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FICHAMENTO: A absolvição do “gânsgter da sensibilidade”: Yves Klein.

Corpo, cor,

imaterial de Fernanda Lopes Torres.

Gabriel da Silva Faria

º 11759953

Uma retrospectiva de Klein no Centro Nacional de Arte e Cultura Georges

Pompidou (Beaubourg), em 2006, arrancou a atenção de uma das especialistas de seu

trabalho, Fernanda Lopes Torres, que destacou diversas inquietações sobre os textos

escritos sobre uma retrospectiva de Yves Klein em 2006e literaturas curatoriais da

mostra que serviram de base para muitas proposições críticas no texto que serviu de

análise. No caso, Yves Klein,o “gangster da sensibilidade” parece no texto se tornar

menos perigoso quando é sujeitado a riscos de uma possível “conceitualização” de sua

trajetória e de seu próprio corpo enquanto artista. Os limites que cercam a preocupações

da autora são relacionados diretamente a esse processo que acaba ignorando

subjetividades de Klein em face de análises meramente materiais e instrumentais do seu

processo, que no caso, podem desperdiçar muito do que o próprio artista se preocupava,

ou que de certa forma, reforçaria o sentido crítico de muitas de suas provocações a

problemas atuais no funcionamento da arte.

Acredita-se que como Klein é trago levado em a sua radicalidade enquanto um

dos principais nomes que definiriam a arte contemporânea, esse esvaziamento de sua
sensibilidade se dá em um processo de como seus conceitos de uma arte certamente

“paradoxal”, junto das suas ideias de “impregnação” e “ausência e presença” são mais

observados a partir de como se tornaram sintomas na arte do que exatamente

potencializar suas motivações. Por esse caminho, essa tomada de consciência

ignorando o aspecto espiritual de seu trabalho em face de trazer uma instrumentalidade

nele pode deixar passar uma experiência artística de um sentimento muito presente na

sua trajetória – o “vazio”: conceito empregado diretamente relacionado a sua fotografia

O pintor do espaço se lança no vazio!, onde o aspecto cenográfico é bastante destacado

e ainda se nota a utilização de seu corpo como dispositivo material da obra, mas que o

sentido principal ainda é a pulsão poética – o artista se abraça em sua própria incerteza,

desembocando em provocações que renunciam a sua própria produção, como bem

suscitado pela autora.

Dessa forma, os sentidos empregados a ideia de presença e ausência da obra de

arte também são derivados do seu sentido de “vazio”. Para isso, o embate com a

preocupação pictórica-cromática serve de manutenção sensível ao seu limite de tornar o

trabalho enfim a uma experiência que sobrepõe sua materialidade. A superfície domina

o gesto e sobressai dele, intercalando sua insistência material, mas que num outro

instante se reduz a pura sensibilidade, como cautelosamente a autora traz em sua

análise, centralizando esse aspecto pontual no texto do catálogo feito por Denis Ryout

de uma construção de uma determinada ambivalência presente na sua conjuntura.

Certamente, o sentido dessa contaminação sensorial se pendura na potencialidade

cromática, o azul “kleiniano”, quando tratamos de Klein como prioritariamente um

pintor; o monocromático impregna o lugar e a visão, supera até mesmo preocupações

composicionais.
A ambivalência material e espiritual também se instauraria em ideias do “falso e

verdadeiro” largamente experenciado experimentadas em suas provocações. Nisso, o

falso tem um certo “risco” em sua existência ou em seu formato de construção, mas que

apenas complementa as conclusões em que Klein é frequentemente como tido um dos

formadores do pensamento artístico contemporâneo. O trabalho Yves Peintures (1954) é

seria crucial nesse processo. Citado pela autora, com interações menções ao texto de

Yve-Alain Bois, A relevância de Klein hoje, o trabalho também sobressai no sentido do

“verdadeiro” enquanto o comprometimento de um artista pictórico; no caso, talvez seja

o trabalho que consiga exemplificar melhor ainda a experiência do monocromo a partir

de um estudo de experiência sensível e não meramente concreta.

