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2017 - Fernando, Teresa Mavanda
2017 - Fernando, Teresa Mavanda
Monografia
Supervisor:
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Declaração de Honra
Eu, Teresa Mavanda Fernando, declaro por minha honra que esta monografia nunca foi
apresentada, na sua essência, para a obtenção de qualquer grau e que constitui o resultado da
minha investigação pessoal, estando no texto e na bibliografia as fontes utilizadas.
_____________________________________________________
3
Agradecimentos
São tantas pessoas, que acompanharam me durante esta caminhada. É necessário realizar uma
retrospectiva desde o momento da escolha do curso, inscrição, realização do exame de
admissão, admissão e o primeiro dia de aula, até ao actual momento, onde estou a poucos
passos de obter o título de Licenciatura em Organização e Gestão da Educação.
Agradeço ao meu Supervisor Prof. Dr. Carlos Mussa, pela orientação, pelo apoio, confiança e
incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia e pela paciência que teve
durante o período que trabalhamos juntos.
Os meus especiais agradecimentos vão para os meus pais Fernando Mapsuangue e Amélia
Psipa Mateus Njala, in memória, Célia Inês Mauene, Carlos Torrezão, com muito carinho e
apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.
A todos os docentes do curso, que foram tão importantes na minha vida académica.
Os meus sinceros agradecimentos aos meus irmãos Ermelinda Fernando, Cristina Fernando,
Marcela Fernando e Ray Torrezão, a minha sobrinha Fernanda de Jesus, a minha prima
Iolanda Rui Miguel pela paciência que tiveram durante a minha ausência nos meus 4 anos de
formação.
Ao meu primo António Faria e a minha tia Antónia Chicumbage pelo apoio que me deram.
Aos meus colegas, que considero companheiros da minha vida académica: Crescêncio
Manhique, Florentino Muchanga, Guilhermina Mavire, Isaías Nhambe, Rosa Niquisse,
Celina Mugabe, José Ernesto, Alexandre Nhampossa, Angelina Mucavele, Rui Mindo, Luís
Massingue.
Agradeço a todas pessoas que directa ou indirectamente fizeram parte da minha formação e
contribuíram para o meu sucesso e para o meu crescimento como pessoa, sou o resultado da
confiança e da força de cada um de vocês, o meu muito obrigado.
4
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha mãe Amélia Psipa Mateus Njala, in memória, que em vida deu
o melhor dela para que me tornasse na pessoa que sou.
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Índice de Tabelas
Tabela 3: Para si, qual é a forma de comunicação que te permite aprender melhor o que o teu
professor orienta?....................................................................................................................45
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Índice de Gráficos
Gráfico1: Alguma vez reprovaste ou não?………………………….....................................42
Gráfico 3: Alguma vez participou numa formação para ser professor de APNEEAs?...........46
Gráfico 4: Que dificuldades enfrenta na educação de
APNEEAs...…………………………………………………………………………………..47
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Lista de Abreviaturas, Acrónimos e Siglas
APNEEAs - Alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais Auditivas
EB - Ensino Básico
L1 - Primeira Língua
L2 - Segunda Língua
LS - Língua de Sinais
LP - Língua Portuguesa
NE - Necessidades Especiais
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Resumo
O presente estudo tem como tema O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO DE
ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
AUDITIVAS NA ESCOLA PRIMÁRIA COMPLETA 16 DE JUNHO. O trabalho tem
como objectivo geral analisar o papel do professor na educação de alunos portadores
de necessidades educativas especiais auditivas. Os objectivos específicos são:
Identificar as dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelos alunos portadores de
necessidades educativas especiais auditivas na EPC 16 de Junho; Identificar as
dificuldades do professor da EPC 16 de Junho na educação de alunos portadores de
necessidades educativas especiais auditivas; Discutir as estratégias metodológicas
implementadas pelos professores da EPC 16 de Junho na educação de alunos
portadores de necessidades educativas especiais auditivas. O objecto de estudo centra-
se na análise do papel do professor da Escola Primária Completa 16 de Junho, na
educação de Alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais Auditivas. O
estudo foi constituído por uma amostra de 31 elementos seleccionados aleatoriamente.
O estudo seguiu uma abordagem qualitativa foi complementado pela quantitativa,
usou-se como instrumento de recolha de dados a análise documental, a observação, o
questionário dirigido aos professores e alunos, e a entrevista estruturada dirigida ao
director pedagógico da escola e aos pais e/ou encarregados de educação. Este estudo
foi realizado na escola Primária Completa 16 de Junho, que se localiza no Bairro
Central, na Cidade de Maputo. O estudo concluiu que o papel dos professores da EPC
16 de Junho na educação de alunos portadores de necessidades educativas especiais
auditivas favorece mais a aprendizagem dos alunos ouvintes do que aqueles que
portam a deficiência auditiva.
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ÍNDICE
Declaração de Honra.................................................................................................................. 3
Agradecimentos..........................................................................................................................4
Dedicatória................................................................................................................................. 5
Índice de Tabelas........................................................................................................................6
Índice de Gráficos...................................................................................................................... 7
Lista de Abreviaturas, Acrónimos e Siglas................................................................................ 8
Resumo.......................................................................................................................................9
CAPÍTULO I............................................................................................................................10
1.1Introdução........................................................................................................................10
1.2 Problema.........................................................................................................................11
Objectivos.............................................................................................................................13
1.5 Justificativa.....................................................................................................................14
CAPÍTULO II.......................................................................................................................... 16
2.REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................... 16
2.2.1 Deficiência...................................................................................................................27
10
2.2.3 Necessidades Educativas Especiais Auditivas (NEEAs)............................................ 28
2.2.5 Educação......................................................................................................................31
CAPÍTULO III......................................................................................................................... 34
3.METODOLOGIA..............................................................................................................34
CAPITULO V.......................................................................................................................... 50
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................................ 50
5.1. Conclusões.....................................................................................................................50
5.2. Recomendações............................................................................................................. 52
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................54
APÊNDICES............................................................................................................................57
ANEXO....................................................................................................................................65
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CAPÍTULO I
1.1Introdução
O presente trabalho tem como tema: O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO DE
ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS AUDITIVAS:
ESTUDO DE CASO ESCOLA PRIMÁRIA COMPLETA 16 DE JUNHO. O objecto do estudo
centra-se na análise do papel do professor da Escola Primária Completa (EPC) – 16 de Junho,
na educação de Alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais Auditivas
(APNEEAs).
