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PARECER JURÍDICO1

I. DO PARECER JURÍDICO

O parecer jurídico representa mera opinião do Procurador subscritor, não configurando


decisão ou ato administrativo propriamente ditos, quanto menos de caráter vinculante. Trata-se de
manifestação técnico-jurídica sobre tema específico, cuja finalidade é auxiliar o Administrador Público
na tomada de decisões.

O Administrador Público poderá sempre optar por decisão (ou solução jurídica) diversa
daquela exposta pelo parecerista, em razão de argumento de ordem técnica relacionado à área de
atuação ou mesmo com base em outros argumentos jurídicos, inclusive contrários ao presente parecer,
que, repita-se, expressa apenas a opinião jurídica deste subscritor e não vincula o agente público
responsável por emitir o ato administrativo.

De mais a mais, a fim de efetivamente assessorar ao órgão interessado é prudente que


seja indicada de forma clara e objetiva, a dúvida jurídica que se pretenda ver esclarecida, e não
formulados despachos genéricos, tais como “para conhecimento e providências”. Isto para evitar os
futuros retrabalhos e perda de eficiência; zelar pela adequada instrução processual e imprescindível
formalização dos atos, mormente quando é sabido o enorme volume dos procedimentos geridos pelo
Município.

Posta essa explicação inicial necessária, passa-se ao parecer sobre os pontos


questionados pelo Contribuinte em sua defesa.

II. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Sabe-se que a Administração Pública somente age pautada no Princípio da Legalidade,


de tal forma que não possui liberdade de escolha entre autuar ou não o contribuinte que deixa de
observar suas obrigações fiscais (principal ou acessória) - independente das razões por ele alegadas.
Assim, ainda que o agente público se sensibilize com a situação fática, não possui a liberdade para não
fiscalizar, lançar tributos e/ou aplicar penalidades.
1 Trata-se de manifestação técnico-jurídica sobre tema específico, cuja finalidade é auxiliar o Administrador Público na tomada de
decisões, sem qualquer caráter decisório ou de ato administrativo. O parecer jurídico, na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello
(Curso de Direito Administrativo, 24ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2007): “(…) não é ato administrativo, sendo, quando muito,
ato de administração consultiva, que visa a informar, elucidar, sugerir providências administrativas a serem estabelecidas nos atos de
administração ativa”.
A obrigação tributária sempre decorre da Lei, porque seu objeto corresponde ao
pagamento de tributo ou penalidade tributária.

A) IPTU

O Imposto sobre a propriedade Predial e Territorial Urbana, mais conhecido como


IPTU, é disciplinado pelos artigos 156, I e §1º, e 182, §1º, II, da Carta Magna, atribuindo aos
Municípios e ao Distrito Federal sua instituição, sendo competente o ente em cujo território estiver
situado o bem.

Insta salientar aqui a diferenciação entre impostos pessoais, que se referem a pessoa do
contribuinte, como o Imposto de Renda, e impostos reais, que se referem ao bem patrimonial, como o
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores ou o próprio IPTU.

Nesse sentido, o IPTU como um imposto real, cujo aspecto material da hipótese de
incidência limita-se a descrever um fato, acontecimento ou coisa independentemente do elemento
pessoal, é indiferente ao eventual sujeito passivo e suas qualidades, vale dizer, o aspecto pessoal desses
impostos não tem relação com a estrutura do seu aspecto material.

Logo, para o lançamento do IPTU são consideradas manifestações objetivas e concretas


do patrimônio, isoladamente, sem analisar a situação do titular desses bens. São os que enfatizam certas
coisas, sem considerar a condição ou riqueza global dos seus titulares.

O IPTU relaciona-se apenas com o bem patrimonial em si, aplicação do princípio da


capacidade contributiva e, consequentemente, da progressividade, cuja função é precipuamente
arrecadatória (fiscal), ainda que a Constituição lhe reserve uma faceta extrafiscal, quando permite a sua
utilização para desestimular a manutenção de propriedade que não atendem a função social.

