando por ali. Eram amarelos, ou quase isso. Ela era um bebê ainda,
parecia um anjo, mas aquele homem, o senhor Pontes, como ele dissera para
chamá-lo, falou que eu não deveria ficar perto dela, eu poderia sujar sua
neta. Depois eu o ouvi dizer para minha mãe ter cuidado comigo e não me
levar mais na casa dele. Mas mamãe, às vezes, não tinha com quem me
deixar e voltei lá depois. Nas outras vezes que estive em sua casa enorme,
que tinha uma piscina gigante, eu morria de vontade de entrar naquela água
azul, mas eu nunca entrei, mamãe dizia que eu não podia. E nunca mais
Linda.
— O quê? Como vou viver agora, Abner? Eu tenho um filho pequeno!
—Ele já tem dez anos, coloque-o para trabalhar, têm muitos sinais
para ele vender pipoca. Faça dele um homem.
Eu odiava o senhor Pontes, ele só fazia a minha mãe chorar quando ia
em nossa casa, o que não foram muitas vezes. Um dia ouvi minha mãe dizer
à nossa vizinha, a dona Jacira, que o senhor Abner era seu amante, não sabia
o que isso significava, mas mamãe dizia que um dia se casaria com ele. Só
que ela chorava quando pensava que ninguém estava vendo. Eu estava
escondido, eles não me viram, mamãe achava que eu ainda estava na casa da
dona Jacira, brincando com os filhos dela, mas eu tinha voltado para pegar
as bolas de gude quando ouvi os dois conversando na sala.
Eles continuaram discutindo. O senhor Pontes parecia com raiva e
mamãe estava chorando.
— Você está fora da minha vida. Eu não tolerarei sua ousadia. Você
achou que falando com Suzane, iria conseguir que eu a deixasse? — Ele
esbravejava colérico. — Uma empregada fodida! Você é lixo! E um Pontes
nunca se casaria com lixo imundo de favela. Você serviu apenas para molhar
meu pau e mediocremente. Puta infeliz!
— Abner... ele é seu filho também! — disse minha mãe. Franzi a testa.
Ela estava dizendo que aquele homem era meu pai?
—Fique longe da minha casa! — gritou ele, com raiva e me encolhi de
medo que ele pudesse fazer mal a minha mãe.
A porta bateu logo em seguida e tudo ficou silencioso, além dos
soluços da mamãe. Eu saí do meu esconderijo e fui até onde minha mãe
estava encolhida, no gasto sofá de nossa sala.
—Filho — disse ela, tentando esconder as lágrimas de mim. — Pensei
que estivesse na Jacira.
Eu fiquei lá, em pé, sem dizer nada. Eu não sabia como consolá-la,
então apenas coloquei minha mão em seu ombro e ela me puxou para seus
braços.
— Não chore, mamãe — falei, minha voz saindo estranha. Eu queria
chorar junto com ela. — Eu vou trabalhar para me tornar um homem, eu
juro. E vou cuidar de você.
— Ah, meu bebê! — Ela chorou ainda mais. Nós ficamos abraçados
por um tempo, até suas lágrimas secarem, e minha brincadeira de bolas de
gude, que ainda estavam nas minhas mãos, esquecida.
— Mamãe?
— Sim, meu amor?
— O senhor Pontes é meu pai?
— O quê? Não. Ele não é. Você deve ter escutado errado, meu
querido.
— Não. Você disse que eu era filho dele— disse, teimando.
— Eu disse apenas para ele não tirar meu emprego, amor. Já falamos
Três dias depois. mamãe ainda não tinha voltado a trabalhar. Ela disse
que estava sem trabalho e que as coisas iriam ficar apertadas nos próximos
dias, eu só acenei enquanto ela servia nosso jantar.
—Falei com sua tia Letícia — disse ela, sentando-se à mesa e
começando a comer também. Minha tia Let morava longe, ela vinha nos
visitar às vezes e me trazia brinquedos. Eu amava a tia Let. Ela era legal e
sempre me tratava bem, ela dizia que eu era seu filho do coração, porque ela
não tinha filhos. — Você gostaria de ir morar em outro país, querido?
— Eu não. Gosto daqui, mamãe — disse simplesmente, comendo a
sopa de legumes nojentos que ela me obrigava a comer, mas até que eu
gostava deles.
— Talvez nós precisaremos ir, meu amor. — Ela estava triste, sempre
escutava seu choro no meio da noite. — Sua tia Let quer que nós vamos
morar com ela. O que acha? Pode ser divertido.
—E meus amigos? — Eu a olhei, apavorado. Não podíamos ir embora
dali, com quem eu iria brincar? Nesse novo lugar não deveria ser tão
divertido assim.
— Você fará amiguinhos novos lá, querido. A mamãe está sem
trabalho, não posso mais voltar para a casa dos Pontes, e tenho de pensar no
assistido outro dia, mas eu não era nem grande e nem o tinha visto mais
desde aquele dia que ele estivera em nossa casa.
gritassem, eu odiava viver ali, odiava o senhor Pontes e odiava que a mamãe
chorasse e brigasse com tia Let.
cansada de falar isso para você. Eu pensei que aqui você iria tomar juízo e
deixaria esse velho asqueroso no passado — disse tia Let para mamãe e foi
para seu quarto. Minha mãe fungou por alguns minutos, depois se levantou e
foi para o banheiro, trancando-se lá. Eu fiquei no meu lugar, calado, por
horas, até que tia Let saiu de seu quarto e veio ficar ao meu lado.
— Eu odeio que você escutou tudo isso, homenzinho. — Ela mexeu
no meu cabelo e tentei fugir do esfregão na minha cabeça. — Você está com
fome?
era tarde.
— Onde está Linda? — perguntou, olhando ao redor da sala.
Sorriu. — Acho que fui muito dura com ela, sabe? — disse, enquanto íamos
para a cozinha. — Sua mãe está muito triste e precisa se cuidar, ir no
E eu não queria que mamãe esquecesse o Brasil, era onde ficava nossa
casa e eu queria voltar para lá.
casa não era considerado almoço, comíamos feijão, arroz e legumes, mas tia
Let dizia que sanduíche era almoço, sim. Melhor coisa. Estava tomando um
gole do meu suco quando ouvi um baque alto e, logo em seguida, um grito
de tia Letícia me fez pular e derramar o suco. Eu soltei o copo e corri para
ver o que a fez gritar tão alto e fez meu couro cabeludo arrepiar. A porta do
volta e voltar para a cozinha, mas a voz de tia Let me fez sentir esquisito.
— Por que você fez isso, irmã? — Ela estava chorando e dei um passo
de cada vez, com medo de entrar lá. — Por que, Linda, por quê?
Cheguei até a porta e tudo ficou fora de foco, apenas vi a mamãe no
chão caída e tia Letícia sentada, segurando-a nos braços e vermelho, tudo
estava vermelho, o chão, mamãe e tia Let. Ofeguei e paralisei, porém depois
eu corri para mamãe. Tia Let percebeu que eu estava de joelhos ao lado dela.
— Deus, Rafael, você não devia ter vindo aqui, querido. — Ela
chorava copiosamente e eu senti que ficava sem forças, e tudo ficou escuro.
queria saber o que ele estava falando, só queria levantar de novo e ver a
mamãe.
— ME SOLTA! MAMÃE, MAMÃE! — Eu gritava e gritava para ele
me soltar, para ir até mamãe, mas ele não fez isso. Minha garganta estava
doendo e percebi que estava chorando e gritando, mas ninguém vinha me
— Ela se matou por causa daquele homem, Paul. Como ela pôde fazer
isso com o Rafael? Como pôde ser tão egoísta com ele? — Ela parou de
entrou em colapso.
— Todos nós estamos em choque, Letícia.
— Abner Pontes vai pagar caro por fazer minha irmã tirar a própria
vida.
— Não deve alimentar esse tipo de sentimento, Let — disse tio Paul.
estava morta.
Ela morreu por causa do senhor Pontes? Como podia aquilo?
— Cadê a mamãe?
Ela desabou em lágrimas de novo.
— Você não pode fazer isto, Bianca. — Minha voz saiu apavorada. —
Eu sabia que Rafael não era homem de ser enganado, e minha irmã
vinha fazendo aquilo desde que noivaram. Eu só poderia imaginar o que ele
faria quando descobrisse que Bianca tinha fugido com outro homem.
— Eu não posso continuar, eu não amo o Rafael, eu me apaixonei por
outra pessoa e vou seguir o meu coração — disse minha irmã imprudente,
arrancando o véu e jogando em cima de uma poltrona de seda. Estávamos no
Spa requintado e luxuoso onde ela passou o dia da noiva, a meia hora da
igreja. Ela teve um dia de rainha e agora estava jogando fora por um
capricho. Ou amor.
Amor.
É o que ela dizia.
Mas eu não tinha certeza se esse amor iria durar, amor nunca durava
mesmo.
No meu caso, nem aconteceu o amor e ele já tinha acabado.
— Você não pensou em dizer isto antes, por que agora? Rafael está no
altar esperando você. Como pôde deixar isso acontecer?
— Eu não sou como você, toda certinha e santa, que não comete
a cabeça quando ela passava e faziam loucuras desde que seus peitos
cresceram, e parece que tanto Rafael e Lucca não foram diferentes. Eu achei
que Rafael seria diferente, mas, no fim, foi ela quem ele escolheu. Eu tinha
consciência que era de conveniência, mas, ainda assim, foi duro vê-lo
demonstrar interesse por ela, quando a conversa de um casamento surgiu.
Ideia de Rafael, uma ideia antiquada e fora de uso, por sinal, mas papai nem
pensara duas vezes.
Eu não era a feia da família, mas não me pavoneava igual Bianca. Eu
não vestia vestidos que mostravam mais que cobriam. Nem tingia meu
cabelo de loiro platinado e passava prancha para deixá-los lisos, eu os
mantinha cor de mel mais escuro e com ondas suaves. Nossos olhos também
eram diferentes. Os olhos da minha irmã eram castanhos escuros que
Eu não precisava ser um gênio para saber que era isso que aconteceria,
caso Rafael fosse deixado no altar hoje. Ele era orgulhoso demais para levar
isso levianamente.
— Lucca não se importa se o papai o demitir, ele tem capacidade de
montar sua própria empresa, ele não é um joão-ninguém, Aurora —
argumentou ela, fervorosa, na defesa de Lucca. — Você não entende o que é
amar alguém, você nunca amou ninguém como eu amo o Lucca. Temos uma
química maravilhosa e não vou desistir dele porque o papai e Rafael querem
que nossas famílias estejam vinculadas, não estamos no século XIX.
— Deveria ter dito não ao Rafael. — Lembrei que ela ficou radiante
quando Rafael anunciou que ela era a escolhida para ser a esposa dele. O
acordo entre ele e o papai era de que ele se casaria com uma Pontes, não
importando qual. Eu fiquei extremamente irritada com nosso pai por colocar
nós duas como mercadoria para Rafael Lamartine escolher. Era insultante,
pois eu acreditava que casado com uma de nós, ele teria poder na Pontes. Eu
via mais vantagem nessa negociação para ele do que para os Pontes, mas não
era eu quem mandava. Era papai que, ultimamente, estava cada dia mais
senil, ao que parecia, quando tomava decisões como aquela.
Eu não fiquei radiante como Bianca e nem me arrumei como se fosse
a um evento de gala no dia em que ele veio nos dizer qual das duas queria
como esposa troféu. Quando ele anunciou o nome de Bianca, eu senti um
vazio no peito que nunca imaginei que fosse sentir. Tomei aquilo como um
insulto, mas eu sabia que não era. Porque o que sentia por Rafael era uma
mistura de aversão e fascínio, talvez o fascínio fosse mais forte do que eu
pensei.
— Eu tinha que fazer algo para Lucca tomar coragem sobre nós —
disse ela, por fim. Ela me deu um olhar doce e amoleceu a voz. — Você
pode avisar que não irei?
— Você deveria ir e dizer você mesma — rebati chateada por ter de
limpar a sujeira dela.
— Vou me poupar do drama, irmãzinha. — Ela se virou, dando-me as
costas. — Você pode desabotoar o vestido para mim?
Aquela era Bianca.
Ela não dava a mínima se sua decisão iria afetar todos nós. Eu a
amava, mas haviam horas que tinha vontade de dar umas palmadas em seu
traseiro, como se fosse uma criança de cinco anos, mas eu sempre lembrava
que ela não era má, só fazia aquilo que ela desejava e corria atrás do que
queria, sempre.
Respirei fundo e caminhei até ela, desabotoando mecanicamente a
fileira de botões minúsculos. Ajudei minha irmã a se livrar do pesado
vestido de noiva e ela agarrou minhas mãos entre as suas, seus olhos cheios
de culpa enquanto me olhava.
— Eu só quero ser feliz, Aurora! — disse e seus olhos se encheram de
lágrimas, deixando minha garganta queimando, com um nó dolorido. — Eu
pensei que poderia deixar o papai feliz apenas uma vez, sabe? Você que é a
filha certinha, ajuizada, a que ele mais estima. Acredito que ele pediu a
Rafael para me escolher em vez de você. Papai não queria perder sua
preciosa filha.
— Você só fala besteira, Bianca! Papai ama nós duas igualmente —
disse triste por ela pensar assim de si mesma. — E não sou melhor que você
em nada.
— Por favor, eu preciso ver o Lucca. Ele está tão enraivecido comigo,
achando que estou me casando agora. Eu preciso ligar para ele e vê-lo. Eu o
amo, Aurora, mais que tudo. E não importa se papai me deserdar e demitir
Lucca, podemos nos virar sem o nome Pontes.
— Rafael não vai aceitar isto, você sabe, não é? Ele é controlador e
orgulhoso demais para deixar você ir.
— Ele não vai me ver, então ele não pode me obrigar a casar com ele.
Nem o papai. Ninguém pode — disse resoluta e confiante.
— A Pontes precisa da injeção de recursos da Lamartine Investment e
Rafael precisa de uma esposa, ou é o que papai diz — falei, tentando
argumentar, mas sabia que só estava falando a ouvidos surdos.
— Ele nunca me disse por que ele queria tanto casar. — Meu celular
tocou dentro da pequena bolsa em cima da mesinha de centro,
interrompendo Bia. Eu corri para atender, o número do papai estava
piscando na tela.
— É o papai — falei para ela antes de atender. — Oi, pai.
— Por que esse atraso, Aurora? Cadê sua irmã? — Ele nos
encontraria na frente da igreja e estávamos muito atrasadas.
— Daqui a pouco chego aí. — Não deixei escapar que Bianca não iria,
queria dar a notícia pessoalmente. Papai poderia ter um ataque.
— Rafael já está impaciente e os convidados também.
— Estamos indo.
Eu desliguei e Bianca estava de olhos arregalados.
pessoalmente.
— Amo você, irmãzinha. — Ela me abraçou com força. — Um dia
você vai entender esse momento, que não devemos deixar a felicidade ir
embora se podemos agarrá-la com as duas mãos.
filósofa!
— Tente de novo... — Sorri, apesar da encrenca que estávamos.
O Chrysler que iria levar minha irmã à igreja estava nos esperando,
mas entrei sozinha e o motorista me olhou sem saber o que fazer.
— Podemos ir — disse.
No caminho eu pensei em mil maneiras de como dizer a Rafael que
Bianca não iria aparecer e, a cada metro percorrido, sentia o estômago ruim.
Quando o carro parou em frente à igreja, papai estava esperando do lado de
— Jesus! Não acredito que sua irmã fez isso! — Papai estava
vermelho de raiva. — Como diabos vou dizer ao Rafael que minha filha fez
a minha palavra não ter nenhum valor. Como vou remediar isso?
— Eu tentei...
— O que está acontecendo? — A voz grave e masculina me fez pular,
assustada. Virei-me e ele estava lá, vestido de terno grafite e uma flor branca
na lapela. Ele parecia um modelo de tão perfeito. Com mais de um metro e
olhos verde-escuros e misteriosos e uma boca feita para o pecado. Ele era
bonito demais para minha sanidade. — Alguém vai me responder?
educação. Ele devia saber qual era o problema. Notei quando ele percebeu o
que estava acontecendo, eu não precisava falar, mas ele queria isso dito em
— Ela desistiu? — Não era exatamente uma pergunta, mas ele riu,
porém nunca tinha visto um sorriso tão cruel e sem diversão em seu rosto já
comumente frio. — E onde ela está agora? — A pergunta soou calma, como
ceticismo.
— Não.
— Acho que você está mentindo, Aurora. — Ele se aproximou de
mim, parando a um pé de distância, podia sentir o cheiro limpo dele,
masculino, com um toque refrescante que ele sempre usava. — Eu quero
saber onde ela está para trazê-la aqui e nos casarmos, não serei feito de
idiota na frente dos convidados.
Eu já imaginava que ele não aceitaria bem aquela situação. Orgulho
era o segundo nome dele. Ser abandonado no altar era uma desfeita sem
tamanho para Lamartine.
grande mártir.
Olhei para o homem gelado à minha frente, seus olhos verdes escuros
fitando-me com tanta intensidade que temia que ele fosse segurar meu
pescoço e apertar entre as mãos.
Criei coragem, levantei meu rosto em desafio e disse:
— Ela não quer casar com você, Lamartine, ela achou alguém melhor.
— Pelo visto, foi a coisa errada a dizer, porque vi a maldade refletindo em
seus olhos.
Talvez eu ainda estivesse despeitada por ele ter escolhido minha irmã
em vez de mim? Talvez. Eu não era hipócrita para negar que fiquei com um
gosto amargo, pois eu o vi primeiro e achei que tinha algo quando nossos
olhos se encontraram a primeira vez, ou devia ter visto demais.
— Ruim para você — disse ele, com um sorriso frio e maldoso no
rosto.
— O que quer dizer? Não tenho nada a ver com seu casamento e de
minha irmã. Ou a falta dele.
Olhei para o lado e papai ainda estava tentando falar com Bianca.
Desejei que ele viesse lidar com seu ex futuro genro, mas ele ainda andava
os dois vão pagar. Farei questão de acabar com o romance de novela. Você
escolhe. Casa comigo, ou sua irmã vai se arrepender de ter me feito de bobo.
Ricardo também pagará. Depende de você!
Estava tão atordoada que fiquei apenas olhando-o, incrédula. Ele
estava falando sério? Ele escolheu minha irmã mais nova para ser sua esposa
quando todos acharam que se casaria comigo, por ser a mais velha das irmãs
e ainda ser presidente da Pontes. E agora ele estava dizendo que devo
assumir seu lugar no momento em que ela deu um chute em sua bunda no
altar!
Estava prestes a mandá-lo para o inferno com sua exigência quando
papai voltou frustrado.
— Sinto por essa situação constrangedora, Rafael, mas não consigo
contato com minha filha.
— Diga ao seu pai onde sua irmã está, Aurora — Rafael rosnou sem
nem olhar na direção do meu pai.
— O que está havendo, Aurora? — exigiu papai.
— Eu não sei, pai, afinal, sou apenas a porta-voz de Bianca — disse
docemente, sem afastar meus olhos de Rafael também. — Eu não tenho
ideia...
— Sua filha cabeça-de-vento fugiu com outro homem, Ricardo. —
Rafael me cortou e escutei o arfar do meu pai. — Você sabe que eu não
tolerarei ser feito de bobo dessa maneira, porque você que não soube
controlá-la.
Ele é um idiota! Não soube controlar? Quem ele acha que somos?
Algumas débeis mentais que não vivem sem a orientação do nosso pai?
Apesar de achar que Bianca fez mal em fugir, eu tinha vontade de rir
na cara dele por ser abandonado no altar. Bem feito! Se eu fosse Bianca teria
deixado para abandoná-lo na hora do sim, seria incrivelmente divertido vê-lo
perdendo o controle.
Imbecil!
— Aurora, diga que isso não é verdade — disse papai, tirando-me do
sonho incrível onde Rafael estava chorando de desgosto.
Eu tive vontade de rir da imagem improvável. Rafael não era do tipo
que chorava, provavelmente aquilo seria uma desonra de sua masculinidade!
— Você tinha um acordo comigo, Ricardo, mas ele termina agora.
Ainda hoje retirarei o acordo por quebra de contrato e exigirei uma multa.
Você sabe que não brinco nos negócios.
Duplamente idiota.
— Bianca vai casar com você...
— Bianca não serve mais, Ricardo, mesmo que ela apareça agora eu
não aceitaria mais me casar com ela. — Rafael desvia, por fim, os olhos de
mim para meu pai. — Mas se ainda quiser que nosso acordo funcione, diga a
Aurora que entre e se case comigo.