As deficiências são várias e podem ser classificadas de acordo com a área de actuação:
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No contexto escolar, as diversas deficiências que os alunos apresentarem são, tecnicamente,
denominadas Necessidades Educativas Especiais (NEE), o que significa, os alunos que
portam estas necessidades, precisam de um cuidado especial, virada ao tipo de afecção que
contraiu, por parte do professor e dos colegas, quer seja fora ou durante as aulas.
1.2 Problema
Reconhecendo a necessidade e a urgência de garantir a educação aos APNEEAs, no quadro
do sistema regular de educação, criou-se condições favoráveis para que estes tenham acesso
ao ensino regular, o qual foi plasmado para adequar-se em todos deficientes auditivos através
duma pedagogia centrada no aluno e capaz de ir ao encontro destas necessidades. (UNESCO,
1994)
Desta feita, os professores terão de encontrar formas de assegurar, com sucesso, a educação
de todos alunos portadores de deficiência auditiva, incluindo aqueles que apresentam
incapacidades auditivas graves, pois as escolas regulares são a bandeira da Educação Especial,
facto que implica, não somente, incluir estes alunos no sistema regular de ensino, mas dá-los
respostas educacionais positivas (Paula, 2004).
Para tal, os professores devem estar, metodologicamente, preparados para responder as
diversas dificuldades de aprendizagem que os alunos em referência apresentam, uma vez
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afirmar-se que muitas vezes estes, alunos, mesmo frequentando a turma comum, ainda estão
excluídos das actividades académicas (Glat & Blanco, 2007 como citado em Silva, 2012).
A educação de APNEEAs no ensino regular constitui um desafio primário para todos actores
educativos, especialmente aos professores, pois a transmissão dos conhecimentos a estes
alunos requer o conhecimento transparente dos métodos e estratégias de ensino bem como a
sua aplicação.
Assim, o presente estudo preocupa-se, não somente, com o PEA em geral, mas com a
educação de APNEEAs, e procura analisar o papel do professor na educação destes alunos.
Para aprofundar o esclarecimento deste assunto levantou-se a seguinte pergunta de partida:
Qual é o papel do professor da escola primária completa 16 de Junho na educação de alunos
portadores de necessidades educativas especiais auditivas?
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Objectivos
“Os objectivos desta pesquisa são:
1.5 Justificativa
O interesse pelo estudo desta temática surgiu quando compreendemos o conceito de escolas
inclusivas, ou seja, aquelas que envolvem todos alunos, normais, carentes e com necessidades
educativas especiais. Nos questionámos sobre as dificuldades que estes enfrentam nas escolas
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regulares para aprenderem os conteúdos transmitidos, tendo em conta que, os professores
destas escolas não possuem meios eficazes para lhe darem com alunos com problemas
auditivos, visuais ou de fala, se tiver, não têm domínio sobre o uso, por vezes é a própria
escola que não possui condições para lhes acomodar.
Movidos de curiosidade visitámos algumas escolas primárias para percebermos a forma como
os professores se relacionam com os alunos com necessidades educativas especiais na sala de
aulas. Constatámos que os mesmos enfrentam muitos problemas para interagirem com estes
alunos, facto que nos motivou a estudarmos este assunto para compreendermos na essência.
O nosso estudo apresenta a seguinte estrutura: O capítulo I é composto pela introdução, onde
se apresentou o tema, o problema, os objectivos, as perguntas de pesquisa e a justificativa; No
segundo capítulo apresentamos a revisão da literatura, de forma a garantir a sustentabilidade e
consistência deste trabalho. Ao longo do mesmo apresentam-se e analisam-se as dificuldades
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que os APNEEAs enfrentam no processo de ensino e aprendizagem, as possíveis dificuldades
enfrentadas pelos professores na educação destes e se discutiu as, possíveis, estratégias que
podem ser úteis para uma, educação eficaz dos alunos em referência; No terceiro capítulo
referente a metodologia, apresentou-se os métodos e as técnicas aplicadas, a população e a
amostra, a validade e a confiabilidade dos instrumentos, por fim os procedimentos da recolha
de dados; No quarto capítulo apresentou-se e discutiu-se os resultados da pesquisa do campo
e no último capítulo conclui-se e se recomendou à EPC 16 de Junho (alunos, professores,
director pedagógico e aos pais e/ou encarregado de educação) para a melhoria da educação de
APNEEAs.
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CAPÍTULO II
2.REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura é a parte básica e essencial pela qual o pesquisador deve começar o
seu trabalho de investigação, pois fornece o suporte necessário para justificar, objectivar e
formular o problema de pesquisa, além de permitir a definição da melhor estratégia para
estudar e analisar o problema e seus dados (Bandeira, 2012).
A escolarização desses indivíduos é o ponto mais deficitário de suas histórias de vida, desde
os tempos remotos, já que se encontram referências de que, durante a Antiguidade e a Idade
Média, os surdos eram considerados imbecis e não educáveis. Os primeiros relatos de
experiência na educação com pessoas surdas surgiram no início do século XVI, com o
objectivo de levá-los a obter a linguagem oral; na época, a educação dos indivíduos surdos
era feita secretamente, ou seja, cada pedagogo não revelava sua forma e método de trabalho
(Lacerda, 1998).
A educação fornecida aos indivíduos surdos era voltada aos que possuíam bens; contudo, o
método utilizado era especialmente baseado a oralidade. Nessa abordagem, o uso de sinais e
de alfabetos digitais era proibido, havendo a obrigatoriedade de recolher informações por
meio do canal auditivo. A leitura era obrigatória para perceber as dificuldades dos APNEEAs
(Lacerda, 1998). Assim, buscava-se a “reabilitação” dos surdos, fazendo que eles agissem
como ouvintes.
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Em meados do século XVIII houve uma ruptura na forma de pensar e de ensinar os surdos,
surgindo, então a linguagem gesticulada, que deu origem a língua dos sinais que permite que
os surdos usem toda forma de gestos, envolvendo sinais e também leituras labiais (Lacerda,
1998).
A escolarização dos alunos surdos é um dos pontos cruciais na história de vida desses sujeitos.