Nesse ínterim, o CTN, em seu artigo 32, aponta que o fato gerador do IPTU é a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bem móvel, por natureza ou por acessão física, localizado em
zona urbana municipal, sendo o contribuinte deste imposto o proprietário, o titular do domínio útil ou o
possuidor do imóvel.

Salienta-se que a base de cálculo do Imposto sobre a propriedade Predial e Territorial


Urbana é o valor venal do imóvel, conforme artigo 33 do CTN, ou seja, o valor de marcado do prédio e
terreno, sendo que a tributação ocorre anualmente, mais precisamente, no primeiro dia de cada
exercício financeiro.
Segundo o entendimento do ministro Moreira Alves, em voto do Recurso Especial n.
153.771-MG, que apreciou o tema da progressividade do IPTU, o critério é de natureza objetiva,
certamente porque se está diante de um tributo, não de natureza pessoal, cuja alíquota possa variar em
função das condições econômicas do proprietário do bem, na forma preconizada pelo art. 145, §1º, da
CF, parte final, mas de natureza real.

Com efeito, o tributo incidente sobre o imóvel não é necessariamente de


responsabilidade de quem lhe detinha o domínio, no exercício tributado, mas de quem o detém, à época
da cobrança ou execução.

Desta forma, o Imposto sobre a propriedade Predial e Territorial Urbana, por ser um
imposto real, não considera as condições pessoais do proprietário, sendo-lhe impertinente a tributação
progressiva, em razão do valor, e cabível, portanto, a tributação proporcional.

B) ISENÇÃO

A isenção é uma hipótese de exclusão do crédito tributário, ou seja, trata-se de negar


início ao processo obrigacional tributário, ou seja, é revogar a hipótese de incidência, é excluir a
possibilidade de nascer a obrigação tributária. As hipóteses de exclusão do crédito tributário estão
contidas no artigo 175 do CTN.
Esse instituto jurídico está preconizado no art. 175, I, CTN como uma limitação do
âmbito de abrangência de critério do antecedente ou do consequente da norma jurídica tributária que
impede que o tributo nasça.
Portanto, isenções são normas em sentido amplo que delimitam a construção de sentido
da hipótese da regra-matriz de incidência tributária ao prescrever características relativas a certas
pessoas, coisas ou situações que não sofrem incidência de determinado tributo, e, uma vez previstas
normativo competente e, quando necessário, concedida mediante ato administrativo específico (termos
de acordo de regime especial, portaria etc.), o contribuinte deixa de sofrer a incidência do tributo.
Não raro, para que a isenção tributária seja concedida, é exigido do contribuinte
determinada contrapartida durante um certo período de tempo, hipótese em que o Código Tributário
Nacional, em seu artigo 178, prevê que a isenção não poderia ser revogada a qualquer tempo: “A
isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser
revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.”
Em razão do cumprimento das condições impostas, o contribuinte não pode ver seu
direito adquirido à isenção afastado a qualquer tempo.
Destarte, vê-se que há casos em que a isenção tributária é concedida por prazo
determinado e sob condições implícitas, instituída em lei, que consistente na dispensa do pagamento do
tributo devido, mesmo diante da ocorrência do fato gerador, incidência tributária e nascimento da
obrigação, excluindo o crédito que seria devido.
Para aplicação da lei, preceitua o art. 111 do CTN, abaixo transcrito:
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I – suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II – outorga de isenção;
III – dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.”
Para o direito financeiro é de curial importância perceber que a isenção que interessa à
Lei de Responsabilidade Fiscal, em especial ao seu art.14, é a concedida em caráter não-geral, que,
além da norma, necessita de despacho da autoridade administrativa para ser efetivada, decorrente de
requerimento do interessado em sua obtenção, através do qual irá provar que preenche todas as
condições e requisitos estabelecidos na lei isentiva.
É o que dispõe o Código Tributário Nacional:
Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso,
por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado
faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos
em lei ou contrato para sua concessão.
§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido
neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando
automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o
interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção.
§ 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando
cabível, o disposto no artigo 155.