— O quê? — Meu sonho divertido agora estava se transformando em
pesadelo.
— Isso mesmo! Estarei lá dentro, esperando a noiva. — Ele soltou a
ordem como uma bala de canhão e, pelo jeito, não teria discussão sobre
aquilo. Jesus! Quem ele pensava que era? Mas ele não olhou para mim
enquanto caminhou para a igreja, deixando-me lá, com meu pai estupefato.
— Não me peça isso — falei, baixinho. Eu sempre fui a responsável
entre eu e Bianca. A que sempre apaziguava os atritos quando éramos
crianças, depois quando adolescentes, e na vida adulta ainda era a mais
sensata, mas agora não me sentia inclinada a limpar a sujeita da minha irmã.
Contudo quando olhei para meu pai, senti a minha determinação começar a
cair.
— É muito mais que isso, Aurora. Eu dei minha palavra a Rafael que
ele casaria com uma de vocês, além do fato que essa foi uma das condições
ponto da rejeição. No fundo sabia que era mesquinho, que estava um pouco
feliz que ele não iria se casar com minha irmã.
Faziam seis meses que meu pai nos apresentou Rafael. Eles
começaram a fazer negócios juntos e desde que o vi me senti atraída por ele,
que me olhava como se sentisse a mesma atração, mas ele nunca tentou algo,
ao contrário, ele estava sempre com uma Barbie ao lado. O assunto do
casamento surgiu há três meses e, como filha mais velha, todos acharam que
me senti horrível por não ficar feliz por minha irmã. E agora ele me queria?
— Você decide o que fazer, Aurora, não vou obrigá-la a nada. — Eu
sabia que ele não faria, papai podia não ser perfeito, mas sabia que ele nos
amava. A morte da mamãe fez com que nos uníssemos mais e ele não
ir embora, deixando papai para lidar com Rafael e os convidados, mas algo
me prendia ali. A ameaça de Rafael sobre acabar com a felicidade de Bianca
ela se envolvesse demais com Lucca. Só assistia enquanto ela caía mais no
relacionamento proibido. Eles já estavam envolvidos em segredo quando
Rafael a escolheu como noiva e fiquei quieta, achando que eles iam se
separar quando se cansassem um do outro, mas só intensificou mais a cada
dia. Lucca não queria assumir o relacionamento deles por causa de seu cargo
na Pontes, o que eu achava completamente fora de contexto, mas, segundo
Bianca, ele estava loucamente apaixonado por ela e minha irmã tinha de
mamãe não estava ali e cabia a mim manter toda essa família equilibrada e
feliz.
— Se ele quer uma noiva, ele vai ter uma, mas ele vai se arrepender disso.
Não era assim que imaginei o dia do meu casamento. Não em um
Respirei fundo quando engatei meu braço com o de meu pai. A porta
se abriu para revelar o interior da pequena igreja toda decorada e os
Repeti a frase para mim mesma até chegar ao fim do corredor, que não
era tão longo assim. Estava claro para todos que Rafael fora abandonado no
altar, mas ninguém cochichava sobre isso, o zumbido que ouvi quando
caminhei até parar na frente dele foi:
quando tomou meu braço no dele. — Você é uma mulher inteligente. Gosto
disso.
começou ele, tentando justificar a troca no altar. — A troca de noiva não vai
impedir que haja um casamento hoje, o amor tem suas próprias escolhas... —
essa troca de noiva era o amor. Eu odiava Rafael Lamartine por acabar com
um dia que eu planejava ser maravilhoso no meu futuro. Como toda mulher
que pensava em casar um dia, eu sonhava planejar meu casamento, não
substituir alguém no altar sem ter seu próprio vestido de noiva. Eu estava me
casando com vestido de madrinha!
Maldito Lamartine.
Facínora! Queria que queimasse no fogo do inferno por não me dar
que estava sendo dito. A única coisa que escutei foi o sim de Rafael e depois
a pergunta sendo feita para mim.
um aviso claro.
Não sei que tipo de jogo ele estava jogando comigo, contudo não
podia pagar para ver ele acabar com a felicidade de Bianca nem arruinar a
Pontes. Não sei por que ele fazia tanta questão do casamento. Ele nunca
disse a Bianca a razão de fazer o acordo com meu pai para que aquele
casamento fosse acertado. E ali estava eu, me casando com um homem que
não sabia nada sobre sua vida privada, além do que ele mostrava para nós,
mesmo o conhecendo há seis meses. Eu não sabia o motivo dele querer uma
Pontes como esposa e, pelo visto, qualquer uma servia para seu propósito. O
propósito que me deixava preocupada, mas não meu pai que recebia da
mesma, mas eu não tinha nenhuma base para pensar se Rafael agia de má fé
ou não, talvez fosse apenas raiva por estar passando por aquele vexame na
quem eu não tinha medo, era de Rafael. Ele tinha a vantagem agora porque
eu não queria ser a pessoa responsável pela infelicidade de minha irmã mais
nova. O que me fez dizer sim foi saber que não era real, afinal, nenhum
documento ali tinha meu nome. Se Rafael quisesse trocar o nome na
Rafael pela primeira vez na frente das pessoas. Meu coração falhou uma
batida e ele pareceu entender, porque se inclinou e colocou um beijo casto na
minha testa, ainda assim meu coração disparou feito um louco quando senti
atração inadequada que sempre tive por ele. Eu devia ter me enganado
quando vi interesse em seus olhos no dia que papai nos apresentou. A
atração não foi mútua. Eu que fui boba em pensar que ele poderia estar
interessado.
Para alguém de fora parecia que ele estava dizendo coisas agradáveis em
meu ouvido. O bastardo só queria me atormentar.
— A única lua que vai ver, senhor Lamartine, será quando eu chutar
seu traseiro até a lua real.
— Que bom para você, mas diga-me, senhor Lamartine, até uma hora
atrás eu não estava em seu radar, por que esse súbito interesse? — Devolvi.
Quem olhasse para nós, diria que estávamos trocando juras de amor.
— Não estava? — perguntou ele, com intensidade.
sumiu do seu rosto e a máscara de homem frio, que ele sempre mostrava, foi
colocada no lugar quando nos viramos para encarar os convidados.
Olhei ao redor à procura de Lanie, uma das minhas amigas mais
íntimas, mas não a vi em lugar nenhum. Ela estava de férias com o
para nos cumprimentar. Eles não pareciam saber o que dizer sobre a
inusitada troca de noivas.
veio nos cumprimentar. Acho que ele era a única pessoa que estava achando
aquela palhaçada engraçada.
— Lamartine, você se superou agora, você tem de me dizer o que
Virei-me de volta para ele e vi seus olhos escuros brilhando com certa
malicia. — Esse casamento será real, Aurora, em tudo.
— Então, terá de me forçar a dormir com você — disse, com os dentes
trincados de pura raiva de seu cinismo arrogante. — É a única forma de
fazer sexo com você. Nunca vou querer suas mãos em mim, Rafael
Lamartine, coloque na sua agenda de homem presunçoso.
— Sua veemência só me diz o contrário, que não vê a hora de ter
minhas mãos em você. E não se preocupe, não tenho seu sangue azul, mas
também não sou um bárbaro que toma mulheres a força. Gosto das minhas
Rafael não tinha interesse sexual nela e ela muito menos nele, apesar de ficar
toda feliz quando ele a escolheu. Minha irmã tinha seus próprios interesses
naquele casamento. Apesar de que éramos uma família tradicional, sangue
azul, Rafael tinha dinheiro além da razão e hoje em dia dinheiro significava
poder. Ela queria o status de esposa de Rafael. Talvez ela achasse que
poderia estar casada com ele e dormindo com Lucca. E no fim ela me deixou
nesta bagunça.
04
Estava tão puto naquele momento que poderia explodir uma cidade
inteira, caso minha raiva detonasse como uma bomba nuclear.
Aurora.
Ela me olhava com desgosto no banco à minha frente da limusine que
nos levava a recepção do casamento. Percebi o quanto ela queria mostrar que
me odiava. Ela mal me olhava e quando fazia, era como fogo saindo em
devia ter desistido do casamento, mas meu orgulho não deixou. Abner
Pontes tinha de pagar por seus pecados, ou eu morreria tentando. Essa neta
era a complicação do caralho.
Fervia de raiva, olhando-a.
Aurora! Saboreei seu nome em meus pensamentos.
Quando eu escolhi Bianca Pontes para ser minha esposa em vez de
escolher a filha mais velha de Ricardo, foi por que eu não queria
complicações na minha porra de vida. E agora fazia exatamente aquilo que
evitei de todas as formas. Essa mulher significava problemas. Eu não
procurava emoções, não sabia lidar com essa besteira e Aurora era uma
bomba de emoções, apesar de ela achar e se portar como se fosse fria e
meus planos e de me casar com Aurora eram exatamente tudo que eu havia
evitado até hoje. Eu tinha uma missão e não poderia ter emoções envolvidas.
Só que o tiro saiu pela culatra e ali estávamos nós, casados, ou melhor
no caminho disso. Eu falei sério a pouco quando voltei para igreja e a deixei
lá fora, com a opção de casar no lugar de Bianca. Eu enviei uma mensagem
para minha equipe jurídica para mudar os nomes nos documentos. Eu sabia
que Aurora iria tomar o lugar de Bianca. Ela era ligada demais a família e a
empresa para saber que minhas ameaças não eram vazias.
Esse tempo que estive por perto, observando-a, me deu essa garantia.
Aurora era o tipo de mulher que pensava primeiro nos outros, principalmente
em seu pai e irmã, e ainda o avô. Ela tinha esse sentimento de cuidado
depois que a mãe delas morreu. E eu contava com aquilo, quando a intimei
para tomar o lugar da irmã no altar. Eu precisava casar com uma delas,
mostrar ao Pontes mais velho que eles não eram intocáveis.
Aurora seria a mulher ideal para mim quando eu resolvesse um dia me
casar de verdade, estava na hora daquilo acontecer, mas eu precisava acertar
algumas coisas antes. Se Aurora não me odiasse no final de tudo, quem sabe
não poderíamos tornar o casamento real?
Eu estava com trinta anos, tinha dinheiro aos montes, mas eu não tinha
o sangue azul dos Pontes. A estigma de moleque da favela me acompanhava
desde que nasci, era tão miserável que muitas vezes nem tinha o que comer,
mesmo que agora eu tinha mais dinheiro que muitos dos velhos ricos com
quem fazia negócios. Casar com uma Pontes havia sido minha meta desde
que eu ganhei meu primeiro milhão. Eu sempre lembrava do dia que o velho
Pontes humilhara minha mãe, dizendo que ela não era digna de se casar com
um Pontes e que eu era seboso demais para brincar com sua netinha. Eu
odiava aquele velho maldito e ia mostrar a ele quem estava por baixo agora.
Lembrei de quando eu estava brincando com Aurora ainda
pequenininha e o velho apareceu e me viu, usando roupas que já tinham
visto dias melhores. Ele me segurou pelo braço e me repreendeu por cogitar
chegar perto de sua neta, arrastou-me até minha mãe que estava limpando a
casa e esbravejou com ela.
“Linda, esse garoto é seu filho? Desde quando você foi autorizada a
trazer seu filho maltrapilho para minha casa e deixa-lo junto de minha neta?
É a primeira e última vez que você deixa ele contaminar a minha neta,
ouviu? Ou dê adeus a esse emprego”
Minha mãe tinha gaguejado que não tinha com quem me deixar
naquele dia, mas o velho Pontes não queria favelado perto de sua neta
preciosa.
“Minha neta não tem de conviver com esse tipo por perto.”
Não era só isso. O velho tratava os empregados como se ainda
estivesse no Brasil Colônia e minha mãe fosse uma escrava de senzala. Mais
tarde descobri que eles eram amantes, Pontes era o pior tipo de gente. Eu
jurei que um dia ele me pagaria de uma forma ou de outra.
O avô de Aurora, Abner Pontes, era ainda tão esnobe e preconceituoso
quanto antes e não se lembrava de mim, talvez por que eu não usava o
sobrenome de minha mãe e, sim, do homem que contribuiu para me colocar
no mundo dos negócios e me criou desde que tinha oito anos, com minha tia
Letícia.
Eu nunca conheci meu pai, o idiota deve ter engravidado minha mãe e
a deixado com um filho para se humilhar nas casas dos ricos.
Agora Pontes teria de engolir sua neta casada com um tipo como eu.
Eu me perguntava até hoje que tipo ele se referia quando falou com
minha mãe naquele dia?
O tipo marginal?
Nascer na favela não me fazia um delinquente, ao contrário, eu era um
garoto inteligente acima da média. Eu podia facilmente ser um pequeno
delinquente enquanto ficava sem a supervisão da minha mãe, estar na rua
com outras crianças e aprendendo coisas erradas, mas eu não era assim, eu
ficava em casa estudando ou na casa de dona Jacira, a vizinha e amiga da
minha mãe.
Depois veio a tragédia da minha vida e desde aquele dia eu fiz tudo o
podia para que um dia eu pudesse fazer o velho engolir suas palavras.
Enquanto minha tia se preocupava se eu ia passar a vida traumatizado,
estudara, aprendera inglês com afinco e deixara de ser o garoto que só falava
português. Depois fui para a Universidade e me especializei em Finanças
enquanto trabalhava desde adolescente para Paul. Consegui meu primeiro
trabalho de verdade com ele depois que me formei, economizando cada
centavo que eu podia para ter minha própria empresa. A empresa de Paul me
pagava bem e, depois de um ano, comecei a investir. Dois anos depois iniciei
minha própria empresa, era focado, determinado e nunca desviei daquilo que
me propus. Depois herdei a empresa de Paul quando ele faleceu. Vendi-a
logo, pois não era o ramo de negócio que eu queria.
Só pensava em duas coisas. Ter sucesso e me tornar mais rico que os
Pontes. E um dia me casaria com umas das irmãs Pontes, tirando todo
dinheiro daquela família esnobe, ou de Abner que era meu alvo. A
oportunidade surgiu meses atrás quando comecei a fazer negócio com as
empresas Pontes que ao longo dos anos passou para mais uma geração.
Agora Ricardo Pontes, pai das netas do velho esnobe Pontes, era quem
comandava. A empresa apresentava problemas financeiros, culpa do próprio
Ricardo que estava gastando mais do que lucrando e, com minha ajudinha,
as coisas estavam indo por um caminho sem volta. Eu tinha feito de tudo
para que as empresas começassem a ter problemas e que minha intervenção
não fosse vista com estranheza. Aproximar-me de Ricardo foi fácil, e ali
estava eu. Eu trabalhava, dormia, comia, mas nada me tirava do foco. Por
isso Bianca foi escolhida, ela não tinha o poder de me distrair do que eu
queria.
Já sua irmã mais velha, era outra história.
Eu não podia mostrar ao velho Pontes que uma de suas netas estava
casada com um maltrapilho, tinha de agir com frieza quando emoções
tinha poder para parar minha intervenção, não quando eu tinha informações
privilegiadas. Eu tinha conquistado a confiança de Ricardo e era noivo de
umas de suas filhas. Ele falava de negócio comigo desde que eu mostrei
interesse de fazer parte e investir na empresa.
para mim.
Mas quando olhava a mulher a minha frente, não me via fazendo nada
disso, a única coisa que via era a imagem dela gemendo debaixo de mim,
Porra!
O carro parou e o motorista abriu a porta para nós. Olhei para Aurora
e ela estava linda, mesmo não estando com um vestido de noiva, ela tirava
meu fôlego completamente.
saía do carro.
— Por que deveria? Tudo estava pronto. Por que não aproveitar?
— O único que está passando por um vexame aqui sou eu, Aurora, e a
culpada é sua irmã. Então culpe só a ela por isso — rebati e segurei seu
— Amanhã será bem pior quando souberem que o casamento não teve
validade, que tudo não passou de uma farsa para manter as aparências.
— Aurora, esse casamento não terá um fim sem que antes eu decrete
assim, caso contrário retirarei todo investimento da Pontes se você não
cumprir com suas obrigações. Além de que, posso fazer sua irmã pagar pelo
tem retorno.
— Eu posso retirar a qualquer hora que eu quiser, e seu pai não tem
mais tanto controle na empresa, se eu quiser ela passa a ser minha em
ter o controle se assim quisesse. E eu queria, mas eu queria mais casar com
uma Pontes, era apenas uma questão de honra.
— Você deve ter enganado meu pai para ele concordar com esse
absurdo!
— Eu não farei esse casamento real, Rafael! Não colocarei meu nome
em nenhum papel junto ao seu.
para ver... — Dei de ombros, como se não fosse grande coisa. E não era! Ou
não era para ser.
Quando planejei casar com uma das irmãs Pontes eu não imaginei
passar muito tempo casado. Por isso escolhi Bianca, mas ela tinha estragado
tudo e não me deixava outra alternativa, a não ser casar com Aurora.
mas na maioria das vezes era para bisbilhotar por que eu estava casando com
Rafael em vez de Bianca e por qual razão ela não estava na cerimônia. Eu
apenas sorria sem maiores explicações e tentava mudar de assunto. Os
parentes eram todos parte de minha família, Rafael apenas tinha alguns
amigos e parceiros de negócios. Pelo visto ele não achou importante
que estava sempre insatisfeito porque meu avô passara a direção da empresa
para meu pai. Ele estava sempre criticando e querendo tomar o lugar de CEO
da Pontes, mas como tradicionalmente era o filho primogênito que assumia,
meu tio ficou com o cargo de COO na empresa e fazia parte do conselho,
questão de sempre me criticar, dizendo que eu era uma santa do pau oco,
como se tentar ser uma pessoa melhor fosse um crime. — Por que você não
circula e procura um potencial marido rico, Liana? Um que banque seus
caprichos?
— Ainda não me sinto tão desesperada como você, priminha, que
tomou o marido da irmã — disse ela, levantando-se. Ela acenou os dedos
falsamente. — Até mais, querida.
Peguei a taça de champanhe e bebi de um gole só o líquido dourado e
caro. Eu bebi muito durante toda a recepção e não comi nada, os efeitos do
álcool estavam dando os primeiros sinais. Eu precisava ir embora ou ia
acabar bêbada.
— Vá com calma, esposinha, já vi você entornar umas seis dessas. —
ordem que ele me dava, eu sentia meu sangue esquentar também com algo
inquietante e que formigava por cada centímetro do meu corpo. Eu sentia
seu cheiro masculino quando respirava fundo, tentando me conter quando os
dedos dele tocavam a pele do meu pescoço. Eu devia ter bebido mais
algumas taças, assim não estaria tão consciente dele ao meu redor. Ou a
bebida estava fazendo sua presença mais inquietante.
Odiava Rafael Lamartine naquele momento. Fixei em minha mente
para não esquecer.
— Vou me despedir do meu pai e avô — disse, levantando-me e
pegando a pequena bolsa de mão que me devolveram depois que cheguei ali.
Minha cabeça rodou e percebi que bebi mais do que tinha imaginado.
Melhor assim, não precisava pensar muito essa noite.
Respirando fundo, eu me despedi dos convidados e, pouco depois,
estávamos no elevador que nos conduzia à cobertura que foi reservada para
os noivos passarem a noite de núpcias. Eu queria chorar de desgosto. Mesmo
que o casamento não fosse real, eu estava tendo uma experiência que não
eu vou acatar seu pedido e você não vai gostar do que farei a seguir.
Estava na ponta da língua dizer para ele ir se foder, mas eu parei.
Estava enraizado em mim esse sentimento de cuidado que tinha com Bianca
e papai. E não podia arriscar ter esse louco fazendo algo para machucar
qualquer um dos dois. A culpa me comeria viva se eu dissesse não e ele
fizesse algo ruim com eles. Pior, não queria ver o legado de gerações da
minha família acabando assim, quando eu podia mudar aquela situação.
Eu odiava ser eu!
Eu não tinha tempo para pensar, se fosse amanhã eu teria tempo, mas
naquele momento minha cabeça parecia uma nuvem de algodão.
— Domênico não tem a noite toda, Aurora — proferiu Rafael, tirando-
me do torpor.
— Tudo bem, mas quero que acrescente uma cláusula.
— Você pode nos dizer qual? Mas lembre-se de quem dá as ordens
aqui. — Ele tinha um sorriso sem emoção nos lábios que me irritava tanto!
— O casamento não poderá ser consumado e que tudo que for meu,
antes do casamento, continuará sendo. Também não quero nada seu quando
nos separarmos.
— São três cláusulas, esposinha. Foi bom saber o que você pensa, mas
não terá nenhuma dessas besteiras — declarou ele, como se eu tivesse falado
que seu próprio advogado veja, posso enviar uma cópia para ele amanhã.