Estes, desde cedo foram expostos à língua oral, sendo que, segundo Dizeu e Caparoli (2005),
assim nasceu uma sociedade em que a língua oral impera e faz com que indivíduos que não a
utilizam se tornem excluídos, impedidos de adquirir o conhecimento necessário para seu
pleno desenvolvimento.
Lacerda (1998) aponta que as línguas de sinais são os meios mais rápidos e eficazes para que
o sujeito surdo adquira uma língua e, consequentemente, uma forma de linguagem completa e
eficaz para um sujeito ouvinte. Enquanto Santos e Gurgel (2010) apontam que para o melhor
desenvolvimento de um aluno surdo a educação bilingue é mais adequada. Esse tipo de
educação caracteriza-se por ser realizada em duas línguas: a Língua de Sinais e a Língua
Portuguesa, favorecendo a aprendizagem das crianças surdas por meio de uma linguagem
viso-gestual.
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regular o lugar por excelência para aquisição de valores culturais ou conhecimentos
necessários para garantir a sua sobrevivência social de modo saudável.
Surdez leve: a perda auditiva é de até quarenta decibéis. Essa perda impede que o
indivíduo perceba igualmente todos os fonemas das palavras, mas não impede a
aquisição normal da linguagem, embora esta possa ser a causa de algum problema
articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita. Em geral, tal indivíduo é
considerado desatento, solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe é
falado. Surdez moderada: a perda auditiva está entre quarenta e setenta decibéis.
Esses limites se encontram no nível da percepção da palavra; é frequente o atraso de
linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em alguns casos, problemas
linguísticos mais graves. Em geral, os indivíduos com surdez moderada identificam
as palavras mais significativas, apresentando dificuldade em compreender outros
termos de relação e/ou frases gramaticais. Sua compreensão verbal está intimamente
ligada a sua aptidão individual para a percepção visual. Surdez severa: a perda
auditiva está entre setenta e noventa decibéis. Este tipo de perda permite que o
indivíduo apenas perceba sons fortes e conhecidos, podendo ele atingir a idade de
quatro ou cinco anos sem aprender a falar. A compreensão verbal dependerá,
principalmente, da aptidão do indivíduo para utilizar a percepção visual e para
observar o contexto das situações Surdez profunda: a perda auditiva é superior a
noventa decibéis. Essa perda impede que o indivíduo perceba e identifique a voz
humana, impossibilitando-o de adquirir a linguagem oral (Brito & Dessen, 1997,
p.44).
Depreende-se que, o indivíduo com surdez parcial, leve ou moderada oiça com muitas
dificuldades e dificilmente aprende, enquanto os surdos severos ou profundos, quase que não
aprendem, devido a gravidade da deficiência, pois nesta fase não se trata, mais, de privação
sensorial, mas sim de perda sensorial ou de capacidade captação e percepção dos sons.
A tabela a seguir resume, categoria de deficiência auditiva, os graus de perda da capacidade
auditiva.
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Tabela 1: Categoria de Deficiência Auditiva.
Grau de perda auditiva Intensidade de som (db/B)
Ligeira De 20 a 40 db de perda
Média De 40 a 70 db de perda
Severa De 70 a 90 db de perda
Profunda + De 90 db de perda
Fonte: Elaborada e adaptada pela autora, a partir de Brito & Dessen, 1997.
21
presente desde o nascimento e pode incluir ou não factores de natureza hereditária; a perda
auditiva adquirida (pós-natal), que tem como causa mais comum a meningite e exposição
excessiva a sons de alta intensidade e o trauma acústico.
Para Feliciano (2010), as causas da deficiência auditiva podem ser: Pré-natais (provocada por
factores genéticos e doenças adquiridas pelas mães); peri-natais (provocado por parto
prematuro, anóxia cerebral e trauma de parto); pós-natais (doenças adquiridas ao longo da
vida como, caxumba e meningite).
A educação de APNEEAs no ensino regular é uma forma eficaz de responder as NEE dos
alunos portadores de deficiência auditiva, além disso, é uma oportunidade de os mesmos
usufruir de uma educação igualitária em relação aos alunos com condições de saúde auditiva
regular, condição fundamental para saber ser, viver com os outros e respeitar o próximo. Ao
longo do presente capítulo referiu-se que, a educação dos deficientes auditivos foi, desde há
muito tempo contestada. De acordo com Feliciano (2010, p.11),
O desejo, ou sonho das pessoas portadoras de deficiência auditiva estudar nas escolas
regulares, começou a ser realizado graças a boa vontade política de alguns organismos
internacionais e de governo de certos países, como são os casos da UNESCO e do governo da
Espanha, respectivamente. No caso das Normas das Nações Unidas sobre a igualdade de
22
oportunidades em relação às pessoas deficientes, defendem que não deve haver discriminação
com base na deficiência, seja de que natureza for. Os citados organismos exortam os Estados
“… a assegurar que a educação das pessoas com deficiência faça parte integrante do
sistema educativo.” (UNESCO, 1994).
23
A forma oralista de comunicação total nega a língua natural dos surdos: a língua de sinais, e
provoca perdas consideráveis nos aspectos cognitivos, sócio - afectivos, linguísticos, políticos
culturais e na aprendizagem desses alunos. A literatura afirma que a abordagem educacional
por meio do bilinguismo é a melhor.
O ensino de língua portuguesa para surdos deve ser desmembrado em dois momentos
distintos: língua portuguesa oral e língua portuguesa escrita. Além disso, deve haver
outro momento distinto para a aquisição da língua de sinais. Os momentos devem ser
distintos no intuito de evitar o bimodalismo (mistura das estruturas da língua
portuguesa com as da língua de sinais).
Concorda-se que, a educação dos APNEEAs deve ser feita mediante uma abordagem de
ensino bilingue, pois permite os mesmos aprender de forma sistemática a LS (alfabeto,
gramática, números sinalizados), gestos das mãos e movimentos do corpo; a Língua
Portuguesa (LP) na modalidade oral e escrita, o que lhes possibilitaria desenvolver a
habilidade oral (leitura labial) e escrita, respectivamente.