O sentimento imaterial e a presença material são dispositivos paradoxais na

abertura de uma legitimidade de existência de certa forma “mística” que o catálogo

causa, um impulso que resume a força do estar e não estar. Um trabalho que identifica e

enumera os “quadros” com as dimensões dos próprios quadrados e retângulos

estendidos na impressão existindo pela experiência da cor juntamente com a ironia

institucional é conclusivo até para as motivações dos caminhos da análise da autora em

face de um repertório de textos curatoriais que se complicam por si próprios; sinal de

como o trabalho de Klein é sintomaticamente atual.

Não obstante disso, o azul é novamente reforçado em termos de técnicas do

“gangster da materialidade” para continuar seus delitos sensíveis. Esse sentido é notado

principalmente sobre um aspecto conclusivo a um lugar longe do que se pode ser

considerado como pintura, como observa-se em Yves Peintures, pelo destaque

simbolista em que a superfície em si se torna um sentimento, uma sensibilidade em si, é

quase como se a superfície não se sustentasse mais na forma de plano, é lançada no ar.

No entanto, é preciso ter atenção ao abordar o termo “simbolista”, pois, associado a uma
condição de cosmogonia participante para a análise de Klein, a perspectiva associada a

observação que Bois fez em seu texto é fundamental para consolidar o aspecto da

ambivalência da força que emana sensorialmente pelo trabalho com a cor, mas que

também transcende as experiencias com o observador. Nesse contexto, o trabalho

adquire um equilíbrio que caminha para um impasse muito importante na sua trajetória:

desestabilizando o aspecto da espetacularização da indústria de massa que contaminava

a arte dos anos 60 e principalmente na arte americana, um conflito persistente na

trajetória do artista, que não cedia a esse espectro.

Sendo assim, do limite da farsa para a transformação de um épico, as

experiências das condições de como os seu trabalho se inflou de uma película de

subjetividade ocasionou a sua desavença com o espírito americano, sobretudo quando se

renuncia a qualquer custo todo o aspecto do espetáculo da cultura de massa. Se

apropriando do corny derivado do kitsch, Klein esbarra em um percurso que colocava

seu sentido de impregnação da cor como algo que também desagradava os progressos

da arte americana. O monocromo associado a produtos do imaginário do kitsch é um

pensamento que se começa a partir da quebra de expectativa a uma possível

transgressão artística existente no meio americano, considerando o apelo ao monocromo

ao retorno de uma estética infundada na ideia decorativa, que pode retroceder a um

sentimentalismo europeu – principalmente francês. Por tanto, esse momento se vale de

certa forma dos seus riscos de associações que esvaziavam, por fim, o contato com a

obra, o risco a “falta” de consciência e a própria perda de sentido, mas sempre não se

rendendo a essa cultura do espetáculo ou quem sabe, testando-a.

Diante a tantos processos, o artigo se estende a como as aparições do tema da

imagem social de Klein fez parte de um legado artístico. Novamente, trazendo o seu

corpo como suporte para O pintor do espaço se lança no vazio! é um resumo de


formatos que superam a utilização inflada de sua individualidade para se transformar

obra a partir da fotografia e da cenografia. O destaque da mídia é, por assim dizer, um

dos suportes de alcance de construções poéticas provocativas que se estendem ao longo

de todo seu percurso e assim, entende-se a importância de se tatear todas as áreas que

Klein utilizou na sua trajetória para uma boa interação com seu trabalho.

Uma palavra que resume muito os perigos da caminhada do artista empregada

no texto é o como Klein pode “cair no ridículo”. No caso, como ele poderia perder sua

legitimidade artística com provocações que estimulam o desprendimento de noções

materiais, o que poderia fundar um não fazer artístico que, no fim, “não produz arte”.

No entanto, Klein se joga profundamente nesse sentimento instável, como bem finaliza

a autora. A substância paradoxal é um dos principais motores de movimentação do

artista em muitas estruturas do prisma artístico em questão. O seu trabalho, portanto,

está sujeito a muitas interferências, em muitas ocasiões nas quais o espírito do falso e do

ambíguo é visto como uma espécie de crise, mas que concede uma determinada

liberdade quando o espectador vai ao encontro de suas motivações, mas que não deixa

passar a concretude de suas certezas. Yves Klein não perde em estabilidade quando se

diz respeito a suas estruturas possíveis do cômico e do intocável para lhe garantir uma

segurança de si mesmo e de suas experiências.

Gabriel, o trabalho está legal, mas cuidado com o texto, tem muito verbo confuso.

Releia o texto antes de entregar. abraço

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