— Para quê? No fim, ainda vou estar casada.
nela. Eu marchei, pisando duro no chão até o banheiro. Olhei para a mulher
no espelho e não a reconheci. Essa mulher não era eu. Eu era calma, a que
evitava conflitos, essa mulher tinha os olhos fervendo de raiva.
Olhei ao redor com raiva da minha imagem e percebi que não tinha
nenhuma bagagem. Aquele idiota teria que providenciar uma mala para
Christian.
— Ainda pode mudar de ideia, Rafael. Aquela mulher claramente
odeia a ideia de estar casada com você. Por experiência, meu amigo, é
melhor manter distância dela. — Ele ria. — Elas apaixonadas já dão
trabalho, imagina uma que está planejando colocar cianeto em seu conhaque.
— Eu não preciso do amor dela, Christian, isso são negócios. — A
voz baixa e sem emoção de Rafael retrucou e eu me inclinei mais para frente
na tentativa de escutar melhor. — Daqui para frente será da forma que
imaginei durante anos. O velho Pontes vai ter de passar pela humilhação de
pedir misericórdia a um favelado.
noite melhor que você, Lamartine. — Ele riu de sua própria piada. — Eu
desejaria sorte a você, mas receio que nem precise, quem deve precisar é sua
Meu sangue gelou nas veias. Ele tinha motivos obscuros para o
casamento. Eu sabia! Sabia que ele não estava dizendo tudo. Mas o quê? O
frente, esquecer o passado, mas quem sou eu? Talvez não tenha seu passado,
mas somos movidos pelos mesmos mecanismos.
punhos. Por que ele tinha de ser tão bonito e sexy? Por que eu não podia
curiosidade misturada com algo que não sabia o que era. Desejo?
Provavelmente não. Pela conversa devia ser algo que envolvia ele me
cabeça para falar. — Você não pensou que eu precisava de uma mala com
meus pertences?
cansado.
Ele começou a se despir como se fizesse isso a vida toda na minha
frente.
— O que pensa que está fazendo? — perguntei chocada quando ele
atirou a camisa em uma poltrona. Jesus! Ele tinha uma droga de abdome
completamente sarado.
— O que acha, esposinha? — perguntou debochado e começou a
desabotoar as calças.
— Não me chame disso, não sou sua esposa nem nunca serei —
retruquei, chateada comigo mesma por ficar babando em cima dele como
uma doente.
— Isso está ficando cansativo. — Ele caminhou para o banheiro,
para fora do quarto. Agarrei a pequena bolsinha, que tinha deixado em cima
da mesa em que assinei os papéis, com as chaves do meu apartamento e corri
Provavelmente.
Pedi ao motorista que esperasse que eu ia buscar o dinheiro, já que não
tinha o suficiente na minha bolsinha. Quando saí de casa não imaginei que
fosse precisar de dinheiro para o táxi. Olhei ao redor quando desci com o
dinheiro. Rafael já poderia estar chegando por ali, ou ele podia pensar que
não vim para cá.
Ela era a única culpada por aquela bagunça, por fazer Rafael de bobo,
e ainda estava chateada comigo?
você estaria comigo e seu celular está desligado. Por que você está em sua
casa se você se casou com ele? Pensei que você odiava o Rafael.
vestido, além de que, não achei certo ficar em uma suíte nupcial com ele —
disse, contando parte da verdade. Eu não podia ter aquela conversa com
será longo amanhã — disse. Eu amava minha irmã, mas às vezes ela era
meio insensível. Agora eu só precisava esquecer o dia de hoje. — Falo com
Rafael de casar com umas de nós duas. Eu agi por impulso no hotel, devia
ter ficado e tentado descobrir por que ele se aproximou de nossa família.
— Claro. Te amo.
pensar que ganhou. Decerto tinha saído por impulso do hotel, porque
possivelmente meu subconsciente sabia que se eu ficasse lá, o confrontaria e
tentaria desmascarar seu plano. E não podia sem saber o que ele planejava
fazer.
Levantei-me, indo direto para o banheiro, precisava lavar esse dia de
mim.
Eu tinha me mudado para esse apartamento quando comecei meu
trabalho na Pontes, eu não queria sair do meu lugar. Ainda mais com um
casamento já fadado ao fracasso, ao meu ver.
06
queixo para frente em desafio, mas o movimento só fez com que nos
aproximássemos mais. Nós nos encaramos e ficamos presos por um instante
num impasse. Eu sempre achei que era imune ao charme dos homens, dos
sentimentos efêmeros que são capazes de nos fazer sentir fracas. Mas
quando eu olhava dentro dos olhos daquele homem, em particular, eu apenas
sabia que era igual a todas as mulheres.
Eu nunca me apaixonei como Bianca, quando era adolescente, eu
nunca caí de amor como ela fez, abandonando o noivo em nome daquele
amor. Acreditei firmemente que tudo foi se acumulando para esse momento
em que tinha de lutar contra a ânsia de tocar Rafael Lamartine. Minhas mãos
pinicavam de vontade de trilhar a beleza impressionante do rosto dele, tão
perto do meu, memorizar cada linha e ângulo, traçar com as pontas dos meus
dedos a boca sexy e pecaminosa a poucos centímetros da minha. O baque no
meu peito era tão alto que parecia que meu coração ia pular para fora. A
reação a ele era elétrica e causava arrepios em cada poro.
E não podia me dar esse prazer, Rafael era o inimigo! Não podia
esquecer esse fato. Além da raiva que sentia por ele.
— Afaste-se, Rafael! — falei e fiquei com vergonha da minha voz
mesmo que eu sempre senti essa atração infeliz por ele, não podia deixa-lo
pensar que eu era a garota reserva e de fácil manipulação.
muito bonito, eu tive de admitir. — Uma noiva Lamartine tem de ter um anel
à altura.
fazendo-me desejar que tudo fosse real. Mas chamei a realidade de volta e
minha cabeça.
Eu era apenas a noiva substituta.
curiosidade.
— Aceite o anel, Aurora. — Ele segurou minha mão nas dele,
frente e minhas palmas ficaram espalmadas em seu peito. Oh, Deus! Ele vai
me beijar? Meu pulso acelerou numa mistura de emoções contraditórias. Um
lado meu desejava que ele fizesse mais que me beijar, e o outro queria
Razão e emoção.
Ele tirou a decisão das minhas mãos quando se abaixou e seus lábios
Gemi quando ele sugou minha língua em sua boca, e foi intensificado
quando senti o cume grosso de sua ereção cavando em minha barriga
— Não. — Empurrei seu peito com força, saindo de seu agarre, seus
olhos famintos estavam ardentes e pura luxúria brilhavam neles. — Eu não
vou ser a substituta de outra mulher na sua cama, Rafael, no altar até
aguentei, mas sou melhor que isso. — Ou era o que estava dizendo a mim
mesma. Sentia-me fraca com apenas um beijo e nem tínhamos passado vinte
e quatro horas juntos ainda. Estava perdendo o controle da minha vida toda
Você a queria e agora acha que devo tomar o lugar dela na sua cama
engraçado, para mim nada mais tinha graça desde que tive de assumir o
lugar de Bianca ao lado dele naquele altar.
— Aurora...
— Não — interrompi-o, levantando o queixo. — Eu vou morar com
você, se isso faz bem para seu ego idiota, mas não vai durar para sempre, na
primeira oportunidade irei sair de sua vida. — Continuei tentando impedir
que uma lágrima teimosa caísse na frente dele. — Quem sabe, talvez Bianca
se canse de Lucca e dê uma nova chance para você?
— Lucca?
Oh, não! Ele ainda não sabia quem era o homem que Bianca estava.
pontos com uma frieza que fez meu pelos levantarem. — E se quiser que
tudo continue assim, vai fazer mais por mim.
romance. Vai ser uma boa e dócil esposa para mim. — Ele sorriu, com
malicia.
— Você vai cansar de esperar esse dia chegar, Rafael. Eu nunca serei
uma dócil esposinha de merda para você — afirmei categórica.
— Eu pensei que tinha casado com uma dama da alta sociedade que
não falava palavrões, terei de devolver a mercadoria danificada? —O idiota
Fui para o quarto pisando duro, como uma adolescente rebelde, nunca
tinha me sentido tão infantil na vida. Rafael poderia me deixar louca antes
Eu nunca fui à casa de rafael antes, eu sabia que ele morava em uma
mansão imponente, pois, Bianca havia comentado. A casa era realmente
enorme, eu me perguntava por que um homem solteiro precisava ter uma
casa daquele tamanho. A casa era de dois andares, com colunas brancas e a
entrada suntuosa.
impressão que você prefere a forca — debochou ele, mais uma vez. Que
bom que eu divertia meu marido de araque.
— Impressão corretíssima.
Ele riu e o tom rouco e profundo mexeu com algo dentro de mim, eu
Ele tinha razão. Eu me sentia exausta e àquela hora era para estarmos
dormindo, se eu não tivesse fugido do hotel como uma menininha
amedrontada. E, ainda por cima, ele teve de fazer valer sua vontade e vir
atrás de mim. O dia foi longo demais e cada minuto dele estava pesando em
meus ombros.
— Mostre-me meu quarto — disse, com resignação, mas temerosa que
ele sugerisse que dividíssemos o mesmo quarto. Eu não faria isso.
Ele não discutiu, apenas começou a subir as escadas comigo o
seguindo.
explodir. Ele seguiu para o lado que dissera ser a suíte principal.
— Eu prefiro ficar no primeiro andar, Rafael. — Não saí do lugar
— Aurora, esse casamento será real — disse contundente. — Não
acredite por um minuto sequer que ele será falso, vamos dormir no mesmo
quarto.
— Eu não vou dormir com você — disse enfurecida.
Ele simplesmente se dirigiu para o quarto sem retrucar minha posição.
Eu o segui porque não me restava outra saída. Ele abriu uma porta dupla e a
visão da suíte era espetacular. Enorme e espaçosa, marcada no centro por
uma cama super king. Esse homem definitivamente tinha um ego maior que
o mundo. Quem precisava de tanto espaço para dormir? Talvez ele fizesse
orgias semanalmente, pois o lugar abrigaria dezenas de pessoas.
Ele colocou a mala no chão e virou-se para mim.
— Bem-vinda, Aurora! — Ele sorriu satisfeito. — O banheiro é ali. —
Apontou. — Não se dê ao trabalho de desfazer a mala, vamos viajar em lua
de mel amanhã.
O casamento.
A falsa noiva, eu. Os motivos de Rafael em continuar com o
casamento e sua insistência para que eu dormisse ali com ele.
descobrir.
Por mais irônico que parecesse, eu dormi bastante apesar das
da janela. A luz nas suas costas fazia sombras em seu rosto. Ele estava me
observando aquele tempo todo?
— Já são quase onze horas, Aurora. Nós temos um voo e você precisa
se arrumar. — Ele levou a caneca aos lábios, olhando-me por cima da borda.
— Eu estava prestes a te acordar de uma maneira que iria te viciar.
minhas custas
— Você tem esse efeito sobre mim, Aurora. Você diz coisas divertidas
— ele me deu um sorriso sexy —, mas é melhor se mexer.
— Aurora — disse ele fria e tom cruel que fez meus pelos se
controlar de falar o que pensava dele. Ele escondia algo e declarar guerra
agora seria uma jogada errônea. Eu precisava lembrar que ele tinha algo
— Você não vai dizer onde estamos indo? — perguntei pela milésima
vez a Rafael, mas a única resposta que recebia era a mesma, um resmungo
destino, odiava deixar decisões nas mãos de um homem que não confiava.
Olhei ao redor da aeronave, tudo era elegante em tons branco e creme, os
sabia sobre o homem que me casei? Parecia que nada. Só vimos aquilo que
ele quis mostrar, naquele tempo que entrou nas nossas vidas.
— Temos um quarto, se você quiser descansar depois da decolagem e
do nosso almoço — disse em um tom desapegado. Ele se manteve frio e
distante desde que saímos de sua casa. Nem o sorriso debochado, que ele
tinha dado algumas vezes no dia anterior, havia surgido hoje. Eu não sabia o
que ele estava pensando, tudo sobre Rafael era um enigma
Uma jovem elegantemente vestida veio nos oferecer uma bebida, os
olhos dela estavam em Rafael. Torci a boca com desgosto. Será que ele
transava com a funcionária?
analisando, seu dedo indicador roçando seu lábio inferior para frente e para
trás lentamente. Os olhos verdes escuros com as nuances amareladas, como
uma floresta em um dia ensolarado, com raios de sol se infiltrando no verde,
achei estranho, mas quem era eu? Eu também era uma pessoa pragmática,
fazendo o que tinha ser ser feito. — O sangue azul de sua família é o que me
interessa, Aurora.
Quem falava assim hoje em dia?
Eu achava que era mais que aquilo, mas por que ele precisava de nós
especificamente?
— Há outras famílias com muito mais sangue azul que a nossa.
— Elas não têm você. — Ele me olhou com olhos ardentes e intensos.
O mentiroso, cara de pau, bajulador, isso, sim, que ele era.
— Sério? Até ontem era de minha irmã que você estava noivo. — Dei
a ele meu olhar mais mortal.
— Sua irmã era a escolha mais fácil, já você.... — Ele deixou no ar,
dando a entender que eu era uma escolha ruim?
Infeliz depravado.
— Sou o quê? Não sou uma marionete conivente? Uma tonta? — Não
que Bianca fosse uma tonta, ela só queria aproveitar a vida, diferente de mim
que era mais contida. Eu era meio que o oposto de minha irmã. Eu vivia para
trabalhar e trabalhar, ela queria curtir a vida plenamente. Apaixonar-se,
curtir sem a preocupação de uma carreira na nossa empresa. Ela tinha
sonhos, sim, mas sem as neuras exigentes que eu me permitia. Eu queria
assumir a Pontes um dia quando nosso pai se aposentasse. Ela não tinha esse
quanto antes, mas não antes de descobrir quais eram os motivos dele em
querer tanto aquela união.
falado para ninguém, só tinha feito algumas pesquisas ao longo dos últimos
mental para descobrir depois como ele tinha acesso a coisas particulares
sobre mim.
aleatório.
— Você anda me espionando? — Eu não havia dito para ninguém que
queria passar as férias na Côte d’Azur, que era onde estávamos agora depois
de horas intermináveis de voo. Estava exausta, eu não tinha descansado nada
no voo e Rafael também tinha trabalhado em seu laptop quando o ignorei e
comecei a ler. Além da pouca interação na hora que serviram a comida, mal
nos falamos.
interesse que ele pareceu demonstrar. Contudo o casamento com Bianca foi
firmado e tentei eliminar qualquer vestígio de nossa atração, que para mim
carranca. Eu não estava conseguindo ficar com raiva dele. Eu sabia que ele
tinha feito aquilo por mim, apenas sabia, e isso fazia algo em meu coração.
Um simples gesto que ia de encontro ao homem que ele queria passar para
mim desde nosso casamento forçado. Ele deixava no ar uma ameaça a minha
— Bizarro.
— Não tem nada de bizarro, apenas vi vários folhetos de viagem em
sua mesa na empresa e, de outra vez, você estava pesquisando em seu celular
minha bolsa na cama king size que dominava o ambiente. — Eu estou fora
dos limites, Rafael.
atraía, eu fantasiei com ele desde que o conheci, então também era um
lembrete para mim. Eu não sabia como iria resistir a ele durante nosso
casamento. — Por que a separação hoje, se ontem você fez tanta questão de
—Vou lhe dar uma trégua, mas não fique muito confortável. E
também não gosto de dormir com um bloco de gelo.
indecisão me tomou desde ontem quando ele exigiu que nos casássemos.
Batendo mentalmente em mim mesma, fechei a porta por precaução e
olhos de gata, como Bianca dizia, espirrei um pouco de perfume e fui atrás
do meu marido. Esse termo era estranho para mim ainda. Eu não sabia se me
acostumaria.
Encontrei Rafael, não no convés superior do iate, como ele sugeriu,
mas no salão principal que ficava um nível abaixo. Ele era lindo, seus
piscar. Ele não se incomodou em tentar esconder a fome nas íris verde-
escuras que pareciam negras naquele momento. Não tive dúvidas do que ele
queria, só não entendia por que ele não me escolheu em primeiro lugar.
Devia estar parecendo recalcada de ciúme da minha irmã. Mas era esquisito
saber que, se não fosse por Bianca fugindo daquele casamento, ele estaria ali
com ela. E aquilo me incomodava sobremaneira.
09
— O quê?
— Quero consumar esse casamento, amor, antes que você possa
inventar algo que o anule. — Ele estava brincando, certo? Porém mesmo
achando um absurdo sua ousadia em mudar as regras, eu não deixava de
imaginar vividamente Rafael Lamartine em uma noite movendo minhas
de viagem você não alegará isso para que haja uma anulação? — Tomou o
gole de sua bebida. — A sua irmã me deixou no altar, Aurora. O que posso
ter de garantia, caso você tenha seus próprias planos escusos como sua irmã?
— Eu...
Ele tinha um ponto, mas consumando ou não o casamento, eu poderia
fazer o que quisesse se estivesse preparada para nossa empresa falir em
breve com a falta de seus investimentos. — Minha palavra terá de bastar.
— Eu devo confiar? — Os lábios de Rafael se encolheram em um
sorriso sarcástico. — Não sei, Aurora. — Ele mesmo respondeu a própria
pergunta. — Quando disse mais cedo que iria dar uma trégua, algo me veio à
mente e não gostei da ideia de você fazer igual sua irmã. Por que esperar se
podemos tirar isso do caminho?
O mordomo nos interrompeu, dizendo que nosso jantar seria servido
no convés superior. Rafael me guiou para lá, sua mão na base da minha
coluna causava sérios danos a minha mente. Calor irradiava de onde suas
mãos estavam tocando minha pele. A mesa estava posta lindamente e Rafael,
galante, puxou uma cadeira para mim.
—Obrigada. — Eu dei um sorriso educado e o mordomo serviu vinho
nas taças. Depois de nos servir o primeiro prato, nos deixou a sós. Peguei o
copo de vinho e bebi um gole do líquido encorpado, olhei pra Rafael por
cima da borda e o encontrei também me olhando com interesse.
—O quê?
—Podemos sair, se quiser. — Ele apontou as luzes da costa ao longe
— Diversão é que não falta por aqui — disse, pegando uma porção em seu
prato e levando à boca.
—Eu pretendo me divertir, mas hoje eu prefiro ficar aqui, a vista é
maravilhosa — falei. — Quanto tempo ficaremos?
—Três dias apenas. Tenho um encontro de negócios importante para
uma nova fusão que não pude adiar— disse ele. — Depois voltaremos, se
você quiser, ou poderemos ir a qualquer lugar que você queira.
—Você está sendo muito gentil, Rafael, mas não precisa. — Dei a ele
um sorriso doce. — Não sei você, mas não levo muito a sério nem a longo
prazo esse casamento.
—Eu levarei esse casamento até onde quiser, Aurora, e tenho certeza,
a cada minuto que passa, de que devo realmente consumá-lo.
— Eu disse a você que queria essa cláusula acrescentada. —Tentei
levantar e deixá-lo lá, com sua perversão.
—Sente-se, Aurora. — O comando me fez obedecer automaticamente,
depois me lembrei de que ele não era dono da minha vontade nem do meu
livre arbítrio.
—Não sou um cachorro cuja ordem devo seguir a cada vez que abrir a
boca, senhor Lamartine. E certamente terá que me forçar a consumar o
casamento.
—Ah, Aurora você é refrescante. — Ele se recostou na cadeira e me
analisou abertamente, cada parte minha estremecia com sua avaliação
sensual. Jesus! Ele devia ter percebido que eu falava uma coisa e pensava
outra, pois era evidente sua diversão sobre minha recusa veemente de não
temos um relacionamento sexual. — Eu nunca precisei fazer isso, forçar
uma mulher. Qual a graça de pegar o que não foi dado de livre vontade?
— Diga-me você, que diz que quando quer algo, apenas pega —
desafiei-o.
— Eu faço, mas sexo não é uma delas. Há coisas que para ser
apreciadas tem de ser dadas, Aurora, e quero que você se dê para mim.
Ri alto, minha risada ecoando no ar, sendo levada pelo vento do
litoral.
— Rafael, eu não sei de onde você tirou a ideia que eu queira dar algo
para você — debochei, mas por dentro estava trêmula. — Eu não estava
desesperada para casar igual você, sinto dizer que satisfazê-lo, está fora da
minha lista de prioridades.
— Hmmm, eu vejo.
— Que ótimo. — Eu continuei a comer e tentei ficar calada, e ele
também, mas seus olhos não me deixaram nem por uns minutos. Era
enervante.