24
leitura e escrita) está no topo das prioridades. Conforme INDE e MINED (2003, p.117),
“quando se fala de ensino e aprendizagem no ensino básico (…) a leitura e a escrita são as
mais complexas”.1
1
Ver também em Diniz e Mendonça (2004) e Reis e Adragão (1990)
25
efectivamente, dificílimo trabalhar com APNEEAs no ensino regular, importa que a educação
esteja preparada para lhe dar com os mesmos, pois é a chave para o bem-estar de todos.
Com a expansão cada vez maior da política de inclusão escolar, em que os alunos portadores
de deficiência auditiva têm sido inseridos nas classes de ouvintes desde o ensino fundamental,
o que se tem percebido é um maior fracasso, se comparado aos resultados positivos, pautados
em uma inserção desses alunos em espaço escolar ainda não preparado para recebê-los
(Feliciano, 2010).
Este fracasso pode resultar de, algumas, dificuldades que os professores do ensino regular
enfrentam na educação dos alunos em alusão, como por exemplo, “…a dificuldade dos
professores em se comunicar com os alunos portadores de deficiência auditiva em língua
portuguesa.” (Mantoan, 1997, p. 17).
Sustenta-se, ainda, que existem grandes dificuldades de acesso a uma língua que seja
oferecida de maneira natural e constante aos alunos portadores de deficiência auditiva, que no
caso seria a sua língua materna, a Língua de Sinais (LS); dificuldades de conversar sobre
assuntos não relacionados, directamente, com o ambiente em que o aluno e o interlocutor se
encontram (Feliciano, 2010).
Percebe-se que os professores do ensino regular, não estão integralmente preparados para
proporcionar uma educação efectiva aos alunos portadores de deficiência auditiva, carecem
de formação específica para satisfazerem eficazmente as NEE dos alunos em referência.
De acordo com Souza e Góes (1999) afirmam que o processo de educação do aluno surdo
vem sendo acompanhado por professores e profissionais que desconhecem a LS e as
condições bilingues do surdo. Razão pela qual os professores tendem a considerar-se
despreparados para actuar com essa população.
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esses alunos apresentam no aprendizado e uso de línguas orais (no caso o português). Sabe-se
que, quanto mais cedo, o aluno tenha sido privado de audições, maiores serão as suas
dificuldades de comunicação, sendo assim,
Além do que foi acima arrolado, se destaca como actividades que enformam o papel do
professor na educação de APNEEAs as seguintes:
27
Sem querer discordar com o autor em epígrafe, no nosso entender, a recepção de informação
através da visão pode ser um caso peculiar, e verifica-se, completamente, quando a perda de
audição for severa ou profunda, mas quando for parcial, ele pode receber usando da sua
audição, embora com muitas dificuldades.
Sabendo que os alunos surdos, quase não recebem informações através de audição, importa
que o professor adopte estratégias que facilitem a sua aprendizagem. As mesmas deviam
observar, principalmente, a posição do aluno na sala de aulas, em relação ao quadro e o
professor quando estiver a falar, como se pode constatar.
Nesta ordem de ideia, Ramos (2001, p. 24) afirma que “…a posição do aluno Surdo na sala
de aula deve permitir-lhe olhar directamente e de frente para o professor diminuindo, assim,
o seu esforço na leitura labial e dando-lhe a possibilidade de utilizar pistas visuais”. De
facto, na sala de aulas, os alunos não aprendem somente com o professor, podem, também,
aprender entre colegas, o professor deve, apenas, possibilitar ao aluno surdo, a orientação
relativamente aos companheiros, em todas actividades que orientar. Dentre outras estratégias
a serem aplicadas para a educação de deficientes auditivos, a autora menciona as seguintes:
No que tange à metodologia para educar os APNEEAs, a literatura defende o uso do método
bilingue (língua de sinais e a língua portuguesa), embora haja autores que insistem no uso do
método oral e de comunicação total. O método oral por si só é, completamente, ineficaz
(nega a língua natural das pessoas com surdez), ademais, insere-se na LP transmitida de
forma oral ou por escrito, enquanto o de comunicação total diz se ser uma feição do método
oral.
Sustenta-se que, nos momentos em que o professor explica oralmente o conteúdo, poderá ser
útil colocar o aluno surdo ao lado de um colega que tenha facilidade em tomar apontamentos,
para que consiga, simultaneamente, copiar as informações (Ramos, 2001, p.32). Este método
28
designa-se de método de trabalho aos pares, ou puxar pelo aluno hábil e visa ajudar o aluno
com dificuldades a acelerar o ritmo de compreensão das aprendizagens transmitidas
(Veronense, 2001).
2.2.1 Deficiência
Conforme Carvalho (2003, p.29),
29
2.2.2 Deficiência auditiva
Entende-se por deficiência auditiva “a perda sensorial devida a uma afecção orgânica de um
ou mais órgãos e estruturas que permitem a percepção dos estímulos sonoros, o que
redundada na quantidade e a qualidade do som percebido.” (Quadros, 1997, p.15) o mesmo
autor assegura ainda que “…a deficiência auditiva, trivialmente conhecida como surdez,
consiste na perda parcial ou total da capacidade auditiva.” (Idem).
Neste contexto, Ramos (2001) acrescenta que a deficiência auditiva pode ter origem genética
ou adquirida pelo indivíduo, quer na orelha quer no aparelho auditivo, ao longo da vida.
Percebe-se que, a perda parcial de audição ou surdez leve pode ser tratado com preceitos
médicos e passar, enquanto a severa ou profunda pode afectar o indivíduo em quase toda vida,
dificultando o de ouvir e consequentemente de aprender. O Ministério da Educação define a
surdez como “…diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo
considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente
surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.”
(Silva, 2012, p. 12-13).
O autor elucida que, todo o indivíduo que perdeu a capacidade auditiva pode ser chamado
surdo, independentemente do grau de perda da estrutura auditiva, o mesmo pode assim como
não usar prótese auditiva, se a perda for parcial ou totalmente surdo, respectivamente.
De acordo com (UNESCO, 1994), o termo em referência diz respeito a todas as crianças e
jovens ou alunos cujas carências relacionam-se com deficiências ou dificuldades escolares.
30
Entende-se que, o termo NEE é utilizado na educação, especificamente na escola regular,
para referir alunos portadores de deficiência ou dificuldades de aprendizagem. Como referiu-
se no capítulo de introdução, o termo em alusão inclui várias deficiências, dentre as quais a
deficiência auditiva; dai a necessidade de abordar sobre as NEEAs.