Nesse sentido, segue-se:


APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IPTU E TAXAS.
ENTIDADE DECLARADA DE UTILIDADE PÚBLICA. ISENÇÃO ONEROSA.
DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE PEDIDO ADMINISTRATIVO. Para a obtenção
da isenção fiscal, necessário o requerimento formal à autoridade administrativa, uma
vez que o simples fato de o clube social possuir o título de Utilidade Pública não lhe
garante o benefício modo direto. As isenções fiscais concedidas nos idos de 2003,
2004 e 2005 mostram-se irrelevantes no caso, uma vez que, nos termos da legislação
de regência (CTM, arts. 232 e 233), a isenção somente produzirá eficácia no
exercício em que requerida e a partir da data em que protocolizado o
requerimento indispensável ao reconhecimento do benefício, passando a vigorar
pelo período de 03 (três) anos. Assim, as isenções outrora concedidas não alcançam o
IPTU e as Taxas de Coleta de Lixo do exercício de 2014, cobrados na execução fiscal
em apenso. Ressalto, que a ausência de isenção fiscal no caso, se deu em virtude do
decurso do tempo - porque decorrido o prazo de 03 (três) anos sem que houvesse
requerimento administrativo para renovação do benefício - e não por decisão
administrativa. Ou seja, não houve revogação da isenção onerosa pela administração
municipal, mas sim, caducidade do direito pelo transcurso do prazo de vigência do
benefício fiscal. Dentro deste contexto, não há falar em inobservância do disposto na
Súmula 544 do Supremo Tribunal Federal. Apelo desprovido.(Apelação Cível, Nº
70080104243, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lúcia de
Fátima Cerveira, Julgado em: 27-02-2019)