—O que você quer de mim, Rafael?
—Nada que você não possa me dar. — Ele sorriu — E se eu não
estiver engando, você não é contra a ideia.
Ele estava certo, eu não era contra a ideia. Na verdade, eu queria fazer
isso tinha tempo, mas como sempre eu colocava as prioridades de outras
pessoas na frente dos meus desejos. Quando ele escolheu Bianca para casar,
eu o coloquei na categoria de cunhado e não pensei nele mais nesse sentido,
ou assim eu pensava, agora que podia, era como se ele ainda fosse noivo da
minha irmã. Algo me impedia de ceder a ele. Parecia errado, de alguma
forma.
cara cínica.
— Não, apenas querendo conhecê-lo. Não acha normal conhecermos
um ao outro?
— Eu conheço você, Aurora Lamartine.
poucos conhecem.
— Talvez eu queira chamá-la assim, eu gosto do som do seu nome
junto ao meu sobrenome. — Ele me deu aquele seu olhar divertido que
estava começando a reconhecer como parte dele. — E sobre conhecê-la, eu
curiosidades.
—Você não respondeu à pergunta — lembrei, tentando retomar o
assunto, pois ele estava fazendo de tudo para me provocar.
de ir morar nos Estados Unidos com minha tia que era casada com um
americano — contou, olhando-me atentamente, suas palavras eram cheias de
desprezo cortante. —Paul e minha tia Letícia me criaram desde meus oito
anos de idade.
sentimento ruim. — Ela tirou a própria vida porque não sabia como viver
depois de ser enganada e ludibriada por um homem mais velho e casado.
Deus do céu.
— Sinto muito — falei, sem saber o que dizer para ele.
bebida.
— E seu pai? — Não deixei o assunto terminar.
— Nunca o conheci, minha mãe nem falava dele. — Ele sorriu sem
humor. — A única vez que lembro de tê-la questionado, ela disse que ele era
um inútil que doou seu esperma e foi embora. E minha tia Letícia disse que a
única coisa que sabia dele é que teria sido morto por causa de drogas, ou
algo assim.
—E o homem que você diz que foi a causa da sua mãe...você sabe.
ódio pelo tal homem. — Para falar a verdade, Aurora, ele será surpreendido
em breve.
— Não pode estar falando sério, Rafael, não mataria alguém, mataria?
— Eu não sujaria minhas mãos com o sangue asqueroso dele, mas têm
de nojo. — Um dia ela foi demitida e fomos para a casa de minha tia Letícia,
Ele ficou olhando para nossas mãos por um momento e depois pegou sua
taça, desfazendo nosso contato. Ele se afastou deliberadamente?
faleceu de câncer há dez anos, mas já trabalhava com ele desde minha
adolescência. Eu nunca quis ser um fardo para eles, eu queria trabalhar, me
Eu não sabia por que estava me abrindo para a neta de Abner Pontes,
de todas as pessoas do mundo, sobre minha vida particular. Eu não era
conhecido por esse fato, falar do passado. Falar de coisas dolorosas era como
abrir a caixa de pandora dos sentimentos ruins que eu tinha relacionado a
primeira vez. O meu acerto de contas com ele era insatisfatório, pois quando
coloquei meus planos em movimento, ele já não estava mais na empresa, não
mamãe passar. Eu poderia agora sujar sua netinha querida, e ele nada poderia
fazer. Eu não era mais um moleque magricelo que ele tinha tratado como se
estaria satisfeito em poder pegar algo dele que ele achava que eu não era
digno.
Filho da puta egoísta.
— Pretende voltar a morar no Brasil para sempre? — Aurora estava
curiosa e isso era perigoso. Ela poderia descobrir sobre minhas razões para
sempre quis voltar, mas antes eu tinha que estar preparado para colocar
Abner em seu lugar, mesmo que fosse anos depois e ele estivesse quase
maior parte de sua vida? — Minha esposa estava sendo sarcástica? O que ela
sabia sobre mim? Nada, ela não me conhecia, ninguém me conhecia, nem
foi arrancado de mim, só me adaptei a vida lá, mas sempre tive intenção de
voltar. — Fiquei com raiva que ela achasse motivos nada lisonjeiros para
— E você, Aurora?
para escolher a Pontes mais nova, não era porque Bianca me atraía, longe
disso, ela seria perfeita para o que eu tinha em mente, mas ela estragou tudo
— Por que você não assumiu a posição de CEO da Pontes? Seu pai
anda fazendo mais mal que bem para a empresa.
10
— Tem razão, ele vai afundar a Pontes se não mudar. — Ele fez uma
careta de desgosto.
— Rafael?
— Sim
—Se acha que a Pontes corre sérios riscos de desmoronar, por que está
investindo seu dinheiro lá?
— Boa pergunta. — Ele se levantou e foi até uma parte do iate onde
tinha um serviço de bar com inúmeras bebidas, ele se serviu de algo que
presumi ser uísque e caminhou de volta à mesa. — Sou um investidor de
risco e quando comecei meus investimentos no Brasil, a Pontes me pareceu
promissora, se os novos projetos fossem bem executados.
— Acha que meu pai pode continuar como CEO da Pontes sem que a
empresa volte a ter problemas?
— Eu pretendo ter a certeza que sim. — Ele fica pensativo um
momento, parecendo incomodado, a máscara galante um pouco fora de
lugar. Será que aquela conversa o aborrecia? Ele me encarou, seu olhar
umidade entre minhas coxas e, qual fosse a razão, eu nunca havia ficado
atraída por um homem de forma tão intensa como me sentia por Rafael. Ele
era como um imã, me puxando para ele, e eu era incapaz de resistir a sua
força, a atração me sugando. Mesmo sabendo que aquele casamento era uma
mentira, eu me vi desejando que fosse real apenas por um momento. Ele não
se sentia da mesma maneira que eu e, ainda sabendo desse fato, nada
diminuía o calor que me tomava, que me consumia inteira. Sua mão subia e
descia por minhas costas e suspirei involuntariamente, sentindo cada toque
de seus dedos como choque na minha pele. Era inebriante e sensual a forma
eu não podia continuar. Ontem ele estava comprometido com minha irmã.
Quando tentei me afastar dele, Rafael me segurou no local, apertando nossas
pélvis juntas. — Estava falando sério sobre consumar esse casamento,
Aurora. Porém eu não quero que seja por que eu estou exigindo, mas por que
você também quer isso.
Eu poderia ter tantos orgasmos hoje se dissesse sim, mas eu me
levantei de seu colo e coloquei um pouco de distância entre nós.
— Eu... não posso — disse apenas e saí em direção a minha cabine.
Rafael era como uma droga no meu sistema. Eu tentei lembrar que ele era o
inimigo e esqueci depois que tinha chegado ali. Sempre esquecia aquilo
quando ele era charmoso. O que eu estava pensando? A conversa que escutei
na noite do nosso casamento parecia que tinha se apagado. Jesus! Aurora!
Ele não era um príncipe encantado. Ele planejava destruir minha família e
eu precisava descobrir o que ele tinha contra os Pontes para ter falado
daquele jeito tão frio.
Entrei na cabine, tentando me recompor do furacão Rafael.
A noite ia ser longa, pois meu corpo não sabia distinguir o inimigo. Eu
o desejava mais do que queria saber de seus intentos?
Quando me deitei, eu ainda não sabia a resposta, pois estava
apaixonada por aquele homem desde que o conheci e negar não adiantaria
cama e indo atrás de Rafael. Ele não iria gostar de saber que teríamos de
voltar para casa. E se o vovô morresse e eu estivesse longe? Nada disso, eu
com você.
— Estou bem, nos falamos em breve e, qualquer coisa, me avise como
para procurá-lo.
— Bonjour, madame — cumprimentou-me, em francês, o mordomo.
continuou me seguindo.
estava sentado lendo o jornal e a mesa à frente dele com o resto de seu café
da manhã.
— E por quê?
— Bianca ligou, vovô teve um infarto e precisamos voltar.
Ele se levantou.
— O que ela disse? É grave?
informei, taxativa.
— Vou avisar o piloto, mas com certeza não voaremos até à tarde, ele
me. Eu não sabia que ele gostava do meu avô tanto assim. Ontem parecia o
contrário, quando conversamos. Minha cabeça estava dando voltas com tanta
contradição.
— Concordo com você, apesar de não saber por que você se importa
tanto assim.
— Quero dizer que ele não pode morrer quando sua neta favorita está
vovô era nosso alicerce, apesar da mente machista, ele nos amava. E eu e
Bianca fomos criadas sendo as princesinhas do vovô Abner, se ele morresse
Vovô tinha setenta e oito anos, estava bem conservado, ativo no conselho da
empresa, mas também não era nenhum garoto. Olhei para Rafael, sentado na
poltrona do jato à minha frente. Ele esteve calado, taciturno, desde que dei a
mim mesma por que, diabos, queria a atenção daquele homem. Ele não
respondeu, apenas me olhou fixamente, analisando-me como se eu fosse
atenção.
— Coma, Aurora. — Ele fez sinal para a moça continuar seu trabalho
de nos servir.
— Tanto faz — disse, petulante. Se não me enganei, vi ele revirando
— E não dá no mesmo?
— Claro que não.
Depois de deixar Aurora no hospital, eu fui para casa, não fiquei lá. Eu
podia ser várias coisas, mas não era hipócrita. E fingir que me importava
com o velho? Era pedir demais.
estragar a vida de Ricardo, ele sozinho já faz isso, nem das filhas dele. Meu
negócio é único e exclusivamente com Abner Pontes, é com ele que quero
acertar os ponteiros, porra! — berrei as palavras furiosamente. Christian era
— Pensei que ia demorar mais para chegar. — Bianca correu até mim
quando a encontrei no hospital, ela tinha ficado ali até agora, ao que parecia.
— Oi — disse, abraçando-a. — Você já viu o vovô? Como ele está?
— Ele está na CTI e só papai foi autorizado a vê-lo de longe, ele ainda
corre risco e está sendo mantido sob vigilância dos médicos. — Ela me
puxou para sentar no sofá reservado à família no hospital particular onde ele
estava internado.
— Você sabe o que aconteceu para ele ter um ataque assim, do nada?
Nem sabíamos que ele estava doente.
— Bem, o doutor Mauricio disse que há alguns meses ele foi avisado
sobre o coração, mas vovô é teimoso, você sabe, seu uísque não pode faltar.
— Ele acha que ainda é novo — falei, chateada. Depois que a vovó
faleceu, ele tinha várias namoradas mais novas que ele. Era um dos motivos
das brigas entre ele e nosso pai. Falando nele...
— E o papai? — perguntei, olhando ao redor.
— Ele foi para casa tomar um banho, trocar de roupa. Se ele soubesse
que você chegaria agora, talvez tivesse esperado, acho que ele só volta
amanhã.
— Tudo bem, eu corri direto do aeroporto até aqui e nem pensei em
mandar uma mensagem. — Minha irmã olhou ao redor e depois para mim.
— Onde está Rafael? Ele não veio com você? — perguntou, com
espanto.
— Ele me deixou aqui em frente e disse que ia para casa, pois odeia
hospital ou alguma coisa do tipo, não sei — falei, chateada. Estava com
raiva de mim mesma por desejar que ele tivesse ficado. Eu e ele não
tínhamos uma relação, por mais que estivéssemos casados, e aquilo só me
fez perceber que aquele casamento era uma furada pronta para acabar. — Eu
também não vejo seu príncipe encantado por aqui.
— Lucca não veio porque nossa relação não é de conhecimento do
papai e não queria dar a notícia com o vovô quase morrendo. — Ela suspirou
e me deu um sorriso de desculpas. — Eu sinto muito por ter colocado você
nessa situação Aurora, era para eu ter dito antes que não me casaria, mas era
tanta coisa acontecendo e eu até tentei gostar da ideia de casar com Rafael,
afinal, ele é um homem lindo, rico e gostoso pra caramba, mas eu estava
apaixonada por Lucca, que não se decidia, e continuei levando o casamento
com Rafael até... você sabe no que deu.
Era a primeira vez que nos víamos depois que ela tinha deixado Rafael
no altar.
— Tudo bem, além do fato que ele parece ter um motivo oculto para
casar, ele não fez nada demais.
— Que motivo seria esse?
— Eu terei de ficar perto dele até descobrir do que se trata.
— Tenha cuidado, irmãzinha, não dê uma de detetive, hein — disse,
colocando seu braço por cima do meu ombro e me abraçando. — Pode não
ser nada demais. Pode ser o nosso charme Pontes.
— Você devia ir para casa, eu fico aqui o resto da noite. Não deve
demorar muito para amanhecer. — Verifiquei as horas e já eram quase meia
noite. Estava extremamente fadigada com o longo voo. — Amanhã você
vem.
— Acho que deveríamos ir as duas. Os médicos disseram que não há
nada o que fazer aqui, que podíamos ir para casa e qualquer coisa eles nos
chamariam, mas deixar o vovô aqui é tão estranho. — Seus olhos se enchem
de lágrimas. — Eu sinto como se estivesse o abandonando.
— Eu sei, mas ele não gostaria de nos ver aqui chorando por ele. Ele
quer todos nós rindo de suas peripécias — disse, apertando sua mão na
minha e sorrindo, mesmo saindo meio apertado, mas choro era algo que
vovô sempre dizia não querer. Estava a ponto de buscar um café, pois
precisava me manter acordada, quando percebi o anel em sua mão. Ela
estava noiva? Antes que eu perguntasse, houve um movimento na entrada,
olhei para lá e vi Lucca caminhando em nossa direção. Ele era o oposto de
Bianca, que estava loira platinada, todo moreno, lembrando o ator Theo
James. — Acho que você tem companhia.
Bianca correu pare ele e os dois ficaram arrulhando aos beijos. Fiquei
olhando a interação deles. Via-se claramente que estavam apaixonados, e eu
estava feliz por Bianca enfim se aquietar. Ela não disse nada sobre o
noivado, por quê? Tinha esquecido com toda situação do vovô?
— Aurora. — Lucca apertou minha mão. — Bom ver que você está
bem, depois de toda confusão de dias atrás.
— Está se referindo a noiva que você roubou e tive de tomar seu
lugar? — perguntei e vi o homem ficar vermelho. — Está tudo bem, Lucca,
sem ressentimento.
Ele assentiu e abraçou Bianca, trazendo-a mais para perto. Era bom
vê-los juntos. Aquecia meu coração saber que pelo menos uma de nós estava
encontrando o amor.
— Sinto muito pelo seu avô — disse ele. — Espero que não tenha sido
a coisa toda do casamento e...
— Acho que não, não sei, vai saber. — Eu apontei o sofá. — Sentem-
se ou vocês vão embora?
— Os dois vieram e não ficaram. Tio Rogério disse que alguém tinha
de ficar no comando da empresa.
— Tenho medo, pode acreditar, a Pontes ficaria melhor sem ele lá —
falei preocupada que ele fizesse algo louco.
— Oh, meu Deus, Aurora! — Bianca falou alto, mas lembrou onde
estávamos e depois tampou a boca, como uma criança, e riu baixinho. — Eu
repreendeu ela, mas claramente via a adoração em seus olhos por ele.
Senti uma pontada no peito que nunca imaginei na vida. Que era
desejar algo assim, um amor que me deixasse com esse brilho nos olhos e
ser correspondida por ele, mas talvez eu deveria me contentar com um falso
casamento.
Ficamos os três conversando por algum tempo quando passos
chamaram minha atenção e virei-me para ver meu marido. Ele tinha tomado
banho, pensei eu, porque trocou de roupa e estava mais lindo que nunca.
Minha vontade de levantar e correr para seus braços era irracional, controlei-
me para não fazer exatamente isso. Meu devaneio acabou quando percebi
que ele ia encontrar Lucca e Bianca ali. Que merda. Mas ele ignorou o casal
mim.
— Estou aqui por você, amor — disse, baixinho. Seus olhos tinham
um carinho novo neles, mas logo ficaram duros quando fitaram minha irmã e
Lucca.
Rafael não perguntou nada sobre vovô e estava prestes a sentar ao meu
lado, mas Lucca levantou e estendeu a mão para ele.
fim.
— Não importa, mas devia dizer isso a sua irmã que teve de arcar com
bem.
de Bianca e olhei para ela que estava com olhos arregalados e sobrancelhas
arqueadas como se quisesse perguntar: O que diabos está acontecendo?
voo. — Ele estendeu a mão e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da
minha orelha e fez um carinho com o polegar por todo o lóbulo, causando
— Já volto.
Ele levantou-se e saiu à procura do café, Lucca levantou também e,
depois de dizer algo para Bianca, seguiu Rafael nos deixando a sós.
— O que foi isso? — Bianca não perdeu tempo. — Você esqueceu de
me deu um piscada. — Essa lua de mel rendeu mais do que você me disse?
— Não deveríamos estar mais preocupadas com o vô do que com
minha vida de casada? — sugeri. — Mas para deixar você mais calma, nada
aconteceu.
— Humm. — Ela continuou com aquele olhar esquisito e nem sei por
que estava sendo evasiva sobre Rafael e eu.
Apesar do clima tenso entre nós quatro, uma conversa começou a acontecer
entre os três e me mantive de fora, tomando o líquido quente que me trazia
uma injeção de ânimo. Bianca sempre foi expansiva e faladeira, mais do que
eu, e ela dominou a conversa. Rafael pareceu prestar atenção nela, mas nada
em seu rosto demonstrava que ele sentia algo por ela. Seu rosto não
mostrava nada, essa era a verdade. A única hora que percebi algo, foi quando
— Você está estranha, estive falando com você por um minuto e você
estava de olhos vidrados — Bianca disse. — Estava dizendo a Rafael para
— Devia ouvir sua irmã, Aurora. — Rafael apoiou Bianca e uma onda
de possessividade me dominou de repente, eles, há poucos minutos, estavam
Aurora você é uma mulher adulta e vacinada e não tem por que se
sentir assim. Você é uma executiva, dona de si mesma, esqueça Rafael
Lamartine.
Por que meu coração estúpido não ouvia a voz da razão?
— Vou levá-la para casa e vai descansar, prometo que não dormirei e
ficarei ao lado do telefone, caso haja uma emergência. — disse e eu não
sabia em qual Rafael eu acreditava, se nesse atencioso ou no outro, que eu
— Está vendo coisas, Aurora. Agora venha, não estava sugerindo que
fosse para casa, estou levando você. — Ele não deixou margem para protesto
e me levou até onde minha irmã estava. — Aurora concordou em ir para
casa, amanhã ela virá cedo.
— É diferente quando você fala do papai, não tem essa raiva latente
que demonstra quando fala de Abner.
— Vamos para casa, essa conversa sem pé e sem cabeça pode esperar.
— Ele se virou e ligou o carro, nos levando para casa. Eu só pressupus que
aquilo não tinha acabado, que ele escondia algo, eu apenas sabia, estava lá,
estalando para mim, mas eu não sabia o que era.
12
caramba! Eu estava deixando tudo para ficar com aquele homem que mal
conhecia? Entrei e uma mulher elegantemente vestida estava ao pé da
perguntado, notei que estava realmente com fome. Mas era tão tarde, e eu só
queria cama, naquele momento.
— Não, só quero dormir um pouco — disse, entrando no quarto
principal no último andar, eu nem questionaria onde iria dormir,
privacidade.
— Você é minha esposa — disse, como se aquilo fosse a explicação
para tudo.
— Falsa esposa, até onde sei esse casamento não tem valia.
Ele se aproximou de mim tão rápido que era sobre-humano. Ele
segurou meu rosto entre as duas mãos poderosas e nosso olhar se prendeu.
— Você quer que eu mostre o quanto esse casamento é pra valer,
Aurora? — Sua boca estava tão perto da minha que nossas respirações se
misturavam. Eu tinha meu corpo despertado e total atenção nele. — Por que
pescoço, beijando e mordicando minha pele sensível, seus dedos foram para
o zíper nas costas do meu vestido e desceu expondo minha pele para seu
toque. Eu ansiava sentir sua pele contra a minha e comecei a desfazer os
botões de sua camisa o mais rápido que eu podia, eu não queria me privar
mais de nada, se fui forçada a casar, por que não podia tirar algo de bom
daquilo? Ele empurrou meu vestido pelos meus ombros que caiu, deixando-
me apenas com minha lingerie.