De acordo com Brennam (1990) como citado em Cruz (2012:47), o termo Necessidades
educativas especiais auditivas refere aos alunos com dificuldades maiores que o habitual
(mais amplas e mais profundas) e que precisam, por isso, de ajudas complementares
específicas. Nesta esteira de ideia sustenta-se que, “determinar que um aluno apresenta
NEEAs supõe que, para atingir os objectivos educativos, necessita de meios didácticos ou
serviços particulares e definidos, em função das suas características pessoais” (Cruz, 2012).
Conforme pode se notar, o termo NEEAs refere às dificuldades ou deficiências auditivas que
os alunos apresentam para aprenderem normalmente, nas classes do ensino regular. Sendo
assim, é necessário um apoio específico e consoante o grau de perda de capacidade auditiva
que os mesmos apresentarem.
Fumegalli (2012, p.21) define a como “uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento da
educação escolar em benefício de todos alunos com e sem deficiência”. Neste contexto, afirma-se que
Inclusão escolar é “a chave para o sucesso da educação, que aceita e trabalha na diferenciação,
integrando todos os alunos” (Correia, 2008, p.18), surge pela urgência de responder às
necessidades das pessoas portadoras de deficiência, nomeadamente, na sua integração na vida
em sociedade.
31
portadores de deficiências ou carenciados na vida social; na escola, este processo inclui os
portadores de NEE no ensino regular.
Um aspecto comum que os autores abordam é que tanto na sociedade assim como na escola,
a inclusão surgiu para responder as necessidades sociais das pessoas portadoras de
deficiências, a educação escolar é uma garantia inequívoca de garantir a inclusão saudável
destes alunos na sociedade, pois sabe-se que a educação é a chave para o bem-estar social.
No que tange à inclusão escolar de alunos portadores de deficiência auditiva, Botelho (2002,
p. 11) garante que “existe certa expectativa por parte dos surdos de poderem estudar em
escolas para ouvintes, sendo esse desejo compartilhado pela família. Entretanto, o ensino
regular, em determinado momento, constituiu uma espécie de sonho com relação às
oportunidades, principalmente de integração, que poderiam ter os surdos na efectiva
participação social”. Todavia, a possibilidade de realização dos sonhos destes alunos é, quase,
inexistente, pois muitas vezes os resultados pedagógicos dos surdos não são positivos, pelo
facto de a língua praticada em sala de aula não ser praticada pelos surdos (Ibid).
O autor identifica a compreensão e o domínio da língua utilizada na sala regular para os
ouvintes, como elemento fundamental para a educação efectiva dos alunos portadores de
deficiência auditiva, conforme se pode constatar no discurso a seguir:
Thomas (1998) como citado em Feliciano (2010) traz um ponto de vista diferente sobre a
inclusão escolar dos surdos, ao afirmar que,
…qualquer política que desconsidere os aspectos que o professor deve dominar a língua de
sinais e que deve haver a figura de um adulto surdo para colaborar no trabalho de educação da
criança surda, na verdade vai ser uma política de assimilação, de agrupamento, na qual é
garantida a ocupação do espaço físico, mas não a conquista de ensino que os ouvintes
conseguem (p.12).
32
aquisição de uma aprendizagem efectiva, na sua explanação descartam a formação específica
dos professores para lhe dar com alunos surdos. Porém, o último autor realça a necessidade
de domínio da língua de sinais e a existência de intérprete na sala de aulas para facilitar a
aprendizagem ministrada.
Mais do que os factos acima discutidos, a inclusão de alunos surdos é um processo complexo,
que não se limita na sala de aulas, mas abrange a escola no seu todo, conforme se sustenta:
Valentini (1999, p. 37) afirma que “o panorama observado actualmente no ensino regular
não chega a resultar em uma eficiente e verdadeira inclusão do aluno surdo, em que na
maioria dos casos é realizada por profissionais não capacitados na língua de sinais”.
2.2.5 Educação
De acordo com o Plano Curricular do Ensino Básico (2003, p.7), “…educação é um processo
pelo qual a sociedade prepara os seus membros para garantir a sua continuidade e o seu
desenvolvimento”. Percebe-se ser através da educação que as sociedades conservam a sua
moral, suas tradições e valores culturais, usos e costumes, pois é um processo contínuo e
permanente de transmissão de valores, a partir dos mais velhos aos mais novos.
É assim que, para Calleja (2008, p.7),
33
portadores de deficiência em causa ocorre no ensino regular através da inclusão escolar. No
ensino ou escolas regulares, os APNEEAs são incluídos no ensino destinado á maioria dos
alunos (alunos com uma saúde auditiva regular), pois a literatura afirma que, os alunos com
deficiência auditiva têm uma inteligência semelhante à dos ouvintes normais (Marchesi,
1987).
34
humanos, pois todas as pessoas têm direito à educação. A escola pública foi tida como ideal
para o cumprimento do direito à educação e este processo foi consolidado através da inclusão
escolar, onde os alunos portadores de NEE têm oportunidade de aprender com os normais,
processo designado por educação inclusiva.
Em suma, apesar de assegurada em lei, a Educação Inclusiva ainda é pouco praticada nas
escolas do ensino regular, pois exige um novo padrão de escola. É preciso não só modernizar
os aspectos estruturais, mas também aperfeiçoar as práticas pedagógicas e aliar-se à
comunidade para atender às diferentes condições dos indivíduos (Barcellos, Freitas & Malvão
2006).
35
CAPÍTULO III
3.METODOLOGIA
O presente capítulo apresenta os aspectos metodológicos que guiaram este estudo, ou seja, a
descrição do local de estudo, a abordagem metodológica, a população e amostra, a técnica de
recolha de dados, a técnica de análise dos resultados, a validade e confiabilidade dos
instrumentos de recolha de dados, os procedimentos de recolha de dados e por fim os
aspectos éticos.
A EPC 16 de Junho é dirigida por uma directora da escola, um DAP e uma chefe de
secretaria. A escola tem um guarda, 33 professores dos quais 19 são mulheres e os restantes
14 são homens, 1398 alunos sendo 703 homens e 695 mulheres.
36
e produzir uma visão da situação ou contexto em que foram gerados”, teve suporte
quantitativo, aquele que tem a “ intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar
distorções de análise e interpretação, possibilitando, consequentemente, uma margem de
segurança quanto às interferências (Richardson, 1999).