Assim, somente aquela que agraciar apenas uma categoria econômica, a determinados
contribuintes e não a todos de forma indistinta ou a determinada localidade é que deverá observar todos
os requisitos legais previstos naquela lei complementar, além, claro, dos traçados na Carta Magna.
A lógica disso é que se a isenção é geral, concedida indistintamente a todos, com a
supressão de um (ou mais de um) dos aspectos da regra-matriz, não privilegia ninguém
individualmente considerado, ou seja, não favorece uma categorias econômicas em detrimento de
outra. Essa receita, portanto, não constará do planejamento orçamentário, posto que não haverá
arrecadação alguma nesse caso em particular.
Na isenção de caráter não-geral haverá arrecadação do tributo com referência aquele
aspecto da regra-matriz que fora suprimido pela norma isentiva, porquanto algumas pessoas ou
categorias econômicas não terão sido beneficiados. Ou seja, nesse caso, a arrecadação de receitas será
afetada, pois parcela daqueles que deveriam contribuir será dispensada deste pagamento.
Para que a sociedade possa realizar controle político e jurídico dessa benesse fiscal,
lembrando que a renúncia de receita repercutirá nas despesas públicas, exige a Lei de Responsabilidade
Fiscal, na multicitada norma do art. 14, que a concessão ou ampliação desse benefício tributário deverá
estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar
sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos
uma de duas condições nela previstas.
Ou há a demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa
de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais
previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; ou estar acompanhada de medidas de
compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da
elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
Certo é que os requisitos acima são alternativos: ou há a isenção na estimativa de receita
da lei orçamentária, de modo a não afeta as metas de resultados fiscais previstas em anexo da lei de
diretrizes orçamentárias, não se cogitará das medidas de compensação, mas se for o caso de se lançar
mão das medidas de compensação, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas
referidas no mencionado inciso (LRF, art. 14, § 2º).
Por este motivo é que a renúncia de receita contida na Lei de Responsabilidade Fiscal
abrange somente os casos em que a dispensa de pagamento é restrita a casos e pessoas, haja vista sua
potencialidade em não só prejudicar o equilíbrio das finanças públicas como também de criar discrímen
sem contraprestação socioeconômica esperada.
Oportuno salientar que a isenção deverá ser sempre veiculada por lei específica, nos
termos do art.150, § 6º, da Constituição Federal, cujo requisito não é exclusivo desta hipótese de
exclusão tributária, mas aplicável a todos os benefícios fiscais elencados no texto constitucional.
Não há que se falar, então, em decreto de chefe do poder executivo concedendo isenção,
mesmo quando se referir àqueles impostos que poderiam ser alterados e instituídos por esta espécie
normativa, como os impostos sobre importação, exportação, produtos industrializados e operações de
crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários.
Além do requisito previsto no art. 150, §6º, existe outro contido no texto constitucional
que não pode ser olvidado, qual seja, o art. 165, § 6º que determina que o projeto de lei orçamentária
será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.
No Município de Juiz de Fora, o CTM (Lei 5.546/78) traz em seu artigo 48 as hipóteses
de isenção de IPTU:
Art. 48 - São isentos do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana:
I - Os Servidores Municipais efetivos da Administração Direta e Indireta e do Poder Legislativo, os
Servidores Federais e os Estaduais cedidos ao Município para prestação de serviços junto ao Sistema
Único de Saúde, bem como os empregados das Empresas Públicas e da Sociedade de Economia Mista,
nas quais o Município direta e indiretamente detenha a maioria do capital social com direito a voto, ou
os respectivos cônjuges sobreviventes, quanto ao imóvel único de que sejam proprietários,
usufrutuários ou detentores de posse ad usucapionem, desde que este sirva para residência própria,
comprovado o vencimento ou salário, acrescido das vantagens de caráter permanente, dos
proprietários, usufrutuários ou posseiros desse imóvel, igual ou inferior a três salários mínimos, com a
seguinte metragem por área e tipo:
ÁREA APARTAMENTO CASA
A 125 m² 150 m²
B 125 m² 150 m²
C 125 m² 250 m²
D 125 m² 250 m² ;
(Item I com redação dada pela Lei n.º 11926, de 29/12/2009.)
II - O ex-combatente da FAB, FEB, Marinha de Guerra, Marinha Mercante, bem como os seringueiros
amparados pelo Decreto Lei n.° 9883, de 16 de setembro de 1946: (Redação dada pela Lei n.º 9.898,
de 24/11/00.)
a) para usufruir do benefício desta Lei, deverá o interessado comprovar documentalmente sua
condição;
b) o benefício determinado no Item II deste artigo é estendido à viúva ou companheira do ex-
combatente ou seringueiro e na ausência destas, aos descendentes que comprovem incapacidade
laborativa;
c) naqueles casos em que o beneficiário for proprietário de mais de um imóvel nesta cidade, a isenção
limitar-se-á àquele que for utilizado como sua residência;
d) a propriedade do imóvel deverá ser comprovada, perante o cadastro imobiliário do Município,
mediante a apresentação de uma fotocópia da certidão de registro do imóvel ou compromisso de
compra e venda;
e) a viúva, companheira ou descendente amparados por este benefício, deverão apresentar, juntamente
aos documentos citados na alínea anterior, documentos que comprovem sua condição;
f) os beneficiários deverão apresentar anualmente ao cadastro imobiliário do Município declaração de
vida e residência ou compromisso de compra e venda.
III - Os aposentados ou respectivos pensionistas, bem como as viúvas, quanto ao imóvel único de que
sejam proprietários, usufrutuários ou detentores de posse ad usucapionem, desde que este sirva para
residência própria, comprovados os proventos ou respectivas pensões dos proprietários, usufrutuários
ou posseiros desse imóvel, igual ou inferior a três salários mínimos, com a seguinte metragem por área
e tipo:
ÁREA APARTAMENTO CASA
A 125 m² 150 m²
B 125 m² 150 m²
C 125 m² 250 m²
D 125 m² 250 m² ;
(Item I com redação dada pela Lei n.º 11926, de 29/12/09)
IV – Revogado. (Itens IV, VI e VIII revogados pela Lei n.º 8395, de 30/12/93)
V - As agremiações esportivas do Município, em efetivo funcionamento, quanto aos imóveis de sua
propriedade, destinados ao uso específico de atividades esportivas e, desde que: (Item V com redação
da Lei n.º 8395, de 30/12/93)
a) mantenham programas de incentivo a prática de esportes, atestado pelo Departamento de Esportes
da Secretaria Municipal de Educação;
b) coloquem à disposição do Município as suas dependências para utilização em atividades de
interesse local, na forma do que se dispuser em regulamento.
VI - Revogado.(Itens IV, VI e VIII revogados pela Lei n.º 8395, de 30/12/93)
VII - O proprietário de imóvel situado em áreas consideradas integrantes de programas de interesse
social do Município, delimitadas por Decreto nos dois primeiros exercícios seguintes à concessão do
"HABITE-SE".
VIII - Revogado. (Itens IV, VI e VIII revogados pela Lei n.º 8395, de 30/12/93)
IX - Os lotes não vendidos ou prometidos a venda de loteamentos aprovados pela Prefeitura e
registrados no Registro de Imóveis, pelo prazo de 02 (dois) anos, a contar do exercício seguinte àquele
em que se der o deferimento do pedido, observados os requisitos a que se refere o parágrafo 3.º do Art.
49. (Item IX introduzido pela Lei n.º 6439, de 23/11/83).