— Você é incrivelmente perfeita, Aurora. — Ele desceu as mãos que
agarraram as bochechas da minha bunda, amassando, e senti a umidade
revestir minha calcinha. Minha pele estava quente em todos os lugares que
ele me tocava. Tentei tirar sua camisa, mas ele me impediu e rapidamente
tirou meu sutiã. Sua atenção foi para meus peitos, meus mamilos rosados
turgidos querendo sua boca neles e Rafael tomou seu maldito tempo
brincando com os botões duros entre os dedos. — Santo inferno, esposinha,
quero chupar esses peitos deliciosos na minha boca até você gozar apenas
brincando com eles. — Ele torceu o bico entre o polegar e o indicador com
força suficiente para uma dor misturada com prazer irradiar por cada célula
do meu corpo.
Por que ele estava falando? E não agia, caramba! Eu estava pronta
para seu pau.
— Você vai fazer isso quando, Rafael? — Eu disse com voz
entrecortada. Ele assoviou entre dentes com minhas palavras e uma palmada
acertou meu traseiro com força.
— Quieta. — Sua mão segurou na minha bunda, e eu suspirei quando
seus dedos deslizaram por baixo da minha calcinha, escovando meu clitóris e
provocando a minha entrada que estava pingando por ele. — Você me quer,
amor — sussurrou constatando o óbvio, ele gemeu rouco, um rugido rude e
animal quando seus dedos ficaram encharcados com minha excitação. —
Porque você está molhada pra caralho. — Um canto de boca levantou-se
perversamente enquanto observava e eu gemi quando ele moveu seus dedos
sobre o broto duro, os dedos abrindo meus lábios vaginais, esfregando minha
umidade, e meus olhos se fecharam quando fui tomada pelo prazer brutal. Eu
não aguentei a lentidão de seus toques, eu ansiava por mais e me movi em
busca do que queria.
— Quero você! — roguei em uma voz ansiosa. — Me foda, Rafael. —
Merda, eu queria dizer aquilo para ele desde que o vi pela primeira vez.
Perdendo a paciência, o resto de nossas roupas são descartadas e Rafael me
empurrou para a cama, vindo para mim, cobrindo meu corpo todo com o
dele, grande e largo, músculos definidos, todo lindo, másculo, me deixando
louca. Arfei quando me beijou duramente sem gentileza, apenas tomando
para si mais e mais de mim. Ele desceu e abocanhou um seio em sua boca,
sugando forte, gostoso, e arqueei para ele num pedido silencioso de mais,
sua mão agarrou o outro e torceu os bicos pontudos com maldade perversa.
Eu estava arquejando, perdida no vórtice de lascívia com um apetite voraz
que parecia me consumir demasiadamente. Ele sugava agora o outro seio
com força, deixando dolorido, e agarrei seus cabelos, empurrando sua
cabeça, gemendo, depravada.
— Você é linda, perfeita — disse ele, baixo, rouco, sua boca descendo
por minha pele, deixando uma trilha quente por minha barriga, as mãos
apertando meus peitos. Ele desceu e senti seus beijos no meu monte, Rafael
rosnou quando abriu minhas pernas e teve acesso a minha boceta dolorida,
encharcada, pulsante e molhada, para ele. Ele lambeu de baixo para cima,
abrindo meus lábios enfiando a língua dentro de mim para depois sugar meu
clitóris em sua boca. Meus gritos ecoaram no silêncio do quarto e não
demorou para eu convulsionar perdida em um orgasmo cataclísmico. Eu
tremia incontrolável, perdendo as forças e me entregando ao momento
erótico, perfeito. A boca de Rafael não deu trégua e os tremores pareciam
jeito, porque Rafael era intenso demais. Jesus. Virei-me e dei com ele em pé
havia ali antes. Ele capturou meus lábios nos deles suavemente e eu abri a
boca, esquecendo que nem tinha escovado os dentes. Deus do céu! Mas ele
não parecia se importar, ao contrário, ele aprofundou o beijo e comeu minha
boca com a dele. Gemi me contorcendo nos lençóis macios e ele se ergueu
para minha completa insatisfação, mas ainda com as mãos me cercando. —
Você é deliciosa pela manhã.
encontrar meu marido. Eu o encontrei na sala com uma mulher. Eles estavam
curvados sobre uns papéis e falavam baixo. Eu nunca senti ciúmes na minha
vida de ninguém e agora via uma névoa vermelha, minha vontade era de ir
mulheres como aquela. Alta, loira, parecendo uma modelo. Por isso quando
ele escolheu casar com Bianca, pensei que era um gosto por loiras. Talvez
estivesse certa. Mas o monstro verde estava agora circulando nas minhas
veias a ponto de saltar e mandar a senhorita platinada para os quintos dos
infernos. Talvez Rafael achasse que poderia ter outras mulheres. Só que ele
teria uma surpresinha. Eu não toleraria uma amante, se ele quisesse que o
casamento secasse a tinta. — Tenho tempo para tomar meu desjejum?
— Claro — ele disse. — Aurora, essa é minha assistente Michelle.
Michelle, minha esposa Aurora. Vocês duas ainda não tinham se encontrado.
— Tio, acho que aqui não é o lugar para se preocupar com isso,
estamos com vovô correndo risco de morte — falei, deixando claro meu
minha Liana, tenho certeza de que ela já teria uma resposta mais positiva. —
Ele estava certo, nós trabalhávamos mais juntos que qualquer outro cargo na
Rogério disse quando não demos atenção às suas lamúrias, indo embora sem
se despedir. Ele era tão insensível. Nem parecia que o pai dele estava lá
dentro internado.
— Rogério é um caso perdido — papai disse, resignado. — Sempre
era culpa dele, não ia passar a mão em sua cabeça, que andava desmiolada
ultimamente.
— Sua irmã não deveria ter fugido com Lucca — retrucou ele. E,
quando viu meu olhar de espanto, disse: — Vocês meninas acham que fazem
coisas às escondidas, mas ainda sou o pai de vocês e vejo através de vocês,
ele. Ele provavelmente agora deveria estar rindo de mim com sua assistente
admiradora.
nenhum interesse com a saúde do vovô, não somos exatamente uma família
coesa, já que mal nos casamos, mas seria educado perguntar, não acha?
O quê?
— Não é nada disso, papai. Claro que não estou feliz com esse
casamento falso, mas não estou procurando desculpas para sair dele. Eu não
humor, estava puta com aquela conversa. — Você diz amar suas filhas, mas
percebeu que colocou eu e Bianca como gados para sermos abatidas?
— Você e sua irmã não são donzelas em perigo, Aurora. São mulheres
de negócios, você é presidente de uma empresa multinacional e...
— Eu sei disso, mas você agiu como CEO, papai. Concordou com
coisas sem nem nos consultar, só decidiu e comunicou que uma de nós duas
seríamos esposa de Rafael e que cabia a ele decidir qual, como se você fosse
dono de nossas vidas. — Estava tão furiosa. — Rafael poderia estar
— Eu achei que você podia saber de algo do passado dele, mas nem
pesquisou, não é?
família. — Ele podia ser muitas coisas, mas amava Abner. Queria que ele
amasse a mim e a Bianca assim. Ele nos amava, mas não tanto, se estava
pronto para nos estregar a quem pagasse mais, como no século passado.
Levantei-me e ele imitou o gesto e voltamos para a sala de espera,
minha assistente estava louca porque estive longe por três dias. Era quase a
hora do almoço quando a porta da minha sala se abriu e meu marido entrou.
minha cadeira, fazendo com que erguesse a cabeça para olhá-lo. Erro meu,
porque ele aproveitou minha posição e se inclinou plantando a boca na
minha. O beijo não foi delicado, era como se ele estivesse vindo em uma
missão, sua língua invadiu minha boca saqueando tudo, lambendo
sensualmente a minha, sem ação eu só pude beijá-lo de volta. Ofeguei de
boca aberta, buscando ar, enquanto ele mordia o meu queixo, com a mão em
meu pescoço, prendendo-me no lugar. — Humm — resmungou e se ergueu,
quebrando nosso contato, seus olhos estavam mais escuros e cheios de
luxúria mal contida e desejei que ele continuasse, mas ele não o fez. Em vez
disso ele jogou um balde de água fria na minha excitação. — Ah, aí está ela,
a mulher que fodi na noite passada, a megera chata de hoje de manhã deve
ter sido sua irmã gêmea má.
Suas palavras me fizeram lembrar meu aborrecimento de mais cedo.
Empurrei-o para longe e me levantei para não ter de ficar em posição
inferior e olhando-o de baixo para cima. Quando desocupei minha cadeira,
ele sentou-se e me puxou pela cintura, fazendo com que me sentasse em seu
colo.
— Jesus, Rafael! Você não tem limites? Estamos na empresa.
— E daí?
sorrindo. — Não sei o que é depender de mim, mas fique ciente de uma
coisa, eu sou a favor de direitos iguais. Você tem suas mulheres e eu meus
homens, que tal?
Seu sorrio desapareceu completamente.
— Não achei engraçado
— O quê? Não é engraçado? Depende de você, amor, para me manter
na linha. — Ele agarrou meu cabelo, puxando com força. A excitação
percorreu-me e o que deveria me irritar, estava me deixando quente e
incomodada.
— Deixe outro homem tocar você, e verá o que acontece — rosnou,
seus olhos verde-escuros duros. — Eu acabo com o infeliz.
Encostei-me nele e rebolei minha bunda em seu pau que estava, se
possível, ainda mais duro.
— Então estamos entendidos, não é?
— Você está preparada para seus funcionários ouvirem você gritando
enquanto de fodo em sua mesa?
— Você não é nenhum louco, Rafael... — comecei a repreendê-lo, mas
ele engoliu minhas palavras quando tomou minha boca novamente, de
alguma forma acabei escarranchada em seu colo com a saia enrolada na
cintura e as mãos de Rafael agarrando minha bunda, completamente exposta.
Suas palmas caíram em um tapa firme e arquejei moendo mais em seu pau
grosso, minha calcinha encharcada deixaria uma bela mancha em sua calça
depois, meu pensamento se desfez quando ele deslizou os dedos por baixo
da minha calcinha e entrou em meu canal apertado, liso, molhado. Eu gemi
em sua boca e o beijei com vontade, mas ele puxou minha cabeça para trás,
mordendo meu pescoço.
— Gosta dos meus dedos dentro dessa boceta gananciosa, não é,
amor? — disse ele, com a voz profunda, safada e sexy.
— Por favor — sussurrei, tomando seus dedos como se fossem seu
pau. — Não pare.
— Sem chance — disse e estocou mais duro, mordendo meus lábios
entre os dentes. — Vou provocar essa boceta até você gozar e, porra, se todo
o prédio te escutar gritar. Impulso após impulso ele me fodeu com seus
dedos e senti a umidade escorrendo a cada estocada dele dentro da minha
boceta. Ele saiu, pegou a umidade e arrastou até meu traseiro, um dedo
sondando o buraco apertado, tentei relaxar e ele deslizou a ponta dentro e
fora e delirei loucamente, arqueando para ter mais dele dentro de mim. E ele
me deu, seu dedo indo até o fim. Eu estava tremendo feito vara verde ao
vento quando ele começou a estocar firme em meu traseiro. Ele meteu mais
um dedo e perdi a resto de minha compostura, gemendo alto, não me
importando com quem ia ouvir.
no rosto.
— Você é tão sensível, tão gostosa, esposa. Vou amar comer esse
traseiro apertado e virgem — disse e sua língua arrastou-se por minha boca.
Eu poderia morrer naquele instante, mas meu celular começou a tocar
Peguei meu celular que tinha parado de tocar e toquei no nome do papai para
retornar à ligação enquanto vi Rafael sumir no banheiro.
— Ei, pai — disse quando ele atendeu.
de felicidade me contagiou.
Tudo ia ficar bem, eu sentia isso em cada fibra do meu ser.
entregue em casa.
— Obrigada.
apareceu no limiar.
— Aurora, papai ligou para você...? Oi, Rafael, não sabia que você
estava aqui.
— Sim, estou indo para o hospital. Você vem? E o que você faz aqui?
Esse era meu único pensamento enquanto levava Aurora e sua irmã
para o hospital, a raiva que estava em fogo brando desde que soube de seu
assim como seu filho mais novo, Abner não era tão ligado à sua neta, então
não seria tão importante para o velho o que eu faria com ela. Já as filhas de
Ricardo eram outra história. O velho era um idiota por preterir uns aos
outros.
Cada membro da família foi ver Abner, um de cada vez, por alguns
e ela não percebeu que o avô era o homem que fez mamãe desistir de viver.
Ela parecia não querer ver aquilo.
Aurora veio e se sentou ao meu lado. Ela ainda conservava o rubor da
nossa brincadeira na sua sala mais cedo. Meu pau pulsou com a lembrança.
A menina tinha um poder sobre mim que ela não fazia ideia. Em seus vinte e
quatro anos, ela tinha esse ar de menina que me deixava completamente
ouriçado, louco para corromper aquele ar angelical dela. E saber que ela não
me queria com outras mulheres, fazia a merda do meu pau rugir de
satisfação. Minha pequena esposa era ciumenta. O canto da minha boca
subiu enquanto olhei-a com vontade de esmagar sua boca com a minha,
arrastá-la para o quarto mais próximo e continuar o que fazíamos mais cedo.
Ela era tão receptiva. Mas ela tinha razão sobre Michelle, ela era uma ótima
assistente e às vezes pensava em demiti-la. Nós transamos uma vez, logo que
ela foi trabalhar para mim, cinco anos atrás, mas deixei claro que nunca
passaria disso, mas ela era mulher e sempre deu a entender que estava
esperando que eu mudasse de ideia. Hoje de manhã ela foi a porra territorial,
tocando-me na frente de Aurora. Assim que a deixei no hospital, avisei
Michele que se ela me tocasse de novo, seria demitida. Ela gostava de seu
supersalário para tentar algo do tipo de novo.
— Você não precisa ficar, Rafael — Aurora falou, seu rubor se
intensificando quando ela correu os olhos por mim e sorri conhecedor. Será
que ela estava imaginando a forma que vou foder sua bunda deliciosa mais
tarde? Porque, diabos, se não vou! — Você deve ser um homem ocupado.
Meu celular tocou em meu bolso, impedindo-me de responder, tirei e
vi o nome de Chris. Antes de atender disse para minha esposa:
— Você é minha esposa agora, Aurora, e eu cuido do que é meu. —
Eu poderia beijá-la aqui e agora e mostrar a todos a quem ela pertencia em
vez disso disse: — Dê-me um minuto, sim? — Levantei e atendi o celular,
deixando-a mais ruborizada, se é que era possível, com minhas palavras, mas
talvez o rubor fosse de raiva por externar minha possessividade. — Chris?
— Soube que o velho não partiu dessa para melhor ainda — ele falou
tão alto que temi que Aurora pudesse ter escutado. Olhei para ela e seus
olhos estavam em mim, curiosos. Ela não parecia ter escutado alguma coisa
e fui para longe.
— Acho que, no fim, vou ter a chance afinal de contas. Estou no
hospital agora, eu poderia entrar lá no quarto dele e fazê-lo ter outro ataque
cardíaco. — Eu não estava brincando, eu faria isso sem pensar duas vezes, o
ódio que passei a vida inteira sentindo de Abner, eu faria qualquer coisa para
vê-lo igual minha mãe naquele maldito banheiro coberta de sangue.
— Você deveria deixar isso quieto, Rafael, correr atrás de vingança
nunca acaba bem — disse, como sempre, desde que contei a ele por que
estava me envolvendo com os Pontes. Christian além de meu melhor amigo
era o CFO da Lamartine Investment. Ele era americano e ex-jogador de
futebol americano, tinha jogado por dois anos pela NFL, mas depois de uma
lesão abandonou a carreira e terminou a faculdade e, como já éramos amigos
desde que tínhamos doze anos, ele veio para a Lamartine. Eu tinha grande
consideração pelas suas opiniões, entretanto, sobre aquele assunto, eu não
dava ouvidos ao que ele tinha a dizer, o que era muito por sinal. O homem
vivia para me chatear com seus conselhos.
— Christian, não posso deixar para lá, o maldito matou minha mãe,
ele é preconceituoso e um maldito esnobe, ele tem de pagar por ter iludido a
mamãe.
— Eu sei, cara, mas quem vai pagar pelos erros dele não será só ele,
toda a família, que não tem nada a ver, vai sofrer as consequências. —Ele
ponderou. — E sua esposa? Ela é inocente, Rafael, talvez ela queira estar
com outra pessoa, esse casamento foi um erro.
Fechei os olhos, pensando na minha linda mulher, uma onda
possessiva me abalou quando a imaginei com outra pessoa. Porra, não! Isso
não vai acontecer, caralho. Ela era minha mulher e ia continuar sendo.
— Você anda preocupado demais com minha mulher, Christian —
rosnei, com raiva de seu maldito zelo. — Dela eu me encarrego, não meta a
merda do seu nariz.
— Você que sabe, não falarei mais nada. — Ele já tinha dito isso
antes. — Teremos nossa cerveja hoje? — Ele mudou de assunto, falando de
nosso encontro semanal para tomar uma bebida quando não tínhamos
nenhum compromisso.
— Claro. — Eu tinha esquecido daquilo, mas ainda assim, confirmei.
Suspirei aborrecido e continuei: — Chris, sei que você se preocupa comigo,
mas sobre Abner, deixe quieto.
— Já esqueci esse assunto. — Ele riu e o escutei falando com alguém
ao fundo, depois ele voltou a falar comigo. — Tem uma gostosa querendo
minha atenção na mesa ao lado, cara. Por mais que ame você, irmão, as
mulheres sempre vêm primeiro.
— Você é a porra de um cachorro no cio. — Balancei minha cabeça
—Sua ex-mulher pode acabar com sua raça qualquer hora dessas.
— Não me fale dessa megera louca, acredita que ela quer meu
cachorro? — comentou, furioso.
desagradáveis, a cirurgia foi bem, mas ele ainda não está fora de perigo, por
isso temos de mantê-lo aqui. Ele pode ter outro infarto, isso não está fora do
quadro geral. Se ele continuar com os mesmos hábitos que vinha tendo, será
fatal para ele um próximo infarto. — O médico disse e olhou para meu avô.
Ele parecia frágil e abatido, tinha dificuldade para falar, mas estava
acordado. Eu tinha torcido para que ele estivesse melhor, para eu perguntar
sobre Rafael, mas me contive, se fosse algo grave e ele se agitasse, seria
pior, poderia ter um possível novo infarto. Todos tinham ido embora, depois
da visita, e fiquei mais um pouco. Rafael permaneceu ali. Era estranho tê-lo
por perto, mas ao mesmo tempo era reconfortante.
proibido.
telefone e me aproximei.
— Eu falo com você manhã. — Ele escutou a outra pessoa. — Sim,
estarei na empresa amanhã cedo, Michelle, e a reunião não pode ser adiada,
confirme isso. Mande para mim e trabalharei a noite nele.
querida”
Aurora:“Está melhorando. E já era hora de você voltar, fez falta”
casamento aleatório?”
Outra mensagem chegou em seguida, sem que eu tenha respondido.
Lanie:“Se seu avô estiver melhor, vamos comemorar com uns drinks
no La Point”
La Point era o bar que sempre íamos para uma bebida e conversas de
meninas, era calmo e dava para conversar tranquilamente.
sabia os planos dele para hoje, por isso acabei dizendo: — Vamos nos
encontrar lá pelas sete e tomarmos umas bebidas e comemorar a recuperação
pela esposa, Rafael. — Ri sem graça pelo tom preocupado dele. Ele não
respondeu, o que ele fazia muito, sempre que eu fazia uma observação ou
perguntava algo que ele não gostava, ou criticava alguma coisa. Eu deixei
para lá, mas percebi que enquanto dirigia, uma vez ou outra, olhava-me pelo
canto do olho.
Meu marido poderia gostar um pouco de mim?
16
esperando. Ela estava bronzeada e toda iluminada por ter passado esses
últimos dias no Nordeste, tomando sol nas praias. Ela se levantou quando me
— Já bateu! Cadê minha bebida? — Sorri feliz que ela estava de volta.
— Bianca ainda não apareceu?
Ela nem tinha me respondido, estava em uma eterna lua de mel com
Lucca.
— A safada deve estar com medo de me ver, vou lhe dar uns sopapos
e falar a verdade, eu não fui obrigada, eu caminhei para aquele altar porque
achei que devia. Eu, antes de tudo, sabia que a Pontes poderia vir a falir se
não tivesse uma boa interferência de uma injeção de capital.
Estava fazendo o pedido de um cosmopolitan quando meu celular
vibrou na minha bolsa. Peguei o aparelho e vi a resposta de Bianca.
volta na bolsa. — Então seremos só nós duas. Conte-me como foi suas
férias.