A presente pesquisa é um estudo de caso e de acordo com Furtado (2005) como citado em
Uaciquete (2010), o estudo de caso é, frequentemente, utilizado ao nível micro (eventos,
instituições, grupos, famílias, comunidade), além disso, “oferece múltiplas perspectivas de
análise dos participantes na situação, mas também a visão de outros grupos de actores
relevantes, permitindo assim chegar a uma compreensão profunda das dinâmicas da situação”
(UEM, 2012).
Neste estudo contou-se com uma população total de 119 indivíduos, sendo que 42 alunos são
portadores de deficiência auditiva, deste grupo 24 são de sexo masculino e 18 alunos são do
sexo feminino. A escola possui 33 professores, sendo que 19 são do sexo feminino e 14 do
sexo masculino. Os membros de direcção são 2, nomeadamente: o director da escola e o
director pedagógico da mesma e 42 pais e/ou encarregados de educação dos alunos
portadores de deficiência auditiva.
De acordo com Marconi e Lakatos (2003), amostra é a escolha de uma parte do universo, de
tal forma que ela seja o mais representativo possível, e a partir dos seus resultados poder-se
inferir a legitimidade possível das conclusões.
37
alunos, sendo 6 do sexo feminino e 9 do sexo masculino, 5 professores (2 homens e 3
mulheres), 10 pais e/ou encarregados de educação e 1 membros de direcção da escola,
nomeadamente o Director Adjunto Pedagógico (DAP). A escolha de DAP deveu-se ao facto
deste estar directamente ligado ao ensino e aprendizagem.
38
carecem de condições didácticos adequados para a sua aprendizagem, por seu turno os
professores, quase, que não utilizam outros meios especiais de ensino e aprendizagem, além
dos habituais no ensino regular (quadro, giz e livros).
39
Na 1ª fase fez-se a pesquisa bibliográfica nas bibliotecas Brazão Mazula (UEM),
Universidade Pedagógica (UP), Instituto de Formação dos Professores (IFP) de
Chibututuine e aos documentos publicados na internet, seguida da sua análise, que foi
fundamentalíssima na elaboração do tema, instrumentos, objectivos e problema de
pesquisa;
40
CAPÍTULO IV
Das respostas registadas, referente ao gráfico 1, uma maioria de 80% respondeu que não, uma
minoria que corresponde a 20% respondeu que sim.
Fonte: Elaborado pela autora a partir das respostas ao questionário aos alunos.
41
que se os professores usam gestos, fazem de forma aleatória. Além disso, estes dados (gráfico
1) contradizem com o discurso científico de Quadros (1997, p.16), que afirma (…) é comum
encontrar APNEEAs com muitos anos de vida escolar, nas classes iniciais, do ensino regular,
sem uma produção escrita compatível exigida nas mesmas…
Contudo, provavelmente, estes alunos passam de uma classe para outra com muitas
dificuldades de aprendizagem, talvez seja por isso que nas outras respostas eles afirmaram ter
algumas dificuldades na escrita, leitura e compreensão, dentre outros aspectos.
Das respostas registadas, no gráfico 2, todos alunos correspondentes a 100% afirmaram que
não aprenderam a Língua de sinais, conforme pode-se observar no gráfico 2.
Fonte: Elaborado pela autora a partir das respostas ao questionário aos alunos.
Os dados do gráfico 2 mostram que os APNEEAs da EPC 16 de Junho não aprenderam a LS.
Mas, pela observação, ao longo da assistência as aulas se constatou que os professores
algumas vezes usam gestos para explicar algumas matérias. Ora se os alunos não aprendem
LS como se pode perceber a atitude dos professores que explicam usando a LS?
Nós vimos que há uma clara existência de dificuldades de aprendizagem dos conteúdos
transmitidos na sala de aulas, quando os professores usam a LS sem que os alunos tenham
sido preparados para entender esta língua. Contudo, Damazio (2007) defende que a LS deve
42
ser amplamente utilizada por pessoas que possuem deficiência auditiva. Ela é constituída por
um conjunto de sinais que representam o alfabeto e outros sinais que são a combinação de
movimentos das mãos e do corpo. Dessa forma, esta língua possui um sistema gramatical
próprio, pelo que seria importante que nessa escola houvesse aulas de ensino da LS aos
APNEEAs.
Conforme Lacerda (1998), a LS constitui um meio mais rápido e eficaz para que o sujeito
surdo adquira uma língua. Nesta esteira de ideia constata-se que, o ensino e aprendizagem da
LS é fundamental para o aluno portador de deficiência auditiva garantir eficácia na sua
aprendizagem, pois entende-se ser através da mesma que ele pode desenvolver a língua
portuguesa e continuar aprender ao longo da vida.
Das respostas registadas, na tabela 2, uma maioria de 33% respondeu aquisição de conteúdos
da leitura e escrita; 27% afirmou ter dificuldades da leitura; 27% não respondeu a pergunta e
uma minoria de 13% respondeu ter dificuldades da escrita.
Frequência Percentagem
Dificuldades da leitura 4 27%
Dificuldades da escrita 2 13%
Aquisição de conteúdos da 5 33%
leitura e escrita
Aprendizagem de língua de 0 0%
sinais
Abstenção 4 27%
Total 15 100%
Fonte: Elaborado pela autora a partir das respostas ao questionário aos alunos.
A tabela 2 mostra as dificuldades de aprendizagem no seio dos APNEEAs que são: leitura,
escrita, aquisição de conteúdos da leitura e escrita.
Estes dados contradizem com os do gráfico 1. De facto no gráfico 1 vimos que poucos alunos
reprovam. Ora, se eles não percebem ou não compreendem a leitura e escrita como podem
43
transitar de classe? Não se justifica que a maior parte dos alunos passe de classe com tantas
dificuldades de leitura e escrita.
Das respostas registadas (conforme a tabela 3), uma maioria de 60% afirmou que aprende
melhor com a comunicação oral, cerca de 27% não respondeu a pergunta e uma minoria de
13% afirmou comunicação por escrito.
Tabela 3: Questão 6: Para si, qual é a forma de comunicação que te permite aprender melhor
o que o teu professor orienta?