Dessa forma, não há na lei hipótese de isenção para a associação de moradores no


Município de Juiz de fora na legislação vigente.
C) DO CASO EM TELA
Conforme salientado anteriormente, é necessário disposição em lei para a concessão de isenção,
sendo a possibilidade a razão pela qual essa procuradoria foi demandada.
Importa ressaltar que associação de moradores é classificada como Associação Sem Fins
Lucrativos, pois se trata de reunião de diversas pessoas para a obtenção de um fim ideal, podendo este
ser alterado pelos associados, pela ausência de finalidade lucrativa, pelo patrimônio constituído pelos
associados ou membros e pelo reconhecimento de sua personalidade por parte da autoridade
competente.
Assim, com a constituição e registro das Associações Sem Fins Lucrativos, uma vez
atendidos todos os procedimentos de registro, o Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas
expedirá, em nome da Associação, a certidão de Personalidade Jurídica, que será a prova da sua
existência legal, em conformidade com o art. 114 da Lei n. 6.015, de 31/12/73.
Para o gozo da isenção, as instituições estariam obrigadas a não remunerar, por qualquer
forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; aplicar integralmente seus recursos na manutenção e
desenvolvimento dos seus objetivos sociais; manter escrituração completa de suas receitas e despesas
em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; conservar em boa ordem,
pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas
receitas e a efetivação de suas despesas, bem como a realização de quaisquer outros atos ou operações
que venham a modificar sua situação patrimonial; e cumprir as obrigações acessórias a elas impostas.
Em outro viés, não será suficiente para obter a isenção, a declaração da utilidade
pública, ou seja, ter o reconhecimento do Município de que a entidade presta relevantes serviços à
sociedade sem distinção de clientela, de acordo com a Lei 9.400/98.
Em resumo, ou estende-se o benefício de forma geral, isto é, a todas as associações sem
fins lucrativos ou concede-se a isenção em caráter não geral, agraciando apenas as associações de
moradores, respeitada à LRF acerca da compensação de receitas, através de lei específica, nos termos
do art. 150, §6º, CF, com o despacho da autoridade administrativa (art. 179, CTN) e apresentação de
LOA, conforme art. 165, § 6º, CF.
III – CONCLUSÃO

Ante o exposto, em razão dos motivos acima aduzidos, OPINA-SE pela


possibilidade de lei específica que trate do tema desde que observados todos os dispositivos legais
para a concessão da benesse fiscal.

É o parecer (opinativo), submetido à apreciação da autoridade superior, que poderá


acolhê-lo ou não. Esta opinião jurídica não é ato que defere ou indefere qualquer pedido, de forma
que é necessário que a autoridade administrativa competente manifeste-se expressa e
fundamentadamente sobre a questão.

Juiz de Fora, 28 de janeiro de 2021

Thaisa Ragone Azevedo

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