— Minhas férias só não foram perfeitas, porque Lucca achou que não
deveríamos voltar quando soube o que aconteceu. Eu quis voltar antes do
planejado, e tivemos um desentendimento, mas não quero falar de mim,
quero saber sobre você e o gostosão do Rafael.
— Saber o quê? — Fiquei vermelha, me entregando e Lanie
gargalhou. Ela sabia da minha paixão por ele desde que o conheci.
— Diga-me, casou com ele porque estava apaixonada, não é? —
deduziu. Eu não tinha admitido aquilo nem para mim mesma e agora ela
queria que eu colocasse minhas entranhas para ela ali?
— Claro que não! Casei-me pela Pontes, porque também achei que
podia ganhar um tempo e o casamento era falso — disse — E, eu sei que ele
retiraria sua proposta da mesa, caso não fizéssemos o que ele queria — soou
falso até para mim quando as palavras saíram da minha boca.
— Você diz isso para si mesma todos os dias quando levanta da cama,
querida Aurora? — ela falou num tom humorado de deboche. — Sou eu,
Lanie, sua melhor amiga aqui, não seu pai ou sua irmã. Eu sei que é
apaixonada por Rafael e que viu nesse casamento uma forma de conquistá-
lo.
— Não foi bem assim, — continuei falando. Ele fez seu advogado
conseguir uma troca de nome nos documentos em tempo recorde. Aquele
advogado dele tem algum poder demoníaco. Estou falando.
O garçom trouxe minha bebida e tomei um gole para molhar minha
garganta repentinamente seca.
— Entendo.
— Eu fiz o que tinha de ser feito.
— Sim, e ele nega. Acha que ele diria se tivesse algo contra nós?
— Agora me fale sobre o homem na cama. — Ela bateu palma toda
feliz, como uma criança no parque de diversão. — Vocês fizeram, né?
— Lanie — disse, meu tom de reprimenda, olhando para os lados.
Felizmente as pessoas ao redor não aparentavam estarem escutando nossa
conversa. Inclinei-me para frente e falei baixo. — Ele é incrível.
Simplesmente maravilhoso.
— Meu Deus! Aurora está recebendo algo! Já era hora. — Ela riu
divertida e seus olhos brilharam para mim. — E o tamanho?
— Sério, Lanie? Uma mulher dessa idade parecendo uma adolescente?
— Querida, uma mulher não tem idade para querer saber sobre essas
coisas, principalmente eu que gosto muito da coisa em questão. — Ela fez
sinal para o garçom trazer outra bebida para nós. — Então o tamanho está
proporcional ao tamanho e largura do homem? Veja bem, largura também é
importante.
O tempo passou sem que nós duas percebêssemos, pois Lanie me fez
rir com seus comentários sobre pau e toda safadeza que ela conseguia
pensar. Estava me divertindo horrores com sua conversa quando ela olhou
para atrás de mim.
— Aquele ali não é seu marido pauzudo, junto com o gato suculento
Christian? — ela perguntou e me virei para ver Rafael e Christian vindo em
nossa direção.
— Se recomponha que você tem um namorado. — Eu a lembrei,
enquanto ela tinha olhos de loba faminta olhando para Christian, no entanto,
eu sabia que ela fazia isso apenas para se divertir. Ela não era namoradeira,
nem nada, estava com Daniel por anos.
— Tenho um namorado que gosto além da conta, mas não sou cega
nem doida — disse ela e abriu um sorriso quando os homens chegaram
próximos a nossa mesa. — Senhores sejam bem-vindos.
Eu tinha dito a Rafael qual bar viria e ele achou legal aparecer para
atrapalhar minha noite com minha amiga?
Eles sentaram-se à mesa a convite de Lanie e Rafael puxou sua cadeira
até estar colada a minha. Ele passou o braço por trás do encosto e se inclinou
para mim, seus lábios roçando minha orelha.
— Oi, amor — disse num sussurro íntimo que fez arrepios correrem
por meu corpo. Quando olhei para Lanie, ela tinha um sorriso mal contido e
só lembrei do nosso papo sobre o pau de Rafael. Deus!
— Você está me seguindo? — Minha voz saiu meio arfante.
— Aurora, é bom ver você — disse Chris, do outro lado da mesa, ao
lado de Lanie. — Eu sinto muito pelo seu avô.
— Obrigada. — Acenei para ele em agradecimento. — Não sabia que
vocês iam sair — comentei para ele e Rafael que continuava com o braço no
meu ombro.
— Uma vez na semana, sempre tiramos um dia para uma bebida —
Chris comentou e olhei para meu marido que estava fazendo sinal para o
garçom.
A conversa continuou e senti os dedos de Rafael acariciando meu
ombro, como se me tocar fosse algo inconsciente e ele nem percebesse que
estava me tocando.
Duas horas antes
Abner pagar por seus atos e até agora eu não fiz nada disso. Ele
simplesmente achou legal acabar com eles — argumentei ainda furioso que
Abner tinha tido um ataque sem que eu pudesse tê-lo no chão de joelhos. O
quanto ele imploraria para que eu continuasse com sua neta em vez da
humilhação que ela sofreria na alta sociedade que ele tanto prezava. Ter a
neta humilhada ou implorar que continuasse casada com o “favelado”? O
orgulho dele com certeza não iria querer que eu a deixasse. Bom, de
qualquer maneira, isso foi o que fantasiei, de verdade? Aurora tinha
aparecido e mudado tudo. E isso, porra, só ficava pior, e eu nem sabia o que
faria se ela revolvesse que não queria continuar com aquele casamento, que
se sustentava apenas porque ela não queria que a Pontes viesse a falência.
—Então, se você diz. — Chris sempre argumentativo.
— Não seja ridículo. — Saí pela tangente, pois não sabia o que sentia
por Aurora além do desejo louco de fodê-la até cair morto. Apenas a ideia de
não a ter mais em minha vida fazia meu peito queimar como se alguém
não, mas eu tinha uma possessividade com ela que nunca tive por mulher
nenhuma.
— Você tem falado com sua tia? — Chris perguntou. Ele conhecia
Encontrar sua irmã morta em sua casa, foi algo que mudou Letícia, não foi
pior porque ela me tivera lá para terminar de criar ou ela teria sérios
problemas psicológicos. Ela dizia que eu era sua terapia, tinha a mantido
firme. Por isso o Pontes mais velho nunca saiu dos meus planos de um me
vingar dele.
— Não, ela anda chateada, você sabe — disse, por fim, tomando um
marido. E vê-lo seguindo por um caminho de vingança, ela tem receio que
isso te leve por um caminho sem volta. — Ele me encarou — Sabe o ditado,
não é? Antes de sair atrás de vingança, cave duas covas?
nada deu muito certo e quando achei que os colocaria onde eu os queria,
Aurora apareceu, fazendo-me questionar tudo e, agora, Abner querendo
— Haven, quem?
Abri um sorriso completo, ele estava tão fodido.
cara de pouco amigos. — De quem foi a ideia de ela vir morar no Brasil? Ela
tem parte com satanás, ou ela tem uma câmera na minha casa, porque sabe
exatamente a hora que não deve aparecer. — Escondi meu sorriso. Bingo!
Ele mais uma vez se deixou levar por sua ex. — Haven será minha morte,
ele tinha que falar mais sobre o assunto. Meu amigo estava indignado.
— Sabe o que acho? — perguntei, ainda com um sorriso nos lábios.
algo para eles se divorciarem e não era porque Haven o deixava louco.
— Por isso mesmo, quando uma mulher te enlouque é porque ela é
— Sabe que ela era... — o que ela era para mim? As coisas têm ficado
cada dia mais confusa, minha atração por Aurora não era de hoje, desde que
a conheci que a queria para mim, eu agora a tinha e queria mantê-la, porra!
— O que sente por ela? — Ele esticou as pernas por baixo da mesa em
— Sei que a queria desde que veio para o Brasil e a viu, por que isso
então? É sua chance com a mulher que desejou, meu amigo.
— Então vamos lá, preciso conhecer mais a mulher que está laçando
meu amigo. Cara, você levou uma surra de boceta, é hilário de ver. — Ele
riu e, pouco mais de quinze minutos depois, estávamos no bar onde Aurora
mais calada desde que me sentei ao seu lado e eu não conseguia tirar a mão
dela. Enquanto conversávamos, deixei meus dedos irem e virem sobre sua
pele sedosa do ombro até a nuca, meu polegar fazendo redemoinhos em sua
pele, os arrepios que causei a cada vez que arrastei meus dedos, me fez ficar
duro pra caralho. Ela era incrivelmente receptiva e eu amava isso, porra!
Quando, por fim, demos a noite por encerrada e paguei sua conta,
— Agora é a minha vez de opinar sobre sua vida amorosa. Aurora está
apaixonada por você, cara, não estrague isso — disse muito sério, o que era
raro quando ele não estava em uma sala de reunião. Olhei para onde ela
estava com sua amiga e a encontrei me olhando e sua amiga rindo. Elas
estavam falando de mim? Ela estaria mesmo apaixonada? Ela ficou chateada
por eu ter exigido que ela substituísse sua irmã, seria por isso? Ela estava se
sentindo preterida por eu ter escolhido casar com Bianca. Tolinha, a única
razão por ela ser deixada de lado era que eu não queria magoá-la, só em
pensar nisso me deixava furioso.
17
enquanto atacava seus lábios com o meu, o beijo foi duro e falava de uma
loucura que tomava cada célula dos nossos corpos. Agarrei sua bunda e a
levantei para que ela enrolasse suas pernas no meu quadril enquanto lambia
e devorava sua boca gostosa. Maldição, estava louco por essa mulher, ela
mãos trabalharam com maestria e, pouco depois, meu pau saltou duro e
orgulhoso para fora da minha boxer. Agarrei a base grossa do meu pau e
esfreguei a ponta nos lábios inchados dos meus beijos.
— Então tome, amor, chupe-me gostoso. — Sorri sombriamente,
minha mente tomada pela luxúria. Ela colocou beijos na ponta como se fosse
algo delicado e tentei levar a coisa ao próximo nível, mas ela me parou,
saboreando o momento, sua língua saiu e ela lambeu lenta e
provocativamente, seus olhos escureceram de prazer quando ela me engoliu
todo em sua garganta, arrancando-me um gemido.
— Merda!
Nossos olhos estavam trancados um no outro enquanto ela levava meu
tamanho até a base, com lágrimas enchendo seus olhos. Impaciente eu saí e
voltei, fodendo sua boquinha impertinente com gosto, ela choramingou
enquanto fodia até sentir que iria explodir. Ela levou tudo de mim sem
reclamar, ela gostou da minha rudeza, pois umas de suas mãos estava entre
suas pernas, brincando consigo mesma, minha esposa safadinha. Apesar da
vontade de gozar e encher sua boca com minha porra, eu me controlei e a
puxei para cima, eu queria gozar na sua boceta apertada que me pertencia.
Arranquei o restante de nossas roupas e a empurrei para o sofá. Precisava
estar dentro dela, mas antes...
Deitei-a no sofá e abri suas pernas, ficando de joelhos entre elas. Sua
boceta rosada era como um chamariz, abri os lábios.
— Amo sua boceta — disse antes de me inclinar e passar minha
infinito.
Caí por cima de Aurora sem forças. Rolei para o tapete e ela caiu em
cima de mim, invertendo nossas posições, e ficamos lá, apenas nossas
respirações no silêncio da casa. Droga, nem lembrei que Joane ficaria até
tarde por ali.
— Venha, amor. — Eu peguei Aurora no colo e subi as escadas para
nosso quarto e fui direto para o banheiro. — Você está bem? — perguntei,
sentando-a no balcão e, depois, indo encher a banheira.
Ela estava calada e me olhando enquanto estava organizando o banho.
— O quê? — Dei a ela um meio sorriso, ao mesmo tempo que corria
meu olhar por seu corpo divino. Caramba, ela era linda pra caralho!
— Só admirando a vista — disse ela, com malícia em seus olhos, e
meu sorriso cresceu. — É um homem incrivelmente bonito.
Voltei para ficar entre suas pernas e me inclinando levei um mamilo na
boca, sugando forte o broto. Porra, ela me intoxicava de uma maneira que
mau-gosto, mas saímos para jantar juntos algumas vezes e com nossos
amigos, depois daquele encontro no bar que Rafael veio com Chris nos
próximo encontro e não existia mais tensão entre ele e Rafael. Meu marido
parecia ter esquecido que Lucca roubara sua noiva. E eu estava tão
envolvida com Rafael, que esqueci que nada era real, que suspeitei dele no
início. Ele era maravilhoso comigo que nem lembrava mais da conversa que
mas vou trabalhar direto com ele. Isso foi o que a entrevistadora me
garantiu, que ele vai precisar de um advogado auxiliar, então a escolhidaaaaa
incrível, sabe disso, não é? Mas esse Domênico não é o advogado do Rafael?
Bianca, que estava mexendo no celular, acenou com ele no nosso
rosto.
— Agora eu entendo por que ela está tão feliz, olha esse homem,
isso, gente? Sim, era o mesmo homem que conheci na noite do meu
casamento.
ver aqui se ele é isso tudo mesmo. — Ela analisou a foto, ficando vermelha.
— Normal, nada demais — falou, torcendo a boca e devolvendo o celular.
ditado?
— Que ditado?
Nós duas rimos e Lanie mostrou o dedo médio para nós discretamente.
— Brincadeira, sabemos que você está com Daniel e são fofos juntos
perdeu um pouco o brilho de antes e ela sorriu quando voltou a nos olhar. —
Vamos brindar ao novo tempo de Lanie Albuquerque.
— Tim-tim!
18
nas ações da empresa desde que ele teve o infarto. E, agora, ele tinha
desenvolvido uma infecção e os médicos estavam preocupados, por isso ele
— Onde você está? —Eu senti que dessa vez as coisas teriam um
rumo diferente de alguns dias atrás.
— Estou indo para o carro.
— Rafael está com você?
— Não, ele saiu tem mais de duas horas. — Oh, eu pensei que os dois
estava ocupado.
— Droga! — O que havia acontecido? Vovô estava bem esses dias, a
infecção aparentemente estava regredindo, o que teria acontecido?
O trânsito estava infernal e pareceu demorar horas até chegarmos ao
hospital. Nosso mundo caiu quando vimos Bianca chorando agarrada com
Lucca. E eu soube que o vovô não tinha resistido. Eu parei sem coragem de
ir até eles, lembrei-me do dia que a mamãe morreu e tinha esse mesmo clima
do hospital e fui para o carro onde papai estacionou, o motorista dele estava
encostado no veículo e quando ele me viu se endireitou.
— Vai aonde, senhorita Aurora? — perguntou, solícito.
— Só vou me sentar por um momento, Dimas. Pode dar uma volta e
tomar um café, se quiser — falei entrando no veículo, fechando a porta,
deixando a emoção me tomar. O vovô era como uma rocha inabalável para
nossa família, sem ele para nos manter unidos, não sabia como seria dali
para frente.
Não tinha ideia de quanto tempo estava sentada lá, em um estupor,
quando a porta do carro se abriu e Rafael sentou ao meu lado e sem dizer
nada, puxou-me para seu colo, embalando-me feito um bebê. Eu não chorei,
parecia que minhas lágrimas fariam com que tudo se tornasse real e não
queria acreditar que perdemos mais uma pessoa de nossa família. Primeiro a
mamãe, depois a vovó e agora o vovô. Nossa família estava se desfazendo
aos poucos. Tranquei tudo dentro de mim, não deixando nada sair.
— Tudo bem, querida, tudo bem — Rafael sussurrou com carinho,
apertando-me contra seu peito forte. Eu o abracei e nem tinha percebido o
quanto eu precisava daquele conforto. Eu odiava me sentir frágil assim, mas
três pessoas importantes na minha vida saíram tão de repente que agora
estava me sentindo sobrecarregada com aquele peso esmagador no meu
peito. Estava com dezessete e Bianca com quinze quando mamãe morreu,
depois aos dezenove foi a vovó, agora era o meu avô.
— Você quer ir para casa? — Rafael perguntou depois de algum
tempo, segurando-me. Seu cheiro limpo e masculino me intoxicou e desejei
estar em outro lugar com ele em vez de num carro em um lugar público.
Sentei corretamente e olhei para seu rosto fechado e sisudo. Ele
parecia com raiva e queria perguntar por que ele parecia chateado.
— Eu preciso ir lá dentro, papai e Bianca, eles precisam de mim e...
— Eles vão ficar bem, Aurora, deixe-me levá-la para casa, vou
providenciar que alguém possa tomar todas as providências para que vocês
não se preocupem com nada. Confie em mim.
E por incrível que parecia, eu confiava nele, mesmo se estivesse com
todos os pés atrás, que eu tinha com ele, eu apenas precisava confiar em
alguém naquele momento.
19
Três dias depois...
trocar as roupas, voltei para baixo atrás de algo para tomar. Talvez se eu
fato dela falar assim e por estar ali, quando claramente não estávamos em
casa. Rafael tinha ficado na casa de Abner.
— Como? — perguntei, chocada com as palavras da mulher, eu só a
tinha visto duas vezes, apesar dela não ser amigável e estar sutilmente me
mostrando que tinha uma intimidade com Rafael que não deveria ter, já que
ela era sua assistente. Ela nunca tinha sido hostil comigo, na verdade eu fui
mais, desde que notei seu interesse no meu marido.
— Você sabe por que ele se casou com você, doce Aurora? — Ela riu
sem nenhum humor. — Você sabe quem foi a última pessoa que seu avô viu
que eu era uma dondoca? Ela por acaso me conhecia? Antes que eu
retrucasse, ela continuou. — Abner Pontes era o homem que Rafael queria
se vingar. Ele casou com você por vingança, orquestrou a falência da Pontes
e o último golpe dele foi fazer seu avô enfartar. — Ela disparou, vomitando
as palavras, sem ter ideia do que suas palavras fizeram comigo. Estava
paralisada de choque e consternação. — Você sabe que estou dizendo a
verdade, não é?
Eu não consegui falar, estava sem ar, meus pulmões não estavam
enviando oxigênio suficiente para que eu respirasse e tudo pareceu se
encaixar, aquilo que esteve ali o tempo todo, bem na minha cara, e eu não
quis ver. A raiva de Rafael por Abner era evidente, ele me contando no iate,
na França, sobre o homem que ele dissera querer que tivesse o mesmo
destino de sua mãe, que ele faria o homem colocar um fim em sua própria
existência quando terminasse com sua vingança. E eu não liguei os fatos,
quando tinha tudo bem ali, às claras.
— Aurora? — A voz de Rafael veio de algum lugar e eu não
conseguia enxergar nada, era como se minha visão estivesse nublada — O
que está acontecendo aqui?
— Estava dizendo umas verdades para sua esposa, Rafael. Ela precisa
saber a verdade, não é mesmo?
— O que disse a ela? Michelle?
— A verdade que você está escondendo dela, que você matou o avô
dela com as ameaças que fez no dia que ele teve seu segundo infarto. — Ela
riu como uma louca e eu queria que ele negasse tudo aquilo, não podia ser
real, ele não faria algo tão asqueroso, não é? Ameaçar um homem idoso,
doente, que poderia vir a morrer. Virei-me para olhar meu marido,
procurando a verdade em seu rosto, mas o que encontrei em suas feições me
dizia que a sua assistente não estava mentindo em tudo.
— Aurora — ele falou meu nome em um sussurro agoniado e senti
minhas pernas desfalecerem. Rafael me firmou no lugar e queria empurrar
suas mãos para longe, mas estava sem forças e se ele me soltasse, cairia no
chão, pois a tontura me fez cambalear sem rumo.
— Diga-me que você não fez, que não foi até aquele hospital, Rafael
— supliquei, pois, custava a acreditar que ele tinha feito algo assim. Um
crime, se fosse verdade, pois ele sabia da condição de Abner e ir até lá, de
propósito, consistiria em um crime, tinha certeza daquilo, se não, era no
mínimo imoral
— Ele não vai lhe dizer e você deveria me agradecer por esse favor
que lhe fiz— falou a megera, interferindo na conversa. O que ela ainda fazia
ali?
— O que diabos está fazendo, Michelle? O que está fazendo aqui na
minha casa, em primeiro lugar? — esbravejou ele.
— Você errou em me tratar como lixo, Rafael. Eu não nasci para ser
feita de idiota por homem, achou que podia me demitir e não acontecer
nada? Achei que sua esposa deveria conhecer você. Bem, agora ela sabe. —
Ele a demitiu e isso era uma vingança? Tinha alguma chance de ela apenas
estar inventando aquilo para prejudicar Rafael? Deus, eu realmente estava
procurando uma desculpa para ele? Ele nem negou as acusações. E mesmo
que tivesse negado, as coisas estavam bem ali, na minha cara, e eu achei por
bem ignorar a raiva dele de Abner, tudo.