Frequência Percentagem
Comunicação oral 9 60%
Comunicação em língua de 0 0%
sinais
Comunicação por escrito 2 13%
Tradução por meio de 0 0%
intérprete
Abstenção 4 27%
Total 15 100%
Fonte: Elaborado pela autora a partir das respostas ao questionário aos alunos.
O que se pode notar na tabela 3 é uma comunicação deficitária com os APNEEAs, é dificil
um indivíduo portador de deficiência auditiva comunicar-se melhor numa forma de
linguagem que é normal para ouvintes. Doutro modo, olhando a estatística que o gráfico em
epígrafe mostra, julga-se que os alunos da escola objecto do estudo precisam de um
mecanismo de comunicação que permite todos compreender e aprenderem de forma eficaz.
44
4.2 Respostas ao Questionário dirigido aos professores da EPC 16 de
Junho
Apresentou-se nesta parte os dados recolhidos junto dos professores da escola acima referida
e os mesmos são apresentados, através de gráficos e tabelas.
Das respostas registadas, no gráfico 3, notamos que uma maioria de 80% respondeu
negativamente e só uma minoria de 20% afirmou que sim.
Gráfico 3: Questão 3: Alguma vez participou numa formação para ser professor de alunos
portadores de deficiência auditiva?
Fonte: Elaborado pela autora a partir das respostas ao questionário aos Professores.
Pelos resultados do gráfico 3 nota-se que a maior parte dos professores da EPC 16 de Junho
não teve formação específica para lhe dar com APNEEAs. Nesta condição se questiona como
é que os alunos são atendidos até ao ponto de haver mais aprovações do que reprovações
como revela o gráfico 1? Será que os professores deixam os alunos passarem de classe
mesmo com um déficite de conhecimentos?
45
Das respostas recolhidas, no gráfico 4, 40% disse enfrentar dificuldades no ensino da leitura e
escrita; 40% disse que enfrenta no ensino da oralidade e 20% disse ensino da escrita.
Gráfico 4: Questão 4: Que dificuldades enfrenta na educação de alunos portadores de
deficiência auditiva?
Fonte: Elaborado pela autora a partir das respostas ao questionário aos Professores.
46
Das respostas recolhidas, no gráfico 5, uma maioria de 80% respondeu que fala
pausadamente olhando para o aluno e uma minoria de 20% disse que dá exercícios em cada
aula ministrada.
Fonte: Elaborado pela autora a partir das respostas ao questionário aos Professores.
Por estratégias entende-se as acções concretas que o professor implementa na sala de aulas,
durante as aulas, para facilitar as aprendizagens da aula a ministrar. As acções estratégicas
são fundamentais para a transmissão e aquisição de uma aprendizagem efectiva, por isso, o
professor deve ter domínio da didáctica e as condições de aprendizagem dos seus alunos.
No ensino regular, por exemplo, o professor precisa conhecer as situações que favorecem
uma boa aprendizagem do aluno. Comparando com os dados do gráfico 4 (Dificuldades
enfrentadas pelos professores na educação de APNEEAs), existe uma pequena contradição,
pois na mesma sustenta-se que os professores enfrentam dificuldades de ensinar oralmente e
no gráfico acima citada, os mesmos afirmam, na sua maior parte, que “falam
pausadamente…”.
A contradição não desvaloriza a importância das estratégias optadas pelos autores, são
fundamentais para uma educação eficaz dos alunos portadores de deficiência auditiva, no
47
ensino regular. Conforme se referiu ao longo da revisão da literatura, Ramos (2001, p. 23)
sustenta que, “a informação que o aluno surdo recebe é lhe alcançável através da visão:
leitura labial, informação escrita, informação do quadro, expressões faciais, corporais, entre
outros”.
Sendo assim, o autor assegura que, “…a posição do aluno Surdo na sala de aula deve permitir-lhe
olhar directamente e de frente para o professor diminuindo…”.
Das respostas registadas, na tabela 4, uma maioria que corresponde a 60% disse ensino da
oralidade e uma minoria que corresponde a 40% disse ensino da escrita.
Frequência Percentagem
Outros métodos 0 0%
Total 5 100%
Fonte: Elaborado pela autora a partir das respostas ao questionário aos Professores.
Conforme se referiu ao longo da revisão da literatura, Ramos (2001, p.32), “o método oral
por si só é, completamente, ineficaz…nega a língua natural das pessoas com surdez…”.
48
Dentre vários métodos de ensino que a literatura propõe para educar APNEEAs, defende o
uso do método bilingue (LS e LP).
Este método visa capacitar o aluno portador de deficiência auditiva a ler e escrever e a
comunicar-se, de forma geral, através de sinais sinalizados e não, bem assim através da
língua dos ouvintes (português falado e escrito), no quotidiano escolar e na vida social.
A literatura afirma que, o professor tem como papel “perceber as necessidades educativas
especiais dos alunos e valorizar a educação exclusiva. Flexibilizar a acção pedagógica nas
diferentes áreas do conhecimentos de modo adequado nas necessidades especiais de
aprendizagem; avaliar continuamente a eficácia do processo educativo para o atendimento
de necessidades educativas especiais auditivas (DNEEEB, 2001)”.
Portanto, constata-se que os professores da EPC 16 de Junho têm um papel difícil, pois para
compreender e lhe dar com alunos portadores de deficiência auditiva é, geralmente, preciso
conhecer a língua natural dos surdos: a LS.
49
4.3 Entrevista ao Director Adjunto Pedagógico (DAP) da EPC 16 de
Junho
Questão 3: Qual é o aproveitamento pedagógico dos alunos portadores de deficiência
De forma clara e directa, o DAP respondeu que o aproveitamento dos alunos em estudo é
bom. Embora os alunos aprovem nota-se que eles transitam com lacunas sérias na leitura e
escrita.
Questão 4: Que estratégias pedagógicas a EPC 16 de Junho orienta aos professores, para que
estes possam garantir uma educação eficaz aos alunos portadores de deficiência auditiva?
Para questão acima colocada, o DAP respondeu, que “…procura-se integrar todos os alunos
dentro da sala de aulas e os APNEEAs são tratados da mesma forma como se lida com os
demais os alunos que não sofrem de deficiências”.
Porém esta resposta se contradiz com os dados obtidos de APNEEAs ao serem inqueridos. A
partir desta resposta pode se constatar que os encarregados dos alunos em estudo não
acompanham devidamente a educação dos seus educandos.