Percebi Rafael ficar lívido de raiva, ele a pegou pelo braço e a puxou
porta afora. Eu estava tremendo, chocada, e inacreditavelmente incrédula.
Dor, mágoa, decepção nem poderia expressar tudo que eu estava sentindo
naquele momento. Não queria considerar a verdade, que ele provocou a
morte de meu avô, virei-me e voltei em direção a escada, não iria ficar
naquela casa nem um minuto a mais, sentia-me mal e meu estômago
embrulhava saber que estive dormindo com o homem responsável pela
morte de Abner. Corri escada acima, entrei no quarto principal e comecei a
pegar minhas roupas e jogar dentro da primeira mala que vi pela frente. Eu
ia embora dali o quanto antes.
Peguei as minhas coisas do banheiro e quando voltei para o quarto,
Rafael entrou. Ele olhou para mala e para mim.
— O que está fazendo, Aurora?
— Se tenho de explicar o óbvio — ironizei e fechei a mala, depois
mandaria alguém levar minhas coisas dali. — Se acha que vou continuar
morando com o homem que matou meu avô, está completamente iludido e
mais louco do que pensa.
— Não pode fazer isso — disse ele, aproximando-se de mim. — Eu
não matei ninguém.
— Depende do seu ponto de vista. — Dei um passo para longe dele,
só de pensar nele me tocando, me dava ânsia. — Esteve no hospital naquele
dia?
— Estive, mas não fui até o quarto de Abner — disse ele, com tanta
certeza que por um momento achei que podia estar falando a verdade. Mas e
todo o resto? Eu não acreditava nele.
— Por que eu deveria creditar em você? Tudo isso — fiz sinal ao
nosso redor — é uma mentira, Rafael. Este casamento é uma piada de mau
gosto. O que realmente queria? E...
Eu parei quando algo me atingiu. Lembrei de que ele falou que a mãe
era amante de um homem e ele a humilhou, enganou e seduziu. Ele estava
falando de Abner? Ele era filho de Abner?
Fiquei horrorizada e paralisada. Se fosse o caso, Rafael não teria
casado comigo, teria? Seria ele tão sem moral? Jesus, quem era esse
homem?
Eu também não queria acreditar que meu avô fora essa pessoa que ele
odiava.
— O homem que você disse que se vingaria era Abner? Que estava
planejando fazê-lo pagar por destruir a sua mãe? — perguntei, apenas para
ter certeza. — Você casou comigo para o quê, afinal? O que isso faria para
Abner? Meu avô não se importava com quem eu me envolvia. O que você
quer, Rafael?
Jorrei as perguntas para fora e uma lágrima, enfim, começou a deslizar
por meu rosto. Parecia que hoje tinha sido o dia que deixei para todas as
lágrimas caírem.
— Diga-me, você não é filho de meu avô, não é?? — Botei pra fora
para tranquilizar minha mente, pois estava descobrindo que não sabia quem
Aurora. Primeiro, eu não queria me casar com você. — Mesmo com raiva e
decepcionada, eu sentia como se ele tivesse dado um tapa em meu rosto. Por
vinco entre seus olhos e, por um momento, ele pareceu em agonia, mas eu
não ia acreditar em nada que ele falasse.
nos últimos tempos? Como fui esquecer que não nos casamos por amor
eterno? Burra, Aurora, isso que você é!
— Eu não entrei lá, Aurora. Eu fui ao hospital, sim, mas eu não entrei
— falou com veemência e balancei a cabeça, não acreditando nele. —
Naquele dia eu estive com Ricardo em uma reunião quase a manhã toda e já
tinha decidido que ia continuar com o investimento.
que tínhamos era maior. E Abner adoeceu fazendo meu plano fracassar, mas
a maior responsável por tomar minha decisão foi por que eu queria dar uma
visto aquilo vindo. Rafael brincando com nossas vidas, rindo de nós como o
gato brincando com o rato antes de arrancar sua cabeça fora. Eu sentia como
se tivesse me partindo ao meio, eu me apaixonei pelo inimigo, dormi com
ele todos os dias, achando que estava tudo bem enquanto ele planejava nos
destruir. Mentiras e mais mentiras. Como ele podia brincar assim com nossas
também estava furioso, talvez por que não estava dando ouvidos ao que ele
queria que eu acreditasse.
a onda de tensão saindo dele, mas não fiquei mais lá. Estava deixando aquele
casamento de mentira para trás.
apartamento?
— Primeiro me diga onde você está?
mentiras.
Uma hora depois, estava no meu apartamento com Lanie e minha irmã
enquanto colocava para fora tudo que a mulher ordinária me disse. Uma
lágrima de raiva desceu por minha bochecha e quis rasgar Rafael inteiro.
Bianca disse depois que expus algumas das coisas que Rafael tinha me dito
na França.
— Ele queria que Abner tivesse o mesmo destino — falei, fungando e
com raiva de mim mesma por permitir que ele me atingisse daquela forma.
Eu não era mulher de chorar facilmente, mas percebi que, desde que me
casei, andava fazendo algumas vezes. Não gostava de chorar, pois não ficava
xícara. — Fiz um chá, sei que odeia, mas tome alguns golinhos, está se
tremendo toda, Aurora.
— Ele pode muito bem dizer que foi um mal-entendido para o Rafael
não tirar o investimento da Pontes — Bianca complementou, o tom de
desgosto igualando com o meu. — Ela veio e se sentou ao meu lado. — Mas
não fique pensando que o erro foi seu, Aurora. Eu me sinto mal porque era
atrás de mim e não quero conversar agora, a raiva que estou sentindo dele
pode me fazer dizer ou fazer coisas que não quero.
— Por que não tira umas férias? Vai para suas tão sonhadas férias,
esquece o Rafael e pega algum gostoso no processo — Lanie opinou, ela
estava sentada à nossa frente. — Eu agora adoraria um pouco de álcool para
aliviar a fadiga.
— Claro que não, ele diria a Rafael e meu marido me seguiria até lá.
— Ou assim eu pensava que ele faria, ou talvez ele nem dê a mínima para o
— Breve quando?
— Duas semanas, foi o que ouvi de papai, mas não tenho certeza.
tudo virá de uma só vez. Meu voto vai para: Aurora fica e acerta o nariz de
Rafael com um soco e depois o beija e fazem as pazes, fim.
ele esteja falando a verdade e que os planos infalíveis não foram como ele
queria.
— Voto vencido. — Eu disse e me levantei para fazer minha mala.
Fazia um mês que tinha saído da casa dele, e não o vi desde então. Eu
peguei as férias que nunca tinha tirado desde que comecei na Pontes, o que
era desde antes de terminar a faculdade, e fiquei um pouco sozinha na casa
de praia da família, eu não ia lá havia muito tempo. Tinha voltado havia
mais de uma semana para a leitura do testamento de Abner. Só foi uma
formalidade, pois em vida ele expressou claramente quem herdaria o quê, e
eu não ligava para nada daquilo. Agora, ao que parecia, eu também tinha um
herdeiro para pensar.
Estive enjoada na última semana e meu período estava atrasado tinha
algum tempo, como acontecia às vezes, eu nem tinha me importado. E agora
estava ali, olhando a prova da minha falta de responsabilidade. Eu não sabia
como isso tinha acontecido, eu jurava que não tinha falhado a pílula. Ou será
que esqueci? Não me lembrava. Sei que não era um método infalível, mas
qual a probabilidade de acontecer logo comigo?
Eu estava azarada.
Quando o pensamento veio, eu logo o recriminei, meu filho não era
queria ter nada com ele, eu queria odiá-lo, só que não conseguia desligar os
sentimentos. Os dias passados longe de tudo me fizeram pensar melhor, eu
sei que ele viveu preso ao que aconteceu com sua mãe, mas ele não tinha o
direito de armar um plano para se vingar. Eu já não sabia o que pensar.
Entendia seu ódio por Abner, claro que entendia, mas ele não tinha o
direito de fazer algo para que vovô tivesse outro infarto tão próximo do
primeiro, sabendo do risco que ele corria.
forças, da surpresa.
— Ah, não sei, pela situação, você poderia abortar.
— Abortaria um filho seu com o Lucca?
— Mas é claro que não, é diferente — disse ela, sentindo-se ofendida,
como se a sugestão dela para mim não fosse uma ofensa.
— O que é diferente? — Eu estava chateada, porque o que ela sugeriu
era um absurdo, era um inocente ali, que não pediu para nascer. Não
importava o futuro, eu teria meu bebê. E eu não precisava de Rafael na
minha vida para que isso acontecesse.
Olhei minha melhor amiga que ainda não tinha dito nada depois que
dei a notícia, vindo e sentando-se ao meu lado, pegando minhas mãos nas
dela.
— Estamos aqui por você, querida. — Depois me envolveu em um
abraço. — O que você decidir, eu apoio completamente. Mas deve seguir seu
coração e só em olhar para você, sei que vai ter esse bambino. E me fazer a
tia mais linda desse mundo.
— Obrigada, Lanie, você certamente será a tia mais gostosa — disse,
olhando Bianca desdenhosamente.
— Ei! — O grito indignado de Bianca nos fez rir. — A tia mais
gostosa e legítima será eu, oras.
— Você será a tia má, cai, fora — Lanie disse e acabamos rindo, o
estresse saindo aos poucos. — E para comemorar a nova mamãe, vamos
jantar fora e, claro, nos vestir como se fôssemos a uma premiação do Oscar.
Sim, o exagero da pessoa que não tinha limites.
— Sem chance, topo sair para comemorar, mas sem vontade para me
a minha devia estar mostrando todo ciúme que estava sentindo naquele
momento. Ele já seguiu em frente e eu estava ali, comemorando a descoberta
de nosso filho.
Que patética me tornei depois que me apaixonei por aquele homem.
Empinei meu queixo e retornei minha atenção para minha comida.
— Parem de olhar para eles — disse para as meninas. — Ignorem,
pois farei exatamente o mesmo.
— Não tem como, porque ele está se levantando — Lanie disse, mas
eu não olhei, eu tinha mais controle que aquilo.
— É melhor ele não vir aqui — disse, aborrecida, ele não tinha de
passar na minha cara que eu já era parte do passando, mas o que eu estava
pensando? Eu nunca fui importante.
— Boa noite, senhoras. — Ouvi a voz de Rafael, mas continuei de
cabeça baixa, comendo meu camarão. Não daria a ele a satisfação de ver de
perto o quanto eu estava chateada por o encontrar ali, com outra mulher. —
Aurora? — disse meu nome, com um tom que fazia minha barriga vibrar de
excitação, mas endureci no lugar sem tomar conhecimento de sua presença.
Filho da puta, traiçoeiro! Isso que ele era.
— Ei, Rafael — Bianca falou. — Por que não trouxe seu encontro
estivesse pronta. De qualquer maneira, foi o que disse a mim mesmo. Dei o
tempo para ele recapitular e não achar que eu era o vilão da história.
— Você me dá licença por um minuto? — disse, já me levantando da
cadeira.
— Não esqueça que foi você que me convidou para esse encontro e
fique sabendo que seu amigo está pirando, achando que você está a fim de
me pegar — Haven disse, olhando o cardápio muito à vontade. A mulher era
exasperante, como Christian lidava com ela, estava além de mim.
— Tenho amor ao meu ... — fiz um gesto discreto em direção a minha
virilha. — Para pensar ou olhar para você de outra forma que não seja como
mulher do meu melhor amigo.
— Ótimo, também acho você uma graça — ironizou ela. — Se não se
importa, vou pedir meu jantar, você pode ir falar com sua mulher.
Caminhei para até a mesa de Aurora.
A conversa que estava tendo com o topo de sua cabeça me exasperou.
Ela ainda estava chateada, porra!
Quando ela disse que só conversaríamos sobre divórcio, eu vi
vermelho. Não haveria divórcio. Caramba!
— Ok, não haverá divórcio tão cedo se não me der cinco minutos de
seu precioso tempo, esposinha — disse, com mais raiva em minha voz do
que pretendia, ela ainda estava chateada por causa de Abner. Eu não tinha
dito nada ao velho maldito que do túmulo ainda estragava minha vida. Sem
esperar se ela responderia ou não, eu a deixei, realmente estávamos
chamando atenção, mas se Aurora achava que tinha ganhado essa rodada, ela
iria descobrir muito em breve que eu não desistia fácil.
— Sabe, Rafael — disse Haven, olhando-me pensativa. — Eu e
Christian nos magoamos muito e continuamos nos magoando, porque assim
ainda estamos um na vida do outro, mesmo de forma distorcida, não deixe
isso acontecer com vocês, se a ama não faça como nós.
— Vocês deveriam sentar e resolver suas merdas. Você é uma mulher
incrível, só louca quando se trata de Christian — disse benevolente, pois os
dois eram terríveis um para o outro.
Meia hora depois, vi Aurora, sua irmã e a amiga se levantarem para
irem embora, minha vontade de seguir atrás dela era violenta, mas me
contive e tentei terminar meu jantar. Conversei com Haven e, pouco antes
terminar a noite um na casa do outro, e os deixei, indo para meu carro. Sem
que eu percebesse, estava parado em frente ao apartamento de Aurora.
Não demorei muito para subir até seu andar, ela não proibiu minha
entrada na portaria, bom sinal, eu esperava. Quando toquei a campainha,
pouco depois, a porta se abriu para mostrar uma Aurora pálida e suada. E
com apenas uma camiseta grande e folgada que ia até seus joelhos.
— Nada, apenas algo que comi no restaurante que não me caiu bem —
disse e correu de volta para dentro do apartamento. Eu a escutei vomitando
no banheiro. Entrei e segui o som, encontrando-a agachada no vaso do
banheiro.
22
Ele tinha invadido meu banheiro, mas o expulsei, nunca que ficaria
vomitando minhas entranhas na frente dele. O enjoo tinha me atacado desde
pela manhã. Agendei de última hora para ela me indicar algum obstetra.
Passei a mão na barriga acarinhando a vida dentro de mim, Rafael
acompanhou o movimento de testa enrugada.
— Posso ligar para sua irmã e ela vai com você, se não quiser que eu a
— Aurora...
— Então por que veio, Rafael?
— Você sumiu por um mês, estava preocupado.
— Bem aqui estou eu, sã e salva. Não sou sua responsabilidade, como
disse lá no restaurante, eu quero me divorciar.
— Eu disse que primeiro precisamos conversar.
— Para quê? Você conseguiu o que queria, meu avô está morto, pois
casar com umas das netas de Pontes. Nem foi a primeira vez, na verdade. Eu
nem me lembro que idade tinha quando a vi, você era um bebê, deveria ter
no máximo um ano, não sei. Eu era muito pequeno para me lembrar datas
exatas. Minha mãe me levou para casa dos Pontes porque a vizinha não
pudera ficar comigo e, como ela não tinha com quem me deixar, eu fiquei
perambulando pela casa até estar na frente da menininha que estava em um
carrinho. Comecei a brincar com a bebê e de repente Abner estava lá,
avisando-me para não ficar perto de sua neta preciosa, que eu era um sujinho
com piolhos e outras merdas, que sujaria sua neta. Ele me arrastou e disse a
mamãe que não queria aquele sujo favelado em na sua casa. Ele nos
humilhou naquele dia. O pior dia foi quando Abner assinou a sentença de
morte da minha mãe. Ela achou que ele se separaria da esposa, estava em
uma crise no casamento, ou algo assim, e ele foi na nossa casa. A conversa
que eles tiveram foi humilhante, ele a demitiu e ainda esnobou dizendo que
ele, um Pontes, não se casaria com uma mulher como ela. Depois que cresci,
eu não achei que ela era certinha, afinal, ele era casado e ela sabia. Se iludiu
com um homem mais velho, experiente e rico, pois era nova demais quando
foi trabalhar para eles. — Ele parou, como se estivesse tomando fôlego, e
apertei seus dedos entrelaçados aos meus. Senti lágrimas arderem atrás das
minhas pálpebras.
Abner tinha uma mente de senhor de engenho, ele tinha nossa família
como um patriarcado, um legado de orgulho, e se misturar com pessoas que
ele não considerava dignas era umas das coisas que ele abominava.
— Sinto muito — disse e realmente lamentava por ele e sua mãe. Eu
amava meu avô, mas sabia claramente que ele faria algo daquele tipo, aquela
não era a questão. Foram as mentiras sobre não ter nada com a assistente,
quando era óbvio que tinha, além do pior, ir ao hospital e provocar um
ataque cardíaco em Abner.
— O que disse a Abner para ele ter um colapso e levá-lo ao segundo
ataque cardíaco? — perguntei, pois, se estávamos colocando tudo na mesa,
eu não queria mais ter nenhuma dúvida.
— Eu disse que não entrei lá, fui com Michelle até o hospital quando
saí da Pontes. Ela estava comigo porque estava me acompanhando na
reunião com Ricardo. Fui com esse intuito, não nego, mas não fui até o fim,
voltei para o carro e para a empresa e, mal cheguei lá, Lucca me ligou. Eu
não tinha por que negar algo assim. Aurora, o hospital tem câmeras de
segurança. Se algum familiar solicitar, provavelmente lhes darão essa
filmagem, ou caso esteja querendo envolver a polícia, seria ainda mais fácil
— sugeriu ele. Bianca já tinha falado sobre as câmeras, eles tinham
conversado?
Deixei a questão de lado e me concentrei no que ele disse sobre a
polícia.
Quando a assistente dele falou sobre Rafael ter falado com Abner,
meu primeiro pensamento foi ir à polícia e fazer Rafael pagar. Mas o mês
longe e saber que teremos um bebê, só o pensamento de fazer algo contra
ele, me deixou com o estomago embrulhado.
— Você não parece bem, Aurora. — Ele se levantou decidido e tentou
me levantar com ele. — Venha, iremos ao médico agora.
— Já disse que não tenho nada demais, Rafael. — Puxei minha mão
da dele. — Foi apenas um enjoo qualquer.
— Ninguém tem um enjoo qualquer após ir a um restaurante, além
disso, você está verde. — Ele segurou meu rosto entre as mãos e algo se
mexeu dentro de mim, mal contive um gemido quando ele alisou meu cabelo
fora do meu rosto. Droga, Aurora! Estava me deixando levar fácil demais,
ele era o inimigo. Mas um inimigo que eu desejava além da razão, eu só
precisava aceitar.
— Melhor você ir embora. — Minha voz não tinha tanta convicção, eu
porra!
— Separados e em vias do divórcio — lembrei-o e vesti a camisola
rapidamente, eu não estava com vergonha de tirar a roupa na frente dele, mas
ficar nua, com ele me olhando com aqueles olhos pecaminosos, era uma
tentação que me recusava a passar. Já era difícil tê-lo ali, tão perto, e não
poder dar vazão ao desejo de ser dele de novo.
Além disso, não havia muito tempo, eu estava vomitando e suando, nojento.
— Pronto! — Ele se virou e correu o dedo pelo meu ombro, ajeitando
estragos dentro de mim. Apesar de não confiar nele, ele tinha um efeito
sobre mim que não ia embora, estava enraizado como erva daninha dentro de
mim. Deitei-me sem protestar e puxei o edredom para cima, tentando
inutilmente criar uma barreira entre Rafael e eu. Ele, em vez de sair, sentou-
me impedir de dizer que íamos ter um filho e que tudo estava muito confuso.
— Sinto muito por crescer com tanta raiva dentro de si, Rafael... —
comecei a falar, mas ele colocou o dedo nos meus lábios, silenciando-me.
— Descanse, Aurora, nada disso importa mais, estou tentando fazer as
pazes com tudo que aconteceu — disse. Inclinou-se e beijou minha testa
calidamente. Depois ele se levantou, ajeitou meu lençol e apagou a luz do
opção mais fácil, se eu quisesse seguir minha vingança, no dia que conheci
você, soube que se a escolhesse, nunca poderia seguir meus planos. E foi o
que aconteceu. Não foi por que eu estava querendo sua irmã, foi por que eu
queria você demais.
Ele saiu sem esperar minha resposta. Fiquei lá, olhando para o teto e
senti as lágrimas quentes descendo e se perdendo dentro dos meus cabelos.
23
cama, mas tive de voltar a sentar quando senti tudo rodando. Respirei fundo
algumas vezes e esperei um minuto antes de levantar e caminhar para fora
estava com uma camisola que não deixava muito para imaginação e meu
quase ex-marido devia estar apreciando o show. — Tenho de desligar, agora.
Te vejo mais tarde. — Ele desligou e caminhou para perto de mim. — Bom
dia, Aurora.