50
Questão 2: Qual é o aproveitamento escolar do seu educando?
Na questão acima procurava-se saber dos pais em alusão sobre o aproveitamento escolar ou
pedagógico dos alunos portadores de deficiência auditiva. Das respostas recolhidas e
registadas a metade dos entrevistados disse que “… têm um bom aproveitamento” e a outra
metade respondeu que “é suficiente”.
Questão 3: Na sua opinião, o que a escola e os professores deviam fazer para que os
deficientes auditivos tenham bom aproveitamento escolar?
Das respostas recolhidas, resumiu-se que “… a escola deve estar preparada para dar
acompanhamento aos alunos com deficiência auditiva, evitar a discriminação, exclusão,
separação e os professores devem saber lhe dar com todos alunos que apresentam as
necessidades educativas especiais.”
O que acontece é que a maior parte das escolas do ensino básico regular, não está preparada
para atender os aspectos de inclusão escolar, e a EPC 16 de Junho não foge a regra, a mesma
não tem, por exemplo, aparelhos auditivos, carece de um programa curricular especialmente
para o apoio aos APNEEAs, facto que, geralmente, impossibilita a efectivação de uma
educação eficaz daqueles alunos.
51
CAPITULO V
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
No presente capítulo apresentou-se as conclusões e as recomendações tomando em
consideração os objectivos e as perguntas de pesquisa deste estudo. O estudo teve como
objectivo geral analisar o papel do professor da Escola Primária Completa 16 de Junho na
educação de alunos portadores de necessidades educativas especiais auditivas, no contexto
específico foram arrolados os seguintes objectivos: I) Identificar as dificuldades de
aprendizagem enfrentadas pelos alunos portadores de necessidades educativas especiais
auditivas na EPC 16 de Junho; II) Identificar as dificuldades do professor da EPC 16 de
Junho na educação de alunos portadores de necessidades educativas especiais auditivas; III)
Discutir as estratégias metodológicas implementados pelo professor da EPC 16 de Junho na
educação de alunos portadores de necessidades educativas especiais auditivas.
Ao termo deste estudo podemos referir que os objectivos foram integralmente alcançados
através das seguintes perguntas de pesquisa:
5.1. Conclusões
I) No que toque às dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelos APNEEAs da EPC 16 de
Junho conclui-se que, os mesmos têm dificuldades de compreender os conteúdos transmitidos
na língua portuguesa, quer seja na modalidade oral ou escrita, o que significa terem
dificuldades na aprendizagem através da forma de linguagem oral e escrita.
52
de conteúdo de função (artigos, preposições, conjunções) e na sua produção escrita é
frequente notar-se erros de omissão, substituição, adição e mudanças na ordem das palavras.
Dar exercícios em cada aula e falar pausadamente, olhando para o aluno têm consistência se
os alunos tiverem compreendido a matéria e numa situação em que a turma tem mais de um
aluno surdo pode despender-se tempo com a estratégia de falar devagar olhando o aluno. O
prático seria colocá-los em frente do quadro, por conseguinte do professor, diminuindo o
esforço da leitura labial, dando lhes possibilidades de usar de pistas visuais.
53
O papel dos professores da EPC 16 de Junho na educação de APNEEAs favorece mais a
aprendizagem dos alunos ouvintes do que aqueles que portam a deficiência auditiva.
5.2. Recomendações
Aos alunos portadores de deficiência auditiva
Devem, na sala de aulas, ocupar as carteiras de frente ou à leitura oral e labial, pois
constitui factor fundamental para o desenvolvimento da fala, que pode ser muito
importante na comunicação com os ouvintes. Devem procurar sentar ao lado de quem
oiça sem dificuldades, para lhe facilitar a percepção dos conteúdos despercebidos.
Deve criar momentos de atendimento educacional aos alunos com deficiência auditiva,
ou seja, protagonizar aulas extras para educação de APNEEAs, assim como deve
coordenar com o nível macro da educação para o fornecimento de aparelhos auditivos,
pois esta matéria diz respeito à inclusão escolar de APNEEAs.
54
Aos pais e/ou encarregados de educação dos APNEEAs da EPC 16 de Junho
55
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Porto Alegre.
58
APÊNDICES
59
AA
Auditivas ( APNEEAs)
Prezado aluno,·
60
Caso SIM especifique quantas vezes ___________________________________
Sim ( ) Não ( )
6. Para si, qual é a forma de comunicação que te permite aprender melhor o que o teu
professor orienta?
AB
61
Questionário aos Professores da EPC 16 de Junho
Estimado Professor,
3. Alguma vez participou numa formação para ser professor de alunos portadores
de deficiência auditiva?
Sim ( ) Não ( )
4. Que dificuldades enfrenta na educação de alunos portadores de deficiência
auditiva?
62
Ensino de língua de sinais ( ) ensino da oralidade ( ) ensino da escrita ( ) ensino da leitura
e da escrita ( )
Posicionar o aluno perto do quadro ( ) falar pausadamente olhando para o aluno ( ) dar
exercícios em cada aula ministrada ( ) colocar o aluno surdo junto ao ouvinte ( )
63
AC
Guião de Entrevista ao Director Pedagógico da EPC 16 de Junho
Senhor Director,
A presente Entrevista integra-se no trabalho final do curso de Licenciatura em Organização e
Gestão da Educação da Universidade Eduardo Mondlane, leccionado na Faculdade de
Educação, cujo tema é “O Papel do professor na educação de alunos Portadores de
Necessidades Educativas Especiais Auditivas: Estudo de Caso da Escola Primária
Completa (EPC) 16 de Junho”. O objectivo é analisar as práticas de docência na educação
de alunos portadores de deficiência auditiva. Assim sendo, pede-se a concessão do seu
precioso tempo, para responder as questões a baixo apresentadas.
2. A EPC 16 de Junho possui algum programa curricular voltado aos alunos portadores
de deficiência auditiva?
EPC 16 de Junho?
4. Que estratégias pedagógicas a EPC 16 de Junho orienta aos professores, para que
estes possam garantir uma educação eficaz aos alunos portadores de deficiência
auditiva?
64
5. A EPC 16 de Junho tem alguns aparelhos auditivos que os alunos e os professores
65
AD
66
ANEXO
67