— Bom dia, o que ainda faz aqui? — Tentei me concentrar na
direção enquanto pegava uma xícara. — Então, o que faz aqui ainda?
— Achei que você não devia ficar sozinha à noite quando obviamente
estava passando mal. — Ele se aproximou novamente e fugi para o outro
lado com meu café. Ele inclinou a cabeça, observando-me, com uma
sugestão de sorriso nos cantos dos lábios.
— Impressão minha ou você está fugindo de mim, Aurora? —
perguntou e o fitei falsamente espantada.
— O quê?
— Cada vez que chego perto, você corre para longe. — Ele se
dedos pelo meu rosto em um carinho que fez meus olhos fecharem, queria
me bater por gostar de seu toque. Lembrei das palavras dele antes de sair do
meu quarto ontem à noite e meu coração trovejou com esperança de que ele
sentia algo por mim, além de desejo físico, pois, era óbvio, quando o tinha
duro igual uma barra de aço encostado em mim.
— Eu devia me vestir, tenho médico daqui a pouco e já estou
atrasada, caso queira chegar na hora no consultório. — Eu comecei a
tagarelar e Rafael envolveu sua mão na minha nuca, puxando-me para ele,
sua boca caiu na minha abafando meu pequeno protesto. Ele reivindicou
minha boca com a dele como se fosse completamente dono de mim, como se
eu pertencesse apenas a ele e explorou minha boca, como se dela dependesse
para viver. Eu me entreguei ao beijo com saudade daquela boca que me
deixava de joelhos fracos. O beijo era gostoso, íntimo, macio, preguiçoso,
nossas línguas entrelaçando com paixão e ainda assim, como se não
tivéssemos pressa de ir a lugar algum. Labaredas quentes lamberam meu
corpo e gemi quando senti suas mãos agarrarem minha bunda e me atrair
mais para ele, a caneca em minha mão ameaçou escapar dos meus dedos e
me lembrou que não estávamos mais juntos, que a farsa tinha acabado e nós
iríamos viver vidas separadas. Afastei-me com firmeza dele e ele me liberou.
Ficamos parados sem coragem de nos afastar totalmente, ou melhor, eu
acreditava que fosse aquilo que ele sentia também, pois relutava em dar um
passo para trás. — Você já marcou um médico para hoje?
— Não, já tinha feito isso ontem, apenas rotina com minha
ginecologista — expliquei e dei-lhe um sorriso sem graça, de lábios
fechados. Levei a caneca aos lábios, tomei um gole do líquido quente e
disfarcei minha ansiedade.
— Posso te deixar lá...
— Rafael, agradeço sua preocupação, de verdade, mas eu não estou
doente e nem quero tirar você de seu caminho, dormir aqui foi desnecessário
e... e, bem, não precisava. Foi gentil de sua parte, mas não posso fazer isso
agora. — Fechei meus olhos quando perdi o fio de raciocínio coerente, pois
ele ficou me olhando como se eu fosse algo suculento e ele quisesse comer
tudo.
— Não pode o quê agora, amor? — perguntou ele mansamente, todo
capcioso, mas tratei de sair de perto da tentação.
— Voou tomar um banho — falei e comecei a fugir para meu quarto.
estar e parei de olhos arregalados. Rafael estava sentado no meu sofá. Como
diabos ele ainda estava ali? — Lanie, tenho de desligar, tenho a consulta,
lembra? Estou quase atrasada.
— Ok, mamy, te vejo mais tarde. Beijos.
— Te vejo mais tarde. — Desliguei e encarei Rafael que me olhava
estarrecido. Ele devia ter escutado parte da conversa e concluiu o óbvio.
24
— Ah, você ainda está aqui — ela falou depois de desligar o celular,
seus olhos estavam entregando mais que seus lábios. Óbvio que ela não ia
me contar nada.
esposa. Se eu não estava dando o divórcio antes, agora que não daria mesmo.
Um filho? Nós tínhamos gerado uma vida? Porra, isso era... caralho!
Sentindo-me como se tivesse um balão inchando dentro do meu peito, eu fui
até Aurora e simplesmente não me controlei, a segurei tão apertado que ela,
meio sorrindo meio reclamando do meu aperto, grunhiu:
— Oh! Deus, Rafael, você vai me matar. — Ela riu, o som cristalino e
delicado, fazendo-me mais prisioneiro dela.
— Eu sei que está mentindo sobre não ter certeza, apenas diga-me que
é verdade! — exigi meio louco. Ela estava carregando meu bebê.
— Ok, eu acho que estou, sim, pelo menos o teste de farmácia deu
positivo, mas estou realmente indo hoje para me consultar com minha
médica e confirmar — disse. E eu não consegui manter minhas mãos longe
dela, eu a beijei novamente. Diferente do outro de agora há pouco, esse beijo
estava carregado e desesperado, tinha ganas de arrancar suas roupas e fodê-
la ali e agora, porra! Afastei-me de supetão para longe e estava ofegante,
como se estivesse em uma corrida de cinco quilômetros.
— Quero muito foder você agora, Aurora! — rosnei, com uma onda
de possessividade me tomando por inteiro. Eu queria pegá-la em meu colo e
levá-la para um local escondido do mundo, tê-la apenas para mim.
real?
— Tem certeza? — Aurora me provocou e seu olhar malicioso me
encarou. — Passei um mês longe de você.
Conduzi-nos para fora do apartamento e me recusei a responder ao seu
comentário. Eu não sabia o que diabos diria a ela, mas nada de bom sairia da
minha boca, caso eu a abrisse. Jesus! Ela não tinha ideia da besta furiosa que
ela despertou com suas palavras. Um fogo parecia queimar pela minha
coluna, raiva incandescente espiralando por mim. Trinquei a mandíbula de
pura raiva contida e mantive meu olhar longe dela.
Ela soluçava com os olhos na tela e meu coração se contraiu de amor, como
nunca na minha vida eu pensei ser possível. Se eu tivesse uma única dúvida
que eu poderia amar alguém, esta dúvida certamente acabaria ali, pois a onda
de amor que me tomou, deixou-me sem ação, louco, desarmado e, ao mesmo
tempo, forte pra caralho. Meus propósitos de vida tinham me levado ali, para
eles, para esse momento em que meu filho e ela seriam os únicos no mundo
que me colocariam de joelhos, e eles estavam bem diante de mim. Eu não
deixaria nada me levar para longe, iria lutar com ela e mostrar que podíamos
cometer erros, mas fazer deles uma ponte para a felicidade, só dependia de
nós.
Estendi a mão e tentei secar suas lágrimas, mas elas vieram
abundantes, ela se virou para mim e não havia raiva nem rancor em seus
olhos. Aurora estava sorrindo e chorando ao mesmo tempo quando agarrei
seus dedos nos meus, ela me segurou tão forte, que era como se nunca fosse
me deixar ir. — Prontinho, a primeira self para os papais — a médica disse,
tirando-me do entorpecimento que estava.
A doutora finalizou os procedimentos e, pouco depois, Aurora sentou-
se de frente à médica.
— Vou indicar o doutor Andrei Casanova, ele é excelente obstetra,
Aurora — disse a médica para Aurora. — Ele vai acompanhar toda gestação,
minha com ímpeto, mas sua boca era tudo menos dura na minha, era um
beijo macio, delicado e terno. Ele fez amor com minha boca e correspondi,
devolvendo o carinho, colocando todo amor que sentia por ele naquele beijo.
Pareceu durar horas, quando ele se afastou de mim.
— Eu amo você. — Ele soltou com uma naturalidade que me chocou.
Oh, eu não estava esperando aquilo. — Eu amo cada parte de você e, agora,
esse bebê. — Ele espalmou a mão ao redor da minha barriga lisa, como se
estivesse acariciando a pequena vida ali dentro. — Ele só me fez ver que não
posso renunciar ao que pode vir a ser a maior felicidade para um homem
enganando de novo.
— Eu pedi que me deixasse te mostrar, não é? — Ele descansou os
lábios no centro da minha mão e um frisson quente e excitante subiu por
meu braço. — Eu não quero que acredite em nada, apenas deixe-me
reconquistar você.
Eu poderia me entregar?
Haveria esperança para nós?
Só o tempo poderia nos dizer.
estava dando conselhos sobre Chris e eu, então ele foi picado pelo amor,
posso dizer.
meu convite para se juntar a nós. Quando voltamos para a mesa e nos
sentamos, vi Christian franzindo a testa distraído, segui seu olhar e ele os
casualmente.
— Quem se importa? — Ele jogou o guardanapo na mesa e se
reclamou, mas Christian já estava longe. — Ele não pode ouvir nada sobre
essa mulher, que cabeça-dura. — Ele se virou para mim. — Chega por hoje,
você precisa descansar.
Saímos todos juntos, menos o amigo de Rafael que sumiu, mas ele disse que
Chris já devia estar a caminho de casa, com sua ex-mulher, provavelmente.
comigo.
— Estamos indo rápido demais, você prometeu que ia fazer as coisas
certas.
Ele voltou ao seu lugar e deu a partida no carro. Ele não me perguntou
mais aonde queria ir e dirigiu para meu apartamento. Quando ele nos guiou
para meu andar, eu fiquei olhando para ele que mantinha os olhos longe de
decepção em seu rosto. — O dia de hoje foi intenso, Rafael, e eu... — Merda
de hormônios, porque eu simplesmente desabei chorando e nem sabia o que
envolvi os braços em sua cintura e o abracei com força. — Não quero forçar
nada, amor — ele falou nos meus cabelos. — Eu preciso processar que ainda
não estamos na mesma página com relação a nós dois e, sim, o dia foi
intenso e você está cansada. Sou um insensível que precisa te dar tempo.
Entramos no meu apartamento e algo que estava preso entre nós
escapou dos meus lábios.
— Quando eu te perguntei sobre sua assistente, por que disse que era
lapso de minha parte que nunca mais repeti — disse ele, olhando-me nos
olhos. — Dizer a você que tinha motivos para ter ciúmes de Michelle era
problemas.
— Pelo visto não serviu para muita coisa. — Sorri com desdém. —
em uma missão para causar uma situação íntima entre nós. E já a tinha
avisado que a demitiria por qualquer ato que não fosse profissional, e no dia
visto alguma coisa, ou não, eu sabia que era importante, e a demiti porque
— Não sei.
Quando deitei na cama mais tarde, Rafael ainda estava lá. Ele beijou
meus lábios e não demorei muito a pegar no sono. Eu não o vi indo embora e
quando acordei, na manhã seguinte, tinha um corpo muito masculino
enrolado em mim.
— Mas o quê? — Comecei, mas fui calada quando Rafael me puxou
para ele.
— Bom dia, amor. — A voz rouca de sono e profunda fez minha
— Sim? — Ele arrastou a língua por minha pele, mordeu minha orelha
e gemi involuntariamente, esfregando as pernas uma na outra atrás de fricção
para a dor marcante no meio das coxas, os dedos longos dele deslizaram por
minha barriga e logo amassaram meus seios por cima do tecido fino da
minha roupa de dormir. Virei-me para ele e aceitei seu beijo. Era como jogar
fogo no palheiro. Em segundos estávamos tirando a roupa um do outro e
dominados pela ânsia que consumia cada polegada de nossos corpos.
Quando ele deslizou seu pau dentro de mim, eu o abracei, recebendo tudo
dele. Quando explodi em um clímax poderoso, eu gritei seu nome como uma
oração.
Fiquei deitada em seu peito com sua mão subindo e descendo por
minhas costas, desde minha nuca até minha bunda que ele apertava a cada
volta.
Tarado!
alguma coisa para Abner, depois que conversamos ontem à noite sobre
Michelle, ela estava com raiva e pode ter tentado com isso causar uma
— Não tinha cogitado a possibilidade, lembro que ela falou que iria ao
banheiro quando estávamos voltando para o carro e a esperei lá — ele disse
— Sim, eu soube.
vezes.
— Hmm, sei. Homens se acham os incríveis donos da porra toda.
contra ela. Como provaríamos que ela disse algo a ele? Poderíamos
processá-la, e no que isso ia dar? Nada, pois ela nunca iria admitir que disse
algo a ele.
— O quê?
— Isso aí, vovô. — Ele voltou a se levantar e veio me abraçar
— Parabéns, querida, sabia que fez esse velho mais feliz hoje? — ele
falou e tentei deixar para trás nossas brigas dos últimos tempos. — Eu errei
aceitando as imposições de Rafael quanto ele estipulou que precisava casar
com uma das minhas meninas, ele alegou que estava na hora de casar e que
seria uma honra casar com uma Pontes. — Ele segurou minha mão entre as
suas, com um carinho que não era costumeiro dele. — Eu nunca pensei que
ele teria motivos nada honestos em mente, e me arrependi desde então por
nossos amigos e pessoas próximas que iríamos ter um bebê, mas a festa
realmente era um novo começo para todos, um ciclo se fechando. O vestido
— Você está linda. — Lanie tinha lágrimas nos olhos e ela nem era de
chorar. — Rafael errou feio quando exigiu que se casasse naquele dia e tirou
o brilho do seu casamento, mas talvez ele tivesse razão porque agora esse
brilho em você me deixa com vontade de ter uns cinco bebês, se eu ganhar
essa luz radiante.
— Ah, você toda melosa — gracejei, mas segurei as lágrimas que
ameaçavam cair. Bom Deus, onde esse meu lado meloso estava escondido
em meus vinte e quatro anos?
— Ela está diferente, eu aposto que tem a ver com seu novo trabalho
— Bianca opinou, ajeitando meu pequeno véu.
— Estou começando a achar que você tem uma fixação por meu
chefe, Bianca, devo alertar o Lucca da concorrência? — Lanie retrucou e
Bianca mostrou a língua para ela.
— Toc toc. — Uma voz feminina veio da porta e nos viramos para ver
Haven entrando. — Senhoras fofoqueiras, tem um casamento para acontecer
Loucos!
— Ei, você veio — disse para ela.
— Não te garanto nada sobre terminar o dia e você acabar nos
expulsando de sua festa. — Ela sorriu, parando ao meu lado. — Esse vestido
é um arraso.
— Obrigada.
Pouco depois estávamos trocando nossos novos votos e Rafael
colocou uma nova aliança em meu dedo. Ele queria tudo novo para esse
recomeço, não queria que eu tivesse dúvidas, que era a mim que ele tinha
escolhido desde sempre. Ele me beijou quando terminou de colocar o anel
no meu dedo anelar, adiantando-se na hora do beijar a noiva.
— Eu os declaro marido e mulher — disse o celebrante. — Pode
beijar a noiva, apesar de você já ter feito isso.
— E eu lá preciso de autorização para beijar minha mulher? —
esbravejou ele, todo presunçoso. Sorri, puxando sua boca para a minha.
— Menos, marido, apenas me beije. — E ele fez como sempre fazia,
com perfeição, nossas línguas em uma dança íntima e que nos fez gemer
embriagados do nosso amor. Senti a mão de Rafael na minha barriga e ele
acariciou nosso bebê e eu sabia que seríamos uma família cheia de amor.
Epílogo 2
Meses depois...
tinha passado por horas de dor durante o parto e eu fiquei louco sem saber o
que diabos fazer para ela não sofrer, mas descobri que era inevitável.
minha vida.
— Você quer um café? As pessoas lá fora acham que quem pariu foi
você. — Ele prendeu o sorriso. — Tem de deixá-los, para comer e beber
alguma coisa.
Porra ele tinha razão, eu fiquei tão desesperado com tudo que esqueci
que tinha quase vinte e quatro horas que me alimentei, que tomei banho e
Quando cresci, eu percebi que nunca estive só, mas agora, quando me
permiti me apaixonar e amar, esse maldito sentimento tinha voltado forte. Se
deixasse eles aqui, eles não iam sumir, mas digam isso para a minha mente e
ao meu coração que, nesse caso específico, estavam em comum acordo.
— Cara, você precisa ir lá fora— Christian pediu, cochichando.
— O que tem lá fora para mim? Tudo que quero está bem aqui.
— Só vá lá, ficarei aqui tomando conta de seus bens. — Eu lhe dei um
olhar raivoso que fez com que ele levantasse as mãos. — Tudo bem, sem
ficar aqui.
— Estou bem, volte lá e diga a todos que vou ficar aqui até Aurora ter
alta.
— Isso só vai acontecer daqui três dias, pelo que fiquei sabendo.
Relutante levantei e fiz o que ele estava insistindo tanto. Saí e me
deparei com um monte de gente. Por que meu advogado estava ali, estava
além de mim. Ele achava que eu precisaria de seus serviços no nascimento
do meu filho? Mas não era nele que meu foco estava.
— Tia Letícia? — O que ela estava fazendo ali, e por que eu não sabia
daquilo?
Andamos tão afastados, desde que comecei essa loucura de me vingar.
Ela apesar de guardar rancor do Pontes mais velho, ela dizia que eu iria me
perder se fosse caminhar na estrada da vingança. Talvez ele estivesse certa,
mas não me perdir, graças a mulher que eu me casei.
— Oh, meu menino! — Ela começou a vir em meu encontro, mas fui
até ela primeiro, que me agarrou como se eu ainda fosse aquele menino de
oito anos que ela assumiu como filho, murmurando sobre saudade. —Enfim,
criou juízo.
— Sempre os tive, Letícia. — Beijei seu rosto que não tinha uma ruga,
ela era vaidosa e seu passatempo favorito era cuidar das rugas ou melhor
cuidar para que elas não aparecessem logo. Mas ela ainda estava jovem com
cinquenta e tantas anos. — Você parece bem.
— Obrigada, querido, quando poderei conhecer meu sobrinho neto e
sua linda esposa?
— Eles estão dormindo agora. — E, como se fosse uma deixa, escutei
um choro forte vindo do quarto. — Acho que acordaram. Meu filho tem o
pulmão forte.
— Eu vejo. — Ela sorriu e eu voltei para o quarto, depois haveria
tempo para se conhecerem, teríamos o resto de nossas vidas.
Fim
Próximo Lançamento
Janeiro de 2022
Entre Nós
Sinopse:
Lanie Albuquerque tinha uma vida boa, a única coisa que ela achava que devia melhorar era
sua relação um tanto difícil com seus pais. Tinha um ótimo namorado, apesar de ter dúvidas dele ser
o homem que ela um dia casaria, amigos que podia contar e agora estava começando em um novo
emprego, que era tudo que desejava para que sua carreira de advogada dar uma guinada: Na Garcia &
Associados.
Mas, sua relação com os pais fica a cada dia mais difícil.
Seu namoro de anos, termina.
E para piorar estava se apaixonando por seu novo chefe.
pertencer a ela.
Só que é tarde demais para seu coração...E só piora tudo quando ela descobre por que ela e
TRECHINHO:
Lanie Alburqueque
...
Outros títulos da autora
Não Roube Meu Coraçao:
Trechinho:
...
— Você é muito engraçada, Jadie Andrade. Esse é mesmo seu nome?
— debochou, como se tudo que falei desde que cheguei aqui fosse um monte
de mentiras. Em parte eram, mas o carinho e o amor que comecei a sentir
por Amber, principalmente, nada tinham a ver com minhas razões de estar
ali. E os sentimentos que Jordan me despertava? Isso não era mentira, se
fosse, eu estaria longe daqui agora com o seu maldito diamante na minha
bolsa de mão. Eu arrombaria aquele cofre dentro de minutos, fosse o maior
sistema de segurança que houvesse. Por isso Noel me escolheu para
— Sim.
— Que tipo de criminosa é você, que usa seu nome real para se
infiltrar na casa de alguém para roubar um dos diamantes mais valiosos do
mundo? — questionou ele com escárnio.
— A pior — assumi meu disfarce fajuto. Noel tinha vindo com aquele
papo de que se eu fosse com um nome falso Jordan descobriria. Ele apagou
todo o meu passado relacionado ao meu pai, eu não estava mais registrada
como filha dele, e isso fez com que eu parecesse legítima em qualquer
investigação que Jordan encomendasse sobre mim. Ele nunca encontraria
algo de ruim no meu passado.
— Eu devia ter seguido meus instintos, mas como um maldito homem
governado pelo meu pau, eu deixei essa sua carinha inocente me ludibriar —
ele cuspiu com nojo. — Só não entendo por que está me contando isso
agora. Acha que vou agradecer a você?
— Não acho nada disso, Jordan. Eu sei que não acreditará em mim,
não tem motivos para tal, mas eu me apaixonei por você e eu amo a sua
filha. Amber é a criança mais linda que já vi e me matou um pouquinho a
cada dia estar aqui mentindo para vocês sobre o motivo inicial de ter vindo.
Mas o amor que sinto não é mentira.
— Quem mais?
...
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O Bebê Andretti
*
Quando o Amor Acontece
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